Pensar 070511

11
Pens ar Fale com o editor: José Roberto Santos Neves - [email protected] Vitória (ES), sábado, 7 de maio de 2011 Para especialista, Anne Ventura institui dicção própria na literatura brasileira com o livro Teia tecendo aranha”. PÁG. 4 Castello Branco - 15.04.1964 a 15.03.1967 Costa e Silva - 15.03.1967 a 31.08.1969 Emílio Garrastazu Médici - 30.10.1969 a 15.03.1974 Ernesto Geisel - 15.03.1974 a 15.03.1979 João Batista Figueiredo - 15.03.1979 a 15.03.1985 A arte driblou a censura Ator e dramaturgo conta como artistas capixabas desafiaram o regime militar ao fazer teatro e cinema durante a repressão. PÁGS. 6 E 7

description

Suplemento de A Gazeta

Transcript of Pensar 070511

Page 1: Pensar 070511

PensarFale com o editor:

José Roberto Santos Neves - [email protected]ória (ES), sábado, 7 de maio de 2011

Para especialista, AnneVentura institui dicçãoprópria na literaturabrasileira com o livro “Teiatecendo aranha”. PÁG. 4

Castello Branco - 15.04.1964 a 15.03.1967 Costa e Silva - 15.03.1967 a 31.08.1969 Emílio Garrastazu Médici - 30.10.1969 a 15.03.1974

Ernesto Geisel - 15.03.1974 a 15.03.1979 João Batista Figueiredo - 15.03.1979 a 15.03.1985

A arte driblou a censura

Ator e dramaturgo conta comoartistas capixabas desafiaram oregime militar ao fazer teatro ecinema durante a repressão.

PÁGS. 6 E 7

Documento:AGazeta_07_05_2011 1a. PENSAR_ET_Especial Tabloide_1.PS;Página:1;Formato:(277.64 x 315.74 mm);Chapa:Composto;Data:05 de May de 2011 17:44:41

Page 2: Pensar 070511

Preciosamemória

verso “Quando eu penso no futuro,nãoesqueçoomeupassado”,dosam-ba“Dançadasolidão”,dePaulinhodaViola, sintetiza em formadepoesia aimportância da memória para res-ponderaperguntasquejamaisdeixa-rão de fazer parte das nossas vidas:afinal, quemsomos, deondeviemos,para onde vamos?

É com esse espírito que a segundaedição do Caderno Pensar traz doisartigos sobre aspectos até então obs-curos do cenário cultural capixaba:nas páginas 6 e 7, Milson Henriquescontacomoartistasdeteatroecinemaenfrentaramacensuraemmeioaoen-durecimento do regime militar; e, napágina10,JôDrumondrevelaàsnovasgeraçõesopioneirismodeGuillyFur-tado,aprimeiramulhernascidanoEs-tadoalançarumlivro,em1914.OPen-sardestemêsofereceaindaoutrosde-leites, comoacrítica domaestroHel-derTrefzger para a obra do composi-tor russo Igor Stravinsky e um artigode Regina Trindade destacando asinovaçõesestéticasdodocumentaris-taEduardoCoutinho.Boaleituraeatéa próximaedição!

Caros leitores,

EXPEDIENTE – Editor: José Roberto Santos Neves; Editor de Arte: Paulo Nascimento; Editor de Qualidade: Carlos Henrique Boninsenha;Design gráfico: Dirceu Gilberto Sarcinelli; Fotos: Editoria de Fotografia e Arquivo A GAZETA; Textos: Colaboradores; Correspondência: Jornal AGAZETA, Rua Chafic Murad, 902, Monte Belo, Vitória-ES, Cep: 29.053-315; Fax: 3321-8642.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Pensar:

JOSÉ ROBERTOSANTOSNEVES .é editor doCadernoPensar,novoespaço paradiscussão ereflexãocultural,que circulaaossábados,mensalmente,emA GAZETA

F A L A N D O D E M Ú S I C A

SAMBA-JAZZ. Joyce e Tutty Moreno--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

celebram união em CD impecável--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Brinde às bodas de vinil

arafraseando opoeta Vinicius deMoraes, a música

popular é a arte do encontro,emborahaja tantodesencon-troporaí.Éoenlacedeletraemelodia, acordes e harmo-nias,baixoebateriajuntosembusca da levada perfeita. Fe-lizmente, não são raros osexemplos de uniões bem-su-cedidas, e Joyce e Tutty Mo-reno estão entre eles.O casalcelebra30anosdecama,me-sa, palco e estúdio comoCD“Samba-jazz & outras bos-sas”, lançado em 2007 na In-glaterra pela gravadora FarOut e que só agora chega aoBrasil sob a chancela da Bis-coito Fino, quemuitos consi-deram a Elenco dos anos2000, em referência ao céle-breselodeAloysiodeOlivei-ra que sedimentou a bossanovanos anos 60.

Não é de se estranhar queesse trabalho de Joyce tenhaconquistado inicialmente omercado internacional. Nosanos 90, seus discos foramdescobertosnaEuropaeem-balaram as pistas da Alema-nha emsuaversãooriginal.

Em “Samba-jazz & outrasbossas”, acompositoraprolí-fica e o baterista de técnica

refinada celebram suas “bo-das de vinil” (título de umadas músicas) com materialinéditodeboacepaereferên-cias a mestres comoMoacirSantos, Baden Powell, Garo-to, Luiz Reis e Haroldo Bar-bosaeTenórioJr,pianistade-saparecido misteriosamentenaArgentina em1976duran-te uma turnê comVinicius eToquinho.

Difícildestacarumaouou-tracançãoquandootodofalamais alto, mas a releitura de“Berimbau”, comarranjoele-gantedeDoriCaymmiparaoafro-samba de Baden e Vini-cius,easduasversõesde“Ga-roto”, que Joyce dedica aomúsico homônimo que mo-dernizou o violão brasileiro,sãoexemplossuperlativosdeum álbum que prima aindapeloconteúdolírico,comosepode apreciar no samba“Compositor”,defesaapaixo-nada do autormusical feita aquatromãospor JoyceePau-loCésarPinheiro:“Composi-tor, compositor/Mas como éque vive o compositor?/Queéquevaisernofimdomês/Seninguémgravaracançãoqueelefez?/Esegravar,nãoleveamal/Não dá pra viver de di-reito autoral/Composi-tor/Temmuito sócio, sim se-nhor/Ecad, sociedade, leão,gravadora, editor”.

Em tempos de revisão daLei de Direitos Autorais,mais oportuno – e genial –impossível.

JOYCE E TUTTYMORENO

CD SAMBA-JAZZ &OUTRAS BOSSAS

GRAVADORA: BISCOITOFINO. 14 FAIXASQUANTO: R$ 33,EM MÉDIA

José Roberto Santos [email protected]

Pensar na web:No sitewww.agazeta.com.br, vocêencontratrechos delivros,músicas,trailers edepoimentosdecolaboradoresqueparticiparamdesta edição.

2 Pensar A GAZETA Vitória (ES), sábado, 07 de maio de 2011 Fale com o editor:José Roberto Santos Neves - [email protected]

P

Documento:AGazeta_07_05_2011 1a. PENSAR_ET_Especial Tabloide_2.PS;Página:1;Formato:(277.64 x 315.74 mm);Chapa:Composto;Data:05 de May de 2011 19:31:56

Page 3: Pensar 070511

DIVULGAÇÃO

OBRA. No livro “Variações sobre o prazer”, Rubem--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Alves convida o leitor a deliciar-se com a sabedoria--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Caê Guimarães éjornalista, poeta e escritor.Publicouquatro livros eescreve no sitewww.caeguimaraes.com.br

O

LAURA DE MELLOE SOUZA

CLÁUDIO MANUEL DA COSTA.O poeta mineiro tem sua vidadecifrada neste perfil quetransporta o leitor para a MinasGerais do século XVIII, palco deinsurreições, traições e mortes.COMPANHIA DAS LETRAS. 248PÁGINASQUANTO: R$ 39, EM MÉDIA

O PAÍS DO CARNAVAL.O primeiro romance de JorgeAmado, escrito quando ele tinha18 anos, condensa as angústiasde uma geração a partir doolhar de um personagem quemantém uma relação deestranhamento com o país.COMPANHIA DAS LETRAS. 104PÁGINASQUANTO: R$ 31, EM MÉDIA

ANNE PLANTAGENET

MARILYN MONROE.A autora francesa percorre atrajetória da atriz e símbolosexual do século XX comhabilidade e refinamento.TRADUÇÃO: REJANE JANOWITZERL&PM EDITORES. 224 PÁGINASQUANTO: R$ 16, EM MÉDIA

VARIAÇÕESSOBRE O PRAZEREDITORA PLANETA. 192PÁGINASQUANTO: R$ 20, EM MÉDIA

RUBEM ALVES

E N T R E L I N H A S

que nos alimen-ta, seja você car-

nívoroouvegan, é algoquemorre para que possamosviver. Uma refeição, frugalou lauta, deve ser encaradacomo um ato que vai alémda imperiosa necessidadedematara fome.Avidanosdevora. A morte também.Neste intervalo, tambémdevoramos. Conhecimen-to, pessoas, livros, paisa-gens. Somos um biodiges-tor sofisticado, ainda quemuitos sequer o saibam.

Comer, mais do que car-burar combustíveis para amanutenção do corpo, é umatogeradordeprazer.Queé,afinal,oquebuscamosnavi-da. Disso trata “Variaçõessobre o prazer”, do pedago-go, poeta, cronista, ensaístae psicanalista RubemAlves.

O texto, fluidoe suavecomoa entrada de um banquete,apresenta ao leitor quatroperspectivas doprazer, comuma referência para cadaum. Na perspectiva religio-sa,SantoAgostinho.Nafilo-sófica, Nietzsche. Na políti-ca,Marx.Enaculinária, fon-te de comparação e espelhopara todas as outras, o filme“A festa de Babette”.

MOSAICOA receita é um mosaico quepassaporBarthes,Manoel deBarros, Fernando Pessoa,Kant, Pierce, pré-socráticos,Bashô e Leminski, Camus,Monet, Octávio Paz, MuriloMendes, Guimarães Rosa,Lewis Caroll, Paulo Freire,Freud, Lacan, William Blake,Schuman, Borges, Neruda,Adélia Prado e EmilyDickin-son.Oquepodeparecer umacombinaçãocarregadaeindi-gestaaosestômagosfracosre-vela-se um prato leve, apesarde profundo. A mão de Ru-bem conduz com maestria oque é comumaestes homensemulheres–ofatodeteremsedebruçado de forma corajosa

sobre omistério da vida.Para Jean Paul Sartre, esta-

mos condenados à liberdade,oqueimplicaemumarespon-sabilidade enorme. “Discipli-na é liberdade”, citou-o trans-versalmente no começo dosanos 90 o compositorRenatoRusso. Rubem aposta que es-tamos condenados à felicida-de, o que requer, também,uma enorme responsabilida-de. E um enorme deleite. Anãodissociaçãodeambastor-na a leitura de “Variações so-bre o prazer” ainda mais ins-tigante ao sugerir que deixe-moso lugardossaberes– salade aula –pelo lugar dos sabo-res – cozinha, já que a raiz dapalavra sapiência é sapore,que tanto vale para saberquanto para sabor. Sapientia,então, é o conhecimento sa-boroso. Daí surge um contra-ponto que pode nortear essaleitura,eoutrasadvindasdela,já que o livro pode ser vistocomoumespelhodeprismasvariados.Eespelhovemdees-peculum, ou seja, especular.Refletir é pensar os reflexos,especular sobre eles.

A aposta de RubemAlves

é que as coisas vivas sabemsem saber. E esse conheci-mento atávico pode nos serrevelado vida afora.Mas seulugar não é apenas a acade-mia ou a alta cultura. Encon-trá-lo é a chavepara a verda-deira felicidade, ou para aideia dela, se o pedido fordesconsiderar sua existên-cia. Sempre haverá tempo,ainda que sob a luz bruxu-leante. “Os filósofos pensamsob a luz de lâmpadas fluo-rescentes.Ospoetaspensamsob a luz de velas”, diz ele.

GANDHIPor acreditar, Rubem fez o li-vro.Eoabrecomumahistóriaque pode ser um astrolábionosmares agitados do prazerdessa leitura. Ele conta queuma vez, reunido com umgrupodeamigosparalerpoe-sia, uma citação deMahatmaGandhi fezcomque todos re-fletissem e propusessem umjogo, um exercício espiritualquepartedaseguintepremis-sa:façadecontaquevocêsabeterapenasmaisumanodevi-da.Comoentãoviveria ao sa-berqueasareiasdaampulhe-tateimpingemumtempusfu-git?Comoprazer, emsuasva-riações, é sua aposta.

JORGE AMADO

NAS P RAT E L E I RA S

3PensarFale com o editor:José Roberto Santos Neves - [email protected] A GAZETA Vitória (ES), sábado, 07 de maio de 2011

A vidacomoato dedevo(ra)ção

A vidacomoato dedevo(ra)ção

Documento:AGazeta_07_05_2011 1a. PENSAR_ET_Especial Tabloide_3.PS;Página:1;Formato:(277.64 x 315.74 mm);Chapa:Composto;Data:05 de May de 2011 19:12:16

Page 4: Pensar 070511

CONTOS.Para especialista, escritora já instituiu dicção própria na----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

literatura brasileira, marcada pelo olhar feminino agudo sobre a vida----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

4 Pensar A GAZETA Vitória (ES), sábado, 07 de maio de 2011 Fale com o editor:José Roberto Santos Neves - [email protected]

ntes que o leitor mechame de maluca, o tí-

tulo desta resenha alude ao belís-simo poema “ressaca”, de AnneVentura, dedicado ao poeta PauloSodré.Autorade “Oamor,oódioeoutros detalhes da vida” (1996),“Enquantamento” (2006) e, maisrecentemente, “Teia tecendo ara-nha” (2010), além de textos publi-cadosemantologiascoletivas–co-mo“Nocantodoolho”(1998),“Es-critos entre dois séculos” (2000) e“Instantâneos” (2005) –, AnneVentura já instituiu uma dicçãoprópria na literatura capixaba, ebrasileira: diálogo com autores lo-cais, nacionaiseestrangeiros; con-vivênciapacificadaentreerudiçãoe ninharia; abordagem do cotidia-no por um olhar feminino agudo;ironia ante a vida (e a literatura)

aguada.Alémdisso,asquestõesdecorpo e gênero e as preocupaçõessociaisnãoestãoausentes, todaviaperpassadas por um delicado tra-tamento estético, de modo que oquepoderiasoarpanfletáriosede-sestabiliza: e exige uma reflexãosemapriorismos.

Seu mais recente livro é provadovigor comqueaescritora capi-xaba radicada em Portugal dedi-ca-se à fiação de personas literá-rias cujas sobreposiçõesde traçosfactuais e fantásticos caracteri-zam uma investida inegável daprodução literária em prosa noBrasildosanos2000–comoapon-ta Flávio Carneiro em seu paineldaficçãobrasileiradeiníciodesé-culo(“Nopaísdopresente”.RiodeJaneiro: Rocco, 2005). Nesse sen-tido, Anne se faz damesma linha-

gemqueBernadetteLyra,AndréiaDelmaschioeMárciaDenser–pa-ra ficar apenas em alguns nomes.

À maneira de um RaymondQueneau e seu “Exercícios de esti-lo”oudeumÍtaloCalvinoeseu“Ascidades invisíveis”, por exemplo,AnneVenturavai estruturandoem“Teia tecendo aranha” (Vitória,2010) variações que retomam te-mas apresentados inicialmente,para fazê-los avançar à medidaque dialogam com outras e no-vas informações, numa arquite-tônica textual que prima pelapluralidade de imagens, senti-dos e dicções. Desse modo, oconjuntodecontosrasuraano-

çãodegênero,pelapossibi-lidade que os textos lidos

unitariamen-te formemum roman-ce atípico –

mas verossí-mil. Seu liris-mo é o dos lou-cos,dosbêbados,

dosclownsdeSha-kespeare.

De saída, o novolivrodecontospro-voca o leitor com aseguinte possibili-

dade: “e se eume chamasse bárba-ra?esemechamassebárbarablueetivesse constantemente estranhospensamentos?”.Eprossegue:“eu,seafosse,seriateiatecendoaranha”.Aimagem remete à epígrafe, atribuí-da aMia Couto: “A vida é uma teiatecendo a aranha. Que o bicho seacredite caçador em casa legítimapoucoimporta.Noinversoinstanteele se torna cativo emalheia arma-dilha”. Depois, a narradora gira suametralhadora verbal: “mas e se vo-cê,depois,fossebárbara,eudeixan-dodeser?oquefariacomaquiloquefui?”. E aí está umdos grandesmé-ritos da obra: o duelo que se esta-belece entre o que foi e o que po-deria ter sido de nossa experiênciacoletiva,comosujeitosurbanosquetransitam entre o cosmopolita e oprovinciano; a tênue linha que se-

O novo livro de Anne Venturavai morrer humano

TEIA TECENDO ARANHASECULT. 2010. 130 PÁGINAS.QUANTO: R$ 15. À VENDA NALIVRARIA PRAZER DA LEITURA, NAPRAIA DO CANTO, E NO SEBO DOIRAN, NA UFES.BLOG DA AUTORA:HTTP://ALAMBIQUETROPICAL.BLOGSPOT.COM

ANNE VENTURA

paraasvozesnarrativaseo leitor, jáquesãopossíveismuitospontosdeinferência,comunsànossaexistên-cia social.

Do ponto de vista estrutural,“Teia tecendo aranha” se organizademodo previsível para o que po-deriaserumlibeloàsavessasdafê-mea humana do fim de década: háum “Prelúdio”, em que BárbaraBlue (ou sua possibilidade) seapresenta, dizendo que veio aomundo “para ser enorme”, “numlote de bagagem extraviada”; de-pois, a expansão das teses iniciaisnos 22 contos (ou capítulos) de“Todas as mulheres são Bárbara”;e, por fim, “Notas a bombordo docorpo”, emque sepede: “umversopela salvação cotidiana da alma.um ao menos, cede-me! tem penade quem só peca pela sina de ternascido de espírito inquieto” ou“aterremos o espaço entre nós”.

Maria AméliaDalvi é mestreem Letras,doutora emEducação eprofessora daUfes. Autora de“Drummond, docorpo ao corpus”(2009) ecoorganizadora de“A crítica literária:percursos,métodos,exercícios”(2010)[email protected].

IGUARIA.Capixabaradicada emPortugal,AnneVenturaoferta seulivro “TeiaTecendoAranha”

A

Documento:AGazeta_07_05_2011 1a. PENSAR_ET_Especial Tabloide_4.PS;Página:1;Formato:(277.64 x 315.74 mm);Chapa:Composto;Data:05 de May de 2011 19:24:25

Page 5: Pensar 070511

CRÔNICAS E POESIA. Seção deste mês traz reflexão sobre cenário----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

cultural, versos de solidão e narrativa sobre a riqueza do vazio----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Cultura para quem?

Arte é produção emanifestação e, paracriar, é precisoinvestimento eapoio, proverferramentas ecaminhos.

Juca Magalhães égerente de comunicaçãodo Instituto Todos osCantos e autor do blog ALetra Elektrônica:megamagalhaes.blogspot.com

maestro Adolfo Al-ves me mostrou

uma reportagemdizendo que ocapixabanãoconseguediferen-ciar cultura de entretenimentoou lazer.Não éumproblema sónosso, ouum “privilégio”, comomuita gente diz erradamente.Aliás, essa coisa de confundir osignificado das palavras é tam-bém cultural. Em priscas eras,saícomumagarotaquemediziater um “dilema” na vida; fiqueicurioso, daí ela emendou: “Só oamorconstrói”...EssacitaçãodoWagner Ribeiro, dos Dzi Cro-quettes, foi uma homenagem,não façomais amenor ideia doqueameniname falou.

Mais importante do que“descobrir” que a popula-ção não consegue perceberdiferenças entre as expres-sões populares e a constru-ção de uma identidade comumpasseionoshopping, se-ria descobrir se os políticosque os representam perce-bem a gravidade disso e sepreocupam com o assunto.É notória e explícita a indi-ferença pela construçãodos processos culturais nomeio político. A pasta dacultura dificilmente vai pa-rarnamãodeumapessoadaárea, sendo geralmente uti-lizada para acomodar acor-dos de campanha e a verba épraticamente desperdiça-da em eventos populares.

Existeumagrandediferençaentre o entretenimento puro esimples, um evento cultural euma ação cultural. O primeirotem o valor informacional deum passeio numa montanha-russa ou de um filme hollywo-odiano:diverte,emociona,mas

não acrescenta conhecimento.No segundo grupo estariamosshows de boa qualidade, con-certos,palestras,exposiçõesdearteetc.Sãosimplesmostrasdeprodução cultural: informam,acrescentam,masnãonecessa-riamente formam. O terceirogrupo é o mais importante etradicionalmente ignorado pe-los governos, citando FrancesJeanson:

“Oprocessodeaçãoculturalresume-se na criação ou orga-nização das condições neces-sárias para que as pessoas in-ventem seus próprios fins e setornem, assim, sujeitos da cul-tura e não seus objetos.”

CASÉ LONTRAMARQUES

DA INSUFICIÊNCIA

Carrego do meu ser deinsuficiênciaas unhasfincadas na raiz dasramagens

impostasao medo que desarmaas vidasdedicadasà voragemCarregodo meu ser de solidãoo alarmeque povoa a carnejuntoao enigmaquemultiplicasuasvigas pelasveiasda exaustão

DA MEMÓRIA

Precisamos não estenderos silêncios, não abreviaras palavras. Podemosapreciar sua sensatez,jamais arruinarseu rigor. Meu ódionão nos conduz anenhuma cólera. Repudio

o rancor que não se cala,decidindo não colaborarcom o desconfortoque contamina esta casa.Ao buscar oesquecimento,

percebo que tenhoacumuladoa memóriade incessantes assombros.Ainda

procuro contornar acatástrofe. Não crieio crime que cresceentre nós, enterrandoestacas nos pontos ondeapoiamos as omoplatas.

ESPAÇO DA POESIATudo sobre o nada

epois de agradecero convite do editor

José Roberto, busquei ummontão de ideias paraminhaprimeira crônica para o “Ca-derno Pensar” de A GAZE-TA, mas não consegui acharnada. Foi aí, então, que tiveum insight e resolvi: vou es-crever tudo o que sei sobre onada. Espantado, leitor? Na-da a ver! Pois saiba que atémesmo o nada tem muito aser dito!

Pra início de conversa,convido você a um exercí-cio: abra suas mãos e sepa-re-as, o máximo que puder.Agora, responda-me: o quehá no meio delas? Certa-mente, você vai me dizer“nada”. Errado! Tem é mui-ta coisa aí: uma enormequantidade de partículasemsuspensão,pairandoen-tre uma mão e outra, a tra-lha espalhada embaixo de-las e o “Caderno Pensar”,além desta humilde crôni-ca, é claro!

O nada também serviu deinspiração pra muita obraartística. Rita Lee, ainda em1979, sentenciou: “nada me-lhor do que não fazer nada”.De fato, de vez em quando,ficar à toa é muito bom, nu-ma rede, na frente da praia,tomando água de coco e as-sistindo a uma série sobre onada. Duvida? Pois é, elaexiste. É o humorístico nor-te-americano “Seinfeld”, emque quatro amigos, Jerry,George,Cramer eElainenãofazem nada, o dia inteiro – evivemsemetendoemconfu-são. Bom pra quem quer fi-car no ócio.

Epor falar emócio, de tan-

AnaximandroAmorim é escritor emembro da AcademiaEspírito-Santense deLetras. www.anaximandroamorim.com.br

to não fazer nada, muitos fi-lósofos nos brindaram comséculos de pensamento. Só-crates já dizia “só sei que na-da sei”. Nietzsche falava doniilismo das coisas, uma for-ça que dirige o nada e JeanPaulSartre,em“OSereoNa-da”, pregava a “nadificação”do ser, isto é, morreu, virounada –pra ser curto e grosso.Mas foi o pensador italianoDomenico di Masi, em o“Ócio Criativo”, que disseque de vez emquando é bomnão fazer nada, mesmo. Seráque ele já ouviu Rita Lee?

Percebemosnoensinopúbli-co fundamental um avanço naeducação básica, que na verda-deexisteparasuprirademandapormãodeobraminimamentequalificada e do cidadão queprecisa trabalhar. Nas escolaspúblicas–emuitasparticulares–, não são trabalhados valoresculturais porque são subjetivi-dades complexas e estão liga-dos aos processos de criação.Arteéproduçãoemanifestaçãoe, para criar, é preciso investi-mento e apoio, prover ferra-mentas e caminhos. Enquantoisso não acontecer vamos con-tinuar sendo – digo o EspíritoSanto–oquesomosparaorestodos olhos do Brasil, um lugaronde nada de interessanteacontece: a praia dosmineiros.

O nada também serviude inspiração pramuita obra artística.Rita Lee, ainda em1979, sentenciou:“Nada melhor do quenão fazer nada”.

Aliás, nem a religião esca-pou do nada. Pois não foi emGênese,primeiro livrodaBí-blia, que Adão e Eva viviamno jardimdas delícias, numaboa, sem fazer nada? Isso atécomerem do fruto proibido,né? Foi aí que tudo aconte-ceu... Nem pra aquela maçãestar bichada!

O nada pode acontecer aqualquer escritor. Excetoum: Rui Barbosa. Diz a lendaque, em Haia, na Holanda,tentarampregar-lheumape-ça, dando-lhe um papel embranco, pra ele não discur-sar. Entretanto, Barbosa dis-se que aquilo era um convitea falar sobre o nada – e dis-cursou durante duas horas!Imaginoqueeledeva terditotudo!Eu,pormeuturno,pre-firo falar, pelo menos, algu-ma coisa. Afinal de contas,falar do nada é melhor doque não ter nada pra falar.

Casé Lontra Marques nasceu em 1985.Lançará em breve o livro “Movo as mãosqueimadas sob a água”.

-------------------------------

5PensarFale com o editor:José Roberto Santos Neves - [email protected] A GAZETA Vitória (ES), sábado, 07 de maio de 2011

O D

Documento:AGazeta_07_05_2011 1a. PENSAR_ET_Especial Tabloide_5.PS;Página:1;Formato:(277.64 x 315.74 mm);Chapa:Composto;Data:05 de May de 2011 19:24:01

Page 6: Pensar 070511

ANOS 60.Milson Henriques revela como artistas capixabas usaram a coragem e a criatividade para fazer teatro e cinema em meio à repressão----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Meninos,eu estava lá

Você me corta um verso, eu escrevooutro, você me prende vivo, euescapo morto”Trecho da música “Pesadelo”, de Paulo CésarPinheiro e Maurício Tapajós, uma das maiscontundentes canções de oposição à ditaduramilitar

FILMAGENS. Acima, MilsonHenriques, Zélia Stein, MarleneSimonetti, Paulo Torre, o fotógrafoMoisés e Toninho Neves no set docurta “Boa sorte, palhaço”, emagosto de 1967; à esquerda,Toninho Neves dirige Milson eZélia no filme que foi impedidopela censura

MilsonHenriques écartunista,dramaturgo eator, não teme-mail e não usacelular.

ou um daqueles tiposquenasceramde“costas”

para a lua, isto é, sempre tive sorte.InclusiveasortedechegaraVitóriano ano de 1964.Uma ilha – a únicailha habitada do mundo onde nãoexistiapraia–queera(obviamenteaindaé) a terceiraCapitalmais an-tigadoBrasil.Ebota“antiga”nisso,no bom e nomau sentido. Artisti-camente, então,Vitória aindaesta-vaem1920,poraí.FoiquandoCariêLindenberg, juntocomsócios, fun-dou a primeira agência de publici-dade de Vitória, a Eldorado, ondefuitrabalharcomodesenhistaeon-de conheci Oswaldo Oleari, Janc,Carmélia, Toninho Neves, MarienCalixte, Xerxes Gusmão... tudogenteinteligenteeobviamente–naépoca – da esquerda, que militavadeváriasmaneirascontraaditadu-ramilitar.

Antonio Carlos Neves, o Toni-nho, injustamente esquecido pelanossa mídia, tinha vindo recente-mentedeBrasília,ondeestudouci-nema e, juntamente com PauloEduardoTorre,vindodoRiode Ja-neiro, tentava começar um movi-mentoemteatroecinema–quenaépoca eramuito caro – com os es-tudantes. ComToninho comecei aensaiarumapeça,comeceiaescre-ver em jornal através do Janc e daCarmélia, aapreciar–mais–amú-sicacomomestreMarieneatomarporres homéricos comXerxes.

Avidanoturna e intelectual daIlha ia do Britz Bar, nas imedia-çõesdaRuaSetedeSetembro,até

oParqueMoscoso,passandopelaboêmiaRuaDuquedeCaxias,on-de, logicamente, fui morar, numapensão atrás da Praça Oito. A ci-dade, que à primeira vistame de-cepcionou, seis meses depois jáhaviameconquistadodemaneiraavassaladora.Claroquenaépoca,aterrívelditaduraparadoxalmen-te “ajudava”muito.

Quanto mais tentavam proi-bir, prender, dispersar, quantomais cerceavam, ameaçavam,mais a gente tentava, produzia,inventava, bagunçava e se uniaformandoumabarreiracontraamesmice, a burrice, a TFP (Tra-dição, Família ePropriedade), omoralismo hipócrita.

Foi uma época de luta, masuma época linda, em que se pro-duziu muito. Como dizia a músi-ca de Paulo César Pinheiro, quecanteinumshowcomuniversitá-riosnaantigaEscolaTécnica, emJucutuquara (o único lugar ondehavia um pequeno palco para seapresentar, já que o Carlos Go-mes estava fechado): “Você mecortaumverso, eu escrevooutro,você me prende vivo, eu escapomorto, de repente, olha eu de no-vo,perturbandoapaz, exigindootroco!... Que medo você tem denós!”. Logicamente saí do palcodireto para a sede da Polícia Fe-deral, queeraali perto,parapres-tar declarações sobre “o que euqueria dizer com aquilo, cantadosob uma luz vermelha”. A gentegostava de provocar...

Havia a censura nomeio do caminho...

6 7Pensar A GAZETA Vitória (ES), sábado, 07 de maio de 2011 Fale com o editor:José Roberto Santos Neves - [email protected] PensarFale com o editor:

José Roberto Santos Neves - [email protected] A GAZETA Vitória (ES), sábado, 07 de maio de 2011

ob a direção de Toni-nho Neves comecei a

filmarocurta, comroteirodele,“Boasorte,palhaço”,quefoilogoimpedido. Começamos então,ainda dele, “No meio do cami-nho”, tambémproibido e outro,que esqueci o nome. Até queconseguimos emplacar o curta“Altoa la agression!”, emqueeufazia o papel de um estudanteque era torturado (por PauloTorre, no papel do torturador)no temível “paude arara”.O fil-me, para nosso orgulho, foi“Menção Honrosa” no FestivaldeCurtas queo Jornal doBrasilpatrocinava.

No meio de tudo isso, entrepasseataseshowsmusicaiscomuniversitários, começamos aensaiar a peça, também de To-ninho, “Acorda, meu Gigante,estão levando seu ouro embo-ra”, que foi proibida. Em parce-ria com Toninho, tentei minhaprimeira peça “Zé da Silva emconfidência agora”, em que agente falava sobre Tiradentes eaInconfidênciaMineira,logica-mente comparando com a si-tuação da época, e logicamenteproibida...

Tentamosentão “Arenacon-ta Zumbi”, uma peça de Gian-francescoGuarnieri que estavasendo apresentada com enor-me sucesso no Rio e em SãoPaulo comelenco de jovens ta-lentosos, no começo da carrei-ra, entre eles, Armando Bógus,Lima Duarte, Paulo José, DinaSfaheMiltonGonçalves,algunsaindahoje emnovelas globais.

Era uma peça musical deprotesto, que falava muito emliberdade, mas “liberdade dosescravos”, por isso não podiaser proibida. Estreamos em1966, improvisando um palcode arena na antiga cozinha doColégioBrasileiro,ondehojeéo Espaço de ArteMajestic, nocentro da cidade. Foi o maiorsucesso aqui em Vitória tam-bémetiveoorgulhode fazero

papel de um comandante ho-landês gay que “adorava” suaprofissão de “caçar” escravosfugidos, e de ter falado o pri-meiropalavrãonospalcos,uminocente “filho da puta”, quena época abalou estruturas.

CINE JANDAIANoanoseguinte, aindaToninhoNeves reuniu trechos de peçasclássicas que falavamdos temase fez uma verdadeira colcha deretalhos com o espetáculo “Ju-ventudede raivaemuitoamor”,com o mesmo elenco anterior.Outro sucesso.MasToninho foipara a Rússia, estudar cinema.Eu, que jámantinhaumapáginadominicalemumjornal,naqualmisturavaculturaehumor, con-segui reunir nove curtas-metra-gens de cineastas capixabas(dentreelesafilmagemcoloridadaprimeiraoperaçãodecoraçãorealizadanoEspíritoSantoeumdocumentáriosobreacidadedeVitória, feitoem1938)e, compe-tindocomumsoldeverãonumdomingo, 3 de dezembro, 10 damanhã, foi apresentado o Pri-meiroFestival deCinemaAma-dor de Vitória, no antigo CineJandaia,commaisde300espec-tadores.Eraaforçadajuventudedandoseuapoio à cultura.

Animado com isso, come-

cei a escrever e dirigir showsmusicais com estudantes, lo-gicamente repletos de músi-cas de protesto. Até que em1969, a pedido dos estudantesde Engenharia, escrevi minhaprimeira peça, “Vitória de Se-tembroaSetembrino”,que,lo-gicamente, foi proibida pelacensuramilitar,apósserassis-tidacomcasalotada–aindanaantiga Escola Técnica – du-rante sete apresentações. AproibiçãoveiodiretodeBrasí-lia, sinal que a gente estava in-comodando “os hôme”...

MÚSICAAnimado com o sucesso do

Festival de Cinema, em 1968realizei oPrimeiro FestivalCa-pixaba deMúsica Popular Bra-sileira, aí com todo apoio doServiço de Turismo da Prefei-tura de Vitória, comandado naépoca pelo grandeMarien Ca-lixte. Um sucesso que mexeucomtodacidade,movimentan-do torcidasentreasmúsicas fi-nalistas e misturando juradosdaqui comoutros doRio de Ja-neiro, lotando oGinásio de Es-portes do Clube Saldanha daGama. Mas a história dos Fes-tivais deMúsica já é umaoutrahistória, mais longa, que ficapara outra oportunidade...

PAULO BONINO/ REVISTA CAPIXABA

“Tive o orgulho de fazer opapel de um comandanteholandês gay que‘adorava’ sua profissão de‘caçar’ escravos fugidos”Milson Henriques falando sobre seupapel na peça “Arena conta Zumbi”,de Gianfrancesco Guarnieri

INEDITISMO. Cartaz do I Festival de Cinema Amador de Vitória,em 1967, que reuniu nove curtas de cineastas capixabas

SS

Documento:AGazeta_07_05_2011 1a. PENSAR_ET_Especial Tabloide_6.PS;Página:1;Formato:(554.92 x 315.74 mm);Chapa:Composto;Data:05 de May de 2011 18:53:45

Page 7: Pensar 070511

Frida Kahlo à luzda psicanálise

VISUAIS.Livro de psicanalista mostra como a pintora mexicana----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

transformou a dor provocada pelas tragédias pessoais em arte----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

REPRODUÇÃO

PINTURAS. “A Coluna Partida” (àesq.), de 1944, e “Autorretratocom macaco e gato”, de1938: beleza e superação

Marli Bastosé carioca,psicanalista,mestre emPsicanálise,Saúde eSociedade (UVA-RJ). Membro doFórum doCampoLacaniano doRio de Janeiro edo ComitêCientífico daRevista ClínicaContemporanéado ColégioOficial dePsicólogo deMadri. [email protected]

FRIDA KAHLO:PARA-ALÉM DA PINTORAEDITORA MAUAD. 116 PÁGINASQUANTO: R$ 28, EM MÉDIA

rida Kahlo: Para-além dapintora”, lançado pela

editoraMauaddoRiode Janeiro, éum livro quenasceudeumestudoao qual tenho me dedicado há al-guns anos e se tornou temademi-nha dissertação de mestrado, em2006,naqualarticuleiessahistóriade vida a um conceito psicanalíti-co chamado sublimação. É umaleitura leve, embora tenhaumviésacadêmico, bastante biográfico,levando o leitor a percorrer umpouco do que eu pude absorverdessa vida tão intensa da artistaFridaKahlo.

Frida Kahlo, pintora mexicanadoiníciodoséculoXX(1907-1954),épersonagemdeextremarelevân-cia para seu país. Com grandeamor peloMéxico, teve participa-ção importante na política de seu

tempo. Após se recuperar de umapoliomielite infantil, quando ado-lescente, sofreu um acidente detrânsito no ônibus, cujas sequelascausaram amudança mais radicalde sua vida. Cirurgias diversasprenderam Frida a hospitais e aumacamaespecialemcasaduran-te grandes períodos. No entanto,essa condição não a impediu deproduzir uma belíssima obra pic-tórica, escrever poesias, dar aulas,exporemváriospaíses,enfim,avi-ver uma história plena de amor eemoções fortes.

NOVA ESTÉTICAFrida Kahlo após o acidente pas-

sou a ter outro tipo de relação comseu corpo, revestindo-o com lindasroupas, xales e adornosqueaajuda-ramadarcontadesuanovaestética,

do corpo pulsional. Para a psicaná-lise, o corpo é habitado por pulsões,encontrando-se, assim, imerso nouniverso das representações, cha-mado corpo-linguagem, regido pelalibido. A artista reage à incompletu-de do corpo acidentado com a pro-dução criativa de uma cadeia signi-ficante exposta na obra e explica:“Comoeuera jovem,adesgraçanãoadquiriu um caráter trágico e desdeentãocrieienergiasuficienteparafa-zerqualquercoisaemlugardeestu-dar para doutora, semprestarmuitaatenção, comecei apintar”.

OcorpodeFridaKahlofoicausa-dordeumadorfísicaedesofrimenton’alma ao longo de sua vida. No en-tanto, desafiou-se a promover umaviradarevolucionáriadevidaecons-truiu uma carreira brilhante, apos-tandonoseupodercriativo.Ovaziocausadopeloacidenteéporelapre-enchidocomarte.Ovazio inominá-vel de seu desamparo consolidou abasedelançamentodosujeitoàcria-ção. Freud argumenta queodestinomuitasvezescuraasdoençasatravésdas grandes emoções de alegria, dasatisfaçãodasnecessidadesedarea-lização dos desejos, com os quais,

nóspsicanalistasnãopodemosriva-lizar (“Tratamento psíquico ou aní-mico” [1905]).

Foi nesse sentido que a obra deFrida Kahlo causou impacto emmim, transformando-a em umdostemas de minhas pesquisas. Naobra “Frida Kahlo: Para-além dapintora”, busquei pinçar os mo-mentosdesuahistóriaquemaismechamaramaatenção,inclusiveofa-to de Frida inusitadamente transi-tarnapoesia.Seusescritosamadu-recem progressivamente além dascartasdeadolescenteparaatingiràmulherapaixonada, sedutoraedo-na de umapujança ímpar.

Para Freud, em “Mal estar na ci-vilização”, o domde sublimar “nãocria uma armadura impenetrávelcontra as investidas do destino ehabitualmentefalhaquandoafontedosofrimentoéoprópriocorpodapessoa”. Portanto, à luzdapsicaná-lise, tudo leva a crer que foi o domque fezcomqueestaartistapudes-seultrapassartodasasbarreirasim-postas pelo acidente.

Pode-se concluir que FridaKahlo ofereceu à culturamundialuma obra extensa e valorosa, querepresentaumaliçãosobreaforçadeviver.Esse legadoficouconsig-nadoemumdosseusúltimosqua-dros, ondeela assinala aderradei-ra mensagem – “Viva La Vida!” –nomeando-o apenas oito dias an-tes de suamorte.

8 Pensar A GAZETA Vitória (ES), sábado, 07 de maio de 2011 Fale com o editor:José Roberto Santos Neves - [email protected]

MARLI BASTOS“F

Documento:AGazeta_07_05_2011 1a. PENSAR_ET_Especial Tabloide_8.PS;Página:1;Formato:(277.64 x 315.74 mm);Chapa:Composto;Data:05 de May de 2011 19:01:24

Page 8: Pensar 070511

CINEMA. Pesquisadora analisa as inovações estéticas trazidas pelo----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

cineasta que rompeu a forma engessada da tradição documental----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Eduardo Coutinho,o documentário sobo risco da ficção

As filmagens foram brusca-mente interrompidas pelo gol-pemilitarde31demarço.Fugas,prisõeseaapreensãodopoucomaterial filmadoanunciavamoque, 17 anos depois, resultariana obra que consagrou onomede Eduardo Coutinho no pan-teão do cinemadocumental.

Curiosamente, parte do ma-terial foi salva.Cercade40%doroteirohavia sidoenviadoaumlaboratórionoRiodeJaneiroal-guns dias antes do golpe. Emmeadosde1979,Coutinhodeci-diu retomaroprojeto,mascomuma roupagem diferente da-quela proposta em 1964: ao in-vésderodarumaficção,ele ini-cia um documentário sobre oreencontro com os entrevista-dos naquela época, explorandoamemória e o resgate da histó-riacomoelementosprotagonis-tas deum filmedenão-ficção.

A retomada de “Cabra mar-cado para morrer”, lançado em1984emnovosmoldes,podeser

considerada um reflexo dastransformações das cinemato-grafiasquereinventaramocine-ma nos anos 50/60, época emqueosnovosteóricosproclama-vam a recusa à linearidade nar-rativa, àmontagem invisível, aoclassicismoestéticoeà“impres-são de realidade” que os filmesaté entãobuscavamatingir.

Ofilmede1964seguiaalinhatradicional: quasenenhuma in-teração visível entre odiretor eos personagens, enquanto no“Cabra” de 1984odiálogo claroentre os dois lados da câmeratornava-se essencial. No filmede84,osprocessosdefilmagemficam explícitos; a metalingua-gem, assim, começa a ser utili-zadapelo cineasta comorecur-soparaalertaroespectadorqueo seudocumentário éumfilmepensadoeconstruídoapartirdarealidade e não um retrato fieldela.AobradáinícioàinovaçãodocumentaldeCoutinho:aartedefazerfilmesquesãocrônicas

MÔNICA ZARATTINI/AE

Regina Trindade éjornalista, membro doGrav (Grupo deEstudos Audiovisuais),crítica e pesquisadorade [email protected]

9PensarFale com o editor:José Roberto Santos Neves - [email protected] A GAZETA Vitória (ES), sábado, 07 de maio de 2011

Santa Marta, duas semanasno morro (1987)O cotidiano de uma favela do Riode Janeiro, onde mais de dez milpessoas convivem entre pobreza,violência e sonhos.

Santo Forte (1999)A diversidade religiosa brasileiramostrada pela experiência eintimidade de moradores de umafavela carioca, onde preparam,cada um a seu modo, a celebraçãodo Natal.

COUTINHO EM CINCOMOMENTOS

Edifício Master (2002)Um prédio, 12 andares, 276apartamentos por andar. A equipede Eduardo Coutinho filma, durantesete dias, a vida de parte dos 500moradores, revelando históriaspessoais e inusitadas de umaclasse média silenciosa.

Peões (2004)As greves da indústria metalúrgica doABC Paulista de 1979 e 1980 sãolevadas às telas, relembradas erecontadas de forma pessoal pelospersonagens anônimos que delasparticiparam (foto acima).

O fim e o princípio (2005)Sem pesquisa prévia, personagens oulocações, a equipe de filmagemaventura-se pelo sertão da Paraíba.Encontram uma pequena comunidadecheia de histórias para contar,narradas por moradores idosos,nostálgicos de um mundo naiminência do esquecimento.

PRESTÍGIO. Diretortem 11 longas denão ficção nocurrículo einúmeraspremiações

A palavra filmadasem textosprévios permiteque Coutinhoregistre aexistênciadaqueles quesempre sãoesquecidos pelahistória: ocamponês, osolitário, o idoso, amãe de santo, osindicalista

de suaprópria filmagem.Depois de “Cabra marcado

paramorrer”,Coutinhofilmou,entre outros, “Santa Marta:Duas semanas no morro”(1987), “Santo Forte” (1999),“Edifício Master” (2002),“Peões” (2004) e “O fim e oprincípio” (2005).Característi-ca comum a todos eles é a re-cusaàutilizaçãoderoteirosela-borados, um obstáculo para acriação de algo único que sóexiste no momento da filma-gem:odevir, o presentedame-

mória, o mundo modifican-do-se diante das lentes.

O cinema de Coutinho nãopretendeseroespelhodoreal,masmostraraverdadedomo-mentodafilmagem.Nadaestáprontoparaser filmado;aver-dade se revela e sofre muta-çõesnamedidaemqueofilmese desenrola. Tal situação co-loca o mundo que filma sem-pre sob a iminência da ficção.

Duasobras lançadasnosúlti-mosanos,“Jogodecena”(2007)e “Moscou” (2009), ilustrames-sa afirmação.Ambos são filmesquediscutemapróprianaturezadocumentalelançamumaques-tão:énecessáriaaseparaçãoen-treo real e a representaçãoparaqueodocumentário exista?

De certa forma, os dois fil-mes funcionam como uma es-péciede“novo”“Cabramarca-doparamorrer”, reestruturan-doo fazer fílmicodeCoutinhoerompendoaformaengessadada tradição documentária.

Aousadiadesuaobra inspiranovos cineastas como João Jar-dim, que lançou o curioso“Amor?”(2011),filmeconstruídopor depoimentos reais de pes-soas anônimas interpretadasporatoresconsagrados.“Amor?”é documentário ou ficção? Ain-da não se encontrou a resposta.Mas é possível sentir as lufadasde ar fresco do cinema deCou-tinho influenciando, direta ouindiretamente, a nova filmogra-fia brasileiraquevempor aí.

ano era 1964 e a in-tenção era produ-

zircinemaengajadocomaartede compromisso social.Eduardo Coutinho, na épocacom30anos,engrossavaogru-po do Centro Popular de Cul-tura (CPC)daUniãoNacionalde Estudantes (UNE). Comum projeto de um filme nasmãos,aequipedoCPCrumavaàsgravaçõesde“Cabramarca-do paramorrer”, ficção basea-daemfatosreais:oassassinatodeumlídercamponêsnordes-tinoamandodeumlatifundiá-rio da região.

O

Documento:AGazeta_07_05_2011 1a. PENSAR_ET_Especial Tabloide_9.PS;Página:1;Formato:(277.64 x 315.74 mm);Chapa:Composto;Data:05 de May de 2011 19:03:06

Page 9: Pensar 070511

10 Pensar A GAZETA Vitória (ES), sábado, 07 de maio de 2011 Fale com o editor:José Roberto Santos Neves - [email protected]

LETRAS. Jô Drumond resgata a ousadia de Guilly Furtado, escritora----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

que rompeu tabus e foi a primeira capixaba a ter um livro publicado----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Um olhar femininona vanguarda literária

o início do séculoXX, época em que

aindasecultuavaamulhercomo epíteto de “rainha do lar”, elaera, na realidade, uma rai-nha-escrava, prisioneira deuma fortaleza calcada no con-creto da moralidade e erguidacom pilares de preconceitos.Aquelas que não se aclimata-vamemseusdomínios, fossemelas, mães, esposas ou filhas, eque ousavam se evadir, fa-ziam-no qual borboleta tristeabatida à saída do casulo, mes-mo antes de criar asas. Prepa-radas desde tenra idade paraatuarapenasdentrodeseusdo-mínios,mesmoque fossemde-tentoras de grandes pendoresartísticos,franziam-seàsminu-dências do cotidiano.

Quandoumadelasserevol-tava ou caía em tentaçõesamorosas,eranormalmen-te expulsa de casa, paranão desonrar a família.Tais rainhas ou futurasrainhas tão logo abando-navam seus reinos, vis-lumbravam diante de siapenas duas vias: a da vir-tude, nos escuros claustrosdeumconvento, ouadope-cado, nas brilhantes alcovasde um prostíbulo. Outroseventuais caminhos eram pordemaistemerosos,comoosdapersonagemDolores, do livro“Esmaltes e camafeus”, deGuilly Furtado. Ao perambu-lar pelas invernosas ruas de

DIVULGAÇÃO

Além, como amiragem, ennevoada napenumbra do sonho,destacava-se ridenteentre folhagens e flôresa casinha muito branca,alvejando ao luar...Côava-se a luz pelasjanellas abertas, onde seapegavam as folhasverde-escuras,esmaltadas demadresilvas olentes,espargindo odores.

TRECHO DO LIVRO

Jô Drumond édoutora e mestre emEstudos Literários emembro da AcademiaES de [email protected]

Ma-dri com um

bebê pendurado no seiomurcho,morreude inaniçãoede frio, à porta de uma cate-dral, sem que nenhuma almacaridosa dela se apiedasse.

Nesse contexto mundial,as filhas da burguesia brasi-leira, que ousavamromper a

viseiradoméstica eos dogmas reli-giosos, como fez Guilher-mina Tesch Furtado, deve-riam ser combatidas ou, pe-lo menos, contidas. Foi oque ocorreu com a li-vre-pensadora capixaba,que conseguiu se destacarno meio intelectual e jorna-

lístico pa-raense e entrar,

em 1913, como mem-bro fundador, para a Acade-mia de Letras do Pará, redu-to intelectual estritamentemasculino.

No ano seguinte, publicou oprimeiro livro capixaba de au-toria feminina, no qual deixouregistradas, em prosa-poética,

ideiasrevolucionáriasarespei-todacondiçãodamulher,dain-fidelidade conjugal, dos an-seios sexuais femininos, dosproblemas das classes menosprivilegiadas, das incongruên-ciasreligiosasedosdesmandospolíticos.Nomesmoanodapu-blicação dessa obra casou-secom ummilitar e teve sua car-reira de escritora encerrada,certamente devido a pressõesfamiliares.

Os30contosprimorosamen-te elaborados que compõem“Esmaltes e camafeus” interca-lam-se no que se refere à ten-dência literária, numa mesclade realismo-naturalismo/sim-bolismo-impressionismo.

Umaediçãofac-símiledoli-vro será lançada, sob os auspí-cios da Prefeitura deVitória, edistribuída gratuitamente naBibliotecaEstadualdoEspíritoSanto (Praia do Suá), no dia 12demaio,às18h,duranteoIIEn-contro de Escritoras Capixa-bas, organizado pela Acade-mia Feminina de Letras do ES.

N

RELÍQUIA. Guilly Furtado entre osfundadores da Academia de Letras doPará, em 1913; “Esmaltes e camafeus”,obra pioneira publicada pela autora noano seguinte (foto abaixo), ganharáedição fac-símile no dia 12 de maio

Documento:AGazeta_07_05_2011 1a. PENSAR_ET_Especial Tabloide_10.PS;Página:1;Formato:(277.64 x 315.74 mm);Chapa:Composto;Data:05 de May de 2011 17:54:26

Page 10: Pensar 070511

11PensarFale com o editor:José Roberto Santos Neves - [email protected] A GAZETA Vitória (ES), sábado, 07 de maio de 2011

o último dia 6 de abril,completaram-se os 40

anos da morte de uma das princi-pais figuras da música clássica doséculoXX:IgorStravinsky.Ocom-positoréconhecidoprincipalmen-te por três obras, “Opássarode fo-go”, “Petrushka” e “A sagração daprimavera”, apresentadas em Pa-ris,respectivamente,em1910, 1911e1913, causandograndesescândalosechocandoparteda sociedadepa-risiense. Entretanto, hoje em diaessas obras são consideradas refe-rências e já não chocam como an-tes, muito pelo contrário, encan-tam os ouvintes por sua força rít-mica, por sua orquestração bri-lhanteepelasuaoriginalidade.Re-

centemente, a Orquestra Filarmô-nicadoEspíritoSanto(Ofes)apre-sentou uma das suítes de “O pás-saro de fogo”, com grande aceita-ção por parte donosso público.

Agora surgem, como um te-souro, registros inéditos degravações de obras do mestrerusso feitaspor intérpretes re-nomados, como Rostropovi-ch, Kissin e Rozhdestvensky,dentre outros. Esses registros,conhecidos como “ArquivosHistóricos Russos”, foramrealizados entre 1930 e 1990 einicialmente gravados em dis-cosde acetato e fitas depoliés-ter. São mais de 400 mil horasde gravação que, aos poucos,

começam a ser restauradas erecuperadas.

A Dell’Arte lança no Brasil oprimeiro volume, com quatroCDs, que apresenta uma amos-tradiversificadadaproduçãodeStravinsky, compilando obrasde seus três períodos composi-cionais: período russo, neoclás-sico e serialista. No que concer-ne aos intérpretes, sobressaemnomes consagrados, como ospianistas Lazar Berman e Nico-lay Petrov (artistas que tive ahonra de conhecer), com desta-queparaocélebreSviatoslavRi-chter, verdadeira lenda do pia-no, além de regentes comoMra-vinsky e Tretyakov.

O repertório é outra atração einclui desde as conhecidas obrasdoperíodorusso,“Petrushka”(naversão orquestral e três movi-mentosnaversãopianística)e “OpássarodeFogo”,atéoutrasobrasmenos conhecidas, dessemesmoperíodo, como “Quatro estudosparapiano”eumtrechode“Ahis-tória do soldado”.

NEOCLÁSSICODoperíodoneoclássicodocompo-sitor,caracterizadopelasimplifica-ção da linguagem, a economia derecursos, a utilização de grupos eorquestras reduzidos e o empregode temas da mitologia grega, osCDs apresentam preciosidades,comoodelicioso “Tango”, o curio-so “Prelúdio para jazz band”, seuconcertoparaclarinetee jazzband,o“EbonyConcerto”,alémdeoutrasobras, como “Apollo”, “Orpheus”,“Obeijodafada”etc.Porfim,dope-ríodo serialista,marcado pela ado-ção de técnicas de composição dododecafonismoserial,osCDsapre-sentamos“Movimentosparapianoe orquestra”, o “Introitus: T.S. Eliotin memoriam” e as “Quatro can-ções camponesas russas”, estas úl-timas escritas para a incomumfor-maçãodequatrotrompasecorofe-mininooumasculino.

Semdúvida,aaudiçãodessasúl-timasobraspodenãoser,paraalgu-maspessoas, tão fácil,masnãodei-xade ser pelomenos instigante.

Trata-se de um excelente lan-çamento. Vale a pena conferir.

ACERVO RUSSO. VÁRIOSINTÉRPRETESCaixa com 4 CDs

GRAVADORA: DELL’ARTE/BISCOITO FINOQUANTO: R$ 79, EM MÉDIA

Acervo russo revelatesouros de Stravinsky

N

DON HUNSTEIN/SONY MUSIC

ESTÚDIO. IgorStravinsky emNova York, em1959:originalidadee ousadia

CLÁSSICO. Maestro da Ofes descreve caixa de 4 CDs com registros----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

inéditos da obra de um dos maiores compositores do século XX----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

HelderTrefzger é omaestro titular daOrquestraFilarmônica doEspírito Santo emembro daAcademia deLetras e Músicado [email protected]

IGOR STRAVINSKY

Documento:AGazeta_07_05_2011 1a. PENSAR_ET_Especial Tabloide_11.PS;Página:1;Formato:(277.64 x 315.74 mm);Chapa:Composto;Data:05 de May de 2011 17:49:20

Page 11: Pensar 070511

12 Pensar A GAZETA Vitória (ES), sábado, 07 de maio de 2011 Fale com o editor:José Roberto Santos Neves - [email protected]

No nossoMercado, a boamúsica temmais espaço

Sempre a partir das 19h30Avenida Paulino Muller, s/n, Jucutuquara

ProgramaçãoMaio

A Prefeitura de Vitória abre as portas doMercado São Sebastião para o ritmo, a melodiae a harmonia. Todas as quintas e sextas oimportante espaço histórico da cidade, que reúnegastronomia e artesanato, se transforma noMercado da Música e promove o encontro dopúblico com a qualidade e a diversidadedos nossos artistas.

12/05 . Sonoris Causa13/05 . Sociedade Livre do Samba

19/05 . Maurício Fazz e Mercado Literário

20/05 . Ferra Brás26/05 . Turi Collura27/05 . Choro Novo

Em junho, novas atrações

www.vitoria.es.gov.br/semcTwitter: @culturavitoriaFacebook: Cultura Vitória

Documento:AGazeta_07_05_2011 1a. PENSAR_ET_Especial Tabloide_12.PS;Página:1;Formato:(277.64 x 315.74 mm);Chapa:Composto;Data:07 de May de 2011 17:56:58