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Os Maias As personagens da intriga Afonso da Maia Caracterização Física - baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes(12) - cara larga, nariz aquilino e pele corada - cabelo branco, muito curto e barba branca e comprida. Caracterização Psicológica Provavelmente a personagem mais simpático do romance e aquele que o autor mais valorizou. Não se lhe conhecem defeitos. - homem de caráter culto e requintado nos gostos. - enquanto jovem adere aos ideais do Liberalismo e é obrigado, pelo seu pai, a sair de casa - instala-se em Inglaterra mas, falecido o pai, regressa a Lisboa para casar com Maria Eduarda Runa.//desiste da luta , vítima do ambiente social corrupto que não o compreende - mais tarde, dedica a sua vida ao neto Carlos.// tolerante com o neto/intransigente com o filho 1

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Os Maias

As personagens da intriga

Afonso da Maia

Caracterização Física

- baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes(12)

- cara larga, nariz aquilino e pele corada

- cabelo branco, muito curto e barba branca e comprida.

Caracterização Psicológica

Provavelmente a personagem mais simpático do romance e aquele que o autor mais

valorizou. Não se lhe conhecem defeitos.

- homem de caráter culto e requintado nos gostos.

- enquanto jovem adere aos ideais do Liberalismo e é obrigado, pelo seu pai, a

sair de casa

- instala-se em Inglaterra mas, falecido o pai, regressa a Lisboa para casar com

Maria Eduarda Runa.//desiste da luta , vítima do ambiente social corrupto que

não o compreende

- mais tarde, dedica a sua vida ao neto Carlos.// tolerante com o

neto/intransigente com o filho

- em velho, comodista - passa o tempo em conversas com os amigos, lendo

com o seu gato – Reverendo Bonifácio – aos pés, opinando sobre a necessidade

de renovação do país.

- é generoso para com os amigos e os necessitados.

- ama a natureza e o que é pobre e fraco.

- tem altos e firmes princípios morais.

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A sua forma de estar na vida assenta em quatro blocos de mármore: dever, justiça,

sociedade e família. (452)

Como dizia Carlos: "lembrava um varão esforçado das idas heroicas, um D. Duarte

Meneses ou um Afonso de Albuquerque". (simbologia do nome)

Símbolo do velho Portugal, das virtudes tradicionais, das virtudes mais autênticas da

raça, que o tempo vai destruindo

- morre de uma apoplexia, quando descobre os amores incestuosos dos seus netos(680)

 

Pedro da Maia

Caracterização Física

- pequenino, face oval de "um trigueiro cálido", olhos belos – "assemelhavam-

no a um belo árabe";

- valentia física.

Caracterização Psicológica

Caracterização tipicamente naturalista (diretamente pelo narrador), cujo objetivo é

comprovar que a personalidade e o comportamento do indivíduo é fruto de:

hereditariedade- vide semelhança psicológica com o ramo familiar dos Runa

(22)

→ temperamento nervoso, fraco

educação retrógada(18)

→ que o conduz ao suicídio

meio lisboeta , marcadamente romântico

→ grande instabilidade emocional ( oscila entre a melancolia/abulia e o

euforismo; a devoção e a devassidão)

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O seu único sentimento vivo e intenso fora a paixão pela mãe. Apesar da robustez física,

é de uma enorme cobardia moral (como demonstra a reação do suicídio face à fuga da

mulher). Falha no casamento e falha como homem.

Maria Monforte

Caracterização Física

- extremamente bela e sensual - uma deusa (Ceres/Vénus Citereia)

- tinha os cabelos loiros, "a testa curta e clássica, o colo ebúrneo".

Caracterização Psicológica

- é vítima da literatura romântica(161) e daqui deriva o seu caráter leviano,

aventureiro e excessivo.

- leviana e imoral, é, em parte, a culpada de todas as desgraças da família Maia.

Fê-lo por amor, não por maldade.

Mª Eduarda Runa

Surge na obra para justificar o temperamento de Pedro

Caracterização Física

→ pequenina e trigueira

Caracterização Psicológica

→ devota, tradicionalista

→ fraca, adoentada, melancólica

→ demasiado protetora em relação ao filho

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Carlos da Maia

Carlos é a personagem central da obra. È à volta dele que gira a ação, sobretudo a partir

do capítulo III.

Caracterização Física

- alto, bem constituído, de ombros largos, olhos negros, pele branca, cabelos

negros e ondulados.

- tinha barba fina, castanha escura, pequena e aguçada no queixo; usava bigode

arqueado aos cantos da boca

- “belo cavaleiro da Renascença"

Caracterização Psicológica

- fruto de uma educação à Inglesa.

- culto, bem educado, de gostos requintados.

- corajoso e frontal.

- amigo do seu amigo e generoso.

- destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o gosto pelo

luxo(Ramalhete), e diletantismo (incapacidade de se fixar num projeto sério e de

o concretizar. exs. consultório, laboratório; dedica-se a múltiplas atividades:

armas, cavalos, bricabraque, literatura)

Todavia, apesar da educação, Carlos fracassou. (vide epílogo, págs. 713-714)

Causas:

→ aspetos hereditários – a fraqueza, o comodismo e a cobardia do pai, o

egoísmo, o futilidade e o espírito boémio da mãe.

→ educação materialista , que o torna narcisista e pedante

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→ influência do meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa,

fútil e sem estímulos, que não o deixa levar os seus projetos avante( “

demasiado elegante para ser médico/grande coisa ser médico” )

Eça quis personificar em Carlos a idade da sua juventude, a que fez a Questão Coimbrã

e as Conferências do Casino e que acabou no grupo dos Vencidos da Vida, de que

Carlos é um bom exemplo. ----------Símbolo do Portugal da Regeneração, símbolo de

uma geração de falhados, decadentes

 

Maria Eduarda

Caracterização Física

- uma bela mulher: alta, loira, bem feita, sensual mas delicada, "com um passo

soberano de deusa" (perspetiva de Carlos) é "flor de uma civilização superior,

faz relevo nesta multidão de mulheres miudinhas e morenas".

- bastante simples na maneira de vestir, "divinamente bela, quase sempre de

escuro, com um curto decote onde resplandecia o incomparável esplendor do

seu colo"

Caracterização psicológica

Ao contrário das outras personagens femininas Maria Eduarda nunca é criticada. Eça

manteve sempre esta personagem à distância, a fim de possibilitar o desenrolar de um

desfecho dramático (esta personagem cumpre um papel de vítima passiva). Maria

Eduarda é então delineada em poucos traços, o seu passado é quase desconhecido o que

contribui para o aumento e encanto que a envolve.

A sua caracterização é feita através do contraste entre si e as outras personagens

femininas, mas, ao mesmo tempo, chega-nos através do ponto de vista de Carlos da

Maia, para quem tudo o que viesse de Maria Eduarda era perfeito, "Maria Eduarda! Era

a primeira vez que Carlos ouvia o nome dela; e pareceu-lhe perfeito, condizendo bem

com a sua beleza serena."

- extremamente sensível, caridosa e leal; discreta

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- muito dedicada à filha

- de ânimo forte/resignada, aceita a coincidência do destino com dignidade e coragem

(semelhanças com Afonso)

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João da Ega

Amigo íntimo e inseparável de Carlos desde os tempos de Coimbra, onde se formara

em Direito (muito lentamente), ocupa um papel de grande relevo no desenrolar da

intriga. É a ele que o Sr. Guimarães entrega o cofre. É juntamente com ele, que Carlos

revela a verdade a Afonso. É ele que diz a verdade a Maria Eduarda e a acompanha

quando esta parte para Paris definitivamente.

Caracterização Física

- usava "um vidro entalado no olho", tinha "nariz adunco, pescoço

esganiçado, punhos tísicos, pernas de cegonha".

→ O seu retrato físico coincide com o de Eça.

Caracterização Psicológica

João da Ega é a projeção literária de Eça de Queirós.

- personagem contraditória: por um lado, romântico e sentimental, por outro,

progressista e crítico. Na prática, revela-se em eterno romântico.

- antimonárquico, sarcástico do Portugal Constitucional.

- boémio, excêntrico, exagerado, caricatural,

- ateu, demagogo, apologista da catástrofe social

- o Mefistófeles de Celorico.

- leal com os amigos.

- a decoração de Vila Balzac denota mau gosto e muita sensualidade ( o leito

enchia a casa e era “onde fazia a grande arte”)

- tem uma grande paixão - Raquel Cohen

- sofre também de diletantismo, concebe grandes projetos literários que nunca

chega a executar. Exs: a revista, o livro “Memórias da vida de um Átomo”, etc.

Ega é um falhado que a sociedade lisboeta decadente arrastou na sua onda de

corrupção. Encarna a figura defensora dos valores da escola naturalista por oposição à

romântica, muito embora distorça as suas teses.

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