Perspectiva

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Perspectiva Casa das Histórias Paula Rego Dentro dum mundo prodigioso Estrutura de luz e água Shaw House

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Projecto Universitário Design Gráfico 02 IPT-DTAG Rúben Santos

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Casa das Histórias Paula Rego

Dentro dummundo prodigioso

Estrutura de luz e água

Shaw House

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SumárioCasa ImpluvimEla ergue-se numa configuração rasgada no céu.

18Emídio Pinheiro «O BBC é um parceiro indissociável»

10Alexandre Alves Costa A Arquitectura e o Sentimento de Pertença

32Adega Merus O Estilo em Estado Puro

80Amanjiwo A Eterna Serenidade

84Luís Onofre Pensar e Criar com o Coração

106Villa Moda Um Mundo Fantástico

114EmbarcaçõesA Caravela do Futuro

119Ocean Golf Course Onde o Verde é mais Azul

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Perspectiva #02EdItOrIAL

MOMEntOS EtErnOS

Enquanto o corpo puder e não nos lembrar constantemente o quão frágeis somos, talvez seja impossível perceber que já somos felizes e não o sabíamos.

Felizes somos quando caminhamos em direcção ao sonho, muito mais do que quando o conquistamos. Somos felizes quando percebemos que as maiores provas de amor são as mais simples, quando finalmente compreendemos que um olhar diz mais que uma longa explicação, e que eterno é tudo aquilo que, ainda que dure uma fracção de segundo, é tão intenso que se petrifica e nen-huma força nem nenhum tempo o demove.

Somos felizes quando entendemos que o comum não nos atrai, que a dor emocional dura enquanto nós quisermos, que só vale a pena ar-rependermo-nos do que fizemos, do que não fizemos e do que podería-mos ter feito melhor para pedir perdão. Somos felizes quando damos conta que não somos imortais e ar-ranjamos força para lutar e realizar todas as nossas «extravagâncias».

E mesmo que o corpo se lamente e nós comecemos a dar valor ao bem mais precioso de todos – a saúde –, seguremos os sorrisos, abasteça-mos o coração de confiança e conservemos a vontade de viver: se é para voltar, voltemos, se é para se-guir, sigamos e se é para recomeçar, recomecemos.

Felizes pretendem ser os momentos que lhe sugerimos em cada edição, como nesta que agora esfolheia. desejamos que os petrifique e os torne eternos.Maria Silva Santos, directora

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Casa das Histórias Paula Rego Dentro dum mundo

prodigioso

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Personagens de fábula em contorções inusitadas; figuras que expõem tramas e enredos, mas que simultaneamente escondem segredos, emoções,

sonhos e pesadelos; formas dramáticas, marcadas pela violência contraditória da solidão e da convivência; mu-lheres em crónicas do quotidiano; meninas em revol-ta, em subversão; meninas sabedoras de esconderijos onde moram duendes e espíritos malignos; meninas--mulheres, misto de inocência e perversidade; figuras grotescas, exibindo, impudicas, seus corpos compac-tos; danças e rodopios de imagens densas, em jogos de luz e sombra; criaturas habitantes de um mundo fantástico, eco daquelas que povoam o imaginário in-fantil, os contos tradicionais, as lendas, os mitos –, o universo pictórico de Paula Rego dá cor a mil histó-rias que, baseadas nas narrativas contadas às crian-ças, se abrem em infinitas interpretações e leituras.

Mas nas histórias de Paula Rego nenhum príncipe vem, no seu cavalo branco, salvar a indefesa prince-sa de cabelo de ouro e longas tranças; nenhum beijo apaixonado de um nobre mancebo acorda a menina adormecida; nenhum sapo se transforma em enamo-rado infante – nos contos pictóricos de Paula Rego, os sapos são sempre sapos; os príncipes estão desa-parecidos; as princesas preferem os sapos aos prín-cipes e as meninas conhecem o coração das trevas.

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É numa estrutura de betão pigmentado a vermelho, onde se erguem dois volumes prismáticos em forma de torre, farol, chaminé ou silo, que se guardam e se expõem as múltiplas ficções criadas pela pintora reconhecida inter-nacionalmente pelo seu imaginário prodigioso. Projecto arquitectónico assinado por Eduardo Souto de Moura, a Casa das Histórias Paula Rego, localizada em Cascais, eleva-se num terreno que se estende na horizontalida-de do verde, pontuado, aqui e ali, pelas figuras verticais e esguias das árvores. No interior do edifício, distribu-ído por quatro alas subdivididas em salas sequenciais, dispostas em torno de um volume central mais eleva-do, que corresponde à sala de exposições temporárias, exibe-se, em sistema rotativo, a colecção do museu – um extraordinário conjunto de obras de pintura, desenho e gravura de Paula Rego, em diversos suportes e técnicas, que abrangem cerca de 50 anos do percurso artístico da pintora. Trabalhos pictóricos de autoria de Victor Willing, falecido marido da artista, integram igualmente a colecção da Casa das Histórias, cujo estabelecimento do acervo se deve à doação de Paula Rego da totalida-de da sua obra gravada, de 278 desenhos praticamen-te inéditos, e ao empréstimo de várias pinturas, dese-nhos e estudos preparatórios de figura e composição.Nos 750 m2 de área consagrados à exposição per-manente e a duas exibições temporárias anuais, e no restante espaço do museu, composto por uma loja, por uma cafetaria com esplanada aberta para um frondoso jardim e por um auditório com 200 lugares, descobrem-se as fabulosas narrativas pictóricas visio-nadas por Paula Rego, porque, como se lê na frase de sua autoria impressa numa das paredes do museu, «É na história que eu coloco toda a minha vitalidade».

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Personagens de fábula em contorções inusitadas; figuras que expõem tramas e enredos, mas que simultaneamen-te escondem segredos, emoções, sonhos e pesadelos; formas dramáticas, marcadas pela violência contraditó-ria da solidão e da convivência; mulheres em crónicas do quotidiano; meninas em revolta, em subversão; meninas sabedoras de esconderijos onde moram duendes e espí-ritos malignos; meninas-mulheres, misto de inocência e perversidade; figuras grotescas, exibindo, impudicas, seus corpos compactos; danças e rodopios de imagens densas, em jogos de luz e sombra; criaturas habitantes de um mundo fantástico, eco daquelas que povoam o imaginário infantil, os contos tradicionais, as lendas, os mitos –, o universo pictórico de Paula Rego dá cor a mil histórias que, baseadas nas narrativas contadas às crianças, se abrem em infinitas interpretações e leituras.Mas nas histórias de Paula Rego nenhum príncipe vem, no seu cavalo branco, salvar a indefesa prince-sa de cabelo de ouro e longas tranças; nenhum beijo apaixonado de um nobre mancebo acorda a menina adormecida; nenhum sapo se transforma em enamo-rado infante – nos contos pictóricos de Paula Rego, os sapos são sempre sapos; os príncipes estão desa-parecidos; as princesas preferem os sapos aos prín-cipes e as meninas conhecem o coração das trevas.

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É numa estrutura de betão pigmen-tado a vermelho, onde se erguem dois volumes prismáticos em forma de torre, farol, chaminé ou silo, que se guardam e se expõem as múlti-plas ficções criadas pela pintora re-conhecida internacionalmente pelo seu imaginário prodigioso. Projecto arquitectónico assinado por Edu-ardo Souto de Moura, a Casa das Histórias Paula Rego, localizada em Cascais, eleva-se num terreno que se estende na horizontalidade do verde, pontuado, aqui e ali, pelas figuras verticais e esguias das árvo-res. No interior do edifício, distri-buído por quatro alas subdivididas em salas sequenciais, dispostas em torno de um volume central mais elevado, que corresponde à sala de exposições temporárias, exibe-se, em sistema rotativo, a colecção do museu – um extraordinário conjun-to de obras de pintura, desenho e gravura de Paula Rego, em diversos suportes e técnicas, que abrangem cerca de 50 anos do percurso ar-tístico da pintora. Trabalhos pictó-ricos de autoria de Victor Willing,

falecido marido da artista, integram igualmente a colecção da Casa das Histórias, cujo estabelecimento do acervo se deve à doação de Paula Rego da totalidade da sua obra gra-vada, de 278 desenhos praticamente inéditos, e ao empréstimo de várias pinturas, desenhos e estudos pre-paratórios de figura e composição.Nos 750 m2 de área consagrados à exposição permanente e a duas exibições temporárias anuais, e no restante espaço do museu, com-posto por uma loja, por uma cafe-taria com esplanada aberta para um frondoso jardim e por um audi-tório com 200 lugares, descobrem--se as fabulosas narrativas pictó-ricas visionadas por Paula Rego, porque, como se lê na frase de sua autoria impressa numa das pare-des do museu, «É na história que eu coloco toda a minha vitalidade».

Texto Paula MonteiroFotos FG + SG – Fotografia de Arqui-tectura 6.240 c.

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Shaw HouseEstrutura de luz e água

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A casa estende-se, estrutura lon-gilínea, na paisagem marinha de Vancouver. Os contornos angulo-sos afirmando-se, peremptórios, na envolvência; o seu corpo vigoroso de betão armado oferecendo resis-tência à natureza sísmica da região; a sua volumetria densa tornada mais leve por reflexos de luz e água.

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Banhada pelo oceano Pacífico e emoldurada por florestas e pelas Montanhas Rochosas, a cidade canadiana de Vancouver serpenteia ao longo do mar que a refresca e ergue a vista para os cocuru-tos das árvores e serranias que a adornam. Cida-de verde, pelo respeito pela natureza, e azul, pois a água cerca-a por três lados, Vancouver tem na English Bay um dos seus pontos mais sedutores. É nesta faixa relvada localizada à beira-mar que se ergue a esguia Shaw House, projecto arquitec-tónico de autoria do atelier Patkau Architects Inc.

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Construída numa estreita parcela de terreno, com apenas oito metros úteis de largura, a moradia foi concebida de forma a colmatar esta característica constrangedora gra-ças ao desenvolvimento de uma solução criativa e inova-dora – a distribuição da casa por três pisos, um subterrâ-neo, outro à altura do solo e o terceiro num nível superior.

A organização da Shaw House, destinada a servir de ha-bitação a apenas um morador, estabeleceu a localização de uma sala de música no piso subtérreo, as áreas sociais no primeiro piso e o quarto e estúdio no andar mais alto. Dada a escassa largura do terreno, a piscina desportiva, com terraços em cada uma das suas extremidades, foi edi-ficada acima do solo, ao longo de todo o lado oeste da casa.

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Como a expansão da casa apenas podia ser realizada ex-teriormente para a água e interiormente para cima, ge-nerosos pés direitos ampliam os espaços, enquanto a sala de jantar se eleva até ao piso superior graças a um cleres-tório que permite a entrada da luz natural na habitação. A entrada da Shaw House, localizada directamente abaixo da piscina, possui uma mágica luminosidade, coada pela água e pelo vidro do fundo da piscina, em reflexos que se movem ao sabor das evoluções de quem nada na superfí-cie aquática, da brisa e dos diferentes momentos do dia.

Desde a sua construção, finalizada em 2000, a Shaw House foi já galardoada com diversos prémios – o National Honor Award 2005, atribuído pelo American Institute of Archi-tects, a Governor General’s Medal 2004 e a Record House Selection 2002 testemunham e condecoram a originali-dade do edifício que, na sua presença robusta e quase fi-liforme, se destaca na paisagem dinâmica de Vancouver. Texto Paula MonteiroFotografias Paul Warchol, Undine Prohl 2.598 c.

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