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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU FECLI CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS AILA NOGUEIRA BERNARDO PERFIL DO DESENVOLVIMENTO DAS USINAS E OLEAGINOSAS MAIS UTILIZADAS NO ESTADO DO CEARÁ NA PRODUÇÃO DO BIODIESEL IGUATU/CE 2012

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE

IGUATU – FECLI CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

AILA NOGUEIRA BERNARDO

PERFIL DO DESENVOLVIMENTO DAS USINAS E OLEAGINOSAS MAIS UTILIZADAS NO ESTADO DO CEARÁ NA PRODUÇÃO DO BIODIESEL

IGUATU/CE 2012

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AILA NOGUEIRA BERNARDO

PERFIL DO DESENVOLVIMENTO DAS USINAS E OLEAGINOSAS MAIS UTILIZADAS NO ESTADO DO CEARÁ NA PRODUÇÃO DO BIODIESEL

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Ciências Biológicas da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu, da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do Título Licenciado em Ciências Biológicas. Orientação: Profa. Dra. Alana Cecília de Menezes Sobreira.

IGUATU/CE 2012

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DEDICATÓRIA

A minha mãe Luiza, responsável por toda minha educação, pelos ensinamentos

de virtude moral, pelo amor incondicional e incentivo na minha vida acadêmica. A minha irmã Naiara,

pelo seu amor fraterno, companheirismo e por me ajudar sempre nos momentos difíceis.

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“O biodiesel não é apenas um programa energético: ele é um ato de soberania e

coragem da nação brasileira”. Deputado

Ariosto Holanda (CE)

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo que operou na minha vida, por ter me dado a graça de

estar viva e com saúde para conseguir minha formação superior.

Aos meus pais Luiza e Aídes e a minha irmã Naiara, por terem

possibilitado, em toda minha vida, que eu chegasse a vencer esta etapa de

formação e continuar trilhando nesse caminho de busca constante de aprendizado.

A professora Ms. Sdena Oliveira Nunes, grande incentivadora, que me

auxiliou, ensinou, motivou e estimulou, que cobrou nos momentos necessários e

contribuiu para minha formação com seus conhecimentos e atitudes e pela

dedicação na realização deste trabalho, com a devida importância que um docente

colabora para a vida acadêmica de um discente.

A professora e orientadora Drª. Alana Cecília de Menezes Sobreira, por

todo o apoio dado na realização deste trabalho, sendo atenciosa e paciente e por

contribuir na minha formação de maneira significativa.

Aos coordenadores da Coordenadoria de Desenvolvimento da Agricultura

Familiar – CODAF, principalmente ao Ademarzinho Holanda, por me

disponibilizarem informações imprescindíveis para a concretização deste trabalho e

ao Engenheiro de Processamento Senior da unidade de produção de biodiesel da

Petrobras Biocombustíveis, Antonio Carlos S. Almeida, por estar sempre disponível,

me enviando informações sobre as condições do biodiesel da usina de Quixadá.

A todos os professores que tive ao longo de toda a minha graduação, cuja

sabedoria e conhecimentos foram importantes para minha formação. Agradeço a

Irismaura Cordeiro, Carmen Rogelia, Ricardo Rodrigues, Mongôla Keyla, Ana Kelen,

Kelen Rejane, Alana Cecília, Sdena Oliveira, Mayle Bezerra, Neyliane Bezerra, Ana

Cristina, Fernando Roberto e as professoras-supervisoras do PIBID, Lucicleide

Carlos e Clarice Cartaxo por terem contribuído em parcela significativa no exercício

da profissão que desempenharei ao longo desses anos.

Aos amigos do curso de graduação, pelo aprendizado e pela divisão das

emoções durante o período estudado, Nikaely (“Nikas patica”) a patricinha mais

gente boa da faculdade, Maiara (“fazendeira de diamantes”) responsável e dedicada,

Thamires (a “nega enjoada”), Lívia (a “perigosa”), Lucilane (“eficientíssima”), João

Victor (“consumista compulsivo”) muito prestativo e atencioso, Marlúcia (linda e fina)

grande batalhadora, Hérimam (”guerreira”), Kemile (“ a buchudinha”), George, que

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eu o acordava todos os dias pela manhã cedo, Jamile, Elvis, Jéssica e em especial

Denis, meu amigo confidente, companheiro inseparável e amigo pra toda hora.

Adoro cada um de vocês de um jeito especial e vou sentir muita falta das nossas

zoações e viagens engraçadas.

Ao meu amor e companheiro, que apesar da distância sempre me

estimulou para dedicação na realização deste trabalho, por me entender e me dar

força nas escolhas da minha vida.

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RESUMO

No Brasil, os estudos sobre a produção de biocombustíveis - combustíveis produzidos a partir da biomassa - estão sendo desenvolvidos e bem aceitos no mercado, principalmente, o biodiesel (diesel produzido a partir da biomassa de vegetais oleaginosos). Essa produção vem crescendo num grande potencial, merecendo cuidados especiais para que possa alcançar a sua sustentabilidade. A dinâmica do setor tem proporcionado incrementos na renda de milhares de famílias de pequenos produtores rurais que produzem matérias-primas, principalmente, no semi-árido nordestino, permitindo a inclusão social dessas populações. O estado do Ceará, atualmente apresenta um grande potencial no desenvolvimento dos biocombustíveis. Só nos últimos anos percebeu-se que o governo investiu com interesse o desenvolvimento do biodiesel. Por isso faz-se importante repassar o conhecimento sobre o desenvolvimento do biodiesel para os alunos graduandos do curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu - FECLI, para que eles venham a ter um olhar crítico sobre o assunto. Nesse sentido, objetivou-se investigar sobre o desenvolvimento do biodiesel no estado do Ceará e transmitir esse conhecimento de tecnologia sustentável para os alunos do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu/CE. A pesquisa consistiu em um estudo interpretativo e descritivo de dados com uma abordagem qualitativa. Foi realizado estudo de caso sobre o desenvolvimento do biodiesel no estado do Ceará e entrevista com coordenador da Coordenadoria de Desenvolvimento da Agricultura Familiar - CODAF. Os resultados demonstraram que o estado do Ceará é um pioneiro na produção do biodiesel e prioriza a produção deste biocombustível com seu programa estadual, em consenso com o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel - PNPB, justificando a visão social, ambiental e econômica. A oleaginosa mais cultivada no estado do Ceará é a mamona. Desde o ano de 2010, o estado do Ceará começou a gerar três tipos de oleaginosas: a mamona, o girassol e o algodão. A geração de emprego para o estado aumentou, fortaleceu a agricultura familiar, a agroecologia, tornando-se uma nova matriz energética viável para o estado. Deste modo, a expectativa é que a comunidade e os alunos graduandos do curso de Ciências Biológicas tenham compreendido o que é o biodiesel e seu desenvolvimento no estado. Palavras-chaves: Biodiesel, Ceará, oleaginosas.

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ABSTRACT

In Brazil, studies on biofuel production- fuels produced from biomass - are being developed and well accepted in the market, mainly biodiesel (diesel produced from vegetable oleaginous biomass). This production has been growing a great potential, deserving special care so that it can achieve its sustainability. The dynamics of the sector has provided increments in income of thousands of families of small farmers producing raw materials, especially in semi-arid Northeast, allowing the inclusion of these populations. The state of Ceará, currently has great potential in the development of biofuels. Only in recent years it was realized that the government invested with interest the development of biodiesel. Therefore it is important to pass the knowledge on the development of biodiesel students for undergraduate the course of Biological Sciences, Faculty of Education, Sciences and Letters of Iguatu - FECLI, so they will have a critical look at the subject. In that sense, it was aimed to investigate the development of biodiesel in the state of Ceará and transmit that knowledge of sustainable technology for students of Biological Sciences, Faculty of Education, Sciences and Letters of Iguatu / CE. The research consisted of an interpretative study a descriptive data with a qualitative approach. We conducted a case study on the development of biodiesel in the state of Ceará and interview with the Coordinator of the Coordination Development of Family Farming - CODAF. The results showed that the state of Ceará is a pioneer in the production of biodiesel and prioritizes the production of this biofuel with their state program, in consensus with the National Program for Production and Use of Biodiesel - PNPB, justifying the view social, environmental and economic. The oilseed grown more in the state of Ceará is the castor beans. Since the year 2010, the state of Ceará began to generate three types of oil: castor bean, sunflower and cotton. Employment generation for the state increased, strengthened family farming, agroecology, making it a viable new energy to the state. Thus, the expectation is the community that students graduate course of Biological Sciences have understood what is biodiesel and its development in the state.

Keywords: biodiesel, Ceará, oilseed

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANP - Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

CEI - Comissão Executiva Interministerial

CEPLAC - Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira

CERPCH - Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas

CNPE - Conselho Nacional de Política Energética

CODAF - Coordenadoria de Desenvolvimento da Agricultura Familiar

DAP - Declaração de Aptidão ao Pronaf

FECOP - Fundo Estadual de Combate à Pobreza

GG - Grupo Gestor

GI - Grupo de Interesse

GIAB - Grupos de Interesse Associativo e Agroecológico de Base

GTI - Grupo de Trabalho Interministerial

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IEA - Internacional Energy Agency

INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial

INPI - Instituto Nacional de Propriedade Indústria

INT - Instituto Nacional de Tecnologia

IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social

IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas

LIPPEL - Irmãos Lippel & Cia LTDA

MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia

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MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário

OCB’s - Organização Comunitária de Base

OVEG - Programa de Óleos Vegetais

PCNEM - Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio

PNATER - Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural

PNPB - Programa Brasileiro de Produção e Uso do Biodiesel

PROBIODIESEL - Programa Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico de

Biodiesel

PRÓ-ÓLEO - Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos

SDA - Secretaria do Desenvolvimento Agrário

SEMACE - Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará

TECBIO - Tecnologias Bioenergéticas LTDA

UBRABIO - União Brasileira do Biodiesel

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 13

2 OBJETIVO..........................................................................................................

15

2.2 Objetivo Geral................................................................................................... 12

2.3 Objetivos Específicos....................................................................................... 12

3 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................

16

3.1 Biodiesel: do ontem ao hoje............................................................................. 16

3.1.1 O Histórico do biodiesel no Brasil.................................................................. 17

3.2 Biocombustível e os seus Diversos Tipos........................................................ 20

3.3 A Química da Produção do Biodiesel............................................................... 22

3.4 Vantagens para Investir no Biodiesel............................................................... 25

3.5 Biodiesel e Sustentabilidade............................................................................ 26

3.6 Biodiesel e Educação....................................................................................... 27

4 METODOLOGIA.................................................................................................

30

4.1 Do Tipo da Pesquisa........................................................................................ 30

4.2 Caracterização de Área de Estudo................................................................... 30

4.3 Da Realização da pesquisa.............................................................................. 30

4.4 Do Objeto de Estudo........................................................................................ 31

4.5 Do Minicurso..................................................................................................... 31

4.6 Da Elaboração e Produção da Cartilha sobre o Biodiesel............................... 32

4.7 Análises de Dados............................................................................................ 32

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................

33

5.1 A importância do biodiesel para o estado do Ceará......................................... 33

5.1.1 Desenvolvimento dos projetos sobre o biodiesel no Ceará.......................... 34

5.1.2 Pesquisas sobre biodiesel no Ceará e nas cidades onde há usinas

instaladas................................................................................................................

37

5.2 Fluxos das atividades das usinas de biodiesel instaladas no estado do

Ceará......................................................................................................................

37

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5.3 Principais espécies vegetais utilizadas para produção de biodiesel no

estado do Ceará.....................................................................................................

39

5.3.1 Plantio, colheita até chegar ao processo de produção do biodiesel............. 40

5.4 Transmissão do conhecimento sobre as informações adquiridas a respeito

do biodiesel no Ceará, através de um minicurso para os alunos do curso de

Ciências Biológicas da Faculdade de Educação, Ciência e Letras de Iguatu/CE

e entrega da cartilha didática.................................................................................

41

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................

44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................

45

APÊNDICES...........................................................................................................

50

Apêndice A............................................................................................................. 51

Produção da Cartilha.............................................................................................. 52

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1 INTRODUÇÃO

A história da energia começou na Idade da Pedra. A produção do fogo foi um

dos principais progressos para a humanidade. Um dia, o homem produziu o fogo e

pôde cozinhar, iluminar seu habitat e se aquecer nas épocas frias. Foi quando surgiu

a primeira ideia que poderia transformar energia em conforto. Então, os recursos

naturais foram, ao longo dos anos e necessidades, tornando-se diferentes fontes de

energia. A transformação das forças fornecidas pela natureza resultou em produção

energética para sobrevivência social do homem.

No século XVIII, chegou a Revolução Industrial e o uso generalizado da

máquina a vapor movimentado pelo carvão acarretou na primeira devastação em

larga escala de florestas provocada pelas mãos humanas (CRAVEIRO, 2010). No

último século, com o surgimento dos motores à combustão e produção de energia

com a queima dos combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão) os

problemas ambientais se agravaram significativamente (BRAGA; PEREIRA;

SALDIVA, 2003).

Acontece que os combustíveis fósseis são fontes poluentes e não

renováveis de energia e acredita-se que seu esgotamento será num futuro bem

próximo. Percebeu-se assim, a necessidade de descobertas e utilização de outras

fontes naturais para a produção de energia de menor ou quase nenhum impacto

ambiental. Surgiu, portanto, o interesse pelas chamadas energias alternativas e

renováveis, como a eólica, a solar, a hidrelétrica e a de biocombustíveis.

No Brasil, os estudos sobre a produção de biocombustíveis -

combustíveis produzidos a partir da biomassa - estão sendo desenvolvidos e bem

aceitos no mercado, principalmente, o biodiesel (diesel produzido a partir da

biomassa tanto de vegetais oleaginosos - pinhão manso, a soja, a mamona, o

girassol, o algodão, dendê, babaçu, amendoim, macaúba, colza, linhaça e oiticica -

como também de origem animal providos de sebo bovino, óleos de peixes, óleo de

mocotó, banha de porco, entre outros tipos de graxa animal (PARENTE, 2003). Essa

produção vem crescendo num grande potencial, merecendo cuidados especiais para

que possa alcançar a sua sustentabilidade. A dinâmica do setor tem proporcionado

incrementos na renda de milhares de famílias de pequenos produtores rurais que

produzem matérias-primas, principalmente, no semi-árido nordestino, permitindo a

inclusão social dessas populações.

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Assim, o biodiesel atende muitos aspectos de forma positiva: no aspecto

ambiental, por emitir menor índice de carbono evitando os gases responsáveis pelo

efeito estufa e a emissão de enxofre, não é tóxico e ainda é biodegradável. Como

fonte de energia renovável, apresenta-se um potencial promissor, uma vez que não

contribuem para o acúmulo de gases do efeito estufa na atmosfera. Isso acontece

porque é um ciclo fechado de carbono no qual o CO2 é absorvido quando a planta

cresce na safra seguinte. Como benefício social, a implementação de programas

energéticos com biodiesel abre grandes oportunidades de geração de emprego por

capital investido, de valorização e promoção do trabalhador rural, além das

demandas por mão-de-obra qualificada para o processamento. Dessa forma, o

biodiesel é uma saída economicamente viável e se for bem administrado pode ser

também sustentável (OLIVEIRA; COSTA, 2002).

O estado do Ceará, atualmente, está despontando como um grande

potencial no desenvolvimento dos biocombustíveis. Só nos últimos anos percebeu-

se que o governo investiu com interesse e incentivo ao desenvolvimento do

biodiesel. Porém, ainda precisa-se de mais estudos e pesquisas sobre o tema.

A importância do conhecimento dos profissionais formadores de opiniões

sobre o biodiesel torna-se o estudo sobre esse assunto mais relevante e evidente.

Com a busca incessante de informações e novas descobertas sobre o

desenvolvimento do biodiesel, principalmente no estado do Ceará, o assunto trás

relevância e significados para as universidades tanto de licenciatura como de

pesquisa, acarretando em bons resultados para o futuro.

Por isso faz-se importante repassar o conhecimento sobre o

desenvolvimento do biodiesel no Ceará para a comunidade e aos alunos

graduandos do curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Educação, Ciências e

Letras de Iguatu - FECLI, para que eles possam absorver essas informações e

venham a ter um olhar crítico sobre o assunto, conhecendo a viabilidade deste

biocombustível como uma alternativa sustentável em muitos aspectos. Também

possam repassar para seus alunos enquanto professores e que tenham o domínio e

a competência para novas pesquisas e descobertas como pesquisadores, já que é

uma tecnologia que vem crescendo a cada dia no estado e também no país.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Pesquisar sobre o desenvolvimento do biodiesel no estado do Ceará e

transmitir esse conhecimento de tecnologia sustentável para os alunos do Curso de

Ciências Biológicas da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu/CE.

2.2 Objetivos Específicos

Ressaltar a importância do biodiesel para o estado do Ceará;

Identificar as principais espécies vegetais utilizadas para produção de

Biodiesel no estado do Ceará;

Investigar o fluxo das atividades das usinas de biodiesel instaladas no

estado do Ceará;

Transmitir o conhecimento sobre as informações adquiridas sobre o

biodiesel no Ceará através de um minicurso para os alunos do curso de Ciências

Biológicas da Faculdade de Educação, Ciência e Letras de Iguatu/CE;

Elaborar uma cartilha didática com informações básicas e relevantes

sobre biodiesel no estado do Ceará e distribuí-la durante o minicurso.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Biodiesel: do ontem ao hoje

A história do biodiesel é muito antiga. Pode-se dizer que a sua

contextualização começa em 1859, quando foi descoberto petróleo na Pennsylvania.

Na época, esse combustível fóssil, era utilizado principalmente para produção de

querosene de iluminação pública. Assim, começa a era dos combustíveis. Trinta e

quatro anos mais tarde, em 1883, o primeiro motor a diesel do mundo foi criado e

abastecido com óleo de amendoim. Essa invenção teve seu primeiro ensaio para o

mundo em 1900, na Exposição Universal, em Paris, sendo apresentado ao público

pelo seu inventor, Rudolph (GOES; ARAÚJO; MARRA, 2010).

Esses motores eram de injeção indireta e podiam ser alimentados por

petróleo filtrado, óleos vegetais e até mesmo por óleos de peixe (INSTITUTO

NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL, 2008). O processo de produção de

biodiesel foi patenteado em 1937, na Bélgica pelo Dr. George Chavanne. No ano

seguinte, ainda na Bélgica, houve o primeiro registro de uso de combustível obtido

de óleo vegetal para fins comerciais, em ônibus de linha para passageiros

(KNOTHE, 2001 apud PLÁ, 2003).

Porém, o processo de combustão do motor com utilização desse óleo

vegetal não obteve o resultado esperado. Devido à alta viscosidade, verificou-se

uma obstrução dos bicos injetores, obrigando a constantes paradas para

manutenção dos motores. Esse problema foi solucionado três anos depois, com

aplicação de um processo químico chamado de transesterificação que era

conhecido desde 1853, antes mesmo da história do biodiesel, mas que foi

empregado pela primeira vez em óleos vegetais para a obtenção de combustíveis.

Esse fato ocorreu em 1940 pelo mesmo professor que patenteou a produção do

biodiesel em 1937, o Dr. Chavanne, da Universidade de Bruxelas Bélgica (INPI,

2008). Na década de 1950, a disseminação desses motores se mostrou com forte

motivação comercial e maior rendimento, resultando em baixos consumos de

combustível, tornando-se ainda um setor mais forte no mercado com a primeira crise

do petróleo em 1956 (GOES; ARAÚJO; MARRA, 2010).

Em 1973, o mundo enfrentou a segunda crise do petróleo e sete anos

mais tarde, aconteceu a terceira. O preço do petróleo aumentou de maneira

acelerada, levando as pessoas a uma nova consciência mundial a respeito da

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produção e consumo de energia originada dos combustíveis fósseis. Isso

representou um verdadeiro marco na história energética do planeta, pois o homem

passou a valorizar as energias, posicionando-as em relação aos bens de sua

convivência (AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E

BIOCOMBUSTÍVEIS, 2011).

Na França e na Austrália, a produção do biodiesel teve início em 1988; já

nos EUA, a aprovação do biodiesel como combustível só aconteceu nove anos mais

tarde. Em diversos países, o biodiesel já é uma realidade:

Na Alemanha, atualmente, existe uma frota significativa de veículos leves,

coletivos e de carga, que utilizam biodiesel derivado de plantações

específicas para fins energéticos e distribuído por mais de 1.000 postos de

abastecimento. Outros países também têm desenvolvido os seus

programas nacionais de biodiesel e, como conseqüência, o consumo

europeu de biodiesel aumentou em 200.000 ton. entre os anos de 1998 e

2000. Já nos Estados Unidos, leis aprovadas nos estados de Minnesotta e

na Carolina do Norte determinaram que, a partir de 1º/1/2002, todo o diesel

consumido deveria ter a incorporação de, pelo menos, 2% de biodiesel em

base volumétrica (RAMOS et al., 2003, pág. 30).

Hoje os biodieseis estão em grande desenvolvimento e os níveis de

produção são crescentes e estimulados pelos governos e entidades de

desenvolvimentos mundiais; pelos altos preços do petróleo, pela redução da

dependência desse tipo de combustível e pela mitigação dos problemas climáticos e

ambientais (INTERNACIONAL ENERGY AGENCY, 2004).

3.1.1 O Histórico do biodiesel no Brasil

Os estudos e testes para produção de combustíveis renováveis no Brasil

começaram ainda na década de 1920 com o Instituto Nacional de Tecnologia – INT.

Esse instituto fazia os experimentos com combustíveis alternativos e renováveis a

partir da palma, algodão e amendoim (GOES; ARAÚJO; MARRA, 2010). Mas foi

somente na década de 1970, quando houve o segundo choque de petróleo no

mundo, que o INT, em associação com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT e

a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC, iniciaram os

desenvolvimentos de projetos de combustíveis a partir de óleos vegetais,

principalmente do diesel produzido a partir do dendê, o chamado DENDIESEL.

Esses estudos se perpetuam até os dias atuais (FENDEL, 2009).

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Em 1975, foi proposto o uso energético de óleos vegetais no Brasil,

originando o Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos - Pró-óleo,

cujo objetivo era gerar um excedente de óleo vegetal capaz de tornar os custos de

produção capazes de competir com os do petróleo (GÓES, 2006). A Universidade

Federal do Ceará – UFC entrou nesse contexto e fez a descoberta do novo

combustível originário de óleos vegetais e com propriedades semelhantes ao óleo

diesel convencional, que foi chamado de biodiesel (GOES; ARAÚJO; MARRA,

2010). Assim, no ano de 1980 o professor coordenador deste projeto, Expedito

Parente, patenteou o PI -8007957, a primeira patente brasileira para produção de

biodiesel e de querosene vegetal de aviação.

Foram requeridas ao INPI, em 1980, duas patentes de invenção, das quais

uma foi homologada. A Patente PI –8007957, de 1980, foi a primeira

patente, a nível mundial, do biodiesel e do querosene vegetal de aviação, a

qual entrou em domínio público, pelo tempo e desuso (LIMA, 2005, pág.90).

Como a busca do biodiesel, o envolvimento de outras instituições de

pesquisas junto à Petrobras e ao Ministério da Aeronáutica se intensificou. Foi então

que o Governo Federal criou, no início da década de 1980 o PRODIESEL petróleo

(GÓES, 2006). Motivado pela alta nos preços de petróleo, em 1983, o programa de

óleos vegetais - OVEG, testa o biodiesel produzido com misturas combustíveis em

veículos comuns e percorrem mais de um milhão de quilômetros (LIMA, 2005). Vale

ressaltar que essa iniciativa, coordenada pela Secretaria de Tecnologia Industrial,

contou com a participação de institutos de pesquisa de indústrias automobilísticas e

de óleos vegetais, de fabricantes de peças e de produtores de lubrificantes e

combustíveis (GOES; ARAÚJO; MARRA, 2010).

Mesmo com a realização de vários testes, aplicações em motores do

biodiesel puro e de misturas com diversas proporções de diesel e biodiesel e

resultados mostrando-se de alta viabilidade, os elevados custos de produção

impediram seu uso em escala comercial. Isso fez com que, depois de 1985, os

estudos com essa temática fossem realizados de forma muito modesta (INSTITUTO

PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL, 2005).

Entre os experimentos realizados posteriormente com o biodiesel no país,

vale destacar um que aconteceu de janeiro a março de 1998 em Curitiba. Na

ocasião, foi testada, na frota de transporte coletivo da cidade, a utilização de

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biodiesel de óleo de soja, doado pela American Soybean Association. O biodiesel foi

misturado ao diesel convencional na proporção de 20%, com o propósito de verificar

a eficiência desse combustível na redução da poluição ambiental. Os testes foram

realizados em 20 ônibus de diferentes marcas durante três meses consecutivos e,

ao final dos trabalhos, os veículos apresentaram redução média de fumaça em torno

de 35% (LAURINDO, 1998). Foi mais uma prova prática da alta viabilidade do

biodiesel.

Mesmo com os problemas relacionados ao alto custo de produção, as

turbulências no mercado internacional do petróleo e às pressões dos órgãos

ambientais fizeram com que o governo iniciasse um novo trabalho com utilização de

óleos vegetais transesterificados na matriz energética nacional (RAMOS et al.,

2003). Então, em 2002, com o intuito de promover o desenvolvimento científico e

tecnológico do biodiesel a partir de ésteres etílicos de óleos vegetais puros e/ou

residuais, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), criou o Programa Brasileiro

de Desenvolvimento Tecnológico de Biodiesel (Probiodiesel). O programa tem sido

desenvolvido por meio de ações integradas entre instituições de tecnologia, ensino e

pesquisa, empresas e associações direta ou indiretamente ligadas ao tema (RAMOS

et al., 2003).

Desde então, os incentivos em pesquisas e estudos perduram. Em

dezembro de 2003, o Governo Brasileiro constituiu a Comissão Executiva

Interministerial (CEI) e o Grupo Gestor (GG) para implantação das ações para

produção e uso do biodiesel. Em dezembro do ano seguinte, lançou o Programa

Brasileiro de Produção e Uso do Biodiesel - PNPB. A partir deste evento, as edições

de Leis, Atos Normativos e Regulamentos que formam todo o arcabouço legal que

norteia as iniciativas do biodiesel no Brasil obtiveram mais ênfase (UNIÃO

BRASILEIRA DO BIODIESEL, 2009).

Finalmente, no ano de 2005, houve a sanção da Lei nº 11.097/2005 que

fixou em 5% o percentual mínimo obrigatório de adição de biodiesel ao óleo diesel

comercializado e apresentou um prazo de oito anos para que percentual fosse

atingido. Vale ressaltar que quando se tratou de produção, a Lei considerou a

diversidade de oleaginosas disponíveis no país, a garantia de suprimento e de

qualidade, a competitividade frente aos demais combustíveis e uma política de

inclusão social. As regras ainda permitem a produção a partir de diferentes

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20

oleaginosas e rotas tecnológicas, fato que insere a agricultura familiar no processo

produtivo do biodiesel (BRASIL, 2005).

Depois da promulgação da Lei n° 11.097/2005, começou a se observar

algumas mudanças no cenário nacional. Em 2007, o diesel vendido no País já

possuía, pelo menos, 2% de biodiesel. Em março de 2008, devido a nova regra pela

Resolução nº 2 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), esse

percentual aumentou de 2% para 3% e sendo obrigatório a mistura de biodiesel ao

óleo diesel (CHAVES; GOMES; PEREIRA, 2010). Atualmente, a resolução CNPE nº

6/2009 permite, desde o primeiro de janeiro de 2010, a adição de 5% de biodiesel

(GÓES, 2006).

3.2 Biocombustível e os seus Diversos Tipos

Os biocombustíveis são derivados de biomassa renovável que podem

substituir parcial ou totalmente os combustíveis derivados de petróleo e gás natural

em motores à combustão ou em outro tipo de geração de energia (ANP, 2011). Já

biomassa é a energia do sol armazenada em um material vegetal orgânico na forma

de energia química. É ainda, a quantidade de material vivo existente numa

determinada área, em determinado momento, em geral expressa em unidades de

energia ou no peso seco de matéria orgânica não-fóssil (BRASIL, 2008).

Existem três tipos básicos de biocombustíveis: líquidos, sólidos e

gasosos. Os biocombustíveis líquidos mais conhecidos e de maior relevância no

Brasil são o biodiesel e o etanol.

Como definição, pode-se dizer que biodiesel:

É um derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão

interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento para

geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente

combustíveis de origem fóssil (BRASIL, 2005, pág.02).

Trata-se de um combustível biodegradável, sucedâneo ao óleo diesel

mineral, derivado de fontes renováveis: óleos vegetais, gordura animal, óleos e

gorduras residuais e é, atualmente, a melhor alternativa para substituição do óleo

diesel (PRATES; PIEROBON; COSTA, 2007). É obtido a partir do processo de

transesterificação, isto é, reação de um lipídio (óleo vegetal ou gordura animal) com

um álcool para produzir um éster e um subproduto, o glicerol (SILVA et al., 2010).

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21

Existem outros processos químicos para produção de biodiesel, como:

esterificação – reação de um ácido com um álcool, produzindo um éster - e

craqueamento – divisão em partes menores de um composto sob a ação de calor

e/ou catalisador - porém a transesterificação é o processo mais utilizado no Brasil e

no mundo (PARENTE JÚNIOR; BRANCO, 2003).

O etanol é um álcool, um composto orgânico oxigenado, também

denominado álcool etílico, e sua fórmula química é o C2H5OH e pode ser utilizado na

forma de álcool hidratado ou álcool anidro, que é adicionado à gasolina. A diferença

entre os dois é o teor de água presente no produto, o álcool hidratado possui cerca

de 7% de água, enquanto o álcool anidro possui apenas 0,7%, no máximo (BRASIL,

2008).

Vários outros tipos de biocombustíveis líquidos estão sendo pesquisado e

já vem sendo desenvolvido. Pode-se citar o bioetanol, que é o etanol de

lignocelulose. Trata-se de um combustível renovável produzido a partir de resíduos

agroindustriais, como o bagaço de cana-de-açúcar (BIODIESELBR, 2012). Também

existe o ecodiesel que é um combustível obtido da mistura de biodiesel e óleo diesel

mineral em proporções ajustadas, de forma que a mistura resultante, quando

empregada na combustão de motores diesel, minimize os efeitos nocivos ambientais

(PARENTE, 2003). Outro exemplo de biocombustível líquido é o H-Bio que consiste

na hidrogenação de mistura diesel + óleo vegetal. É um processo para a produção

de óleo diesel a partir de óleos vegetais (QUEIROZ, 2006).

Dos biocombustíveis gasosos o biogás é o mais conhecido e é obtido a

partir da decomposição da matéria orgânica (biomassa). A biomassa é colocada

dentro do biodigestor, isto é, um reservatório em que se coloca a biomassa

misturada com água. Assim, através da digestão e fermentação das bactérias

anaeróbicas há a transformação dessa biomassa em um gás, conhecido como

metano. Esse tipo de bactéria não precisa de ar para sobreviver, por isso o ambiente

tem que ser o mais vedado possível. O biogás pode ser utilizado em lampião, para

aquecimento de fogões, como combustível para motores de combustão interna, em

geladeiras e para a geração de energia elétrica (CENTRO NACIONAL DE

REFERÊNCIA EM PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS, 2011).

Exemplos de biocombustíveis sólidos são os biocoques e briquetes. Os

biocoques são obtidos da compactação de resíduos orgânicos de diversas origens

(resíduos urbanos, alguns resíduos industriais, resíduos agrícolas e florestais) para

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uso como combustíveis industriais, sucedâneo ao coque de petróleo

(TECNOLOGIAS BIOENERGÉTICAS LTDA, s/d). Os briquetes são uma das

alternativas viáveis e renováveis aos combustíveis tradicionais para uso em

fornalhas, caldeiras, fornos e churrasqueiras. Trata-se de um biocombustível sólido,

oriundo de um processo de fabricação, feitos a partir da compactação de resíduos

ligno-celulósicos, sob pressão e temperatura elevadas. A briquetagem é uma forma

bastante eficiente para concentrar a energia disponível da biomassa. Na fabricação

de briquete, as matérias-primas utilizadas podem ser serragem, maravalha, casca de

arroz, palha de milho, sabugo, bagaço de cana-de-açúcar, casca de algodão, casca

de café, feno de braquiaria entre outros (IRMÃOS LIPPEL & CIA LTDA, s/d).

3.3 A Química da Produção do Biodiesel

O biodiesel representa uma alternativa efetiva para atender à crescente

demanda energética da sociedade moderna, pois é um combustível que pode ser

utilizado em motores de combustão interna de ignição por compressão (ciclo diesel),

em diversas aplicações: ônibus, caminhões, entre outras e para a produção de

energia elétrica (RAMOS et al., 2011).

Esse tipo de biocombustível passou por longas pesquisas, estudos e

testes até se tornar de uso comum em 1991. Inicialmente, os óleos vegetais foram

testados como combustíveis na sua forma in natura, porém, devido a sua alta

viscosidade, sérios problemas operacionais ocorreram. A maior parte dos problemas

estava relacionada à ocorrência de gomas durante a estocagem dos óleos e

diminuição da eficiência de lubrificação, acarretando reações de oxidação e

polimerização (principalmente no caso de óleos insaturados); ou à obstrução dos

filtros de óleo e bicos injetores; ou ainda à diluição parcial do combustível no

lubrificante; ou então ao comprometimento da durabilidade do motor e aumento em

seus custos de manutenção; e também à produção de acroleína durante a

combustão, uma substância altamente tóxica e cancerígena, formada pela

decomposição térmica do glicerol (RAMOS et al., 2003).

Devido a todas essas complicações, passou-se a usar a reação de

transesterificação, que representou uma grande solução para o problema da

viscosidade dos óleos vegetais produzindo monoésteres alquílicos (biodiesel) e

obteve viscosidades muito próximas à do diesel de petróleo (RAMOS et al., 2011). É

um processo de três reações consecutivas, na qual mono e diacilglicerídeos são

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formados como intermediários e é realizado através da reação de um lipídio com um

álcool comum (etanol) ou o metanol que serve para produzir um éster e um

subproduto, o glicerol. Este é o processo mais utilizado na atualidade para a

produção do biodiesel.

Para uma transesterificação estequiometricamente completa, é

necessária uma proporção molar 3:1 de álcool por triacilglicerídeo. Entretanto,

devido ao caráter reversível da reação, o agente transesterificante (álcool)

geralmente é adicionado em excesso contribuindo, assim, para aumentar o

rendimento do éster, bem como permitir a sua separação do glicerol formado

(GERIS et al., 2007).

De acordo com GÓES (2006), para que o biodiesel resulte num

biocombustível de qualidade é necessário se ter uma boa preparação a partir da

matéria prima até chegar ao produto final. O procedimento concernente à

preparação da matéria prima para a sua conversão visa criar as melhores condições

para a efetivação da reação de transesterificação, com a máxima taxa de conversão.

Com isso se faz necessário que a matéria prima tenha o mínimo de umidade e de

acidez, o que se torna possível submetendo-a a um processo de neutralização,

através de uma lavagem com uma solução alcalina de hidróxido de sódio ou de

potássio, seguida de uma operação de secagem ou desumidificação. As

especificidades do tratamento dependem da natureza e condições da matéria graxa

empregada como matéria prima.

Ainda segundo este autor, a etapa de conversão é feita a partir da

transesterificação propriamente dita, do óleo ou gordura em ésteres metílicos ou

etílicos de ácidos graxos, que constitui o biodiesel e pode ser representada pela

equação química seguida abaixo:

Óleo ou Gordura + Metanol Ésteres Metílicos + Glicerol

ou

Óleo ou Gordura + Metanol Ésteres Etílicos + Glicerol

A primeira reação química representa a reação de conversão, quando se

utiliza o metanol (álcool metílico) como agente de transesterificação, obtendo-se,

dessa forma, como produtos os ésteres metílicos que constituem o biodiesel, e o

glicerol (glicerina). A segunda equação envolve o uso do etanol (álcool etílico), como

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agente de transesterificação, resultando como produto o biodiesel representado por

ésteres etílicos e a glicerina. Essas duas reações acontecem na presença de

hidróxido de sódio (NaOH) ou o hidróxido de potássio (KOH) que são catalisadores.

A diferença entre eles na reação é muito pequena, sendo referente apenas ao preço

e pela sua disponibilidade no mercado. No Brasil, o hidróxido de sódio é muito mais

barato do que hidróxido de potássio (PARENTE, 2003).

Passado essa etapa que converte a matéria graxa em ésteres (biodiesel),

a massa reacional final é constituída de duas fases, separáveis por decantação e/ou

por centrifugação. A fase mais pesada é composta de glicerina bruta, impregnada

dos excessos utilizados de álcool, de água, e de impurezas inerentes à matéria

prima. A fase menos densa é constituída de uma mistura de ésteres metílicos ou

etílicos, conforme a natureza do álcool originalmente adotado, também impregnado

de excessos reacionais de álcool e de impurezas, nesse processo ocorre à

separação das fases. Em seguida sucede a recuperação do álcool da glicerina em

que a fase pesada, contendo água e álcool, que é submetida a um processo de

evaporação, eliminando-se da glicerina bruta esses constituintes voláteis, cujos

vapores são liquefeitos num condensador apropriado. Depois, há a recuperação do

álcool dos ésteres da mesma forma, mas separadamente. O álcool residual é

recuperado da fase mais leve, liberando para as etapas seguintes os ésteres

metílicos ou etílicos (GÓES, 2006)

Então o processo tem continuidade com a desidratação do álcool e uma

separação dos excessos residuais. A desidratação do álcool é feita normalmente por

destilação. No caso da desidratação do metanol, a destilação é bastante simples e

fácil de ser conduzida, uma vez que a volatilidade relativa dos constituintes dessa

mistura é muito grande, e, além disso, inexiste o fenômeno da azeotropia para

dificultar a completa separação. Diferentemente, a desidratação do etanol, complica-

se em razão da azeotropia, associada à volatilidade relativa não tão acentuada

como é o caso da separação da mistura metanol – água (PARENTE, 2003).

Parente (2003) ainda afirma que o processo vai obtendo êxito e resultado

com a última etapa de purificação dos ésteres, na qual os ésteres deverão ser

lavados por centrifugação e desumidificados e, posteriormente, no biodiesel. Ele

deverá ter suas características enquadradas nas especificações das normas

técnicas estabelecidas para o biodiesel como combustível para uso em motores do

ciclo diesel. Também pode formar a glicerina destilada a partir da destilação da

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glicerina bruta feita a vácuo, resultando um produto límpido e transparente,

denominado comercialmente de glicerina destilada (Figura 1). No final de todo o

processo a estrutura molecular do biodiesel corresponde à fórmula: 3R’ – O – CO –

R.

3.4 Vantagens para Investir no Biodiesel

Uma das grandes vantagens do biodiesel é a sua adaptabilidade aos

motores, uma vez que o uso de outro combustível limpo, como o biogás, requer

adaptações nos motores e a combustão de biodiesel pode dispensá-la. O biodiesel é

uma evolução na tentativa de substituição de óleo diesel por biomassa renovável

porque contém características físico-químicas semelhantes às do diesel mineral,

sendo perfeitamente miscível, podendo ser utilizado puro ou misturado em quaisquer

proporções em motores de ciclo diesel sem a necessidade de significativas ou

onerosas adaptações (OLIVEIRA, 2002 apud TEIXEIRA, TAOUIL, 2010).

Figura 1: Processo de obtenção de biodiesel Fonte: Adaptado de Holanda, 2004

Fonte

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Do ponto de vista econômico, o biodiesel, está relacionado ao equilíbrio

favorável da balança comercial brasileira, visto que o diesel é o derivado do petróleo

mais consumido no Brasil e a importação deste produto cresce anualmente. Ainda

no aspecto econômico, a sua viabilidade está na substituição das importações, no

crescimento e geração de emprego, de renda e nas vantagens inerentes ao

ambiente, porque há reduções significativas de materiais particulados e enxofre, que

prejudicam a saúde, como também na redução dos gases, como o gás carbônico,

um dos grandes responsáveis pela intensificação do efeito-estufa (RAMOS, et al.,

2003).

Além do mais, as alternativas para a produção de óleos vegetais no Brasil

são inúmeras, podendo destacar o diferencial para a estruturação do programa de

produção e uso do biodiesel no país, a geração de empregos no setor industrial e

valorização a mão de obra agrícola. Devido a peculiaridade de ser um país tropical,

as potencialidades regionais são nítidas. Isso é válido tanto para culturas

tradicionais, como a soja, o amendoim, o girassol, a mamona e o dendê, quanto

para alternativas novas, como o pinhão manso, o nabo forrageiro, o pequi, o buriti, a

macaúba e uma grande variedade de oleaginosas a serem exploradas. As matérias-

primas e os processos para a produção de biodiesel dependem da região

considerada e existem culturas que são mais vantajosas para a produção do

biocombustível. As diversidades sociais, econômicas e ambientais geram distintas

motivações regionais para a sua produção e consumo (BIODIESELBR, 2012).

Por fim, a questão social, a produção de biomassa pela agricultura

familiar, se bem orientada, pode ter impactos ambientais reduzidos. A diferenciação

já começa pela identificação: na prática do trabalho possui selo verde de inclusão

social e na oferta de alimentos se vê a possibilidade da utilização de culturas que

não são fontes de alimentos (estrutura alimentar), como a mamona, palma, dentre

outras.

3.5 Biodiesel e Sustentabilidade

Nas últimas décadas, o aumento dos gases estufas provoca sérias

mudanças climáticas no planeta, como efeitos no aumento da temperatura média

global, nas alterações no perfil das precipitações pluviométricas e na elevação do

nível dos oceanos. Assim, a inserção de combustíveis renováveis em nossa matriz

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energética precisa ser incentivada para frear as emissões causadas pelo uso

continuado de combustíveis fósseis (RAMOS et al.,2003). A iniciativa mais recente

de buscar uma nova fonte alternativa de energia no Brasil foi à criação do PNPB

(AGÊNCIA MCT, 2004). A preocupação é crescente a respeito do aquecimento

global e o aumento nas concentrações de CO2.

A energia solar é a base para a vida e produção de bioenergia o que

permiti uma agricultura alternativamente viável (RODRIGUES, 2005). Dessa forma,

as grandes culturas de diversas oleaginosas para a produção do biodiesel e seu

desenvolvimento em larga escala pode contribuir para minimizar as altas

concentrações de dióxido de carbono, pois estabelece um ciclo fechado do carbono

em que é absorvido quando a planta cresce (ALVES FILHO, 2003). Sem esquecer

que a plantação diminui os gases estufas na atmosfera e pode também aumentar a

preservação dos recursos não-renováveis fósseis (CARMO, 2009).

Soma-se também ao fato que o biodiesel é completamente isento do

elemento enxofre, já que os óleos vegetais e as gorduras de animais não possuem

esse elemento químico. Não há qualquer emissão de gases sulfurados

(mercaptanas, dióxido de enxofre) detectados no escape de motores movidos a

diesel (RAMOS, et al., 2003). Assim é um biocombustível limpo, uma vez que os

produtos derivados do enxofre são bastante danosos ao meio ambiente, pois são os

principais causadores da chuva ácida e de irritações nas vias respiratórias, além de

danificar o motor e seus componentes (TEIXEIRA, TAOUIL, 2010).

Além disso, o biodiesel pode, ainda, ter outras funções, substituindo

outros tipos de combustíveis fósseis na geração de energia, como por exemplo, o

uso em caldeiras ou em geração de calor em processos industriais. Considerando

que o aumento da população e o surgimento de novas tecnologias continuam

demandando energia de forma incremental, é imperativa a busca de soluções

energéticas alternativas, mais sustentáveis. Neste contexto, a produção de biodiesel,

que é um combustível oriundo de biomassa, tem por objetivo substituir o óleo diesel

e permitir a geração de energia (SILVIO-JÚNIOR et al., 2008).

3.6 Biodiesel e Educação

Temas transversais e interdisciplinares no ensino básico e nas

Universidades pouco são trabalhados. Um cenário desanimador para alunos e

professores de Biologia, uma vez que muito dos temas da área vêm sendo bastante

Page 29: Perfil do desenvolvimento das usinas e oleaginosas mais utilizadas no estado do ceará na produção do biodiesel   aila nogueira bernado.

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discutidos pelos meios de comunicação, jornais, revistas ou pela rede mundial de

computadores – Internet. Normalmente, o ensino é pautado pela memorização de

denominações e conceitos e pela reprodução de regras e processos – como se a

natureza e seus fenômenos fossem sempre repetitivos e idênticos. Essa forma

metodológica só contribui para a descaracterização dessa disciplina que, enquanto

ciência se preocupa com os diversos aspectos da vida no planeta e com a formação

de uma visão do homem sobre si próprio e de seu papel no mundo (BRASIL, 2006).

O que se deve fazer é estimular o aluno na atividade científica e na

preocupação com o meio ambiente. A evolução tecnológica constante deve,

também, gerar certos inconvenientes e diferentes pontos de vistas no que se refere

a questões ambientais (OLIVEIRA et al., 2008) .

Como orientação complementar, os Parâmetros Curriculares Nacionais

para o Ensino Médio - PCNEM apresentam um diálogo direto com os professores e

os educadores, colocando alguns desafios no ensino de biologia, principalmente no

que diz respeito à participação nos debates contemporâneos que exigem

conhecimento biológico. O fato de o Brasil ser considerado um país megadiverso,

ostentando uma das maiores biodiversidades do planeta, nem sempre resulta em

discussões na escola de forma a possibilitar ao aluno perceber a importância desse

fato para a população de nosso país e o mundo, ou de forma a reconhecer como

essa biodiversidade influencia a qualidade de vida humana, compreensão

necessária para que se faça o melhor uso de seus produtos (BRASIL, 2006).

Outro desafio seria a formação do indivíduo com um sólido conhecimento

de Biologia e com raciocínio crítico e confiante para opinar sobre temas polêmicos e

que podem interferir diretamente em suas condições de vida (BRASIL, 2006).

Obter o conhecimento adicional e atual relacionados à área de formação

profissional é importante para a formação dos graduandos de licenciatura do curso

de Ciências Biológicas. No caso específico dos biocombustíveis e biodiesel, o

assunto pode ser trabalhos em disciplinas como Ecologia, Biotecnologia, Educação

Ambiental e as diversas disciplinas da área Vegetal. O biodiesel pode ser inserido

também no contexto de sustentabilidade e a agricultura sustentável, um mercador

promissor no âmbito da pesquisa e tecnologia e que aborda vários aspectos

pertinentes ao curso de Ciências Biológicas. Além do mais, o assunto está

associado às questões atuais sobre Ciência e Tecnologia, a qual necessita ser

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abordada sob diferentes enfoques, incluindo aspectos ligados à problemática

energética e ambiental.

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4 METODOLOGIA

4.1 Do Tipo da Pesquisa

A pesquisa desse trabalho foi do tipo exploratório descritivo com uma

abordagem qualitativa. Por ser de caráter exploratório, proporcionará maior

familiaridade com o assunto biodiesel, uma vez que o objetivo é a caracterização

inicial do problema, a classificação e a definição. Também, tornou-se o tema

explícito, com pesquisas bibliográficas, estudo de caso e entrevistas com pessoas

que conhecem o assunto, e assim, estimulando a compreensão do tema abordado

(GIL, 2002). Também foi do tipo descritivo, já que apresentou as características do

desenvolvimento do biodiesel no estado do Ceará. Nesse caso, houve registros,

análises e interpretação dos dados, bem como o uso de técnicas padronizadas de

coleta de informações, confirmando a autenticidade de uma pesquisa descritiva

(RODRIGUES, 2007).

A abordagem foi do tipo qualitativa, pois se obteve dados subjetivos, sem

critério numérico. A natureza das informações foi descrita com detalhamentos de

situações, eventos, interações e observações. Os dados e a atribuição de

significados obtidos foram analisados indutivamente (BASTOS, 2007).

4.2 Caracterizações de Área de Estudo

O estado do Ceará está localizado no norte da Região Nordeste, com

área de 148.920,538 Km2 e sua densidade demográfica de 56,76 hab/Km2,

possuindo 184 municípios e uma população total de 8.452.381 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSCA, 2009). Caracterizando-se por seu

clima semi-árido e por sua vegetação típica da caatinga em quase todo o território,

apresenta também uma grande biodiversidade, com solos ricos em minerais e

nutrientes que permite o cultivo de várias culturas de espécies nativas, tropicais,

leguminosas, oleaginosas, entre outras.

O estado do Ceará vem se desenvolvendo notadamente no que diz

respeito à produção do biocombustível, com a participação efetiva de algumas

cidades piloto no plantio, colheita e fabricação do biodiesel.

4.3 Da Realização da Pesquisa

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A pesquisa ocorreu em 03 meses (Julho a Setembro de 2012). Durante

esse período, foram realizadas coletas de informações sobre as condições do

biodiesel no estado do Ceará, através de levantamentos bibliográficos, bibliotecas

virtuais, e com questionário semi-estruturado (Apêndice A) realizado com o

coordenador e com os secretários na Coordenadoria de Desenvolvimento da

Agricultura Familiar – CODAF. A instituição localiza-se em Fortaleza, capital do

estado.

O levantamento dos dados primeiramente consistiu na investigação das

bibliografias disponíveis sobre biocombustíveis; esse primeiro passo contribuiu para

todo o desenvolvimento do trabalho. Posteriormente, a aquisição de dados foi

captada na Secretaria CODAF, que também direcionou para as usinas ativadas no

estado que possuem mais informações sobre o desenvolvimento do biodiesel.

4.4 Do Objeto de Estudo

O objeto de estudo é o biodiesel no estado do Ceará, seu

desenvolvimento, sua produção, as técnicas de produção, as oleaginosas mais

utilizadas para o processamento do biocombustível e as usinas instaladas no estado

que estão ativadas e as que não deslancharam na produção e os motivos que

levaram a essa desativação.

4.5 Do minicurso

Foi ministrado um minicurso para os alunos do curso de Ciências

Biológicas da Universidade Estadual do Ceará - UECE, unidade FECLI, no município

de Iguatu/CE. Mais precisamente, alunos das turmas do V e IX semestres do turno

da manhã e o VII semestre do turno da noite. A escolha dessas turmas se deu pelo

fato de serem alunos que estão mais consolidados no curso, e estarão cursando no

período letivo de 2012.2 ou já terão cursado disciplinas como Ecologia; Ecologia

Regional; Fisiologia Vegetal; Morfologia e Taxonomia de Criptógamas; Morfologia e

Taxonomia de Espermatófitas; Ciência, Tecnologia e Sociedade – CTS; Ecologia

dos Recursoa Naturais; Química Geral e Orgânica; Flora da Caatinga e

Biotecnologia. Essas disciplinas ajudam na compreensão de termos, definições

sobre o tema e, durante a realização do minicurso, a participação foi mais efetiva.

Ainda teve como proposta instigar o interesse pelo assunto e o lado crítico

cidadão desses alunos, acerca do desenvolvimento do biodiesel do Ceará, visto que

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é o estado onde vivem. O minicurso contou com carga horária de quatro horas e foi

realizado no horário de 13h30min as 17h00min, no mês de outubro/2012, no turno

da tarde, na instituição FECLI.

Foram ofertadas 40 vagas e a divulgação aconteceu através de exposição

de cartazes no mural da faculdade e de forma oral. O curso não teve custo adicional

para os alunos interessados a participarem. Depois da divulgação, foi disponibilizado

tempo para a realização das inscrições.

4.6 Da Elaboração e Produção da Cartilha sobre Biodiesel

Com base nos conhecimentos e estudos levantados na primeira parte da

pesquisa, houve a confecção de uma cartilha com informações sobre:

Definição de energia renovável;

Conceito de biocombustíveis

Tipos de biocombustíveis;

Definição de biodiesel;

O histórico do biodiesel;

O processo de transesterificação,

A produção do biodiesel no Ceará;

Principais biomassas utilizadas;

Diferença do biodiesel e o diesel;

A relação de biodiesel e sustentabilidade;

A participação do biodiesel na matriz energética.

A elaboração dessas cartilhas foi custeada pela a aluna pesquisadora do

projeto. Foram confeccionadas 40 cartilhas e distribuídas aos 40 alunos que

participarem do mini-curso.

4.7 Análises de Dados

Todo procedimento de interpretação de dados foi realizado,

predominantemente, através da análise descritiva dos dados.

Page 34: Perfil do desenvolvimento das usinas e oleaginosas mais utilizadas no estado do ceará na produção do biodiesel   aila nogueira bernado.

33

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A pesquisa foi realizada a partir de dados inicialmente coletados através

de levantamentos bibliográficos realizados nas bases eletrônicas no período de

março a dezembro de 2012, havendo uma investigação bibliográfica sobre os

biocombustíveis. No segundo momento foi enviado por email um questionário semi-

estruturado contendo 07 perguntas subjetivas a respeito do desenvolvimento do

biodiesel no estado do Ceará para o responsável da Coordenadoria de

Desenvolvimento da Agricultura Familiar – CODAF, localizada na capital do estado

do Ceará. O questionário foi aplicado no mês de agosto de 2012.

Posteriormente, foi ministrado um mini-curso sobre biocombustíveis, com

40 vagas disponíveis para os alunos do curso de Ciências Biológicas da

Universidade Estadual do Ceará - UECE, unidade FECLI, no município de

Iguatu/CE, nas turmas do V, VII e IX semestres, onde foram distribuídas cartilhas

produzidas pela autora, tendo como foco os dados levantados sobre as condições

do biodiesel no estado do Ceará. O mini-curso aconteceu em outubro de 2012.

5.1 A importância do biodiesel para o estado do Ceará

De acordo com o Programa Biodiesel no Ceará 2012, em consenso com o

Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) a cadeia produtiva do

biodiesel vem avançando, com enfoque na importância social e na força da

agricultura familiar e se consolida nesta nova visão do rural, abrangendo mais do

que a função produtiva, dando grande importância para as funções de preservação

do meio ambiente e da cultura no estado.

Com a autorização do uso desse novo combustível pelo PNPB deu-se

início a um novo ciclo de energia, que contribui assim para diversificação da matriz

energética a partir de uma fonte renovável, contribuindo na geração de empregos a

partir do cultivo de oleaginosas. Dessa forma, promove o desenvolvimento rural

sustentável, resultando em trabalho familiar, livremente associado ao processo de

produção, beneficiamento, processamento e comercialização de oleaginosas,

fortalecendo a diversidade da agricultura familiar com base nos princípios da agro

ecologia, convivência com o semiárido e economia solidária, assegurando inclusão

social e segurança alimentar.

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34

A preocupação com as limitações do uso dos combustíveis não

renováveis e a motivação pelo conceito de desenvolvimento sustentável, levou a

vários países do mundo, a partir da década de 1990 a apresentarem ações e

avanços na produção e uso de biodiesel. Seguindo essa tendência, no Brasil, um

Decreto da Presidência da República instituiu um Grupo de Trabalho Interministerial

(GTI) encarregado de apresentar estudos sobre a viabilidade da utilização do

biodiesel como fonte alternativa de energia no país. A partir dos resultados do

relatório final do GTI, o PNPB foi criado em 2004 e desde então vem conquistando

importantes avanços no que diz respeito à inclusão social, geração de emprego e

distribuição de rendas entre agricultores familiares produtores de matéria prima. As

ações do PNPB direcionadas às especificidades de cada região do país produzem

resultados que confirmam sua metodologia (BRASIL, 2010).

Segundo Sales [(s/d)] a implementação de um programa energético com

o biodiesel a partir da mamona para o estado do Ceará, abriu oportunidades para

grandes benefícios sociais decorrente do alto índice de geração de emprego por

capital investido, culminando com a valorização do campo e a promoção do

trabalhador rural, além da demanda por mão de obra qualificada para o

processamento.

5.1.2 Desenvolvimento dos projetos sobre o biodiesel no Ceará

Mediante dados obtidos a partir das informações da CODAF o projeto

Biodiesel do Ceará 2012 em associação com o FECOP - Fundo Estadual de

Combate á Pobreza teve início em 01 de janeiro de 2012 e seu término será em 31

de dezembro de 2012. Esse projeto, através da Secretaria do Desenvolvimento

Agrário – SDA, prioriza a produção deste combustível com seu programa estadual,

em consonância com o PNPB e buscando o alinhamento com o que preconiza o

Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, no que se refere à Política Nacional

de Assistência Técnica e Extensão Rural – PNATER.

O orçamento do projeto foi calculado em R$ 24.839.061,00 (Vinte e

quatro milhões, oitocentos e trinta e nove mil, e sessenta e um reais), sendo R$

10.500.000,00 do FECOP, R$ 10.325.654,00 da Petrobras, R$ 1.833.274,00 do

Projeto de Aquisição e Distribuição de Sementes e Mudas do Estado/SDA e R$

2.180.133,00 do convênio MDA/EMATERCE, direcionados para 25.059 agricultores

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35

e agricultoras familiares, distribuídos em 145 municípios do Estado, que cultivam

45.926 ha de oleaginosas em consórcios com culturas alimentares.

O projeto buscou tratar de vários aspectos, dando ênfase à visão social,

ambiental e econômico. Na visão social, preocupando-se com o direcionamento da

agricultura familiar. Já no aspecto ambiental, trabalhando a produção de culturas

com o uso da agroecologia, e levando em consideração a redução da emissão de

gás carbônico, que comparando o diesel derivado do petróleo com o biodiesel reduz

em 78% essas emissões de gases. O biodiesel também tem a capacidade de

reabsorção pelas plantas, e reduz em 90% as emissões de fumaça praticamente

eliminando as emissões de óxido de enxofre. Na visão econômica a unidade de

produção de biodiesel da Petrobras, em Quixadá, tem uma capacidade de

processamento de 50.000 toneladas de óleo/ano. A empresa conseguiu o selo social

que torna obrigatório a aquisição de 50% dessa matéria prima da agricultura familiar

(Quadro 1).

Quadro 1: Indicadores dos aspectos do biodiesel: visão social, econômica e

ambiental

Categoria Subcategoria Indicadores

Social

Inclusão social

Geração de emprego

Direcionamento a

agricultura familiar.

Emprega-se 1 (um)

trabalhador para cada 100

hectares cultivados.

Ambiental

Agroecologia

Redução da poluição

Sustentabilidade da

agricultura familiar

resgatando práticas que

permitam ao agricultor

pobre produzir sem

depender de insumos

industriais.

Reduz em 78% as

emissões de gás

carbônico e praticamente

elimina as emissões de

Page 37: Perfil do desenvolvimento das usinas e oleaginosas mais utilizadas no estado do ceará na produção do biodiesel   aila nogueira bernado.

36

óxido de enxofre.

Econômico Renda Mercado para a absorção

do produto.

Geração de renda.

Renda complementar.

De acordo com o projeto biodiesel do Ceará 2012, a agricultura familiar

tem participado na cadeia produtiva do biodiesel apenas como fornecedor da

matéria prima, papel secundário que não recompensa e nem valoriza esse

segmento, apesar da atuação do Estado e dos parceiros envolvidos no

desenvolvimento do projeto. Contudo o projeto vem dando suporte e estruturando as

organizações de produtores de forma que os agricultores familiares possam se

apropriar cada vez mais da renda oriunda do beneficiamento da produção e

processamento do óleo. A continuidade do projeto é imperiosa por contribuir

efetivamente para inserção da agricultura familiar na cadeia do biodiesel.

O projeto prevê criar cerca de 15.156 (quinze mil cento e cinquenta e

seis) postos de trabalho e gerar uma renda média de R$ 500,00 (quinhentos reais)

para cada hectare de oleaginosa plantada, além de possibilitar com as culturas

consorciadas a segurança alimentar das famílias envolvidas.

Para o Estado garantir o desenvolvimento e a sustentabilidade do projeto,

ele conta com a contribuição de recursos do FECOP e de projetos da SDA,

conjugado e integrado à participação das empresas PETROBRAS, o convênio

MDA/EMATERCE, agentes financeiros e as representações e movimentos sociais

ligados à agricultura familiar.

Page 38: Perfil do desenvolvimento das usinas e oleaginosas mais utilizadas no estado do ceará na produção do biodiesel   aila nogueira bernado.

37

5.1.3 Pesquisas sobre biodiesel no Ceará e nas cidades onde há usinas

instaladas.

Em relação às pesquisas, o estado do Ceará conta com novos desafios

para a produção do biodiesel. Pesquisas e novos estudos estão sendo feitos em

testes com microalgas e está também em estudo a possibilidade de

desenvolvimento do biodiesel a partir do óleo de coco.

Em visita a usina de Quixadá localizada no sertão central do estado do

Ceará, o Engenheiro de Processamento Senior da unidade informou que a usina de

biodiesel de Quixadá está em funcionamento há três anos e seus desafios futuros

são o processamento do biodiesel a partir de óleo residual (OGR), microalgas e

coco, além de projetos para instalar novas tecnologias de refino para reduzir a perda

no refino; estação de tratamento de efluentes (ETE); estudo de lodo ativado para

elevados níveis de demanda química de oxigênio (DQO); reaproveitamento de borra

de refino químico (acidificação e tratamento do efluente) e aproveitamento da terra

diatomácea. Todas essas pesquisas são para melhorar as condições do

processamento e produção do biodiesel e diversificar a biomassa na utilização de

produção desse biocombustível.

5.2 Fluxos das atividades das usinas de biodiesel instaladas no estado do

Ceará

Segundo informações do Engenheiro de Processamento Senior, da usina

de biodiesel em Quixadá, no interior do estado do Ceará concentra-se a unidade de

produção de biodiesel da Petrobras Biocombustíveis, localizada em Quixadá, que

tem uma capacidade de produzir 300.000 litros/dia de biodiesel, com tempo de

produção de 10 horas numa vazão de 1.000 litros/hora. No início de funcionamento

da usina, era necessária para sua produção cerca de 6.800 toneladas de biomassa

e atualmente essa quantidade aumentou para 11.000 kg/h.

De acordo com dados do projeto biodiesel do Ceará, sabe-se que a

unidade de produção de biodiesel da Petrobras, em Quixadá, tem uma capacidade

de processamento de 50.000 toneladas de óleo/ano. A empresa conseguiu o selo

social que torna obrigatório a aquisição de 50% dessa matéria prima da agricultura

familiar, que por sua vez, nos níveis de produtividades atuais, implicaria numa área

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plantada de 125.000 ha, dando esse cenário a certeza de mercado para absorção

da produção.

Para Nascimento (2011), com a usina de biodiesel em Quixadá a

produção de mamona está se desenvolvendo e contribuindo para a geração de

emprego e renda no semi- árido cearense, pois há uma maior produtividade de

oleaginosas e a adequação das políticas públicas em apoio ao desenvolvimento da

agricultura familiar. A partir da Petrobrás, órgãos públicos e parcerias firmadas foi

possível identificar as reais necessidades dos agricultores familiares e assim

disponibilizar maiores benefícios em favor da categoria, como as distribuições de

sementes para os produtores, acompanhamento no cultivo e a compra da produção

das oleaginosas, gerando assim, uma maior integração, assistência e confiabilidade

dos produtores junto com os órgãos parceiros.

Porém em visita unidade de produção de biodiesel da Petrobras

Biocombustíveis, em Quixadá, o Engenheiro de Processamento Senior, Antonio

Carlos S. Almeida, em palestra para os visitantes, afirmou que na cidade de Quixadá

o plantio de mamona teve início para a produção de biodiesel, só que com os altos

preços da mamona, o processo para a obtenção do biodiesel iniciou-se com a soja

excedente do mercado que chega a usina em óleo bruto e é proveniente do Piauí e

Maranhão, pois na unidade não tem a esmagadora de baga. No entanto a Petrobrás

compra essa mamona dos agricultores que fazem parte do programa e revende para

aquisição de maiores lucros.

É importante ressaltar que a unidade de produção de biodiesel da

Petrobras, em Quixadá também utiliza de gordura animal a partir da extração de

óleo das vísceras dos peixes e óleo residual – OGR para o processamento da

produção de biodiesel, segundo engenheiro químico do órgão.

Em contrapartida, a Unidade Industrial da Brasil Ecodiesel em Crateús

parou suas atividades depois de apenas três anos de inauguração. Foi à primeira

usina produtora de biodiesel instalada no Ceará e possuía o certificado Selo

Combustível Social. Segundo Pimentel (2008) a unidade de esmagamento de

mamona tinha capacidade de 16 mil m3/ano e a unidade de transesterificação

apresentava capacidade de 108 mil m3/ano, e a cadeia de processamento planejada

pela empresa para a unidade de Crateús era composta por: plantação de mamona,

extração do óleo de mamona e produção de biodiesel (transesterificação). No

entanto sua desativação deu-se no período de dezembro de 2009. A expectativa de

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todos era que a empresa, líder nacional na produção de biodiesel, com capacidade

de produção de 118.800 m de biodiesel por ano, integrada à unidade esmagadora

fosse à grande impulsionadora do desenvolvimento e crescimento da região, tanto

pela presença da maior autoridade nacional assegurando o investimento na região,

quanto pela própria divulgação do biodiesel como o combustível do futuro

(BIODIESELBR, 2012).

Ocorreram muitos problemas em decorrência de questões ambientais,

como a suspensão temporária das atividades de esmagamento de oleaginosas da

unidade, por meio de liminar pelo juízo da comarca de Crateús em julho de 2007, em

ação cautelar de cunho ambiental, referente ao Rio Poti. Houve vazamento que

acarretou na intensa poluição do Rio Poti e causou o aparecimento de espuma e a

morte de centenas de peixes, fato que preocupou a população que, articulada,

buscou os órgãos públicos estaduais exigindo a imediata solução do problema. Com

estudos no local, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará

(Semace) comprovou a responsabilidade da empresa. A Unidade encontra-se

atualmente sem nenhuma atividade operacional. Os equipamentos permanecem no

local, exceto os da esmagadora, que estão sendo retirados pela companhia

(BIODIESELBR, 2012).

5.3 Principais espécies vegetais utilizadas para produção de biodiesel no

estado do Ceará

De acordo com as informações obtidas a partir do questionário semi-

estruturado enviado a CODAF, nos anos de 2003 até 2006 começou-se apenas a

distribuição de sementes de Ricinus communis (mamona) para o plantio nos

municípios do estado do Ceará. Já entre 2008 e 2009 as oleaginosas mais

incentivadas para o plantio foram à Ricinus communis (mamona) e o Helianthus

annuus (girassol) e no ano de 2010 teve o incentivo também para a plantação do

Gossypium hirsutum (algodão).

Em estudo sobre Produção de mamona como alternativa energética e

geração de renda no município de Quixadá-CE, Melo (2011) afirma que,

notadamente os agricultores já vivem da produção de culturas voltada para a

subsistência, na qual predomina o plantio de feijão, milho, mandioca, batata e

pequenos pomares. Sobretudo o plantio de Ricinus communis (mamona) e

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40

Helianthus annuus (girassol) é feito de forma consorciada com as demais culturas já

plantadas.

Em Quixadá, na unidade de produção de biodiesel da Petrobras, a

produção de mamona cultivada pelos agricultores locais é vendida a Petrobras, a

qual comercializa esta matéria-prima, mas não é utilizada para a produção de

biodiesel nesta usina, devido ao seu alto custo. O biodiesel é produzido a partir do

óleo bruto da Glicyne Max (soja), obtido nos estados do Piauí e Maranhão.

Segundo Rizzi (2010), a concentração de produção nacional de Ricinus

communis (mamona) localiza-se intensamente na região Nordeste. Dentre os

estados que estão como principais produtores são o estado da Bahia, principal

produtor, o estado do Ceará, Minas Gerais, Pernambuco e Piauí.

No entanto as espécies vegetais mais cultivadas no estado do Ceará são

a Ricinus communis (mamona) e o Helianthus annuus (girassol), ao passo que para

produção do biodiesel, a Glicyne Max (soja) é a matéria-prima mais utilizada para tal

processamento.

5.3.1 Plantio, colheita até chegar ao processo de produção do biodiesel

Mediante obtenção de dados, de acordo com o Programa Biodiesel do

Ceará 2012, as etapas de plantio da mamona e girassol até chegar à produção do

biodiesel nas usinas se dão primeiramente pelo cadastramento das famílias

agricultoras que desejam participar do programa.

Esse cadastro é realizado pela EMATERCE, o instituto Agropolos,

FETRAECE / Cooperbio, Via Campesina – MST / MAB e MPA / Cooptrace,

motivando os agricultores familiares, e cadastrando-os no sistema de

processamento de dados do programa BIONET, sob coordenação da SDA.

Para que as famílias agricultoras possam fazer o cadastramento, é

necessário que atendam aos seguintes requisitos: pertencer à área zoneada para as

culturas ou às áreas pré-zoneadas; seja agricultor ou agricultora familiar portador de

Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP); apresentar opção de venda da produção

agrícola da(s) oleaginosa(s) a Petrobras; aceite participar de grupo de interesse (GI)

ou em grupos de interesse associativo e agroecológico de base (GIAB) em produção

de oleaginosas.

Após o cadastramento os agricultores familiares recebem incentivos, na

forma de insumos e recursos do Programa, limitado até 3 ha de terra, em apoio a

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41

produção promovendo o melhor stand da cultura oleaginosa e das culturas

alimentares dentro dos consórcios eleitos, a adoção de práticas edáficas e a

participação da agricultura familiar nos elos sementes, beneficiamento o

processamento da cadeia produtiva das oleaginosas.

O ato do cadastramento dos agricultores é o momento que indica a

participação de Instituições e Empresas produtoras de Biodiesel, das Cooperativas e

representações da Agricultura Familiar e Organização Comunitária de Base (OCB’s)

envolvidas, bem como a demanda de sementes e calcário, recursos financeiros,

técnicos, humanos e equipamentos.

Após a adesão do programa, é oferecida uma capacitação inicial com os

agricultores cadastrados e suas OCB’s abordando o conhecimento técnico básico

das culturas, com debates através de troca de experiências e saberes, com vistas ao

aprofundamento do programa e o planejamento de sua implementação com uma

efetiva gestão e controle social.

Também são realizadas reuniões e visitas técnicas aos agricultores

cadastrados para o diagnostico e definição de praticas edáficas e de preparo das

áreas. A adesão dos agricultores é o passo em que se define as ações e os níveis

estratégicos gerando as demanda de sementes e biocomposto, práticas de

convivência com o semiárido, recursos financeiros, técnicos, humanos e

equipamentos, identificação e constituição dos GI’s e GIAG’s e as metas do

Programa.

A produção e a comercialização são garantidas através da assinatura de

contrato entre o agricultor e a empresa produtora de Biodiesel.

Segundo Trentini (s/d) os agricultores da região de Quixadá, relatam a

importância de vender suas produções para a empresa de biodiesel porque ela

possibilitou o cultivo da mamona e girassol com a distribuição de sementes e esses

agricultores descrevem a seriedade do compromisso, que não está ligado

necessariamente à existência de um contrato, mas à doação das sementes e à

assistência técnica prestada pelos órgãos ligados à prefeitura e ao estado.

5.4 Transmissão do conhecimento sobre as informações adquiridas a respeito

do biodiesel no Ceará, através de um minicurso para os alunos do curso de

Ciências Biológicas da Faculdade de Educação, Ciência e Letras de Iguatu/CE

e entrega da cartilha didática.

Page 43: Perfil do desenvolvimento das usinas e oleaginosas mais utilizadas no estado do ceará na produção do biodiesel   aila nogueira bernado.

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Foram ofertadas 40 vagas para o minicurso, porém só se inscreveram 14

universitários e a efetiva participação se deu com a presença de 08 alunos

graduandos do curso de Ciências Biológicas, sendo a maioria do VII semestre e os

demais do IX semestre. Não houve nenhum inscrito do V semestre.

No minicurso foram abordados os conceitos relacionados aos

biocombustíveis e seus tipos, o histórico do biodiesel, bem como suas vantagens em

relação ao diesel, as matérias-primas para a produção do biodiesel, o processo de

transesterificação e o desenvolvimento do biodiesel no estado do Ceará.

Esse minicurso teve o intuito de informar e esclarecer dúvidas sobre o

desenvolvimento do biodiesel de forma interativa e objetiva, para que os graduandos

do curso de Ciências Biológicas tenham uma visão crítica sobre esse assunto que

está em evidência no estado e no país.

Antes de definir alguns conceitos, perguntei aos alunos graduandos do

curso de Ciências Biológicas o que eles entendiam por biocombustíveis, e alguns

definiram como um combustível que é produzido a partir de cana-de-açúcar. No

entanto, pude perceber que mesmo sendo estudantes de Ciências Biológicas, não

existia um conhecimento mais concreto a respeito de biocombustíveis.

Santos (2010), afirma que mesmo com tantas informações na mídia,

ainda há pessoas com dúvidas a respeito desse combustível alternativo e que não

tem um conhecimento concreto sobre biocombustíveis e seus derivados tipos.

Ainda no decorrer da apresentação, perguntei aos universitários se eles

conheciam algum tipo de biocombustível, e alguns me responderam que conheciam

o etanol, então percebi a falta de informação desses estudantes sobre o assunto.

Em sua pesquisa, Andrade (2007) destaca que temas geradores como o

biodiesel são difíceis de serem avaliados, pois implica na absorção de valores pelos

alunos, o que é subjetivo. Além disso, as abordagens conjuntas de conceitos

ambientais, químicos e contextos sociais, que visam à formação ampla do cidadão e

a construção do conhecimento, demandam mais tempo do que o ensino tradicional

com seus conceitos prontos e acabados.

No decorrer do minicurso, foi exibido um vídeo de título “Produção do

biodiesel” produzido pela Embrapa Agroenergia mostrando como se produz este

combustível, que é uma das alternativas do portfólio energético do país, com a

simulação do processo de transesterificação para a obtenção do biodiesel e outro

vídeo de título “Biodiesel Brasil” exibido no globo ciência em uma reportagem que a

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emissora de televisão globo fez no laboratório de pesquisa de biodiesel da USP

Ribeirão Preto, mostrando os poucos impactos que o biodiesel causa no meio

ambiente, comparado ao diesel derivado do petróleo, para despertar a atenção dos

universitários para um maior cuidado com o meio ambiente e seus recursos.

Segundo Santos (2010), em seu trabalho de pesquisa dos

biocombustíveis e seus impactos ambientais, afirma que é necessário que se faça

uma educação ambiental, mesmo que não formal, aos alunos. Dessa forma, precisa-

se impactar a mente das pessoas para que se volte para as causas ambientais.

Também foi distribuído cartilhas sobre Biodiesel: um biocombustível em

grande desenvolvimento no estado do Ceará, aos alunos participantes do minicurso,

contendo definições a respeito de biocombustíveis, seus tipos, o que é energia

renovável, biomassa, histórico do biodiesel, processo de transesterificação, a

diferença do biodiesel e diesel, o biodiesel no estado do Ceará, as principais

biomassas utilizadas no estado, biodiesel e sustentabilidade e a sua participação na

matriz energética.

Essas cartilhas foram elaboradas e custeadas pela aluna pesquisadora,

com a intenção de despertar o interesse dos graduandos pelo assunto, a fim de que

eles aumentassem seus conhecimentos. Foi disponibilizado na cartilha um espaço

com leitura completar, com indicação de alguns sites, para que os alunos possam

acessar e descobrir inúmeras curiosidades sobre o biodiesel e outros tipos de

biocombustíveis.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os biocombustíveis cada vez mais estão ganhando espaço no mercado

brasileiro, principalmente o biodiesel, por ser produzido a partir de oleaginosas, visto

que o Brasil é um país rico e possui variedades dessas espécies, notadamente no

semi-árido nordestino que tem condições climáticas e solos propícios.

A pesquisa permitiu identificar que o estado do Ceará é um pioneiro na

produção do biodiesel e prioriza a produção deste biocombustível com seu programa

estadual, em consenso com o PNPB, justificando a visão social, ambiental e

econômica. O estado tem associação com atores governamentais e sociais como

EMATERCE, Secretarias de Agricultura, EMBRAPA, SDA, MDA, entre outros para a

execução dos projetos.

Atualmente, a oleaginosa mais cultivada no estado do Ceará é a

mamona. A partir 2010, o estado do Ceará começou a gerar três tipos de

oleaginosas: a mamona, o girassol e o algodão, mas a maior produção que

permanece é o cultivo da mamona.

A geração de emprego para o estado aumentou, fortaleceu a agricultura

familiar, a agroecologia, tornando-se uma nova matriz energética viável para o

estado aumentando assim a economia.

Portanto, a expectativa é que os alunos graduandos do curso de Ciências

Biológicas tenham compreendido o que é o biodiesel e seu desenvolvimento no

estado e que as informações repassadas tenham contribuído para a formação

pessoal, profissional e ambiental dos mesmos.

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50

APÊNDICES

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO SEMI-ESTRUTURADO PARA A COLETA DE INFORMAÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO BIODIESEL NO CEARÁ.

Este questionário busca avaliar o desenvolvimento do biodiesel no estado do Ceará,

através de questões semi-estruturadas e levantamentos bibliográficos. Os dados

aqui anotados serão utilizados na elaboração de minha monografia intitulada: Perfil

do desenvolvimento das usinas e oleaginosas mais utilizadas no estado do Ceará na

produção do biodiesel, orientada pela professora Dra. Alana Cecília de Menezes

Sobreira e elaborada por mim, Aila Nogueira Bernardo na conclusão do Curso de

Licenciatura em Ciências Biológicas.

Nome: ________________ órgão que trabalha: _______________

Obrigada pela colaboração.

Orientanda: Aila Nogueira Bernardo

Orientadora: Profa. Dr. Alana Cecília de Menezes Sobreira

1. Qual a importância do biodiesel para o estado do Ceará?

2. Como está o desenvolvimento dos projetos sobre o biodiesel no Ceará?

3. Quais as cidades do interior do estado do Ceará têm usinas de biodiesel?

4. Qual a situação das pesquisas sobre biodiesel no Ceará e nas cidades onde

há usinas instaladas?

5. Existe alguma usina de biodiesel desativada no estado do Ceará?

6. Quais as oleaginosas mais utilizadas para a produção de biodiesel no Ceará?

7. Como se dá o plantio, colheita até chegar ao processo de produção do

biodiesel?

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PRODUÇÃO DA CARTILHA

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Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu - FECLI

Organizadoras:

Aila Nogueira Bernardo

Sdena Oliveira Nunes

Alana Cecília de Menezes Sobreira

Unidade de produção

de biodiesel da

Petrobrás.

20

12

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54

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO............................................................................................................ 03

2 O QUE É ENERGIA RENOVÁVEL............................................................................... 04

2.2 BIOCOMBUSTÍVEIS E SEUS TIPOS........................................................................ 04

2.3 BIOCOMBUSTÍVEIS SÓLIDOS E GASOSOS.......................................................... 05

3 HISTÓRICO DO BIODIESEL........................................................................................ 06

4 PROCESSO DE TRANSESTERIFICAÇÃO................................................................. 07

5 DIFERENÇA DO BIODIESEL E DIESEL.................................................................... 08

5.2 A PRODUÇÃO DO BIODIESEL NO CEARÁ........................................................... 08

6 PRINCIPAIS BIOMASSAS UTILIZADAS.................................................................... 09

7 BIODIESEL E SUSTENTABILIDADE..........................................................................

10

8 A PARTICIPAÇÃO DO BIODIESEL NA MATRIZ ENERGÉTICA........................ 10

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 11

Page 56: Perfil do desenvolvimento das usinas e oleaginosas mais utilizadas no estado do ceará na produção do biodiesel   aila nogueira bernado.

55

APRESENTAÇÃO

Esta cartilha contém definições sobre biocombustíveis e os seus tipos, dando

ênfase ao biodiesel que é um biocombustível ecologicamente correto, renovável,

biodegradável, que reduz as emissões de gás carbônico e praticamente elimina as emissões de

óxido de enxofre, e tem a capacidade de reabsorção pelas plantas.

O biodiesel pode ser produzido a partir de várias espécies de vegetais oleaginosos,

como a mamona, a colza, o amendoim, o girassol, o algodão, a soja, o pinhão-manso, o dendê,

entre outras. Também de origem animal providos de sebo bovino, óleo de vísceras de peixes,

óleo de mocotó, banha de porco, entre outros tipos de graxa animal e de óleo residual (OGR).

A obtenção do biodiesel é dada pelo processo de transesterificação que já era

conhecido desde 1853, antes mesmo da história do biodiesel, mas que só foi empregado pela

primeira vez em óleos vegetais para a obtenção de combustíveis em 1940.

O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo e pode ser

usado puro ou misturado ao diesel em motores automotivos ou estacionários, puro ou

misturado.

As vantagens sobre o biodiesel são inúmeras, desde a diversificação da matriz

energética, na utilização de energias renováveis até o incentivo social, contribuindo para a

geração de trabalho e renda na agricultura familiar.

Esse conteúdo foi elaborado cuidadosamente para que os leitores venham a

conhecer a importância desse biocombustível e se interessem pelo assunto para que os estudos

e pesquisas relacionados ao biodiesel perpetuem.

Boa Leitura!

Page 57: Perfil do desenvolvimento das usinas e oleaginosas mais utilizadas no estado do ceará na produção do biodiesel   aila nogueira bernado.

56

Fique esperto

A energia não

renovável é aquela

obtida de

combustíveis fósseis

como o petróleo,

carvão mineral e gás

natural, que não tem a

capacidade de se

renovar e se esgotam

com a excessiva

extração.

Aila Nogueira Bernardo, Alana Cecília de Menezes Sobreira, Sdena Oliveira Nunes

Volume 1, Edição 1

Biodiesel: Um Biocombustível em grande

Desenvolvimento no Estado do Ceará 56

É um tipo de energia que se renova e

é proveniente do sol, como a energia

solar, dos ventos como a energia

eólica e a de biocombustíveis a partir

de biomassa de organismos vivos

como vegetais oleaginosos, gorduras

de animais bovinos, entre outros.

VOCÊ SABE O QUE É ENERGIA RENOVÁVEL??????

Existem três tipos de biocombustíveis: São os líquidos, sólidos e

gasosos.

Exemplos de alguns biocombustíveis líquidos: Biodiesel, etanol e

bioetanol.

Biodiesel é um derivado de biomassa

renovável para uso em motores a

combustão interna com ignição por

compressão ou, conforme

regulamento para geração de outro

tipo de energia, que possa substituir

parcial ou totalmente combustíveis de

origem fóssil (BRASIL, 2005).

BIOMASSA?

É a energia do sol armazenada em um material vegetal orgânico na forma de energia química. É ainda, a quantidade de material vivo existente numa determinada área, em determinado momento, em geral expressa em unidades de energia ou no peso seco de matéria orgânica não-fóssil (BRASIL,

2008).

E Biocombustíveis o que

são?

Os biocombustíveis são derivados de

biomassa renovável que podem

substituir parcial ou totalmente os

combustíveis derivados de petróleo e

gás natural em motores à combustão

ou em outro tipo de geração de

energia (ANP, 2011).

O etanol é um álcool, um composto

orgânico oxigenado, também

denominado álcool etílico.

Bioetanol é o etanol de

lignocelulose. Trata-se de um

combustível renovável produzido a

partir de resíduos.

Page 58: Perfil do desenvolvimento das usinas e oleaginosas mais utilizadas no estado do ceará na produção do biodiesel   aila nogueira bernado.

57

Briquetes

Os biocoques são obtidos da

compactação de resíduos orgânicos

de diversas origens (resíduos

urbanos, alguns resíduos industriais,

resíduos agrícolas e florestais) para

uso como combustíveis industriais,

sucedâneo ao coque de petróleo

(TECBIO, s/d).

Alguns tipos de biocombustíveis sólidos

Pois é, o biogás é o biocombustível

gasoso mais conhecido e é obtido a partir

da decomposição da matéria orgânica

(biomassa). A biomassa é colocada

dentro do biodigestor, isto é, um

reservatório em que se coloca a biomassa

misturada com água. Assim, através da

digestão e fermentação das bactérias

anaeróbicas há a transformação dessa

biomassa em um gás, conhecido como

metano. Esse tipo de bactéria não precisa

de ar para sobreviver, por isso o

ambiente tem que ser o mais vedado

Você já ouviu falar no biocombustível gasoso?

“O biodiesel chega

aos postos de

gasolina através

das distribuidoras

de diesel comum.”

Página 57 Biodiesel: Um Biocombustível em grande Desenvolvimento no Estado do Ceará

Briquetes são uma das alternativas

viáveis e renováveis aos combustíveis

tradicionais para uso em fornalhas,

caldeiras, fornos e churrasqueiras. É

oriundo de um processo de

fabricação, feitos a partir da

compactação de resíduos ligno-

celulósicos, sob pressão e

temperatura elevadas. Na fabricação

de briquete, as matérias-primas

utilizadas podem ser serragem,

maravalha, casca de arroz, palha de

milho, sabugo, bagaço de cana-de-

açúcar, casca de algodão, casca de

café, feno de braquiaria entre outros

(LIPPEL, s/d).

possível. O biogás pode ser utilizado

em lampião, para aquecimento de

fogões, como combustível para motores

de combustão interna, em geladeiras e

para a geração de energia elétrica

(CENTRO NACIONAL DE

REFERÊNCIA EM PEQUENAS

CENTRAIS HIDRELÉTRICAS, 2011).

Page 59: Perfil do desenvolvimento das usinas e oleaginosas mais utilizadas no estado do ceará na produção do biodiesel   aila nogueira bernado.

58

O Histórico do biodiesel

A história do biodiesel começou por volta de 1883, com a invenção de um motor a

diesel, abastecido com óleo de amendoim, elaborado pelo inventor Rudolph, apresentado ao

mundo em 1900 na Exposição Universal em Paris.

O processo de produção de biodiesel foi patenteado em 1937, na Bélgica pelo Dr.

George Chavanne. Contudo, foi verificado um problema na obstrução dos bicos injetores,

devido à alta viscosidade do óleo vegetal. Mas três anos depois com a aplicação do processo

de transesterificação, esse problema foi solucionado.

O mundo enfrentou várias crises de petróleo, aumentando os preços de maneira

acelerada o que levou as pessoas a uma nova consciência mundial a respeito da produção e

consumo de energia originada dos combustíveis fósseis, representando um grande marco na

história energética do planeta.

No Brasil, na década de 1970 houve o segundo choque do petróleo e deu-se início aos

desenvolvimentos de projetos de combustíveis a partir de óleos vegetais, principalmente do

diesel produzido a partir do dendê, o chamado DENDIESEL. No ano de 1980, o professor

Expedito Parente, patenteou o PI -8007957, a primeira patente brasileira para produção de

biodiesel e de querosene vegetal de aviação. Houve envolvimento de muitas instituições

importantes ao longo desses anos nos estudos e testes para o desenvolvimento do biodiesel e

esses estudos se perpetuam até os dias atuais.

Biodiesel: Um Biocombustível em grande Desenvolvimento no Estado do Ceará Página 58

E qual a importância desse

conhecimento?

É importante para a elaboração

de alternativas sustentáveis,

conscientização da população e

finalidade correta desses óleos

de frituras, que são conhecidos

como OGR – óleo resisual, que

podem ser utilizados no processo

para a produção de biodiesel.

Fique Informado!!!

O óleo de fritura quando derramado na

pia de casa, de restaurantes, lanchonetes,

entre outros aumenta às dificuldades

referentes ao tratamento de esgoto e

acaba chegando aos rios e ao oceano,

dificultando a entrada de luz,

atrapalhando a oxigenação da água, além

de causar mau cheiro e entupir a

encanação das residências. Tudo isso pode

comprometer a base da cadeia alimentar

aquática, acarretando no desequilíbrio

ambiental.

Page 60: Perfil do desenvolvimento das usinas e oleaginosas mais utilizadas no estado do ceará na produção do biodiesel   aila nogueira bernado.

59

O PROCESSO DE TRANSESTERIFICAÇÃO – O biodiesel é obtido a

partir desse processo

É um processo de três reações consecutivas, na qual mono e diacilglicerídeos são

formados como intermediários e é realizado através da reação de um lipídio com um álcool comum

(etanol) ou o metanol que serve para produzir um éster e um subproduto, o glicerol. Este é o

processo mais utilizado na atualidade para a produção do biodiesel.

Página 59 Biodiesel: Um Biocombustível em grande Desenvolvimento no Estado do Ceará

Page 61: Perfil do desenvolvimento das usinas e oleaginosas mais utilizadas no estado do ceará na produção do biodiesel   aila nogueira bernado.

60

O biodiesel é um derivado de

biomassa renovável para uso em

motores a combustão interna com

ignição por compressão ou,

conforme regulamento para geração

de outro tipo de energia, que possa

substituir parcial ou totalmente

combustíveis de origem fóssil

(BRASIL, 2005).

IMPORTANTE Diferença do biodiesel e o diesel

O Governo do Estado do Ceará juntamente com Secretaria do Desenvolvimento

Agrário – SDA e a Coordenadoria do Desenvolvimento da Agricultura Familiar fazem um

Programa para o desenvolvimento do Biodiesel do Ceará em dezembro de 2011 para

execução no ano de 2012.

Com esse programa o estado do Ceará inicia um novo ciclo de energia no estado,

promovendo o uso de uma fonte renovável, contribuindo para diversificação da matriz

energética, propiciando geração de empregos e renda no campo e na indústria, a partir do

cultivo de culturas oleaginosas.

A Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará – SDA, construiu

um Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável - PDRS, com missão de “Promover o

desenvolvimento rural sustentável do Estado do Ceará, com ênfase nos agricultores e

agricultoras familiares, com participação, inclusão, e justiça social”.

Assim o Programa Biodiesel do Ceará, em concordância com o Programa Nacional

avança ao assegurar ampla participação dos diferentes segmentos representativos da cadeia

produtiva do biodiesel, enfatizando a importância social, a agricultura familiar, e nas

funções de preservação do meio ambiente e da cultura.

O programa leva em consideração as variáveis socioeconômicas,

institucionais e ambientais, numa visão sistêmica do território como um todo.

O objetivo desse programa é promover o desenvolvimento rural sustentável,

como resultante de unidades de vida e de trabalho, de caráter familiar, livremente

associada ao processo de produção, beneficiamento, processamento e

comercialização de oleaginosas, fortalecendo a diversidade da agricultura familiar,

com base nos princípios da agroecologia, convivência com o semi-árido e

economia solidária, assegurando inclusão social e segurança alimentar.

O Programa Biodiesel do Ceará tem a atuação em 103 municípios zoneados

para o cultivo de mamona, porem considerando a introdução de novas cultivares,

levantamentos e dados técnicos, praticas edáficas, áreas comprovadamente aptas,

conhecimento e saber dos agricultores, experimentações técnicas o cultivo

consorciado e as características da agricultura familiar se tem 148 municípios no

programa do Estado, estes outros 39 municípios, tem notas técnicas, elaboradas por

técnicos do Serviço de Extensão Oficial, no caso a técnicos da EMATERCE.

A PRODUÇÃO DO BIODIESEL NO CEARÁ

“No ano de 2005,

houve a sanção da

Lei nº 11.097/2005

que fixou em 5% o

percentual mínimo

obrigatório de

adição de biodiesel

ao óleo diesel

comercializado e

apresentou um

prazo de oito anos

para que o

percentual fosse

atingido.”

“No Brasil a maior

produção é de soja

para o

processamento do

biodiesel.”

“A usina de

Quixadá é de

grande

importância para o

estado do Ceará e

já está em

funcionamento há

três anos.”

Página 60 Biodiesel: Um Biocombustível em grande Desenvolvimento no Estado do Ceará

Já o diesel é um derivado do petróleo

bruto usado como combustível nos

motores Diesel, constituído

basicamente por hidrocarbonetos, é

um produto inflamável, tóxico e que

libera gases que contribuem para o

efeito estufa.

Page 62: Perfil do desenvolvimento das usinas e oleaginosas mais utilizadas no estado do ceará na produção do biodiesel   aila nogueira bernado.

61

A estratégia operacional relacionada ao Desenvolvimento Institucional e gestão dos territórios rurais é

fortalecer a assistência técnica e a Extensão Rural continuada, com quantidade e qualidade aos agricultores

familiares com adesão ao Programa; trabalhar em conjunto com a empresa produtora de Biodiesel, a Petrobras;

criar um selo de certificação participativa para o óleo produzido pela agricultura familiar; aperfeiçoar o Bionet,

como sistema de processamento de dados do programa, como instrumento de gestão participativo e democrático

da agricultura familiar inserida na produção do Biodiesel e fortalecer a gestão e o controle social no Programa

através dos CMDS, Pólos do Biodiesel, Câmara Técnica e Câmara Setorial.

Existem muitas biomassas utilizadas

para a produção do biodiesel no

mundo, entre elas são: o girassol,

algodão, babaçu, dendê, macaúba,

amendoim, soja, mamona, palma,

pinhão-manso e cana-de-açúcar, mas

no Brasil a maior produção é a de

soja.

PRINCIPAIS BIOMASSAS UTILIZADAS

“A usina localizada

em Quixadá já faz

utilização de

gordura animal para

o processo de

obtenção do

biodiesel e já tem

desafios futuros

para produzir

biodiesel a partir de

OGR - óleo

residual.”

Página 58 Biodiesel: Um Biocombustível em grande Desenvolvimento no Estado do Ceará

No estado do Ceará em 2003 até 2006 ocorreu apenas a

distribuição das sementes de mamona. Nos anos de 2007 e 2008

começou o incentivo para a plantação da mamona e logo após um

ano, que foi em 2009 houve o incentivo de outra oleaginosa, o

girassol. A partir de 2010 o incentivo foi maior, atingindo três

tipos de oleaginosas como a mamona, o girassol e o algodão.

Página 61 Biodiesel: Um Biocombustível em grande Desenvolvimento no Estado do Ceará

Page 63: Perfil do desenvolvimento das usinas e oleaginosas mais utilizadas no estado do ceará na produção do biodiesel   aila nogueira bernado.

62

Biodiesel: em grande Desenvolvimento no Estado do Ceará

Do ponto de vista econômico, o biodiesel, está relacionado ao

equilíbrio favorável da balança comercial brasileira, visto que o diesel é o

derivado do petróleo mais consumido no Brasil e a importação deste produto

cresce anualmente. Ainda no aspecto econômico, a sua viabilidade está na

substituição das importações, no crescimento e geração de emprego, de renda e

nas vantagens inerentes ao ambiente, porque há reduções significativas de

materiais particulados e enxofre, que prejudicam a saúde, como também na

redução dos gases, como o gás carbônico, um dos grandes responsáveis pela

intensificação do efeito-estufa (RAMOS, et al., 2003).

O biodiesel tem grande adaptabilidade aos motores, uma vez que o uso

de outro combustível limpo, como o biogás, requer adaptações nos motores e a

combustão de biodiesel pode dispensá-la. O biodiesel é uma evolução na

tentativa de substituição de óleo diesel por biomassa renovável porque contém

características físico-químicas semelhantes às do diesel mineral, sendo

perfeitamente miscível, podendo ser utilizado puro ou misturado em quaisquer

proporções em motores de ciclo diesel sem a necessidade de significativas ou

onerosas adaptações (OLIVEIRA, 2002 apud TEIXEIRA, TAOUIL, 2010).

O biodiesel é completamente isento do elemento enxofre, já que os

óleos vegetais e as gorduras de animais não possuem esse elemento químico.

Não há qualquer emissão de gases sulfurados (mercaptanas, dióxido de enxofre)

detectados no escape de motores movidos a diesel (RAMOS, et al., 2003).

Assim é um biocombustível limpo, uma vez que os produtos derivados do

enxofre são bastante danosos ao meio ambiente, pois são os principais

causadores da chuva ácida e de irritações nas vias respiratórias, além de

danificar o motor e seus componentes (TEIXEIRA, TAOUIL, 2010).

Além disso, o biodiesel pode, ainda, ter outras funções, substituindo

outros tipos de combustíveis fósseis na geração de energia, como por exemplo,

o uso em caldeiras ou em geração de calor em processos industriais.

Considerando que o aumento da população e o surgimento de novas tecnologias

continuam demandando energia de forma incremental, é imperativa a busca de

soluções energéticas alternativas, mais sustentáveis. Neste contexto, a produção

de biodiesel, que é um combustível oriundo de biomassa, tem por objetivo

substituir o óleo diesel e permitir a geração de energia (SILVIO-JÚNIOR et al.,

2008).

Biodiesel e sustentabilidade

Dá certo?

A PARTICIPAÇÃO DO BIODIESEL NA MATRIZ

ENERGÉTICA

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