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PERSPECTIVAS DE LICENCIANDOS EM QUÍMICA: Trajetória e
Dilemas da Carreira Docente
Ana Carla da Silva¹, Diana Maria da Silva
Resumo
Nos últimos anos, muito tem se discutido sobre o déficit de professores no ensino das ciências
exatas no Brasil. Os desafios que permeiam a carreira docente são inúmeros e, por sua vez,
acabam afetando a qualidade educacional como um todo e a aprendizagem dos alunos em
particular. O desinteresse de graduandos e egressos dos cursos de Química- Licenciatura em
seguir carreira docente e a posteriori ingressar no ensino básico é outro aspecto preocupante
nesta conjuntura. Não obstante, o fato deste curso proporcionar aos estudantes praticamente as
mesmas habilidades e técnicas que aquelas desenvolvidas em um Curso de Bacharel em
Química, faz com que muitos licenciandos ao se formarem se distanciem do contexto
educacional. O objetivo do presente trabalho foi identificar as perspectivas de licenciandos em
Química de uma Universidade Pública de Caruaru com relação à carreira docente através de
um estudo de caso. Foi desenvolvido por meio de entrevistas com graduandos de diversos
períodos do curso, para que fosse possível tecer algumas considerações sobre os dilemas e
trajetórias da carreira docente. As entrevistas foram conduzidas através de recurso de áudio,
transcritas na íntegra e a posteriori submetidas à análise de conteúdo. De um modo geral, pode-
se inferir que apesar da grande necessidade que há nas escolas de rede pública de ensino, por
professores com formação na área de Química, a maioria dos entrevistados evidenciaram não
ter pretensão de atuar no ensino básico, pontuando quatro categorias (baixos salários, estrutura
física das escolas, desinteresse dos alunos e oportunidades amplas na Química prática) como
fator preponderante para não seguir carreira docente.
Palavras-chave: formação docente; escassez de professores; atuação profissional.
Abstract
In recent years, much has been discussed about the teacher shortage in the teaching of sciences
in Brazil. Challenges that permeate the teaching career are numerous and, in turn, end up
affecting the quality of education as a whole and the particular students' learning. The disinterest
of undergraduates and graduates of chemically courses in following teaching career and
subsequently enter the basic education is another worrying aspect at this juncture. Nevertheless,
the fact that this course provide students with practically the same skills and techniques that
those developed in a Chemical Bachelor course, makes many undergraduates to graduating to
distance themselves from the educational context. The objective of this study was to identify
the prospects of graduates in chemistry of a Public University of Caruaru regarding teaching
career through a case study. It was developed through interviews with undergraduates from
various periods of the course, to make it possible to make some observations on the dilemmas
and trajectories of teacher. The interviews were conducted via audio feature, fully transcribed
and subsequently subjected to content analysis. In general, it can be inferred that despite the
great need that's public network of schools, by teachers trained in the field of chemistry, most
respondents showed no claim to be acting in elementary school, scoring four categories (low
wages, physical structure of schools, student disinterest and ample opportunities in practice
Chemical) as a major factor not to follow the teaching career.
Keywords: teacher training; shortage of teachers; professional performance.
Introdução
Nos últimos anos, muito tem se discutido sobre o déficit de professores no ensino das ciências
no Brasil. Em especial nas regiões Norte e Nordeste onde há uma carência em potencial destes
profissionais da educação, principalmente nas áreas de Química e Física. Dentre os estudiosos
desta temática tanto no cenário nacional como no internacional pode-se citar: (ALMEIDA et
al., 2012; BARBOSA, 2003; CACHAPUZ et al., 2011; DELIZOICOV; ANGOTTI;
PERNAMBUCO, 2011; MALDANER, 2006; SAMPAIO et al., 2002; ZARAZAGA, 2006).
Sabe-se que, atualmente a situação do quadro de professores de Química com formação inicial
específica na área é insuficiente para atender a grande demanda das escolas públicas. Além
disso, o desinteresse de licenciandos e egressos dos cursos de Química- Licenciatura em seguir
carreira docente e a posteriori ingressar no ensino básico é outro aspecto preocupante nesta
conjuntura. Sem contar com a grande evasão existente nos cursos de formação de professores.
Os desafios que permeiam a carreira docente são inúmeros e, por sua vez, acabam afetando a
qualidade educacional como um todo e a aprendizagem dos alunos em particular. De acordo
com Damasceno et al (2011), um dos fatores mais preocupantes no tocante a escassez de
docentes para atuar no ensino básico diz respeito ao fato de muitos profissionais graduados de
outros cursos atuarem como professores de química sem a devida capacitação. Sendo este
aspecto, um dos principais responsáveis no que se refere aos prejuízos para a aprendizagem dos
estudantes de ensino médio.
O reflexo desta problemática pode ser percebido através de um estudo internacional
desenvolvido por Vaillant (2009), neste trabalho é pontuado que os resultados do PISA
(Programme for International Student Assessment), principalmente nas áreas de ciências, não
chega a ser tão significativo quando comparados com outros países, como por exemplo, a
Finlândia. Com isso levante-se a hipótese de que a inadequada formação do professor é um dos
aspectos que contribui fortemente para tal situação.
Não obstante, o fato do curso de Química-Licenciatura proporcionar aos seus estudantes
praticamente as mesmas habilidades e técnicas que aquelas desenvolvidas em um Curso de
Bacharel em Química, faz com que muitos licenciandos ao se formarem não tenham interesse
em seguir carreira docente. Uma vez que, são muitas as oportunidades de trabalho voltadas para
área da Química prática, como exemplo, laboratórios e indústrias.
Em um estudo desenvolvido por Silva e Oliveira (2009) é apontado que a grande maioria dos
cursos de Licenciatura em Química tende a contemplar com ênfase a formação do químico e
não do professor de Química. Além disso, outro aspecto também destacado diz respeito à
desarticulação de conteúdo, forma e método, encontrado nos cursos de licenciatura onde a
articulação entre conhecimento específico (químico) e conhecimento pedagógico parece não
ser responsabilidade dos docentes das disciplinas de conteúdo específico.
Sob o pressuposto de que o curso de Química-Licenciatura tem como finalidade formar
professores para o ensino básico, o objetivo do presente trabalho é identificar as perspectivas
de licenciandos em Química de uma Universidade Pública de Caruaru com relação à carreira
docente.
Referencial Teórico
As reformas educacionais direcionadas a formação inicial de professores para a educação básica
começaram a ser desenvolvidas nos Estados Unidos e Canadá, no final dos anos 1980
(ALMEIDA; BIAJONE, 2007). Enquanto que no cenário brasileiro a formação inicial passou
a ser prioridade no inicio do século XXI. Com o grande impulso ao longo dos últimos anos nas
pesquisas voltadas para a profissionalização do professor, muitos estudiosos como Mello
(2000) pontuam que um dos principais componentes responsáveis pela melhoria na educação
básica consiste na necessária mudança no conteúdo e desenho da educação superior.
No entendimento de Melo e Luz (2005), a má formação docente é um dos principais motivos
pela baixa qualidade educacional e pelos altos índices de evasão e repetência escolar no país.
“É excepcionalmente grande o número de professores atuantes na educação básica - cerca de
230 mil -, sem a devida formação” (MELO; LUZ, 2005, p. 6). Em função desta realidade, e
também pela falta de prestígio e os baixos salários, a evasão e rotatividade de docentes titulados
foi crescente, abrindo espaço para a contratação de professores leigos, sem a devida formação
em muitas regiões brasileiras.
Dentro deste contexto, dois indicadores são utilizados para medir a extensão da escassez de
professores. “As ‘taxas de vacância’, avaliadas pelo número de vagas de professor não
preenchidas nas escolas; e, a ‘escassez oculta’, se registra quando o ensino é exercido por
pessoas não plenamente qualificadas a ensinar para determinado nível escolar ou disciplina
(GATTI et al.,2009, p.15).
Geralmente o que se observa nas escolas de ensino médio é a presença da “escassez oculta” de
professores. Para se ter uma ideia da presença deste tipo de profissional na educação básica
basta analisar o seguinte apontamento feito por Gatti et al (2009), na disciplina de Física, apenas
25,2% dos docentes em atuação têm licenciatura na disciplina ministrada; na de Química esse
percentual é de 38,2%; isto indica que a situação de professores atuando em disciplinas
específicas sem adequação de sua formação inicial, nas ciências exatas, é critica.
Diante desse cenário, é perceptível que o número de jovens interessados em ingressar na
carreira do magistério é cada vez menor em decorrência dos baixos salários, das condições
inadequadas de ensino, da violência nas escolas e da ausência de uma perspectiva motivadora
de formação continuada associada a um plano de carreira atraente (RUIZ, et al., 2007).
No inicio do século XX, pertencer ao sistema educativo – ser mestre ou professor – era um
verdadeiro privilégio, que permitia a incorporação a um nível respeitável e prestigioso
(GARCIA, 2010). No entanto, nos dias atuais essa tendência não é mais observada.
[...] Pelo contrário, o trabalho docente tem sido caracterizado como um trabalho de
risco, participando de quase todos os aspectos considerados habitualmente como fonte
de fadiga nervosa. Tais como sobrecarga de tarefas, baixo reconhecimento, atenção a
outras pessoas, papel ambíguo, incerteza em relação à função, falta de participação
nas decisões que lhe são concernentes, individualismo e impotência (GARCIA, 2010,
p.21).
Na conjuntura atual, se observa que os desafios que permeiam a carreira docente tende a se
agravar ao longo dos anos, (RUIZ, et al., 2007) destacam que o quadro atual do Ensino Médio
já é bastante crítico e a tendência é piorar ainda mais no futuro. Esses mesmos estudiosos
chegam a pontuar que o número de aposentadorias tende a superar o número de formandos nos
próximos anos, e que, há uma ameaça de um “Apagão do Ensino Médio”, caso medidas
emergenciais e estruturais não sejam tomadas.
Para Ruiz e col. (2007), essas medidas visam estruturar os Currículos de Licenciaturas Plenas
em Física, Química e Matemática, de modo que a formação do professor seja distinta da
formação do bacharel. Isto representaria um pacto provisório entre o Executivo estadual e os
órgãos de controle para a superação de uma deficiência que é real e tende a agravar-se, pois não
é possível formar professores de uma hora para outra. Nesse sentido, as escolas mais bene-
ficiadas seriam, em particular, aqueles próximos dos centros universitários.
Metodologia
Este trabalho se reporta para um estudo de caso desenvolvido em um curso de Química-
Licenciatura de uma Universidade Pública em Caruaru-PE. Foi desenvolvido através de
entrevistas com os licenciandos de diversos períodos do curso, para que fosse possível tecer
algumas considerações sobre os dilemas e trajetórias da carreira docente. De acordo com Gil
(2008), o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo de um ou de poucos objetos, de
modo a permitir o seu conhecimento amplo, bem como conhecer a realidade de determinado
contexto do qual se deseja extrair evidências.
A utilização de entrevistas, enquanto técnica de coletas de dados permite que o pesquisador
obtenha o maior número possível de informações sobre determinado tema, segundo a visão do
entrevistado, e também para obter um maior detalhamento do assunto em questão (BONI;
QUARESMA, 2005).
O roteiro de entrevista foi composto por questões abertas e se pautou em perguntas direcionadas
ao interesse dos licenciandos de diferentes períodos em atuar no ensino básico, bem como nos
dilemas encontrados durante a graduação. Outro aspecto também abordado foi à relação entre
formação do professor de Química versus formação do pesquisador químico dado nos cursos
de licenciatura. As entrevistas foram conduzidas através de recurso de áudio, transcritas na
íntegra e a posteriori submetidas à análise de conteúdo.
A análise de conteúdo pode ser entendida como um conjunto de técnicas de análises das
comunicações, que procura explorar os principais conceitos ou os principais temas abordados
em um determinado contexto utilizando-se, para isso, procedimentos sistemáticos e objetivos
da descrição de conteúdo de mensagens (BARDIN, 2004).
Resultados
Os resultados obtidos através desta pesquisa revelaram o que as evidências colocadas já
apontavam que de fato os cursos de Química-Licenciatura, enquanto provedores de professores
para a educação básica, apresentam algumas inconsistências no que diz respeito ao
desenvolvimento de um currículo que contemple aspectos pedagógicos e assim distancie o
curso de licenciatura do curso de bacharel. Somado a isso, os dilemas que permeiam a formação
docente foram também pontuados como fator preponderante. Esses dilemas compreendem além
das precárias condições de trabalho do professor, também a desvalorização do profissional da
educação.
A dicotomia entre formação de professor de Química versus pesquisador químico, presente nos
cursos de licenciatura, foi revelada através dos depoimentos dados pelos graduandos. Pode-se
também extrair informações no que diz respeito ao interesse dos licenciandos em Química de
ingressar no ensino básico.
A seguir serão apresentadas as categorias que sintetizam as evidencias encontradas no
desenvolvimento deste trabalho. Estas categorias estão relacionadas tanto a fatores intrínsecos
(desvalorização profissional) que contribuem para que os graduandos não tenham pretensão de
ingressar no ensino básico. Bem como os fatores extrínsecos, que são aqueles relacionados à
ascensão de cursos mais tradicionais que incluem as áreas industriais, a exemplo, e que também
motivam os licenciandos a não seguirem carreira docente.
Categoria 1: Baixos salários. Esta categoria conta com as respostas dos licenciandos que
pontuam os baixos salários como fator preponderante para não egressar no ensino básico ao se
formarem. Isso pode ser refletido através das seguintes constatações:
“Hoje faço licenciatura pretendo ir até o fim do curso, mas com o salário ruim não se tem
incentivo algum de ensinar”.
“O salário é o principal responsável do licenciando não seguir carreira docente. Para o
professor poder ter uma condição de vida favorável que dê pra pagar suas contas, ele tem que
trabalhar em mais de uma escola. Se ele já não tinha tempo pra preparar suas aulas em uma,
se ele ensina em duas escolas isso só tende a piorar”.
Categoria 2: Estrutura física das escolas. Aqui foram destacados os depoimentos que
colocaram a estrutura física como fator prioritário que contribui com o desinteresse em atuar
no ensino básico. O fato do Ensino da Química necessitar de realização de práticas laboratoriais,
isso requer além de vidrarias, reagentes e estrutura adequada como um todo. Fato este que
também foi pontuado pelos graduandos a seguir:
“Muitas vezes não tem material, outras vezes não tem espaço que acomode todo o quantitativo
de aluno, esses problemas fazem com que muitos não queiram fazer uma licenciatura porque
já sabe o que lhe espera quando for lecionar”.
“Deveria haver mais investimento na estrutura das escolas, principalmente nas salas de aula
e também nos laboratórios de Química para que o professor pudesse trabalhar de forma
digna”.
Categoria 3: Desinteresse dos alunos. Nesta categoria encontram-se as respostas que
relacionam o desinteresse dos estudantes do ensino básico em sala de aula, como um dos
principais desafios que permeiam a carreira docente. Na Química, principalmente, este
desinteresse é ainda mais acentuado que outras disciplinas, como português por exemplo. Pois,
de um modo geral as ciências exatas enfrentam uma grande aversão pela maioria dos alunos de
ensino médio. Como se pode verificar nas constatações seguintes:
“Conseguir cativar o aluno a gerar interesse pela disciplina é uma das maiores dificuldade de
ser professor. Hoje em dia, os alunos não colaboram nas aulas, não demostram interesse, são
rebeldes. isso afeta muito o trabalho do professor”.
“Os alunos não respeitam os professores e muito menos prestam atenção no que você está
dizendo. Muitas das vezes preparamos uma boa aula e quando você chega para passar o
conteúdo eles não querem nem saber, ficam conversando fazem de conta que não tem ninguém
na sala”.
Categoria 4: Oportunidades amplas na Química pratica. Nesta categoria os licenciandos
atribuíram o fato de não ingressar no ensino básico, as oportunidades de trabalho que o curso
de Química-licenciatura propicia. Embora, o curso seja para a formação de professores, muitos
dos graduandos ingressam no curso com a intenção de seguir carreira técnica, trabalhar em
laboratórios, indústrias, entre outros.
Esses fatores são os considerados extrínsecos. Que atrelados ao motivo da licenciatura
proporcionar as mesmas habilidades que um curso de bacharel em química, torna-se um fator
predominante para que muitos dos graduandos busquem na licenciatura uma forma mais “fácil”
de atingir tais objetivos. Visto que o ingresso em uma licenciatura é mais acessível que, por
exemplo, o Bacharelado em Química, nesse caso a concorrência por uma vaga chega a ser o
dobro que o curso de Química-Licenciatura como exemplificado nas linhas abaixo:
“As condições de ser professor não são favoráveis, no próprio curso o que mais a gente ver e
que não vale a pena seguir carreira docente. O bom da licenciatura é que depois de formados
a gente pode optar por outras especialidades na Química pura, então fazer uma licenciatura
em química é bom nesse sentido”.
“Ao mesmo tempo em que fazia licenciatura em química aqui, comecei a fazer outro curso e
esse curso me chamou muito mais atenção. Isso só fez aumentar minha vontade de desisti da
licenciatura. Só não desisti porque estava muito tempo no curso de química e se eu desistisse
iria jogar muitos anos de aprendizado no lixo. seria um desperdício. Então eu penso em
terminar e depois fazer outra coisa”.
Os relatos apresentados nas linhas acima foram algumas perspectivas e dilemas apontados pelos
licenciandos do curso de Química-Licenciatura de Caruaru, com relação à carreira docente. De
um modo geral, pode-se inferir que apesar da grande necessidade que há nas escolas de rede
pública de ensino por professores com formação na área de Química, a maioria dos licenciandos
não têm pretensão de atuar no ensino básico.
Isso indica que mesmo após a implementação do curso Química-licenciatura em Caruaru, cujo
objetivo é formar professores para atender as necessidades a nível local, pelo menos a curto e
médio prazo a “escassez oculta” de professores apontada por Gatti et al (2009), ainda estará
presente nesta cidade. Pois, os profissionais que poderiam contornar esse viés estão buscando
a licenciatura não como uma forma de exercer a docência, mas como um caminho viável para
exercer carreiras técnicas.
Considerações Finais
No trabalho aqui desenvolvido foi possível expressar algumas perspectivas dos licenciandos de
química, bem como os dilemas e a trajetória da formação e carreira docente. A partir do que foi
exposto pode-se constatar que são inúmeros os desafios que permeiam o contexto educacional
e que de alguma forma influenciam na decisão dos licenciados em não serem professores.
Dentre eles foram destacados com ênfase as questões que diz respeito ao salário do professor,
muitos dos graduandos sentem-se desmotivados em seguir carreira docente pelo fator salarial
que, de acordo com os depoimentos, é defasado e nesse sentido inclui a possibilidade de
ingressar na área do Bacharel em Química, pelo fato de ser um mercado de trabalho mais
promissor.
Além disso, a conjuntura curricular do curso de Química-Licenciatura abre espaços para que
muitos graduandos se distanciem do magistério, uma vez que a formação do professor de
Química não difere de modo significativo dos cursos de bacharel. Portanto, não cabe aqui tecer
críticas ao curso de Química-licenciatura, mas fica a inquietação ao perceber que muitos
estudantes procuram uma licenciatura como opção profissional e não têm pretensão de seguir
carreira docente, mesmo sabendo das necessidades por professores com formação inicial em
Química que há no agreste pernambucano.
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