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Pesquisa Científica Profa. Ms. Giovanna de Araújo Leite 2 a edição | Nead - UPE 2011

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Pesquisa CientíficaProfa. Ms. Giovanna de Araújo Leite

2a edição | Nead - UPE 2011

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife

Leite, Giovanna de Araújo

Letras: Pesquisa Científica/ Giovanna de Araújo Leite. - Recife: UPE/NEAD, 2011.

48 p. il.

ISBN - 978-85-7856-105-5

1. Pesquisa Científica 2. Licenciatura em Letras 3. Educação à Distância I. Universidade de Pernambuco, Núcleo de Educação à Distância II. Título

CDD – 17ed. – 001.42Claudia Henriques – CRB4/1600

BFOP-086/2011

L533l

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Pesquisa CientífiCa

Profa. Ms. Giovanna de Araújo LeiteCarga Horária | 60 horas

ementa

Investigação científica em línguas e literatura. Escolha do tema para pesquisa, levantamento e organização de dados, redação de projeto de pesquisa, métodos e técnicas de pesquisa. Ética na pesquisa. Estudo das normas para elaboração do projeto. Redação final do projeto de pesquisa.

ObjetivO Geral

Desenvolver o espírito investigativo dos discentes para construção de um projeto de pesquisa aplicado ao Curso de Licenciatura Plena em Letras e suas Literaturas.

aPresentaçãO da disCiPlina

Realizar a pesquisa científica no curso de licenciatura plena em Letras e suas Literaturas é um passo primordial para aprofundar o conhecimento adquirido durante a graduação. É a comprovação de que o aluno realmente compreendeu a importância de cada assunto estudado e deu significado a esse trabalho pela observação da realidade e da aplicação da teoria estudada.

No curso de licenciatura em Letras - Língua Portuguesa e suas Literaturas - há eixos articuladores do currículo que apresentam um conjunto de pressupostos teórico-metodológicos em torno dos quais se organizam os componentes curricu-lares. Tudo isso possibilita a construção de conhecimento e o desenvolvimento de competências e habilidades previstas para a formação profissional do cidadão professor de Língua Portuguesa e suas Literaturas.

A investigação dos alunos nessa disciplina deverá se pautar por algumas temáti-cas essenciais, trabalhadas durante a graduação, seja pelo papel social da escola, chegando ao desvelamento específico de como se dá o ensino de Português e suas literaturas, enfocando a leitura e a produção textual nos diferentes gêneros textuais; seja pelas gramáticas da Língua Portuguesa, o ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa e da Literatura nos níveis de Ensino Fundamental e Médio e o ensino da língua e suas variedades no cotidiano escolar.

Nesse sentido, essa disciplina procura trabalhar com os alunos a elaboração de um projeto de pesquisa como preparação para o trabalho de conclusão de curso.

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É uma prática que tem por objetivo fundamental iniciar o aluno na produção de uma pesquisa científica, observando-se a metodologia utilizada, a sistematização teórica dos conteúdos adquiridos ou o aperfei-çoamento no transcorrer do Curso e a aplicação correta das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (NBR 6023; 10520 e 14724:2002). No último período do curso, serão desenvolvidos os Trabalhos de Conclusão do Curso – TCC, conforme a linha de pesquisa escolhida pelo aluno, entre as seguintes:

• Alinguísticaeoensinodalíngua• LinguísticaaplicadaaoensinodePortuguês• Leituraeproduçãodetextosemdiversosgêneros• Literatura,culturaesociedade• Produçãoartístico-culturalpopularecurrículoescolar.

Para construir o projeto de pesquisa, será preciso escolher uma das linhas de pesquisas elencadas acima e partir para a observação e a análise.

É necessário sentir desejo de pesquisar, ter curiosidade e disciplina, cultivar o hábito de leitura, sistema-tizar o conhecimento, ter compromisso, observar as problemáticas da realidade no contexto de Língua Portuguesa e Literatura. Tudo isso é fundamental para a produção textual de um Projeto de Pesquisa que seja relevante para a consolidação de um (a) profissional atualizado e de um pesquisador consciente.

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7Capítulo 1 77Capítulo 1

ObjetivOs esPeCífiCOs

• Mostrarumabrevehistóriaeevoluçãodapesquisacientífica. • RefletirsobreaimportânciadeseproduzirpesquisascientíficasnoCursode

Letras e suas Literaturas. • Mostrarqueapesquisacientíficadeveserumabuscaresponsávelpeloconhe-

cimento com profundidade. • Elaboraratemática,adelimitaçãodatemática,aproblemáticaeahipótese

em um projeto de pesquisa. • Construiroobjetivogeraleosobjetivosespecíficosdoprojetodepesquisa

científica.

• Tornaros(a)(s)estudantescapazesdeescreverajustificativadoprojetodepesquisa científica.

• Trabalharalinguagemeaorganizaçãoinicialdoprojetodepesquisa.

intrOduçãO

1. breve História e evOluçãO da Pesquisa CientífiCa

A pesquisa científica é uma investigação sobre um assunto de uma determinada área do conhecimento e que tem o objetivo de esclarecer aspectos que apresen-tam uma problemática a ser solucionada ou refletida de forma crítica.

Segundo Bagno (2002, p.17), o termo pesquisa veio do verbo latino perquiro, ou seja, “procurar; buscar com cuidado; procurar por toda parte; informar-se; inqui-rir; perguntar; indagar bem; aprofundar na busca”. Percebe-se que esse sentido do verbo é bastante útil para compreendermos inicialmente a importância de se estudar, com profundidade, aspectos da área de Letras e suas Literaturas para a construção do saber nessa área do conhecimento.

a Pesquisa CientífiCa e Os PrimeirOs PassOs

dO PrOjetO de PesquisaProfa. Ms. Giovanna de Araújo Leite

Carga Horária | 15 horas

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8 Capítulo 1

A pesquisa científica é fruto da observação e da análise desde os primórdios da humanidade, mes-mo de forma rudimentar. Como nos diz Fachin (2006, p.7):

“os povos antigos, como os dos vales do Tigre e do Eufra-tes, e das margens do Nilo, descobriram formas para medir áreas e volumes, baseados em cálculos numéricos; estabele-ceram o calendário para marcar a época e fizeram o registro

dos eclipses”.

De acordo com a tradição histórica, é na filosofia grega, no período pré-socrático, que surge o con-junto das reflexões filosóficas desenvolvidas desde Tales de Mileto (623546 a.C.) até o aparecimen-to de Sócrates (468-399 a.C), as quais abriram as portas para o saber filosófico e deram ramificações para o surgimento da Ciência.

Aristóteles (384 a.C – 322 a.C) foi um filósofo gre-go, aluno de Platão (348 - 347 a.C) e ganhou fama e autoridade por vários séculos por preparar um estudo sobre as ciências naturais. Foi um sistemati-zador do método científico clássico.

Outra grande contribuição para o desenvolvimen-to do conhecimento foi por meio dos estudos do matemático, astrônomo e filósofo Galileo Galilei (1564-1642), que foi perseguido na Idade Média pelo Tribunal da Inquisição da época com a teoria heliocêntrica, na qual dizia que a Terra e os outros corpos celestes giravam ao redor do Sol.

Os séculos se passaram e, em 1620, no século XVII, Francis Bacon escreveu o Novum organum, referindo-se ao método científico com observação e experimentação. Em 1637, Descartes publica o livro Discurso do Método, com a finalidade de mostrar que a verdade pode ser obtida por meio de procedimentos racionais. Foi ele quem criou a frase célebre Penso, logo existo. Suas ideias desen-cadearam o que viria a ser o método cartesiano. Decartes defendia a ideia de que tudo deveria se iniciar com base em um dado incontestável.

Nos século XVII e XVIII, outro grande cientista matemático de referência para a Ciência foi Isaac Newton (1643-1727). Ele mostrou que o conheci-mento científico da natureza só é obtido quando os dados fornecidos pela experimentação e obser-vação podem ser traduzidos pela simbologia mate-mática e pela regularidade, constância e relações entre os fenômenos em estudo.

Na área social, nos séculos XVIII e XIX, surge o francês Augusto Comte (1798-1857) com a Lei dos Três Estados. Sua principal corrente de estudos foi chamada de Positivismo, na qual afirmava que a sociedade deveria ser estudada por métodos obje-tivos e positivos.

Segundo Lakatos, Marconi (1986, p. 20 -21), é possível sistematizar os tipos de conhecimentos a fim de facilitar a compreensão do pesquisa-dor. Primeiramente, há o conhecimento popu-lar caracterizado pelo senso comum, pelo que ainda está para ser comprovado cientificamen-te, mas que, pela experiência popular no âmbito da vida diária, diz respeito àquilo que se pode perceber no cotidiano. Em seguida, há o conhe-cimento filosófico, que tem o ponto de partida em hipóteses baseadas na experiência, mas que estão no plano da racionalidade em virtude de consistir em um conjunto de enunciados logica-mente correlacionados e representados pela rea-lidade. Existe também o conhecimento religio-so ou teológico, que se apoia em doutrinas que contêm proposições sagradas por terem sido reveladas pelo sobrenatural em que está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhe-cimento revelado. Para finalizar, vem o conheci-mento científico, aquele responsável por lidar com ocorrências experimentadas, validadas ou não pela experimentação, verificabilidade, afir-mações (hipóteses) e comprovadas pelo estudo analítico de determinados fatos.

Assim, por meio do aperfeiçoamento dos mé-todos, o conhecimento dos povos antigos foi se aprimorando até chegar ao conhecimento da sociedade contemporânea. Segundo Fachin (2006, p.8),

“os cientistas modernos proporcionaram um grande avan-

ço aos métodos de pesquisa, às técnicas, à coleta de dados”.

Por meio da pesquisa científica, é possível estudar temas advindos de uma derminada disciplina, fa-zer coleta de dados, catalogar recortes de revistas, jornais, sites, imagens e sons da televisão, do rá-dio ou da internet para analisar problemáticas na área de Ciências Humanas. É o que veremos no item seguinte.

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9Capítulo 1

2. O PaPel dO PesquisadOr na Área de letras

Diante do percurso que fizemos, vem o questiona-mento: e o estudante da área de Letras, como pode se tornar um pesquisador? Há várias temáticas de estudo importantes da área de Letras, entre eles, podemos elencar a linguística e o ensino da língua; linguística aplicada ao ensino de Português; leitura e produção de textos em diversos gêneros; literatu-ra, cultura e sociedade; produção artístico-cultural popular e currículo escolar; estudo da fonética das línguas; análise sociopragmática do discurso; lin-guagem, tecnologia e ensino; linguagem, trabalho e sociedade; aspectos estruturais e históricos na descrição de línguas, entre tantos outros aspectos de interesse nos estudos da área de Letras.

É importante que haja sempre pesquisas na área de Letras, pois são trabalhos importantes para o processo de aprendizagem do aluno e fazem parte da vida acadêmica.

A pesquisa científica tem natureza organizada, orientada para um planejamento prévio, apresenta descrição densa, reflexão, crítica, elevado nível de abstração, capacidade de ler, interpretar, relacio-nar e concluir de maneira argumentada.

Ao fazer pesquisa de forma sistematizada, desde a formulação de hipóteses e de interpretação, o estudante e professor do curso de Letras estarão contribuindo para a solidez da sua área de estudo, o reconhecimento científico e a apresentação das melhorias para a sociedade no que diz respeito à compreensão articulada da Língua e da Literatura no seu país, no seu Estado ou no seu município e no planeta.

De acordo com Bezerra, Luna (2009, p. 13),

“o objeto de estudo, linguagem, é fascinante, pois ela cons-

titui e é constituída por nossa herança cultural.”

3. a Pesquisa COmO PrOCessO nO CursO de letras e suas

literaturas

Nas palavras de Brenner, Jesus (2008, p.05),

“a elaboração de uma pesquisa envolve obrigatoriamente

seu planejamento”.

E como deve ser esse planejamento?

Essa é a pergunta que a maioria dos alunos de gra-duação se fazem quando são postos na situação de elaborar um projeto de pesquisa.

É importante que se escolha uma temática vista nas disciplinas do curso de Letras que realmente seja de interesse do aluno pesquisador. Não adianta es-tudar algo que não apresente curiosidade para ele. É preciso sentar, meditar e pensar criticamente o que realmente o move para estudar tal perspectiva.

Segundo Brenner, Jesus (2008, p. 05), para realizar uma pesquisa deve-se atentar para os seguintes itens:

planejar com precisão o desenvolvimento de sua ação; con-siderar problemas de organização da pesquisa e de relações humanas; ter espontaneidade e criatividade e prever possí-veis desvios no planejamento da pesquisa, sem perder de

vista o processo global em cada etapa do trabalho.

Todos esses itens são essenciais para a realização de uma pesquisa com base na Ciência e é na gra-duação que o aluno tem contato com a metodolo-gia da pesquisa e com outras disciplinas afins, de forma aprofundada, para iniciar seus estudos com firmeza e precisão. Se não tivéssemos as regras me-todológicas para produzir um projeto de pesquisa, ficaríamos sem base conceitual para produzirmos um bom trabalho de pesquisa na universidade. É preciso que o aluno realmente se interesse e bus-que o conhecimento de forma a contribuir para o aperfeiçoamento da Ciência no seu curso de gra-duação. Nas palavras de Geraldi (1997, 84):

Quando novidades da pesquisa chegam à escola não é por-que tudo mudou ou porque o que se pensava antes estava errado e é preciso embarcar na nova onda. É preciso afastar esta ingenuidade. É preciso entender que iluminações novas são conseqüências de definições novas do objeto de estudos.

Na área de Letras, percebe-se um leque riquíssimo de estudos linguísticos e literários que os alunos e professores podem aprofundar. Só são necessários observação, vontade, criatividade, originalidade, rigor metodológico e conhecimento para iniciar a pesquisa nessa área do conhecimento.

É importante que haja uma

“correlação entre o trabalho científico e o trabalho de ensi-no, ou seja, a articulação entre o conhecimento que se tem a

propósito da língua e o seu ensino” (GERALDI, 1997, p. 74).

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10 Capítulo 1

Na área de Letras, desde Saussurre, a construção do objeto científico é importantíssimo mesmo que as flutuações, nos projetos de conhecimento, os processos de construção e desconstrução jamais permitam que, nesse terreno, se coloque um pon-to final. Na Ciência, tudo é provisório, e, na área de Letras, percebe-se que existe uma complexidade muito grande em relação ao fenômeno linguístico, pois há muitas facetas de estudo, muitas descrições e explicações da língua.

Todos os estudos pesquisados pelos alunos, pro-fessores e interessados pela área de Letras serão sempre bem-vindos, pois como Geraldi (1997, p. 75-76) nos diz:

“a Ciência se quer mapa útil: que mostre direções”.

Para se fazer pesquisa, é necessário atentar para três principais elementos: a experiência, o fenôme-no e o objeto. A experiência é totalizante, ativa, global, vivida e recobre não só fatos humanos, mas também fatos naturais, a realidade existente que o fato humano observa já como fenômeno, isto é, um recorte que nos fornece uma descrição da experiência e uma sistematização, pois classifica e define os próprios elementos da experiência (GE-RALDI, 1997).

4. O PrOjetO de Pesquisa

O que é projeto de pesquisa?

Qual a finalidade de se escrever um projeto de pesquisa?

Essas são as perguntas básicas que todos os alunos questionam quando cursam esta disciplina.

Resumidamente, um projeto de pesquisa é uma produção textual, sistematizada em torno de 15 folhas, em que o (a) pesquisador (a) expõe uma problemática acerca de uma temática específica da área em que está estudando; propõe objeto geral do estudo e objetos específicos; constrói hipóteses, apontando as prováveis respostas ao problema abordado no projeto; escreve uma justificativa, demonstrando a importância do projeto; propõe um referencial teórico, isto é, um esboço textual dos principais autores que darão suporte ao estudo da temática proposta;

apresenta os aspectos metodológicos os quais irá utilizar; produz um cronograma e um orça-mento da pesquisa a serem realizados; apresen-ta as referências de todos os autores utilizados no projeto. Esse primeiro passo do projeto de pesquisa visa demonstrar o caráter científico da proposta a ser estudada.

A finalidade de um projeto de pesquisa é produzir no aluno o desejo de fazer pesquisas motivando--o a um processo de busca teórico-metodológica. Esse processo de busca exige do pesquisador o exame de informações bem como a procura por fontes de estudo críticas e interessantes. O aluno não é um ser passivo diante do processo educati-vo, pelo contrário, é um ser ativo, que está sempre em busca de respostas para problemáticas advin-das da sua área de estudo. A atitude básica do pesquisador é perguntar e buscar respostas para suas inquietações.

Assim, o pesquisador deve traçar seu roteiro de pesquisa, elaborando um planejamento, escolhen-do o rumo a ser seguido. É importante deixar claro que quem escolhe a temática é o estudante-pesqui-sador. É importante delimitar que rumos traçar e que metodologia utilizar.

A seleção dos métodos e das técnicas a ser utilizada em uma pesquisa científica pode ser dimensionada desde a formulação do problema, pois o referencial metodológico está diretamente relacionado ao pro-blema a ser estudado. Segundo Lakatos e Marconi (1991, p. 163):

[...] a escolha dependerá de vários fatores relacionados com a pesquisa, ou seja, a natureza dos fenômenos, o objeto de pesquisa, os recursos financeiros, a equipe e outros elementos que possam surgir no campo da

investigação.

É necessário que o estudante se decida da melhor forma possível sobre o que estudar e se o seu ob-jeto de estudo oferece uma bibliografia acessível; se existem no curso professores orientadores com formação específica na área em estudo. Os elementos que compõem um projeto de pesqui-sa são, segundo Brenner,Jesus (2008, p.30):

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11Capítulo 1

No decorrer desses capítulos, iremos acompanhar cada passo do projeto exposto no quadro acima e no quadro abaixo:

Como bem elucida Eco (2006, p. 7)

“a primeira tentação do estudante é fazer uma tese que fale de muitas coisas. Interessado por Literatura, seu primeiro

impulso é escrever algo como A Literatura Hoje.”

O autor esclarece que é perigosíssimo tentar fazer uma pesquisa científica tomando como temática uma vasta área com universo muito amplo.

É preciso que a pesquisa científica esteja delimita-da para aspectos mais palpáveis e nítidos. Em vez de partir para uma análise tão ampla, vai um exem-plo de Eco (2006, p.8):

O tema Geologia, por exemplo, é muito amplo. Vulcano-logia, como ramo daquela disciplina, é também bastante abrangente. Os vulcões do México poderiam ser tratados num exercício bom, porém um tanto superficial. Limitan-do-se ainda mais o assunto, teríamos um estudo mais valio-so: A História do Popocatepetl (que um dos companheiros de Cortez deve ter escalado em 1519 e que só teve uma erupção violenta em 1702) Tema mais restrito, que diz res-peito a um menor número de anos, seria O Nascimento e a Morte Aparente do Paricutin (de 20 de fevereiro de 1943 a 4 de março de 1952. Aconselharia o último tema. Mas desde que, a esse ponto, o candidato diga tudo o que for possível sobre o maldito vulcão.

Com esse simples exemplo extraído do livro Como se faz uma tese, de Umberto Eco (2006), percebe-se o quanto é necessário pensar o que se vai pesquisar, de modo que seja um objeto de estudo próximo e realmente possível de ser chegar a uma constatação possível. Assim, é preciso ter em mente que

“quanto mais se restringe o campo, melhor e com mais

segurança se trabalha” (ECO, 2006, p. 10).

Vamos citar outros exemplos de temáticas que po-dem ser mais delimitadas? Vejamos:

Um aluno propôs o estudo analítico do ensino su-perior. Percebe-se que esta temática ainda é muito geral. Depois ele delimitou para ensino superior privado. Ainda ficou muito ampla esta abordagem. Então, ele decidiu delimitar para o estudo da expan-são do ensino superior privado na Bahia. Mas, em que período ele iria fazer esse estudo? Foi preciso fazer uma nova delimitação e a escolha do tema de seu projeto ficou assim: Expansão do ensino supe-rior privado na Bahia na década de 1990 a 2000.

elementOs siGnifiCaçãO

dadOs de identifiCaçãO quem farÁ?

ObjetO O que serÁ estudadO?

ObjetivOs COm que finalidade?

justifiCativa POr que serÁ feitO esse trabalHO?

revisãO bibliOGrÁfiCa COm que fundamentOs teóriCOs?

metOdOlOGia COmO serÁ feitO?

CrOnOGrama em que PeríOdO de temPO?

OrçamentO COm que reCursOs finanCeirOs?

referênCias COm que fOntes de COnsulta?

elementOs COmPOnentes

Pré-textuais

CaPa (ObriGatóriO)fOlHa de rOstO (ObriGatóriO)ePíGrafe Ou PensamentO (OPCiOnal). lista de ilustrações, tabelas e quadrOs, abreviaturas e siGlas, símbOlOs. (OPCiOnal)sumÁriO (ObriGatóriO).

textuais

intrOduçãO (temÁtiCa delimitada; PrOblemÁtiCa; HiPóteses; ObjetivO Geral; ObjetivOs esPeCífiCOs; justifiCativa).

revisãO bibliOGrÁfiCa (PrOduçãO textual aPOntandO as ideias e COnjeCturas dOs autOres que serãO suPOrte da Pesquisa)

metOdOlOGia (exPOsiçãO dOs métOdOs a serem utilizadOs na Pesquisa).

Pós-textuais

referênCias (ObriGatóriO). relaçãO de tOdas as fOntes COnsultadas e aPOn-tadas nO textO que deverãO ser relaCiO-nadas em Ordem alfabétiCa.

aPêndiCe (OPCiOnal). dOCumentO elabOradO PelO autOr da mOnOGrafia.

anexO (OPCiOnal). dOCumentO nãO elabOradO PelO autOr.

5. O reCOrte da temÁtiCa

Para se elaborar um projeto de pesquisa, é necessá-rio delimitar o assunto a ser explorado. Não adian-ta querer estudar o “sexo dos anjos”, é necessário escolher um objeto de estudo bem delimitado, recortado e claro para o analista, que é o aluno, prosseguir nas análises com segurança e firmeza.

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12 Capítulo 1

Segundo Brenner, Jesus (2008, p. 33), a temática ensino superior foi delimitada no espaço e no tem-po. A delimitação foi se restringindo e focalizando o objeto da pesquisa permitindo um direciona-mento para a investigação.

Outro exemplo extraído de Brenner, Jesus (2008) sobre a ética. Partiu-se dessa temática geral para Ética e Sociedade, depois, Ética e Sociedade no Brasil de hoje, e finalmente, a delimitação se con-centrou na Ética e Sociedade no Brasil de hoje, segundo Manfredo de Oliveira.

Dessa forma, no curso de Letras e suas Literaturas, é possível fazer esse exercício para delimitação do objeto de estudo. Essa é a primeira prática que um pesquisador iniciante deve fazer.

6. a PrOblemÁtiCa Ou O questiOnamentO

Agora que discorremos sobre as características da pesquisa científica no plano das Ciências em ge-ral e no curso de Letras e suas Literaturas, isto é, abordamos a delimitação da temática de estudo ou recorte, não podemos esquecer um elemento pri-mordial e fundamental numa pesquisa científica: a problemática.

O que é a problemática?

Ela é a pergunta central da pesquisa. A problemá-tica é o questionamento que se faz em torno do estudo escolhido. Não existe projeto sem ela. Cos-tuma-se dizer que o problema é o direcionamento da pesquisa.

Dessa forma, o problema deve ser definido, exami-nado, valorizado, analisado criticamente e que seja possível apresentar resultados no futuro.

Exemplo de uma problemática:

Como é a produção textual dos alunos da oitava série do ensino fundamental?

Quais os conceitos e procedimentos relevantes para o fazer cotidiano da escrita na escola?

Dessa forma, pode-se resumir que

• oproblemadeveserenunciadosobaformadepergunta;

• setratadeumaquestãocientífica,ouseja,re-laciona pelo menos dois fenômenos entre si (fatos, variáveis);

• éumobjetode investigação sistemática, con-trolada e crítica;

• pode ser empiricamente verificado em suasconseqüências.

7. as HiPóteses

A produção das hipóteses tem muita relação com o problema da pesquisa e com a revisão bibliográfi-ca, pois, quando se produz as hipóteses, tem-se em mente que elas são os enunciados de relações de variáveis (fatos, fenômenos). Trata-se de uma sen-tença afirmativa.

Segundo Brenner, Jesus (2008, p. 36),

“na formulação das hipóteses ou pressupostos teóricos, deve haver a preocupação e o cuidado em formar uma uni-

dade com o tema, o objeto e os objetos da pesquisa”.

As hipóteses são os elementos que podem ser julga-dos como verdadeiros ou falsos, assim como, tam-bém, são instrumentos que dirigem a investigação, indicando ao pesquisador o que pesquisar.

Se a problemática aponta:

Como é a produção textual dos alunos da oitava série do ensino fundamental?

Quais os conceitos e os procedimentos relevantes para o fazer cotidiano da escrita na escola?

Uma possível hipótese:

• Acredita-sequeaproduçãotextualdosalunosda oitava série do ensino fundamental requer um trabalho de investimento em movimentos de escrita e reescrita, pelos procedimentos de revisão textual individual e coletiva.

Observe que a hipótese acima tem uma relação di-reta com a problemática apontada.

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13Capítulo 1

8. O que siGnifiCa ObjetivO Geral de uma Pesquisa?

Já abordamos um pouco sobre a História e a Evolu-ção da pesquisa científica, o papel do pesquisador da área de Letras e suas literaturas. Discorremos sobre a escolha da temática de estudo e sua delimi-tação ou recorte assim como, também, chegamos à construção da problemática em um projeto de pesquisa e mostramos o que são hipóteses.

Agora, vamos dar continuidade a mais elementos primordiais de um projeto de pesquisa. O item que vamos iniciar neste capítulo é o que se chama de objetivo geral. O que é isso?

O objetivo geral de uma pesquisa traz os conhe-cimentos necessários para a solução da proble-mática que foi apresentada no (capítulo 1) deste livro. É no objetivo geral que se determina para que a pesquisa é feita. A formulação do objetivo geral e dos objetivos específicos deve ser clara, sucinta e lógica.

O objetivo geral fornece uma visão abrangente da-quilo que se pretende alcançar. Segundo Medeiros (2008, p. 222)

“o estabelecimento do objetivo de uma pesquisa é etapa que indica e caracteriza o que o pesquisador tem em vista

alcançar com sua investigação”.

Medeiros (2008) deixa bem claro que a formulação do objeto da pesquisa ocorre quando o problema já foi estabelecido. Geralmente, utilizam-se os ver-bos no infinitivo como: analisar, descrever, traçar, observar, aplicar, reconhecer, distinguir, enume-rar, exemplificar, explicar, entre outros.

Exemplo de Objetivo Geral:

• AnalisarcomparativamenteaobradeCruzeSousa e Lima Barreto, no que concerne à ma-neira de posicionar-se diante do racismo en-frentado, por ambos, na sociedade, com base nos traços presentes na própria obra.

Outro exemplo de Objetivo Geral:

• Realizarumestudosobreaexpansãodoensi-no privado de graduação no Estado da Bahia, no período de 1990 a 2000.

Conforme demonstrado nos exemplos acima, percebe-se que o objetivo geral é uma espécie de resumo do que se pretende analisar.

O objetivo geral é um resultado a alcançar, o que o pesquisador quer descobrir ou buscar na pesquisa.

8.1 e Os ObjetivOs esPeCífiCOs, quais seriam suas finalidades?

Os objetivos específicos são as ramificações do ob-jetivo geral, isto é, as etapas do trabalho que devem ser realizadas para que se alcance o objetivo geral. Também devem ser utilizados verbos no infinitivo e devem apresentar uma ligação direta com o obje-tivo geral. Veja os exemplos abaixo:

• Explicitar a diferença como Cruz e Souza eLima Barreto enfrentaram o problema.

• Apontar, no texto, elementos característicosque marcaram os dois escritores pelo precon-ceito sofrido e como isso passou para a obra.

• Mostrarqueotextoliterárionãoésomenteumobjeto artístico, mas, por ser um produto huma-no, é atravessado pelas experiências do autor.

• Demonstrarporqueosdoisautoressãoatuaise, portanto, precisariam ser revisitados com o cuidado em captar o aporte de suas análises críticas.

Outros exemplos de objetivos específicos: • IdentificarasinstituiçõesdoEstadodaBahia;

• Identificar os cursos dessas instituições porárea de concentração;

• Traçaroperfildessescursos;

• Identificarostraçoscomunseasparticularida-des desses cursos;

• Identificar, por área de concentração, a ten-dência de expansão do ensino superior priva-do da Bahia;

• Contextualizaraexpansãodoensinoprivadode graduação no Estado da Bahia com as políti-cas governamentais e o cenário internacional;

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14 Capítulo 1

Observe que os objetivos específicos são ramifica-ções do objeto geral, isto é, elementos primordiais que têm profunda relação com o geral.

Segundo Richardson apud (Medeiros, 2008, p. 223),

“recomenda-se que, ao formular objetivos, o pesquisador seja claro, preciso e conciso, pois o objetivo deve apresen-tar apenas uma ideia e se refere à pesquisa que se tem em

vista realizar”.

Para Medeiros (2008, p. 223)

“discussões, reflexões ou debates não constituem objetivos de pesquisa, pois todo trabalho científico é fruto de discus-

são, reflexão, debate de ideias.”

O autor nos propõe que é preciso evitar formula-ções de objetivo geral ou objetivos específicos que utilizem verbos como refletir, discutir ou debater, pois são redundantes visto que realizar uma pes-quisa já produz reflexão, discussão ou debate.

9. justifiCativa: O POrquê da esCOlHa de se Pesquisar sObre

determinadO assuntO

A justificativa trata do motivo que levou o pesqui-sador a estudar a temática que se escolheu e não outro qualquer. É importantíssimo que o pesqui-sador mostre a atualidade, a importância pessoal ou cultural, a razão pela qual está se escolhendo tal perspectiva para pesquisar.

É na justificativa que se deve dar relevância teórica ou prática do estudo; demonstrar originalidade na forma de abordagem do conteúdo, no enfoque ou nas condições de realização.

De acordo com Fachin (2006, p. 110)

“na justificativa, faz-se uma narração sucinta dos aspectos de ordem teórica e prática necessários para a realização da

pesquisa”.

É nessa etapa que de destaca a importância do tema abordado, levando-se em consideração o está-gio atual da ciência, as suas divergências ou a con-tribuição que se pretende pesquisar.

É importante deixar claro o interesse do estudo em tal perspectiva, além de comprovar a viabilidade de se estudar tal questão, ou seja, mostrar que há pos-sibilidade de verificação empírica.

Para Garcia (apud Medeiros 2008, p.40)

“ao justificar a pesquisa, o pesquisador informa sobre a re-

levância e oportunidade da investigação”.

Por isso, é importante que o estudioso especifique os motivos que justificam seu projeto com a fina-lidade de relacionar as contribuições da pesquisa, bem como a solução do problema que se deseja alcançar.

De acordo com Lakatos e Marconi (apud MEDEI-ROS 2008, p. 40),

“a justificativa é de suma importância e, frequentemente, é o elemento que contribui mais diretamente na aceitação da pesquisa pela (s) pessoa (s) ou entidade (s) que vai (ao)

financiá-la”.

Ou seja, a justificativa serve para fazer com que haja credibilidade no que o pesquisador deseja es-tudar e que os professores de uma instituição que estão avaliando tal projeto percebem no projeto.

Exemplo:

“Na experiência discente do curso Letras, percebe-se que há muitas dificuldades dos estudantes no que se refere à compreensão da disciplina Teoria Literária, visto que esta contempla assuntos abstratos e numa linguagem muito complexa. Observa-se também que muitos livros acadê-micos de Teoria Literária foram escritos em outra época, antes da presença marcante das novas tecnologias. Por isso, pretende-se analisar os livros da disciplina Teoria Literária observando novas formas de apresentar os conteúdos desta disciplina ao aluno dos dias atuais [...] Este trabalho cien-tífico é relevante para a reformulação de livros acadêmicos que tratam da Teoria Literária [...] Esta pesquisa contribui

para [....] pois [...]”

É importante deixar claro que a justificativa é bas-tante pessoal e, por isso, não se deve utilizar cita-ções diretas ou indiretas, pois o que vai ser obser-vado é o conhecimento do pesquisador no assunto que se quer aprofundar e se os argumentos forneci-dos por ele são consistentes, adequados e suficien-tes para a elaboração da justificativa.

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15Capítulo 1

10. COmO deve ser O textO dO

PrOjetO de Pesquisa?

Trata-se aqui de uma linguagem científica, isto é, uma linguagem objetiva e clara, que atenda às re-gras específicas desse tipo de trabalho acadêmico, pois um projeto é um texto que mostra, com de-talhes, o caminho a ser seguido na construção de uma pesquisa científica.

A finalidade de um projeto de pesquisa é informar a respeito do que se pretende pesquisar, por isso, deve-se utilizar o verbo sempre no futuro.

Depois que se esquematizou essa primeira parte do projeto (escolha do tema, delimitação do assunto, problemática, hipóteses, objetivo geral e objetivos específicos, justificativa) é hora de organizá-los em um texto chamado INTRODUÇÃO.

Será na introdução do projeto que o (a) aluno (a) irá organizar os itens acima em forma de texto, numa linguagem lógica e que apresente unidade coerente e coesa.

Segundo Andrade (2007, p. 93),

“a linguagem científica é fundamentalmente informativa, técnica, racional, portanto, prescinde de torneios literá-

rios, figuras de retórica, frases de efeito ou vocabulário”.

A autora deixa bem claro que não há necessidade de se utilizar em textos científicos uma linguagem rebuscada cheia de palavras também rebuscadas.

Ela recomenda que se deve evitar o emprego de palavras da moda como “da hora”, “bola da vez”, assim como palavras inventadas (neologismos) a exemplo de “digitalizar” (diferente de digitar); ini-cializar, disponibilizar, otimizar, sumarizar (suma-riar), palavras muito usadas na internet.

Andrade (2007) reforça ainda que cada pessoa possui vocabulário próprio e cada área do conhe-cimento tem sua terminologia, mas se recomenda o bom senso aos que estão escrevendo seus textos científicos e que esses só empreguem na redação os termos específicos indispensáveis e no restante, apenas as palavras do conhecimento do autor e da área em estudo.

É importante que se utilizem frases curtas na or-dem direta com um vocabulário adequado.

11. imPessOalidade

É necessário saber o que escrever, por que escrever, para quem e como escrever. Obviamente, como se trata de um texto acadêmico-científico, sabe-se que os leitores dos projetos de pesquisa serão professo-res-pesquisadores, orientadores ou examinadores.

O texto do projeto de pesquisa deve apresentar ri-gor na expressão das ideias com uma unidade gra-matical precisa. Recomenda-se que o verbo esteja no futuro e no impessoal, isto é, os verbos que são usados na terceira pessoa do singular e quando acompanhados de auxiliares transmitem a ele sua impessoalidade.

Nas palavras de Andrade (2007, p.94):

Uma das características da linguagem científica, referencial, é o uso da 3ª pessoa, com emprego do pronome impessoal ‘se’, que contribui para objetividade [...] outro recurso que contribui para a objetividade do estilo é o uso dos verbos nas formas impessoais ou que tendem à impessoalidade.

A impessoalidade contribui para a objetividade da redação do trabalho científico. Deve-se evitar, por exemplo, expressões como “o meu trabalho”, “na minha opinião”, pois deixam o texto muito ‘pedante’. O emprego do pronome impessoal se fornece um aspecto mais objetivo à linguagem uti-lizada no projeto de pesquisa de graduação.

Exemplos:

“Procura-se obter os dados através de um estudo de caso [...]”; “Verifica-se que as novas tecnologias [...]”“A informação será obtida através da entrevista com alunos da oitava série [....]”“O procedimento adotado será [...]”.

“Será realizada uma pesquisa [...]”.

12. estilO

A produção textual dos trabalhos científicos deve dar preferência a um estilo simples, evitando tex-tos longos, com o excesso de retórica ou expressões que tornam a sintaxe complexa.

Deve-se evitar também o excesso de adjetivação, pois muitos alunos, por se empolgarem demais na argumentação das temáticas de estudo, acabam utilizando adjetivos em demasia e deixam o texto

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16 Capítulo 1

com a presença de palavras que qualificam e tiram a objetividade do texto.

Evite adjetivos:

• “Esteprojetodepesquisa apresentaumaóti-ma temática, visto que faz parte desse progra-ma de graduação, além disso, é um trabalho maravilhoso [....]”

Um projeto de pesquisa jamais deve apresentar em sua linguagem termos de gíria, expressões desele-gantes e abreviações de pronomes.

Evite gírias:

• “Esseprojetoéporreta”• “Este projetoq será apresentado ao querido

profinho [...]”

Portanto, a escolha do estilo da linguagem no pro-jeto de pesquisa deverá ser pautada no nível culto de linguagem obedecendo às regras do português padrão culto.

13. Clareza e COnCisãO

A construção do texto deve apresentar ideias clara-mente definidas. Deve-se optar pela simplicidade na sintaxe, preferindo-se as frases curtas, na ordem direta.

É imprescindível concatenar as ideias ou as infor-mações de maneira lógica e precisa, estabelecendo uma linha clara e coerente de raciocínio.

14. COesãO e COerênCia O texto do projeto científico precisa apresentar uma relação lógica entre as ideias, situações ou acontecimentos, isto é, o que se chama de texto coerente.

Paralelamente deve apresentar articulações grama-ticais existentes entre palavras, orações e frases, o que se chama de coesão.

15. diCas valiOsas Para a PrOduçãO dO textO CientífiCO

Observe o quadro abaixo com algumas dicas que contribuem para a simplicidade e a clareza da lin-guagem segundo Andrade (2007, p. 95)

a. no vocabulário

• Palavras do nível comum da linguagem,sempre que possível;

• Palavras técnicas e estrangeirismos sóquando necessários;

• Evitarmodismoseneologismosdispensáveis

• Usar poucos adjetivos, apenas os indis-pensáveis;

• Preferirpalavras curtas, facilmentedeco-dificáveis;

• Empregarsubstantivoseverbosnosentidodenotativo;

• Repetirumapalavraémelhorquecompro-meter a clareza;

b. no nível frasal:

• Preferirfrasescurtas,naordemdireta;

• Não colocaro sujeitodistanciadodo seupredicado;

• Nãocolocaroverbodistantedoseuobjetodireto ou indireto;

• Limitar a extensão da frase aos seus ele-mentos essenciais;

• Nãoacumularnumperíodomaisde trêsorações subordinadas;

• Evitaroiníciodefrasescomgerúndiooupar-ticípio porque dificultam a concordância.

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17Capítulo 1

atividades |1. Esquematize a delimitação do tema, a pro-blemática (pergunta clara e objetiva); as hipó-teses (respostas supostas ao problema) do seu objeto de estudo;

2. Esquematize o objetivo geral e os objetivos específicos da sua proposta de estudo;

3. Produza a justificativa do seu estudo;

4. Reúna todos os elementos acima, descreven-do-os em forma de um texto coerente e coeso, que será a INTRODUÇÃO do seu projeto de pesquisa. 5. Quais as linhas de estudos mais frequentes no curso de Letras e suas Literaturas? 6. Dentro dessas linhas, escolha uma temática geral e formule uma delimitação de estudo. 7. Faça uma delimitação da temática do (objeto de estudo) que você quer investigar para expor no seu projeto de pesquisa; 8. Crie problemáticas, sempre em forma de per-gunta sobre a sua temática do objeto de estudo: 9. Produza hipóteses em forma afirmativa so-bre a problemática apontada.

Boa sorte!!!

resumO

Neste capítulo, você aprendeu um pouco mais sobre o significado do termo pesquisa e viu como surgiram as primeiras desde os gregos até os dias atuais. Aprendeu também como se delimita uma temática de estudo, como se produz as problemáticas de um objeto de estudo e como se criam as suas hipóteses.

Completamos, neste primeiro capítulo, a produção parcial do projeto de pesquisa que é formada por um texto introdutório contendo a contextualização da delimitação do tema, da problemática em forma de pergunta, das hipóteses em forma afirmativa ou negativa, do objetivo geral, dos objetivos específicos e da justificativa.

Vimos, também, como se formulam o objetivo geral e os objetivos específicos em um projeto de pesquisa. Também aprendemos como se escreve a justificativa e ainda estudamos como deve ser a redação do texto. Dessa forma, compreendemos que todas as etapas seguem uma ordem lógica.

referênCias

ANDRADE, Maria Margarida de. Redação cien-tífica: Elaboração do Tcc passo a passo. São Paulo: Fatash, 2007. BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. 12ª ed. São Paulo:Loyola, 2002.

BEZERRA, Benedito Gomes; LUNA, Jairo No-gueira (orgs). Língua, literatura e ensino: Subsí-dios teóricos e aplicados. Recife: EDUPE, 2009.

BRENNER, Eliana de Moraes.; JESUS, Dalena Maria Nascimento de. Manual de planejamen-to e apresentação de trabalhos acadêmicos: projeto de pesquisa, monografia, artigo. 2ª ed.São Paulo: Atlas, 2008.

ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 2006.

FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 5ª ed. revista. São Paulo: Saraiva, 2006.

GERALDI, João Wanderley. Portos de passa-gem. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da metologia científi-ca. 3 ed. revista e ampliada. São Paulo: Atlas, 1991.

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18 Capítulo 1

_________. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1986.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.

Page 19: PesquisaCientíficaww1.ead.upe.br/.../pesquisa_cientifica.pdfA pesquisa científica é fruto da observação e da análise desde os primórdios da humanidade, mes-mo de forma rudimentar.

19Capítulo 2Capítulo 2Capítulo 2

ObjetivOs esPeCífiCOs

• Apontarasnormasgeraisdeformataçãodotextonapartepré-textual,textu-al e pós-textual segundo as regras da Associação Brasileira de Normas Técni-cas – ABNT.

• Demonstrarostiposdecitaçõesemdocumentos(direta,indiretaeindireta--livre) conforme a NBR 10 520:2002.

• Orientarcomoseproduzarevisãobibliográficanoprojetodepesquisa.

intrOduçãO

Neste capítulo, daremos continuidade à construção do projeto de pesquisa e maior atenção à construção textual da revisão bibliográfica e os elementos for-mais e gráficos do projeto de pesquisa, além de informações relevantes a respeito da ética na pesquisa.

Como vimos no capítulo 1, foram abordadas a evolução histórica da importância da pesquisa, a busca pela temática, as sugestões realizadas nas hipóteses, a cons-trução dos objetivos (geral e específicos) e a produção da justificativa. Destacam--se agora o uso da linguagem científica e das normas técnicas para a elaboração da fundamentação teórica no projeto de pesquisa.

COnstruçãO da fundamentaçãO teóriCa nO PrOjetO de Pesquisa,

asPeCtOs nOrmativOs de fOrmataçãO dO

textO e a PrÁtiCa da étiCa na Pesquisa

Profa. Ms. Giovanna de Araújo LeiteCarga Horária | 15 horas

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20 Capítulo 2

No capítulo 2, vamos prosseguir o nosso estudo abordando os passos iniciais para a identificação das fontes de pesquisa, a produção bibliográfica do projeto, os aspectos normativos em relação ao for-mato do projeto de pesquisa, sobre as formas de ci-tações que a Associação Brasileira de Normas Téc-nicas - ABNT - sugere e sobre a ética na pesquisa.

1. a COnstruçãO da fundamentaçãO teóriCa nO PrOjetO de Pesquisa

A produção da fundamentação teórica no projeto de pesquisa é essencial para que a proposta apre-sente uma base sólida, mostrando a possibilidade de um caminho em um emaranhado intricado de teorias e de métodos presentes na Ciência.

Qual deve ser o primeiro passo para se escrever a fundamentação teórica no projeto de pesquisa?

Se você já tem o tema delimitado da sua propos-ta de estudo, se já formulou o problema que pre-tende resolver ou pelo menos, discutir, durante a pesquisa científica, agora será o momento de fazer um levantamento dos livros que poderão ajudar na parte teórica do seu projeto. É necessário elaborar um plano provisório dos assuntos presentes na de-limitação do tema e da problemática.

Então, será preciso fazer uma busca de fontes (li-vros, artigos científicos, dissertações, teses, sites, vídeos, gravações, palestras, congressos, entre ou-tros), selecionar todo o material, organizar e o prin-cipal: fazer a leitura atenciosa desse material que irá ajudar na confecção da fundamentação teóri-ca do projeto de pesquisa.

Segundo Gil (2009, p.64),

“para identificar as fontes bibliográficas adequadas ao de-senvolvimento da pesquisa [...] recomenda-se a consulta de especialistas ou pessoas que já realizaram pesquisas na

mesma área”.

Isso é importante, pois essas pessoas irão fornecer informações cruciais sobre o que já foi publicado, assim como fazer uma apreciação crítica do mate-rial escolhido para ser consultado.

Segundo Gil (2009), é importante que se faça tan-to a leitura de diversos gêneros literários, tais como

romances, poesia e o teatro quanto as obras de di-vulgação, observando se o assunto tratado por eles tem profunda relação com o estudo proposto no projeto de pesquisa.

Uma pesquisa referente à obra de determinado autor se fundamentará, naturalmente, em obras dessa natureza. Mas pesquisas de cunho sociológico, histórico ou antro-pológico também poderão valer-se de livros dessa natureza. Por exemplo, alguns livros escritos por Jorge Amado pode-rão interessar a um pesquisador interessado no estudo do ciclo econômico do cacau (GIL, 2009, p. 65).

Além da leitura de livros gerais, é necessário que se faça a leitura das obras de referência para a pesqui-sa, isto é, aquelas destinadas ao uso pontual e re-corrente, como é o caso do dicionário de língua, ao qual se recorre para se obter o significado de uma palavra específica. Gil (2009) recomenda que, nas pesquisas, seja enfatizado o grande valor dos dicio-nários temáticos, que incluem termos dificilmente encontrados nos dicionários de língua portuguesa e que proporcionam informações completas em relação ao significado do termo na especialidade.

Também é importante se recorrer a enciclopédias (gerais e especializadas), manuais (obras compactas que tratam concisamente da essência de um assun-to), periódicos científicos (resultados de pesquisas originais), teses e dissertações, anais de encontros científicos (textos oriundos de congressos, simpó-sios, seminários e fóruns), periódicos de indexação e resumo (obras que listam trabalhos produzidos em determinada área do conhecimento, com a finalida-de de facilitar a identificação e o acesso à informa-ção, dispersos em grande número de publicações).

O grande problema é que os iniciantes na pesqui-sa, quando estão produzindo o projeto de pesqui-sa, se não forem bem orientados por seus professo-res, podem distorcer a forma como se faz a citação dos autores, realizando o que se chama comumen-te nas universidades de “plágio”. Ou ainda, esses mesmos iniciantes também pecam quando fazem as citações dos autores e não realizam comentários sobre o que foi dito pelos estudiosos.

Com a disseminação do uso dos computadores e o desenvolvimento da internet, muitos periódicos científicos tornaram-se disponíveis em meio eletrô-nico e isso tem facilitado a prática do “plágio” de trabalhos científicos, o que é um crime por violar os direitos autorais.

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21Capítulo 2

Os alunos acessam a internet, visualizam uma quantidade imensa de artigos científicos presentes em revistas especializadas e consideram que podem copiar sem fazer referência a quem os escreveu. Veja a reportagem neste capítulo, no item Ética na Pesquisa, extraída do Jornal Folha de Pernambuco, que mostra pessoas que copiam o conteúdo sem res-peitar as leis de direitos autorais.

1.1 lOCalizaçãO das fOntes

Nas palavras de Gil (2009, p. 68),

“o local privilegiado para a localização das fontes bibliográ-

ficas tem sido a biblioteca”,

mas também, em virtude da ampla disseminação de material bibliográfico em formato eletrônico, ou-tro local, também, é a base de dados e sistemas de busca presentes nos computadores, acessos à inter-net ou arquivos eletrônicos disponíveis nas biblio-tecas virtuais das universidades no mundo inteiro.

Como foi visto no item anterior, a Internet consti-tui hoje um dos mais importantes veículos de infor-mação, mas é preciso ter cautela na extração dessas informações, a fim de verificar a sua credibilidade.

Existem mecanismos de busca baseados no uso ex-clusivo de programas de computador. Abaixo, os sites de busca mais conhecidos, segundo Andrade (2004, p.144):

Andrade (2004) explica cada passo dessa busca, mostrando que, ao acessar os sites acima, deve-se digitar uma ou mais palavras relacionadas ao as-sunto da pesquisa, escolher as opções oferecidas pela página e acionar o botão de busca.

Usualmente, uma relação de títulos de páginas aparece, quase em azul e grifado, e uma pequena reprodução das primeiras linhas da página em questão, ou de trechos onde aparece o texto procurado, é apresentada por ordem de relevância. O título da página que aparece no resultado é ligado ao endereço dela na rede, podendo ser analisado também o endereço principal do site, ou seja, da Home

Page. (ANDRADE, 2004, p.145)

Há também a pesquisa em sites específicos, que contêm estudos e trabalhos acadêmicos relaciona-dos à área de interesse. Andrade (2004) mostra que existem empresas, instituições públicas e indivídu-os que mantêm sites abertos para consulta livre pela internet.

Ao pesquisar nesses sites, é importante verificar a confiabilidade de divulgação, além de se certificar, em outros sites disponíveis, se a informação é re-corrente. Andrade (2004, p. 151) deixa isso bem claro: “Como a publicação na Internet é livre e não sofre fiscalização, análise de conteúdo, ou certifica-ção de qualquer espécie, é recomendável, sempre, certa cautela na utilização destas informações”.

Nessa outra lista, há sites bastante úteis ligados di-retamente a pesquisadores de Letras, com endere-ços eletrônicos de publicações científicas, os quais mantêm um versão eletrônica. Veja:

sites endereçO (url) desCriçãO

GOOGle HttP://www.GOO-Gle.COm.br

GenériCO, POrtuGuês Ou web

YaHOO HttP://www.YaHOO.COm.br

GenériCO

miCrOsOft HttP://www.msn.COm.br

GenériCO nO internet exPlOrer

GubY netwOrk HttP://www.aCHei.COm.br

GenériCO, divididO POr Áreas

lYCOs HttP://www.lYCOs.COm.br

GenériCO, divididO POr Áreas

star media HttP://www.Cade.COm.br

GenériCO, divididO POr Áreas

vem CÁ serviçOs HttP://www.jarbas.COm.br

metabusCadOr

brasil On line HttP://www.miner.COm.br

GenériCO, divididO POr Áreas

alta visa HttP://br.altavisa.COm

GenériCO, divididO POr Áreas

site da wikiPedia HttP://Pt.wikiPedia.OrG/wiki/site

COnjuntO de tOdOs Os si-tes PúbliCOs existentes COm-Põe a wOrld wide web.

sites endereçO (url) desCriçãO

edubase HttP://www.bibli.fae.uniCamP.br

dadOs em eduCaçãO, artiGOs, mOnOGrafias, Pesquisas.

bibliOteCa Públi-Ca na internet – eua

HttP://www.iPl.OrG/ref/

enCiClOPédias, diCiOnÁriOs, atlas, em tOdas as Áreas.

sistema inteGra-dO de bibliOteCas - ufPe

HttP://www.ufPe.br/sib/index.PHP

aCervO de teses e dissertações

universidade de sãO PaulO- usP

HttP://www.teses.usP.br/

aCervO de teses e dissertações

universidade federal de Per-nambuCO –ufPe- PrOGrama de Pós-GraduaçãO em letras - PPGl

HttP://www.PGle-tras.COm.br/

aCervO de teses, dis-sertações, PeriódiCOs.

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22 Capítulo 2

Em uma biblioteca convencional, o primeiro pro-cedimento a ser desenvolvido é a consulta do ca-tálogo, que possibilita a localização das fontes por autor, título ou assunto. Gil (2009) demonstra que é muito natural a pesquisa por assunto, temas, sub-temas e observar com atenção os autores que mais se afinam com a sua proposta de estudo.

É interessante, também, organizar todo o material estudado nas disciplinas lecionadas na graduação e que apresentam uma relação próxima com seu objeto de estudo. Organize tudo, cópia de textos, livros, apostilas, slides vistos em sala de aula, en-fim, tudo poderá ser aproveitado.

Após a coleta de todo o material disponível, é im-portante que se faça a leitura e a produção de re-sumos, fichamentos, resumos críticos ou resenhas, a fim de facilitar a produção textual dos itens da fundamentação teórica do projeto de pesquisa.

1.2 leitura dO material

Ao fazer a leitura do material coletado, muita aten-ção e organização devem estar presentes. Therezo (2008) comenta que, quando vai se realizar uma leitura e uma produção de textos acadêmicos, é ne-cessário que se conheça um pouco sobre os tipos de leitura.

A leitura ascendente é a que considera o texto como detentor do sentido, em que todo o saber está nele contido, suas informações são indiscutí-veis, e o leitor é apenas o receptor, o que apenas memoriza e não discute.

A leitura descendente mostra o texto servindo apenas como confirmador das hipóteses do leitor e este é a única fonte de sentido. Esse tipo de leitura limita o ato de ler, cujo objetivo maior deve ser o de nos fazer penetrar em outros mundos e outros modos de pensar sobre o nosso mundo.

Outras concepções que Therezo (2008) relata são:

A concepção interacionista - aquela em que a lei-tura se dá pela interação entre texto e leitor. Com base nas informações do texto, o leitor, utilizan-do seus conhecimentos prévios, atribui sentidos ao que está escrito. Essa noção permite múltiplas leituras, pois ele tem experiência de vida diferente e traz seus conhecimentos pessoais para o texto. Sua leitura pode ser diferente, assim como o leitor poderá fazer leituras diferentes do mesmo texto, valendo-se de novas experiências.

A concepção discursiva é aquela em que autor e leitor são sujeitos historicamente determinados e ideologicamente constituídos. Estão sujeitos às vo-zes da cultura do seu tempo. Perdidas as condições de produção, pois o sujeito enunciador escreveu em outro momento e em outro lugar que não os do leitor, cabe a este interpretar o texto dentro do seu contexto. Cabe ao autor também respeitar a interpretação do leitor como um sujeito imerso no seu próprio tempo e submetido às influências do seu próprio meio.

Níveis de Leitura:

• Sensorial – sem necessidade de racionalização, vai dando a conhecer ao leitor o que lhe agra-da ou não, apenas porque toca sua visão, seu olfato, tato.

• Emocional – é aquele que lida com sentimen-tos, incita fantasias, liberta emoções. Os textos que despertam emoção nunca são esquecidos, assim como os belos romances e os grandes fil-mes, que são lembrados porque foram tocantes.

• Racional – é um processo de leitura atualiza-do, referenciado e tem caráter reflexivo e dinâ-mico, porque o leitor participa do processo de compreensão do texto com toda a sua capaci-dade, estabelecendo um diálogo com o autor;

Nesse sentido, é necessário se aperfeiçoar com a prática da leitura, realizando interpretações, fa-zendo inferências sobre o que está sendo exposto. Prestar atenção ao seu nível, isto é, se você realiza uma leitura sensorial ou emocional, pois o mais recomendado para a pesquisa científica é a prática da leitura racional, em virtude de ela ter um cará-ter reflexivo, lógico e dinâmico.

sites endereçO (url) desCriçãO

universidade fe-deral da baHia ufba – PrOGra-ma de Pós-Gra-duaçãO letras – PPGl

HttP://www.PPGll.ufba.br/

aCervO de teses, dis-sertações, PeriódiCOs.

universidade federal da Paraíba - ufPb PrOGrama de Pós-GraduaçãO letras – PPGl

HttP://www.CCHla.ufPb.br/POsletras/

aCervO de teses, dis-sertações, PeriódiCOs.

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23Capítulo 2

1.3 estratéGias Para a leitura raCiOnal

O trabalho de leitura na universidade pretende levar à análise de textos (principalmente os teóri-cos) em profundidade, portanto é preciso que o estudante se conscientize de que o ato de ler exige método e planejamento. Isso é fundamental para a produção de textos científicos, principalmente para aqueles que estão se iniciando no projeto de Pesquisa e daí ser relevante aprofundar mais a lei-tura e a produção de textos.

Therezo (2008) comenta o trabalho de um autor chamado Severino (1980) que propôs três diretri-zes para o texto teórico:

• O estudante é um leitor situado em seu tem-po – Quem é o autor? Em que momento es-creveu sua obra? Qual a sua visão de mundo? Que influências sofreu? Assim, estará se pre-parando para fazer uma leitura de concepção discursiva; verificar se sabe o significado das palavras no dicionário observando o contexto.

• O estudante deve procurar o entendimento

das ideias do autor – de que fala o texto? Qual o objetivo do autor? O que diz o autor? Que razões ele oferece para fundamentar sua tese?

O moderno professor de leitura e de produção de textos científicos deve saber levar em conta os conhecimentos prévios de seus alunos não só do ponto de vista linguístico-textual.

A compreensão de um texto sobre criminalidade, por exemplo, é diferente por parte de alunos de elite e de alunos de periferia, assim como um tex-to sobre comportamento será lido diferentemente por pré-adolescentes e por adultos.

A leitura de jornais e de revistas de grande cir-culação deve estar incorporada ao seu dia a dia, ampliando seu leque de informações, além disso, suas vivências em sociedade são muito mais diver-sificadas.

É necessário fazer uma leitura analítica, ordenan-do e sumariando as informações contidas nas fon-tes a fim de possibilitar a obtenção de respostas ao problema da pesquisa. Segundo Gil (2009, p. 78),

“é importante que se penetre no texto com a profundidade suficiente para identificar as intenções do autor”.

Na leitura analítica, o pesquisador deve procurar compreender antes de relutar. Gil (2009, p. 79) aponta quatro formas de se realizar a leitura analítica:

a. Leitura integral da obra ou do texto seleciona-do para se ter uma visão do todo.

b. Identificação das ideias-chave.

c. Hierarquização das ideias, isto é, organização das ideias seguindo a ordem de importância;

d. Sintetização das ideias;

Dessa forma, se acredita ser possível fazer uma lei-tura interpretativa das informações extraídas do texto em estudo, sempre realizando uma ligação de dados com conhecimentos significativos para a produção textual do projeto de pesquisa.

1.4 COerênCia e sua relaçãO COm a COesãO na PrOduçãO dO textO CientífiCO

A coerência é vista como uma continuidade de sentidos perceptível no texto, resultando numa co-nexão conceitual, cognitiva entre os seus elemen-tos. Tal conexão não é apenas de tipo lógico, uma vez que depende de fatores socioculturais entre os usuários. A coerência depende de fatores interpes-soais como as formas de influência do falante na situação de fala, das intenções comunicativas dos interlocutores, enfim, de tudo o que se possa ligar a uma dimensão pragmática da coerência.

Ao escrever um texto científico, como é o caso da produção do projeto de pesquisa, a coerência deve estar presente a todo instante, pois é um princípio de interpretabilidade e de compreensão do texto caracterizado por tudo de que o processo aí impli-cado possa depender. A coerência tem a ver com a produção do texto à medida que, quem o faz, deseja ser entendido por seu interlocutor.

Ao lado da coerência, destaca-se a importância da coesão, revelada por meio de marcas linguísticas. A coesão é sintática, gramatical, semântica, pois é a ligação entre os elementos superficiais do texto, o modo como eles se relacionam, o modo como frases ou partes delas se combinam para assegurar um desenvolvimento de forma clara.

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24 Capítulo 2

Nesse sentido, a produção da fundamentação te-órica no projeto de pesquisa requer todos os ar-gumentos bem conectados, as ideias dos autores bem explicitadas de forma a convencer de que a pesquisa proposta é realmente importante para a Ciência e para o estudo da área de Letras e de suas Literaturas.

2. reGras Gerais de aPresentaçãO de um PrOjetO de Pesquisa

Segundo a NBR 14 724:2011, os textos devem ser digitados em cor preta, podendo utilizar outras co-res somente para as ilustrações. Se impresso, utili-zar papel branco ou reciclado, no formato A4 (21 cm × 29,7cm).

As margens devem ser: para o anverso, esquerda e superior de 3cm e direita e inferior de 2cm; para o verso, direita e superior de 3cm e esquerda e in-ferior de 2cm.

Recomenda-se que, quando digitado, a fonte deve ser de tamanho 12 para todo o trabalho, inclusive capa, excetuando- se as citações com mais de três linhas, notas de rodapé, paginação, dados interna-cionais de catalogação na publicação, legendas e fontes das ilustrações e das tabelas, em tamanho menor e uniforme.

resumiNdo

Tamanho da folha

• UsarfolhadeformatoA-4(21,0cmx29,7cm)

• Margem:asfolhasdevemapresentarmargemesquerda e superior de 3cm, margem direita e inferior de 2cm.

Digitação

• Utiliza-seotamanho12paratextonormal

• Paranotasderodapéecitaçõescommaistrêslinhas (que devem ficar fora do corpo do tex-to), pode-se utilizar o tamanho 10.

2.1 esPaçamentO

Ainda segundo a NBR 14 724: 2011, todo texto deve ser digitado ou datilografado com espaçamen-to 1,5 entre as linhas, excetuando-se as citações de mais de três linhas, notas de rodapé, referências, le-gendas das ilustrações e das tabelas, natureza (tipo do trabalho, objetivo, nome da instituição a que é submetido e área de concentração), que devem ser digitados ou datilografados em espaço simples.

2.2 nOtas de rOdaPé

As notas devem ser digitadas dentro das margens, ficando separadas do texto por um espaço simples entre as linhas e por filete de 5 cm, desde a margem esquerda. Devem ser alinhadas, desde a segunda linha da mesma nota, abaixo da primeira letra da primeira palavra, de forma a destacar o expoente, sem espaço entre elas e com fonte menor.

Ex: ABNT1.

2.3 indiCativOs de CaPítulO Ou seçãO

O indicativo numérico, em algarismo arábico, de uma seção precede seu título, alinhado à esquerda, separado por um espaço de caractere.

Os títulos das seções primárias devem começar em página ímpar na parte superior, ser separados do texto que os sucede por um espaço entre as linhas de 1,5. Da mesma forma, os títulos das subseções devem ser separados do texto que os precede e que os sucede por um espaço entre as linhas de 1,5. Títulos que ocupem mais de uma linha devem ser, a partir da segunda linha, alinhados abaixo da pri-meira letra da primeira palavra do título.

2.4 títulOs sem indiCativO numériCO

Os títulos, sem indicativo numérico se encontram na parte pré-textual e pós-textual. Eles são: errata, agradecimentos, lista de ilustrações, lista de abre-viaturas e siglas, lista de símbolos, resumos, sumá-rio, referências, glossário, apêndice(s), anexo(s) e índice(s). A norma diz que eles devem estar centra-lizados na página.

1 ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas.

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25Capítulo 2

2.5 elementOs sem títulO e sem indiCativO numériCO

Fazem parte desses elementos pré-textuais a folha de aprovação, a dedicatória e a(s) epígrafe(s).

2.6 PaGinaçãO

As folhas ou as páginas pré-textuais devem ser con-tadas, mas não numeradas. Para trabalhos digita-dos somente no anverso, todas as folhas, inclusive a de rosto, devem ser contadas sequencialmente, considerando somente o anverso.

A numeração deve figurar, a partir da primeira folha da parte textual (INTRODUÇÃO), em alga-rismos arábicos, no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior, ficando o último algaris-mo a 2 cm da borda direita da folha.

Quando o trabalho for digitado em anverso (lado principal) e verso (página oposta à frente), a nu-meração das páginas deve ser colocada no anverso da folha, no canto superior direito; e no verso, no canto superior esquerdo.

Havendo apêndice e anexo, as suas folhas ou pá-ginas devem ser numeradas de maneira contínua e sua paginação deve dar seguimento à do texto principal.

2.7 numeraçãO PrOGressiva

Elaborada conforme a ABNT NBR 6024: 2003. A numeração progressiva deve ser utilizada para evi-denciar a sistematização do conteúdo do trabalho. Destacam-se gradativamente os títulos das seções, utilizando-se os recursos de negrito, itálico ou su-blinhado e outros, no sumário e, de forma idêntica no texto.

2.8 siGlas

A sigla, quando mencionada pela primeira vez no texto, deve ser indicada entre parênteses, precedi-da do nome completo.

Ex:• Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT)

3. Citações

As regras de citação estão presentes na NBR 10 520: 2002 e vamos apresentar as que mais surgem em projetos de pesquisa. Geralmente são coloca-dos o sobrenome do autor, o ano e a página no caso de citações diretas; e, o sobrenome do autor apenas com o ano do livro, no caso de citações in-diretas.

Quando o sobrenome do autor for citado fora de parênteses, deve-se colocar apenas a primeira letra em maiúscula. Veja no exemplo:

Ex1:• SegundoLeite(1999,p.12),“osmeiosdeco-

municação são essenciais para a compreensão da sociedade contemporânea”.

Quando o sobrenome do autor estiver dentro de parênteses, coloca-se tudo em maiúsculo. Veja:

Ex2:• “As palavras de Mário Quintana, que estão

presentes no texto Silêncio, mostram-nos que o mais importante na leitura do texto literário é o encontro entre o leitor e o texto (NEVES, 2011, p. 127).

3.1 CitaçãO direta

É a transcrição textual dos conceitos do autor consultado.

Ex:• Werner Jaeger (1986, p. 75) afirma que “a

crença de que a educação espartana era uma preparação militar unilateral deriva da política de Aristóteles”.

3.2 CitaçãO indireta

É a transcrição livre do texto do autor consultado, isto é, comenta-se a ideia do autor sem transcrevê-la literalmente. Nesse caso, as aspas não são necessá-rias, mas se deve citar o sobrenome do autor junta-mente com o ano, conforme exemplificado abaixo.

Ex:• Leite (2009) estuda a violência dentro dos

meios de comunicação e analisa de forma crí-tica como a televisão pode influenciar ou não para a escolha da violência.

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26 Capítulo 2

3.3 CitaçãO direta de até três linHas

As citações curtas, com até três linhas, deverão ser apresentadas no texto entre aspas.

Ex1:• “Asculturashumanassãosimbólicasnamedi-

da em que são fundadas sobre, e corporificam um conjunto sistematicamente inter-relacio-nado de ideias a respeito do sentido da vida” (BROCKELMAN, 2001, p. 51).

Ex2:• SegundoPauloFreire (1994,p.161), “trans-

formar ciência em conhecimento usado apre-senta implicações epistemológicas porque permite meios mais ricos de pensar sobre o conhecimento”.

Ex3:• Nóvoa(1992,p.16)serefereàidentidadepro-

fissional da seguinte forma: “A identidade é um lugar de lutas e conflitos, é um espaço de construção de maneiras de ser e de estar na profissão”.

Ex4: • Opapeldopesquisadoréodeservircomo“ve-

ículo inteligente e ativo” (LUDKE e ANDRÉ, 1986, p. 11) entre esse conhecimento acumu-lado na área e as novas evidências que serão estabelecidas mediante a pesquisa.

3.4 CitaçãO direta COm mais de três linHas

Aparece em parágrafo separado, com tamanho de letra 10, espaço simples de entrelinhas a 4cm da margem esquerda do texto e são deixados dois es-paços entre os parágrafos anterior e posterior.

Ex1: • Paraasociedadedeconsumo,oscaminhosde

busca da sensibilidade são totalmente dispen-sáveis. Nem sequer fazem parte da realidade. A mercadoria, o mercado, estes sim são fatos reais. E também a única razão de ser. A realida-de não é a experiência e a genuína fruição das coisas que deixe um lastro espiritual nas pesso-as, mas sim o consumo imediato de coisas des-cartáveis ou subtituíveis, que dê lugar a outro consumo de outras coisas, e outro e outro, e as-simpordiante.(OSTROWER,1990,p.249).

3. 5 CitaçãO de CitaçãO

Pode ser a transcrição direta de um autor citando outro. Utiliza-se nesse caso a expressão latina apud que significa “citado por; conforme, segundo” e faz referência a uma fonte secundária.

Ex1: • ÉnaindústriatêxtildeSãoPauloquetemos

o melhor exemplo da participação da família na divisão do trabalho. A mulher, neste setor, tem uma participação mais ativa na gestão dos negócios e os filhos um envolvimento precoce com a operação da empresa da família (DU-RAND apud BERHOEFTB, 1996, p. 35)

A expressão apud pode aparecer também em uma citação indireta de um autor que comentou as ideias de outro.

Ex2:• De acordo com o pensamento de Bonato,

(apud LEITE 1995, p. 34) a violência surgiu com a industrialização.

3.6 CitaçãO de autOres COm O mesmO

sObrenOme e mesma data de ediçãO

Nesse caso, para remeter ao autor corretamente, acrescenta-se ao sobrenome as iniciais dos prenomes.

Ex:• (BONATO,O.,1999)• (BONATO,L.,1999)

3.7 CitaçãO de diversas Obras de um mesmO autOr, PubliCadas em um mesmO anO

Para distinguir uma obra da outra, basta acrescentar letras minúsculas após a data, sem espacejamento.

Ex:• (MOREIRA,1999a)• (MOREIRA,1999b)

3.8 CitaçãO de dadOs ObtidOs POr infOrmaçãO Oral

Quando se tratar de dados obtidos por informa-ção oral (palestras, debates, comunicações, entre outros), indicar entre parênteses a expressão infor-mação verbal, mencionando-se os dados disponíveis somente em notas de rodapé.

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27Capítulo 2

Ex:• CavalcanteconstatouqueestáaumentandooplantiodecafénaregiãodoNortePioneirodoParaná

(informação verbal).

3.9 suPressões [...]

As supressões [...] são indicações de interrupções de palavras isoladas ou textos, anteriores ou posteriores entre si, extraídas de um parágrafo, acréscimos ou comentários.

Ex: • Énestecenário,que“[...]aAIDSnosmostraaextensãoqueumadoençapodetomarnoespaçopúbli-

co. Ela coloca em evidência de maneira brilhante a articulação do biológico, do político, e do social.” (HERZLICH e PIERRET, 1992, p. 7).

4. diCas Para a PrÁtiCa da étiCa na Pesquisa

• Preservaroanonimatoeosigilodaspessoasenvolvidasnapesquisa.

• Écrimecometerfraudeeplágiodepesquisadeoutros,poisquandoalguémcometeplágiodeumprojeto de pesquisa, monografia, dissertação, tese, livro, entre outros, se apropria do conhecimento produzido por outro.

Leia a notícia abaixo extraída do Jornal Folha de Pernambuco (2009, p.2), seção Grande Recife, intitulada Professores estão mais atenciosos e veja o que os professores universitários estão fazendo para evitar que essa prática de plágio dos trabalhos científicos acabe:

Fonte: ?

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28 Capítulo 2

atividades |1. Identifique quais as principais fontes de pesquisa para o seu projeto de pesquisa: livros, jornais, revistas, periódicos, monografias, dis-sertações, teses, artigos científicos.

2. Quais obras de referência você utilizará no seu projeto de pesquisa?

3. Como será a leitura utilizada nos textos base para o seu projeto de pesquisa?

4. Após a leitura dos textos que fundamen-tarão seu projeto de pesquisa, você fará uma organização das ideias valendo-se de resumos. Produza resumos críticos com o material cole-tado, fazendo a citação (direta e indireta) de acordo com o que foi visto. Faça as citações de forma correta, utilizando o sobrenome dos autores, ano e (página) quando for necessário. Realize os comentários na linguagem impesso-al sobre o assunto abordado;

5. Crie tópicos principais para a sua funda-mentação teórica e inicie a sua produção tex-tual científica, sempre utilizando as citações (diretas ou indiretas) seguidas dos seus comen-tários e argumentos.

resumO

Neste capítulo vimos como se produz a fundamentação teórica, como se deve fazer o levan-tamento bibliográfico, identificar as fontes: livros, obras de referência, periódicos científicos, teses e dissertações, anais de encontros científicos, periódicos de indexação e resumo, as-sim como, deu dicas de leitura e produção do texto científico. Foi visto, também,é preciso procurar livros em uma biblioteca convencional, além de fazer buscas em sites da Internet, sempre com cautela ao fazer as citações e verificando a credibilidade do site pesquisado. Discutiram-se questões sobre a leitura do material, quais os tipos de leituras mais apropria-dos para a produção científica, e, finalmente, partiu-se para a apreciação das Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas em relação às formas de fazer citação dos auto-res. Concluiu-se o capítulo fazendo uma reflexão sobre a questão ética em relação à prática criminosa de cópias dos textos de autores.

referênCias

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC-NICAS. Informação e documentação. Traba-lhos acadêmicos. Apresentação. NBR14 724. Rio de Janeiro, 2011, validade a partir de 17.04.2011.

__________. Numeração progressiva das se-ções de um documento. Apresentação: NBR 6024. Rio de Janeiro, 2003, validade a partir de 30.06.2003.

__________. Citações em documentos. Apresentação:NBR 10 520. Rio de Janeiro, 2002, validade a partir de 29.09.2002.

ANDRADE, M.M de. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação: noções práti-cas. 6ª ed.São Paulo: Atlas, 2004.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed.São Paulo: Atlas, 2009.

Professores estão mais atenciosos. Jornal Folha de Pernambuco, Recife, 13 set. 2009. Grande Recife, p. 2.

ISKANDAR, Jamil Ibrahim. Normas da ABNT comentadas para trabalhos científicos. 3ª ed.Curitiba: Juruá, 2008.

THEREZO, G. P. A leitura na Universidade. In: Redação e leitura para universitários. 2. Ed. Campinas, SP: Alínea, 2008, p.15-29.

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29Capítulo 3Capítulo 3

ObjetivOs esPeCífiCOs

• Desenvolveraimportânciadaescolhadeummétodoapropriadoparacadapesquisa;

• Conceituarpesquisaqualitativaepesquisaquantitativa;

• Apontarosmétodos,técnicasetiposdepesquisadeacordocomapropostadeautores das Ciências Humanas, Sociais e Aplicadas nos projetos científicos;

intrOduçãO

A realização de uma pesquisa requer um trabalho que exige o máximo de serie-dade e compromisso com a Ciência. Desde uma simples pesquisa realizada na escola até as mais complexas realizadas nas Universidades e nos Institutos Con-ceituados de Pesquisa, o estudioso deve coletar os dados com precisão e clareza, sabendo qual método utilizar, quais as técnicas mais apropriadas para extrair as informações e quais os tipos de pesquisa que devem ser escolhidos durante a elaboração do projeto.

Em uma simples pesquisa para as eleições de um governante, seja municipal, estadual ou federal, realizam-se estudos os mais diversos para detectar qual a por-centagem dos candidatos às eleições. Muitas vezes, as pesquisas não têm caráter de seriedade e as pessoas não acreditam nos números coletados. Quando uma pesquisa, porém, é realizada com seriedade, compromisso, clareza e objetividade, o resultado é muito mais confiável e oferece credibilidade para a sociedade.

Todos os setores da sociedade se utilizam de pesquisas a fim de se construir uma opinião e resolver a problemática apontada no projeto de pesquisa. As empre-sas utilizam pesquisas de mercado; os professores realizam pesquisas para extrair respostas de problemas no setor da educação; cientistas das mais diversas áreas realizam estudos minuciosos sobre questões ainda sem respostas, enfim, há uma preocupação intensa de profissionais e cientistas em realizar pesquisas de quali-dade para setores importantes da sociedade.

métOdOs, tiPOs de Pesquisa e

téCniCas nO PrOjetOProfa. Ms. Giovanna de Araújo Leite

Carga Horária | 15 horas

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30 Capítulo 3

Leia o artigo intitulado Pesquisas e pesquisas, extraído do Jornal da Paraíba, em 24 de março de 2009 como introdução desse assunto.

Diante da leitura do texto acima, observa-se a im-portância das pesquisas para a sociedade, porque, por meio delas, pode-se aprender um pouco mais sobre determinada problemática e saber o cami-nho a ser percorrido.

1. a seleçãO dO métOdO: COmO ClassifiCar as Pesquisas?

Essa etapa do projeto de pesquisa é crucial, pois, segundo Santaella (2001, p.185)

“do problema para a hipótese e desta para o método, têm-se aí

a coluna dorsal que dá sustentação a um projeto de pesquisa”.

Nessa etapa da metodologia, entende-se que o pes-quisador esteja consciente do tipo de pesquisa que escolherá de acordo com o objeto de estudo, por-que, como Santaella (2001, p. 186) deixa evidente:

“a melhor pesquisa não é aquela que mais se aproxima dos métodos das ciências naturais, mas sim, aquela cujo méto-

do é o mais adequado ao seu objeto”.

A autora citada mostra que é preciso explicitar no projeto o tipo de pesquisa, isto é, se será uma pes-

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31Capítulo 3

quisa empírica, com trabalho de campo ou de labo-ratório, se é de cunho fundamentalmente teórico, histórico, tipológico ou se tem uma tipologia híbri-da. Deve-se evidenciar, também, qual é o ângulo de abordagem da pesquisa, ou seja, se será de caráter econômico, político, social, cultural, histórico, téc-nico, entre outros.

2. Pesquisa bibliOGrÁfiCa Ou teóriCa

Toda pesquisa necessitará de um estudo bibliográ-fico. De acordo com Brenner; Jesus (2008) esta é

“utilizada em todas as pesquisas, seja na busca da fundamen-tação teórica para o tema desenvolvido, seja na busca de

informação para a própria pesquisa, quando ela é teórica”.

Segundo Gil (2009, p. 44), esse tipo de pesquisa é desenvolvido “com base em material já elaborado, constituído de livros e artigos científicos”.

É importante ressaltar que este tipo de pesquisa perpas-sa por todos os momentos do trabalho acadêmico, desde a definição do tema até a elaboração do relatório final. [...] suas fontes de pesquisa dizem respeito a publicações realizadas através de livros, revistas, enciclopédias, dicioná-rios, artigos publicados em periódicos, anais de encontros científicos, monografias, teses, dissertações, relatórios de pesquisa, ensaios, resenhas, apostilas, documentos eletrô-nicos, entre outros. (BRENNER; JESUS, 2008, p. 15).

É necessário identificar as fontes seguras, median-te um levantamento bibliográfico, com identifica-ção de obras que interessam; localizar o material em bibliotecas, livrarias, sites confiáveis; compilar as informações, isto é, documentar o material da pesquisa.

Após a organização de todas as informações que interessam ao pesquisador, deve ser feita uma análise e interpretação, contendo críticas constru-tivas à teoria estudada e uma produção de texto amadurecida.

Nesse sentido, o pesquisador será capaz de “reunir um conjunto de autores, de preferência, os mais renomados, para discussão do problema, objeto da sua pesquisa” (BRENNER; JESUS, 2008, p. 16).

Ressalte-se, também, que os autores selecionados servirão de base para fundamentar a discussão te-

órica sobre o assunto, possibilitando um estudo descritivo e analítico.

3. Pesquisa dOCumental

Na pesquisa documental, utilizam-se documentos de primeira mão (aqueles que ainda não foram analisados), isto é, documentos oficiais, reporta-gens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações e documentos de segunda mão, (aqueles que já foram analisados) mas que servem como elemento importante para dar su-porte ao estudo, como é o caso de relatórios de pesquisa, relatórios de empresa, tabelas estatísticas.

Segundo (GIL apud BRENNER, 2009, p. 16),

“a pesquisa documental é muito semelhante à pesquisa bi-bliográfica, a diferença entre ambas está no tipo das fontes

utilizadas”.

Ou seja, a pesquisa bibliográfica apresenta a con-tribuição de vários autores, enquanto a pesquisa documental recorre ao material que ainda não re-cebeu tratamento analítico e que pode ser reelabo-rado de acordo com os objetivos da pesquisa.

A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que denomina de fontes primárias. Estas podem se feitas no momento em que o fato ou fenômeno

ocorre, ou depois (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 174)

Os tipos de arquivos utilizados nessa pesquisa po-dem ser públicos, particulares, empresariais ou fontes estatísticas. É interessante observar que os documentos podem ser analisados segundo a pers-pectiva da Análise de Conteúdo. Nas palavras de Bauer (2002, p.190):

A análise de conteúdo é apenas um método de análise de textos desenvolvido dentro das ciências sociais empíricas. Embora a maior parte das análises clássicas de conteúdo culmine em descrições numéricas de algumas característi-cas do corpus do texto, e distinções no texto.

Nos cursos de Ciências Humanas e Sociais Aplica-das, a Análise de Conteúdo ainda é muito utilizada para se reconstruir indicadores, valores, atitudes, opiniões, preconceitos e estereótipos, comparando os indicadores entre comunidades. Segundo Bauer (2002, p. 192), “a Análise de Conteúdo é pesquisa de opinião pública com outros meios.

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32 Capítulo 3

Em Letras, o pesquisador pode utilizar a Análise de Conteúdo para verificar a frequência das pala-vras e sua ordenação, o vocabulário, os tipos de palavras e as características gramaticais e estilísticas como indicadores de uma fonte e da probabilidade de influência sobre alguma audiência. Exemplo: O frequente emprego de uma forma de palavras que não é comum pode identificar um provável autor e determinado vocabulário pode indicar um tipo provável de público.

Semanticamente, pode-se utilizar a Análise de Conteúdo para interpretar “o que é dito em um texto?”. Palavras, sentenças e unidades maiores de texto são classificadas como exemplos de temas predefinidos e avaliações. Ex: Entre 1973 e 1996, o tema biotecnologia se tornou mais e mais uma par-te proeminente das notícias sobre ciência na mídia nacional; a cobertura se diferencia e as avaliações variam com o tratamento específico do que está em foco (DURANT apud BAUER, 2002, p. 193).

Assim, quando o pesquisador se utiliza de docu-mentos primários ou secundários, ele pode ana-lisar a cobertura de jornais, revistas, sites, enfim, uma infinidade de objetos de estudos a fim de veri-ficar valores, atitudes, estereótipos, símbolos e cos-movisões de um texto sobre o qual pouco se sabe.

Passos Na aNáLise de CoNteúdo

1. A teoria e as circunstâncias sugerem a seleção de textos específicos.

2. Faça uma amostra caso existirem muitos textos para analisá-los completamente.

3. Construa um referencial de codificação que se ajuste tanto às considerações teóricas, como ao material.

4. Faça um teste piloto, revise o referencial de co-dificação e defina explicitamente as regras de codificação.

5. Teste a fidedignidade dos códigos, e sensibilize os codificadores para as ambiguidades.

6. Codifique todos o material na amostra e estabe-leça o nível de fidedignidade geral do processo.

7. Construa um arquivo de dados para fins de análise estatística.

8. Faça um folheto incluindo: a) o racional para o referencial de codificação; b) as distribuições de frequência de todos os códigos; c) a fidedig-nidade de processo de codificação.

Fonte: BAUER, G. (2002, p. 215).

4. levantamentO de dadOs

O levantamento de dados caracteriza-se pela inter-rogação direta da pessoa cujo comportamento se deseja conhecer. Geralmente, o pesquisador solici-ta informações a um grupo significativo de pessoas sobre o problema estudado para se obter conclu-sões correspondentes aos dados coletados.

Quando o levantamento recolhe informações de todos os integrantes do universo pesquisado, tem--se um censo. Na maioria dos levantamentos, não são pesquisados todos os integrantes da população estudada diante de um número muito grande. Nesse sentido, faz-se uma amostra de todo o uni-verso estudado até chegar às conclusões obtidas, levando-se em consideração a margem de erro, que é obtida mediante cálculos estatísticos.

Segundo Gil (2009, p. 51),

Entre as principais vantagens dos levantamentos estão:

a. Conhecimento direto da realidade: à medida que as próprias pessoas informam acerca de seu comporta-mento, crenças e opiniões, a investigação torna-se mais livre de interpretações calcadas no subjetivismo dos pesquisadores;

b. Economia e rapidez: desde que se tenha uma equi-pe de entrevistadores, codificadores e tabuladores devidamente treinados, torna-se possível a obtenção de grande quantidade de dados em curto espaço de tempo. Quando os dados são obtidos mediante ques-tionários, os custos se tornam relativamente baixos;

c. Quantificação: os dados obtidos mediante levanta-mento podem ser agrupados em tabelas, possibili-tando sua análise estatística. As variáveis em estudo podem ser quantificadas, permitindo o uso de corre-lações e outros procedimentos estatísticos. À medida que os levantamentos se valem de amostras probabi-lísticas, torna-se possível até mesmo conhecer a mar-

gem de erro dos resultados obtidos.

Observa-se, nos estudos de Gil (2009), que o levan-tamento é bastante adequando para as observações

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33Capítulo 3

de cunho descritivo, como o caso do estudo de opi-niões e atitudes, pouco indicado, porém, no estu-do de problemas referentes a relações e estruturas sociais complexas.

Percebe-se que, ao realizar um levantamento de da-dos, a Análise de Conteúdo será bastante útil para detectar as generalidades recolhidas nas opiniões dos pesquisados.

4. 1 Pesquisa de CamPO

Há algumas semelhanças entre a pesquisa de cam-po e o levantamento, mas, de acordo com Gil (2009, p. 52),

“o levantamento tem maior alcance e o estudo de campo,

maior profundidade”.

O levantamento procura ser representativo de uni-verso definido e oferece resultados caracterizados pela precisão estatística. Já o estudo de campo pro-cura muito mais o aprofundamento das questões propostas que a distribuição das características da população segundo determinadas variáveis. Daí, a pesquisa de campo poder utilizar tanto a pesquisa quantitativa como a pesquisa qualitativa, que serão melhor desenvolvidas nos tópicos posteriores.

Segundo (LAKATOS; MARCONI apud BREN-NER; JESUS, 2008, p. 18)

“o interesse da pesquisa de campo está voltado para o estu-do de indivíduos, grupos, comunidades, instituições, entre outros campos, objetivando à compreensão de diversos as-

pectos da sociedade”.

A pesquisa de campo é muito parecida com o le-vantamento de dados, contudo, ela é utilizada para se conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, ou de uma hipótese que se queira comprovar, ou descobrir novos fenômenos e suas relações.

Lakatos e Marconi (1991) mostram que a pesquisa de campo possui algumas fases que devem ser leva-das em conta, são elas:

• 1ª Fase: Pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão, para identificar o estado em que se encontra o problema no momento e conhecer o conteúdo dos trabalhos já desenvolvidos so-bre o assunto;

• 2ª Fase: Determinação, de acordo com a na-tureza da pesquisa, das técnicas que serão em-pregadas na coleta de dados e na seleção da amostra;

• 3ª Fase: Definição das técnicas de registro des-ses dados e das técnicas que serão utilizadas em sua análise.

A seguir, um quadro delimitando as diferenças cru-ciais entre Levantamento X Pesquisa de Campo.

levantamentO Pesquisa de CamPO

maiOr alCanCe maiOr PrOfundidade

rePresentativO de univer-sO definidO e resultadOs CaraCterizadOs Pela PreCisãO estatístiCa

maiOr aPrOfundamentO das questões PrOPOstas que a distribuiçãO das CaraCterístiCas da POPula-çãO seGundO determina-das variÁveis

identifiCam-se as CaraCte-rístiCas dOs COmPOnentes dO universO PesquisadO, COm CaraCterizaçãO PreCi-sa de seus seGmentOs.

estuda-se um úniCO GruPO Ou COmunidade em termOs de sua estrutu-ra sOCial, ressaltandO a interaçãO entre seus COmPOnentes

Assim, verifica-se que o pesquisador, ao utilizar a pesquisa de campo, realiza a maior parte do traba-lho pessoalmente, pois é enfatizada a importância do pesquisador ter tido ele mesmo uma experiência direta com a situação de estudo. É perceptível que, nesse caso, o estudioso permaneça a maior parte do tempo na comunidade, porque somente com essa imersão na realidade é que se podem entender as regras, os costumes e as convenções que regem o grupo estudado. E como o pesquisador apresenta nível maior de participação, torna-se maior a pro-babilidade dos sujeitos pesquisados oferecerem res-postas mais confiáveis. De modo geral, a realização da pesquisa de campo requer muito mais tempo que um levantamento.

Como, na maioria das vezes, os dados são coleta-dos por um único pesquisador, existe o risco de subjetivismo na análise e na interpretação dos re-sultados da pesquisa, assim, explica-se um pouco mais sobre como utilizar a pesquisa quantitativa e a pesquisa qualitativa.

4.1.1 Pesquisa quaNtitativa

Um dos aspectos importantes a discutir dentro do assunto de levantamento de dados e de pesquisa de campo é sobre o conceito de pesquisa quanti-

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34 Capítulo 3

tativa e pesquisa qualitativa, pois os alunos de gra-duação sempre perguntam sobre a diferença entre elas. Qual será?

Segundo Brenner; Jesus (2008, p.21), as pesquisas quantitativas se fazem

“através de uma pesquisa de campo que utiliza a coleta de

dados, com a aplicação de formulários e questionários”.

Entretanto, é válido ressaltar que, na pesquisa de campo, também há possibilidade de se utilizar a pesquisa qualitativa, pois existe o risco de subjeti-vismo na análise e na interpretação dos resultados.

Nesse sentido, o que geralmente se faz é a deli-mitação do universo da pesquisa e a seleção das unidades de mensuração. Um exemplo disso é o estudo de toda a população ou, um de sistema de amostragem em que as análises são feitas mediante conjuntos menores da população que são chama-das de amostra.

Nas pesquisas quantitativas, apuram-se opiniões dos entrevistados geralmente utilizando-se a técni-ca de produção de questionários. Os dados cole-tados são generalizados e projetados para aquele universo. O objetivo é mensurar e permitir o teste de hipóteses.

As pesquisas quantitativas se utilizam de um nú-mero bem maior de dados analisados, obtidos de diversas formas de levantamento e geralmente é necessário o apoio da Estatística, pois são feitas di-versas associações entre as variáveis, o tratamento estatístico e a análise estatística dos resultados.

De acordo com (DIAS apud BRENER; JESUS, 2008, p.22),

“nas pesquisas em que foram utilizados métodos quantita-tivos, há a necessidade de apresentação dos seus resultados de forma ordenada e resumida, a fim de auxiliar a compa-

ração e a análise dos dados”.

Quanto à coleta de dados, a pesquisa quantitati-va exige um número maior de entrevistados para garantir maior exatidão nos resultados. No caso de entrevistas,o entrevistador identifica as pesso-as que serão entrevistadas pelos critérios de sexo, idade, ramo de atividade, localização geográfica, entre outros aspectos que forem relevantes para o estudo; nos questionários, as informações são co-lhidas por meio de um questionário padronizado

e uniformizado, com perguntas claras e objetivas.

Assim, é crucial que o aluno-pesquisador tenha bastante cuidado com o levantamento de dados quantitativos e sua respectiva análise para que a sua pesquisa aborde fielmente os dados de forma objetiva e clara.

Uma forma de deixar o texto da pesquisa quan-titativa objetivo é resumir os dados em tabelas e em gráficos, com interpretações e conclusões. O conhecimento de Estatística é indispensável em uma pesquisa de campo quantitativa, pois, como Brenner; Jesus (2008, p.22) apontam:

• Definição e conhecimentodouniverso a serestudado;

• Identificaçãodométododeamostragemese-leção da amostra;

• Interpretaçãoeanálisedosresultados;

• Relatóriofinal;

É importante ressaltar o cuidado para que os méto-dos não sejam utilizados apenas como técnica, por-que, caso isso aconteça, a pesquisa perderá o con-texto científico. É necessário elaborar e aplicar um questionário com os pesquisados, porque essa é uma atividade que deve estar integrada a todo o con-texto do planejamento de uma pesquisa científica.

4. 1. 2 Pesquisa quaLitativa

Ela é de caráter mais subjetivo, pois estimula os entrevistados a pensarem sobre o tema estudado, objeto ou conceito. Geralmente, a pesquisa quali-tativa é utilizada quando se busca percepções sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação.

O pesquisador, ao utilizá-la, desenvolve concei-tos, ideias e entendimentos com base em padrões encontrados nos dados, em vez de coletar dados para comprovar teorias, hipóteses e modelos pré--concebidos.

No caso de entrevistas, o número de entrevistados é bem menor que o da pesquisa quantitativa. São feitas discussões em grupo e entrevistas em profun-didade. Em questionários, geralmente as informa-ções são coletadas por meio de um roteiro, em que as gravações são feitas e posteriormente analisadas.

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35Capítulo 3

Tudo é analisado, registrado, mas o contexto é fun-damental para se relatar a pesquisa. As opiniões, valores e atitudes devem ser realçadas. No caso da pesquisa de campo, há possibilidade de se utilizar a pesquisa qualitativa. De acordo com (LIMA apud BRENNER; JESUS, 2008, p. 19):

A pesquisa de campo pressupõe a apreensão dos fatos/variáveis investigados, exatamente onde, quando e como ocorrem. Nessas circunstâncias, o pesquisador deve definir o que e como deverá apreender, considerando as especi-ficidades do que está investigando. Para isso, deve estar ciente de que, tanto utilizando-se de recursos metodoló-gicos quantitativos quanto de recursos metodológicos qua-litativos, deve coletar os materiais de forma sistematizada, registrá-los, selecioná-los e organizá-los sem qualquer tipo

de manipulação, sem experimentação.

Assim, a autora sugere que, quando a observação for direta e intensiva, incluindo a observação siste-mática e assistemática, participante, não – partici-pante, individual, em equipe, em laboratório, na realidade, e as entrevistas serem estruturadas, não estruturadas, focalizadas, clínicas, não dirigidas ou em painel, as pesquisas são de caráter qualitativo. Já as observações diretas extensivas, realizadas por ques-tionários e/formulários, são consideradas de caráter quantitativo, sendo costumeiramente utilizadas no Levantamento de dados.

5. estudO de CasO

O estudo de caso é uma modalidade de pesquisa bas-tante utilizada nas Ciências Biomédicas, Ciências Sociais Aplicadas. Nas Ciências Humanas, como é o caso do curso de Letras, o Estudo de Caso tam-bém aparece em algumas pesquisas, mas com me-nos intensidade.

Trata-se de um estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. No pensamento de Gil (2009), nas Ciências Biomédicas, o estudo de caso costuma ser utilizado tanto como estudo piloto para esclarecimento do campo da pesquisa em seus múltiplos aspectos quanto para descrição de síndromes raras. Seus resultados, de modo ge-ral, são apresentados em aberto, ou seja, na condi-ção de hipóteses, não de conclusões.

Nas Ciências, de um modo geral, o estudo de caso foi encarado como procedimento pouco rigoroso, que serviria apenas para estudos de natureza explo-

ratória. Atualmente, é encarado como o delinea-mento mais adequado para a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real, em que os limites entre o fenômeno e o con-texto não são claramente percebidos.

O estudo de caso tem alguns propósitos que mere-cem destaque, segundo Gil (2008, p. 54):

a. Explorar situações da vida real, cujos limites não estão claramente definidos;

b. Preservar o caráter unitário do objeto estudado;

c. Descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação;

d. Formular hipóteses ou desenvolver teorias;

e. Explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos.

Há algumas críticas quanto à utilização do estudo de caso, por exemplo, o fato de se analisar um úni-co ou poucos casos pode fornecer uma base muito frágil para a generalização. Contudo, os propósitos do estudo de caso não são os de proporcionar o co-nhecimento preciso das características de uma po-pulação, e sim o de proporcionar uma visão global do problema ou de identificar possíveis fatores que o influenciam ou são por ele influenciados. Ou-tra crítica se refere ao tempo destinado à pesquisa, pois se alega que o estudo de caso demanda mui-to tempo para ser realizado e que frequentemente seus resultados tornam-se pouco consistentes.

O estudo de caso, muitas vezes, é indicado como um exemplo de pesquisa de caráter qualitativo, embora também possa conter dados quantitativos. Segun-do (LIMA apud BRENNER; JESUS, 2008, p. 20)

“uma pesquisa pode ser predominantemente qualitativa em sua operacionalização, porém, isso não impede a re-alização de processos quantitativos na análise e na apre-sentação dos seus resultados, através de um tratamento estatístico adequado”.

É necessária muita criatividade do pesquisador, pois como afirma Brenner; Jesus (2008, p. 20)

“podem surgir problemas teóricos e descobertas que não estavam previstos no planejamento inicial, sendo necessá-

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36 Capítulo 3

rio, redimensionar seu trabalho na medida em que surgem

novas variáveis”.

Por isso, recomenda-se aos pesquisadores que sai-bam escolher o tipo de pesquisa para o seu obje-to de estudo com bastante firmeza e entendam o que, de fato, querem fazer, para que o trabalho não fique apenas um mero texto sem sentido e cheio de estatísticas ou dados sem contextualização ou profundidade.

Ainda segundo Brenner; Jesus (2008), é comum encontrar o estudo de caso como método mais utilizado nos trabalhos de conclusão de curso de graduação, contudo, como não há uma determi-nação de procedimentos metodológicos rígidos, e, como demanda muito tempo para ser realizado, recomenda-se aos pesquisador que redobre os cui-dados no planejamento e na execução da pesquisa, para evitar a possível falta de rigor metodológico e dispersão quanto ao tema proposto no planeja-mento da pesquisa.

Gil (2009) aborda que há pesquisadores inexpe-rientes, entusiasmados pela flexibilidade metodo-lógica dos estudos de caso, que decidem adotá-lo em situações para as quais não é recomendado. Como consequência, ao final da pesquisa realiza-da, eles conseguem apenas um amontoado de da-dos que não conseguem analisar e interpretar.Veja abaixo os momentos que (LIMA apud BREN-NER; JESUS, 2008, p.20) recomenda ao se fazer um estudo de caso:

• Elaboraçãodeumprojetodepesquisaconsis-tente, objetivando a clareza de definições e de justificativas teórico/empíricas relativas aos objetivos, tema e problema contextualizados, e discussão teórica fundamentada;

• Elaboraçãodeumprotocolodeestudo,objeti-vando a sistematização do processo de registro do material coletado e a construção de bases de validação das conclusões da pesquisa;

• Tratamentodomaterialcoletadoeregistradopara viabilizar sua análise de conteúdo;

• Elaboraçãodorelatóriodepesquisa, indican-do claramente seus objetivos, recursos meto-dológicos, caracterização da (s) unidade (s) de estudo, discussão do material coletado e apre-sentação dos resultados.

Brenner; Jesus (2008) recomenda, ainda, que o pesquisador que optar pela realização do estudo de caso, deve escolher o local onde fará a pesqui-sa, isto é, delimitar se será em empresa, em órgão público, entre outros, e, como premissa, obter autorização por escrito, pois nem sempre é de interesse desses locais exporem publicamente sua estrutura.

6. Pesquisas exPlOratórias

Essas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, a fim de torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que tais pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a desco-berta de intuições. Seu planejamento é flexível e possibilita a consideração dos mais variados aspec-tos relativos ao fato estudado.

As pesquisas exploratórias envolvem sempre um le-vantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulam a compreensão. Gil (2009, p.41) finaliza que

“embora o planejamento da pesquisa exploratória seja bas-tante flexível, ela assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso”.

7. Pesquisas desCritivas

As pesquisas descritivas têm como objetivo prin-cipal descrever detalhadamente as características de determinada população ou fenômeno, estabele-cendo relações entre variáveis.

Entre as pesquisas descritivas, destacam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, proce-dência, nível de escolaridade, estado de saúde físi-ca e mental. Outras pesquisas desse tipo são as que se propõem a estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus habitantes, o índice de crimi-nalidade que aí se registra. Geralmente se inserem nesse tipo de pesquisa aqueles estudos que têm por objetivo levantar opiniões, atitudes e crenças de uma população. Também se utilizam as pesquisas descritivas para descobrir a existência de associa-ções entre variáveis, como as pesquisas eleitorais

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37Capítulo 3

que indicam a relação de preferência político-par-tidária e nível de rendimentos ou de escolaridade. (GIL, 2009).

As pesquisas descritivas são juntamente com as exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática. São, geralmente, solicitadas por organi-zações como instituições educacionais, empresas comerciais, partidos políticos. Assumem, segundo Gil (2009), a forma de levantamento, conforme foi demonstrado nos itens anteriores deste livro.

8. Pesquisas exPliCativas

As pesquisas explicativas tentam esclarecer para a Ciência porque um determinado problema acon-tece. Nesse sentido, essas pesquisas têm como preocupação central identificar fatores que deter-minam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Esse é o tipo que mais aprofunda o conhecimento da realidade, pois explica a razão, o porquê das coisas. É o tipo mais complexo e de-licado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente, segundo Gil (2009).

É interessante observar que uma pesquisa expli-cativa pode ser a continuação de outra descritiva, pois a identificação dos fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemen-te descrito e detalhado.

9. Pesquisa PartiCiPante

Este tipo de pesquisa se caracteriza pela intera-ção entre pesquisadores e membros das situações investigadas. Tem caráter social, educacional e técnico e envolve a distinção entre a ciência po-pular e ciência dominante. A grande caracterís-tica é que o pesquisador interage com os pesqui-sados e descreve ou explica seu estudo com base no que vivenciou. Segundo (THIOLLENT apud GIL, 2009, p.14):

[...] um tipo de pesquisa com base empírica que é conce-bida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

Dessa forma, é necessário que haja muita discipli-na e rigor ao realizar esse tipo de pesquisa para não correr o risco de sair da objetividade dos procedi-mentos científicos em virtude do envolvimento ativo do pesquisador e a ação por parte das pessoas ou dos grupos envolvidos no problema.

Para que a objetividade não se perca na pesqui-sa, é bom que o pesquisador faça um estudo preliminar da região e da população pesquisada, identifique a estrutura social da população, des-cubra o universo vivido por essa população e faça um recenseamento dos dados socioeconômicos e tecnológicos. Além disso, é primordial que se analise criticamente os problemas presentes no seu objeto de estudo, isto é, faça uma descrição do problema; identifique as causas do problema e formule hipóteses de ação, finalizando com a elaboração de um plano de ação que possibilite a análise mais adequada do problema estudado; a melhoria imediata da situação em nível local e observe se esta melhoria tem um médio ou longo prazo em nível local ou mais amplo.

10. téCniCas de Pesquisa

As técnicas de pesquisa mais utilizadas são: Obser-vação; Entrevista e Questionários. Mas como rea-lizar tais técnicas de pesquisa? É preciso conceituar cada uma dessas técnicas a fim de que o pesquisa-dor tenha plena certeza qual a melhor forma de captar informações.

10.1 ObservaçãO

Todo pesquisador deve ter a habilidade de obser-var a realidade social, atentando sempre para o “ver” e o “ouvir”. É necessário estar integrado aos objetivos da pesquisa e ter o cuidado de promover um bom relacionamento com o grupo pesquisado.

É importante que, após cada observação, seja elaborada uma ficha de registro previamente pla-nejada para que os fenômenos observados sejam registrados.

Segundo (COOPER; SCHINDLER apud VERGA-RA, 2009, p. 73) “a observação implica notar e me-todicamente registrar”:

• Eventos;

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38 Capítulo 3

• Condiçõesfísicas.Ex:comoficamdispostososlivros em uma livraria ou os vestidos em uma casa de modas feminina;

• Comportamentosnão verbais.Ex:movimen-tos do corpo indicadores de tédio, ou de pra-zer, olhares trocados, aproximações ou distan-ciamentos corporais;

• Comportamento linguístico.Ex: tomde voz,velocidade da fala, ritmo, tendência a inter-romper a fala do outro, uso de gíria, formas de abordagem.

Vergara (2009) mostra que a observação impli-ca descrição, explicação, compreensão de even-tos e comportamentos. É interessante notar que a descrição, neste caso, é interpretativa. Para ela, a observação é útil como complemen-to da aplicação de questionário e da realização de entrevista.

Há a observação estruturada e a não estruturada. A primeira é conhecida por ser organizada, siste-matizada, planejada ou controlada porque tem em vista objetivos e propósitos predefinidos, logo, requer planejamento prévio, cuidadoso, específico para o registro do que atende aos propósitos do pesquisador. Abaixo, uma sequência de perguntas prévias, cujas respostas serão úteis ao direciona-mento das observações:

a. O que observar?b. Quem observar?c. Por que observar?d. Para que observar?e. Como observar?

A observação não estruturada é mais conhecida por ser assistemática, espontânea, informal, ordi-nária, simples, livre, ocasional, acidental, mas que, ao mesmo tempo, tenha um propósito. Ela não tem planejamento e controle, mas o observador registra o acontecimento sem utilizar recursos pre-viamente definidos.

10.2 entrevista

É uma técnica de coleta de dados que visa obter da-dos de informações sobre o que as pessoas sentem, pensam ou fazem, sendo a mais flexível de todas as técnicas de coleta de dados.

A entrevista possibilita a verificação de fatos, opi-niões e sentimentos, além de determinar condutas e averiguar planos de ação. Segundo (GIL apud BRENNER; JESUS, 2008, p. 24),

“há vários tipos de entrevista [...] as mais estruturadas predeterminam as respostas a serem obtidas. As menos estruturadas são desenvolvidas de forma mais espontâ-nea, sem estarem sujeitas a um modelo preestabelecido

de interrogação”.

Contudo, é lícito afirmar que todo entrevistador deve contemplar objetivos pretendidos, apresentar conhecimento prévio do entrevistado, marcar o local e horário certo da entrevista, garantir sigilo sobre as informações. Além disso, o entrevistador deve contatar inicialmente com os líderes, conhe-cendo previamente o campo de investigação e or-ganizar o roteiro ou formulário com as questões importantes.

O registro das informações extraídas por meio da entrevista pode ser feito mediante anotações ou o uso do gravador, pois, segundo Brenner; Jesus (2008, p.25) ao deixar

“o registro para depois da entrevista, poderá haver o esque-

cimento de informações importantes”.

Uma entrevista pode ser individual ou coletiva. Entrevista individual é aquela que se estabelece entre um entrevistador e um entrevistado. Segun-do Vergara (2009, p. 06):

Quanto ao número de pessoas que podem ser individual-mente entrevistadas, existem autores que consideram 15 um número mínimo para entrevistas e 25 um número máximo adequado. Cinco já parece um número bom, não? Enfim, tudo depende do problema da investigação, da me-todologia escolhida e da representatividade dos entrevis-tados. Depende, também, de bom senso e de domínio de certas regras científicas, por parte do pesquisador.

Pode apresentar estrutura fechada, isto é, quando contém perguntas ou tópicos ordenados. Ex:

• QueobrasdeJoséSaramagovocêjáleu?

• VocêconsideraimportanteatemáticaapresentadanolivroEnsaiosobreacegueira?

• QuaissãoascontribuiçõesdestaobraparaaLitera-turaPortuguesa?

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39Capítulo 3

A entrevista também pode apresentar estrutura se-miaberta, isto é, cada pergunta pode ser formulada de modo que o entrevistado estruture suas respos-tas. Ex:

• Quevocêpensaarespeitodoacordoortográfico?

• PorqueéimportanteapráticadanovaortografiaparaoBrasil?

• Quaissãoosprincipaisaspectospositivosenegati-vosdanovaortografiainstauradanoBrasil?

Vergara (2009) comenta que perguntas atreladas a um roteiro cuja estrutura seja semiaberta podem revelar não só a opinião do entrevistado acerca de algo, como o seu nível de informação.

Por último, uma entrevista pode ser aberta, isto é, aquela que tem o objetivo de buscar explorar de maneira mais ampla uma situação, seja fazen-do perguntas diretas, seja inserindo-as no meio de uma conversa que inclua outros pontos. Ex:

• Fale um pouco de sua trajetória de vida cujoponto de partida seja a cidade onde você nas-ceu e opontode chegada e oque você representapara a Literatura Brasileira Contemporânea?

• Descreva sua carreira/trajetória como escritor noEstado de Pernambuco.

Sobre a entrevista coletiva, diz-se que é aque-la que tem um ou mais entrevistadores e alguns entrevistados. Também é conhecida como grupo focal. Geralmente são reuniões de grupos em que as entrevistas são conduzidas por um entrevistador (moderador), que é o catalisador da comunicação entre os entrevistados.

Na entrevista coletiva, objetiva-se a discussão de um tópico específico e pode triangular-se com a entrevista individual, a observação participante ou o questionário.

10.3 questiOnÁriOs

Segundo Brenner; Jesus (2008, p.25)

“os questionários são utilizados nas pesquisas de campo quantitativas como instrumento de coleta de dados. O conteúdo do questionário deve formar um todo integrado

e coerente com todos os elementos da investigação”.

As perguntas devem estar esteticamente apresen-tadas, sua forma de expressão deve ser clara e a re-dação do texto dever ser revisada para evitar erros ortográficos.

Há questionários abertos, isto é, aqueles que apre-sentam perguntas abertas, sem a apresentação de possíveis respostas. Ex:

• Oque,paravocê,deveserestudadonagramáticatradicional?

• Qualaimportânciadalinguísticaparaosestudosdagramática?

• PorqueaLiteraturaconsideraaCulturacomoelemen-toprimordialparacompreensãodasobrasliterárias?

Há os questionários fechados, aqueles nos quais o respondente escolhe sua resposta entre duas op-ções, como: sim e não; concordo/discordo. Ex:

• Vocêconheceateoriadaenunciação:

()Sim ( ) Não

E assim por diante, o pesquisador vai formulando as questões de acordo com as perspectivas do obje-to de estudo.

Espera-se que, com essas dicas sobre técnicas me-todológicas de se extrair informações, sejam essen-ciais para a produção da metodologia no projeto de pesquisa.

11. enfOques analítiCOs

Para concluir este capítulo, destaca-se o fato de os estudantes do curso de Letras geralmente utiliza-rem em suas pesquisas enfoques de cunho analí-tico, a exemplo da Análise de Conteúdo; Análise do Discurso;AnáliseArgumentativa;AnálisedaConversa-ção;Análiseretórica;AnáliseSemiótica, entre outros. Indica-se a leitura de Bauer; Gaskell (2002), pois os autores detalham as características de cada um desses enfoques e como utilizá-los na pesquisa.

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40 Capítulo 3

atividades |1. Analise a expressão: “Pesquisas descritivas referem-se ao quê e ao como e as explicativas ao porquê”.

2. Elabore uma relação de objetos que pos-sam ser considerados fontes documentais.

3. De acordo com o que foi visto neste capí-tulo, qual tipo de pesquisa e a técnica de pes-quisa que você pretende abordar no seu proje-to de pesquisa?

referênCias

BAUER, Martin W; GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um ma-nual prático. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

BRENNER, Eliana de Moraes.; JESUS, Dalena Maria Nascimento de. Manual de planejamen-to e apresentação de trabalhos acadêmicos: projeto de pesquisa, monografia, artigo. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da metologia científi-ca. 3 ed. revista e ampliada. São Paulo: Atlas, 1991.

LEAL, Fernando. Pesquisas e Pesquisas. Jornal da Paraíba, Paraíba, 24 mar. 2009. Opinião, p.2.

resumO

Neste capítulo, foram abordados métodos e técnicas de pesquisa geralmente utilizados para a confecção da parte metodológica dos projetos de pesquisa. É interessante deixar claro que o pesquisador escolherá um dos métodos, assim como as técnicas mais apropriadas para extrair informações. O tipo de método e as técnicas a serem utilizadas devem ser es-clarecidos no projeto de pesquisa.

SANTAELLA, L. Comunicação e pesquisa: pro-jetos para mestrado e doutorado. São Paulo: Hacker Editores, 2001.

VERGARA, Sylvia Constant. Métodos de coleta de dados no campo. São Paulo: Atlas, 2009.

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41Capítulo 4Capítulo 4

ObjetivOs esPeCífiCOs

• Indicara parte Pós-Textual: cronograma de pesquisa; orçamento da pesqui-sa; referências; anexos; apêndices;

• Reunir todasaspartesdoprojetodepesquisa:Pré-textual; Textual e Pós--Textual.

• RedaçãodoProjetodePesquisa;

intrOduçãO

Nos capítulos anteriores, estudamos as partes do projeto de pesquisa, desde a pré--textual: capa (Obrigatório) folha de rosto (obrigatório); Epígrafe ou Pensamento (opcional); LISTA de ilustrações, tabelas e quadros, abreviaturas e siglas, símbo-los (opcional); SUMÁRIO (obrigatório); Parte Textual: Introdução (Temática delimitada; problemática; hipóteses; objetivo geral; objetivos específicos; justifi-cativa); Revisão Bibliográfica (produção textual apontando as ideias e conjecturas dos autores que serão suporte da pesquisa) Metodologia (exposição dos métodos a serem utilizados na pesquisa).

Agora vamos iniciar a confecção dos elementos ou das Partes Pós-Textuais.

1 CrOnOGrama

Ele diz respeito à previsão do tempo necessário para se realizar a pesquisa. Assim, o cronograma deve indicar com clareza o tempo de execução previsto para cada fase do projeto. Segundo Gil, (2009, p. 155)

“esse cronograma, numa representação bastante prática (conhecida como gráfico de Gannt), é constituído por linhas, que indicam as fases da pesquisa, e por colunas, que indicam o tempo previsto”.

a OrGanizaçãO final dO PrOjetO de Pesquisa

Profa. Ms. Giovanna de Araújo LeiteCarga Horária | 15 horas

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42 Capítulo 4

Veja a seguir, o exemplo, extraído de Gil (2009, p. 156):

A confecção do cronograma deve ser bem plane-jada de modo que corresponda exatamente à es-timativa de tempo prevista para a realização da pesquisa.

2. OrçamentO da Pesquisa

Esse quesito diz respeito a uma estimativa dos gas-tos com a pesquisa. O orçamento contém todos os custos referentes a cada fase, segundo itens de despesa. Para Gil (2009, p. 157):

Esses itens podem ser agrupados em duas grandes catego-rias: custo de pessoal e custos de material. Os custos de pessoal são geralmente calculados segundo o trabalho dos colaboradores, exceto no caso de consultores, cujos traba-lhos frequentemente são remunerados de acordo com as horas despendidas.

É necessário salientar que o orçamento deve ser elaborado em bases realistas e concretas, porque será importante tanto para o pesquisador ter uma média de quanto terá de desembolsar para realizar o estudo, como para a instituição financiadora da pesquisa.

Os itens que compõem um orçamento variam de acordo com o estudo a ser feito. Veja abaixo, um modelo apontado por Gil (2009, p. 158). Ele é apenas um modelo, e o pesquisador de Letras irá transformá-lo segundo suas necessidades.

O orçamento contém alguns itens listados abaixo:

• Expressão da Receita e da Despesa previstapara um projeto em um determinado tempo da sua execução;

• Instrumentodeplanejamentodoprojeto,poisdisponibiliza uma visão detalhada das receitas e despesas previstas;

• Necessário para avaliar a exequibilidade doprojeto;

• Detalhar itens necessário para execução doprojeto (despesa);

• Descrever recursosdisponíveis (receita– fon-tes de financiamento, se houver);

• ConhecernormasdefuncionamentodaInsti-tuição onde será realizado -> identificar taxas a serem cobradas;

Exemplo de Orçamento:

elementOs de desPesas valOr unitÁriO (r$)

valOr tOtal (r$)

desPesa de material PermanenteCOmPutadOr (2)imPressOra (1)GravadOr (2)mesa P/ aParelHO de infOrmÁtiCa (2)

1900,00 400,00220,00250,00

3.800,00

400,00440,00500,00

desPesa material de COnsumOPaPel a4 (2Cx)CartuCHO de tinta (10 Cart)Caneta de tinta (100)

110,00 50,00 1,00

220,00500,00100,00

desPesa COm PessOalCOOrdenadOr dO PrOjetO (1 x 12 meses)estaGiÁriO (2 x 12 meses)téCniCO de labOratóriO (1 x 12 meses)serviçO de terCeirOs

500,00250,00250,00

1.500,00

6.000,006.000,003.000,00

1.500,00

Outras desPesasdiÁrias (10)enCarGOs sOCiais (1)diversOs (1)

50,00

1.620,002.000,00

500,00

3.300,002.000,00

tOtal 22.160,00

etaPas de

levantamentO

dias

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

1 esPeCifiCaçãO dOs ObjetivOs

2 OPeraCiOnalizaçãO dOs COnCeitOs

3 elabOraçãO dO questiOnÁriO

4 Pré-teste dO questiOnÁriO

5 seleçãO da amOstra

6 imPressãO dOs questiOnÁriOs

7 seleçãO dOs PesquisadOres

8 treinamentO dOs PesquisadOres

9 COleta de dadOs

10 anÁlise e interPretaçãO dOs dadOs

11 redaçãO dO relatóriO

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43Capítulo 4

3. a COnstruçãO das referênCias nO PrOjetO de Pesquisa

Nesse item, são postas todas as referências dos au-tores de livros, capítulos, artigos de jornal ou re-vista (impressa) ou (eletrônica). Seguem exemplos de alguns tipos de referências segundo Iskandar (2010, p. 55-78):

Referência de obras compostas por vários trabalhos, mas que têm um organizador ou coordenador:Ex:SOUZA NETO, Francisco Benjamin de. (org)

Em caso de autoria de obra desconhecida: Ex:Plantas medicinais. Curitiba: Edições Araucária, 2002.

Forma de entrada do número da edição de uma obraEx: 4. ed (quarta edição)

Obras de apenas um autor:Ex:KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. 2ª. ed. São Paulo: Perspectiva, 1987, 257 p.

Obs: O título da obra deve ser grafado em negrito ou outro destaque.

Obra escrita por dois autores:Ex:REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia. 2 ed. São Paulo: Paulinas, 1990, 3. v.

Obra escrita por três autores:Ex:GIOVANNI, José Ruy; BONJORNO, José Ro-berto; GIOVANNI JR., José Ruy. Matemática. 2º grau. São Paulo: FTD, 1988.

Autor repetido na exposição da referência biblio-gráfica:Ex:MARITAIN, Jacques. Sete lições sobre o ser. São Paulo: Loyola, 1996._____. A filosofia moral. 2 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1973.

Obs: O autor de várias obras apresentadas sucessi-vamente deve ser substituído, nas referências sub-sequentes à primeira, por um travessão equivalente a 5 (cinco) espaços.

Obra com mais de três autores:Ex:GONZAGA, João; PEREIRA, Moacir; FELIZ, A. et al.

Obs: devem acompanhar o último sobrenome os distintivos “Neto”, “Junior”, “Filho”. Ex: GIO-VANNI JR;

Referência de um capítulo de livro, quando o au-tor do capítulo não é o autor do livro:Ex:ULIVI, Lucia Urbani. Bertrand Russel. In: ROVI-GHI, S. História da filosofia contemporânea. São Paulo: Loyola, 1999. p. 441-459.

Referência de capítulo de livro, quando o autor do capítulo é também o autor do livro:Ex:ULIVI, Lucia Urbani. A esquerda hegeliana. In: _____.História da filosofia contemporânea. São Paulo: Loyola, 1999, p. 61-76.

Referência de dissertações, teses, artigos:Ex:CARVALHO, Jussara Maria J. Jung e educação: uma abordagem no âmbito do ensino superior. Curitiba, 1998. 94 p. Dissertação (Mestrado em Educação). Centro de Educação e Ciências Huma-nas, Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

Referência de artigos de revistasEx:ISKANDAR, Jamil Ibrahim. A Mesquita: o berço das escolas árabes. Comunicações, Piracicaba, n.1, p. 126-128, jun. 1999.

Referência de artigos de jornalEx:COUTINHO,Wilson.Opaçodacidaderetornaao seu brilho barroco. Jornal do Brasil, Rio de Ja-neiro, 6 mar. 1985. Cultura, p. 6.

Referência de internet – artigo, matéria, repor-tagem publicada em periódicos, jornais e ou-tros, em meio eletrônico de acordo com a NBR 6023/2000:Ex: Artigo de revista

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44 Capítulo 4

SILVA, M.M.L. Crimes da era digital. Net, Rio de Janeiro, nov. 1988. Seção Ponto de vista. Dispo-nível em: http://www.brazilnet.com.br/contexts/brasilrevistas.htm. Acesso em 28 nov.1988.

Ex: Artigo de jornal científicoKELLY, R. Electronic publishing at APS:its not just online journalism. APS News Online, Los Angeles, Nov. 1996. Disponível em: http://www.aps.org/apsnews/1196/11965.htm. Acesso em: 25 nov.1988.

Referência de vídeos e filmes cinegráficosEx:ÓPERA do malandro. Direção de Ruy Guerra. Rio de Janeiro. Áustria Cinema e Comunicação. Globo Vídeo, 1985. 1 Videocassete (100mm): son., color. 12 x 12 mm, VHS.

Referência de entrevistas publicadas:Ex:LATTES, César. História da Ciência. Campinas, SP, 1997. Superinteressante, ano 11, n.5, p. 36-37, maio 1997, entrevista concedida a Omar Paixão.

Referência de entrevista não publicada:Ex:OTERO, R. Entrevista concedida a Kalil Mussa. Curitiba. 30 set. 1999.

Referência de fotografias:Ex:PARANÁ, Luiz. Polonização. 1999. 1 fot.: co-lor.:18 x 60 cm.

Referência de transparências:Ex:ISKANDAR, Jamil. Epistemologia e educação. Mestrado em educação, PUCPR, 1999. 8 transpa-rências: Color.

Referência de CD (Compact discs) – Discos Com-pactosEx:MOZART,W.A.Piano concerto. Svetlana Stance-va, piano. Mozart Festival Orchestra, Alberto Lizzio, Conductor. Manuaus: Microservice, 1988. 1 disco compacto (61:42 min): digital, estério. CCT 645.

Referência de conferências, palestras, anotações de aulas e outras atividades não publicadas:Ex:SAVIANI, D. A educação brasileira diante da

nova LDB. Palestra proferida na PUCPR, 18 mar. 1999.

Referência da Bíblia:Ex:BÍBLIA. Português. Tradução ecumênica. Trad. Do Grupo Ecumênico do Brasil. São Paulo: Loyo-la, 1996.

Referências de Trabalhos Publicados apresentados em colóquios, congressos, seminários e similares:Ex:PUIG, J. A destruição dos filósofos. In: COLÓ-QUIO IBEROAMERICANO DE FILOSOFIA, 3, 1998, Madrid. A destruição dos filósofos. Madrid: IMEC, 1999. p. 20-41.

Referência de Dicionários:Ex:HOUAISS, Antonio; SALLES VILLAR, Mauro de. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

Referência de Almanaques:Ex:ALMANAQUE Abril 2006. São Paulo: Abril, 2006.

Referência de Enciclopédia:Ex:NOVA Enciclopédia Ilustrada Folha. São Paulo: Publifolha, 1996.

4. GlOssÁriO

É um Elemento opcional que apresenta a relação de palavras ou expres-sões técnicas de uso restrito ou sentido obscuro, utilizadas no texto, acompa-nhadas das respectivas definições.

5. aPêndiCe

Outro elemento opcional bastante utilizado no projeto de pesquisa é o Apêndice. É um texto ou documento elaborado pelo autor, a fim de com-plementar sua argumenta¬ção, sem prejuízo da unidade do trabalho, tais como entrevistas, ques-tionários, tabelas, fotografias. O(s) apêndice(s) é (são) identificado(s) por letras maiúscu¬las conse-cutivas, travessão e pelos respectivos títulos.

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45Capítulo 4

Ex.: APÊNDICE A – Título do documento. APÊNDICE B – Título do documento, entre outros.

6. anexO

Finalmente, o Anexo, também elemento opcional, é um texto ou documento não ela¬borado pelo autor que serve de fundamentação, comprovação e ilustração, tais como transcrições de leis, gráfi-cos, tabelas, recortes de jornais e revis¬tas. O(s) anexo(s) é(são) identificado(s) da mesma forma do apêndice.

Ex.: ANEXO A – Título do documento.

7. retOmandO Os CaPítulOs anteriOres Para redaçãO dO

PrOjetO de Pesquisa

É necessário obedecer a algumas dicas sugeridas logo abaixo, com base em Gil (2009, p. 161):

Estruturar o texto, de forma que na Introdução haja uma justificativa, ou seja, uma apresentação inicial do projeto, que pode incluir:

• Fatoresquedeterminaramaescolhadotema,sua relação com a experiência profissional ou acadêmica do autor, assim como sua vincula-ção à área temática e a uma das linhas de pes-quisa do curso;

• Argumentosrelativosàimportânciadapesqui-sa, do ponto de vista teórico, metodológico ou empírico;

• Referênciaasuapossívelcontribuiçãoparaoconhecimento de alguma questão teórica ou prática ainda não solucionada;

Apontar a problemática de estudo, isto é, deixar claro o problema que se pretende responder com a pesquisa, assim como sua delimitação espacial ou temporal. Lembrando que a problemática sempre é feita em forma de pergunta.

• Gerarashipóteses, isto é, as respostas supostas ao questionamento realizado na problemática;

• Construir o objetivo geral e os objetivos específicos;

• ApósaIntrodução, é hora de redigir a Revisão Bibliográfica (produção textual apontando as ideias e conjecturas dos autores que serão su-porte da pesquisa);

• Emoutroitemdoprojeto,produz-searedaçãoda Metodologia (exposição dos métodos a se-rem utilizados na pesquisa). Tipo de pesquisa: deve esclarecer se a pesquisa é de natureza ex-ploratória, descritiva ou explicativa. Esclarecer sobre o tipo de delineamento a ser adotado (pesquisa experimental, levantamento de da-dos, estudo de caso, pesquisa bibliográfica, etc); população e amostra; coleta e análise dos dados a serem realizados;

• Posteriormente,emoutrapágina,constrói-seoCronograma e o Orçamento;

• Finalmente,emoutrapágina,colocam-seasre-ferências das fontes citadas na revisão biblio-gráfica;

• SehouverAnexos ou Apêndices, deve colocar logo após a página das referências.

Veja exemplos práticos da parte pré-textual do Projeto de pesquisa (Capa; folha de rosto; lista de ilustrações; sumário):

Posteriormente, reúna todos os seus textos produzi-dos durante a leitura deste capítulo que compõem a parte textual e pós-textual e, finalmente, produ-za um excelente projeto de pesquisa. Sucesso!!!!

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46 Capítulo 4

Capa

universidade de PernambuCO – uPe

faCuldade de CiênCia, eduCaçãO e teCnOlOGia de GaranHuns – faCeteG

CursO de liCenCiatura Plena em letras HabilitaçãO Plena em línGua

POrtuGuesa e suas literaturas

títulO dO trabalHO: subtítulO

nOme dO alunO COm sObrenOme COmPletO

Cidade-estadO

anO

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47Capítulo 4

Folha de Rosto

nOme dO alunO COm sObrenOme COmPletO sem neGritO

títulO dO trabalHO: subtítulO

PrOjetO de Pesquisa aPresentadO aO CursO de liCen-

Ciatura Plena em letras, HabilitaçãO Plena em lín-

Gua POrtuGuesa e suas literaturas da universidade

de PernambuCO – uPe, em CumPrimentO às exiGênCias

de ......

OrientadOr (a): PrOf.(a) e titulaçãO

Cidade-estadO

anO

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48 Capítulo 4

sumÁriO

1. intrOduçãO......................................................................................................xx

2. revisãO bibliOGrÁfiCa.....................................................................................xx

3. metOdOlOGia....................................................................................................xx

4. referênCias.......................................................................................................xx

5. CrOnOGrama....................................................................................................xx

6. OrçamentO.......................................................................................................xx

7. aPêndiCe............................................................................................................xx

8. anexO ................................................................................................................xx

atividades |1. Produza as partes: pré-textual; textual e pós--textual e construa seu projeto de pesquisa.

resumO

Neste último capítulo, foram vistos aspectos de produção do cronograma da pesquisa; do orçamento; a construção das referências das fontes citadas no projeto; glossário; apêndice; anexo e, finalmente, a reunião de todos as partes essenciais em um projeto de pesquisa: (Parte Pré-Textual; Parte Textual e Parte Pós-Textual).

referênCias

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed.São Paulo: Atlas, 2009.

ISKANDAR, Jamil Ibrahim. Normas da ABNT comentadas para trabalhos científicos. 3ª ed. Curitiba: Juruá, 2010.