PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS MORADORES DO ENTORNO DO ARROIO CHAFARIZ DIANTE A IMPLANTAÇÃO DE REDE DE...

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SOCIEDADE EDUCACIONAL PORTAL DAS MISSÕES FACULDADE ECOAR CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL Leandro Lacerda Castilhos PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS MORADORES DO ENTORNO DO ARROIO CHAFARIZ DIANTE A IMPLANTAÇÃO DE REDE DE COLETA DE ESGOTO, VILA OPERÁRIA, PASSO FUNDO/RS Passo Fundo/RS 2012

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Estudos sobre percepção ambiental visam investigar a relação sociedade versusambiente vivencial, identificando fatores, processos e mecanismos responsáveis pelasopiniões e atitudes sobre as mudanças neste ambiente. A implantação de uma rede de coletade esgoto influência diretamente nas condições ambientais, ao mesmo tempo em que altera apaisagem da área vivencial e a percepção ambiental da população que dela habita. Este estudoanalisa a percepção dos moradores ribeirinhos do Arroio Chafariz, localizado no BairroOperário, no município de Passo Fundo/RS; frente a possível e futura instalação de rede decoleta de esgoto no local. A metodologia baseou-se em estudos bibliográficos, na aplicação dequestionário e entrevistas com os moradores da região para a coleta dados e processados pormeio de abordagem qualitativa. O desenvolvimento desse trabalho nos possibilitou evidenciaros anseios da população, por meio das falas dos moradores, quanto às mudançassocioambientais que a conclusão desse sistema de esgotamento sanitário proporcionará no diaa dia dos moradores do entorno do Arroio Chafariz. Nesse sentido, o conhecimento dapercepção dessa população sobre o meio ambiente e o lugar em que ela vive, permitirá aogestor planejar e elaborar projetos em educação ambiental; avaliar, estimular e propor açõesmitigadoras dos impactos ambientais; fornecer elementos para as políticas públicas de formaeficaz; mas, nada disso será possível sem a imprescindível e efetiva participação dacomunidade nas políticas públicas, nos processos de decisão, planejamento e no controlesocial. Fica evidente que a percepção ambiental não deve ser utilizada como ferramenta paraavaliação do nível de conhecimento sobre aspectos referentes ao meio ambiente, pois expressaos anseios e expectativas pessoais sobre o mesmo além de demostrar também um pensamentoindividual e não como coletivo.

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SOCIEDADE EDUCACIONAL PORTAL DAS MISSÕES

FACULDADE ECOAR

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL

Leandro Lacerda Castilhos

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS MORADORES DO ENTORNO DO ARROIO CHAFARIZ DIANTE A IMPLANTAÇÃO DE REDE DE

COLETA DE ESGOTO, VILA OPERÁRIA, PASSO FUNDO/RS

Passo Fundo/RS

2012

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Leandro Lacerda Castilhos

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS MORADORES DO ENTORNO DO ARROIO

CHAFARIZ DIANTE A IMPLANTAÇÃO DE REDE DE COLETA DE ESGOTO,

VILA OPERÁRIA, PASSO FUNDO/RS

Orientador (a): Professora Gisele Sana Rebelato, MS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental da Faculdade Ecoar como requisito parcial para obtenção do grau de Tecnólogo em Gestão Ambiental.

Passo Fundo/RS

2012

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Leandro Lacerda Castilhos

Percepção ambiental dos moradores do entorno do Arroio Chafariz diante a

implantação de rede de coleta de esgoto, Vila Operária, Passo Fundo/RS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental da Faculdade Ecoar como requisito parcial para obtenção do grau de Tecnólogo em Gestão Ambiental.

Data da aprovação: Passo Fundo/RS, 18 de abril de 2012.

Os membros componentes da Banca Examinadora abaixo

aprovam o Trabalho de Conclusão de Curso:

_________________________________

Professora Gisele Sana Rebelato, Ms. Orientador

Faculdade Ecoar

_________________________________

Professor, Alessandro Valdovino, Esp. Faculdade Ecoar

_________________________________

Professora,Maria Paula Sochan, Ms. Faculdade Ecoar

Passo Fundo/RS

2012

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela saúde e força para percorrer até aqui o inóspito caminho, que somente

com fé e dedicação foi possível ter transposto tantos obstáculos.

A minha esposa Luciana e meus filhos Louan e Camille, que certamente merecem uma

especial deferência e justiça é feita as dar relevo necessário a estes três maravilhosos seres,

pois os três pilares que me sustentam nestas batalhas, que às vezes se revelam árduas e

cansativas. Meu muito Obrigado. Amo vocês!

Ao minha Orientadora Gisele Sana Rebelato, mestre educadora, mas, sobretudo, uma

amiga, um ser humano inigualável, que faz jus ao título de Orientadora, pois soube com sua

sabedoria resgatar a luz que iluminou o caminho, guiando-me por um terreno plano e ameno,

o que deu plenas condições para que este Trabalho pudesse retomar o norte, possibilitando a

conclusão deste arrojado projeto intentado no último minuto. Meu especial agradecimento e a

certeza do inesquecível e incondicional reconhecimento.

A minha psiquiatra Dra. Rita Bordin, que sempre me apoiou e incentivou nesta

caminhada, mesmo nos momentos mais difíceis da minha vida. Meu sincero e eterno

agradecimento.

A todos com quem mantive contato, considerando a interação de uma

multidisciplinaridade inter-relacionada ante tamanha internalização de externalidades,

sobretudo aos amigos, professores, colegas e profissionais da área, a quem esterno meu

apreço, já que, de alguma maneira, contribuíram para a elaboração deste trabalho, assim como

pela impagável experiência vivenciada no decorrer do caminho trilhado, que agregou e este

humilde acadêmico um valor incalculável.

Por último, mas não menos importante, a você que está lendo este trabalho, quiçá

possa ajuda-lo a despertar a necessidade de criar ferramentas de aplicação fácil e eficaz para a

proteção do meio ambiente, assim como a difundir uma conscientização de prevenção

ambiental, na tentativa de fortalecer uma verdadeira cruzada pela salvação deste maravilhoso

planeta e da enigmática, para não dizer desgraçada, espécie humana.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 6

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 9

2.1 MEIO AMBIENTE E IMPACTO AMBIENTAL ................................................ 9

2.2 PERCEPÇÃO ....................................................................................................... 10

2.2.1 Percepção ambiental .............................................................................................................12

2.3 EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE.................................................................. 15

2.4 SANEAMENTO BÁSICO ................................................................................ 18

2.4.1 Diagnóstico do saneamento no Brasil .................................................................................19

3 MATERIAIS E METODOS .................................................................................. 21

3.1 LOCAL DE ESTUDO ....................................................................................... 21

3.2 MÉTODOS E MATERIAIS UTILIZADOS ...................................................... 21

4 ANÁLISE E DISCUSÃO DOS RESULTADOS ................................................... 23

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 32

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 34

ANEXOS.................................................................................................................... 38

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Delimitação da área de pesquisa................................................................... 21

Figura 2: Idade dos entrevistados ................................... Erro! Indicador não definido.

Figura 3: ;Sexo dos entrevistados................................................................................ 24

Figura 4: Nível de escolaridade ................................................................................... 25

Figura 5: Renda familiar ............................................................................................. 25

Figura 6: Qual sabe o significado do termo saneamento básico?.................................. 26

Figura 7: "Você sabe qual a função da implantação de uma rede de coleta de esgoto no local?

................................................................................................................................... 27

Figura 8: "Você esta sabendo do projeto do município para implantação de rede de coleta de

esgoto, com proposta de atingir 100% dos bairros?". ................................................... 28

Figura 9: "Haverá mudanças na qualidade de vida com a implantação do projeto?. ..... 30 Figura 10: Rua Cel. Mostardeiro, Vila Operária. ......................................................... 40

Figura 11: Rua Cel. Mostardeiro, Vila Operária. ......................................................... 40

Figura 12: Rua Dr. Felisberto Azevedo, Vila operária. ................................................ 41

Figura 13: Rua Dr. Felisberto Azevedo, Vila Operária. ............................................... 41

Figura 14: Rua Castanha da Rocha, Vila Operária. ...................................................... 42

Figura 15: Rua sem nome definido, Vila operária........................................................ 42

Figura 16: Rua sem nome definido, Vila Operária. ...................................................... 43

Figura 17: Rua Antônio Ribeiro Vasconcelos, Vila Operária. ...................................... 43

Figura 18: Rua Antônio Ribeiro Vasconcelos, Vila Operária. ...................................... 44

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Processo de percepção .............................................................................. 12

Quadro 2: Significado do termo saneamento básico................................................... 26

Quadro 3: Resposta sobre a função da implantação de um rede de coleta de esgoto no

local............................................................................................................................ 27

Quadro 4: Resposta a pergunta: "Como souberam da implantação do projeto de

implantação de redes de soleta de esgoto no municípo de Passo Fundo/RS, executado

pela CORSAN/Prefeitura Municipal de Passo Fundo?". .............................................. 29

Quadro 5: Respostas negativas ao conhecimento do assunto em questão ................... 29

Quadro 6: Resposta a mudança de qualidade de vida no local.................................... 30

Quadro 7: Respostas negativas a melhoria de qualidade de vida, após implantação do sistema

................................................................................................................................... 31

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RESUMO

Estudos sobre percepção ambiental visam investigar a relação sociedade versus

ambiente vivencial, identificando fatores, processos e mecanismos responsáveis pelas

opiniões e atitudes sobre as mudanças neste ambiente. A implantação de uma rede de coleta

de esgoto influência diretamente nas condições ambientais, ao mesmo tempo em que altera a

paisagem da área vivencial e a percepção ambiental da população que dela habita. Este estudo

analisa a percepção dos moradores ribeirinhos do Arroio Chafariz, localizado no Bairro

Operário, no município de Passo Fundo/RS; frente a possível e futura instalação de rede de

coleta de esgoto no local. A metodologia baseou-se em estudos bibliográficos, na aplicação de

questionário e entrevistas com os moradores da região para a coleta dados e processados por

meio de abordagem qualitativa. O desenvolvimento desse trabalho nos possibilitou evidenciar

os anseios da população, por meio das falas dos moradores, quanto às mudanças

socioambientais que a conclusão desse sistema de esgotamento sanitário proporcionará no dia

a dia dos moradores do entorno do Arroio Chafariz. Nesse sentido, o conhecimento da

percepção dessa população sobre o meio ambiente e o lugar em que ela vive, permitirá ao

gestor planejar e elaborar projetos em educação ambiental; avaliar, estimular e propor ações

mitigadoras dos impactos ambientais; fornecer elementos para as políticas públicas de forma

eficaz; mas, nada disso será possível sem a imprescindível e efetiva participação da

comunidade nas políticas públicas, nos processos de decisão, planejamento e no controle

social. Fica evidente que a percepção ambiental não deve ser utilizada como ferramenta para

avaliação do nível de conhecimento sobre aspectos referentes ao meio ambiente, pois expressa

os anseios e expectativas pessoais sobre o mesmo além de demostrar também um pensamento

individual e não como coletivo.

Palavras-chave: Percepção Ambiental. Meio Ambiente. Saneamento Básico.

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ABSTRACT

Studies on environmental perception aim to investigate the relationship versus

society environment experiential, identifying factors, processes and mechanisms responsible

for the opinions and attitudes about the changes in this environment. The deployment of a

sewage collection network directly influence environmental conditions, at the same time that

changes the landscape of experiential and environmental perception area of the population

that it inhabits. This study examines the perception of residents bordering the Arroio fountain,

located in Bairro Operário, in the city of Passo Fundo/RS; forward to possible future and

network installation onsite sewage collection. The methodology was based on bibliographic

studies on the application of a questionnaire and interviews with residents of the region to

collect data and processed through a qualitative approach. The development of this work

enabled us to highlight the concerns of the population, through the lines of the villagers,

regarding social and environmental changes that the conclusion of sanitary sewage system

will provide day in and day out of the residents of the surroundings of the fountain. In this

sense, the perception of population knowledge about the environment and the place where she

lives, enable the Manager to plan and develop projects on environmental education; evaluate,

stimulate, and propose mitigating actions of environmental impacts; provide elements for

public policies effectively; but, none of this will be possible without the necessary and

effective community participation in public policy, decision-making, planning and social

control. It is evident that the environmental perception should not be used as a tool for

assessing the level of knowledge about aspects related to the environment, because it

expresses the aspirations and personal expectations about the same in addition to show also an

individual thinking and not as collective.

Keywords: Environmental Perception. Environment. Basic Sanitation.

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1 INTRODUÇÃO

Temos vivenciado uma crise mundial sem precedentes, principalmente no curso dos

últimos anos, quanto à exploração de recursos naturais. Inúmeras questões ambientais têm

surgido decorrente desta situação de grande relevância mundial. Como se supõe, a degradação

do meio ambiente vem aumentando, tendo, a apropriação do homem um ritmo acelerado e

descontrolado, com finalidade de suprir suas necessidades imediatas ou não. Muitos aspectos

no ambiente urbano direta ou indiretamente, afetam grande parte da população e entre eles

podemos citar a população de baixa renda, a moradia inadequada, a poluição da água e do ar

etc., que causam insatisfação com a vida urbana. A falta saneamento básico na área de estudo,

principalmente rede de coleta de esgoto foi o fator entre os inúmeros problemas de

degradação urbana que norteou A escolha deste estudo, enfrentado pela população ribeirinha

do Arroio Chafariz, como decorrência do incremento cada vez maior da urbanização local.

Ligações clandestinas de esgoto doméstico em galerias de águas pluviais e o despejo “in

natura” em céu aberto são ações comuns em áreas com falta de sistema de esgotamento

sanitário adequado. Essas formas inadequadas de encaminhar os esgotos sanitários podem

acarretar inúmeras consequências negativas para o meio ambiente e para a saúde pública,

poluindo mananciais e contaminando águas naturais. A inexistência ou a ineficiência desta

infraestrutura básica pode trazer sérios riscos à saúde, contribuindo para o aumento da

ocorrência de diversas doenças, reduzindo assim o tempo produtivo das pessoas, causando

moléstias e/ou óbitos gerando assim despesas com hospitalização e medicamentos, e a

possível proliferação de vetores ou de insetos indesejáveis. O município de Passo Fundo/RS

está realizando obras através da Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN) de

implantação de rede de coleta de esgoto em todo município, inicialmente as áreas mais

centrais estão sendo beneficiadas, porém, o projeto prevê alcançar os bairros e a população de

baixa renda. A implantação de rede de coleta de esgoto melhora as condições ambientais, ao

mesmo tempo em que altera percepção local dos empreendimentos e também muda a

percepção do ambiente pela população residente. Neste contexto, as palavras de Collot (1990,

p.21), são providenciais, pois dizem que, “não se pode falar de paisagem a não ser a partir

de sua percepção. Com efeito, [...] a paisagem se define incontinente como um espaço

percebido: constitui o aspecto visível, perceptível do espaço”. Pesquisa sobre a percepção

ambiental é importante devido ao fato de ser uma investigação sobre valores, necessidades,

atitudes e expectativas que determinados sujeitos têm em relação ao seu meio vivencial

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(SILVEIRA, 1997). Soares (2005) apud França (2006) nos diz que uma das dificuldades para

a proteção dos ambientes naturais está na existência de diferenças nas percepções dos valores

e da importância dos mesmos entre os indivíduos de culturas diferentes ou de grupos

socioeconômicos que desempenham funções distintas, no plano social, nesses ambientes.

A reação dos sentidos diante do meio que cerca o indivíduo, possibilitando o seu

raciocínio, valores, sentimentos, reações e interações negativas ou positivas sobre o meio

ambiente podemos definir como percepção ambiental. Através desta percepção, o homem

interage com o mundo, modifica o ambiente, e segue rumo ao processo de conhecimento e do

exercício da cidadania ambiental (FERNANDES et al. 2009). Faggionato (2009) descreve a

percepção ambiental como uma conscientização do homem em relação ao meio ambiente, ou

seja, entendendo o ambiente em que se esta inserida, aprendendo a proteger e a cuidar do

mesmo. Ao perceber, reage e responde diferentemente às ações sobre o ambiente em que vive.

As respostas ou manifestações daí decorrentes são resultado das percepções (individuais e

coletivas), dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada pessoa. Tornando

desta forma o estudo da percepção ambiental uma ferramenta de fundamental importância

para que possamos compreender melhor as inter-relações entre o homem e o ambiente, suas

expectativas, anseios, satisfações e insatisfações, julgamentos e condutas. Embora a sociedade

aparente perceber os problemas ambientais, a maioria das pessoas não conhece as origens,

consequências e formas de enfrentamento desses problemas. Não tendo massa crítica sobre o

assunto, a sociedade não percebe os impactos ambientais e sociais a que está submetida e

reproduz ideias distorcidas dos mesmos (FERNANDES et al., 2005).

Segundo Melazo (2005) os ambientes tanto o natural como o construído é percebido

conforme os valores e as experiências individuais dos homens onde são atribuídos valores e

significados em um determinado grau de importância em suas vidas. É necessário, portanto,

resgatar estimular novos sentidos de percepção do ambiente, buscando a reintegração do

homem com seu meio.

O Arroio citado na pesquisa tem sua nascente na Praça do Chafariz da Mãe Preta que

foi construído em terra doada pelo Cabo Neves. A princípio servia para abastecer a vila de

Passo Fundo. Neste chafariz há um painel contando a lenda da Mãe Preta. De acordo com a

lenda, a mãe preta era quem benzia os jovens que iam para a Guerra do Paraguai. Conta-se

também que quem beber da água da fonte, sempre retornará a Passo Fundo. A primeira

construção deste chafariz coube à câmara municipal no ano de 1863. A segunda construção

coube ao intendente Armando Araújo Annes, em 1926. Em 1963 foi reconstruído pelo

prefeito Mário Menegaz. A quarta construção e a legalização definitiva da área e sua

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urbanização deve-se ao prefeito Firmino da Silva Duro no ano de 1982. Atualmente, através

de um acordo entre a prefeitura e a Unicredi, esta se responsabiliza pela sua manutenção. O

chafariz está situado na Rua Uruguai esquina com 10 de Abril.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 MEIO AMBIENTE E IMPACTO AMBIENTAL O meio ambiente constitui hoje uma das maiores preocupações mundiais, tanto nos

países desenvolvidos quanto nos países subdesenvolvidos. Esta apreensão é devido aos

elevados níveis de poluição ambiental gerada pelo homem nas últimas décadas. O que ocorre

é que as organizações são potencialmente as maiores geradoras de poluentes ambientais e

deveriam considerar este quadro quando adotam suas decisões gerencias, reformulando seus

produtos e desenvolvendo programas de ações corretivas. (SILVEIRA, 1997).

Machado (2000) aborda que os autores portugueses costumam explicar que a

expressão meio ambiente, embora bem sonante, não é apesar de tudo a mais correta, já que a

palavra “meio” e “ambiente” são sinônimos. Meio é aquilo que envolve, ou seja, o ambiente.

Logo a expressão meio ambiente se torna uma redundância.

A relação do ser humano com o seu meio é consequência da maneira como o homem

constrói as suas condições de vida, as quais refletem as opções econômicas adotadas, ou seja,

a qualidade de vida do homem é uma consequência direta com a qualidade ambiental. O meio

ambiente pode ser definido como o conjunto de elementos bióticos (organismos vivos) e

abióticos (energia solar, solo, Agua e ar) que integram a camada da Terra chamada biosfera,

sustentáculo e lar dos seres vivos. (TINOCO & KRAMER, 2004).

Para Laurousse (1992, p.733) meio ambiente é o conjunto de fatores exteriores que

agem de forma permanente sobre os seres vivos, aos quais os organismos devem se adaptar e

com os quais tem de interagir para sobreviver, conjunto de condições termométricas e

hidrométricas de um local.

Conforme a Lei 6.938, art. 30, da Política Nacional do Meio Ambiente: Meio

ambiente é o conjunto de condições, leis, interações de ordem física e biológica, que permite

abrigar e rege a vida em todas as suas formas.

O impacto ambiental é a alteração no meio ou em algum de seus componentes por

determinada ação ou atividade. Essas alterações precisam ser quantificadas, pois apresentam

variações relativas, que podem ser positivas ou negativas, grandes ou pequenas. (TINOCO &

KRAMER, 2004).

Segundo Neto (2001) evidencia-se o alerta de que grande parte das perdas da

biodiversidade e serviços ecológicos serão muito difícil de ser recuperada, por isso a

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importância do uso da tecnologia de prevenção, fazendo com que o homem se conscientize

que o importante é manter a preservação ao invés de apenas tentar remediar. Para Milaré

(2000) em linguagem técnica, meio ambiente é a combinação de todas as coisas e fatores

externos ao indivíduo ou a população de indivíduos em questão. Mas exatamente é

constituído por seres bióticos e suas relações e alterações. Não mero espaço, é realidade

complexa.

A partir da noção de Bernard sobre a homeostase, surgiu o entendimento da integração

dos seres vivos com o ambiente que os cerca como um sistema, movimentado por fluxo de

energia. Nesta perspectiva, os organismos não podem mais ser dissociados das

“circunstâncias” que os cercam. Os organismos são parte integrante do ambiente, e o

ambiente é constituído pelo próprio sistema. O ambiente “circundante”, portanto, deixa de

existir (BRANCO, 2001).

Porém, ao ser inserir o homem social no (eco) sistema, Branco (2001) observa que o

“ambiente exterior” volta a existir, pois ele não possui nicho ecológico definido e seu habitat

integra elementos que não pertencem à natureza. O meio ambiente torna-se objeto de ação

antrópica, onde as ações de manutenção do equilíbrio homeostático passam a ser voluntárias e

objeto da ética ambiental. O homem tem dependência mediata em relação ao meio ambiente,

assim como a dependência das células de Bernard em relação ao meio interior.

A relação homem-natureza parece estar presente na percepção ecológica clássica, onde

se caracteriza como ambiente tudo o que compõem o seu entorno, incluindo as plantas, os

animais e os micróbios, tudo com o que interagimos diariamente, sem relação com o ambiente

modificado pelo ser humano (RICKLEFS, 2001).

Para Reigota (1994): “[...] meio ambiente é a noção de um lugar determinado ou percebido, onde os elementos naturais e sociais encontram-se em relações dinâmicas e em interação. Estas relações implicam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e sociais de transformação do meio natural e construído” (REIGOTA, 1994).

2.2 PERCEPÇÃO

O termo percepção, derivado do latim perception, é definido na maioria dos

dicionários da língua portuguesa como: ato ou efeito de perceber, combinação dos sentidos no

reconhecimento de um objeto, recepção de um estímulo, faculdade de conhecer

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independentemente dos sentidos, sensação, intuição, ideia, imagem, representação intelectual.

A amplitude de significados a partir dessas definições, indo da recepção de estímulos até a

uma simples intuição, sendo a imagem e a ideia categorias distintas no discurso filosófico.

Este fenômeno causa certa nebulosidade no entendimento devido a sua complexidade, sendo

responsável por uma permanente busca de elucidações durante toda a história do pensamento

humano. Na própria definição, também podemos destacar uma característica que já nos fala

um pouco do histórico das pesquisas sobre o fenômeno: o reconhecimento de objetos através

de respostas a estímulos servem de base conceitual desenvolvida da psicologia,

especificamente a psicologia comportamentalista, que inclusive abrigou por um longo tempo

os interesses de pesquisa (HOCHBERG, 1973, p. 12).

O termo percepção tem seu significado originário na apreensão a um determinado

objeto real. Segundo Kant (2000), empiricamente o conhecimento prevê o contato com o

objeto real (sensação). Torna-se possível a sensação devido à capacidade de receptividade do

sujeito para captar as representações dos objetos. Após desenvolver a sensação, o indivíduo

começa a pensar no objeto, isto é, passaria ter entendimento. Podemos entender que a

percepção seria “a consciência empírica juntamente com a sensação”, estando também

relacionado a ela o ato judicativo (juízo). Outro conceito de percepção é a definição desse

processo como a relação do homem com o ambiente. É o entender os estímulos e construção

de seus significados. Essa definição expressa à utilização do termo percepção pelas teorias

psicológicas. Segundo a psicologia, percepção é um processo que só leva em consideração a

totalidade, sem existir sensações elementares na composição de um objeto. Outras teorias

destacam os fatores e as condições subjetivas.

Abbagnamo, (2000), propõem que “a percepção é o resultado do conjunto das

experiências passadas do indivíduo e também das suas expectativas futuras”. Nesse caso, a

percepção seria um processo ativo e seletivo.

Conforme Bergson (1999), a percepção serve como um instrumento para à medição de

nossas ações virtuais sobre as coisas, tendo os objetos que influenciam nossos órgãos como

limitação, onde os estímulos recebidos relacionam-se com a complexidade motora de nosso

corpo, estabelecendo ações possíveis. A percepção está relacionada à ação, ao movimento,

tendo a memória à função de evocar as percepções passadas análoga a percepções presente,

buscando a decisão mais útil. Segundo Merleau-Ponty (1999), nossas recordações são

confrontadas com os dados do presente através da consciência, retendo somente aqueles que

se harmoniza com elas.

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Através da percepção podemos compor um mundo verdadeiro, utilizando as

sem

elh

anç

as e

contiguidades. Segundo Bergson (1999), as semelhanças entre indivíduos que se assemelham

são percebidas primeiramente por indivíduos diferentes, como um todo antes das partes.

Chegando ao todo através da decomposição. Para Merleau-Ponty (1999), a percepção não é

uma questão de querer, tornando-a não facultativa, pelo menos enquanto a vida esta integrada

à existência concreta em um ambiente humano ou físico. Além da distância física que existe

entre nós e todas as coisas, a distância vivida mede, a cada momento, a amplidão de nossa

vida.

“É percebido tudo aquilo que faz parte de meu ambiente, e meu ambiente compreende

tudo aquilo cuja existência ou inexistência, cuja natureza ou alteração contam para mim

praticamente” (MERLEAU-PONTY, 1999). Podemos afirmar que o percebido pode

representar uma “unidade de valor” que praticamente mostra-se presente. Bergson (1999)

também cita o útil, criando uma balança da vida psicológica entre as funções sensório-

motoras e à vida imaginativa. A consciência atual o útil, e rejeita momentaneamente o

supérfluo. Portanto, a consciência atual é a materialização das antigas percepções que se

organizam na percepção atual, e que se direcionam a ação.

“Meu presente (percepção) é aquilo que me interessa; o que vive para mim, o que me

impele à ação, enquanto meu passado (lembrança) é essencialmente impotente” (BERGSON,

1999).

2.2.1 Percepção ambiental

Percepção ambiental, ou cognição ambiental, é o termo usado para se referir à

tendência geral pelas quais as pessoas desenvolvem atitudes e sentimentos em relação ao

ambiente (ALTMAN; CHEMERS, 1989). Podemos visualizar os processos pelos quais

ocorrem as percepções no Quadro 1.

Quadro 1 - Processo de percepção Fonte: ALTMAN; CHEMERS (1989).

Obtenção de informações — Processamento interno da informação — Funções

Aquisição e sensação — Codificação, armazenamento, recordação — Atributos do

e decodificação ambiente

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De acordo com Altman; Chemers (1989), um dos primeiros processos da percepção

ambiental é a obtenção de informações sobre o ambiente. Isso se dá através das formas

sensoriais: visão, audição, tato, paladar e da cinestesia (sentido de posição e movimento do

corpo). Esses inputs tornam-se parte do entendimento do meio ambiente. O ambiente torna-se

familiar devido a uma séria de informações e tais informações são, por sua vez, processadas

em categorias que se adaptam à experiência passada, e incluem os processos DE

decodificação e armazenamento. A informação é armazenada e é relembrada sempre que

necessário. As cognições ambientais são também inexatas e incompletas, e diferem de pessoa

a pessoa e de grupo a grupo. São incompletas na medida em que não são réplicas exatas do

ambiente físico; elas são seletivas e incluem elementos que são importantes às pessoas. Além

disso, a representação cognitiva do ambiente físico é distorcida e esquematizada, pois faz

parte do processo de codificação e armazenamento criando distorções dos aspectos da

percepção ambiental. Outra característica importante da cognição ambiental é que ela possui

informações em excesso. As pessoas inferem a existência de coisas e percepções em que

acreditam, tornando-as racionais e consistentes. Em suma, as informações sobre o ambiente

são recebidas através dos sentidos, e são processadas e organizadas de forma que sejam

significativas para a vida das pessoas.

A percepção ambiental tem como conceito o estabelecimento de conexões entre o

meio físico, a geografia e as reflexões sobre as relações desse meio com a subjetividade,

própria do instrumental psicológico. Por se colocar no meio do terreno o conceito de

percepção ambiental tem se aproximado mais das ciências físicas sem deixar de lado aos

saberes do passado, as ciências do espírito (DOMINGUES, 2004).

Segundo Becker (1996), até que ponto a percepção ambiental pode servir como

instrumento válido para os aclames de uma comunidade e como a adoção de determinadas

perspectivas metodológicas pode expressar os compromissos ideológicos dos agentes

envolvidos na administração de áreas protegidas.

Percepção ambiental é uma representação científica e, como tal, tem sua utilidade

definida pelos propósitos que embalam os projetos do pesquisador; Becker adverte “como

mapas as representações cientificas fornecem uma visão parcial, definindo e restringindo

objetivos a serem feitos ou alcançados” (BECKER, p. 136, 1996).

Para Ferrara (1993), a percepção ambiental é definida como a operação que expõe a

lógica da linguagem que organiza os signos expressivos dos usos e hábitos de um lugar. É

uma explicitação da imagem de um lugar, veiculada nos signos que uma comunidade constrói

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em torno de si. Nesta acepção, a percepção ambiental é revelada mediante uma leitura

semiótica da produção discursiva, artística, arquitetônica etc. de uma comunidade.

Além do conhecimento sobre o ambiente, as pessoas têm atitudes sobre ele, incluindo

as preferências os gostos e desgostos pelos lugares. Em diferentes períodos na história e em

diferentes culturas, os indivíduos têm uma variedade de atitudes em relação a florestas ou a

lugares inóspitos, a cidade e a áreas rurais. Há frequentemente, atitudes conflitivas em relação

a esses ambientes, as pessoas têm sentimentos positivos, negativos e às vezes ambivalentes

em relação à mesma característica ambiental (ALTMAN; CHEMERS, 1989). De acordo com

Tuan (1980): “A atitude é primariamente uma posição que se toma frente ao mundo. Ela tem maior estabilidade que a percepção e é formada de uma longa sucessão de percepções, isto é, de experiências. (...) A visão do mundo é uma experiência contextualizada. Ela é parcialmente pessoal, em grande parte social” (TUAN, 1980).

Tuan (1980) denominou o elo afetivo entre as pessoas e os lugares ou ambientes

físicos de topofilia, o que inclui todos “os laços afetivos dos seres humanos com o meio

ambiente material”. As imagens derivadas da realidade circundante, onde as pessoas atentam

para os aspectos do ambiente que serão úteis às finalidades de suas vidas, ou seja, aqueles

aspectos que lhe prometem sustento e satisfação. “As imagens mudam à medida que as pessoas adquirem novos interesses e poder, mas continuam a surgir do meio ambiente: as facetas do meio ambiente previamente negligenciada são vistas agora com toda claridade” (TUAN, 1980).

Dessa forma, de acordo com Carvalho (2001), as percepções dos indivíduos são

mobilizadoras dos diversos interesses e interferências no ambiente.

A percepção ambiental pode ser definida como sendo uma tomada de consciência das

problemáticas ligadas ao ambiente, ou seja, o ato de perceber o ambiente em que se está

inserido, aprendendo a proteger e a cuidar do mesmo (FAGGIONATO, 2006).

Também pode ser definido pelas formas como os indivíduos veem, compreendem e se

comunicam com o ambiente, considerando-se as influências ideológicas de cada sociedade

(ROSA L. G. MMP, 2002).

Embora a sociedade aparente perceber os problemas ambientais, a maioria das pessoas

não conhece as origens, consequências e formas de enfrentamento desses problemas. Não

tendo massa crítica sobre o assunto, a sociedade não percebe os impactos ambientais e sociais

a que está submetida e reproduz ideias distorcidas dos mesmos (FERNANDES et al, 2005)

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O estudo da percepção ambiental de uma comunidade configura-se em uma

ferramenta essencial para a compreensão acerca de comportamentos vigentes e para o

planejamento de ações eu promovam a sensibilização e o desenvolvimento de posturas éticas

e responsáveis perante o ambiente (MARCZWSKI, 2006).

2.3 EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE

A atuação na área da educação ambiental gradualmente tem tomado consciência da

amplitude e da riqueza dos projetos educativos que ajudaram a construir nos últimos trinta

anos. Percebeu se que o meio ambiente não é um simples objeto de estudo ou tema de

pesquisa, nem é somente o desejo de desenvolvimento sustentável. O meio ambiente é a trama

da própria vida, sendo como natureza ou como forma de cultura, o meio ambiente é a forma

onde forjamos nossa identidade, nossas relações, nosso “ser-no-mundo”. Então podemos dizer

que a educação ambiental não é somente, portanto, uma forma de educação, não é apenas um

instrumento para resolução de problemas ambientais. Podemos definir a educação ambiental

como uma esfera de interações, sendo pessoal e social, entre o meio ambiente e o homem,

“casa de vida” (SAUVÉ, 2002).

Segundo Goffin (1999), existem múltiplas facetas dessa relação homem e meio

ambiente, que correspondem a modos diversos de aprender sobre o meio ambiente:

Meio ambiente “Natureza” (para prevenir, apreciar, respeitar e

preservar): Na origem dos atuais problemas socioambientais existe essa lacuna

fundamental entre o ser humano e a natureza, que é importante eliminar. É preciso

reconstruir nosso sentimento de pertencer à natureza, a esse fluxo de vida de que

participamos. A educação ambiental leva-nos também a explorar os estreitos vínculos

existentes entre identidade, cultura e natureza, e a tomar consciência de que, por meio

da natureza, reencontramos parte de nossa própria identidade humana, de nossa

identidade de ser vivo entre os demais seres vivos. É importante também reconhecer

os vínculos existentes entre a diversidade biológica e a cultural, e valorizar essa

diversidade “biocultural”.

Meio ambiente “recurso” (para gerir, para repartir): Os ciclos de

recursos de matéria e energia são vidais para a existência da vida. Educar para a

conservação e consumo sustentável, gerando sistemas de produção e utilização dos

recursos de forma responsável, integrando a educação ambiental com uma verdadeira

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educação econômica, fazendo a gestão não somente do meio ambiente mais também a

gestão de nossas condutas individuais e coletivas.

Meio ambiente “problema” (para prevenir, para resolver): Exige o

desenvolvimento de habilidades de investigação crítica das realidades do meio em que

vivemos e de diagnóstico de problemas que se apresentam. Trata se, inicialmente, de

tomar consciência de que os problemas ambientais estão essencialmente associados a

questões socioambientais ligadas a jogos de interesse e de poder, e a escolhas de

valores. E de resto, a educação ambiental estimula o exercício da resolução de

problemas reais e a concretização de projetos que visam a preveni-los. O

desenvolvimento de competências nessa área fortalecerá o sentimento de que se pode

fazer alguma coisa, e este sentimento, por sua vez, estimulará o surgimento de uma

vontade de agir.

Meio ambiente “sistema” (para compreender, para decidir melhor):

Pode ser compreendido através do pensamento sistêmico, mediante análise das

relações eco-sócio-sistema; segundo Goffin (1999): “Pode-se alcançar uma compreensão de conjunto das realidades ambientais e, desse modo, dispor dos inputs necessários a uma tomada de decisão judiciosa. Neste ponto é que a educação ecológica intervém de maneira fundamental, levando a que se aprenda a conhecer a respeito de toda a diversidade, a riqueza e a complexidade de seu próprio meio ambiente, a definir seu próprio “nicho” humano dentro do ecossistema global e, finalmente, a preenchê-lo adequadamente. Dentro de uma perspectiva sistêmica, a educação ambiental leva também a reconhecer os vínculos existentes entre aqui e alhures, entre o passado, o presente e o futuro, entre o local e o global, entre as esferas política, econômica e ambiental, entre os modos de vida, a saúde e o meio ambiente etc”. (GOFFIN, 1999)

Meio ambiente “lugar em que se vive” (para conhecer, para aprimorar):

É a casa, a escola, o trabalho, é o ambiente cotidiano. A educação ambiental tem como

foco inicial explorar e redescobrir o lugar em que se vive, definindo o próprio grupo

social conforme as relações com o lugar aonde vive. Aprimorando projetos com

intuito de melhorar a interação social, a segurança, o conforto ou ainda os aspectos

estéticos do local. Sendo o local onde se vive o primeiro marco do desenvolvimento

de uma responsabilidade ambiental, chamados de “Oikos” (casa de vida), onde

compartilhamos, guardamos, utilizamos e construímos com responsabilidade.

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Meio ambiente “biosfera” (onde viver junto e a longo prazo):

Consideramos em nível mundial as interdependências das realidades socioambientais,

segundo James Lovelock1 “Teoria de Gaia”, um macro organismo em equilíbrio

constante. Sendo assim o meio ambiente um lugar de solidariedade internacional, nos

privilegiando de maneira vantajosa com a junção da educação ambiental e a educação

para o desenvolvimento.

Meio ambiente “projeto comunitário” (em que se empenhar

ativamente): É um lugar de cooperação e de parceria para realizar as mudanças

desejadas no seio de uma coletividade. É importante que se aprenda a viver e a

trabalhar em conjunto, em “comunidades de aprendizagem e de prática”. O meio

ambiente é um objeto compartilhado, essencialmente complexo: somente uma

abordagem colaborativa favorece uma melhor compreensão e uma intervenção mais

eficaz. É preciso que se aprenda a discutir, a escutar, a argumentar, a convencer, em

suma, a comunicar-se eficazmente por meio de um diálogo entre saberes de diversos

tipos — científicos, de experiência, tradicionais etc. A educação ambiental introduz

aqui a ideia de práxis: a ação está associada a um processo constante de reflexão

crítica. A educação para a democracia, base da educação para a cidadania, torna-se

essencial. Os aspectos políticos das realidades socioambientais tornam-se patentes.

Meio ambiente “território entre povos indígenas” (onde a relação de

identidade com o meio ambiente é particularmente importante) ou ainda o meio

ambiente “paisagem” dos geógrafos: Podemos determinar que a relação com o meio

ambiente são contextuais e culturais, sendo um conjunto de dimensões entrelaçadas no

desenvolvimento do meio ambiente. A educação ambiental se limita em uma dessas

dimensões, criando uma visão enviesada do “estar-no-mundo”. Um projeto educativo

ambiental requer o envolvimento de toda a sociedade educativa, cabendo a cada ator

definir seu “nicho” educacional e integrando-se aos conjuntos de sistemas de atores da

educação ambiental.

Segundo Rist (1996) a educação ambiental evoluiu de modo construtivo, mesmo

enfrentando problemas importantes que podem comprometer suas metas; sendo o principal

desafio contemporâneo é a predominância da ideologia do desenvolvimento, expressa pela

preposição da “educação para o desenvolvimento sustentável”.

1 James Lovelock investigador britânico autor da Teoria de Gaia: “A biosfera e os componentes físicos da Terra (atmosfera, criosfera, hidrosfera e litosfera) são intimamente integrados de modo a formar um complexo sistema interagente que mantêm as condições climáticas e biogeoquímicas preferivelmente em homeostase”.

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A educação é vista como uma ferramenta a serviço da conservação em longo

prazo do meio ambiente, considerando este como um reservatório de recursos a serem

explorados em nome de um desenvolvimento econômico sustentável, encarado como a

condição essencial do “desenvolvimento humano” (SAUVÉ et al., 2000).

2.4 SANEAMENTO BÁSICO

O saneamento básico é um serviço que tem por objetivo principal a manutenção da

vida com qualidade através da oferta de água potável e do desenvolvimento de soluções ao

esgotamento sanitário com sua coleta e tratamento. Devendo ser, portanto, um direito de

todos, conforme rege a Constituição Brasileira de 1988 (OLIVEIRA, C.F., 2005). A definição

de saneamento baseia-se na formulação da Organização Mundial da Saúde (OMS): “Saneamento constitui o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos deletérios sobre seu estado de bem físico, mental ou social” (OMS).

O Plano Nacional de Saneamento (PLANASA) em 1971 definiu saneamento básico

como apenas as ações de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Podemos incluir

ações como saneamento dos alimentos, das habitações e locais de trabalho como ferramentas

do saneamento ambiental, além da higiene industrial e o controle da poluição atmosférica e

sonora, além de ações de esgotamento sanitário – compreendendo a coleta dos esgotos

gerados pelas populações e sua disposição de forma compatível com capacidade do meio

ambiente em assimilá-los (HELLER, 1999). No caso do sistema de esgotamento sanitário,

apesar dos benefícios à saúde pública, com o afastamento dos esgotos da proximidade das

residências, existem significativos impactos negativos quando da sua implementação. O

principal aspecto negativo desse tipo de sistema, além de possíveis vazamentos, é a

concentração da poluição nas redes coletoras. Caso não possua tratamento adequado, o

sistema de esgotamento sanitário poderá induzir a uma deterioração do corpo receptor (rios,

lagos, represas, enseadas, baías e mares), inviabilizar a vida aquática e ainda prejudicar outros

usuários da água ou outras espécies de animais e vegetais. O grau de evolução de uma

comunidade é identificado pela forma como ela trata seus recursos hídricos e seu lixo. Da

mesma forma, identifica-se a seriedade e competência de uma administração pelos esforços

em prol do saneamento. Não há saúde sem saneamento (MELO,2007).

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2.4.1 Diagnóstico do saneamento no Brasil

A situação do saneamento brasileiro é trágica. Somente 44% da população brasileira

têm acesso à rede de esgotamento sanitário e 78,6% tem acesso à água tratada. Do total de

esgoto gerado, apenas 29,4% é tratado. Outra perspectiva dessa situação: 107 milhões de

brasileiros não têm acesso à rede de esgotamento sanitário, 134 milhões não têm os esgotos de

suas casas tratados, 40 milhões não têm acesso à água tratada e 8 milhões nem sequer têm

banheiro (IBGE, 2010).

A evolução na cobertura de saneamento é muito lenta. De acordo com a Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios de 2009 – PNAD 2009, de 1995 a 2009, a coleta de

esgotos aumentou apenas 11,6 pontos percentuais. De 2003 a 2009, a coleta aumentou apenas

quatro pontos percentuais. A coleta de esgotos chegou a cair de 59,3% em 2008 para 59,1%

em 2009. Esse ritmo é inferior ao crescimento de atendimento de outras utilidades públicas no

período como é o caso da telefonia, que subiu de 19% em 1992 para 84% em 2009. Em

período semelhante, a energia elétrica, que alcançava 85% dos domicílios em 1991, evoluiu

para uma situação de quase universalização (98,6% de acordo com a PNAD, 2009).

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 2009 (PNSB, 2009), as

únicas unidades da federação com mais da metade dos domicílios atendidos em coleta de

esgotos são Distrito Federal (86,3%), São Paulo (82,1%) e Minas Gerais (68,9%). As menores

coberturas são Amapá (3,5%), Pará (1,7%) e Rondônia (1,6%).

A situação do saneamento nas zonas rurais brasileiras é ainda mais crítica. Segundo a

ONU (PNUD − Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 1999), 76,9% da

população rural não têm acesso a esgotamento sanitário adequado. A situação brasileira é pior

do que a de países como o Sudão, o Timor Leste e o Afeganistão.

Serão necessários 420,9 bilhões de reais, entre 2011 e 2030, para a expansão e a

reposição do saneamento básico no Brasil, em medidas de caráter estrutural e estruturante,

sendo, aproximadamente, 105,2 bilhões de reais em abastecimento de água, 157,5 bilhões de

reais em esgotamento sanitário, 16,5 bilhões de reais em destinação final dos RSU e 55,1

bilhões de reais em drenagem urbana. Do montante total, estima-se que 86,5 bilhões de reais

deverão ser aplicados em ações que não se restringem ao âmbito dos componentes específicos

do saneamento básico, mas que apresentam natureza mais geral, relativas ao aumento da

eficiência na gestão e prestação dos serviços, à capacitação técnica no Setor, à implantação de

campanhas educativas, entre outras. A necessidade de investimentos em ações de caráter geral

assumiu um valor igual ao somatório dos recursos destinados às medidas estruturantes

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específicas de cada componente do saneamento básico, considerando que estes deverão ter

vulto significativo no total de esforços de financiamento do setor, de maneira coerente com a

premissa adotada no Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), que é de valorização

dessa natureza de medidas. Do total de investimentos a serem investidos em saneamento

básico, entre 2011 e 2030, 299,7 bilhões de reais (71%) serão direcionados à expansão do

saneamento básico e R$ 121, 2 bilhões de reais à sua reposição. Em relação aos investimentos

segundo a natureza das medidas, se estruturais ou estruturantes, destacam-se as primeiras, que

contarão com 59% (R$ 247,8 bilhões de reais). Recursos provenientes de agentes federais

deverão ser da ordem de (R$ 253,3 bilhões de reais) enquanto R$ 167,5 bilhões reais serão

aportados por agências internacionais, prestadores de serviços, orçamentos estaduais e

municipais e setor privado, na forma de investimentos diretos ou de contrapartidas. Para a

estimativa da distribuição dos recursos segundo a origem, federal e não federal, partiu-se, em

primeiro lugar, da constatação da importante potencialidade de investimentos dos prestadores

com recursos próprios, podendo superar 50% do total de investimentos em algumas situações,

e, em segundo lugar, das exigências de contrapartida dos tomadores, especialmente de

empréstimos com recursos onerosos, usualmente superiores a 20% do valor do financiamento

(CANÇADO, 2011).

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3 MATERIAIS E METODOS

3.1 LOCAL DE ESTUDO

A pesquisa foi realizada no município de Passo Fundo, situado no norte do estado do

Rio grande do Sul. A cidade de Passo Fundo é rica em recursos hídricos, porém mal

conservados. Neste contexto podemos citar o Arroio Chafariz que tem sua nascente no

perímetro urbano (Praça do Chafariz da Mãe Preta) e desemboca no Arroio Pinheiro Torto,

que pertence a Bacia do Jacuí, afluente do Guaíba; sendo que este arroio esta canalizado em

parte no perímetro urbano, define-se que a pesquisa será realizada em trechos do arroio que se

encontra em céu aberto na área urbana delimitada.

Figura 1 - Delimitação da área de pesquisa.

Fonte: Imagem de satélite adaptado do Google Hearth , traçado vermelho delimita a área de estudo.

3.2 MÉTODOS E MATERIAIS UTILIZADOS

Em relação à monografia, ou seja, é um trabalho científico no qual se determina a

utilização de procedimentos metodológicos que são métodos sistemáticos de pesquisa.

Marconi e Lakatos (1990, p.198) referem-se aos trabalhos científicos como aqueles que

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devem ser elaborados de acordo com as normas preestabelecidas e com os fins a que se

destinam. Serem ainda, inéditas ou originais e contribuírem não só para a ampliação de

conhecimentos ou a compreensão de certos problemas, mas também servirem de modelo ou

fornecer subsídios para outros trabalhos.

O método escolhido para pesquisa aqui apresentada foi o estudo de caso, segundo Gil

(1991), o estudo de caso é definida pela pesquisa exaustiva e aprofundada de um ou mais

objetos, permitindo um conhecimento específico e amplo. A pesquisa foi realizada com os

moradores da área ribeirinha do Arroio Chafariz, na Vila Operária, localizado no município

de Passo Fundo/RS; foram realizadas visitas “in loco” numa amostragem de 40 moradores.

Foi utilizada como instrumentos para coleta de dados a aplicação de questionários, registro de

relatos, registro fotográfico e também foi realizado uma pesquisa descritiva da população

envolvida e um levantamento bibliográfico, o que possibilitou uma observação do

comportamento, atitudes e carga emocional dos entrevistados, facilitando uma classificação e

quantificação dos dados obtidos. Para que esta pesquisa fosse operacionalizada tomou-se por

base o "critério da saturação", (SÁ, 1998); esse critério possibilitou a definição do número de

entrevistados a partir do momento que as respostas dos inqueridos tornaram-se repetitivas,

resolveu-se parar as entrevistas, pois um número maior de sujeitos pouco acrescentaria de

significativo ao conteúdo da percepção ambiental em estudo. Avaliou-se o perfil dos

entrevistados, o acesso às informações e a percepção destes quanto ao saneamento básico do

local em estudo, sendo o foco principal a falta de rede de coleta de esgoto. (ANEXO A).

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4 ANÁLISE E DISCUSÃO DOS RESULTADOS

Uma das dificuldades para a proteção dos ambientes naturais está na existência de

diferenças nas percepções dos valores e da importância dos mesmos entre os indivíduos de

culturas diferentes ou de grupos sócio-econômicos que desempenham funções distintas, no

plano social, nesses ambientes.

Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente às ações sobre o ambiente

em que vive. As respostas ou manifestações daí decorrentes são resultado das percepções

(individuais e coletivas), dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada pessoa.

Observou-se também que a idade predominante é de 30 a 39 anos atingindo 37,5%

compreendendo adultos economicamente produtivos, ficando a parcela de 5% preenchida

pelos aposentados (FIGURA 2).

Figura 2 - Idade dos Entrevistados - Questionário aplicado no período de 2 a 6 de abril de 2012.

Fonte: Castilhos, 2012.

Verificou-se uma expressiva maioria de mulheres entre os entrevistados 65% para

35% de homens, apesar de não ter sido quantificado os filhos de cada família, notou-se a

predominância de famílias numerosas (FIGURA 3).

Segundo Roosevelt (2009), as famílias de classe menos favorecidas são constituídas

principalmente por mulheres, a ausência da figura paterna e o número elevado de filhos são

características típicas dessa classe.

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Confirmou-se os relatos de Bergamo (2010), sobre o aumento de famílias com a

ausência da figura masculina, seja ela por motivos de separação, óbito ou por gravides

indesejada na adolescência.

Evidenciou-se na pesquisa resultados conforme Hoppe (1998), descreveu em seu

trabalho sobre Rede de Apoio Social e Afetivo em Crianças em Situação de Risco: “A estrutura familiar moderna esta mudando, cada vez mais encontramos famílias em que a figura materna é a única referência.”

Figura 3: Sexo dos entrevistados - Questionário aplicado no período de 2 a 6 de abril de 2012. Fonte: Castilhos, 2012

Observou-se um alto índice de analfabetos e alfabetizados que juntos compõem cerca

de 30% dos moradores entrevistados em relação a 1% de pessoas que possuem algum tipo de

formação acadêmica, outras características predominantes é a baixa renda familiar (FIGURAS

4 e 5).

Após o processamento dos dados coletados, confirmou-se a semelhança de resultados

com o trabalho de Xavier & Nishijima (2010) sobre Percepção Ambiental junto aos

moradores do entorno do Arroio Tabuão no Bairro Esperança em Panambi/RS destacando

principalmente a baixa renda familiar e o baixo nível de escolaridade, facilitando assim uma

interpretação errônea devido ao baixo nível de cultura e pouco acesso às informações.

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Figura 4: Nível de escolaridade - Questionário aplicado no período de 2 a 6 de abril de 2012. Fonte: Castilhos, 2012.

Segundo Morin (2002), o alto nível de analfabetos e alfabetizados estão diretamente

relacionados à baixa renda familiar, devido à necessidade de largar os estudos para procurar

trabalho deste muito cedo.

Figura 5: Renda familiar - Questionário aplicado no período de 2 a 6 de abril de 2012. Fonte: Castilhos, 2012.

Questionou-se sobre o significado do termo saneamento básico tendo 60% dos

moradores mostraram ter algum conhecimento sobre o termo e 40% não souberam responder.

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As pessoas que responderam positivamente conhecer o significado do termo se basearam na

ausência das fossas, a presença de esgoto a céu aberto, o próprio esgotamento sanitário,

higienização do local (FIGURA 6).

Figura 6: Você sabe o significado do terno “Saneamento Básico?” - Questionário aplicado no período de 2 a 6 de abril de 2012. Fonte: Castilhos, 2012.

Demostrou-se que as respostas ao questionamento não conferem com as respostas da

entrevista, deixando evidenciado às diversas percepções sobre o assunto em questão

(QUADRO 2).

Será o esgoto das casas?

Limpeza. Os esgotos escorrendo pelos canos na rua e não a céu aberto.

Aquele negócio que vai todo para baixo da terra.

A água do Arroio Chafariz mais limpa.

As águas vão para algum lugar, só não sei onde.

Quadro 2: Entrevista realizada com 40 moradores do local no período de 2 a 6 de abril de 2012. Fonte: Castilhos, 2012.

Segundo relatos de Ferreira (2001), que apesar de afirmarem ter conhecimento sobre o

assunto, suas respostas mostram uma desinformação; ainda sobre o mesmo assunto cita-se

Leal (2008), que retrata em seu trabalho sobre Sistemas de Saneamento Ambiental a real e

presente falta de informação da população em geral sobre o termo “Saneamento Básico”.

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Os moradores também foram questionados se sabiam qual seria a função da

implantação de uma rede de coleta de esgoto no local. Destes 75% afirmaram saber para que

servirá a implantação e 25% responderam não saber a função. (FIGURA 7).

Figura 7: Você sabe a função da rede de coleta de esgoto? - Questionário aplicado no período de 2 a 6 de abril de 2012. Fonte: Castilhos, 2012.

Os moradores que responderam saber a função reconheceram que a implantação

influenciará na higiene, na ausência dos alagamentos e na proliferação de vetores (QUADRO

3).

A vila ficará mais limpa.

Tira as porcarias de dentro do Arroio Chafariz.

Diminui a sujeira e as baratas.

Evita a exposição com o esgoto a céu aberto, pois o esgoto traz doenças.

Quadro 3: Entrevista realizada com 40 moradores do local no período de 2 a 6 de abril de 2012. Fonte: Castilhos, 2012.

Por meio destas respostas observou-se que os moradores citam a higiene e a ausência

de vetores como principal função da implantação da rede de coleta de esgoto. Ressaltamos

que estas pessoas, convivem com águas servidas (esgotos) a céu aberto próximo de suas

casas, em decorrência da falta de infraestrutura para captação de esgoto e também que há uma

preocupação destes com a qualidade de vida no local.

Citando Bergmann (2007):

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“As respostas demostram muito mais a preocupação com o bem estar pessoal, deixando o real conhecimento do assunto em segundo plano”.

Os relatos obtidos na entrevista se confirmaram nas citações de Cavinatto (1992), que

relata sobre moradias construídas próximas a concentrações elevadas de vetores, tem o risco

de transmissão de doenças agravado, bem como tem efeito importante na qualidade destas

moradias.

Ao serem questionados como souberam da implantação de redes de coleta de esgoto

no município, 90% dos moradores afirmaram terem conhecimento sobre o projeto, enquanto

10% responderam negativamente sobre o assunto (FIGURA 8).

Figura 8: Você em conhecimento das obras na rede de coleta de esgoto no município? - Questionário aplicado no período de 2 a 6 de abril de 2012. Fonte: Castilhos, 2012.

Avaliaram-se como os moradores souberam sobre o projeto do Município de Passo

Fundo/RS, executado pela CORSAN, em implantar redes de coletas de esgoto em 100% dos

bairros do município. Ressaltando que até o presente processamento dos dados coletados para

este trabalho não havia previsão de prazo de iniciar a implantação do projeto neste local

(QUADRO 4).

O centro esta a maior bagunça por causa das obras da CORSAN.

Escutei no rádio várias vezes.

Assisti no jornal local reportagens sobre o assunto.

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Tenho amigos que mora em bairros da cidade que já foi implantado o projeto.

Quadro 4: Entrevista realizada com 40 moradores do local no período de 2 a 6 de abril de 2012. Fonte: Castilhos, 2012.

Como fontes de informações citados pelos moradores que responderam

afirmativamente; os meios de comunicação (rádio, jornal e televisão), os próprios vizinhos e a

observação de canteiros de obras espalhados pelo município: como podemos confirmar nos

relatos abaixo, segundo Oliveira (2002), os principais meios de acesso à informação da

população em geral é a televisão e o rádio, seguido lentamente pela internet.

Perante as respostas, percebeu-se que a população do local teve pouco retorno do

poder público quanto às informações sobre as intervenções que possam vir a ser executadas

sobre o meio que circunda o local. O acesso à informação pela população é um dever do

Poder Público conforme Lei 11.445/07, que estabelece transparência nas ações e sistemas de

informação sobre os serviços; articulado com o Sistema Nacional de Informações em

Saneamento para a população (BRASIL, 2008).

Quanto aos 10% dos entrevistados que relataram não terem nenhuma informação

sobra à questão proposta, mostrou-se certo desinteresse em relação às questões ambientais e

dos aspectos positivo e negativos que estes trazem para o cotidiano (QUADRO 5).

Quadro 5: Entrevista realizada com 40 moradores do local no período de 2 a 6 de abril de 2012.

Não fiquei sabendo.

Não ouvi falar nada sobre o assunto.

Não me interesso por esse assunto. Fonte: Castilhos, 2012.

Santos (2010) relata em seu trabalho sobre a problemática da ocupação irregular

ribeirinha, que projetos de conscientização e informação sobre a importância do saneamento

básico são necessários para despertar o senso crítico dos moradores da área em questão,

despertando interesse no acompanhamento dos processos de implantação do mesmo.

Ainda citando Santos (2010):

“O saneamento básico, que é obrigação do governo para a população e a educação para os cidadãos, são dois instrumentos de vital importância para despertar o senso participativo, o interesse no bem estar e na qualidade do local onde habita”.

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Segundo Bandeira (1999):

“Como consequência dessa falta de envolvimento da comunidade, muitos programas e projetos governamentais concebidos e implantados de cima para baixo não sobrevivem às administrações responsáveis pelo seu lançamento. Acabam por ser substituídos por outros igualmente efêmeros, num ciclo patético que envolve grande desperdício de recursos e só contribui para aumentar o desperdício em relação à eficácia das ações do setor público”.

Inqueridos a respeito das mudanças na qualidade de vida com a implantação do

sistema de coleta de esgoto, 98% dos entrevistados responderam que sim, afirmando que irá

melhorar a qualidade de vida no local, enquanto 2% afirmaram negativamente sobre a questão

(FIGURA 9).

Figura 9: Haverá mudanças na qualidade de vida com a implantação do projeto? - Questionário aplicado no período de 2 a 6 de abril de 2012. Fonte: Castilhos, 2012.

As afirmações positivas ao assunto destacaram a melhoria da limpeza da área, menos

ocorrência de doenças, menos poluição do arroio e proliferação de vetores como aspectos

benéficos com a implantação do sistema (QUADRO 6).

Quadro 6: Entrevista realizada com o número de 40 pessoas no período de 2 a 6 de abril de 2012. O local vai ficar mais limpo.

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Não vai mais contaminar as águas.

Melhora a higiene e o ambiente fica menos poluído. Fonte: Castilhos, 2012.

Segundo Ferrara (2006), relata que mais uma vez a população preocupa-se com as

consequências que a ausência de rede de coleta de esgoto ocasiona ao bem estar dos

habitantes do local, além do impacto ambiental que a falta desta estrutura adequada

proporciona ao meio ambiente.

Constatou-se conforme Silva (2006), que a qualidade de vida depende da interação

entre os aspectos do meio físico, do meio biótico e dos elementos socioeconômicos, e

caminha junto com a qualidade ambiental, devendo haver um equilíbrio entre ambas, porque

“a melhoria da qualidade de vida passa, necessariamente, pelo atendimento do contexto

ambiental onde se insere uma determinada população”

De acordo com Feu (2007), os problemas ambientais configuram simultaneamente

problemas de saúde pública, já que as sociedades são afetadas em múltiplas escalas e

dimensões. A palavra ambiente já não remete somente à ideia de natureza, é encarado como

“produto social resultante da relação sociedade-natureza no processo de construção do

espaço”

Quanto os 2% que responderam negativamente argumentam que a ausência do

governo, a falta de educação da população e contaminação dos recursos hídricos como fatores

que prejudicam a melhoria na qualidade de vida. Nota-se nas opiniões abaixo. (QUADRO 7).

Quadro 7: Entrevista realizada com 40 moradores do local no período de 2 a 4 de abril de 2012. O que adianta coletar o esgoto aqui e jogar logo mais abaixo no arroio.

Quem vai pagar a ligação dos canos da casa até a rua.

Esse projeto vai ficar só no centro e nos bairros mais ricos. Fonte: Castilhos, 2012.

Por meio desses argumentos, percebeu-se a atenção com a qualidade da água e

preocupação com a omissão do governo na execução e fiscalização das obras e o desinteresse

de proporcionar educação ambiental a população. Citando Jacobi (1999) a realidade ambiental

de uma parte da população está caracterizada pelas dimensões dos problemas, do risco, da

falta de informação, resultados, principalmente, da precariedade dos serviços públicos e da

negligência e/ou omissão do poder público na prevenção das condições de vida e ao acesso a

informação desta população.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após as análises das opiniões dos moradores do entorno do Arroio Chafariz, sobre a

eminente implantação do sistema de esgotamento sanitário, percebeu-se que esses veem o

empreendimento como um sistema que trará inúmeros benefícios, a diminuição de poluição

no bairro e, consequentemente a ausência de vetores (mosquitos), melhor higiene do local;

demonstrando assim a preocupação da comunidade quando a qualidade de vida, além de

revelar sujeitos potencialmente ecológicos.

Mostrou-se uma pequena fração de moradores não integrados no processo de

implantação de esgoto sanitário, enquanto a maioria mostrou interesse no programa de

esgotamento, porém apresentando uma atitude passiva diante da problemática ambiental,

refletindo uma ausência do poder público em mobilizar a participação popular nos projetos

implantados no município.

Entretanto, os moradores percebem o projeto de implantação de sistema de

esgotamento sanitário como melhoria na sua qualidade de vida, apontando um aumento na

saúde da população e limpeza do bairro e menos proliferação de vetores como pontos dessa

melhoria. De acordo com um dos entrevistados: “O ambiente vai ficar mais saudável, polui

menos as águas e melhora a saúde da população”, enquanto que para outros: “a qualidade de

vida depende da fiscalização do poder público e na educação da população”, mostrando a

preocupação dos moradores com o bem-estar da comunidade, além do impacto ambiental que

a ausência desta infraestrutura ocasiona ao meio local e também da omissão dos gestores

públicos em promover campanhas educacionais, voltadas para o meio ambiente e que a

população é parte e solução da problemática ambiental.

O desenvolvimento desse trabalho possibilitou evidenciar os anseios da população, por

meio das falas dos moradores, quanto às mudanças socioambientais que a conclusão desse

sistema de esgotamento sanitário proporcionará no dia a dia dos moradores do entorno do

Arroio Chafariz. Nesse sentido, o conhecimento da percepção dessa população sobre o meio

ambiente e o lugar em que ela vive, permitirá ao gestor planejar e elaborar projetos em

educação ambiental; avaliar, estimular e propor ações mitigadoras dos impactos ambientais;

fornecer elementos para as políticas públicas de forma eficaz; mas, nada disso será possível

sem a imprescindível e efetiva participação da comunidade nas políticas públicas, nos

processos de decisão, planejamento e no controle social. Assim, espera-se que esta pesquisa

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subsidie a elaboração de campanhas e projetos de intervenção ambiental, envolvendo os

sujeitos da sociedade como um todo: população, governo e iniciativa privada.

Pode-se assim concluir que a avaliação de Percepção Ambiental não deve ser utilizada

como ferramenta para avaliação do nível de conhecimento sobre aspectos referentes ao meio

ambiente como “biosfera”, pois ele expressa os anseios e expectativas pessoais sobre o meio

ambiente como “ambiente em que se vive”, demostra também um pensamento individual e

não como coletivo.

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ANEXOS

Anexo A: Questionário.

1. Idade dos entrevistados.

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( ) De 18 a 29 anos ( ) De 30 a 39 anos ( ) De 40 a 49 anos ( ) De 50 a 59 anos ( ) De 60 a 69 anos

2. Sexo dos entrevistados. ( ) Homens ( ) Mulheres

3. Nível de escolaridade. ( ) Analfabeto ( ) Alfabetizado ( ) 1º Grau completo ( ) 1º Grau incompleto ( ) 2º Grau completo ( ) 2º Grau incompleto ( ) Nível superior completo ( ) Nível superior incompleto

4. Renda familiar. ( ) Menos de 1 salário mínimo ( ) De 1 a 2 salários mínimos ( ) De 3 a 4 salários mínimos ( ) Acima de 4 salários mínimos

5. Você sabe o significado do termo “Saneamento Básico"? ( ) Sim ( ) Não

6. Você sabe a função da implantação da rede de coleta de esgoto no local? ( ) Sim ( ) Não

7. Você está sabendo do projeto municipal para implantação de rede de coleta de esgoto, com proposta de atingir 100% dos bairros. ( ) Sim ( ) Não

Anexo B: Figuras.

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Figura 10: Rua Cel. Mostardeiro, Vila Operária. Fonte: Castilhos, 2012.

Figura 11: Rua Cel. Mostardeiro, Vila Operária. Fonte: Castilhos, 2012.

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Figura 12: Rua Dr. Felisberto Azevedo, Vila Operária. Fonte: Castilhos, 2012.

Figura 13: Rua Dr. Felisberto Azevedo, Vila Operária. Fonte: Castilhos, 2012.

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Figura 14: Rua Castanha da Rocha, Vila Operária. Fonte: Castilhos, 2012.

Figura 15: Rua sem nome definido, Vila Operária. Fonte: Castilhos, 2012.

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Figura 16: Rua sem nome definido, Vila Operária. Fonte: Castilhos, 2012.

Figura 17: Rua Antônio Ribeiro Vasconcelos, Vila Operária. Fonte: Castilhos, 2012.

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Figura 18: Rua Antônio Ribeiro Vasconcelos, Vila operária. Fonte: Castilhos, 2012