Pensamento Linear

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O conceito de criatividade é discutido por milhares de psicólogos e profissionais, e, sinceramente, acredito que pouco ainda se sabe. Eu poderia escrever milhões de páginas sobre o assunto e não chegar a nem 1% de tudo que seria necessário para definir o que é criatividade. Mas se você quer ser um acadêmico e pesquisar sobre isso profundamente, vá em frente. Aproveite e pesquise sobre o sentido da vida também, estão bem próximos... Mas para começar, a criatividade é inata. Qualquer ser inteligente tem criatividade. Ninguém nasce criativo, e criatividade não é um dom divino onde poucos são acariciados pelas bençãos da arte e possuem capacidade mental e física de criar algo belo. Pelo contrário. A criatividade não surge de lugar nenhum, ela deve ser exercitada, o indivíduo deve se acostumar a criatividade, assim como ele respira ou pisca inconscientemente. Mas a questão aqui começa com uma seguinte pergunta: Você é criativo? Acredito que muitos irão dizer "Claro que sou!" ou "É óbvio! Eu desenho, escrevo, programo, recorto e colo, toco dezoito instrumentos diferentes, escrevo poesia, cozinho..." Então, aqui estou eu para lhes trocar essa resposta para um "Será que eu sou?". Pois bem, como chegar a esse ponto, caro leitor? Simples, apresento-lhes o pior dos inimigos a criatividade: O tal "Pensamento Linear" O que é esse tal de Pensamento Linear? Se é um pensamento organizado por etapas, como isso pode ser um inimigo a criatividade?Simples: Mal costume. Geralmente o cérebro humano trabalha por etapas, de uma forma linear. Casos como o clássico "Nascer, Crescer, Reproduzir, Morrer", "A, B, C, D, E", "Começo, Meio, Fim", "1, 2, 3, 4, 5, 6", "Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si", entre tantos outros só reforçam essa ideia, e a organização é característica da natureza. Somos alfabetizados por etapas, aprendemos a trabalhar por etapas, um bolo é feito por etapas. A repetição gera a prática, aprendemos por repetição, e isso acaba por nos "travar" mentalmente. Por repetição, acaba-se decorando, e isso gera costumes.

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Artigo sobre Pensamento Linear

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O conceito de criatividade é discutido por milhares de psicólogos e profissionais, e, sinceramente, acredito que pouco ainda se sabe. Eu poderia escrever milhões de páginas sobre o assunto e não chegar a nem 1% de tudoque seria necessário para definir o que é criatividade. Mas se você quer ser um acadêmico e pesquisar sobre isso profundamente, vá em frente. Aproveite e pesquise sobre o sentido da vida também, estão bem próximos...

Mas para começar, a criatividade é inata. Qualquer ser inteligente tem criatividade. Ninguém nasce criativo, e criatividade não é um dom divino onde poucos são acariciados pelas bençãos da arte e possuem capacidade mental e física de criar algo belo. Pelo contrário. A criatividade não surge de lugar nenhum, ela deve ser exercitada, o indivíduo deve se acostumar a criatividade, assim como ele respira ou pisca inconscientemente.

Mas a questão aqui começa com uma seguinte pergunta: Você é criativo?

Acredito que muitos irão dizer "Claro que sou!" ou "É óbvio! Eu desenho, escrevo, programo, recorto e colo, toco dezoito instrumentos diferentes, escrevo poesia, cozinho..."

Então, aqui estou eu para lhes trocar essa resposta para um "Será que eu sou?".

Pois bem, como chegar a esse ponto, caro leitor?

Simples, apresento-lhes o pior dos inimigos a criatividade: O tal "Pensamento Linear"

O que é esse tal de Pensamento Linear?

Se é um pensamento organizado por etapas, como isso pode ser um inimigo a criatividade?Simples: Mal costume. Geralmente o cérebro humano trabalha por etapas, de uma forma linear. Casos como o clássico "Nascer, Crescer, Reproduzir, Morrer", "A, B, C, D, E", "Começo, Meio, Fim", "1, 2, 3, 4, 5, 6", "Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si", entre tantos outros só reforçam essa ideia, e a organização é característica da natureza. Somos alfabetizados por etapas, aprendemos a trabalhar por etapas, um bolo é feito por etapas. A repetição gera a prática, aprendemos por repetição, e isso acaba por nos "travar" mentalmente. Por repetição, acaba-se decorando, e isso gera costumes.

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Acabamos por se acostumar a trabalhar de forma quase automatizada em diversas situações.

Como assim?

Simples, se alguém nos diz "1, 2, 3", quase de automático pensamos em "4, 5, 6". Isso é normal, afinal, foi assim que aprendemos, assim que nós vemos, e assim nosso cérebro assimilou.

Agora, depois dessa explicação, como isso pode atrapalhar nossa criatividade?

Para isso, utilizarei um exercício simples como exemplo:

O Dragão, a Princesa e o Cavaleiro

Este exercício é bem simples. Pense em um enredo simples, utilizando estes três elementos como destaque: Dragão / Cavaleiro / Princesa. Pense por alguns minutos, e elabore uma descrição básica deste enredo em uma frase. Após isso, abra o spoiler abaixo e confira seu resultado.

"O Dragão rapta a princesa e será dever do herói salvar-la."

Este é o mais clássico de todos. Simplesmente porque desde pequenos ouvimos histórias de vilões capturando donzelas e heróis desbravando os perigos para salvar-las, para enfim, derrotar o vilão e ter sua amada em seus braços.

E é isso que eu chamo de pensamento linear. É quase como se você enumerasse cada um dos elemento como 1, 2, 3 e isso gerasse uma sequência automática de fatores. Cavaleiro salva Princesa do Dragão

"O Dragão captura o maior Cavaleiro do Reino, então cabe a Princesasalvar seu reino."

Um pouco menos linear, mas ainda segue o mesmo conceito que o anterior, nesse caso, você apenas substituiu um elemento por outro na ordem. Mesmonão sendo algo comum de se ver, ainda é o que estamos acostumados.

"A Princesa é uma tirana e planeja dominar o reino utilizando deforça bruta e o Cavaleiro montado em seu Dragão deve derrotar-la."

Se você pensou em algo nesse aspecto, está saindo um pouco da lógica linear, e partindo para algo essencial para o desenvolvimento criativo: A união de elementos. Você não se apegou a uma sequência, colocando dois elementos como apenas um. No entanto, ainda é algo linear se for parado

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para pensar.

"A Princesa planeja dominar o reino, a mesma possui um Cavaleiroao seu dispor, um campeão que a protege e evita que qualquer um a

evite de concluir seus planos e apenas o Dragão tem poder paraderrotar-lo."

...ou qualquer algo nesse gênero, por mais original que pareça, não foge do exemplo anterior, você apenas reagrupou elementos em uma outra ordem doexemplo anterior.

"Princesas de reinos rivais geram uma guerra pelo domínio de umpoderoso artefato, capaz de acordar um poderoso Dragão

adormecido com o qual usaria para destruir todos os cavaleiros doexército da outra, assim ocasionalmente ganhando a guerra ."

"Mas como assim? Não era um Dragão, um Cavaleiro e uma Princesa?"

É aí que começamos meus caros a fugir do linear. Eu não estipulei quantidade, mas como você está acostumado a trabalhar por etapas, seguir por sequência nas instruções, assimilando que os elementos eram uma unidade, o que eu não disse. Trabalhar por instruções também incentiva esse tipo de pensamento, e acaba firmando cada vez mais esse costume.

O exemplo que eu utilizei é clássico, e basicamente, o mesmo pode ser utilizado de diversas formas. Uma boa dica é fazer isso com frequência, e assim ir abandonando aos poucos o óbvio. Tente brincar com instruções, e fugir um pouco do sequencial, do lógico.

Parece difícil? É mas simples do que você imagina...