Peri_ Notas Sobre a Verdade Da Impressão de John Ruskin

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    NOTASSOBREOCONCEITODEVERDADEDAIMPRESSODEJOHNRUSKIN

    Bernardete Oliveira Marantes

    ResumoJohn Ruskin no foi um filsofo, entretanto, ele granjeou um grande nmero de leitores nosculo XIX com sua literatura sobre a arte e a arquitetura, amalgamadas em sua crticasocial. Seu conceito de verdade da impresso, pautada na faculdade de sentir, foi adotadapor diversos artistas como um efetivo precepto, mas, sobretudo foi o escritor Marcel Proustquem mais se serviu dela em sua grande obraEm busca do tempo perdido( la recherchedu temps perdu). Nossa proposta nesse artigo investigar este conceito que norteou otrabalho de Proust.

    Palavras-chave:Impresso, sensao, Ruskin, Proust.

    NOTES ON THE CONCEPT TRUTH OF IMPRESSION OF JOHN RUSKIN

    Abstract

    John Ruskin was not a philosopher, however, he gained a lot of readers in the nineteenthcentury with its literature on art and architecture, amalgamated into his social criticism.His concept of truth of Impression, based on the faculty of feeling, was adopted by severalartists as an effective precept, but rather the writer was Marcel Proust who else has used itin his great work In Search of Lost Time ( la recherche du temps perdu). Our proposal inthis paper is to initiate an investigation about the concept that guided the work of Proust.

    Keywords:

    Impression, Sensation, Ruskin, Proust.

    Mestra em Filosofia pela Universidade de So Paulo. Doutoranda do Departamento de Filosofia daUniversidade de So Paulo. Endereoseletrnicos:[email protected]@hotmail.com

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    N O T AS SO BR E O C O N C EIT O D E VER D AD E D A IMPR ESSO D E JO H N R U SKIN

    Introduo

    John Ruskin (1819-1900) foi uma personagem mltipla, e sua atuao no selimitou apenas crtica de arte e arquitetura e crtica social, mas, exmio desenhista, seus

    estudos estenderam-se a histria, poesia, geografia, botnica, geologia, entre outros saberes.

    Apesar de tantos interesses, Ruskin no foi um filsofo e nem pautou sua crtica em rgidos

    pressupostos filosficos. Foi atravs de seus personalssimos escritos sobre a arte pictrica

    e a arquitetura que, em meados do sculo XIX, seu nome ultrapassou as fronteiras inglesas

    e granjeou admiradores alhures.

    A educao dada por sua me o impregnou com um senso de misso, um desgnio

    consagrado ao servio de Deus, e a formao religiosa do crtico no pode ser deixada de

    lado quando se revisa seu pensamento, pois o pensamento de Ruskin, apesar de plural,

    mantm sua base de sustentao em uma premissa: a religiosidade. Tal crena polinizou e

    orientou todo seu trabalho, e seguindo os cnones da crtica, Ruskin examinou a arte

    contempornea na austera Inglaterra vitoriana combinando crtica de arte crtica social,

    revelando assim a engenhosidade de seu pensamento: uma hermenutica desdobrada em

    dois registros, no segregados, mas emaranhados entre si, por isso, dizer pensamento

    esttico em Ruskin diz-lo tico. Logo, conceitos como verdade e belo, por exemplo,

    encontram-se em Ruskin tanto na esfera tica quanto esttica, pois so indissociveis. Seu

    conceito maior, compreendido em sua literatura de arte o conceito de verdade da

    impresso , foi respeitado como um precepto, e um notrio leitor de John Ruskin, o

    escritor francs Marcel Proust (1872-1922), o aplicou sem reservas em sua grande obra Em

    busca do tempo perdido( la recherche du temps perdu).

    I.

    A literatura de arte de Ruskin oriunda do romantismo, e acompanhando o clima de

    desapontamento que se grassava entre os romnticos ingleses, perceptvel em seu

    pensamento a desiluso ps-revolucionria. Igualmente como afirmava Walter Scott,

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    Ruskin estimava que o sculo XIX vivia a degradao da arte, e assim como Scott e Lord

    Byron aspiravam realizar suas propostas idealistas evadindo-se para outros tempos e outras

    terras, como a Idade Mdia e o extico Oriente, Ruskin procurou na arte, e especificamente

    na pintura paisagstica de Joseph Mallord William Turner (1775-1851) e na poesiaromntica, tambm um refgio, mas consagrado exclusivamente Natureza.

    A afinidade de Ruskin com a poesia romntica inglesa clara e percebida, inclusive,

    em seu estilo literrio. forte a ascendncia do poeta William Wordsworth (1770-1850) na

    escrita de Ruskin, principalmente em sua grande obra inaugural, Pintores modernos

    (Modern Painters, 1843-60). Neste tratado sem equivalente sobre a arte da pintura de

    paisagem (KERN, 2010, 9), que se apresenta simultaneamente como uma defesa e

    apologia pintura de J. M. W. Turner perceptvel a aproximao da escrita ruskiniana

    com, por exemplo, O Preldio (The Prelude, 1798) de Wordsworth; este parentesco nos

    permite considerar sua obra de estria no um livro exclusivamente dedicado crtica ou

    histria da arte, mas sim ao prprio Romantismo.

    Lateral poesia romntica est a natureza. Ruskin toma a natureza como

    manifestao do incondicional, do belo verdadeiro, e no citado Pintores modernosele faz

    uma minuciosa verificao dos elementos que participam dela, ou seja, dos animais

    (racional e no racionais), dos vegetais e dos minerais concebendo-os como um composto,

    metade material e metade espiritual. O crtico afirma que cada elemento da natureza guarda

    uma essncia, tambm chamada de verdade, e esta essncia que diferencia todos os

    elementos no mundo natural. A partir dessa exposio o crtico transfere suas consideraes

    ao domnio da esttica, do pictrico, e abraando o cenrio natural como um todo criado

    por Deus, ele delega ao artista a tarefa de traduzir a verdade (ou o belo), da verdade natural,

    da lgica natural que rege a natureza.

    II.

    Para Ruskin, s um grande artista sabe ver e sentir, em primeiro lugar, a natureza. O

    artista l (interpreta) o universo natural inserido no equilbrio do todo, na composio

    natural, mas ele no o imita, antes, ele o traduz. Pode-se dizer, grosso modo, que no

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    tocante as teorias estticas, Ruskin aproxima-se das teorias estticas dos romnticos

    alemes, pois se divisa nele os indicativos do gnio que no segue as regras estabelecidas e

    a concepo da natureza como inspirao criadora e poderosa. Entretanto, envolve-se em

    Ruskin, na relao entre artista e natureza, certa moralidade da arte, especialmente quandoo crtico afirma que, se no houver um estado moral correto no pode haver arte. Tal ilao

    ocorre porque em sua lgica potica so as partes que expressam o todo em benefcio da

    composio natural, logo, sua esttica indistinta de sua tica, pois uma reflete a outra. Tal

    constatao revela uma forte e indissolvel aliana: aquela que promove a comunho entre

    a apreenso da arte (na faculdade de percepo) e a prtica da vida, principalmente no que

    tange ao ofcio do artista. Destarte, a fonte desta inspirao romntica se manifesta: a esta

    tica moral ruskiniana pode ser justaposta mesma moralidade da contemplao esttica

    presente em Tintern Abbeyde Wordsworth, ou seja, a piedade natural (natural piety), na

    qual a experincia esttica e a espiritual no se distinguem.

    Igualmente para Ruskin a natureza acolhe o belo, logo, o belo bom. Estes traos

    do belo platnico conectados tica e esttica no so exclusividade do pensamento do

    crtico ingls; eles so antes uma decorrncia das investigaes sobre o belo que vigoraram

    por todo o sculo XIX, as quais, pesquisando uma lgica que desse sentido ideia de belo,

    invariavelmente recorriam natureza como ponto de derivao, resultando da a noo de

    belo amalgamada verdade, pois ao dizer o belo se diz o verdadeiro. Ruskin desenvolver

    suas teorias sociais e artsticas sustentadas neste raciocnio, porm, sua peculiaridade que

    ele acrescentar a tal juzo a metfora religiosa em articulao com as faculdades da

    percepo e do entendimento, em proveito da criao artstica, pois o belo ruskiniano, tanto

    na tica como na esttica, s poder surgir atravs de um acordo entre o homem, ou o

    artista, e Deus.

    Sobrevoando o pensamento de Ruskin percebemos ainda no tocante aos conceitos,

    que a verdade a noo imperativa de sua episteme, e todos os demais conceitos sesubordinam a ela. A verdade o conhecimento que determina a qualidade de uma obra, pois

    sendo fruto da impresso sensvel do artista, ela o alvitre do sentimento que anima os

    homens, afinal, como interpretou o clebre admirador do pensamento ruskiniano, Marcel

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    Proust, o prazer esttico precisamente aquele que acompanha a descoberta de uma

    verdade (PROUST, 1971, 132).

    III.

    Para Ruskin, todo artista de talento percebe a verdade porque ele apenas v e sente,

    e no age frente sensao. Advm da que Turner no pinta aquilo que v, mas aquilo

    que sente (RUSKIN, 1860, 191), pois para Ruskin, o artista um homem que recebeu o

    gnio divino de ver e de sentir, e ainda de se recordar das imagens, dos aspectos e das

    impresses que elas lhe suscitaram, assim, o artista recebe em primeiro lugar uma

    impresso real do prprio lugar, e toma cuidado para conserv-la como seu bem principal

    [...] depois ele se esfora tanto quanto possvel para reproduzir esta impresso sobre o

    esprito do espectador que contempla sua pintura (RUSKIN, 1903-12, VI, 33). Portanto,

    para o crtico ingls o fazer artstico se assegura no emprico, e como uma teoria da

    percepo que tem no olhar ou ainda, no exerccio do olhar , seu componente basilar, ele

    julga que a tarefa do artista pintar (traduzir) aquilo que lhe surge num instante, aquilo que

    lhe aparece sem interferncia, pois assim que a verdade deve ser assimilada: primeira

    vista, na primeira impresso. Esta tarefa, porm, s pode ser empreendida por um artista

    pleno da verdadeira capacidade de inventar, e por ser este artista unicamente um

    instrumento de sua arte, deve procurar traduzir a natureza material despojado de juzos e

    concepes, por isso, ele deve ir a natureza sem rejeitar nada, sem selecionar nada, e sem

    desprezar nada [...] cada grande artista transmite no tanto a cena, mas a impresso da cena

    em sua prpria originalidade de esprito (RUSKIN apud ROSENBERG, 1960, 11).

    J. M. W. Turner foi a figura central da crtica de arte de Ruskin. Ele foi um dos

    grandes, seno o maior, paisagista da Inglaterra e, embora pela fora do hbito sua pintura

    seja localizada no perodo Romntico, sua maestria pictrica supera qualquer periodizao.Incitado pela modernidade universal da inegvel qualidade artstica das paisagens

    turnerianas, Ruskin introduziu-se, ainda jovem, de modo profissional pelas veredas da

    crtica de arte.

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    O contnuo e sereno exame das paisagens de Turner, contempladas em dspares

    perodos de sua produo artstica, animou Ruskin a ordenar sua crtica potica e fundar

    seus conceitos. Uma significativa concepo de Ruskin advinda da contemplao aquela

    que o levou a pensar no correto ponto de realizao de uma obra de arte: Ruskinconsidera que o artista deve evitar a perfeio e no finalizar a sua obra e nem tentar

    explic-la, pois a funo principal da arte, e sobretudo da pintura, instigar a imaginao

    do receptor esttico, logo, ele quem deve conclu-la. Por esta concepo j se vislumbra o

    alcance moderno (e mais, ps-moderno) do pensamento ruskiniano, pois este atribui a obra

    de arte o coetneo direito ao inacabado, ao fragmentado, e tal noo advm justamente da

    contemplao das obras turnerianas, as quais foram deixadas, em sua fase final,

    aparentemente, sem arremate.

    O crtico ingls foi sensvel em perceber as transformaes na pintura de paisagem

    de Turner, a qual foi gradualmente sofrendo alteraes de luz e cor; as mutaes foram tais

    que, de paisagstica sua pintura passou a ser sensao, bruma, insinuao, fragmentao. O

    crtico ingls interpretou as alteraes de Turner como um processo potico abstrativo, e

    Pierre Francastel, por exemplo, afirmou que Turner foi evoluindo, [...] para uma

    representao cada vez mais sumria da natureza, ele o exemplo do artista em que as

    intenes poticas contrariam os dons espontneos do pintor. O seu estilo evolui para o

    simbolismo puro, para a sugesto e para a encantao... (FRANCASTEL, 1974, 118-9).

    Foi em tal processo perceptivo de Turner que Ruskin divisou a essncia de uma

    sensao singular, individual, a qual deu origem ao conceito de primeira impresso (visto

    acima). E ainda na subitaneidade da sensao que a verdade surge como uma verdade da

    impresso; esta impresso, pautada no impreciso, intenta, no instante de sua captura,

    entrever o todo, a composio da natureza, a verdade, mas que nunca se firma, e somente

    insinua-se, por isso, compreender o carter sagrado da verdade da impresso (RUSKIN,

    1856, 24) captar o fundamento da arte. Tal modalidade de percepo Ruskin identificouao sublime, entretanto, no rigorosamente com o sublime kantiano que remete dor e ao

    medo, mas mais avizinhada ao sublime de Edmund Burke, como a emoo arrebatadora e

    primordial que afeta o sujeito de modo frontal e sem dar oportunidade para a imaginao.

    Esta sensao que se torna evocao, narrao, poesia, um puro encontro com a grandeza,

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    a vastido, a magnificncia e a potncia, o que em termos ruskinianos equivale a dizer com

    a prpria lgica existente na natureza, s foras metafsicas que escapam ao entendimento

    humano, e, mormente noo de verdade, que s pode ser apreendida pelo esprito

    primeira vista, no inopinado. Por outro lado, pode-se ainda estender a leitura deste conceitoacompanhando as ideias filosficas de meados do sculo XIX, em que a modernidade nas

    artes assumia uma funo anloga, seno substitutiva, a da filosofia, uma vez que a forma

    artstica arrogava para si a funo de apreender e representar o Absoluto (FABBRINI,

    2006, 115).

    Dito assim, pode-se inferir que Ruskin sugere que o artista rejeite a faculdade da

    inteligncia em benefcio da faculdade de sentir, mas no bem assim. Em Ruskin atravs

    da faculdade da percepo que dada impresso advm e o artista a apreende, mas por

    meio de sua imaginao, e de seus sentidos elevados categoria da razo, que ele

    interpretar a lgica da natureza a fim de realizar sua obra. Portanto, verdade e a realidade

    fundam-se na impresso em harmonia com a faculdade da percepo, que nesse jogo

    antecede a faculdade da razo, logo, cabe ao artista apenas ver e sentir na busca pelas

    impresses estticas, ou seja, na busca pelo belo.

    O outro lado da impresso est no receptor esttico. Para Ruskin, preciso que ele

    tambm se atenha na subjetividade de suas impresses a fim de capturar a verdade que a

    impresso imediata lhe proporciona, ento, assim como o artista, ele no deve

    intelectualizar frente a uma obra de arte, mas sim, ir at a obra, primeiramente,

    contemplando-a e sentindo-a. O olhar parte essencial tambm do receptor, por isso, se ele

    no consegue ver e sentir uma obra de arte verdadeira, ningum poder fazer,

    racionalmente, este apreciador apreender uma obra. Por isso, tanto artista, quanto receptor

    esttico, devem tomar, cada qual, o olhar sob a gide interpretativa, ou seja, acolher em si

    antes o que sente, e no o que sabe que v.

    Pelo que examinamos acima, pode-se dizer que John Ruskin um autnticoherdeiro da exaltao da natureza, do culto do belo e da sensibilidade. A tnica de sua

    particular esttica est na reverncia a Deus, a natureza e a arte. Pelo vis filosfico

    aproxima-se o pensamento ruskiniano do empirismo sensualista, e sabido que seu

    conceito de impresso adveio, em parte, de suas leituras do Ensaio sobre o entendimento

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    humanode John Locke, por isso, acreditando que o caminho do conhecimento faz-se antes

    pela experincia sensvel, toda elaborao e recepo esttica de Ruskin advm da im-

    presso, porque apenas ela incorpora em si o impondervel e a preciso do efeito. Como

    visto, o mrito da primeira impresso que ela revela a verdade, a qual s pode serapreendida atravs do ver e do sentir, e no da razo.

    IV.

    notrio que Marcel Proust fundou a Recherche sobre uma intrincada trama de

    correspondncias, a qual promove um grande encontro das artes; desfilam por sua obra-

    prima literria a pintura, a msica, a poesia, a arquitetura, etc., e em muitas de suas

    apreciaes estticas, e exclusivamente no tocante a pintura, h muitas apropriaes,

    emprstimos e colagens de crticos renomados (BOUILLAGUET, 1990, 134; NATHAN,

    1969, 200), e, principalmente de John Ruskin. Diferentes comentadores j identificaram

    nesta ou naquela passagem uma colagem de Ruskin, e talvez a mais famosa seja a clebre

    tela do pintor ficcional Elstir, oPort de Carquethuit(PROUST, 1984, 318), que apresenta

    uma clara similitude descritiva com uma marinha de Turner descrita por Ruskin (RUSKIN,

    1895, 51-52). Entretanto, mesmo tendo sido Proust um franco admirador da literatura de

    arte do crtico ingls, e tendo ainda traduzido para o francs duas obras dele, no h na

    Rechercheseno duas menes ao nome de Ruskin, as quais nem se referem diretamente

    crtica de arte. Mas dando ou no crdito ao pensamento ruskiniano, o certo que ele est

    sensivelmente manifesto na voz do narrador-heri ou na de alguma personagem do

    romance, e por esta razo, John Ruskin , seguramente, o pensador, que no era filsofo,

    que mais inspirou Proust.

    Ruskin orientou Proust a fundamentar seu grande romance, e podemos, at mesmo,

    identificar diversos preceitos do crtico ingls que foram aplicados a ele. Dentre ospreceitos adotados por Proust pode-se destacar: o fazer artstico como tarefa rdua; a

    concepo da verdade anloga ao belo; a alta arte como aquela criada e formada por um

    grande mestre para ele mesmo, e que por isso no pode ser imitada; e, naturalmente, a

    impresso verdadeira que, sendo critrio de verdade, prescinde da inteligncia.

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    O encontro de Proust com a impresso ruskiniana, porm, no teve seu incio na

    Recherche, pois bem antes do lanamento da grande obra o conceito j estava em diversos

    de seus textos mundanos de juventude, nos quais ele reconhece a impresso como aquilo

    que funda a criao artstica: a verdade das impresses da imaginao, to preciosa, e se aarte que ambiciona assemelhar a vida a suprime, suprime a nica coisa preciosa

    (PROUST, 1954, 79).

    Portanto, diante de tal ascendncia, pode-se dizer que a relao entre a literatura

    esttica ruskiniana e Proust se d na ordem da prpria gnese da criao literria

    proustiana, e dentre os preceitos elencados, a verdade daimpresso foi tomada pelo escritor

    francs como a parte mais importante da estrutura perceptiva do narrador-heri em sua

    busca pela verdade. Outrossim, foi a noo de impresso que permitiu a Proust criar em sua

    obra literria uma teoria esttica perceptiva, emprica, sensria, a qual est interligada

    tambm a fundao de uma nova linguagem literria, que pode ser dita impressionista e

    imagtica, pois, o estilo de Proust que por ser explicativo aparenta-se ao de Balzac ,

    um estilo que no descreve ou sugere, mas, sim, que se explica atravs de imagens

    (DELEUZE, 1987, 166). E atravs da imagem que surge a impresso, por isso, tantas

    descries de experincias estticas do narrador-heri na Recherche. Estas impresses

    chegaro a seu termo quando o narrador se convencer que s a partir delas lograr

    encontrar a verdade, por isso, no final da obra, afirmar ele:

    S a impresso, por mofina que lhe parea a matria e inverossmeis as pegadas, um critrio deverdade e como tal deve ser exclusivamente apreendida pelo esprito, sendo, se ele lhe souberextrair a verdade, a nica apta a conduzi-lo perfeio e ench-lo da mais pura alegria (PROUST,1995, 159).

    V.

    No tocante a construo da obra proustiana, portanto, sensvel a aproximao deProust a certos preceitos advindos da filosofia tradicional a questo do belo e da verdade

    e a impresso como critrio de verdade, por exemplo. Assim afirmamos porque tomamos

    Ruskin como o pensador mais lido (estudado) por Proust, e o qual, sabido, foi um leitor

    de Locke, filsofo legatrio da filosofia clssica que dita que o conhecimento advm da

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    sensao, logo est embutido em seu conceito de verdade da impresso tal empirismo

    lockiano. Por outro lado, comentadores de Ruskin arrogam a inspirao do conceito de

    verdade da impresso no s filosofia, mas muito ao poeta romntico William

    Wordsworth, que medrou sobremodo tecer uma poesia feita de impresses, pois ela ,substancialmente, o resultado de associaes e correspondncias com os sons, as cores e a

    memria.

    Entretanto, a noo de impresso parece mesmo ser oriunda da pintura, pois a ideia

    de primeira impresso impregnava as teorias sobre a pintura paisagista do sculo XIX

    mais a pintura inglesa que a francesa. Esta noo foi copiosamente aplicada muito em

    decorrncia da necessidade opressiva que tiranizava os artistas para traduzir o modelo, no

    caso a natureza, sob seu vis sensrio. Convm lembrar ainda que tal processo engendrou o

    Impressionismo francs, que teve a frtil pintura paisagstica de J. M. W. Turner como

    inspiradora. A importncia da noo de verdade da impresso foi igualmente sentida como

    um eco que reverberou aps algumas dcadas na convocao simbolista do final do sculo

    XIX que, com suas associaes e figuraes subjetivas, tinha no poeta Mallarm aquele que

    incitava o artista no a apresentar os fatos em si, mas as impresses que eles produziam

    em seu esprito (MONNING-HORNUNG, 1951, 32).

    Dessa forma, pode-se afirmar que o conceito propagado por Ruskin que privilegia

    a percepo em detrimento da faculdade da inteligncia, a qual s atuar na obra de arte

    aps o advento primordial da impresso foi por um bom perodo admitido como lei

    cardeal da esttica.

    Contudo, a noo que impregnou o pensamento esttico em quase todo o sculo

    XIX ser desbancada, por assim dizer, quando os vanguardistas das dcadas iniciais do

    sculo XX, Marcel Duchamp dentre eles, colocam em questo a pintura retiniana, e

    levantam dvidas acerca da execuo e recepo de um objeto de arte meramente por seu

    vis sensorial. a derrocada da faculdade de sentir tradicionalmente reivindicada comoautoridade na experincia do sujeito frente aos objetos de arte em benefcio do conceito e

    da reflexo, principalmente na pintura, que doravante tornar-se- assemblage, ready-made,

    instalao,performance... Sem condio de enveredar por este caminho (sem volta) da arte,

    limitemo-nos a afirmar que Ruskin, mesmo imbudo de toda uma esttica oitocentista, deu

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    sua contribuio revoluo esttica das vanguardas com sua anteviso, tanto no que tange

    ao direito do artista ao inacabado e ao fragmentado, ao imperfectivo, ao continuum ,

    quanto em sua concepo de sublime, conceito que comentadores hodiernos lanam mo

    para contrapor a arte contempornea (que evoca o sublime), arte antecedente a ela, ouseja, aquela normatizada pelo sentimento do belo.

    VI.

    Por conseguinte, pode-se dizer que Proust simultaneamente um herdeiro dos

    preceitos estticos oitocentistas, e o inaugurador de uma nova linguagem literria e de sua

    prpria esttica. A Recherche testemunha essa juno, pois a ela foi incorporada, como

    parte de seu legado ruskiniano, a impresso como conceito perceptivo orientador.

    Ademais, parece-nos que a impresso est intrinsecamente envolvida questo da

    unidade da obra proustiana, a qual, s poder ser conjecturada se levada em considerao a

    verdade que o narrador-heri logra encontrar ao final da obra, e que se revela como a

    vocao e o Livro.

    No que concerne a unidade da obra proustiana, em Proust e os signos Gilles

    Deleuze afirma que os signos formam a unidade e a pluralidade da Recherche, entretanto,

    afirma o filsofo que tal unidade no aquela assemelhada a uma totalidade orgnica, pelo

    contrrio, a unidade proustiana deve ser lida como a disparidade, a incomensurabilidade, o

    esmigalhamento das partes da Recherche, com as rupturas, os hiatos, as lacunas, as

    intermitncias que lhe garantem a diversidade final (DELEUZE, 1987, 114), portanto,

    quando Proust compara sua obra a uma catedral ou a um vestido no para defender um

    Logos com bela totalidade, mas, ao contrrio, para defender o direito ao inacabado, s

    costuras e aos remendos (DELEUZE, 1987, 161).

    Deleuze certeiro em sua ponderao, e consideramos plausvel acrescentarmos aesta concepo de unidade da obra, que se mostra sobretudo plural, a noo de impresso,

    pois a prpria impreciso da impresso parece constituir a modulao da narrativa

    proustiana eminentemente impressionista e carregada de sensaes que apenas sugerem,

    insinuam. Por isso, quando Ruskin invoca o o carter sagrado da verdade da impresso,

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    ele est a falar do que fundamenta uma obra, ou seja, da sensao porm, no da sensao

    no sentido que provoca as ressucitaes, ou das sensaes meramente associativas , mas

    da sensao que fundamenta uma obra como impresso primeira que vem saturada pelo

    impondervel, e por isso mesmo relacionada ao sagrado. Em outros termos, pode-se afirmarque o artista ruskiniano expressa o divino, numa clara relao com as concepes estticas

    de Andr Malraux, e de tal concepo extrai-se que este artista seria aquele que cultiva e

    conserva o vnculo aurtico, o qual advm, primordialmente, das coisas divinas: o valor

    nico da obra de arte autntica tem sempre um fundamento teolgico, por mais remoto

    que seja: ele pode ser reconhecido, como ritual secularizado, mesmo nas formas mais

    profanas do Belo (BENJAMIN, 1994, 171).

    Em linguagem laica, mas ainda assim em determinada medida devedora de tal

    herana atvica, pode-se afirmar que de uma comunho que ocorre entre o homem-artista

    e o impondervel que surge a composio, ou seja, a obra de arte, pois seguindo o

    pensamento contemporneo, a obra de arte essencialmente um composto de sensaes

    (DELEUZE; GUATTARI, 2007, 213 et seq). E mesmo que Deleuze no considere

    adequadas as ideias entre a arte e as possibilidades religiosas aventadas por Malraux

    (DELEUZE, 2007, 17), na questo da obra de arte, a enigmtica sensao autoridade, seja

    ela carregada do lastro romntico do sculo XIX, ou mesmo antes deste perodo, seja ela

    pensada no mbito da filosofia contempornea.

    Conectando a noo registrada do sagrado da arte s consideraes acerca da

    unidade da composio proustiana e a impresso, interessante lembrar a aspirao de

    Proust sobre sua prpria composio literria: eu construiria meu livro, no ouso dizer

    ambiciosamente como uma catedral, mas modestamente como um vestido (PROUST,

    1995, 280). Ao mencionar uma catedral uma edificao religiosa , ao lado de um vestido

    um prosaico e profano traje vestimentar , deduz-se que Proust nutria pela primeira, a

    construo sagrada, um particular afeto, que reverbera em seu mago como uma inclinaodevocional pela arte, a qual se anuncia como um vitico espiritual. Por isso, com exata

    ironia ruskiniana, Antoine Compagnon afirma que Proust, o profeta da religio da

    literatura, no ignorava que a literatura pode ajudar na vida (COMPAGNON, 2010, 50).

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    Para Proust a arte conduz transcendncia e, de modo exclusivo, ela intenta negar a

    morte de seu criador, e numa mesma relao, para o receptor esttico, a arte consolo,

    alimento, e o nico meio que possibilitaria vislumbrar, porventura, o eterno:

    Talvez o nada que seja verdade e todo o nosso sonho no exista, mas sentimos que ento essasfrases musicais, essas noes que existem em funo do sonho, no ho de ser nada, tampouco.Pereceremos, mas temos como refns essas divinas cativas que seguiro a nossa sorte. E a mortecom elas tem alguma coisa de menos amargo, de menos inglrio, de menos provvel, talvez(PROUST, 1998, 336).

    Portanto, em Proust, no restrito da vida, surge a essencialidade da arte como a nica

    expresso que permanece, e que pode, qui, ser a uno aplicada no momento final. Tal a

    crena proustiana, e aos moldes dos ensinamentos de Ruskin, ele tomou sua vocao nas

    mos e a ela se dedicou religiosamente e sem reservas. Ademais, seguindo a doutrina docrtico ingls, ele elaborou a pesquisa pela verdade de seu narrador-heri pautada,

    mormente, nas impresses e experincias estticas, ou seja, pautadas no recndito das

    sensaes advindas de sua prpria vivncia. So estas experincias que chegam ao seu

    remate no final da obra, quando a vertigem se apossa do narrador-heri, e num timo, ele

    reconhece que de qualquer ideia deixada em ns pela vida, a representao material,

    indcio da impresso que nos causou, sempre o penhor da verdade necessria (PROUST,

    1995, 159), por isso, a impresso e no a razo , que como nico critrio de verdade,

    dar azo a realizao do Livro.

    Dito isso, por mais que a razo tenha dado sua contribuio arte hodierna em

    forma de conceito, latente ou explcito, com a sensao que o artista trabalha na execuo

    de sua obra, pois o que seria da arte se dela se subtrasse a possibilidade do encontro, o qual

    se d atravs da impresso pela sensao? E dizer impresso equivale a dizer sensao

    apreendida, transposta, captada, mas no intelectualizada, porque a impresso no passa

    pela razo, mas sim pela imponderabilidade que rege a faculdade de sentir, pois quando a

    impresso se apossa do sujeito vem carregada de um embate de foras vitais que, em ltima

    instncia, o que promove a arte. E o embate fomentado pelo encontro fortuito, que

    co(move) e anima, cinge tanto o artista quanto o receptor esttico.

    Proust acolheu e sentiu de modo privilegiado este embate de foras que Ruskin

    entreviu na arte, no s de Turner, mas tambm na arquitetura e, sobretudo na natureza

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    como uma criao superior. Por isso, a concepo de verdade da impresso ruskiniana

    dialoga, e dialogar sempre, com este impondervel que ronda a natureza da criao

    artstica.

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