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Perspectivas da indústria de gestão de investimentos no Brasil

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Perspectivas da indústria de gestão de investimentos

Impacto na economia e no ambiente de negócios

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EY | Perspectivas da indústria de gestão de investimentos no Brasil

07

08

14

2228425058

697686

93

Introdução

Contexto econômico

Benefícios da indústria à sociedade

Tendências da indústria• Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

• Protagonismo de investidores

• Relacionamento mais independente e digital

• Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

• Inovação viabilizando eficiência

AnexosA. Panorama regulatório

B. Benchmarking internacional

C. Análise individual de novas tecnologias

1

2

3

4

Bibliografia

índice

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O cenário econômico mundial apresenta uma tendência de desaceleração do crescimento, bem como de prevalência de taxas de juros baixas nas principais economias, quando comparadas ao período pré-crise de 2009.

O Brasil passa por um lento processo de recuperação econômica após a forte recessão observada nos anos de 2015 e 2016, mas as expectativas em torno da economia e da retomada do crescimento são significativas. Há a possibilidade real de o país encarar e resolver gargalos estruturais de modo a engrenar um ciclo de crescimento relevante e sustentado.

A indústria de investimentos, por si só, tem um papel relevante como multiplicadora deste processo dada a representatividade do seu patrimônio líquido no PIB brasileiro.

Neste estudo, realizado pela EY para a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), estimamos os impactos da indústria de investimentos sobre a economia, com base nos modelos de Insumo-Produto, que são representações da economia e das interações dos setores de bens e serviços, simulando assim o reflexo na geração de PIB (0,27% de crescimento anual), emprego (geração de 80 mil empregos diretos e indiretos nos próximos cinco anos) e arrecadação (crescimento de 1,12% nos próximos cinco anos).

Adicionalmente, analisamos dados coletados do Indicador de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial de 2017-18, o qual é uma das referências para discussões de políticas públicas com vistas a melhorar o ambiente de negócios. Nesta análise, consideramos os dados do pilar de Desenvolvimento do Mercado Financeiro e concluímos que uma evolução do país a níveis considerados referência na América Latina seria capaz de melhorar significativamente a contribuição da indústria de investimentos para o PIB (crescimento 18,3% acima do cenário-base, conforme detalhado na página 20).

Parte da evolução mencionada acima deve ser resultado do alinhamento às tendências da indústria que já são observadas em diversos países e que tendem a se intensificar nos próximos anos. Neste estudo apresentamos as principais tendências organizadas em cinco grandes grupos, sendo:

1. Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização: Busca por maior rentabilidade é fenômeno global e integração com outros mercados é caminho quase mandatório.

2. Protagonismo de investidores: O maior protagonismo do cliente se traduz em maior busca por informações e novas dimensões de análise para tomada de decisão.

3. Relacionamento mais independente e digital: O relacionamento com o investidor ganha maior participação de canais digitais, robo-advisors, agentes autônomos e consultores independentes.

4. Suitability 2.0 - Diferencial competitivo: Além do cumprimento de demandas regulatórias, o aprimoramento dos processos de captura e tratamento de informações dos clientes traz oportunidades de geração de valor aos negócios no longo prazo.

5. Inovação viabilizando eficiência: Aplicação de tecnologia e inovação como base para manutenção da competitividade no mercado, viabilização de eficiência operacional e adequação e cumprimento de exigências regulatórias.

Introdução

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Contexto econômicoCenário Internacional: tendência de desaceleração do crescimentoO cenário econômico mundial apresenta uma tendência de desaceleração do crescimento, conforme evidenciado pelas projeções da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Enquanto na China espera-se uma desaceleração mais suave (soft landing), na Europa continuam discussões sobre o uso da política monetária como forma de garantir crescimento próximo à meta, e nos Estados Unidos a retomada do crescimento deve perder ímpeto nos próximos anos (Figura 1).

Os principais cenários alternativos de crescimento apresentam mais vieses negativos que positivos, tais como a ocorrência de um soft landing na China,

ChinaFigura 1 | Crescimento médio (PIB)

USA2,2

11,6

2004 | 2008 2004 | 20082009 | 2013 2009 | 20132014 | 2018 2014 | 20182019 | 2023 2019 | 2023

1,0

9,0

2,4

6,9

1,8

5,2

Fonte: OCDE.

consequências da guerra comercial entre EUA e China e implicações do Brexit. A despeito destes fatores de risco, o cenário que prevalece é de desaceleração suave da economia.

Como consequência, observa-se a prevalência nas principais economias de taxas de juros baixas quando comparadas ao período pré-crise de 2009. Nos Estados Unidos a elevação dos juros não deve resultar em taxas similares às observadas nos anos que antecederam a crise (Figura 2). Europa e China ainda discutem o uso de instrumentos monetários como forma de impulsionar o crescimento.

Fonte: Oxford Economics.

Figura 2 | Taxa de juros (EUA)

20050%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023

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Impactos econômicos• Conjuntura econômica bastante fraca, com baixo

crescimento apesar da elevada capacidade ociosa.

• Conjuntura política e agenda de reformas explicam em boa parte a fraca retomada econômica.

Impactos acumulados – 5 anos• Situação fiscal delicada restringe recuperação econômica.

• Aprovação da reforma da Previdência é fundamental para ajuste de longo prazo da dívida.Figura 3 | PIB per capita real

e variação ao ano

6.023

1% 2,1%-0,3%

-4,4% -4,1%0,3% 0,3%

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

6.151 6.130

5.861

5.621 5.636 5.652

PIB Per capita Variação

Fontes: Tesouro Nacional e BACEN.

54% 52% 56%

66%70%

74%77%

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Dívida bruta (% PIB) Resultado primário (% PIB)

1,8% 1,4%-0,4%

-2% -2,6% -1,9% -1,7%

Figura 4 | Dívida bruta e resultado primário (% PIB)

Fontes: Tesouro Nacional e BACEN.

Brasil: retomada do crescimento é tímida e depende das reformasO Brasil passa por um lento processo de recuperação econômica após a forte recessão observada em 2014-16.

Conforme mostra a Figura 3, a redução de 8,6% do PIB per capita foi seguida de um crescimento de apenas 0,6% entre 2017-18.

Embora não seja possível apontar um único fator como responsável pela situação brasileira, existe consenso sobre o impacto negativo exercido pela deterioração das contas públicas nos últimos anos. De fato, o crescimento da relação dívida bruta sobre o PIB de 56% para 77% entre 2014 e 2018 evidencia a necessidade de mudanças estruturais que revertam a piora acelerada do quadro fiscal brasileiro.

2019 2020 2021 2022 2023 ... 2030

Selic (fim de período) 6,5 7,3 8,0 8,0 8,0 8,0

PIB (cresc. %) 2,2 3,0 2,5 2,5 2,5 2,5

IPCA 3,90 4,0 3,75 3,75 3,75 3,75

Dívida bruta setor público (% PIB) 77,9 79 78,7 78,2 78,0 75,7

Taxa de desemprego (%) 11,8 10,8 10,0 9,5 9,5 6,2

Fontes: BACEN, Tesouro Nacional e ANBIMA.

Fontes: BACEN e ANBIMA.

Figura 5 | Taxa Selic nominal

2007

3 p.p. abaixo da média de 2007-2018

2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 20236%7%8%9%

10%11%12%13%14%15%

ProjeçõesA principal premissa do cenário econômico utilizado como base no estudo é que seja aprovada uma reforma da Previdência capaz de reverter a tendência de crescimento do endividamento do governo.

O cenário considera que a economia deverá apresentar um crescimento médio próximo a 2,5% a.a. nos próximos 12 anos, mas sem com isso provocar descontroles dos gastos públicos ou da inflação. A despeito disso, o cenário não considera uma mudança estrutural que permita ao Brasil atingir um novo patamar de crescimento.

Juros devem permanecer baixos no curto e no médio prazo• Perspectiva de taxas mais baixas de juros no curto

e no médio prazo em cenário de aprovação da reforma da Previdência.

• Variável bastante relevante para a indústria de gestão de investimentos: redução da atratividade dos títulos públicos leva a busca por alternativas de maior retorno e também risco.

A retomada de um maior ritmo de crescimento deve resultar em uma elevação da Selic para 8% até 2021. Já a prevalência de uma inflação mais baixa fruto de uma menor pressão da demanda pelo governo resulta em uma projeção de Selic abaixo do patamar observado até meados de 2017.

A melhora da conjuntura econômica deverá impactar positivamente o emprego, mas com relativa defasagem. A taxa de desemprego deve recuar para 9,5% até 2023, só retornando a patamares próximos aos de período pré-crise na segunda metade da próxima década.

O principal fator de risco deste cenário seria a não aprovação da reforma da Previdência. Neste caso, o endividamento não reverteria a tendência de elevação nos próximos anos, com impactos negativos sobre todos os indicadores macroeconômicos.

Já a aprovação de reformas microeconômicas e a adoção de agendas que foquem em ganhos de produtividade podem resultar em crescimento significativamente acima do projetado.

Tabela 1 | Cenário de crescimento de curto prazo

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e superando a soma de Debêntures, Notas promissórias, Letras de Crédito Imobiliário e Letras de Crédito do Agronegócio (LCI e LCA, respectivamente).

Caracterização da indústria de gestão de investimentosPara além dos fundos de investimentos, o estoque de ativos da indústria de gestão de investimentos engloba:

• Fundos de investimentos abertos: Exclui os valores de fundos exclusivos.

• Títulos públicos federais: Considera a dívida bruta, excluindo valores em posse dos fundos.

• Ações: Saldo em custódia, excluindo valores em posse dos fundos.

• Demais ativos: Saldo excluindo valores em posse dos fundos.

Figura 6 | Participação dos fundos na base de ativos (dez/18)

Estoque total de ativos: R$ 10,6 trilhões

Sem fundos exclusivos: R$ 8,7 trilhões

Fundos abertos Títulos públicos federais

Ações CDB + LF(1)

Poupança Debêntures + NP(2)

Isentos Fundos fechados

25,6%

21,1%

13,6%

7,8%

7,4%3,9%2,9%

17,7%

31,1%

25,7%

16,5%

9,5%

9%4,8%3,5%

Fontes: Tesouro Nacional, BACEN, B3 e ANBIMA.

Indústria da gestão de investimentosO estoque de ativos passíveis de gestão de investimentos alcançou em 2018 o patamar de R$ 10,6 trilhões, dos quais 43,3% estavam sob posse dos fundos. Para calcular os ativos da indústria de gestão de investimentos, foram excluídos os ativos com fundos exclusivos, o que resultou em um estoque de R$ 8,7 trilhões dos quais 31,1% estavam em fundos abertos (Figura 6).

A comparação do desempenho dos fundos com o crescimento da base de ativos observado nos últimos anos reforça a ideia de que existe uma relação positiva e recíproca entre ambos. Conforme mostra a Figura 7, entre 2013 e 2018 cresceu a participação dos fundos nos estoques de ativos, indo de 37% para 43%.

Também é digna de nota a participação que a poupança possui na base de ativos, correspondendo a 7,4% do todo

Figura 7 | Participação dos fundos na base de ativos

2013 2014 2015 2016 2017 2018

37% 37% 37%

39%

42%

43%

Fontes: Tesouro Nacional, BACEN, B3 e ANBIMA.

Notas: (1) Créditos de Depósitos Bancários e Letras Financeiras. (2) Debêntures e Notas Promissórias.

Perspectivas para a indústria de gestão de investimentos

O crescimento da base de ativos nos próximos anos será resultado de uma combinação de crescimento econômico com ações decisivas por parte da indústria, do governo e das associações do setor.

Desta forma, foi realizado um exercício considerando qual deveria ser o crescimento da base de ativos na economia caso tenhamos a pretensão de alcançar patamares observados em outras economias até 2030.

Projeção: Ativos da indústria de gestão de investimentos

Figura 8 | Projeção de ativos da indústria de gestão de investimentos no Brasil

(reais constantes 2018)

2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030

R$ 8,7 tri

R$ 18,3 tri

Fontes: Tesouro Nacional, BACEN, B3, ANBIMA e EY.

Para tanto, foram construídas premissas para a evolução de cada classe de ativo, a saber:

• Títulos públicos: Calculado a partir do cenário econômico projetado (PIB e evolução da razão dívida PIB).

• Poupança: Crescimento proporcional ao PIB.

• Ações: Crescimento da relação da capitalização sobre o PIB de 49% para 106% em 12 anos, de forma a atingir o maior percentual encontrado entre os países da América Latina(1). Resulta em crescimento real anual médio próximo a 10%(2).

• Demais ativos: mesmo crescimento das ações.

O cenário projetado implicaria um crescimento real anual médio de 6,4% da base de ativos, que atingiria R$ 18,3 trilhões em 2030 (Figura 8).

Além de crescimento esperado, seria observada uma significativa redução da participação dos títulos públicos, os quais seriam substituídos principalmente pelo somatório de ações, CDB, LF, debêntures e NP (Figura 9).

Neste contexto, a indústria de fundos deve desempenhar um importante papel ajudando a criar as condições para a expansão necessária do mercado e aumentando sua representatividade no estoque total de ativos (Figura 10).

Notas: (1) Atualmente esta posição é ocupada pelo Chile. (2) Hipótese consistente com premissa de beta de mercado igual a 1 - premissa consistente com o estudo realizado pela ANBIMA em 2018 sobre o mercado de capitais. (3) Títulos públicos federais.

Figura 9 | Distribuição projetada ativos selecionados

Fontes: Tesouro Nacional, BACEN, B3, ANBIMA e EY.

TPF(3) Ações CDB + LF PoupançaDebêntures + NP

2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 20300%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Figura 10 | Patrimônio líquido dos fundos de investimento (R$ tri)

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2024

2025

2026

2027

2028

2029

2030

4.5714.8855.2795.6326.0086.429

6.8827.378

7.9198.511

9.1589.868

10.646

43% 44% 44% 45% 45%46% 46%

47% 47% 48% 48%49%

49%

PL % de fundos no total de ativos

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Benefícios da indústria à sociedade

Abordagem metodológica

Os benefícios da indústria de investimentos podem ser decompostos em dois grupos. O primeiro considera todos os impactos diretos e indiretos do crescimento da atividade do setor sobre o restante da economia, seja por meio de aumento do emprego e arrecadação de impostos do próprio setor como pelo crescimento da demanda por bens e serviços dos demais setores.

Para os impactos diretos da indústria foram desenvolvidos modelos para capturar a interação entre os setores de produção de bens e serviços de forma a possibilitar a estimação da contribuição do crescimento da indústria de investimentos sobre o todo da economia. Esta abordagem contempla o cálculo dos efeitos multiplicadores da produção setorial sobre a geração de valor adicionado, emprego e impostos.

O segundo grupo de benefícios decorre das externalidades positivas do desenvolvimento deste setor sobre o ambiente de negócios do país. Para captar estes efeitos, foram utilizadas informações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para mais de 100 países e que medem a percepção da qualidade do ambiente de negócios pelos empresários.

Com base nestas informações e em dados macroeconômicos e sociais, foi desenvolvido modelo econométrico que mede a relação entre o ambiente de negócios e o PIB per capita.

Os benefícios da indústria de investimentos para a sociedade brasileira foram decompostos em dois grupos

A. Impactos diretos da indústria de investimento na economia: Foram desenvolvidos modelos para capturar a interação entre os setores de produção de bens e serviços de forma a possibilitar a estimação da contribuição do crescimento da indústria da gestão de investimentos sobre o todo da economia.

• Esta abordagem contempla o cálculo dos efeitos multiplicadores da produção setorial sobre a geração de valor adicionado, emprego e impostos.

B. Análise de externalidades: com base em informações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) foi construído um índice para a grande maioria dos países que mede a percepção da qualidade do ambiente de negócios pelos empresários. Com base nestas informações e em dados macroeconômicos e sociais, foi desenvolvido modelo econométrico que mede a relação entre o ambiente de negócios e o PIB per capita.

• Os resultados permitem relacionar a melhora do ambiente de negócios com o crescimento econômico.

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Impactos diretos da indústria

de investimento na economia

Etapas metodológicas

• Construção de matrizes e vetores de impactos setoriais

• Cálculo dos multiplicadores de PIB, emprego e arrecadação

• Estimação dos choques de demanda setorial

Notas: (1) Bases do IBGE mais agregadas que as utilizadas no restante do estudo. (2) Participação dos fundos abertos calculada com dados ANBIMA.

A estimativa dos impactos da indústria de gestão de investimentos sobre a economia foi desenvolvida com base nos modelos de Insumo-Produto, que são representações da economia e das interações dos setores de bens e serviços.

O objetivo com esta análise é simular o impacto do aumento da atividade da indústria de gestão de investimentos sobre a geração de emprego, PIB e arrecadação. Esta análise não considera as potenciais externalidades para a economia.

Foram utilizados dados do IBGE com a produção e as aquisições de insumos segmentados em 67 setores de 2015. Com base nas informações foi possível estimar o impacto médio de um choque de demanda da indústria de gestão de investimentos sobre a produção de todos os setores da economia.

O efeito multiplicador da produção para PIB, emprego e arrecadação foi desenvolvido com base nos dados das Contas Nacionais Anuais, obtidas também junto ao IBGE.

Foram utilizados os indicadores de interação setorial e de efeitos multiplicadores do setor “Intermediação financeira, seguros e previdência complementar”. Para isolar a contribuição da indústria de gestão de investimento, foi realizada análise da parcela do estoque de ativos das empresas financeiras que estavam diretamente relacionadas. Os resultados apontam que a indústria de gestão de investimentos corresponde a 44% do todo.

Os ativos da indústria de gestão de investimentos considerados foram:

• Títulos de dívida pública e privada(1).

• Ações de empresas negociadas na bolsa.

• Participações de fundos de investimento, excetuando fundos exclusivos(2).

Resultados

Os resultados do modelo contemplam os efeitos multiplicadores da indústria de gestão sobre a economia. O primeiro resultado da Figura 11 aborda o quanto o crescimento do setor impacta o crescimento do PIB. Portanto, considerando um crescimento da indústria de 6,1% nos próximos anos, chegou-se ao resultado que o PIB pode aumentar a uma taxa de 0,27% anualmente.

Adicionalmente, calculando a representatividade do setor dentro do crescimento do PIB, constata-se que dos 13,2% totais estimados de crescimento do PIB nos próximos anos, a gestão de investimentos contribui com 1,1 p.p.. Em outras

Figura 11 | Impactos econômicos e impactos acumulados nos próximos 5 anos

palavras, a gestão de investimentos corresponde a 10% do crescimento esperado da economia.

Considerando o efeito da indústria no mercado de trabalho, embora se trate de um setor com pouca participação no emprego de mão de obra, ele contribui com um benefício indireto na geração de empregos que compensa este efeito.

Por fim, foi constatado no modelo que a gestão de investimentos possui correlação direta com a arrecadação. O resultado indica que o crescimento do setor pode impactar diretamente no crescimento de 1,12% na arrecadação nos próximos cinco anos.

Crescimento do PIB

CAGR

2,27%2019 2020 2021 2022 2023

0,26%0,31%

0,26% 0,26% 0,27%

Geração de Emprego

Média anual

80 mil2019 2020 2021 2022 2023

77.169 92.787

75.895 76.283 80.570

Arrecadação

CAGR

0,30%2019 2020 2021 2022 2023

0,29%0,35%

0,29% 0,29% 0,30%

Total Direto Indireto

1,36%0,95%

0,42%

Total Direto Indireto

402.704

256.660146.043

Total Direto Indireto

1,53%1,12%

0,41%

Fontes: IBGE – Contas Nacionais Anuais / PNAD contínua.

Impactos econômicos Impactos acumulados | 5 anos

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Diversos estudos apontam que o desenvolvimento do setor financeiro impulsiona o crescimento do PIB, por promover melhores custos e condições para investidores e tomadores de recursos, conseguir melhor alocação dos recursos em projetos com melhor relação de custo-benefício, entre outros fatores.

Nesta discussão, cabe papel de destaque para a indústria de gestão de investimentos. O desenvolvimento deste setor gera externalidades que promovem benefícios que em muito transcendem o setor financeiro.

De forma a captar estes transbordamentos, foram coletadas informações sobre a qualidade do ambiente de negócios de mais de 100 países por meio do Indicador de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial de 2017-18. Este indicador é uma das referências para discussões de políticas públicas com vistas a melhorar o ambiente de negócios.

O indicador é composto de 12 pilares que combinam informações de pesquisas com mais de 13.500 agentes de mercado.

Neste estudo, foram utilizados dados do pilar de Desenvolvimento do Mercado Financeiro. Foram selecionados cinco quesitos que melhor refletem o ambiente da indústria da gestão de investimentos.

Com base nestas informações, foi construído um modelo econométrico com dados em cross-section de 106 países para capturar o impacto do ambiente de negócios sobre o PIB per capita.

Abordagem metodológica

• Foi desenvolvido modelo econométrico com dados de 2017-18 para 106 países para correlacionar o PIB per capita com o indicador da qualidade do ambiente da indústria da gestão de investimentos.

• O estudo se pautou em dados de organismos internacionais: Fórum Econômico Mundial e FMI.

Melhora do ambiente de

negóciosPara isolar o efeito da indústria de investimento, a regressão incluiu as seguintes variáveis de controle:

• Qualidade de infraestrutura.

• Saúde e educação primária.

• Poupança nacional como proporção do PIB.

• Controles estatísticos para países de níveis de renda semelhantes.

A regressão econométrica desenvolvida encontrou uma elasticidade de 0,43(1) para a nota do desenvolvimento da indústria de investimento. Este parâmetro implica que, para cada 1% de melhora da nota no indicador de Ambiente de Negócios, o PIB per capita cresce 0,43% (Figura 12).

Notas: (1) Variável significante ao nível de 10%. (2) Foram analisados 106 países no período considerado.

10 15 20 25 30

R2 = 0,5259

Demais paísesBrasil

USD’000

20

40

60

80

120

100

0

Fonte: Fórum Econômico Mundial - Global Competitive Index (2017/18).

Figura 12 | PIB per capita vs indústria da gestão de investimentos(2)

(2017/2018)

--- Linha de tendência

Figura 13 | Posição do Brasil no ranking mundial(1)

(Quesitos selecionados – 2017/2018)

Produtos e serviços financeiros atendem as

necessidades de negócios

Serviços financeiros têm custos acessíveis

Empresas conseguem recursos via ações e/ou títulos

Reguladores garantem estabilidade

do mercado

Startups inovadoras/arriscadas

conseguem financiamento

Fonte: Fórum Econômico Mundial - Global Competitive Index (2017).

98

72

130

105

44

Resultados

Para captar a potencial contribuição da melhora do ambiente de negócios no Brasil, foi construído um cenário assumindo a melhora de cada um dos indicadores para a melhor nota observada na América do Sul (Figura 13). Para o caso da captação de recursos por startups, foi considerado que o país avançaria para a mesma nota do país colocado na 15º posição(2).

Os resultados da simulação, considerando um horizonte de 12 anos para a convergência, indicam que o PIB cresceria 18% acima do cenário base de mercado (Figura 14).

• Cenário-base: PIB cresce 2,5% a.a.

• Melhora do ambiente: PIB cresce 3,9% a.a.

• O crescimento acelerado da economia favorece a retomada do emprego a patamares pré-crise (6,2% em 2013).

• Após a retomada do pleno emprego, efeito é maior nos salários e na formalização (Figura 15).

Nota: (1) Ranking construído com base nas notas dos países em cada quesito - Brasil ocupa a 80a posição entre 137 países. (2) Para o caso de captação por startups, país latino-americano mais bem colocado ocupa atualmente a 49a posição neste indicador. O estudo considerou o avanço do Brasil até a 15a posição, de forma a ter posição comparável a que terá nos demais indicadores.

Figura 14 | Projeção do PIB brasileiro (Índice 2018 = 100)

100

Proj. Mercado Convergência Potencial

2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030

135

159

Fonte: IBGE – Contas Nacionais Anuais / PNAD contínua.

Figura 15 | Taxa de desemprego (Projeção)

2018 2019 2020 2021 2022 20230%

14%

12%

10%

8%

6%

4%

2%

Proj. mercado Convergência potencial

Fonte: Análises EY.

+18%

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Tendências da indústria

Foram identificadas cinco tendências que devem se intensificar ao longo dos próximos anos

1Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização: Busca por maior rentabilidade é fenômeno global e integração com outros mercados é caminho quase mandatório.

2Protagonismo de investidores: O maior protagonismo do cliente se traduz em maior busca por informações e novas dimensões de análise para tomada de decisão.

4Suitability 2.0 - Diferencial competitivo: Além do cumprimento de demandas regulatórias, o aprimoramento dos processos de captura e tratamento de informações dos clientes traz oportunidades de geração de valor aos negócios no longo prazo.

5Inovação viabilizando eficiência: Aplicação de tecnologia e inovação como base para manutenção da competitividade no mercado, viabilização de eficiência operacional e adequação e cumprimento de exigências regulatórias.

3Relacionamento mais independente e digital: O relacionamento com o investidor ganha maior participação de canais digitais, robo-advisors, agentes autônomos e consultores independentes.

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Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

Conforme explicado no contexto econômico, a tendência de taxa de juros no mundo tem impulsionado investidores a avaliar outras formas de investimento em busca de rentabilidade.

Tratando exclusivamente do cenário internacional, países europeus já apresentam taxas de juros próximas a zero desde a crise de 2008, e outros, como Suécia, Japão e Suíça, por exemplo, chegaram a ter taxas nominais de juros negativas.

A consequência da baixa taxa de juros nestes países foi principalmente a redução significativa de depósitos bancários e a escolha dos investidores por outras fontes de acumulação de renda. Além disso, os bancos europeus, por exemplo, sofrem com a redução da lucratividade causada principalmente pela redução da oferta de crédito.

Nos Estados Unidos, os investidores recorrem às ações como forma de combater os baixos rendimentos, ao mesmo tempo que fundos de títulos e de renda fixa perderam gradativamente a sua representatividade.

Na Holanda, a baixa taxa de juros teve reflexo direto no aumento da representatividade de fundos de ações e alternativos e, assim como nos EUA, houve redução da representatividade de fundos de títulos.

Na França, por sua vez, a perspectiva de aquecimento do mercado imobiliário (implementação do ELTIF(3)) resultou no aumento substancial da representatividade destes fundos nos últimos anos e, além disso, fundos alternativos como private equity são vistos como fonte de maior retorno.

Observa-se, de modo geral, o aumento da representatividade de diferentes categorias de ativos como forma de suprir o mercado de juros baixos.

Notas: (1) Composto de títulos (renda fixa) e ações. (2) Incluem principalmente fundos alternativos, como hedge funds e private equity; (3) ELTIF – Fundo Europeu de Investimento de Longo Prazo: trata-se da regulação implementada em 2015 que visa desenvolver fundos dedicados ao financiamento de projetos de longo prazo, entre eles infraestrutura, imóveis e construção civil.

Ações Títulos Fundos híbridos1

Outros fundos2Mercado monetário

201720162015201420132012

12,9%14,5%15,5%17,2% 0,3% 0,3% 0,3%18,1%20,6%6,9%7,4%7,6%8,5%8,2%7,5%

20,9%21,6%21,1%21,8%22%26,3%

59%56,2%55,5%52,4%51,7%45,4%

Figura 16 | Estados Unidos Evolução do mix de fundos (% do total)

Fonte: Investment Company Institute. Benchmarking EY.

17,8%19,4%18,5%25,1%23,9%22,2%

201720162015201420132012

7,2%7,1%5,2%1,7%1,1%1,1%1,3% 1,4% 1,3%

22,6%22,4%23,5%25,1%28,5%32,6%

14,3%

18,3%

14,6%

18,1%

14,4%

18,7%20,9%18,4%18,7%

18,4%17,1%18%27,8%28,1%25,2%

Figura 17 | França Evolução do mix de fundos (% do total)

Ações Títulos Fundos híbridos(1) Mercado monetárioOutros fundos(2) Garantidos protegidosFundos imobiliários

Fonte: Investment Company Institute. Benchmarking EY.

201720162015201420132012

12,1%12%12,9%13,7%

2,3%2,2%1,9%1,8% 2,4% 2,2%

13,5%13,3%11,9%10,3%11,7%12,9%12%12,2%

30,7%35,2%35%34,7%37,1%38,9%

43,1%39,9%38,2%36,5%35,6%33,9%

Figura 18 | Holanda Evolução do mix de fundos (% do total)

Ações Títulos Fundos híbridos(1)

Outros fundos(2)Mercado monetário Fundos imobiliários

Fonte: Investment Company Institute. Benchmarking EY.

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Fontes: EY 2018 – Global Alternative Fund Survey.

Figura 20 | Principais prioridades estratégicas de gestoras de fundos estruturados (Global)

77%

60%

41%

36%

Identificação / crescimento de ativos

Gestão de Talentos

Gestão de custos / racionalização

Melhora da eficiência operacional dos processos de middle/back-offices

Ranqueado no Top 3 de prioridades

Fontes: National Venture Capital Association.

2008 2010 2012 2014 2016 20180

40

20

60

80

100

120

140

Figura 19 | Venture Capital nos EUA

Além dos fundos e produtos tradicionais, tem-se observado o crescimento de ativos alternativos, como o Venture Capital (VC), que vem ganhando espaço no mundo todo.

Nos Estados Unidos, o valor investido de VC triplicou de tamanho nos últimos dez anos. A China, seguindo os passos dos norte-americanos, atingiu patamares de investimentos em VC próximos aos registrados no mercado dos Estados Unidos (Figura 19).

Espera-se que alguns fatores auxiliem a impulsionar a indústria nos próximos anos:

• Os unicórnios finalmente vêm a público: Por meio da oferta de liquidez e de rentabilidade, oportunidades serão geradas no ecossistema que atrairá maior interesse para esta classe de ativos.

• Áreas consideradas estratégicas recebem investimentos: Segmentos como Fintechs, Serviços ao Consumidor, Alimentos e Bebidas, Cryptomoedas, Soluções em Blockchain e Privacidade e Segurança de informações.

De acordo com a pesquisa da EY de 2018 sobre fundos alternativos (Figura 20), a principal estratégia listada pelos gestores destes fundos é a de crescimento de ativos, seguida pela gestão de talentos e a gestão de custos.

Notas: (1) https://economia.uol.com.br/financas-pessoais/noticias/redacao/2019/03/12/quanto-tempo-brasileiro-mantem-seus-investimentos.html; (2) Nesta categoria se encontram os fundos estruturados: Fundos de Investimentos em Participações, Fundos de Infraestrutura, Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios e Fundos imobiliários. (3) Dados disponibilizados pela ANBIMA.Fonte: ANBIMA.

O contexto brasileiro de queda na taxa de juros nos últimos anos, associado ao apetite dos investidores por maior rentabilidade reduz a atratividade de títulos públicos e colabora para uma tendência à migração para ativos de maior valor agregado, muito embora o perfil brasileiro ainda seja avesso ao risco e priorize maior liquidez.

Conforme estudo da ANBIMA e Datafolha(1), 77% dos brasileiros levam em consideração a liquidez do produto na hora de fazer o investimento, o que reduz a rentabilidade. Por outro lado, o brasileiro deixa em média onze anos o dinheiro na poupança, o que significa que ele não usa desta liquidez e mesmo assim poupança é a opção da maior parte dos brasileiros. Esse fator é também significativo quando abrimos para outros tipos de investimento em renda fixa.

Quando observamos a distribuição dos fundos brasileiros por patrimônio líquido, os fundos de renda fixa ainda são os principais fundos de investimento (Figura 21).

Os fundos estruturados(2) passaram de 7,9% para 9,3% de participação de 2012 para 2018. Esta proporção ainda é baixa quando comparada à de mercados desenvolvidos. Por outro lado, novas regras visando a flexibilização para enquadramento de carteira tendem a estimular a criação deste tipo de ativo pelos gestores, indo ao encontro das perspectivas positivas do cenário político-econômico de incentivo à infraestrutura e maior participação do mercado de capitais em financiamento de projetos.

Ao contrário do que ocorre no cenário internacional, no qual o mercado é bastante distribuído entre diferentes fundos (Figura 22), os investimentos em renda fixa no Brasil são maioria e superiores à média global. O momento hoje de baixa taxa de juros é único para conseguir alterar a cultura de liquidez, para que ela somente seja demandada por aqueles investidores que de fato a utilizam.

2012 20180%

40%

20%

60%

80%

100%

Figura 21 | Distribuição dos fundos brasileiros por patrimônio líquido(3)

46,3% 44,3%

8,9% 6,6%

7,9%9,3%

12,8% 17,5%

21,0% 21,1%

AçõesDemais fundos

Renda fixaFundos estruturados

MultimercadosPrevidência

Fonte: Investment Company Institute.

Argentina

Brasil

Chile

Holanda

Suíça

Alemanha

Itália

EUA

Coreia

Inglaterra

França

Canadá

China

Austrália

Japão

0% 25% 50% 75% 100%

HíbridosTítulos públicos/privados AçõesMoney market Outros

Figura 22 | Distribuição dos fundos em países selecionados(4) (2017)

3,1% 1,2%

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Notas: (1) https://www.terra.com.br/noticias/dino/95-da-populacao-brasileira-nao-fala-ngles,9f848f68ed451de99742216570b7ccf9gc7gj8du.html. (2) Grau de abertura medido com base em informações da abertura de 12 tipos de categoria de ativos: ações, títulos, mercado monetário, investimento coletivo, derivados e outros. Foram consideradas informações de 115 países com dados de abertura de capitais disponíveis no FMI. (3) Conforme estudo “Financial Development and Economic Activity in Advanced and Developing Open Economies: Evidence from Panel Cointegration”, foram considerados nove países da América do Sul: Equador, Chile, Peru, Colômbia, Paraguai, Argentina, Uruguai, Brasil e Venezuela.

Fonte: Fundo Monetário internacional.

Caso o mercado de capitais nacional não se desenvolva em velocidade suficiente para absorver a demanda por produtos de maior valor agregado, a tendência será o investidor buscar estes ativos no exterior.

Neste caso, o desafio para viabilizar este movimento é reduzir as barreiras existentes. O processo de redução de barreiras pode inclusive ser utilizado para atrair ainda mais benefícios ao país: estudos apontam que a abertura do mercado de capitais para investimentos do exterior no mercado interno e investimentos em mercados no exterior é benéfica economicamente e favorece o crescimento do PIB (Figuras 23 e 24).

De modo geral, mercados na América do Sul apresentam baixo PIB e/ou apresentam mercados pouco abertos a investidores estrangeiros, o que gera uma oportunidade para o Brasil, dado que possui a maior economia da América Latina e apresenta um mercado com produtos bastante sofisticados, o país poderia aproveitar sua relevância e posicionamento regional para ser um polo de atração de investimentos internacionais na América Latina, atuando como hub de alocação desses ativos na região.

Este papel, naturalmente, depende de capacidade e agilidade de compreensão das especificidades econômicas, culturais e regulatórias, assim como exige dos brasileiros um maior número de falantes da língua inglesa, considerando que hoje apenas 5% podem se comunicar nesta língua(1).

Um exemplo deste papel é a atuação de Luxemburgo como hub de investimentos na Europa. Primeiro país a se adaptar às regras da União Europeia na década de 1980, utilizou benefícios tributários para impulsionar a indústria no início e alavancou a multiculturalidade em benefício próprio, isto é, se apropriou do fato de a maior parte da população falar mais de três línguas (Figura 25).

Figura 23 | Abertura do mercado de capitais(2) e PIB per capita (2013)

100%

60%70%80%90%

50%40%30%

20%10%0%

0 5025 10075 125 150

Poucos casos de economias ricas com mercados de capitais fechados

PIB per capita

Gra

u de

abe

rtur

a

BrasilDemais países

Fonte: Fundo Monetário internacional.

1%

21%

41%

61%

81%

101%

121%

141%0 500 1000 1500 15002000

Brasil

Rank

ing

ambi

ente

de

inve

stim

ento

Figura 24 | Ranking da qualidade do ambiente de investimentos versus PIB per capita (2017)(3)

Figura 25 | Distribuição da população por número de idiomas estrangeiros (2016)

0% 100%50%

65%

40%

6%

35%

20%

35%

16%

35%

10%

20%

27%

21%

5%

5%

51%

8%

Reino Unido

França

Luxemburgo

Europa

20 3+1

Fonte: Eurostat.

Desafios

Os desafios envolvendo a migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização são os seguintes:

Baixa disponibilidade e liquidez de ativos, e baixa tolerância à volatilidade pelo investidor: Por um lado há o investidor brasileiro que, acostumado às elevadas taxas de juros praticadas e fortemente influenciado por períodos de instabilidade econômica e elevada inflação, apresenta baixa tolerância à volatilidade e preza por investimentos de maior liquidez. Por outro lado, há o mercado, que, influenciado por um período de elevadas taxas de juros e presença forte de setores públicos no fomento aos financiamentos de longo prazo (ex.: BNDES), apresenta baixa disponibilidade e baixa liquidez de ativos.

Dúvida quanto à capacidade do mercado de capitais suprir a demanda da indústria de fundos: Em um cenário de taxas baixas de juros e perspectivas por maior busca pelos investidores por ativos de maior valor agregado, torna-se evidente a desconfiança sobre a real capacidade do mercado de capitais em atender à demanda por ativos pela indústria de fundos. Neste sentido, é imperativo que o mercado de capitais não só se desenvolva mas também forneça ferramentas para diversificação a fim de suprir a potencial demanda da indústria de fundos.

Responsabilidades entre agentes de mercado: Falta de clareza sobre reais papéis e responsabilidades entre agentes de mercado (ex.: administradores, gestores e custodiantes) gera distorções no entendimento dos seus limites de atuação e, consequentemente, nos reais responsáveis por sofrer as penalidades regulatórias.

Entraves na regulação e falta de isonomia entre produtos de investimentos no exterior: Entraves decorrentes da regulação brasileira dificultam o acesso de investidores a determinados investimentos domiciliados no exterior, muito embora outros produtos tenham seu acesso facilitado pela regulação. Neste sentido, os agentes reguladores e autorreguladores possuem o desafio de conciliar a demanda com a abertura do mercado para investimentos no exterior.

Integração regional e agilidade na adaptação ao contexto global: Definição e fomento de pilares-chave, como abertura de mercado de capitais e um alinhamento regulatório, para que o Brasil desempenhe papel relevante como hub de investimentos na América Latina e para viabilização de melhor integração do país no contexto internacional.

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Protagonismo de investidores Gap de percepção entre investidores e instituições

A indústria de investimentos está se transformando. Mudanças demográficas, como envelhecimento da população, associadas ao empoderamento pelo uso generalizado de artefatos como tablets e smartphones e à ampliação do acesso a redes sociais moldam o novo perfil dos investidores que:

• Possuem necessidades específicas de acordo com seu perfil e anseiam por customização.

• Estão cada vez mais conectados e acessam informações online.

• Promovem ou criticam serviços em redes sociais em tempo real e avaliam qualidade com base na opinião de outros usuários.

• Comparam preços em tempo real.

• São desapegados e trocam de instituição financeira em busca de novas experiências e melhores propostas de valor.

• São avessos à complexidade e buscam produtos simples, com informações claras, boa usabilidade e conveniência.

• Conhecem seus direitos e os meios para exercê-los.

Pesquisa global da EY constatou que, no Brasil, 78% dos entrevistados se relacionam com mais de uma instituição, enfatizando que os clientes buscam serviços que se adequam aos seus interesses, e não são necessariamente leais à instituição. Esta tendência se mantém globalmente (Figura 26).

Quando se observa o motivo de mudança de provedor nos últimos dois anos, constata-se que os principais são o preço ou o retorno, comprovando que os clientes estão hoje mais demandantes em relação à qualidade dos serviços oferecidos e à transparência do provedor (Figura 27).

Nota: (1) Conforme pesquisa EY Global Consumer Banking Survey.

32% 28%

19%19%

16%12%

14%18%

19% 24%

Brasil Global

Melhor preçoMelhor reputação da intituiçãoOutros

Melhores retornos de portfólioAbrangência de produtos e serviços

Figura 27 | Motivos para mudança de instituição financeira

Fonte: Pesquisa Global EY - The experience factor: the new growth engine in wealth management.

22% 28%

32%35%

21%20%

8%8%

17% 10%

Brasil Global

21 43 5+

Figura 26 | Quantidade de instituições com as quais se relacionam

Fonte: Pesquisa Global EY - The experience factor: the new growth engine in wealth management.

A Pesquisa Global da EY estima que em 2020(1):

• Mais de 80% da população terá telefone móvel.

• Mais de 60% terá tablet ou smartphone.

• Mais de 50 bilhões de dispositivos estarão conectados em rede.

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Para entregar o tipo de experiência que os clientes mais valorizam, três elementos são essenciais:

• Desempenho: Entendimento dos objetivos do cliente e entrega de resultados consistentes.

• Conveniência: Disponibilidade de acesso a produtos e serviços por meio de qualquer canal.

• Confiança: Transparência nas operações, nas tarifas, nos resultados financeiros e nos incentivos.

Conforme pesquisa, aproximadamente 66% dos investidores no Brasil apontaram desempenho, conveniência e confiança como elementos mais importantes.

Desempenho 23%

Conveniência 3%

Confiança 8%

Todos66%

Figura 28 | Elementos da experiência do cliente

DesempenhoPara 68% dos entrevistados no Brasil, um bom desempenho é a superação de índices de mercado; para 22%, é o atingimento de índices de mercado; e para 10%, é o atingimento de suas metas financeiras específicas.

A pesquisa indica, por um lado, que clientes focados em atingir seus objetivos de longo prazo valorizam a qualidade de suas interações e preferem aconselhamento personalizado e presencial.

Por outro lado, os clientes mais concentrados em superar o mercado estão interessados em ofertas de produtos de investimento mais amplas (ex.: fundos multimercados, fundos de ações etc).

Figura 29 | Expectativas por desempenho pelos investidores (Brasil)

68%

10%

22%

Superar o desempenho do índice de mercado

Atingir o índice de mercado

Atingir as metas financeiras específicas do cliente

Fonte: Pesquisa Global EY - The experience factor: the new growth engine in wealth management.

Fonte: Pesquisa Global EY - The experience factor: the new growth engine in wealth management.

Notas: (1) Pesquisa ANBIMA – A relação do brasileiro com o dinheiro. (2) Instrução CVM 592 determinou que os consultores de investimentos devem alinhar sua remuneração diretamente com o cliente. Agentes autônomos, por sua vez, são impedidos de recomendar alocações de ativos e recebem comissão com base na venda dos produtos

Fonte: Pesquisa Global EY - The experience factor: the new growth engine in wealth management.

Figura 30 | Drivers de confiança do cliente

42%46%

42%

23%

53% 52%

31%29%

66%

41%

27%28%

58%

37%

29%23%

61%

32%

25%

59%

Global América do Norte

América Latina

EMEIA APAC

Reputação da empresa Reputação do consultor Objetivo do consultor Transparência em performance de portfólio e comissões

Dentro da busca por desempenho, uma pesquisa feita pela ANBIMA(1) levantou cinco perfis de investidores brasileiros e descobriu diferentes segmentos com base no reflexo do dinheiro na visão de mundo da população:

• Construtor (realista e perseverante): Cresce devagar e sempre, poupando pequenos valores ou valores contínuos. Perfil presente em todas as gerações.

• Planejador (racional): Calcula sua meta de crescimento e possui um objetivo racional, maximizando os recursos financeiros. Perfil ligado à geração Z.

• Camaleão (perspectiva contínua): Investe valores que beiram o essencial e se adaptam a qualquer cenário. Perfil presente nas gerações mais antigas.

• Despreocupado (otimista): Aberto ao fluxo da vida, costuma investir valores inconstantes. Perfil presente nas gerações mais novas.

• Sonhador (expectativa emocional): Precisa de grandes valores para agir sendo que a ideia de investimento ocorre ocasionalmente. Perfil presente nas gerações mais novas.

ConveniênciaO desafio por conveniência tem se traduzido em requerimentos de tempestividade, transparência e facilidade de uso. Pesquisas em startups mostram mudanças na interação com o cliente, como:

• Aberturas de contas digitais por meio de robo-advisors são rápidas e simples e podem levar de quatro a cinco minutos.

• Na Venmo, empresa de pagamentos norte-americana referência em experiência do cliente, em cinco cliques o cliente consegue fazer a transferência do seu dinheiro a outras pessoas.

• A portabilidade até a transferência de todos os ativos leva apenas 60 segundos.

• Os depósitos automáticos através de robo-advisors levam até um dia.

• Com os robo-advisors a quantidade de campos a ser preenchidos para abertura de contas é de 25, em vez de 65 em média verificado no varejo.

• Não exigência por fintechs de investimentos mínimos para abertura de contas.

ConfiançaFalta de clareza em taxas e comissões indica que transparência em performance de portfolio e de comissões é fator relevante na experiência almejada pelos investidores.

Na América Latina, estes dados são ainda mais significativos, dado que 66% acreditam que a transparência é o principal componente, seguida pela reputação da empresa. Ainda assim, apesar de a transparência de taxas aparecer como principal driver de confiança, ela não é vista como tema de maior importância pelas gestoras.

Neste sentido, movimentos regulatórios globais forçam os agentes a aprimorar os mecanismos e a divulgação de informações ao mercado, como o MiFID II e PRIIP, na União Europeia.

No Brasil, seguindo os passos do cenário internacional, foram criadas duas regulações que visam maior transparência no mercado: Instrução CVM 592, que entrou em vigor em 2017, e o Código ANBIMA de Administração de Recursos de Terceiros, que entrou em vigor em 2019.

Neste cenário, as taxas de comissionamento sofreram alterações para dar maior clareza aos investidores e para melhorar o mercado de investimento(2). Ainda assim, a falta de transparência se evidencia tanto em carteiras administradas, que descontam uma porcentagem da remuneração do ativo ao ofertar ao investidor, quanto na distribuição de fundos, que não evidenciam a porcentagem da taxa de administração direcionada à corretora e, por sua vez, ao agente autônomo.

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Investimentos sustentáveis

É cada vez maior a demanda pelo desenvolvimento de um sistema financeiro sustentável, e podemos citar alguns fatos que mostram esta tendência:

• A ONU definiu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas.

• 12.500 signatários do Pacto Global das Nações Unidas se comprometeram a adotar políticas sustentáveis e socialmente responsáveis(1).

• Mais de dois terços das empresas listadas na Fortune Global 500 divulgam relatórios de Sustentabilidade(2).

• Aumento significativo da regulação do preço do carbono e da responsabilidade da cadeia de suprimentos.

• Cada vez mais bolsas de valores estão exigindo a divulgação de informações não financeiras, de riscos e desempenho.

• As respostas dos reguladores a eventos como os desastres do Golfo do México e da Samarco estão estabelecendo um novo precedente para as expectativas dos stakeholders e a necessidade de gerenciar melhor os riscos.

• 80% dos investidores consideram a supervisão da performance não financeira pela alta direção como “essencial” ou “importante”(3).

• Aprovação unânime dos Princípios Orientadores sobre Negócios e Direitos Humanos pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2011(4).

Este movimento caminha em direção às atuais demandas dos investidores, que observam uma série de fatores antes de optar por determinados produtos, como a incorporação de boas práticas envolvendo emissão de carbono e danos ao meio ambiente, priorização de saúde e segurança no trabalho, entre outros.

Além disso, há elevação das expectativas na comunidade de investidores em relação aos relatórios e ao desempenho não financeiro das instituições financeiras. Os consumidores estão redefinindo a demanda do mercado, procurando criar um impacto positivo por meio de compras orientadas a propósitos.

O perfil dos investidores e a cultura de investimento nos últimos anos mudou e, com isso, mudaram as necessidades por informações. Apesar de críticas, informações financeiras nem sempre são suficientes para a tomada de decisão.

As demandas por investimentos sustentáveis são decorrentes, em grande parte, dos millennials que preferem investimentos alinhados a seus valores pessoais. Estes investidores costumam pautar suas decisões em companhias, organizações e fundos com propósito de gerar impactos sociais e ambientais mensuráveis além dos retornos financeiros.

Notas: (1) e (2) United Nations Global Compact website. (3) EY, Tomorrow’s Investment Rules 2.0, 2015; EY, Megatrends: Making Sense of a World in Motion, 2015. (4) EY, Tomorrow’s Investment Rules 2.0, 2015. (5) Sustainable Signals: The Individual Investor Perspective,” Morgan Stanley website, https://www.morganstanley.com/sustainableinvesting/pdf/Sustainable_Signals.pdf, accessed 1 June 2016. (6) Sustainable investing: the millennial investor. (7) Em termos de confiança do cliente no setor bancário, o Brasil se encontra na sexta posição, de acordo com o Global Consumer Banking 2016, sendo o único que não apresentou quedas no período 2014-2016

Na medida em que os millennials acumulam riquezas, as instituições devem mudar estratégias para incorporar os desejos de investidores socialmente responsáveis. Adicionalmente, quando comparado com não millennials, os millennials têm incorporado sustentabilidade não somente em suas decisões de investimento mas também em seu comportamento em geral, como mostra o estudo da Morgan Stanley(5).

A pesquisa demonstrou que 29% dos investidores em seus 20 ou 30 anos procuram um gestor que forneça investimentos baseados em valor. Os millennials colocam esta prioridade em terceiro de nove motivos da lista de prioridades.

Uma segunda pesquisa sobre o mesmo tema, realizada pela EY(6), mostra que 17% dos millennials procuram investir em companhias que usam práticas ASG de alta qualidade, comparado com 9% dos investidores não millennials, ainda assim, 15% dos millennials indicaram que sairiam de posição de investimento devido à falta de conduta ética de uma instituição, comparado com 7% dos investidores não millennials.

Sobre produtos sustentáveis, 15% dos millennials indicaram que comprariam produtos de uma marca sustentável, comparado com 7% dos investidores não millennials.

Por fim, a pesquisa chega à conclusão que millennials estão atingindo maior integração de seu dinheiro e valores por meio da aplicação uma consciência global em suas compras e investindo em modelos de negócios sustentáveis.

A cobrança para que as empresas sejam transparentes sobre suas práticas e tenham um desempenho sustentável é cada vez maior. Um dos motivos é que o setor bancário foi um dos mais atingidos pela erosão da confiança dos stakeholders, em grande parte devido à crise financeira(7). Em resposta, as organizações estão ampliando o escopo de seus relatórios e buscando novas formas de comunicar o desempenho.

A divulgação de relatórios desempenha papel fundamental no estabelecimento da confiança com investidores. Para a indústria financeira, os grandes desafios incluem o planejamento de atividades de forma integrada por meio de estratégia sustentável de negócios a longo prazo, suportada por métricas materiais e mensuráveis, conectar o desempenho financeiro e não financeiro e melhorar a transparência através da divulgação de informações não financeiras.

As principais razões para reportar as informações é demonstrar o grau de compromisso de uma empresa em aspectos socioambientais além de fornecer subsídios para a tomada de decisão e alocação eficiente de capital.

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Nota: (1) Pesquisa de Sustentabilidade, Anbima 2018.

O movimento envolvendo ASG ganhou relevância em todo o mundo, um exemplo disso é o resultado da pesquisa da CFA Institute de 2018 que indica que, caso exista demanda de clientes e investidores, 66% dos gestores estão dispostos a considerar o investimento em produtos ASG. Desta forma, a mudança ocorreria por exigência dos próprios investidores.

O estudo também apresenta uma tendência cada vez maior para os gestores considerarem produtos ASG, dado que há uma mudança considerável de 2015 para 2017 no perfil de respostas.

Assim como no cenário global, ASG também ganha relevância no Brasil e a Figura 31 exemplifica esta mudança no movimento. As práticas no Brasil estão predominantemente na renda variável, mas alguns profissionais da renda fixa já possuem práticas avançadas de ASG.

As questões de governança são sistematicamente integradas ao processo dos investidores, e até 2022 fatores ambientes e sociais também ganharão importância.

A pesquisa de Sustentabilidade da ANBIMA de 2018(1) indicou que 85% das gestoras e administradores de recursos do país levam em conta ao menos um destes três aspectos ao analisar os riscos e oportunidades de investimento.

Além disso a pesquisa indica um aumento da quantidade de gestores que possuem política específica para ASG ao mesmo tempo que reduz aqueles que não possuem. A formalização da abordagem destas questões pelos gestores em documento específico é um passo importante na política de engajamento das instituições.

Os dados ainda mostram um numero crescente da quantidade de gestores que investem mais de 80% do patrimônio líquido (PL) em ativos ASG, enquanto os que investem menos de 20% diminuíram pela metade em dois anos.

Para o futuro, apesar de a preocupação com sustentabilidade ter crescido nos últimos tempos, a prática ainda não abrange a totalidade dos ativos geridos, sendo que os temas relacionados a ASG são uma realidade, em especial em empresas de grande porte. De modo geral, a ASG representa ainda uma enorme oportunidade a ser explorada.

Fonte: Enviromental, Social, Governance Survey , CFA Institute 2017, 2018.

Figura 31 | Fatores que fariam gestores considerarem investimentos em produtos

ASG (Global)

57%

48%

29%25%

20% 22%

33%

22%17% 15%

5% 5%

66%

53%

Dem

anda

in

vest

idor

esLi

gaçã

o en

tre

ESG

e pe

rform

ance

Requ

irem

ento

s

regu

lató

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hore

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form

açõe

sDe

senv

olvi

men

to

de ca

pacid

ade

Falta

de

confl

ito

Outr

os

2015 2017

Fonte: Enviromental, Social, Governance Survey , CFA Institute 2017, 2018.

Figura 32 | Gestores que com frequência/sempre integram fatores ASG relevantes

às análises de investimentos (Brasil)

Fatores Análise de renda variável Análise de crédito

Governança 56% 42%

Ambientais 37% 27%

Sociais 35% 27%

Fonte: 2ª Pesquisa de Sustentabilidade, Anbima 2018.

Figura 33 | Distribuição de PL em ativos com avaliação ASG

Menos de 20% do PL

Mais de 80% do PL em ativos com avaliação ASG

2016

17% 10%

2018

55%

25%

2016 2018

Fonte: 2ª Pesquisa de Sustentabilidade, Anbima 2018.

Figura 34 | Gestores que possuem política de investimento responsável

2016 2018

21%16%

27%27%20%20%

31%36%

Não Não, mas está desenvolvendo

Sim, com documento geral da instituiçãoSim, com política específica sobre o tema

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Desafios da previdência

Com o aumento significativo da quantidade de idosos, o país não está preparado para a mudança de hábitos, e o envelhecimento da população faz com que aposentados enfrentem os maiores desafios para a gestão de necessidades financeiras e de saúde.

Por outro lado, a inversão demográfica gera oportunidades para que seguradoras e gestores de ativos criem novos produtos a fim de suprir a necessidade de baby boomers que vão se aposentar e converter seus investimentos em dinheiro.

A preocupação com o envelhecimento também gera maior engajamento e conscientização do público jovem como imperativo para impulsionar poupança e investimentos. Além disso, a longevidade e a necessidade de financiamento de despesas e de saúde reflete diretamente na propensão das gerações longevas a trabalhar por mais tempo.

Analisando o histórico é possível perceber que 2019 é o ano-chave para realização da reforma da Previdência e de retomada do crescimento por causa da necessidade de ajuste fiscal.

O envelhecimento da população e o encolhimento da força de trabalho desafiam o setor previdenciário e de poupança em todo o mundo. Estudos das Nações Unidas projetam uma inversão no percentual de crianças e idosos a partir de 2020 (Figura 35).

Na Europa, o envelhecimento populacional foi muito mais lento se comparado com o do Brasil. Assim, tiveram tempo suficiente para transformar sua Previdência gradualmente.

No Brasil, a inversão demográfica, com o aumento da expectativa de vida e queda da natalidade, deve trazer grandes impactos na Previdência. Entre os problemas esperados, há a redução da arrecadação, que impacta gravemente as contas publicas e exige mais do que nunca uma reforma previdenciária para se adequar às mudanças demográficas.

19504%

6%

8%

10%

12%

14%

16%

1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050

População com menos de 5 anosPopulação com mais de 65 anos

Figura 35 | Percentual de crianças e idosos em cenário global (1950 a 2050)

Fontes: Nações Unidas; Haver Analytics.

2006 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Período de afrouxamento

da política fiscal

Dívida bruta geral do governo chega a 77% do PIB

Déficit da Previdência social chega a R$ 290,2 bilhões (4% do PIB)

Reforma da Previdência é enviada ao Congresso

Fontes: Nações Unidas; Haver Analytics; World Bank; Desk Research; Análise.

Figura 36 | Cronograma fiscal (Brasil)

Nota: (1) Pesquisa ANBIMA: Raio X do investidor 2017.

Os pesos dos gastos previdenciários nas contas públicas e a tendência de rápido envelhecimento da população são os principais argumentos em defesa da reforma da Previdência. A Figura 37 exemplifica esta questão e mostra que o Brasil possui grande parcela da Previdência Social custeada pelo governo, apesar de ainda possuir uma população jovem se comparado com os outros países desenvolvidos.

Ao observarmos a proporção do total de planos de previdência privada como porcentagem do PIB, vemos o Brasil com um peso maior que países europeus, porém muito atrás de países que adotaram o regime híbrido.

Os diferentes regimes previdenciários podem refletir no desenvolvimento da educação financeira da população.

Regime de capitalização puro

Regime híbrido componente de capitalização obrigatório

Regime de repartição

Chile

Reino Unido Australia

Nova Zelândia

Hungria

Polônia Rep. Dominicana

Peru

África do Sul Russia Brazil Sri Lanka

China

Em regimes híbridos, por exemplo, percebe-se maior educação financeira do que regimes de repartição. Na Figura 38 temos o Chile como principal exemplo de modelo de capitalização puro desenvolvido na década de 80.

O regime híbrido, por sua vez, concilia os regimes de repartição e de capitalização. Desta forma, o volume financeiro direcionado à aposentadoria é de responsabilidade de funcionários, empregadores e órgãos públicos.

No regime de repartição, o Brasil aparece como um dos países com baixo índice de educação financeira. Uma pesquisa da indicou que menos da metade dos brasileiros tem conhecimento financeiro, sendo que apenas 45% da população conhece um ou mais tipos de produtos, sendo a poupança o principal produto para investimento(1).

Figura 38 | Índice de Educação Financeira por país (% adultos)

-3010

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

-10 10 30 50 70 90 110 130 150-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 170

Baixos benefícios previdenciários do governo e elevadas contribuições para um plano de previdência privada.

Elevados benefícios previdenciários do governo e baixas contribuições para previdência privada

Ativos totais sob gestão de planos de previdência privada (% do PIB 2017)

Figura 37 | Visão sobre proporções entre participação governamental e privada em planos de previdência por país

Turquia

Portugal

ItáliaÁustria

HungriaChina

Luxemburgo

Espanha

França

BélgicaLetônia

Estônia

RússiaIrlanda

Israel

Finlândia

Reino Unido

AustráliaChile

Estados UnidosCanadá

Suíça

África do Sul

BRASIL

México

República Checa

Grécia

Indonésia

Eslovênia

República Eslovaca

Índia

Fonte: OCDE - Pension Markets in Focus No.15, 2018, SUSEP, PREVIC.

Fontes: S&P Financial Literacy Around the World; OCDE.

Valo

r da

apo

sent

ador

ia s

obre

sal

ário

méd

io a

o lo

ngo

da c

arre

ira

(%)

41%

67% 64% 61%54%

42%35%

28% 42% 38% 35% 35%28%

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Fonte: Ativos não consolidados de instituições de fundos administradosna Austrália, provenientes do Escritório Australiano de Estatísticas, Fundos Gerenciados - dezembro de 2017, publicado em 8 de março de 2018.

Notas: (1) Representação dos ativos não consolidados de instituições de fundos geridos na Austrália, originárias do Australian Bureau of Statistics, fundos geridos – dez/2017.

Estudo de caso: AustráliaA indústria de pensões da Austrália é um caso de sucesso global por acumular o quarto maior pool de ativos de aposentadoria do mundo, mudando radicalmente em pouco mais de 30 anos. De maneira simplificada, o regime híbrido da Previdência australiana é composto de dois componentes: a pensão por idade e a contribuição compulsória.

A Austrália possui serviços de gestão de ativos e patrimônio fornecidos por grandes bancos, fundos de aposentadoria, provedores independentes especializados em gestão de riquezas, planejamento financeiro, mercados de fundos de investimento e family offices. Associados à crescente disponibilidade de fundos, estes participantes viabilizaram a criação de um mercado bastante sofisticado – e um dos maiores do mundo.

As discussões sobre pensões na Austrália não são atuais, exemplo deste fato é que desde 1984 tem havido mudanças para melhorá-la. Neste ano, apenas 39% da mão de obra possuía alguma aposentadoria.

Em 1992, o elemento de contribuição compulsória (super- annuation) foi introduzido no regime de pensão. Ele consiste na contribuição mandatória para uma previdência privada, que pode ser um fundo para toda a indústria ou plano operado por uma instituição financeira. Antes da introdução da contribuição compulsória, cerca de 50% dos empregados participavam voluntariamente do plano de previdência privada.

Em 2002 o modelo já mostrava uma mudança considerável, onde os superativos totalizavam 63,7% do PIB. Nesse ano houve a introdução da contribuição do governo para pessoas com baixa renda.

Ao observar a Figura 39 vemos que, com a contribuição compulsória, os ativos sob gestão dos fundos administrados da Austrália alcançaram um crescimento sustentado, com CAGR de 10% nos últimos cinco anos. Em 2017, o crescimento ano a ano dos ativos sob gestão aumentou 21%, representando o maior aumento ano a ano nos últimos cinco anos.

Figura 39 | Crescimento de fundos geridos(1) ativos sob gestão

FY14

1.832

698

1.959

+10%

688

2.138

+21%

691

2.658

651

FY15 FY16 FY17

Investimentos gerais Aposentadoria

Tabela 2 | Características dos fundos australianos

• AUD 3,3 trilhões de ativos sob gestão dos fundos (dezembro 2017)

• AUD 2,7 trilhões de ativos sob gestão dos fundos de pensão (dezembro 2017)

• A portabilidade de fundos pode ser feita totalmente on-line de forma simples e flexível

• Alíquota de imposto sobre o rendimento dos investimentos menor do que alíquotas presente nos outros tipos de investimento de forma geral

• Segmentos de renda de contribuição obrigatória definidos de forma a estimular a utilização de pensões privadas nas classes com maior renda mensal

• Sistema público de previdência direcionado apenas às classes mais pobres, com mecanismos de verificação

Nota: (1) Australian Government – The Treasury.

Em 2017, a Austrália acumulou AUD 2,7 trilhões em ativos de contribuição compulsória, fazendo com que o país ocupe a quarta maior posição em ativos de pensão no mundo. Isso mostra que o processo de mudança gradual no seu regime previdenciário, que teve seu início em 1984, conseguiu cumprir com o objetivo de melhorar as contas públicas e fornecer suporte aos aposentados.

O modelo atual prevê a contribuição patronal obrigatória em um percentual do salário do empregado (tipicamente, 9,5%, com previsão de crescimento até 2021). Empregados participam também com contribuições mensais automáticas descontadas em folha ou contribuições eventuais voluntárias. Cada uma destas contribuições possui benefícios fiscais diferentes, de modo a aumentar a atratividade do investimento.

As classes mais pobres, ou seja, aquelas que não atingem o mínimo requerido mensal de AUD 450 para incidência de 9,5% na remuneração do empregado, têm sua aposentadoria viabilizada por meio de contribuições do governo.

O regime australiano de previdência permite ao investidor a escolha do fundo de sua preferência e, inclusive, permite a portabilidade de fundos. É possível trocar de fundo ou de gestor em busca de maior rentabilidade ou de redução de custos(1).

Em 2013 entrou em vigor o acordo Trans-Tasman Retirement Savings Portability, que permite a portabilidade de fundos de previdência entre fundos domiciliados na Austrália e na Nova Zelândia.

Posteriormente, o valor acumulado pode ser resgatado em caso de aposentadoria, invalidez ou doenças terminais, tanto na forma de um resgate do montante total acumulado quanto na forma de pagamentos mensais.

As discussões sobre pensões na Austrália não são atuais – em 1984, apenas 39% dos trabalhadores possuíam alguma aposentadoria

• 1984-5: Apenas 39% dos trabalhadores possuem aposentadoria. Estabelecimento de fundos em distintos setores.

• 1984-5: Introdução dos padrões de aposentadoria ocupacional de 1987.

• 1990-1: Ativos de aposentadorias totalizam USD 123 bilhões.

• 1998-9: APRA estabelecido como o regulador de reforma principal. ASIC assume um papel significativo.

• 2002-3: Os super-ativos totalizam USD 518,1 bihões ou 63,7% do PIB. Introdução da contribuição do governo para pessoas com baixa renda.

• 2004-5: Definição do fundo de pensão de aposentadorias recém-emitidas. Licenciamento obrigatório para administradores de fundos.

• 2014-5: Anúncio de reformas mais robustas (2011). Ativos chegam a USD 2 trilhões (contribuições mínimas do empregador são de 9,5% do salário do empregado).

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DesafiosOs desafios envolvendo a tendência de protagonismo de investidores são os seguintes:

Necessidade de revisão do modelo de distribuição e aconselhamento dos produtos de investimento, incluindo a Previdência (sistema de capitalização): O perfil do investidor brasileiro mudou nos últimos anos, apresentando maior exigência por uma experiência satisfatória, por menor complexidade na interação com os provedores de serviços financeiros e por maior dinamismo pautado por digitalização. Neste contexto, os modelos de distribuição devem ser revistos visando a adequação às reais necessidades de transparência e melhor compreensão de produtos e oportunidades de investimentos pelos investidores.

Transparência nas informações sobre riscos e custos dos produtos de investimentos: À medida que investidores priorizam uma experiência satisfatória no relacionamento com seus provedores de serviços financeiros, regulamentações ao redor do mundo reforçam a necessidade de maior transparência de riscos e custos de produtos e serviços de investimentos aos investidores, gerando desafios aos agentes de mercado.

Engajamento das instituições sobre o valor de investimento com propósito e entendimento das oportunidades: Em linha com as mudanças nos perfis e nas necessidades dos investidores encontram-se os investimentos com propósito pautados no tripé ambiental, social e de governança (ASG). Neste cenário, as instituições financeiras se movimentam para atender as expectativas dos investidores no que tange a sustentabilidade e rentabilidade.

Adaptação da documentação de produtos de investimentos para melhor entendimento do investidor: Estudos apontam a existência de lacunas no conhecimento financeiro da população no geral. Neste sentido, é imperativo que as instituições financeiras adequem sua comunicação de maneira a facilitar a compreensão pelos investidores dos produtos financeiros ofertados.

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Relacionamento independente e digital

Notas: (1) Investidores com renda mensal superior a BRL 9.541 (Raio-X do Investidor, ANBIMA, 2018). (2) Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2018. (3) A Pesquisa global da EY - The experience factor: the new growth engine in wealth management contou com a entrevista de mais de 2 mil clientes de gestoras de ativos e de patrimônio que representam um amplo espectro de segmentos, incluindo níveis heterogêneos de patrimônio, grupos de idades, regiões e gêneros. Além disso, a EY realizou entrevistas com mais de 60 executivos de gestoras de ativos e de patrimônio no mundo para entender como gestores estão pensando e investindo nos principais temas da indústria. A pesquisa foi traduzida para os idiomas locais e administrados de forma online por Oxford Economics.

Cenário internacional

Digital Pessoalmente Telefônico

59%

35%

67%

71% 28% 1%

20% 12%

65%

26% 14%Cliente

Aco

nsel

ham

ento

Serv

iço

Cliente

Gestor

Gestor

Cenário Latam

Digital Pessoalmente Telefônico

53%

64%

44% 56%

21% 15%

100%

27% 20%Cliente

Aco

nsel

ham

ento

Serv

iço

Cliente

Gestor

Gestor

Canais digitaisA revolução digital vem impactando também o mercado gestão de investimentos. No Brasil, aproximadamente 46% dos clientes do varejo alta renda(1) buscam informações por meio de contato direto com gerentes e/ou corretores de investimento, enquanto 50% das transações de investimento já são realizadas por canais digitais pelos clientes de varejo(2).

Globalmente, conforme pesquisa realizada pela EY(3), o canal digital foi o principal meio considerado pelos clientes para entendimento de produtos, aconselhamento e investimentos nos próximos anos. Esta expectativa é compartilhada pelos clientes da América Latina como um todo (Figura 40).

Esse modelo mais digital tem permitido a entrada de novos distribuidores no mercado de investimentos, que atuem de forma independente das instituições tradicionais. No cenário internacional pode-se citar o exemplo das norte-americanas Robinhood e Acorns.

Ambas são plataformas digitais que, de maneiras distintas, oferecem aos investidores benefícios nos custos dos serviços oferecidos. Isso tem permitido a criação de modelos de negócios alternativos.

A Robinhood é uma corretora de ações que permite aos clientes comprar e vender ações listadas nos EUA e ETFs com comissão zero. O objetivo da plataforma é capitalizar o vasto mercado inexplorado de potenciais investidores milenares.

A Acorns é um aplicativo de microinvestimento no qual os usuários vinculam seu cartão de crédito à sua conta da Acorns, que depois automaticamente investe em ações fracionárias de ETFs, permitindo que os investidores acumulem riqueza gradualmente e em segundo plano.

Fonte: Pesquisa Global EY - The experience factor: the new growth engine in wealth management

Figura 40 | Canais preferenciais por aconselhamento e serviços financeiros

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Figura 42 | Quantidade de Agentes Autônomos ativos (fev/ano)

6.484

7.253

8.659

2017 2018 2019

Fonte: Websites das companhias, clipping de notícias; https://www.moodys.com/research/Moodys-Brazils-independent-asset-managers-to-keep-benefiting-as-digital--PBC_1163038

Fonte: CVM

Fonte: CVM

Considerando o mercado brasileiro, a digitalização se faz presente. Gestoras independentes têm demonstrado capacidade para captar recursos e atrair investimentos em novos produtos. Desde 2016, já ganharam 400 pontos- base de participação de mercado e continuarão a aumentar seus ativos sob gestão (AuM).

Segundo a Moody’s, estima-se que um fluxo entre BRL 150 bilhões a BRL 250 bilhões migrou para fundos distribuídos via plataformas digitais, aproximadamente 3,2% - 5,4% dos ativos sob gestão na indústria de fundos no Brasil, e que mais BRL 100 bilhões podem migrar via plataformas em 2019 e 2020.

Este movimento, inclusive, vem transformando estratégias de preços, com diversas plataformas já com redução de preços (ou isenção de tarifas) na aplicação de títulos públicos, incluindo grandes bancos – somente no Tesouro Direto, mais de 60% das instituições habilitadas já não cobram taxas.

De 2010 até hoje, o número de instituições (digitais ou não) que isentam aplicações do Tesouro Direto subiu de quatro para 38 (Figura 41). Além disso, movimentos recentes incluem também a redução de taxas em fundos de previdência.

O sucesso das plataformas digitais, contudo, deve-se também à sua capacidade de reconhecer a importância do elemento humano no processo de investimento. Ainda segundo pesquisa da EY, ao menos 20% dos investidores anteveem a interação humana como seu principal canal para entendimento de produtos, investimentos e aconselhamento, sem contar a importância que este papel representa de modo complementar para os clientes que têm preferência pelos canais digitais.

Agentes autônomos e consultores de investimentoAqui, também, a interação humana continua importante – evidenciada pelo crescimento de 15% ao ano dos agentes autônomos nos últimos dois anos, mesmo durante o cenário de crise (Figuras 42 e 43). O agente autônomo provê ao sistema a capilaridade no processo de identificação e atendimento aos investidores enquanto traz ao investidor o conforto com relação ao conhecimento dos produtos.

Nos Estados Unidos, onde este modelo de atuação de agentes autônomos surgiu e se popularizou, a atuação destes agentes está atrelada à distribuição de produtos de casas específicas, e a remuneração dos profissionais caracteriza-se como indireta uma vez que possuem relação primária com as entidades que representam.

Esta característica gera a necessidade de alguns clientes contratarem serviços especializados de investimentos que sejam independentes da indústria, permitindo ao cliente escolher entre diferentes fornecedores sob sua óptica.

E para atender esse mercado há os consultores independentes (Independent Registered Investment Advisors - RIAs), que são contratados pelos próprios clientes, sem vínculos com instituições, e sua remuneração independe

Figura 41 | Quantidade de instituições com taxa zero no tesouro direto

4

38

Novembro 2010 Fevereiro 2019

Figura 43 | Quantidade de consultores de investimentos ativos (fev/ano)

663 696 748

2017 2018 2019

dos gestores e administradores dos fundos, posto que quaisquer benefícios devem ser revertidos aos investidores. Ademais, os consultores financeiros são obrigados a respeitar suitability e não podem executar ordens dos clientes. Assim, atuam de modo relevante para construir a confiança do investidor no sistema.

No Brasil, os agentes autônomos atuam em modelo similar ao americano e são certificados pela ANCORD (Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbios e Mercadorias). Já os consultores financeiros independentes são certificados por entidades como Certificação de Especialista em Investimentos ANBIMA (CEA), Certificado de Gestores ANBIMA (CGA), Certified

Fonte: Pesquisa Global EY - The experience factor: the new growth engine in wealth management

Fontes: Websites das companhias, clipping de notícias; https:// www.moodys.com/research/Moodys-Brazils-independent-asset-managers- to-keep-benefiting-as-digital--PBC_1163038; CVM-http://sistemas.cvm.gov.br/port/cadastro/ftp.asp; EY analysis.

Figura 44 | Divergências de modelos de remuneração

17%25%

14% 20% 21%29%

19%29%

17%23%

34% 26%

32% 25%35%

23%32%

21%35% 30%

26%18% 30%

20%

26%20% 27%

17%23% 15%

23%31% 24%

35%18%

28% 22%33%

25% 32%

Atual Atual Atual Atual AtualDesejado Desejado Desejado Desejado Desejado

Global América do Norte LATAM EMEA APAC

% Taxas fixas anuais Remuneração por transações % de ativos investidos Não sabem

Comparação de responsabilidades profissionais Agente Autônomo

Consultores Independentes

Responsabilidade fiduciária

Suitability

Selecionar investimentos ao cliente

Explicar o tipo de serviço financeiro que oferecem a possíveis clientes

Encontrar clientes pessoalmente para discutir metas financeiras

Ajudar clientes a se planejar para circunstâncias específicas, como aposentadoria

Educar clientes e retirar dúvidas sobre opções de investimentos e riscos potenciais

Vínculo com entidades intermediárias

Remuneração atrelada a taxas de administração

Remuneração Independente, paga pelo cliente

Financial Planner(CFP), Certificado Nacional do Profissional de Investimento (CNPI), Chartered Financial Analyst (CFA), e registrados na CVM.

Há menos de mil consultores independentes ativos e mais de 8 mil agentes autônomos (Figura 43). Contudo, a diferença entre os dois profissionais ainda é um conceito relativamente novo para a população de investidores que está razoavelmente desacostumada à atuação deles.

RemuneraçãoGlobalmente, embora o cenário seja otimista para o crescimento destes fatores na construção do mercado

de investimentos, plataformas e agentes autônomos têm sido objeto de desafio quanto ao seu modelo de remuneração, por vezes distinto do desejado pelos clientes.

Segundo pesquisa realizada pela EY, a preferência por taxas fixas vem aumentando enquanto a preferência por taxas baseadas em ativos sob gestão vem declinando.

Aproximadamente um terço dos clientes está insatisfeito com a forma como estão sendo cobrados, e um quarto dos clientes não tem certeza de como estão sendo cobrados: os investidores mais frequentemente preferem remunerar estes profissionais por meio de taxas fixas anuais em vez de modelos de remuneração por transação ou como percentual de ativos investidos (Figura 44).

Tabela 3 | Comparação de responsabilidades profissionais

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Como consequência direta deste desafio surge a necessidade dos players de repensar o modo de cobrar ou de explicitar o valor do aconselhamento.

Robo-advisorsO crescimento da demanda por aconselhamento financeiro fez também com que outra figura ganhasse relevância no mercado de investimentos: os robo-advisors.

O advento do aconselhamento por robôs fez com que players tradicionais lançassem suas ofertas de robo-advisors para competir com os existentes. Neste processo foi visto que alguns destes players lançaram seus próprios robo-advisors, outros fizeram parcerias com outros provedores, e outros ainda compraram ex-players independentes.

Como consequência, em 2016 havia cerca de 40 consultores robóticos autônomos que administravam coletivamente cerca USD 55 bi nos EUA, incluindo as plataformas Vanguard e Schwab(1).

Estima-se que o crescimento médio global dos ativos sob gestão e aconselhamento robótico seja de 27% ao ano até 2023, atingindo mais de USD 2,6 tri (Figura 46) e sendo o maior impulso à adoção pela China, onde a crescente indústria de serviços bancários e financeiros está conduzindo a demanda por este tipo de tecnologia.

Ainda que inicialmente os robo-advisors tenham buscado investidores menos acostumados - ou interessados - no modelo de interação humana, parte do crescimento tem sido no apoio aos próprios agentes autônomos de distribuição.

Figura 45 | Lançamento de robo-advisors (selecionados)

Seguindo este preceito, espera-se mais robôs atuando de modo a apoiar gestores (B2B) e distribuidores (B2B2C) ao longo do tempo, operando de modo coordenado com redes de consultores para ajudá-los a atingir escala, reter clientes e permanecer rentáveis.

Figura 46 | Ativos sob gestão de robo-advisors no mundo - estimativa (USD tri)

2019 2020 2021 2022 2023

1

1,2

1,6

2

2,6

Fontes: Statista, clippings, Análise EY

Nota: (1) Pesquisa EY Rapid change in all fronts: The EY GCC Wealth and Asset Management Report

Fonte: CB Insights.

No Brasil, o uso de robos-advisors ainda é incipiente, com potencial para forte crescimento. Os principais players do mercado brasileiro de robo-advisor tiveram crescimento de 15% a 18% ao mês desde 2016.

Além disso, segundo o buscador de investimentos Yubb, os quatro maiores robôs do Brasil apresentaram em 2017 a maior rentabilidade média do mercado referente a 131,54% do CDI, seguido pela média dos fundos multimercado, que renderam no período 130,14% do CDI. Estes indicadores têm sido grandes atratores para novos investidores, dentro da cultura de curto prazo e comparação com CDI no Brasil.

Fonte: Análises EY.

Figura 47 | Distribuição de empresas por tipo de robo-advisors

Foco em clientes

Foco em consultores

Ambos

26%

39%

35%

Fontes: https://moneytimes.com.br/qual-e-o-melhor-robo-de-investimento, Statista

Figura 48 | Estimativas de ativos sob gestão de robo-advisors no Brasil (USD bi)

2019 2020 2021 2022 2023

4378

125

181

244

Ainda que os volumes sejam tímidos no Brasil, conforme mostrado no gráfico abaixo, o site Statista estima que os robo-advisors tenham alcançado USD 21 milhões no Brasil em 2018 – a perspectiva de crescimento é agressiva, com BRL 43 mi no fim de 2019 e atendendo mais de 20 mil clientes. Esta taxa de crescimento prevista supera bastante a média mundial (Figura 48).

O uso de aconselhamento híbrido, isto é, por consultores apoiados por robôs, já representa mais de um terço das empresas do robo-advisors e concilia a interação humana com a conveniência e automação da atuação via robôs. Sendo assim, o papel dos robôs está mais focado no rebalanceamento de carteiras e execução de ordens, enquanto o agente se preocupa com o adequado entendimento das necessidades do cliente e explicação das características dos produtos.

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Uma vez que as plataformas com interface com robo-advisors estão sendo consolidadas no mercado, diversos países que vêm aprimorando sua legislação de modo a viabilizar a expansão saudável de robo-advisors, conforme mostrado abaixo.

2013

20152017

2018

2016

Reino Unido - A Revisão de Distribuição de Varejo (RDR) teve como objetivo proteger os consumidores no mercado de investimento de varejo, banindo comissões para FAs e plataformas, aumentando a transparência de taxas e serviços e elevando o nível de qualificações de consultor.

A Financial Conduct Authority (FCA) identificou uma lacuna de aconselhamento, revelando que 16 milhões de pessoas precisavam de aconselhamento profissional, mas não podiam pagar.

Reino Unido, EUA e Austrália - Reguladores de Austrália, Estados Unidos e Reino Unido indicaram que revisarão os regulamentos atuais para a indústria de consultoria financeira automatizada.

Europa - O Comitê Conjunto das Autoridades Europeias de Supervisão (Joint Committee of the European Supervisory Authorities- JCESA) considera quais regulamentos serão necessários para aconselhamento robótico na UE.

EUA - A introdução progressiva do DOL foi adiada até 9 de junho de 2017. Espera-se que o DOL aumente os custos de conformidade para corretores e empresas de RIA menores e independentes, podendo resultar na saída do setor. Por outro lado, os robo-advisors, com suas baixas taxas / comissões e preferência por fundos de índice de baixo custo, serão adequados às regras do DOL e poderão se beneficiar deste desenvolvimento.

Nova Zelândia - O governo divulgou a Emenda à Legislação de Serviços Financeiros, abrindo caminho para robo-advisors no mercado.

Hong Kong - A Comissão de Valores Mobiliários e Futuros lançou uma consulta sobre aconselhamento robótico e distribuição de produtos on-line observando riscos relacionados a plataformas, incluindo segurança cibernética e proteção de dados.

Europa - As regras do MiFID II com vencimento em 2018 podem ter implicações semelhantes aos do DOL aos robôs, com impacto a ser avaliado.

Reino Unido - A FCA finalizou a Revisão do Mercado de Consultoria Financeira (Financial Advice Market Review - FAMR), que abordou a acessibilidade financeira e ao aconselhamento financeiro, que incluiu recomendações para ajudar as empresas a desenvolver modelos automatizados de aconselhamento.

EUA - A Regra Fiduciária do Departamento de Trabalho (DOL) expande a definição de “consultoria fiduciária de investimento” sob a Lei de Segurança de Renda de Aposentadoria do Empregado de 1974 (Employee Retirement Income Security Act - ERISA). A definição foi expandida para incluir qualquer profissional fazendo uma recomendação ou solicitação - não apenas dando conselhos. A intenção é melhorar a proteção do consumidor, obrigando os consultores a agir no melhor interesse de seus clientes.

Austrália - A Comissão Australiana de Valores Mobiliários e Investimentos (Application Specific Integrated Circuits - ASIC) divulgou sua orientação para provedores de aconselhamento robótico (RG 255), abordando questões exclusivas do aconselhamento digital, como a obrigação de competência organizacional e as formas de monitorar e testar algoritmos.

Singapura - A Autoridade Monetária de Singapura anunciou planos para novas regras de aconselhamento robótico à medida que muda de centro financeiro para centro financeiro inteligente.

DesafiosOs desafios envolvendo o relacionamento independente e digital são os seguintes:

Alinhamento de canais às preferências de cada investidor: À medida que os relacionamentos mais independentes e digitais ganham espaço no mercado, os investidores passaram a ter mais opções de canais de acesso a produtos e serviços. Desta forma, o mercado deverá ser capaz de entender o perfil e as preferências de cada investidor e suprir, com qualidade, as demandas do investidor.

Formação e capacitação dos agentes de mercado em contato com investidores: À medida que cresce o número de profissionais em contato com investidores (agentes autônomos, consultores independentes, distribuidores, entre outros), a indústria precisará lidar com a formação de capital humano qualificado para simultaneamente atender às questões técnicas e educar os investidores com relação a produtos e funcionamento do sistema.

Responsabilidade dos agentes: Uma discussão constante é a delimitação de responsabilidades de cada um dos agentes de mercado no processo de investimento. Em particular, o crescimento dos agentes autônomos traz a necessidade de a indústria conseguir definir quais as responsabilidades este agente tem para com o seu cliente e o mecanismo de transparência sobre estas responsabilidades e suas limitações.

Amadurecimento dos algoritmos e aumento na confiança na utilização de robo-advisors: Uma vez que a tendência de digitalização e independência se fortalece globalmente, a indústria de investimento deverá proporcionar ao investidor segurança e confiabilidade nos novos canais. Para isso, é necessário amadurecer recursos tecnológicos e reguladores no Brasil para gerar crescimento sustentável aos novos recursos.

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Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

Fonte: CVM

Quadro 1 | Pontos de análise do perfil do cliente segundo a Instrução 539

Objetivo dos clientes• Horizonte de investimento.

• Preferências do cliente quanto a assunção de riscos.

• Finalidades do investimento.

Situação financeira• Valor de receitas regulares declaradas.

• Valor dos ativos que compõem o patrimônio.

• Necessidade futura de recursos.

Conhecimento do cliente• Tipos e produtos com os quais o cliente tem familiaridade.

• Formação acadêmica e experiência profissional do cliente.

De acordo com a CVM(1), o suitability é definido como o “dever de verificação da adequação de produtos, serviços e operações ao perfil do cliente”. No Brasil, tornou-se uma regra em 2013, por meio da Instrução 539 da CVM, a ser respeitada pelos integrantes do sistema de distribuição de produtos de investimento e consultores de valores mobiliários no momento de recomendar produtos, realizar operações ou prestar serviços. A instrução não somente estabeleceu vedações, obrigações, procedimentos e controles internos para as instituições como também fez uma estruturação do perfil dos investidores, como demonstra o Quadro 1.

Curiosamente, o início da sua adoção no Brasil remonta a 2008, antes da regulamentação, quando as áreas de private banking dos associados à ANBIMA começaram a implementar os processos de suitability em seus negócios, e foi expandida aos clientes de varejo em 2010. À época, era considerada uma boa prática do mercado.

Nota: (1) Instrução 539 da CVM.

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É interessante notar que na regulação de suitability existem algumas diferenças entre Brasil, Estados Unidos e União Europeia sobre quem deve respeitar as normas da regulação.

A Tabela 4 mostra que o suitability no Brasil se aplica a consultores financeiros e integrantes da distribuição de produtos, principalmente os agentes autônomos. Entretanto, vale lembrar que enquanto o suitability sobre os consultores financeiros recai principalmente na recomendação de produtos, no caso dos agentes autônomos ele se encaixa na seleção e na forma de oferecimento de produtos, já que eles não podem fazer recomendações aos investidores. Já no caso da Europa, o artigo 54 e 55 do MiFID II atribui aos consultores financeiros e aos gestores de portfólios o respeito ao suitability, sendo que a inclusão dos gestores de portfólios parte do princípio de que eles tomam decisões em nome do investidor.

Os Estados Unidos, por sua vez, impõem o suitability aos corretores, que estão inseridos na distribuição dos produtos, enquanto consultores financeiros e gestores de portfólios necessitam respeitar o seu dever fiduciário com os investidores(1).

No tocante à condução do suitability, a regulação brasileira é muito focada em processos documentais, enquanto nos Estados Unidos e na União Europeia os processos de avaliação e a regulação de suitability dão maior espaço para as interações pessoais realizadas com os investidores em

canais de atendimento como e-mail e telefone.

Vale notar também que a Instrução 539 não oficializa nenhuma estrutura-padrão para os questionários de avaliação de perfil do investidor (API), enquanto o MiFID II traz uma recomendação para a estrutura-padrão dos questionários e solicita também que as instituições documentem cada recomendação feita ao investidor em um formato-padrão, gerando maior esforço operacional para as instituições financeiras do segmento de varejo em registro, organização e arquivamento das recomendações.

Levando em consideração o conteúdo dos questionários aplicados, é possível identificar a sugestão de inclusões de tópicos de investimento socialmente responsável no MiFID II, enquanto nos Estados Unidos pode-se enxergar o início da prática de novas formas de questionários de perfil de risco que procuram trazer melhor experiência ao investidor aproximando o questionário de um jogo interativo e incluindo critérios mais amplos para a pontuação das respostas de maneira a trazer recomendações mais alinhadas com o perfil do investidor.

Nota-se que no caso do Canadá, por exemplo, não existe uma regulação específica para suitability e dever fiduciário, o que é visto por participantes de mercado como uma fonte de vulnerabilidade a proteção dos consumidores.

Brasil (CVM/ANBIMA) Europa (ESMA) Estados Unidos (FINRA)

• CVM: Instrução 539

• CVM: Instrução 592(2)• ESMA: MiFID II (Artigos 54 e 55)

• FINRA (subordinada à SEC): Lei no 2111

• Consultores de investimentos e outros integrantes do sistema de distribuição de investimentos (ex.: agente autônomo)

• Consultores de investimentos e gestores de portfólios(3)

• Corretores (conhecidos como broker-dealers)

Reg

ulaç

ãoA

que

m

se a

plic

a

Tabela 4 | Regulações de suitability no Brasil, na União Europeia e nos Estados Unidos

Fonte: (1) O suitability é o dever de verificar a adequação do investidor ao investimento recomendado, enquanto o dever fiduciário diz respeito à obrigação de realização de recomendações de forma independente e guiada apenas pelos benefícios e interesses dos investidores. Embora sejam diferentes, suitability e dever fiduciário são termos com alto grau de entrelaçamento. (2) A Instrução 592 da CVM separa a função de consultoria de investimentos de outras funções (ex.: agentes autônomos), pois a consultoria é adotada e implementada exclusivamente pelo cliente. (3) Os gestores de portfólio se enquadram na regulação, pois segundo a ESMA eles tomam decisões de investimentos em nome dos investidores ao selecionar os ativos do portfólio.

Fonte: Análise EY; CVM; SEC; ESMA; FINRA

Figura 49 | Estrutura da análise de perfil do investidor frequentemente utilizada nos EUA, na UE e no Brasil

Definição de objetivos do investidor

Aplicação de questionário

Definição de perfis

Alocação de ativos

Por último, analisando a avaliação de perfil de investidor nas localidades mencionadas(1), foi possível observar que ela tem sido focada principalmente na aplicação de questionários. A Figura 49 demonstra a estruturação do processo de

Nota: (1) Brasil, Estados Unidos e União Europeia.

Brasil União Europeia e EUA Próximos passos

• A metodologia de captura de objetivos do investidor é heterogênea e baseia-se mais no preenchimento documental do que em interações pessoais com os clientes.

• A captura de objetivos é considerada satisfatória, porém investidores podem ter dificuldade em traduzir objetivos em termos financeiros e de prazos.

• Melhoria no apoio ao investidor para quantificação e definição de prazos para os objetivos, e conciliação de múltiplos objetivos.

• A avaliação da atitude ao risco costuma ter pouco alinhamento com as avaliações de KYC e de portfólio.

• Tal qual no Brasil, a avaliação da atitude ao risco costuma ter pouco alinhamento com as avaliações de KYC e de portfólio.

• Maior interligação entre tópicos dos pilares de KYC e de perfil de risco.

• Formato de pontuação reflete relação direta entre renda e atitude ao risco, podendo levar à impressão de que indivíduos de maior renda têm mais atitude ao risco e mais disposição para perdas.

• Conjunto de questões focada na atitude perante o risco. Questões, contudo, são ponderadas igualmente para todos os clientes.

• Relevância das questões tende a ser ponderada de acordo com os resultados da análise de KYC.

• Nas plataformas abertas há possibilidade de distribuição de produtos visando melhores comissões em detrimento do perfil do cliente.

• Maior transparência sobre modelos de remuneração de plataformas abertas mitiga efeito de comissões.

• Dificuldade em levar o investidor a um portfólio condizente com seu perfil.

• Processo de alocação cada vez mais casado com o resultado dos questionários.

Defi

niçã

o de

O

bjet

ivos

Apl

icaç

ão d

e Q

uest

ioná

rio

Defi

niçã

o de

Per

fisA

loca

ção

de A

tivo

s

Tabela 5 | Práticas de suitability no Brasil, na União Europeia e nos Estados Unidos

Fontes: CFA Institute, Questionários de instituições.

avaliação dos perfis de investidores frequentemente utilizada pelas instituições financeiras, enquanto a tabela 5 faz uma análise da forma como cada etapa é conduzida e traz sugestões de próximos passos.

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O pilar de Conheça seu cliente (em inglês, KYC – “Know your customer”) aborda questões como os aspectos financeiros do cliente, que dão o panorama de sua saúde financeira e agrega dimensões novas, como analisar conhecimentos e experiências que ajudam a capturar o nível de entendimento de cliente sobre investimentos em geral e sobre produtos específicos. A percepção de fatores “soft”, como idade, saúde e aposentadoria, por sua vez, permite inferir como o atual estágio de vida do cliente pode influenciar no retorno desejado e no risco a ser tomado. Por último, existem os objetivos do cliente, que sinalizam questões de horizonte de investimento, prioridades financeiras e tributação.

O perfil de risco subdivide-se em três componentes:

• A capacidade para perdas (exclui aspectos psicológicos), que avalia os impactos de possíveis perdas com investimento no estado atual de vida do cliente e nos seus planos financeiros futuros.

• A disposição para perdas, que avalia a disposição do cliente em lidar com perdas visando maiores retornos.

• E, por último, a atitude ao risco avalia a tolerância do investidor em tomar qualquer tipo de risco.

Já no aspecto de avaliação de portfólio existem quatro pontos principais:

• A alocação de ativos busca ter uma visão completa de todos os investimentos do cliente, independentemente do provedor, de forma que o perfil seja respeitado, a concentração de ativos define a proporção de cada tipo de ativo para respeitar o perfil de risco do cliente.

• A necessidade de liquidez adequa a duração da carteira de acordo com o horizonte de investimento do cliente.

• Por último, o alinhamento ao perfil de risco resgata todos os produtos financeiros do cliente independentemente do provedor para criar uma carteira de ativos adequada ao histórico de tomada de risco do investidor.

Quadro 2 | Ampliação da visão do cliente no processo de Suitability 2.0 (Modelo conceitual)

Objetivos

KYCAvaliação portfólio

Perfil de risco

Alocação de ativos

Alinhamento ao perfil de risco

Concentração de ativos

Necessidade de liquidez

Atitude ao risco

Disposição para perdas

Capacidade para perdas

Conhecimentos e experiências

Fatores soft

Informações financeiras

Cada estágio de vida traz desafios específicos para os investidores e para o próprio processo de suitability, demandando maior profundidade na avaliação de perfil para identificar os investimentos mais adequados (Figura 50). Exemplos:

• Investidores inexperientes: Possibilidade de seleção de produtos que beneficiem os consultores apenas, além de os novos produtos poderem ser mais custosos e terem menos benefícios do que o produto a ser substituído.

• Alterações/substituições no portfólio: Possível impacto direto em outras prioridades financeiras do investidor,

caso possua mais de um objetivo de investimento. Além disso, existe maior dificuldade em avaliar efetivamente o perfil de risco dos investidores, pois muitas vezes não estão acostumados a oscilações do mercado. Por fim, os clientes podem ter dificuldade em tomar decisões com base nos direcionamentos recebidos.

• Clientes acima de 75 anos: Horizonte de investimento pode ser limitado, com menor espaço de recuperação de perdas, além de possuír maior dependência de rentabilidade para complementação de renda.

Fonte: Análise EY

Figura 50 | Gatilhos e eventos iniciais do cliente

Eventos da vida

Riqueza

1a conta bancária

1o carro

Ano sabático/ viagem ao

exterior

Relacionamento sério

Viaja/trabalha no exterior

Estudo futuro

Planeja o futuro dos filhos

Mais estudos

Planeja aposentadoria

Entrada de muito dinheiro

Sacrífico de salário

Morte dos pais

Muda para emprego de

meio período

Nascimento dos netos

Aposenta-se

Muda-se para lugares com

ritmo de vida tranquilo

Morte do cônjuge

Doença

Única fonte de renda da família

1o Emprego meio período

Início da universidade

Graduação

1o Emprego tempo integral

Morar sozinho

Casa-se

Compra 1a Casa

1o filho

2º ou +filhos

Volta a ter duas fontes de

renda na família

Divórcio

Muda-se para casa

melhor

Casamento de filhos

Ajuda filhos financeiramente

Foca na saúde

Viagem + trabalho

comunitário

Idade <25 anos 25-44 anos 45-54 anos 55-64 anos 65 ou + anos

Estágio da vida Iniciando Estabelecendo as bases

Criando riquezas (Contrai empréstimos)

Constrói riquezas (Investe) Otimiza riquezas Perda de riqueza

Ativos

Passivos

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Desafios Os desafios envolvendo a tendência de suitability são os seguintes:

Responsabilidade pelo suitability: Em um cenário de múltiplos gestores, plataformas abertas, agentes autônomos e consultores financeiros independentes, a responsabilidade pelo suitability – e por uma possível decisão de alocação de ativos decorrente do suitability ou da falta dele – passa a ser crítica. A indústria de investimentos deverá equacionar o tema e delinear as fronteiras de responsabilidade, de modo a alinhar incentivos e buscar o melhor suitability para o cliente.

Percepção de valor no processo de suitability: À medida que os processos são digitalizados, a expectativa do cliente se move para buscar interações em “em um único clique”. Desta forma, o processo de suitability baseado em coleta de informações dependerá de apresentar benefícios tangíveis a fim de engajar o cliente ao longo de todo o processo – algo particularmente difícil, dado que o bom suitability tangibiliza-se ao longo do ciclo de vida do investimento.

Restrições ao uso de dados de clientes: Com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), não somente as informações colhidas para avaliações de perfil de investidor estarão limitadas aos usos autorizados como a complementação da análise com dados coletados em outras fontes dependerá de autorizações específicas para este fim.

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Inovação viabilizando eficiência

O atual cenário global do mercado de gestão de ativos e patrimônio (wealth e asset management) vem sendo marcado por um movimento de compressão das margens das instituições provedoras destes serviços. Este movimento é consequência da queda das taxas pagas pelos clientes e do aumento de despesas (Figuras 51 e 52).

A queda de taxas pagas pelos investidores têm relação com a maior consciência destes sobre as taxas que são cobradas e com a maior competição que o mercado vem abrigando. Quanto a elevação de custos, cabe destacar o compliance com as regulações como fator importante.

Para se adaptar a este cenário, as instituições precisam ir além da regulação e da eficiência operacional, buscando crescimento de receita por meio de investimento em novos recursos, introdução de novos produtos, expansão para novos mercados e determinação de maneiras mais eficazes de distribuir seus produtos. Em linha com estas necessidades, resultado de pesquisa realizada pela EY (Figura 53) demonstra que os gestores têm o crescimento de receita como foco principal dos seus orçamentos estratégicos para os próximos anos.

Figura 52 | Despesas das instituições da indústria de gestão de ativos e patrimônio

(USD bi)

2015 2016 2017

+3%

63

35 35 38

28 28 30

6267

Compensações e benefícios Outros

Total de ativos líquidos em fundos (USD bi)Taxa média de despesa do fundo ponderada pelo total de ativos (%)

2012 2013 2014 2015 2016

1,4

1,37%

1,5

1,24%

1,8

1,02%

2,4

0,87%

2,5

0,82%

APAC

Notas: (1) Indica a relação entre despesas totais do fundo e o total de ativos, que é ponderado pelo total de ativos dos fundos analisados. Grande parte das despesas são taxas de administrações pagas pelo investidor, portanto, quanto menor seu valor, menor será o total de taxas de administração pagas pelos clientes em função dos ativos geridos, indicando que o aumento de ativos geridos não está sendo revertido em receita para os gestores. (2) Países da Ásia e Pacífico. (3) Europa e Oriente Médio.Fontes: Morningstar Direct, Tricumen.

Fontes: Morningstar Direct, Tricumen.

Figura 53 | Principal foco dos orçamentos estratégicos para os próximos anos dos gestores entrevistados pela EY

50%

16%

68%

50% 40%

13%

25%

11%

10%

19%

42%

14%

10%

17% 17%7%

50%40%

Global APAC(2) EMEA(3) Latam América do Norte

Crescimento de receita Eficência operacional

Compliance regulatório Prioridade mistas

Fonte: EY Digital Disruption in Wealth Management: Are you supporting tomorrow’s wealth management with yesterday’s technology?

2012 2013 2014 2015 2016

1,18% 1,21%1,12%

0,99%0,90%

1 1,2 1,3 1,2 1,1

Reino Unido

2012 2013 2014 2015 2016

1,17%1,10%

0,98% 1,00% 0,95%

6,17,1 7,6

9,18,3

Europa

2012 2013 2014 2015 2016

EUA

0,64% 0,62% 0,58% 0,56%0,52%

12,3

14,515,8 15,9

17,2

Figura 51 | Total de ativos líquidos (USD bi) vs taxas de despesa/total de ativos líquidos(1)

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Quanto às demandas dos investidores, observa-se que digital (canais digitais e ferramentas de autosserviço) e processos eficientes são pontos de atenção e oportunidades de alavancar o crescimento de receita no Brasil, já que considerável quantidade de investidores consideram estes fatores importantes e estariam dispostos a pagar mais por eles (Figura 54).

No resto do mundo, processos eficientes e a qualidade e frequência das interações entre instituição e investidor são pontos de melhoria que podem gerar oportunidades de crescimento de receita.

Em relação aos investimentos em tecnologia, as instituições têm considerado a adequação às normas regulatórias e a

Figura 55 | Resultados de pesquisa EY com profissionais da área de TI da indústria de gestão de ativos e patrimônio - (%) dos entrevistados que concordam com a alternativa indicada

Quais prioridades estratégicas de negócios geram mais impactos para a área de TI?

Compliance regulatório

Redução de riscos

Eficiência operacional e melhorias

Crescimento de receita e proteção

80%

53%

57%

53%

77%

70%

67%

63%

eficiência operacional como fatores mais impactantes em suas operações (Figura 55). Como consequência, os principais objetivos das áreas de tecnologia destas instituições vêm sendo a melhoria do time to market e a redução de riscos (Figura 56).

Estes resultados indicam uma busca por maior flexibilidade e segurança. Em virtude tanto da demanda por serviços mais digitais, eficientes e de qualidade do lado dos investidores quanto da necessidade de melhorar a eficiência das operações e a mitigação de riscos do lado das instituições, a adoção de novas tecnologias e de inovações torna-se uma forma de gerar melhoria de indicadores (KPIs) em todas as dimensões relevantes dos negócios da indústria de gestão de investimentos (Tabela 6).

Próximos 36 mesesPróximos 12 meses

Fonte: EY Digital Disruption in Wealth Management: Are you supporting tomorrow’s wealth management with yesterday’s technology?

Figura 54 | Resultados de pesquisa EY com investidores sobre fatores importante para a experiência na indústria de gestão de ativos e patrimônio

% dos clientes entrevistados que definem o fator como importante para uma boa experiência de serviços dentro da indústria de gestão de ativos e patrimônio.

Brasil

Processos eficientes

% dos clientes dispostos a pagar mais

pelo serviço citado.

Canais digitais

Respostas rápidas

Ferramenas de autosserviço

Qualidade e frequência

Informações precisas da conta

Availabilidade do conteúdo

62%

76%43%

37%

31%

29%

28%

25%

Resto do mundo

Informações precisas da conta

% dos clientes dispostos a pagar mais

pelo serviço citado.

Processos eficientes

Qualidade e frequência

Ferramenas de autosserviço

Canais digitais

Respotas rápidas

Availabilidade do conteúdo

48%

60%

45%

36%

33%

31%

30%

23%

Fonte: EY The experience factor: the new growth engine in wealth management.

Fonte: EY Digital Disruption in Wealth Management: Are you supporting tomorrow’s wealth management with yesterday’s technology?

Fonte: EY Digital Disruption in Wealth Management: Are you supporting tomorrow’s wealth management with yesterday’s technology?

Tabela 6 | Adoção de tecnologias e inovações como fonte de melhoria de indicadores

Quais são os principais objetivos de TI nos próximos anos?

Figura 56 | Resultados de pesquisa EY com profissionais da área de TI da indústria de gestão de ativos e patrimônio - (%) dos entrevistados que concordam com a alternativa indicada

Melhoria do time to market

Redução de riscos

Redução de complexidade

Redução de custos

Estabilidade

Inovação e capacidade digitalPróximos 36 mesesPróximos 12 meses

50%

57%

50%

53%

53%

47%

67%

63%

50%

47%

47%

43%

Dimensão Melhoria dos indicadores

Como a adoção de tecnologia pode melhorar as dimensões do negócio

Vendas & experiência do cliente

Receitas 1,5xMelhor gestão de oportunidades, capacidade de inteligência sobre clientes, inovações de produtos, assim como alcançar uma satisfação superior do cliente impulsionam as receitas por cliente.

Cross-selling 2,5x - 6x Propostas de vendas cruzadas mais bem direcionadas aumentam as taxas de conversão em vendas.

Penetração de clientes +30% Melhor segmentação e satisfação do cliente impulsionam a adoção de novos produtos.

Fidelização e retenção 20% a 25%A falta de foco no cliente é um dos principais fatores de desligamento: modelos de previsão e chamadas proativas reduzem desligamentos.

Operações

Custos operacionais Abaixo de -20% Centralização mais forte no cliente baseada em aspectos digitais reduz complexidade operacional (ex.: menos produtos).

Quantidade de pessoal -30% a -40% Aumento da digitalização dos processos reduz quantidade de pessoal nos processos.

Risco Custos/riscos de custos -23% em atraso de clientes Técnicas preditivas ajudam a entender o comportamento do cliente e permitem o uso de processo diferenciados e eficientes.

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Dentro deste cenário de maior exigência de adequação às demandas regulatórias, cabe destacar o crescimento das regtechs como instrumento de apoio, já que elas têm oferecido abordagens rápidas e tecnologias avançadas, como ferramentas de monitoramento e controle de grande quantidade de sistemas em tempo real.

No curto prazo, as regtechs trazem redução de custos relacionados a compliance e também soluções flexíveis e mais escaláveis, enquanto no longo prazo geram vantagens competitivas por melhorar a experiência dos clientes, a governança e a execução das políticas de gerenciamento de risco. Observa-se que a automação de processos de compliance foi o campo de atuação das regtechs que mais recebeu atenção da indústria de gestão de ativos e patrimônio do Reino Unido em 2017 (Figura 57), comprovando a visão das regtechs como fonte de melhoria da eficiência operacional. Além da expansão das regtechs, atualmente observa-se um aumento do espaço para adoção de terceirizações de serviços como forma de redução de custos e aumento de eficiência operacional na indústria. A França vêm se destacando com relação à terceirização de

Figura 57 | Pesquisa EY sobre os motivos de utilização de regtechs

59%29%

12%

ComplianceAntifraude

Relatórios regulatórios

Figura 58 | Adoção de processos de terceirização na indústria de

gestão de ativos e patrimônio francesa

82%

58%

Dos processos temporários são terceirizados

Dos processos permanentes são terceirizados

Fonte: Overview of Current Issues for the Securities Industry: A Focus on Fintech (EY). Survey realizada com especialista da indústria de gestão de ativos e patrimônio do Reino Unido.

Fonte: AMF – Autoridade dos Mercados Financeiros da França.

operações e sistemas de informações (Figura 58). Já em Luxemburgo, o modelo operacional está centrado na terceirização com a empresa de gestão dos fundos supervisionando as atividades dos prestadores de serviços em etapas individuais.

Em paralelo ao surgimento das oportunidades de adoção de regtechs e terceirizações, iniciativas de desenvolvimento de utilities aparecem, com alguns países implementando modelos relativamente maduros de compartilhamento de custos e informações.

Neste sentido, destaca-se a Fundsquare que além de ser o maior banco de dados europeu, é uma plataforma de propriedade da Bolsa de Valores de Luxemburgo desenvolvida no formato de mutualização de custos com o objetivo de fornecer infraestrutura mais eficiente e padronizada para intercâmbio de informações e mensagens de transações. Além da Fundsquare, cabe citar a Agência de Transferência do Reino Unido, organização utilizada por empresas de fundos mútuos e de serviços financeiros para preparar e governar tanto documentos quanto registros relacionados a contas de acionistas.

Fonte: Análises EY.

Ainda que as iniciativas de redução de custos e melhoria de eficiência operacional sejam importantes para as instituições de gestão de ativos e patrimônio lidarem com o cenário global de compressão de margens da indústria, a utilização de novas tecnologias, principalmente de alternativas digitais, tem sido considerada pela indústria como importante maneira de lidar com um conjunto relevante de pontos de atenção no

relacionamento com clientes e, com isso, fornecer serviços que agregam os fatores que os clientes mais dão valor, como digital e processos eficientes. Neste sentido, existem formas, por exemplo, de aplicação de alternativas digitais nos processos de venda de cotas de fundo de investimento para melhorar a experiência do cliente em cada etapa do processo, tornando-o mais simples e digital.

Atividade Método tradicional Alternativa digital

Início • Criar perfil de prospecto • Entrada manual em CRM • Importar da mídia social

Descoberta e proposta

• Entender as necessidades do cliente

• Reunir dados do cliente

• Entender a situação financeira

• Preparar proposta

• Apresentar proposta

• Reunião presencial ou por telefone

• Pessoal, telefonema ou e-mail

• E-mail, pessoalmente

• Planejamento ou ferramentas personalizadas

• Pessoal, telefone ou e-mail

• Descoberta interativa de objetivos

• Formulário de coleta de dados online pré-preenchido

• Upload de dados financeiros, agregação de ativos

• Uma proposta: Investimento, responsabilidade, serviços bancários

• Colaboração online/ compartilhamento interativo de arquivos

Abertura de contas e fundos

• Reunir os dados de financiamento restantes do cliente

• Solicitar ajuda e esclarecimentos

• Enviar uma nova solicitação de conta

• Aprovar contas

• Obter assinaturas de clientes

• Digitalizar documentos assinados

• Revisar/aprovar de documentos

• Enviar carta de boas-vindas

• Pessoal, telefonema ou e-mail

• Telefonema ou e-mail

• Entrada manual no desktop do advisor

• Revisão manual no sistema de aprovação pessoal, e-mail, fax

• Digitalização manual via scanner

• Revisão manual por operações

• Envio de papel

• Formulário de coleta de dados online

• Chatbot

• Envio de conta online

• Auto aprovação baseada em regras

• Contrato de termos online (checkbox)

• Submissões online de varredura automática

• Satisfação automática de envios online

• Reprodução online no envio

Setup de novos cliente

• Iniciar financiamento

• Agrupamento de contas

• Processos manuais

• Agrupamento manual, após a abertura da conta

• STP da abertura de conta online opções instantâneas de financiamento (ACH/ACAT direto)

• Automatizado e baseado em regras

Figura 59 | Alternativas digitais para o processo de venda de fundos (colocação em mercado, distribuição etc.)

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Considerando os desafios para as instituições de gestão de ativos e patrimônio, nota-se ainda um leque de atividades praticadas por diferentes linhas de serviços da indústria e por diferentes departamentos das instituições que podem

Stakeholder externo

Clientes/investidores Dados de mercado Corretores Processamento terceirizado Custódia Reguladores

Front-office Middle-office Back-office Serviços suporte

Gerenciamento de investimento Distribuição Operações Operações Infraestrutura

Pesquisa Vendas/CRM Processamento transações Serviços de assetCompliance/

regulação/gestão de riscos

Definição estratégia

Análise da pesquisa

Gerenciar vendas

Suporte vendas

Compliance pós-

transação

Gerenciar falhas Apuração Processamento Políticas

Orientação investir

Análise da tendência

Gerenciar relacionamento

Agências – call center

Confirmação transação

Liquidar transação Verificação Liquidação Procedimentos

Gestão portfólio Relatório vendas Comunicar custodiante

Analisar execução Contabilidade/registros Supervisão

Gestão ativos Análise sensibilidade Marketing Gerenciar performance Serviço

derivativo Valuation Treinamento

Modelagem Análise portfólio

Comunicação corp.

Gerenciar marca Calcular perf.

Analisar benchmarking

Empréstimo ativos

Reconciliar custódia Gestão de dados

Análise riscos Otimização Comunicação inv. Atribuir perf. Reconciliar

transações Recebível Chaves de identificação

Transação/gerenciamento de ordens Distribuição

Boletos e comissões Adm.de fundos (relatórios)

Segurança rede

Gerar/rotear ordem

Capturar transação

Distribuição online

Gerenciar canais

Dados de mercado

Compliance pré-

transação

Alocar transação

Calcular comissão Gerar boletos Atualizar

prospecto

Financeiro Precificação

Posição de caixa

Gerenciar comissão Gerenciamento de produtos Auditoria Administração

Executar ordem

Monitorar execução Institucional Varejo -

fundos Relatórios Despesas Impostos Gestão terceiros

Serviço ao cliente

Varejo

Cliente private

Cliente/investidor

Regulador/ compliance

TI Legal

Assinatura / contratação Resgate Cliente

wealth Suporte/Infra Dados Financeiro

ser digitalizadas, principalmente front-office, terceirizadas (operações), ou até mesmo realizadas em modelos de compartilhamento de custos (back-office e serviços de suporte) (Figura 60).

Figura 60 | Oportunidades de terceirização, digitalização e utilities Modelo conceitual não-exaustivo

Fonte: Análises EY

Potencial Utility Potencial Digitalização Potencial Terceirização

Agências - Call Center

Relatório vendas

Comunicação inv.

Cliente/investidor

Distribuição

Gerar/rotear ordem

Compliance pré-

transação

Posição de caixa

Gerenciar comissão

Capturar transação

Alocar transação

Apuração

Verificação Liquidação

Processamento

Fonte: The digital bank: tech innovations driving change at US banks.

Em meio ao cenário de compressão de margens da indústria de investimentos e os consequentes desafios de aumento de eficiência e crescimento de receita, surgem novas tecnologias (Figura 60) cujas aplicações já vêm sendo adotadas no mercado global de investimentos para que as experiências dos clientes sejam atendidas com efetividade.

• Blockchain viabiliza o controle, quase inquestionável, dos lançamentos das transações – tão inquestionável que permite a construção dos “smart contracts”, contratos inteligentes que automaticamente monitoram e acionam determinadas cláusulas em caso de necessidade.

• O uso de diferentes tecnologias em nuvem viabiliza a adoção de diferentes serviços de terceiros, expandindo dos tradicionais - armazenamento e processamento - para serviços mais sofisticados, com escalabilidade muito mais ágil.

• Machine learning e inteligência artificial viabilizam a automação do processo de tomada de decisões repetitivas, e têm sido capazes de tratar problemas cada vez mais complexos.

• Big data e analytics viabilizam o uso de novos dados e altíssima escala, permitindo o ganho de qualidade e quantidade de informações como insumos dos processo.

• Por sua vez, o uso de robôs (robotics) automatiza de forma simples as tarefas repetitivas, permitindo aos participantes da indústria focarem seus esforços na geração de valor – para eles e para os clientes.

Se, individualmente, estas tecnologias têm grande capacidade de transformação, sua combinação permite levar esta transformação um passo além. À medida que a indústria de investimentos ganhe maturidade em cada uma delas, sua interação deve viabilizar mais inovações, levando a indústria a um novo nível de eficiência.

Figura 61 | Novas tecnologias emergentes

Blockchain1

2

4

5

Tecnologia em nuvem

Big Data e Analytics

Robotics

Autenticação biométrica avançada

Ativos digitais Marketplace

automatizado

Contratos inteligentes

Controles automatizados

Medidas antifraudes

Robo- advisors

Modelos de crédito baseados em fontes

de dados não tradicionais

Eficiência por meio de modelos

de crédito altamente

customizáveis

Simplificação de funções AML/PLD

3Inteligência Artificial e Machine Learning

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Desafios Os desafios envolvendo a tendência de inovação viabilizando eficiência são os seguintes:

Eficiência nos processos de back-office: As funções administrativas estão começando a ser dominadas por questões de escala, complexidade e segurança, abrindo espaço para a adoção de tecnologias emergentes como blockchain para reconciliação de dados e realização de transações com menor risco sistêmico e RPA para automatização de processos repetitivos, por exemplo. Desta forma, as tecnologias emergentes têm capacidade de tornar os processos de back-office mais eficientes assim como também são uma fonte de redução de custos.

Inovação e custos de observância: Ao mesmo tempo que novas tecnologias emergentes surgem, aumenta a regulação sobre os agentes da indústria de investimento. Neste contexto, tornam-se importantes tanto a adoção por gestores, distribuidores, custodiantes e outros agentes de tecnologias que tornem a adequação à regulação menos custosa e mais eficiente, quanto à implementação pelos órgãos regulatórios, em conjunto com entidades autorreguladoras, de iniciativas que reduzam o custo de observância por meio de simplificação de processos, revisão de documentação requeridas e otimização da troca de informações periódicas entre regulado e regulador.

Discussões dos agentes de mercado quanto a utilities: O sucesso de iniciativas de compartilhamento de custos como a Fundsquare em Luxemburgo e a Agência de Transferência no Reino Unido tem colocado as utilities como oportunidade de redução de custos e aumento de eficiência operacional. Entretanto, na indústria de investimentos brasileira o modelo de estruturas de dados centralizado ainda é predominante, e a participação das instituições em regimes colaborativos ainda sofre restrições provenientes de falta de confiança na imutabilidade de dados compartilhados, preservação de privacidade e rastreabilidade das informações.

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AnexosA – Panorama regulatório

O cenário regulatório mundial está mudando, mas a natureza e a profundidade dos impactos destas mudanças permanecem incertosPrimeiramente, os reguladores esperam supervisão e controles efetivos e consequentemente têm apoiado a inovação nas grandes instituições na medida em que os riscos sejam bem compreendidos e controlados pelos altos níveis de administração. O foco dos reguladores será nos controles e não nas especificidades operacionais.

Em uma perspectiva estratégica, os reguladores esperam que o conselho de administração destas empresas responda perguntas como “Quais serão os riscos desta inovação?”, “O que isso poderia significar para minha reputação?”. Adicionalmente, os custos de conformidade regulatória precisam ser administrados, dado que as instituições financeiras operam em um ambiente altamente regulado e sob estreita supervisão.

É necessário, portanto, pensar em formas diferentes sobre como abordar os custos e o peso da conformidade regulatória. Tecnologias e parcerias inovadoras podem oferecer soluções nestes sentido (ex.: utilização de Inteligência Artificial para prevenção de fraudes, uso de robôs para geração de relatórios, utilização de centros compartilhados para verificação de PLD e digitalização de processos de onboarding).

Fontes: Innovation in banking and the changing financial services policy landscape, julho 2017 (Bank Governance Leadership Network e EY), Beyond Fintech A Pragmatic Assessment of Disruptive Potential in Financial Services (World Economic Forum).

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No Brasil, a regulação acompanha as tendências mundiais e reflete diretamente no aumento da responsabilidade dos agentes

Regulação 2016 2017 2018 2019

GDPREntrada em vigor

LGPD sancionada pelo presidente(1)

MiFID IIEntrega final do ITS a CE(2) e divulgação de orientações

Instrução CVM 592 entra em vigor Entrada em vigor

PRIIP Entrada em vigor

Código ANBIMA Administração de Recursos de terceiros entra em vigor(3)

AIFMD

Considerações sobre extensão de passaporte países não UE

Considerações sobre papel de correspondentes de investimentos

Publicação de questionários de revisão

Código ANBIMA Administração de Recursos de Terceiros entra em vigor

SMCR Entrada em vigor

Lei do melhor interesse (SEC)

Instrução CVM 592 entra em vigor

Disponibilização da proposta

Finalização da consulta pública

Dever fiduciário (DOL)

Postergada para 2018/2019

Instrução CVM 592 entra em vigor

Congresso anula o projeto de lei

Dodd-Frank (2008)

Ordem executiva de revisão

ARFPImplementação

Passaporte de fundos em discussão

Uni

ão E

urop

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no

Uni

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tado

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nido

sA

PAC

Notas: (1) Entrada em vigor prevista para agosto de 2020. (2) CE – Comissão Europeia, ITS – padrões técnicos de implementação. (3) Código ANBIMA de Administração de Recursos de Terceiros é uma junção do Código de Fundos de Investimentos de 2015 com o de Gestão de Patrimônio Financeiro (2013). CVM 555 também aborda pontos presentes no código.

Fontes: Desk research, ESMA, SEC, CVM, ANBIMA.

A Figura 62, abaixo, demonstra a evolução da agenda regulatória global e situa o Brasil dentro de cada uma das regulações em vigor ou em discussão.

Figura 62 | Panorama regulatório

Na Europa, crescem as restrições de utilização de dados dos clientes e as necessidades de transparência nas informações divulgadas Notas: (1) A Lei de Proteção de Dados dos EUA apresenta diferenças

em relação à europeia. (2) Equivalente ao total misto no Brasil

Descrição Implicações Tendências Impactadas

GDPR (General Data Protection Rule)(1)

Conjunto de regras destinadas a prover aos cidadãos da União Europeia maior controle sobre os seus dados pessoais. Dentro da indústria de investimentos, este conjunto de regras impacta tanto os gestores de recursos quanto os provedores de serviços (custodiantes, distribuidores etc.)

• Notificação ao cliente de como suas informações serão usadas.

• Limitação na retenção de dados pessoais.• Aumento de requerimentos para compartilhamento

de informações de clientes.• Manutenção de registros de atividade de processamento

e transferência de dados pessoais. • Padrões elevados para obter permissão do cliente

para processamento de determinados dados.

MiFID IIConjunto de diretivas que procuram aumentar a transparência ao mercado financeiro e melhorar o funcionamento do mercado financeiro da União Europeia, trazendo impactos à negociação de ativos (principalmente derivativos) e reporte de informações.

• Aumento da complexidade e quantidade de dados/informações de transações de ativos a ser reportados.

• Algoritmos utilizados em transações automáticas devem ser registrados, testados e incluidos dispositivos de controle de volatilidade.

• Maiores gastos para adequar as plataformas de transação de ativos aos padrões de gerenciamento de riscos demandados pelas diretivas.

• Supervisão das operações no mercado balcão aumentará significantemente para mitigar riscos dentro do mercado financeiro.

PRIIPObriga a produção de relatório simples a ser entregues aos investidores de varejo com informações concisas e claras sobre os riscos e a performance dos produtos de investimentos oferecidos (fundos, unit-linked(2) e produtos estruturados).

• Melhoria da comparabilidade dos produtos oferecidos aos investidores de varejo.

• Maior didática na explicação dos produtos aos investidores de varejo, tornando-os mais acessíveis.

• Estímulo ao aumento da independência do investidor de agentes autônomos e consultores de investimento.

AIFMDQuadro de diretivas implementadas para regulamentar e supervisionar os gestores de fundos de investimento alternativo (ex.: private equity, real estate, hedge funds), de maneira a aumentar a proteção dos investidores, reduzir riscos sistêmicos e criar um mercado único para estes fundos na União Europeia.

• Independência entre as funções de gestão de portfólio e gerenciamento de riscos do fundo de investimento

• Regras específicas para gerenciamento de liquidez de maneirar a aumentar o colchão de liquidez disponível em cenários de estresse.

• Designação de uma única conta depositária por fundo alternativo.

• Aumento de custos relacionados a operação e aderência à regulação, principalmente aos gestores que usufruem do passaporte.

SMCRConjunto de regulações impostas pela FCA ao sistema bancária do Reino Unido para melhorar a cultura, a governança e a responsabilização das empresas de serviços financeiros da região.

• Necessidade de aprovação de gerentes seniores, como CEO, CFOs e heads, pelo regulador.

• Funções, escopos e responsabilidades dos gerentes seniores devem ser bem definidos e delimitados.

• Firmas têm obrigação de certificar a capacitação de funcionários que não ocupem posições seniores mas desempenham funções que podem causar danos a consumidores.

Já e

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Já e

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Fonte: Website dos reguladores.

Inovação viabilizando eficiência

Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

Relacionamento mais independente e digital

Protagonismo de investidores

Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

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EY | Perspectivas da indústria de gestão de investimentos no Brasil EY | Perspectivas da indústria de gestão de investimentos no Brasil

Com relação à Ásia, os passaportes regionais podem alavancar a indústria de fundos na região

Descrição Implicações Tendências Impactadas

ARFPCriação do passaporte de fundos entre os países da região Ásia-Pacífico envolvidos no acordo, com o objetivo de flexibilizar a movimentação de capitais e aumentar a integração econômica da região.

• Aumento da oferta de fundos para os gestores de investimento australianos aplicarem os recursos provenientes do Superannuation.

• Oportunidade de captação de recursos para administradores de fundos dos países-membros com forte marca e rede de distribuição na Ásia.

• Desvantagem competitiva para os fundos domiciliados em Luxemburgo e Irlanda.

• Maior competividade na região pode gerar queda das taxas de administração

• Complexidade de alinhamento de questões tributárias entre os países membros, dada a diversidade de regimes entre eles.

• Necessidade de controle das volatilidades cambiais dos países-membros.

Em im

plem

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ção

Fonte: Website dos reguladores.

Inovação viabilizando eficiência

Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

Relacionamento mais independente e digital

Protagonismo de investidores

Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

Nos EUA, por sua vez, crescem as demandas por melhores práticas dos financials advisors e por melhores processos de gestão de risco

Descrição Implicações Tendências Impactadas

Lei do Melhor Interesse (SEC)Lei que procura regulamentar e fiscalizar consultores financeiros e corretores de forma que eles façam recomendações de compra e vendas de ativos ao cliente respeitando os critérios de suitability e de forma independente.

• Obrigação de registrar os detalhes-chave da relação entre consultor financeiros/corretores e cliente.

• Dever de entendimento do perfil dos clientes quanto a situação financeira, horizonte de investimento, capacidade de perda e aversão a risco para fazer a recomendação de investimento.

• Manutenção de políticas e processos que evitem recomendações incentivadas por obtenção de comissões e outros benefícios aos corretores/consultores.

Reforma Dodd-Frank e Ato de Proteção do ConsumidorIniciativas implementadas após a crise de 2008 para mitigar riscos no sistema financeiro norte-americano e aumentar a proteção dos consumidores/investidores. Mesmo focada prioritariamente na atividade bancária, as regulações têm efeitos na indústria de fundos de investimentos.

• Criação de novas agências governamentais para supervisão.

• Separação das atividades comerciais e de investimentos dos bancos.

• Limitação de transações especulativas e de estratégia mais arriscadas de investimento para as instituições que oferecem depósitos à vista.

• Limitação do envolvimento dos bancos em operações de hedge funds e private equity.

• Aumento na transparência das informações envolvendo operações com derivativos de elevado risco divulgadas ao público.

Lei do dever fiduciárioLei proposta pela Ministério do Trabalho estadunidense visando que consultores financeiros e corretores atuem de acordo apenas com os interesses do cliente no tocante a planos de aposentadoria. A lei tem sido constantemente postergada desde 2017.

• Maiores custos de compliance podem eliminar do mercado previdenciário corretoras e consultores financeiro de menor porte.

• Redução da acessibilidade da consultoria financeira a poupadores de menor renda devido ao aumento do preço do serviço.

• Mudanças nas definições de consultores financeiros (podendo incluir os robo-advisors).

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ssão

Já e

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Fonte: Website dos reguladores.

Inovação viabilizando eficiência

Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

Relacionamento mais independente e digital

Protagonismo de investidores

Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

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EY | Perspectivas da indústria de gestão de investimentos no Brasil EY | Perspectivas da indústria de gestão de investimentos no Brasil

No Brasil, a manutenção da integridade e do sigilo das informações dos investidores ganha importância

Descrição Implicações Tendências Impactadas

Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para Administração de Recursos de TerceirosEstabelecimento e definição de regras para administração fiduciária e gestão de recursos de terceiros, com o objetivo de manter padrões éticos no mercado e consolidar as melhores práticas para a atividade.

• Envio da política formal de decisão de investimentos e de seleção e alocação de ativos (suitability).

• Elaboração de políticas e controles internos que objetivem a integridade e sigilo das informações.

• Declaração atestando independência entre áreas.Disposições e instruções para divulgação de informações dos fundos (CVM 555, fundos estruturados e private equity) de forma transparente

Lei Geral de Proteção de DadosEstabelecimento de regras quanto a coleta, tratamento, armazenamento e compartilhamento dos dados pessoais que são gerenciados pelas organizações.

• Aumento da pressão dos reguladores, com aplicações de multas de até 2% do faturamento da empresa em caso de não conformidade com a lei.

• Custos relacionados ao desenvolvimento de estruturas de responsabilização para a proteção de dados e de avaliação de riscos.

• Oportunidade das empresas alavancarem a melhoria da reputação e a lealdade ao cliente à transformação digital, transformado a lei em vantagem competitiva.

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Fonte: Website dos reguladores.

Inovação viabilizando eficiência

Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

Relacionamento mais independente e digital

Protagonismo de investidores

Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

Ao passo que são definidas diretrizes para distribuição de produtos de investimentos e para aplicação e obediência ao suitability

Descrição Implicações Tendências Impactadas

Instrução 592 da CVMDefinição e delimitação do escopo de atuação do consultor do financeiro, formalizando instruções para o seu código de conduta e seu dever fiduciário(1).

• A obediência aos critérios de suitability recai sobre os consultores de investimentos e distribuidores, ficando gestores de fundos e analistas de valores mobiliários excluídos da obrigação.

• Consultores não podem receber comissões na venda de fundos.

• Imposição da necessidade de certificação do consultor de investimentos por entidade reconhecidas pela CVM.

• Inclusão de robo-advisor dentro das diretivas da instrução• O consultor não tem permissão para fazer investimento

em nome do investidor.

Instrução 539 da CVMTorna obrigatória a prática de suitability aos consultores de valores mobiliários e integrantes do sistema de distribuição de produtos (entre eles os agentes autônomos), proibindo-os de recomendar produtos, realizar operações e prestar serviços sem análise prévia da adequação ao perfil do cliente.

• Verificação prévia dos objetivos, perfil de risco e situação financeira do investidor assim como de seus conhecimentos antes de prestar consultoria financeira e/ou fornecer informações e produtos.

• Categorização dos produtos de investimentos de acordo com aspectos de riscos, liquidez e prestadores de serviços associados ao produto.

• Estabelecimento e registro de regras, procedimentos e controles internos obrigatórios para coletar dados e fazer análise do perfil do investidor.

• Atualização do perfil do investidor em prazo máximo de 24 meses.

• Manutenção dos arquivos com recomendações feitas aos cliente por pelo menos cinco anos.

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Notas: (1) A instrução diferencia consultores de investimentos de gestores e analistas de investimentos e outros integrantes da cadeia de distribuição de fundos. Quanto aos agentes autônomos, a CVM considera um repassador de ordem da instituição à qual está ligado, enquanto o consultor presta serviços ao cliente sem vínculo com nenhuma instituição.

Fonte: Website dos reguladores.

Inovação viabilizando eficiência

Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

Relacionamento mais independente e digital

Protagonismo de investidores

Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

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B - Benchmarking internacional

Luxemburgo• Elevada importância dos organismos de investimento coletivo em valores imobiliários (Undertakings for the Collective

Investment in Transferable Securities – UCITS) na dinâmica e no crescimento da indústria de fundos – mercado como domicílio de fundos originados em diversos países, principalmente Europa.

• País como hub de investimentos - maior destino de investimento da Europa.

• Digitalização como prioridade do mercado para melhoria de eficiência operacional e manutenção de lucratividade.

• Responsividade na adequação regulatória europeia - vantagem competitiva e incentivo à internacionalização.

Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

• Domicílio de ativos originários de diversos países.

• Fundos UCITS como principal responsável pelo crescimento do AuM da indústria (internacionalização).

• Tendência global por investimentos passivos – taxas de juros baixas como principal alavanca para crescimento de alocação em ativos de maior valor agregado.

Protagonismo de investidores

• Melhorias nas técnicas de segmentação e atuação em mercados-alvo possibilitadas pela aplicação de novas tecnologias como Big Data.

• Produtos ASG como foco de gestores no intuito de tracionar o segmento em resposta à demandas de mercado.

• Introdução pela LuxFlag de rótulo identificador de produtos adequados a critérios de sustentabilidade.

• Plataformas abertas e consultores obrigados a tornar transparentes as tarifas cobradas dos clientes.

Relacionamento mais independente e digital

• Consultores financeiros remunerados por taxa acordada com investidores aplicadas sobre volume sob gestão.

• Robo-advisors não regulamentados diretamente, porém são obrigados a atender os critérios de suitability conforme quaisquer canais de contato direto com investidores – regulamento MiFID II “tecnologicamente neutro”.

Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

• Consultores financeiros (dependentes e independentes) com papel relevante no auxílio de clientes na seleção de produtos adequados às suas necessidades – requisitos de conduta MiFID II.

• Obrigatoriedade na avaliação da adequação dos produtos de investimentos às necessidades e às características individuais dos indivíduos.

Inovação viabilizando eficiência

• Iniciativas blockchain em desenvolvimento para aperfeiçoamento de práticas de KYC (Know your customer).

• Modelo operacional centrado em terceirização com empresa de gestão de fundos supervisionando atividades. de prestadores de serviços em etapas individuais na cadeia de valor do fundo - Fundsquare.

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Irlanda• Delimitação clara dos papéis e responsabilidade entre gestores, administradores e custodiante.

• País como hub de investimentos - segundo maior destino de investimento da Europa.

• Dificuldades enfrentadas pelas instituições financeiras para implementação de diretrizes de suitability.

Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

• UCITS(1) e AIF(2) extremamente significativos, demonstrando a vocação cross-border do país e a migração para ativos de maior valor agregado.

• Fundos irlandeses como fundos globais e com reflexo de índices globais - pequena proporção de ações e títulos irlandeses.

• Um dos principais domicílios europeu para ETFs – 55% dos ETFs europeus domiciliados na Irlanda.

Protagonismo de investidores

• ASG como componente essencial do processo de investimento – players estudam melhorias nas campanhas de marketing visando alavancagem do segmento.

• Plataformas abertas e consultores obrigados a tornar transparentes as tarifas cobradas dos clientes.

Relacionamento mais independente e digital

• Consultores financeiros permitidos para cobrança de uma taxa de execução única, de uma taxa de consultoria (cliente toma decisão final) ou de uma taxa discricionária.

• Robo-advisors não regulamentados diretamente, porém são obrigados a atender os critérios de suitability conforme quaisquer canais de contato direto com investidores – regulamento MiFID II “tecnologicamente neutro”.

• Proibição pelo Ministério de Finanças de venda de produtos de investimentos baseados em seguros pelos consultores de investimentos.

Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

• Comercialização de produtos de alto risco apenas por meio de aconselhamento de distribuidores e consultores financeiros – obrigatoriedade de adequação aos perfis de risco dos investidores.

• Revisão conduzida pelo Banco Central Irlandês mostrou que as instituições de investimento do país não estão tendo compliance com os padrões de suitability e também não estão utilizando governança interna e ferramentas para se enquadrar.

Inovação viabilizando eficiência

• Investimentos relevantes em RPA – tecnologias como OCR e IA ganham relevância.

Notas: (1) Undertakings for Collective Invetments in Transferable Securities, conceito derivado da diretiva europeia 2009/65 / EC, que estabelece regime regulatório único em toda União Europeia para fundos abertos que investem em valores mobiliários. (2) Alternative Investment Fund.

Austrália• Implementação do ARFP(1) pode ser fator-chave na internacionalização da indústria de fundos;

• Adoção de Data & Analytics para aprimorar experiência digital dos clientes e a gestão dos portfólios (aumento do alpha dos investimentos).

• Mudanças regulatórias nos fundos de aposentadoria favoráveis à expansão dos consultores financeiros.

• Investigação da comissão real para tornar a indústria de fundos de aposentadoria mais transparente.

Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

• Aumento da alíquota de contribuição dos empregados de 9,5% para 12% conforme demanda regulatória como motor para aumento do volume de captação da indústria;

• Aumento da alíquota de contribuição dos fundos de aposentadoria elevará o volume de captação dos fundos, estimulando um aumento de investimentos cross-border caso o mercado doméstico não absorva o volume; ARFP (acordo para passaporte de fundos entre países Ásia-Pacífico) entrando em vigor em 2019.

Protagonismo de investidores

• Fundos de aposentadoria com aumento na alocação em ativos ASG - AUM com CAGR de 26% nos últimos dez anos.

• Comissão real de investigação da transparência das taxas dos fundos de aposentadorias e dos conflitos de interesse envolvidos – conscientização e proteção de investidores.

Relacionamento mais independente e digital

• Início de “transformação digital“ na gestão de fundos, no entanto, foco tem sido no fornecimento de acesso online a saldos e serviços, tais como transferênciasemudanças na escolha de investimentos.

• Inexistência de regulação específica em torno do robo-advisor. No entanto, ele precisa aderir a todas as regulamentações associadas ao consultor financeiro.

• Aumento das alíquotas de contribuição - no longo prazo pode aumentar a demanda por consultoria de investimentos na população.

Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

• Consultores financeiros (regulados pela ASIC) como alvos recentes de investigação quanto ao código de conduta e ao cumprimento de responsabilidades.

• Investimentos realizados diretamente com o gestor do ativo possuem registro de atividade com descrições dos riscos associados e uma avaliação do investidor para confirmação de perfilcaracterísticas individuais dos indivíduos .

Inovação viabilizando eficiência

• Incentivos aos administradores para oferta de opção de baixo custo para as funções de back-office com viés tecnológico de automação (ex.: RPA).

• Utilização de inteligência artificial e análise preditiva tratada como oportunidade para aumento do alfa dos investimentos e otimização de portfólios.

Notas: (1) Asia Region Funds Passport é uma iniciativa da APEC (Asian-Pacific Economic Cooperation) de acordo multilateral entre os países-membro que permite a oferta transfonteiriça de produtos de investimentos coletivo (CIS) aos países membros. Fontes: Asia Region Funds Passport: A Study of Potential Economic Benefits and Costs.

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EUA• Fintechs impactando diretamente o mercado – oferecimento de preços mais baixos, atendimento/integração da conta ágil

e engajamento digital.

• Terceirização de contabilidade de fundos, enquanto que os administradores são responsáveis por registros em cartório, relação com investidores e relatórios ao conselho.

Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

• Tendência de crescimento dos fundos passivos em detrimento de fundos ativos por causa da performance pouco satisfatória dos fundos ativos - elevadas taxas de administração.

• Aumento do interesse em fundos ativos offshore.

• Foco contínuo no mercado doméstico ao mesmo tempo que instituições adotam estratégias cross borders em busca de menor vigilância dos órgãos reguladores.

Protagonismo de investidores

• Mudanças demográficas com impacto significativo no setor - instituições moldando produtos mais alinhados aos millennials(1).

• Forte investimento em fundos ASG e busca por engajamento da demografia mais jovem com plataformas diretas.

Relacionamento mais independente e digital

• Crescimento dos serviços de consultoria digital e robo-advisors;

• Obrigatoriedade fiduciária dos robo-advisors no aconselhamento e na realização de programas de conformidade conforme SEC.

• FINRA Investor Education Foundation estabelecida para aprimorar conhecimento financeiro (ex.: websites).

• New York Stock Exchange Foundation possui como missão o ensino de conhecimentos financeiros aos jovens – como principais realizações estão desafio nacional digital, atividades em websites etc.

Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

• Empresas fornecem certificação para consultores financeiros oferecer produtos de alto risco.

• FINRA - Empresas obrigadas a coletar dados específicos para atender requisitos, incluindo experiência de investimento, tolerância ao risco, objetivo de investimento e necessidade de liquidez.

• Qualificação para fundos alternativos focada no atendimento ao suitability (ex.: investidores qualificados para determinados produtos – renda acima de um piso e/ou determinada disponibilidade de capital para investimentos) gestor de investimentos responsável pela administração e custódia dos fundos, porém prática de mercados terceiriza atividades de custódia – exceto casos em que o gestor de fundos é um banco.

Inovação viabilizando eficiência

• Transformação de back-office via automação e aprimoramento do processo de front-office /middle-office - plataformas independentes e fintechs como impulsionadores de inovação e tecnologia para melhoria no customer experience.

• Busca por centralização de atividades e terceirizações de determinadas funções como medidas visando eficiência (ex.: centralização de funções de compliance, supervisão e outras atividades como abertura de contas, viabilização de home office, dentre outras).

Notas: (1) Pessoas nascidas entre 1979 e 1995. Fonte: Desk research.

Holanda• País europeu com maior quantidade de ativos sob gestão de robo-advisors;

• Implementação completa das regulações da União Europeia (AIFMD, MiFID II, UCTIS), facilitando a internacionalização da indústria de fundos do país.

• Utilização de tecnologias inovadoras para melhorar o relacionamento com clientes, decisões de investimentos e processos de KYC.

Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

• Investidores holandeses mudando de fundos ativos para fundos passivos devido às recentes mudanças regulatórias, como proibição de comissões e rebate e regras mais rígidas quanto a transparência de custos.

• Elevado grau de internacionalização e implementação completa das regulações da União Europeia referentes a investimentos cross-borders como o UCTIS e AIFMD.

Protagonismo de investidores

• Governo planeja trabalhar com gestores de ativos, investidores institucionais e empresas sociais para promover o investimento socialmente responsável (ASG), publicando uma certificação de maneira a aumentar visibilidade dos investidores em relação ao tópico;.

• Combinação de técnicas de gamificação com KYC para melhorar a adequação ao requerimentos de compliance e para alavancar as estratégias de marketing e venda dos produtos.

Relacionamento mais independente e digital

• Maior mercado europeu de robo-advisors, com 3,5 bilhões de euros de ativos sob gestão de robôs (1 bilhão a mais que o segundo maior mercado).

• Bancos e outros provedores de serviços estão desenvolvendo e usando capacidades inovadoras e tecnológicas (plataformas abertas, blockchain, robo-advisor) para criar novos canais de entrega e gerar serviços e produtos que melhorem o relacionamento com clientes.

• Educação financeira é uma competência mandatória no ensino escolar.

Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

• A autoridade holandesa de mercados financeiros identificou falta de compliance com os direcionamentos da AIFMD, como falta de separação entre as áreas de gestão de risco e portfólio e falta de eficiência nos processos de KYC e análise de perfil de risco dos clientes.

• Implementação do MiFID II está estimulando a padronização dos produtos de investimento oferecidos pelas instituições.

Inovação viabilizando eficiência

• Asset managers estão garimpando dados das plataformas de mídia social para melhorar as decisões de investimento;

• Processos de KYC estão sendo digitalizados por meio de RPA.

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França• Aumento do foco na transparência e a crescente adoção da tecnologia blockchain.

• Implementação de iniciativas de terceirização, utilities e desenvolvimento tecnológico para aumento da eficiência dos processos e da experiência do cliente.

Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

• Internacionalização em crescimento constantemente - chegada de instituições estrangeiras depois do Brexit - Novas classes de ativos e técnicas de diversificação adicionadas à oferta da ETF - ganham terreno dosfundos ativos por causa da performance abaixo do esperado e das elevadas taxas de administração.

• Autorité des Marchés Financiers (AMF) trabalhando para controlar os fundos do índice Closet ou os pseudofundos ativos.

Protagonismo de investidores

• Seguindo requisitos regulamentares na Europa (MiFID II, KIID), as taxas são detalhadas por componente para promover transparência.

• Finança sustentável classificada como prioridade estratégica pela Autorité des Marchés Financiers (AMF).

• Os reguladores atualmente definem a estrutura para estabelecimento de diretrizes para definição dos critérios ASG.

Relacionamento mais independente e digital

• Consultores de investimentos financeiros (FIA) regidos por um status legal específico sob o Código Monetário e Financeiro Francês e o regulamento geral da Autorité des Marchés Financiers (AMF).

• Consultores financeiros são, por padrão, considerados generalistas.

• Projeto de aperfeiçoamento do marco regulatório das tecnologias financeiras, incluindo os robo-advisors, em desenvolvimento.

Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

• O MiFID 2 trouxe critérios mais rígidos para os testes de adequação dos investidores.

• Para produtos mais complexos e arriscados, a empresa coleta dados mais detalhados para garantir a realização de uma avaliação.

Inovação viabilizando eficiência

• Oferta de plataformas totalmente personalizáveis visando melhor experiência do cliente.

• Implementação de novos sistemas de TI (Simcorp Dimension, BRS Aladdin, Bloomberg AIM), tecnologia digital (Data Lake, arquitetura aberta) e automação de processos (RPA, OCR) tem sido muito dinâmica nos últimos três anos.

• Iniciativas como plataformas de distribuição de fundos e terceirização operacional e de sistemas de informação são geralmente lançadas em conjunto entre Asset Managers e custodians/securities services.

• Incentivo a utilização de blockchain visando rapidez de compensação e liquidação na gestão de ativos e facilitar a distribuição direta de fundos.

Canadá• Oligopólio com os cinco maiores bancos controlando a grande maioria da distribuição de gestão de patrimônio com alguns

independentes que compõem o saldo de participantes do mercado.

• Decisão recente pela inclusão do princípio do melhor interesse no mercado – ainda visto como insuficiente para proteção de clientes vulneráveis.

Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

• Convergência de esquemas privados e públicos de poupança de longo prazo (ex.: aposentadoria) – criação de planos públicos em expansão.

• Aumento no interesse de investidores da HNW / UHNW em investimentos não públicos.

• Introdução de regulações para alternativas líquidas gera exposição a novas classes de ativos pelos investidores de varejo - Lentidão do mercado para adoção de passivos - oferta de produtos ativos ainda forte no mercado.

Protagonismo de investidores

• ASG como foco para o mercado gestão de ativos e patrimônio e seus clientes, com aumento na demanda e aumento no número de produtos.

• O mercado de ETF do é bastante ativo e cada vez mais ETFs estão oferecendo opções de ASG.

• ASG é foco importante para grandes investidores de fundos de pensão.

Relacionamento mais independente e digital

• Players de gestão de ativos e patrimônio empregam consultores financeiros para distribuição de produtos – proibição na distribuição dos produtos pelos consultores;

• Aumento na transparência das taxas forçou os participantes do mercado a se tornarem mais eficientes e a se concentrarem no relacionamento holístico com o cliente versus apenas na administração de investimentos.

Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

• Consultores financeiros como responsáveis pela adequação de qualquer consultoria de investimento.

Inovação viabilizando eficiência

• Suporte aos consultores financeiros por algoritmos, IA e big data

• Papel de life-coaching, agregando valor por meio de conselhos integrados e personalizados.

• Comunicação “Always on” e alertas aprimorados por IA e dispositivos portáteis.

• Acesso remoto oferecendo revisões e orientações mais dinâmicas da jornada da riqueza como análise de eventos de vida em tempo real.

• A sofisticação e o ritmo das interações com abordagem de “força industrial” para o atendimento ao cliente.

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Reino Unido• Agência de transferência - Organização utilizada por empresas de fundos mútuos e de serviços financeiros para preparar

e governar documentos e registros relacionados a contas de acionistas. Especificamente, os agentes de transferência na indústria de fundos concentram-se na compra e venda de registros de títulos dentro de fundos.

• No Reino Unido, o IFTS – Instituição que define e avalia padrões para órgãos do setor público além de encorajar a reutilização de informações e o alcance um padrão de justiça e transparência adequado - tem 50% de participação de mercado.

Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

• Estoques e Ações Limite de investimento Individual de Conta de Poupança (ISA) como principais veículos de poupança de gestão de investimento.

• Aumento no uso de fundos passivos influenciado pelo RDR - Consultores almejam minimizar os custos de gerenciamento de portfólio de maneira que o custo total para o cliente, incluindo taxas de consultoria e plataformas, ainda seja razoável.

• Grande maioria dos fundos é constituída por OICVM ou AIFS e regida pela AIFMD.

Protagonismo de investidores

• Regulamentação de liberdades previdenciárias contribuiu com a conscientização e a participação na poupança a longo prazo.

• Busca por rendimento aumentou o investimento em imóveis, private equity e alternativos;

• Crescente adoção do investimento em passivos conduzidos nos princípios ASG orientados pela sustentabilidade e com foco no valor de longo prazo.

• ASG como relevante para a grande maioria dos ativos.

• Absorção de fundos no mercado de retaguarda como tendência.

Relacionamento mais independente e digital

• Aconselhamento financeiro é uma atividade regulamentada necessitando da autorização da Financial Conduct Authority (FCA).

• Advento da tecnologia do robo-advisor, fez a figura do conselheiro financeiro crescer no mercado.

• Robo-advisor não possui regulação própria, embora seja parte da nova estratégia do mercado devido ao baixo custo.

Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

• Adequação do cliente envolve classificação de acordo com a regulamentação da União Europeia e aplicação de perguntas relacionadas a KYC e lavagem de dinheiro.

Inovação viabilizando eficiência

• Interesse dos gestores em sistemas de eficiência de controle de classes de ativos, como BlackRock Alladin, Charles River e SimCorp.

• Adoção da Robotic Process Automation proporcionando uma economia de custos equivalente ou melhor que offshoring.

• Inteligência Artificial utilizada por gestores na triagem de front-office e na análise de pesquisas.

• The World Bank no Reino Unido possui atividades de liquidação, contabilidade de fundos, dentre outras executadas por terceiros (ex.: utilities). Além disso há discussões sobre como terceirizar, também, atividades de operações como a precificação de fundos.

• Fund supermarkete a plataforma digital são tendências de distribuição pois consomem as atividades de foco e financiamento do cliente.

Chile• Expectativa de crescimento a taxas de 3,25% a 4,25% este ano e de 2,75% a 3,75% em 2020, apoiado pela evolução do

investimento.

Migração para ativos de maior valor agregado e internacionalização

• Taxas máximas definidas para certos investimentos, como fundos de pensão.

• 2,8% do AuM em fundos públicos de investimento (de um total de 27.357 milhões de dólares) vem de investidores estrangeiros.

Protagonismo de investidores

• Modelo de previdência fundamentado em regime de capitalização puro, isto é, população é obrigada a investir ao menos 10% do salário por, no mínimo, 20 anos diretamente em fundo individual visando aposentadoria – administração por empresas privadas

• Fundos ASG são recentes no mercado chileno - tendência a ser fortalecida.

• O primeiro fundo ASG no Chile foi lançado pelo BTG Pactual em novembro de 2017;

• Administrador chileno (Euroamerica) lançou o primeiro fundo ASG Latam globalmente em julho de 2018.

Relacionamento mais independente e digital

• Robo-advisors ainda não possuem relevância.

Suitability 2.0 - Diferencial competitivo

• Intermediários são responsáveis por coletar informações relevantes do cliente para determinar seu perfil.

• Investidores podem contratar produtos não condizentes com seu perfil desde que o intermediário documente à Superintendencia de Valores y Seguros (SVS) esclarecendo a ciência do cliente mediante aos riscos envolvidos.

Inovação viabilizando eficiência

• Empresas investiram em novas plataformas tecnológicas nos últimos anos (ex: Asset Arena, Genebra etc.).

• Intervenção Inteligente ainda não foi aplicada, entretanto, implementação do RPA é vista como solução para processos repetitivos ou sistemas ineficientemente integrados.

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Blockchain

Visão GeralA aplicação do blockchain na indústria de gestão de investimentos vem sendo testada em um conjunto preliminar de iniciativas por gestores e administradores, visando redução de custos, aumento de velocidade das transições e maior segurança de dados (Figura 62).

Aplicações observadas• Registro de ativos/IBOR: Entrega de serviço

de dados de posição baseada em um único livro de transações, eliminando a manutenção de vários livros internos de registros.

• KYC e AML: Incorporação de identidade segura distribuída a partir de uma única entidade de serviço de dados.

• Contratos inteligentes: Automação de processos de classes de ativos complexos.

• Acesso direto a relatórios: Habilitação de um recurso de “autoatendimento” para clientes e reguladores.

• Financiamento de títulos: Liquidação instantânea de garantia e financiamento de transações.

• Gestão de garantias: Calibrações automáticas de liquidez e garantias no dia a dia.

• Distribuição de fundos: A utilização de contrato inteligente tem sido usada na realização de atividades de KYC, PLD, marcação a marcado e comunicação entre cotista e fundo (Figura 65).

Eliminação de reconciliação

Riscos sistêmicos reduzidos

Automação; “Código como lei”;

contratos inteligentes

Padronização e harmonização

Figura 62 | Principais benefícios da utilização do blockchain

Fonte: Análises EY.

C - Análise individual de novas tecnologias

Figura 63 | Distribuição de fundo por meio de blockchain

Fonte: Análises EY.

AML/KYC

Investidor Contrato inteligente

Fundo

Cálculo do valor do ativo

líquido

Fundo blockchain

Carteira digital

Chaves

Moeda digital

Compartilhamento de fundos digitais

1

2

3

44

56

3

1. O investidor envia a solicitação do fundo que inicia uma transação dentro do contrato inteligente.

2. Verificações necessárias (ex.: onboarding/regular KYC/AML) são executadas pelo contrato inteligente.

3. O contrato inteligente calcula o NAV. Uma vez computado, o contrato inteligente verifica se todas as condições são atendidas e automaticamente executa as transações entre o cliente e o fundo.

4. O contrato inteligente cria um compartilhamento de fundos digital trocando-o pela quantidade apropriada de moeda digital.

5. O contrato inteligente comunica a confirmação da transação ao investidor.

6. Todas as atividades são apoiadas por uma blockchain de fundo.

7. Armazenamento de todas as transações realizadas pelos fundos de ações e pelos investidores.

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Tecnologia em nuvem

Visão geralNos últimos cinco e seis anos, os serviços em nuvem cresceram e ganharam rapidamente uma posição firme no setor de tecnologia, superando desafios como a incerteza dos destinos dos dados e quem tinha acesso a eles, a regulação dos serviços e a proteção da propriedade de infraestrutura dos provedores de serviços em nuvem (Figura 64).

Figura 64 | Evolução dos serviços em nuvem

Surgimento• “Prove a tecnologia”• Adoção lenta• Ceticismo - cautela - desconforto

Desenvolvimento• “Remova os obstáculos”• Adoção rápida• Familiarização - entendimento – controle

Maturidade• “O novo tornou-se comum”• Adoção difundida • Habitual - proficiência - domínio

2010

Emergência do “X-como-um

serviço”

Comercialização do Microsoft

Azure

NIST publicou arquiteturas de

referências

Fornecedores de software começam a

disponibilizar ferramentas

DevOps

Modelos de nuvens híbridas

ganham popularidade

Modelos de nuvens híbridas

ganham popularidade

Adoção do laaS

tornou-se convencional

Ascensão do serviço

de negócios corporativos

compartilhados

Internet of Things (IoT)

Previsão de 30% de todo serviço

de TI ser por meio de nuvens

Balanceamento preditivo de

recursos

Computação ubíqua

Experiência de usuário adaptável

2015 2020 2025

Fonte: Análise EY.

Aplicações observadas• Integração automatizada com aplicativos em nuvem

e on-premise.

• Recursos de geração de relatórios por atributos de dados na nuvem e on-premise.

• Aprovações de fluxo de trabalho para reduzir a intervenção manual e suportar a trilha de auditoria nas transações.

• Integração com sistemas externos para realização de processamento de transações ponta a ponta.

Inteligência Artificial/ Machine Learning

Visão GeralDentro da indústria de gestão de investimentos, Inteligência Artificial e Machine Learning vêm sendo aplicados em diferentes áreas, como em hedge funds com o propósito de gerar melhores retornos aos portfólios (Figura 65) e em operações de garantia para emissão e monitoramento de chamadas de margem e obtenção de garantias.

Aplicações observadas• A utilização da aprendizagem profunda em hedge funds

vem sendo aplicada na análise de grandes padrões de dados para localização de permutações e combinações que aumentam o retorno e diminuem o risco das carteiras.

• A aplicação de ferramentas de computação mais poderosas e a disponibilidade de grandes volumes de dados estão sendo utilizadas para que os modelos de negociação de ativos capitalizem em cima de ineficiências do mercado que antigamente eram dificilmente encontradas devido aos elevados custos de transações relacionados.

Figura 65 | Índices de hedge funds que utilizam Inteligência Artificial vs performance de hedge fund com estratégias quantitativas mais tradicionais

Fontes: Eurekahedge; EY Global WAM Trends: Hedge Funds. O Eurekahedge AI Hedge Fund Index utiliza Inteligência Artificial na seleção do portfólio.

Dez

2010

80,00

100,00

120,00

140,00

160,00

180,00

200,00

220,00

Dez

2011

Dez

2012

Dez

2013

Dez

2014

Dez

2015

Dez

2016

Dez

2017

Mar

201

1

Mar

201

2

Mar

201

3

Mar

201

4

Mar

201

5

Mar

201

6

Mar

201

7

Jun

2011

Jun

2012

Jun

2013

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2014

Jun

2015

Jun

2016

Jun

2017

Set 2

011

Set 2

012

Set 2

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Set 2

014

Set 2

015

Set 2

016

Set 2

017

Eurekahead CTA/Managed Futures Headge Fund Index Eurekahead AI Hedge Fund IndexEurekahead Trend Following index Eurekahead Long Short Equities Hedge Fund IndexEurekahead Hedge Fund Index

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Fonte: Crisil.

Big Data & Analytics

Visão geralSegundo pesquisa da Crisil (2017), cada vez mais a utilização de Data & Analytics vem sendo considerada importante pelos gestores de investimento devido aos seu potencial de entregar insights melhores que os trazidos pelas plataformas mais tradicionais. Neste contexto, a mesma pesquisa mostra que a geração de insights para aumentar o retorno das carteiras de investimentos continua sendo o principal foco de utilização de Data & Analytics na indústria de gestão de investimentos (Figura 66). Entretanto, identificar as melhores fontes de dados, recrutar profissionais e desenvolver a infraestrutura para suportar a tecnologia continuam sendo desafios.

Gerar alfa ao aprimorar o processo de pesquisa

Ganhar cliente e insights de distribuição para segmentação de mercado e novo produto

Melhorar a gestão de risco

Fornecer insights e ferramentas para que os clientes conduzam reuniões de vendas com

sucesso

19%75%

25% 37%

50% 44%

44%19%37%

6%

25% 13%

6%

Aplicações observadas• Decisões de investimento mais inteligentes: Utilização

de dados e informações do mercado para desenvolver novas ideias de investimentos, testar novas estratégias e auxiliar no gerenciamento dos portfólios de ativos

• Melhoria da experiência do cliente: Implementação de inteligência de dados para entendimento das necessidades dos clientes, assim como para construir modelos preditivos que ajudem a prevenir a perda de clientes.

• Distribuição de produtos direcionada: Conhecimento dos distribuidores e avaliação/monitoria das métricas de vendas e lucratividade em função da demanda.

• Melhoria da monitoria de compliance: Ferramentas de detecção de fraude por meio de análises de dados e monitoramento de respeito a compliance na negociação de ativos.

Figura 66 | Pesquisa da Crisil com profissionais de gestão de ativos e patrimônio quanto aos objetivos de utilização de Data & Analytics

1 Prioridade 2 Prioridade 3 Prioridade 4 Prioridade

75% dos respondentes consideram geração de alfa pelo aprimoramento do processo de pesquisa como prioridade

Robotics

Visão geralObserva-se recentemente a implementação de robótica tanto para atividades de back-office quanto de front-office, reduzindo custos e riscos por meio da criação de processos com baixa probabilidade de erros humanos e também oferecimento de soluções ágeis e escalonáveis. Em suma, a robótica tem levado ao mercado de gestão de ativos e patrimônio aprimoramento da produtividade, eficiência operacional e otimização de custos.

Aplicações• Negociação de ativos: Automatização do processo de

validação das transações com envio automático de e-mail baseado em regras preestabelecidas aos responsáveis no caso de observação de irregularidades. O RPA pode identificar por exemplo divergências no preço de compra de ativo reportado pelo corretor e pelo gestor de investimentos e então enviar e-mail ao corretor com base em regras preestabelecidas.

• Reconciliação de dados: Extração de dados de fontes externas (por exemplo, websites de custódia ou corretores principais) e sistemas internos de contabilidade/ manutenção de registros, com posterior formatação das informações e comparação com conjuntos de dados. Com base em conjuntos de regras predefinidas, o processo de RPA aciona consultas de pesquisa, realiza correspondências e preenche comentários de quebra.

• Verificação de relatórios financeiros: Execução de verificações de validação em vários segmentos do processo de relatório financeiro, onde o processo é repetitivo e baseado em regras.

• Marcação de mercado de portfólios/fundos: Automatização dos processos de marcação de mercado dos ativos de fundos e portfólios, que são processos repetitivos que obedecem instruções lógicas preestabelecidas.

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EY | Contatos

Frederico VentrigliaSócio co-líder de Wealth & Asset Management+ 55 11 2573 [email protected]

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EY Auditoria | Impostos Transações Corporativas | Consultoria

Sobre a EY A EY é líder global em serviços de Auditoria, Impostos, Transações Corporativas e Consultoria. Nossos insights e os serviços de qualidade que prestamos ajudam a criar confiança nos mercados de capitais e nas economias ao redor do mundo. Desenvolvemos líderes excepcionais que trabalham em equipe para cumprir nossos compromissos perante todas as partes interessadas. Com isso, desempenhamos papel fundamental na construção de um mundo de negócios melhor para nossas pessoas, nossos clientes e nossas comunidades.

No Brasil, a EY é a mais completa empresa de Auditoria, Impostos, Transações Corporativas e Consultoria, com 5.000 profissionais que dão suporte e atendimento a mais de 3.400 clientes de pequeno, médio e grande portes.

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