Período Interbíblico aula 2 Período Persa

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1 ENSINO BÍBLICO DE NIVELAMENTO – PERÍODO INTERBÍBLICO AULA 2 – O Período Persa Com o fim do Império Babilônico, o Império Persa assume o papel de superpotência. Quando a dinastia meda foi fundada por Ciaxiares, a Pérsia era uma de suas colônias. Cambises, filho de Aquemenes, fundador da Pérsia, casou-se com a filha de Astíages, da Média, esperando com isso ampliar seu poder, territórios e riqueza. Embora ele não tenha conseguido isso, seu filho, Ciro II, o Grande, rei da Pérsia de 559 a 530 a.C, incorporou a Média aos seus domínios, além de conquistar a lídia, a Síria, A Babilônia, entre outras nações. Ciro, era um gênio notável, além de guerreiro e justo. Ele vivia para lutar e conquistava para libertar. Deus havia predito por meio do profeta Isaías alguns dos feitos de Ciro.(Is 44.26-28, 45.1). Quando Ciro entrou em Babilônia, deve ter sido informado pelos judeus a respeito destas profecias. Ciro libertou os cativos de Israel do cativeiro em Babilônia através de decreto (2 Cr 36.22-23; Ed1.1-4). Atendendo ao decreto de Ciro, Zorobabel, da linhagem real e Josué, da linhagem sacerdotal, voltaram para Jerusalém chefiando a primeira leva de 50.000 judeus. A ascensão de Ciro significa o cumprimento da vontade de Deus, a libertação de Judá, a restauração de Jerusalém, a restauração do Templo e do culto ao Senhor. Outros sucessores de Ciro e o seu relacionamento com o Povo de Deus 1. Xerxes ou Assuero (486-465 a.C) casou-se com Ester, uma bela e jovem judia. Esse casamento providencial ajudou os judeus a não serem mortos em massa devido ao plano de Hamã, homem de grande posição política no reinado de Xerxes. O rei permitiu, a pedido de Ester, que os judeus se armassem e se defendessem de seus inimigos. 2. Artaxerxes (465-425 a.C) permitiu aos Judeus que tinham ficado em Babilônia após o edito de Ciro, que voltassem a Jerusalém para reestabelecer sua religião. Os judeus sob o domínio persa Dedicação do Templo de Jerusalém Desde que Zorobabel e Josué voltaram reconduzindo os cativos a Jerusalém e começaram a reconstrução do Templo e dos muros, já haviam se passado muitos anos. As dificuldades eram muito grandes e Israel passava por inúmeras lutas com seus vizinhos. Em mais ou menos 520 a.C., Deus enviou os profetas Ageu e Zacarias para exortar o povo para fazer tudo pela reconstrução do Templo. Desse modo, alegraram os judeus que prosseguiram nesta obra. Em Esdras 5 e 6 conta-se a história de Tatenai (governador do território além do Eufrates), que junto com seus companheiros, foram até Zorababel e tentaram impedir a obra

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ENSINO BÍBLICO DE NIVELAMENTO – PERÍODO INTERBÍBLICO

AULA 2 – O Período Persa

Com o fim do Império Babilônico, o Império Persa assume o papel de

superpotência. Quando a dinastia meda foi fundada por Ciaxiares, a Pérsia era uma de

suas colônias. Cambises, filho de Aquemenes, fundador da Pérsia, casou-se com a filha

de Astíages, da Média, esperando com isso ampliar seu poder, territórios e riqueza.

Embora ele não tenha conseguido isso, seu filho, Ciro II, o Grande, rei da Pérsia de 559

a 530 a.C, incorporou a Média aos seus domínios, além de conquistar a lídia, a Síria, A

Babilônia, entre outras nações. Ciro, era um gênio notável, além de guerreiro e justo.

Ele vivia para lutar e conquistava para libertar. Deus havia predito por meio do profeta

Isaías alguns dos feitos de Ciro.(Is 44.26-28, 45.1). Quando Ciro entrou em Babilônia,

deve ter sido informado pelos judeus a respeito destas profecias. Ciro libertou os

cativos de Israel do cativeiro em Babilônia através de decreto (2 Cr 36.22-23; Ed1.1-4).

Atendendo ao decreto de Ciro, Zorobabel, da linhagem real e Josué, da linhagem

sacerdotal, voltaram para Jerusalém chefiando a primeira leva de 50.000 judeus.

A ascensão de Ciro significa o cumprimento da vontade de Deus, a libertação de

Judá, a restauração de Jerusalém, a restauração do Templo e do culto ao Senhor.

Outros sucessores de Ciro e o seu relacionamento com o Povo de Deus

1. Xerxes ou Assuero (486-465 a.C) casou-se com Ester, uma bela e jovem judia.

Esse casamento providencial ajudou os judeus a não serem mortos em massa

devido ao plano de Hamã, homem de grande posição política no reinado de

Xerxes. O rei permitiu, a pedido de Ester, que os judeus se armassem e se

defendessem de seus inimigos.

2. Artaxerxes (465-425 a.C) permitiu aos Judeus que tinham ficado em Babilônia

após o edito de Ciro, que voltassem a Jerusalém para reestabelecer sua

religião.

Os judeus sob o domínio persa

Dedicação do Templo de Jerusalém

Desde que Zorobabel e Josué voltaram reconduzindo os cativos a Jerusalém e

começaram a reconstrução do Templo e dos muros, já haviam se passado muitos anos. As

dificuldades eram muito grandes e Israel passava por inúmeras lutas com seus vizinhos. Em

mais ou menos 520 a.C., Deus enviou os profetas Ageu e Zacarias para exortar o povo para

fazer tudo pela reconstrução do Templo. Desse modo, alegraram os judeus que prosseguiram

nesta obra. Em Esdras 5 e 6 conta-se a história de Tatenai (governador do território além do

Eufrates), que junto com seus companheiros, foram até Zorababel e tentaram impedir a obra

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dos Judeus. O rei Dario decretou que deixassem os judeus em paz e não os incomodasse mais.

Por fim, em 516 a.C., os judeus conseguiram edificar a Casa do Senhor.

A dispersão judaica

Uma das finalidades do cativeiro babilônico foi dispersar os judeus. Nos propósitos de

Deus, isto visava preparar o mundo para o advento do Evangelho. Quando Ciro e mais tarde

seus sucessores, proclamaram a liberdade aos judeus, muitos voltaram para Jerusalém, mas

outros preferiram ficar nas pátrias adotivas. Encontramos desse modo, judeus em muitos

pontos do mundo, mas os núcleos principais estavam na Babilônia e no Egito.

Babilônia

Durante o tempo em que estiveram em Babilônia, muitos judeus gozaram de grande

influência na corte, e isso continuou sob o domínio persa. Daniel, por exemplo, era conselheiro

do rei, e isto, garantiu ao povo bem-estar e supremacia dos judeus. Muitos aspectos da vida

dos judeus em Babilônia continuaram durante o domínio persa. Neemias, por exemplo, era

copeiro do rei Artaxerxes. Falar com um rei persa era algo raro, mas no caso de Neemias, o

próprio rei, ao vê-lo triste, falou com ele (Ne 2.1-2). Conclui-se disso que os judeus

desfrutavam de muita liberdade sob o domínio dos medo-persas.

Egito

Muitos judeus foram para o Egito e ali se fixaram. Jeremias e Ezequiel apelam para

estes judeus egípcios . Mais tarde, sob o domínio de Alexandre, o Grande, encontramos grande

número de Judeus em Alexandria.

Líderes: Esdras e Neemias

Depois de Zorobabel, uma leva de judeus retornou a Jerusalém com Esdras, em 458

a.C. e com Neemias em 445 a.C.

Esdras era escriba versado na lei de Moisés e conhecia muito bem a condição moral

dos judeus. Uma vez em Jerusalém, os judeus continuavam com as práticas pecaminosas que

adquiriram na Babilônia. Esdras decidiu deixar a Babilônia e seguir para Jerusalém para ensinar

ao povo o caminho do Senhor. Voltou a Jerusalém em 458 a.C. e restaurou o culto ao Senhor,

proibiu o divórcio e o casamento com estrangeiros e obrigou o povo a seguir a Palavra de

Deus.

Neemias conduziu de Babilônia a Jerusalém o terceiro grupo de judeus e reergueu os

muros de Jerusalém para dar a cidade de Davi segurança.

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O que os judeus aprenderam com o exílio em Babilônia

Claudius Lamar McGinty enumerou assim as conquistas de Deus sobre seu povo com o

exílio:

1. Idolatria Destruída

Abraão, pai dos hebreus, foi tirado de Ur, cidade dos caldeus, devido a idolatria que havia

naquele lugar e em sua família. Mais tarde, seus descendentes foram para no Egito, centro

da idolatria, onde permaneceu por mais de 400 anos. Deus disse, por intermédio de

Moisés, que o Povo Escolhido não deveria adorar a ídolos, nem fazer deuses diante Dele

(Ex 20.3-5a). O cativeiro babilônico curou para sempre a idolatria dos judeus. Prova disso

são os três companheiros de Daniel que preferiram a fornalha de fogo a se dobrar diante

do deus de Nabucodonosor. Mais tarde, os macabeus lutaram de maneira heroica para

não profanar as coisas santas do Senhor. Até hoje, o judeu faz tudo, menos dobrar seu

joelho a um ídolo.

2. Exclusivismo judaico

Os judeus se julgavam superior aos demais povos. Seu Deus era deles de forma exclusiva,

bem como suas festas, rituais e sacrifícios. Os judeus se consideravam limpos e os demais

povos imundos. Um exemplo disso é a rivalidade entre os judeus e os samaritanos

(resultado da miscigenação entre judeus que viviam em Samaria na época do cativeiro

Assírio e os camitas). As divergências entre judeus e samaritanos forma se acentuando até

os dias de Jesus, que fez tudo para derrubar estes muros (Jo 4; Lc 10; Ef 2).

3. A observância e o respeito à Lei de Moisés

O exílio em Babilônia serviu de termómetro para os judeus que lhes indicou o quanto

estavam distantes da Lei de Deus. Como escravos em Babilônia, os filhos de Jacó tiveram o

tempo necessário para considerar como foram rebeldes com o Senhor. Nessa reflexões, o

coração dos judeus voltou-se prontamente para a Lei do Senhor. Começa nesse tempo um

movimento conhecido como “escribismo”, que buscou conduzir o povo à Lei de Moisés. As

profecias de Jeremias, Ezequiel e Isaias, foram ganhando terreno entre o povo. Na

Babilônia, longe de Jerusalém, os judeus começaram a amar a Lei e os Profetas.

4. O culto público

O culto público sempre foi vital na vida dos judeus, pode-se analisa-lo em três

circunstancias:

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i) Antes do exílio – os patriarcas tinham seu modo de adorar a Deus

erguendo altares a Ele, no Egito o povo possivelmente adorava a Deus no

templo de Serabite. Com Moisés o povo construiu o tabernáculo e passou

a adorar a Deus naquele lugar, depois veio o templo de Salomão;

ii) Durante o exílio – devido ao respeito dos babilônios com o culto dos

estrangeiros, os judeus podiam livremente ao Senhor. No primeiro período

do cativeiro, o povo era dirigido pelas palavras de Ezequiel e Isaías. O

escribismo desenvolveu-se neste período e os escritos de Moisés e os

profetas começaram a ser observados de

coração pelo povo. Os judeus levavam em conta inúmeras leis, mas

principalmente a circuncisão e a guarda do sábado.

iii) Depois do exílio – nem todos os judeus voltaram para a sua pátria com o

edito de Ciro. Muitos continuaram em Babilônia e outros foram para

diversas partes do

mundo. Esse fenômeno chama-se “dispersão”. Impelidos a prestar culto ao

Senhor, os judeus começaram a reunir-se em casas de família, para ali ler a

Lei, orar, cantar salmos e adorar ao Senhor. Surge então a sinagoga (At

15.21). O apostolo Paulo propagou o evangelho de Cristo pelas sinagogas.

Foi outra providencia de Deus para preparar o mundo para a vinda de

Jesus.

5. Revitalização da esperança messiânica

A esperança messiânica é algo que permeia todo o Antigo Testamento. Baseia-se na

promessa de Deus em Genesis 3.15, em Gn 12.3, Gn 49.8-12. A esperança messiânica

rejuvenescia nos momentos de crise espiritual e de derrotas de Israel. Quando Israel

estava em grandes crises, Isaías, Ezequiel, Daniel, Miqueias e outros profetas falavam

Dele. Nas guerras macabeiais, o messias era esperado, nos tempos de Jesus, o povo

esperava o messias que libertaria os judeus. Alguns dos judeus julgaram ser Ciro o

messias, nos últimos dias do cativeiro, nas guerras macabeias, o messias era esperado

como o libertador, o redentor de Israel. Hoje os judeus o esperam como restaurador.

6. Costumes modificados

Alguns costumes como alimentação, vestes e outras foram relativamente mudadas

durante o cativeiro babilônico, mas a educação religiosa, o formato das famílias e

principalmente a religião, foram mantidos.

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7. Uma nova língua

No cativeiro, os judeus perderam o hebraico. Quando a Assíria dominou o Oriente, o

aramaico generalizou-se. Quando Judá foi para o cativeiro, seu hebraico foi

profundamente alterado na linguagem do povo. No cativeiro, os judeus desprezaram o

hebraico e falaram o aramaico. Devido a este fator, hoje não se pode saber a

pronuncia correta de diversas palavras do hebraico. Algumas partes do Antigo

Testamento como Esdras 4.8-6.18; 7.12-26 e Daniel 2.4-7.28, foram escritas em

aramaico. Os judeus se esqueceram de tal maneira do hebraico, que Esdras, ao ler a

Lei em hebraico, em Jerusalém, precisou-lhes interpretar em aramaico (Ne 8).

Daí em diante, os judeus prosseguiram falando o aramaico, que foi a língua de Jesus e

dos apóstolos.

Fonte: TOGNINI, Enéas; O Período Interbíblico:400 anos de silêncio profético, São Paulo: Hagnos, 2009.