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patrimônio da vida pedroso

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  • patrimnio da vidapedroso

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    pedrosoparque natural do

    patrimnio da vida

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  • REALIZAOPrefeitura de Santo AndrPrefeito Joo AvamilenoVice-Prefeita Ivete Garcia

    SEMASA - Servio Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andr

    Diretor SuperintendenteSebastio Ney Vaz Jr.

    PRODUOINSTITUTO ECOAR PARA CIDADANIA - Miriam DuailibiSEMASA COORDENAO E ROTEIROMiriam DuailibiGabriela Priolli de Oliveira

    ELABORAO E EDIO DE TEXTOMargarida Maria Knobbe

    FOTOSAdriana CapotostoRicardo Jos MoscatelliABC ImagemEriane Justo Luiz SaviaLeonardo Krauskoph SampaioFabiana Pires da Silva

    PESQUISACludia Cruz SoaresGabriela Priolli de OliveiraMargarida Maria Knobbe

    ASSESSORIA TCNICACludia SoaresCristina de Marco SantiagoGabriela Priolli de Oliveira

    AGRADECIMENTOS

    Parque Escola - Departamento de reas Verdes da Prefeitura de Santo Andr

    Museu de Santo Andr

    Biblioteca Municipal de Santo Andr

    CONDEPHAAT

    Agentes Comunitrias de Sade do Ncleo Pintassilgo

    Moradores do Ncleo Pintassilgo

    DEHAB - Departamento de Habitao da Prefeitura de Santo Andr

    2007 Servio Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andr

    Proibida a reproduo total ou parcial desta obra

    sem autorizao do autor e do editor

    Santo Andr (SP). Servio Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andr;

    Prefeitura de Santo Andr; Instituto Ecoar para Cidadania

    Parque Natural do Pedroso: patrimnio da vida | Produo: Mirian Duailibi,

    Izabel Maura de Farias Lavendoswki ; coordenao e roteiro Mirian Duailibi,

    Gabriela Priolli. Santo Andr : Semasa, Via Impressa Edies de Arte, 2007.

    84 p. ; il.

    1. Unidade de conservao 2. Parque Natural do Pedroso Semasa Santo Andr

    3. Conservao ambiental 4. Mata Atlntica I. Duailibi, Mirian II. Lavendowski,

    Izabel Maura de Farias II. Priolli, Gabriela IV. Semasa V. Prefeitura de Santo Andr

    VI. Instituto Ecoar para Cidadania VII. Ttulo

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  • parque natural do

    patrimnio da vida

    e d i e s d e a r t e

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    O Parque Natural do Pedroso um dos maiores Parques do pas e poucos municpios tm o privilgio de atuar como gestores de uma rea to extensa e com um patrimnio natural to rico.

    Esta importncia assume uma dimenso ainda maior por se tratar da Regio Metropolitana de So Paulo, onde as presses de ocupao urbana sobre as reas verdes so intensas.

    Para ns, gestores desta Unidade de Conservao de Proteo Integral, o Parque, alm de ser um exuberante espao de lazer contemplativo, tambm um instrumento de proteo dos nossos mananciais e um contribuinte para o equilbrio do microclima da regio.

    Sua complexidade tamanha que ultrapassa os limites do territrio municipal: sua fauna e fl ora tm conexo com toda a diversidade de espcies de vegetais e animais do Parque Estadual da Serra do Mar e recebe usurios de toda a regio metropolitana. Contudo, a responsabilidade pela gesto est nas mos do poder municipal e com satisfao que apresentamos esta primeira publicao sobre uma rea to importante para todos ns.

    a p r e s e n t a o

    7

    pginas de aberturaVista area do Parque Natural do Pedroso estrada do Pedroso e entrada.Detalhe da trilha das Trs Divisas.

    Paisagem do Parque. Joo AvamilenoPrefeito de Santo Andr

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    O SEMASA hoje um dos poucos rgos ambientais no pas que trabalha com o conceito de saneamento ambiental integrado, em que as temticas do saneamento bsico (gua e esgoto) esto integradas drenagem, resduos slidos, defesa civil e em que a gesto ambiental reconhecida como componente presente em todos estes setores.

    Alm disso, temos buscado promover a participao popular, pois temos Conselho de Gesto em Saneamento Ambiental atuante e a populao participa com afi nco do Oramento Participativo.

    neste contexto que se insere a assuno do SEMASA como rgo gestor do Parque Natural Municipal do Pedroso.

    A histria do Parque Natural do Pedroso apresenta trs momentos. O momento da desapropriao das suas glebas na dcada de 40, o momento da abertura da rea visitao pblica na dcada de 70 e o momento atual em que a rea reconhecida como Unidade de Conservao.

    Na dcada de 40, a inteno do poder pblico era preservar o manancial para abastecimento. Na dcada de 70, alm de permanecer com esta preocupao, foram feitos investimentos para abrir o Parque como um novo espao de lazer. Por sua vez, a partir da dcada de 90, a preocu-pao com a preservao da rea assume outro carter, na medida em que se reconhece a necessidade de alterar a categoria da rea, pois as presses de expanso urbana so muito maiores do que no passado.

    Deve-se considerar ento a diferena sensvel entre o conceito de uso do Parque Natural do Pedroso das dcadas de 70 e 80 e incio da dcada de 90, poca de seu auge de visitao, e do que se busca hoje, diferente, com toda a certeza, uma vez que em seu passado ele era utilizado essencialmente como parque de lazer.

    Neste livro, desenvolvido em parceria com o Instituto Ecoar para a Cidadania, buscou-se mostrar desde aspectos ligados histria do Parque, cuja origem est na dcada de 40, at a poca atual, em que a rea reconhecida como Unidade de Conservao. Nos captulos iniciais rvores e fl orestas so beros e Mil e uma folhas, o leitor conduzido a um verdadeiro passeio pela Mata Atlntica. Chamamos sua ateno para o fato de que os 842 hectares do Pedroso tm um peso signifi cativo para os 5% que restam desta Mata.

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    Nos captulos Um Parque Curupira e Exploso atlntica realizada a caracterizao dos seus recursos naturais demonstrando que apesar dos ainda incompletos levantamentos de fauna e fl ora, j possvel perceber o valor deste patrimnio.

    Aspectos histricos esto em Bendita ausncia e no captulo Contingncias socioeconmicas so apresentados os confl itos de uso da rea. Estes confl itos no so exclusividade do Pedroso, acontecem em todo os territrios de mananciais metropolitanos e conseqncia de um processo de excluso social em que vivem as famlias que habitam estas regies do Brasil. Para fazer frente a estes usos incompatveis com uma Unidade de Conservao, o poder pblico tem atuado incessantemente e no Captulo Umas nova aliana so descritas estas aes do SEMASA, da Prefeitura de Santo Andr e do Ministrio Pblico.

    Cientes de que este trabalho no pode alcanar sucesso se no contar com a aliana com a comunidade, convidamos o leitor a partilhar da construo desta nova etapa na vida do Pedroso.

    O SEMASA busca a preservao do patrimnio natural da cidade, considerando sua contribuio para o equilbrio do clima da regio, a importncia dos seus recursos hdricos e tambm da sua beleza cnica. Percebe-se ento a necessidade de que os usurios estabeleam uma nova relao com o Parque, valorizando seu patrimnio natural e no apenas seus equipamentos de lazer.

    O instrumento que orienta a gesto das Unidades de Conservao o Plano de Manejo e este livro rene um conjunto de dados e de diretrizes que constituem o primeiro passo para a elaborao desse Plano.

    Sebastio Ney Vaz Jr.Diretor Superintendente do SEMASA

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  • sumrio

    prefcio 13

    rvores e fl orestas so beros 17

    mil e uma folhas 21

    atrao fatal 25

    um parque curupira 35

    exploso atlntica 43

    bendita ausncia 51

    contingncias socioeconmicas 57

    uma nova aliana 65

    glossrio 76

    referncias bibliogrfi cas 79

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    p r e f c i o

    Quando o Semasa convidou o Instituto Ecoar para Cidadania para juntos pensarmos uma publicao sobre o Parque Natural do Pedroso, vimo-nos com o desafi o de apresentar queles que vivem, estudam, trabalham ou passeiam na regio do ABC paulista, as belezas e tenses daquela Unidade de Conservao.

    Ao proporcionar aos leitores textos de fundamentao que os ajudem a interpretar a realidade e aprofundem seu conhecimento sobre os temas ambientais locais mais relevantes, esta publicao contribui para que a populao conhea e reconhea o Parque Natural do Pedroso como uma parte signifi cativa do territrio que freqenta, com ele estabelea laos afetivos, passe a sentir parte integrante de sua histria e comprometa-se na construo de seu futuro.

    Nosso objetivo o de fomentar a potncia de ao dos leitores para que, ao conhecer a histria, a formao original, as modifi caes ao longo do tempo, as belezas ameaadas, as tenses decorrentes da ocupao do Parque, se encantem pela redescoberta do espao e sintam vontade de participar dos processos para seu uso, manejo e conservao adequada, desenvolvendo um profundo sentido de pertencimento e de cuidado em relao a ele.

    Ao mostrar as belezas dos ecossistemas naturais do Parque Natural do Pedroso, fazemos o contra-ponto com a tenso decorrente da ao humana em seu uso e ocupao desordenada e predatria.

    1 3No sumrioLago do Parque Natural do Pedroso.

    Ponte Jardim Japons.

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    reas de lazer do Parque.

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    Ao apontarmos as conseqncias destas aes sobre o ambiente e a vida da populao local e para o Planeta como um todo, estamos incentivando as pessoas a ter um novo olhar sobre o Parque.

    Um olhar de esperana, que descubra, crie e recrie novas solues para os problemas e mazelas da regio.

    Nesta publicao, buscamos utilizar uma linguagem prpria, que servisse aos propsitos de sensibilizao, envolvimento, informao, comprometimento dos leitores com o Parque Natural do Pedroso. Assim optamos por um estilo simples, no tcnico, sem, no entanto, ser simplista ou pouco informativo; didtico, sem deixar de lado a potica; conciso, sem descuidar da profundidade.

    Despertar o interesse do pblico pelo Parque Natural do Pedroso, suscitar debates e propostas que sirvam de subsdios para a elaborao do Plano de Manejo tambm fi zeram parte de nosso concernimento.

    Mas, acima de tudo, preocupamo-nos em escrever um livro bonito e de agradvel leitura.

    Aproveite!

    Miriam DuailibiCoordenadora Geral Instituto Ecoar para Cidadania

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    Parece que a rvore sustenta a terra inteira no pulso de suas razes, e que sua ascenso para o cu tem a fora de sustentar o mundo...

    Gaston Bachelar

    Os seres humanos de todos os tempos atribuem caractersticas e comportamentos tpicos de nossa espcie s formas inanimadas da natureza ou aos outros seres vivos. A isso chamamos antropomor-fi smo. Essa imaginao ancestral, antecipando as explicaes da cincia, atribui s rvores e s fl orestas evocaes de ninhos que embalam a vida. Ser esttico, por excelncia, a rvore recebe de nossa imaginao um dinamismo que vai do refgio ao perigo, circunstncias que cercam berrios de qualquer tipo.

    A palavra rvore tambm tornou-se sinnimo de evoluo, crescimento. Falamos em rvore do conhecimento, rvore genealgica...

    Pesquisas e estudos, realizados ao longo dos sculos, comprovam esse dinamismo. As fl orestas, reas com alta densidade de rvores, so ecossistemas fundamentais para a manuteno da vida na Terra, sendo ambientes que abrigam grande parte da riqueza biolgica do planeta. Seja no sentido potico, seja no sentido prosaico, diz o fi lsofo Gaston Bachelar, o homem, como a rvore,

    r v o r e s e f l o r e s t a s s o b e r o s

    Lago.

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    um ser em que foras confusas vm fi car de p. Por outro lado, sugere Teresa Vergani, outra fi lsofa e tambm poeta, a diferena entre a rvore e o homem que os homens correm enquanto as rvores crescem.

    Quando os seres humanos correm demais, em busca de maiores espaos para seu conforto, atropelam o crescimento das rvores, destroem as fl orestas. Na maioria das vezes, esquecendo-nos do conhecimento ancestral, a biodiversidade das matas s nos interessa para ser usada ou vendida. Foi assim que devastamos quase 80% das fl orestas primrias que existiam em todo o mundo, sem considerar que, dessa forma, poderamos estar devastando o futuro da prpria humanidade.

    S as fl orestas vivas embalam a grande rvore da vida. Cada rvore e cada fl oresta so nicas e so muitas. Se desaparecem, levam consigo vrias possibilidades de outras existncias. Se as rvores falassem, talvez contassem sua prpria histria assim:

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    rvore Fernando Salem e Andr Abujamra

    Eu nasci rvore porque algum quisEu cresci rvore e sou feliz

    Somente um ser vegetalNo mente nem racionalSemente tronco folha fruta fl orSem mente membro lngua e suor

    Olhei um homem no meu galho subirMolhei meu caule quando um co fez xixiNa minha frente uma mulher parirServi de trave praquele guri

    Eu vi o asfalto passar rente a mimEu j fui casa e ninho de passarimEu j sequei e quase tive fi mSobrevivi sem ter nenhum jardim

    Um canivete j me fez sangrarO corao de algum a namorarEu abriguei um bbado sozinhoMe embriaguei de chuva sol e vinho

    A fotossntese do meu pensamento o oxignio do meu sentimentoEu nasci rvore eu vi o tempoVoando solto fl utuando ao vento...

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    O universo, diz o fsico-qumico Ilya Prigogine, parece ter algum parentesco com o relato das Mil e Uma Noites, no qual Shehrazade narra histrias encravadas umas nas outras: h a histria do cosmos; dentro dela, a histria da matria; dentro dela, a histria da natureza; dentro dela, a histria da vida e a histria das sociedades humanas como parte da histria da vida.

    Da mesma forma, poderamos contar a histria das Mil e Uma Folhas: a histria das fl orestas dentro da histria da vida que est dentro da histria da natureza. Ou a histria de uma nica rvore que est contida e contm toda a histria do cosmos. Ou ainda a histria das fl orestas que contm a histria, por exemplo, da Mata Atlntica que, por sua vez, contm as histrias de todas as rvores e ao mesmo tempo de um conjunto dessas rvores e de outros seres, inclusive os humanos reunidos em um local especfi co. Este local pode ser o Parque Natural do Pedroso, no municpio de Santo Andr, estado de So Paulo, Brasil, um importante pedao remanescente de Mata Atlntica que resiste ao avano urbano e corrida humana.

    m i l e u m a f o l h a s

    Uma rvore bem gorjeada, com poucos segundos, passa afazer parte dos pssaros que a gorjeiam.

    Manoel de Barros

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    Vegetao Parque Natural do Pedroso.

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    razes para o ar

    A rvore to importante para a histria da vida na Terra que a ganhadora do Prmio Nobel da Paz, Wangari Maathai, convocou cidados de todo o mundo para plantar um bilho de rvores ao longo de 2007, a fi m de combater o aquecimento global.

    No Brasil, uma megaproposta nesse sentido surgiu em 1988 e foi batizada de Projeto Floram. Confi gurado no Instituto de Estudos Avanados da Universidade de So Paulo USP, o Floram previu reas para fl orestamento e refl orestamento dentro do territrio brasileiro, pretendendo ser a ponta de lana para a criao de um Fundo Mundial de Energia que fi nanciasse, posteriormente, a implantao do projeto tambm em outros locais do planeta, num total de 400 milhes de hectares de fl orestas. Os estudos fi caram no papel, segundo um de seus idealizadores, o gegrafo Aziz Ab Saber, pois no houve comprometimento dos setores governamentais da poca.

    Enquanto isso, cientistas atribuem a elevao mdia da temperatura global ao longo do sculo 20, de 0,6 C, acumulao de dixido de carbono e de outros gases que prendem o calor na atmosfera. Boa parte do aumento da concentrao desses gases atribuda atividade humana, especialmente indstrias e automveis que utilizam combustveis de derivados do petrleo.

    Na verdade, o que fazemos ao usar esses combustveis fsseis liberar os gases que as plantas levaram centenas de milhes de anos para retirar da atmosfera. O petrleo composto por grandes quantidades de carbono e de hidrognio (hidrocarboneto) e por quantidades menores de outros gases. Foi formado pelo processo de decomposio de matria orgnica, inclusive das primeiras fl orestas que existiram sobre a Terra.

    A destruio de rvores, com a queima da madeira, tambm contribui com o aquecimento global, liberando cerca de 370 milhes de toneladas de gases do efeito estufa a cada ano.

    Plantar rvores pode compensar parte do dano ambiental, porque as plantas absorvem gs carbnico. Mas preservar as fl orestas existentes mais importante ainda porque, junto com elas, preservamos seus ecossistemas e a sustentao da vida no planeta.

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    Paisagem ecaminho rea de lazer.

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    Limites do Parque com a reas urbanas.

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    a t r a o f a t a l

    Agora, a fl oresta que me atrai... Uma coletividade de rvores e de plantas afasta o homem, pressa-se em apagar os traos de sua passagem. Quase sempre difcil

    de ser penetrada, a fl oresta exige de quem nela se embrenha as concesses que, de modo mais brutal, a montanha demanda ao andarilho... Algumas dezenas de metros de

    fl oresta bastam para abolir o mundo exterior, um universo cede lugar a outro, menos condescendente com a vista, mas onde a audio e o olfato, esses sentidos mais prximos da alma, no tm do que se queixar. Bens que julgvamos desaparecidos

    renascem: o silncio, o frescor e a paz... Pois seria ilusrio acreditar que andamos em cima do cho, enterrado sob um emaranhado instvel de razes,

    de brotos, de tufos e de musgos; toda vez que o p no tem onde se fi rmar, arriscamo-nos a um tombo em profundezas por vezes desconcertantes.

    Claude Lvi-Strauss

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    O caminhar deslumbrado de viajantes, cronistas e naturalistas no cho das fl orestas brasileiras no evitou a sua devastao, juntamente com o extermnio dos povos indgenas que nelas habitavam. No livro Saudade do Mato, Teresa Urban relata que, em 1500, um dos primeiros atos dos portu-gueses desembarcados no Brasil foi cortar uma rvore. De l para c, diferentes fases marcaram a atrao fatal que a fl oresta exerce sobre os humanos civilizados, gerando a destruio da vege-tao nativa: extrao do pau-brasil; cultivo de cana-de-acar, algodo, cacau e caf, e a intensa ocupao urbana.

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    A Mata Atlntica, que percorria o litoral brasileiro do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, ocupando uma rea de 1,3 milho de quilmetros quadrados, reduziu-se a, aproximadamente, 52 mil quilmetros quadrados. rea original da mata atlntica

    rea restante atual

    fonte: SOS Mata Atlntica

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    A Mata Atlntica, que percorria o litoral brasileiro do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, ocupando uma rea de 1,3 milho de quilmetros quadrados, reduziu-se a, aproximadamente, 52 mil quilmetros quadrados. A segunda maior fl oresta brasileira a primeira a Floresta Amaznica fi cou resumida a quase 5% de sua extenso original.

    Apesar de sculos de destruio, nesses 5% ainda convivem desde rvores grandiosas como o jequitib, fi gueiras e guapuruvas, at lquens, musgos e minsculas hepticas. H muitas espcies de rvores com troncos duros e pesados, onde se apia grande quantidade de cips. No cho, emaranham-se fungos, plantas saprfi tas, sementes e plntulas.

    Com temperaturas mdias que variam de 14 a 21o C, chegando mxima absoluta de 35o C para menos, no passando a mnima absoluta de 1o C (embora, no Sul, possa cair at -6o C), a Floresta Atlntica guarda a maior biodiversidade por hectare entre as fl orestas tropicais. Isso se deve sua distribuio em condies climticas e em altitudes variveis, favorecendo a diversifi cao de espcies que esto adaptadas s diferentes condies topogrfi cas de solo e de umidade.

    A grande quantidade de matria orgnica em decomposio sobre o solo d mata fertilidade sufi ciente para suprir toda a rica vegetao. Um solo pobre mantm uma fl oresta riqussima em espcies, graas rpida reciclagem da enorme quantidade de matria orgnica que se acumula ao hmus. A reciclagem dos nutrientes um dos aspectos mais importantes para a dinmica de desenvolvimento e de recuperao da fl oresta.

    Os solos da fl oresta normalmente so rasos e pobres em nutrientes. Para manter-se no solo raso, as rvores nos do uma boa lio de cooperao. Apoiando-se umas nas outras no estrato superior das copas, elas mantm a sua sustentao.

    Os nutrientes, por sua vez, apenas so incorporados terra quando h hmus abundante, com seus microorganismos que decompem a matria orgnica e liberam os minerais contidos nas plantas.

    Isso explica a manuteno de fl orestas exuberantes em solos infrteis que, se desmatados, no servem para a agricultura. Quando h desmatamento, as guas da chuva levam embora

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    os nutrientes produzidos pelos microorganismos do hmus, fazendo com que o solo sofra rpido processo de eroso ou endurecendo, formando crostas espessas que difi cultam o cultivo.

    Esse processo, que pode ocorrer tambm em outros tipos de solo, agrava-se em reas desmatadas da Mata Atlntica porque a maioria dos nutrientes encontra-se estocada na biomassa vegetal e no no solo. tambm por isso que os solos de fl oresta no so adequados para o cultivo em grande escala.

    A fl oresta tem que terbicho solto a voarsaltar, nadar e correr...Bicho soltoLurden Clay Monteiro e Paulo Roberto

    Vegetao em regenerao.

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    Soma-se ao solo empobrecido o fato de que as monoculturas introduzidas em rea de mata so mais sensveis s pragas e doenas. Para combat-las, utiliza-se grande quantidade de inseticidas e agrotxicos, que atacam ainda mais a diversidade de espcies e contaminam os ecossistemas aquticos.

    No mosaico diversifi cado de ecossistemas interligados que a compe, calcula-se que na Mata Atlntica existam 20 mil espcies de plantas, sendo 8 mil delas endmicas; 261 espcies conhecidas de mamferos; 1020 espcies de pssaros; 197 de rpteis; 340 de anfbios e 350 de peixes, sem falar de insetos e demais vertebrados que ainda no foram descobertos pela cincia. Entre os smios, destacam-se o mico-leo-dourado, o muriqui, a maior e mais corpulenta forma de macaco tropical, e o sau-preto, o mais raro dos smios brasileiros. H diferentes sagis, os saus, o macaco-prego e o guariba, em risco de extino. Dos candios, o cachorro-do-mato um dos predadores mais comuns juntamente com o guaxinim, o coati, o jupur, os fures, a irara, o cangamb; felinos, como gatos-do-mato que se alimentam de animais como o tapiti; diferentes ratos-do-mato, caxinguels, cotias, ourio-cacheiro, o raro ourio-preto etc. No mesmo ambiente vivem tamandus-mirins, preguias e tatus.

    O que impressiona quanto fauna e fl ora da Mata Atlntica a sua caracterstica endmica. Ou seja, muitas espcies s existem em ambientes especfi cos dentro do bioma. Mas, enquanto por um lado, cresce o nmero de pessoas preocupadas com todo esse rico tesouro natural, por outro lado, o maior predador desses ecossistemas continua a ser o ser humano...

    Ei, pintassilgo. Oi, pintaroxo. Melro, uirapuruAi, chega-e-vira. Engole-vento. Sara, inhambu.Foge asa-branca. Vai, patativa. Tordo, tuju, tuim.X, ti-sangue. X, ti-fogo. X, rouxinol sem fi m...Bico calado. Toma cuidado. Que o homem vem a. O homem vem a. O homem vem a...Passaredo Chico Buarque de Holanda

    A defesa da preservao da fl oresta no contraria a busca da humanidade por desenvolvimento e bem-estar. O grande desafi o repensar a prpria idia de desenvolvimento, ligado at

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    recentemente f cega no progresso, especialmente da industrializao. Esse desenvolvimento insustentvel precisa passar por uma metamorfose: tornar-se sustentvel. Como parte dessa meta-morfose, necessrio, entre outras alteraes de rumos e de conceitos, preservar os fragmentos que ainda restam da fl oresta. Por vrias razes. Uma das principais se refere s mudanas climticas. As fl orestas so responsveis por 56% da umidade local. Sua destruio elimina essa fonte injetora de vapor de gua na atmosfera, responsvel pelas condies climticas regionais. Ao mesmo tempo, diminui o poder de captura do gs carbnico atmosfrico.

    Outra razo diz respeito quantidade e qualidade da gua disponvel. E a gua, essa matria to malevel, to mvel, to prxima do desaparecimento e da inexistncia, adapta-se a tudo... a qualquer coisa. Ela pode ser doce, gelada, potvel, de nascente. E pode ser tambm turva e salobra, mortfera e cruel. Depende do que fi zermos dela e das condies de sua existncia...

    gua de beber, gua de beber, camar...gua de beberVinicius de Moraes

    A Mata Atlntica inclui um amplo conjunto de ecossistemas, ao qual chamamos bioma. A complexidade desse conjunto auto-organizado de formas de vida no se encontra apenas nos aspectos de sua fauna e de sua fl ora, mas tambm em seus processos hidrolgicos. A gua essencial para a vida da Mata Atlntica. A fl oresta, por sua vez, vital para a manu-teno dos cursos dgua. As atividades humanas desenvolvidas dentro e fora do bioma tambm dependem da qualidade e do volume de gua para a pesca, a indstria, o comrcio, o turismo, a gerao de energia, as atividades recreativas e as de saneamento.

    Na Mata Atlntica esto localizadas sete das nove grandes bacias hidrogrfi cas do Brasil, alimentadas pelos rios So Francisco, Paraba do Sul, Doce, Tiet, Ribeira de Iguape e Paran. As fl orestas asseguram a quantidade e a qualidade da gua potvel que abastece mais de 110 milhes de brasileiros em aproximadamente 3,4 mil municpios inseridos no bioma. Por outro lado, 70% da populao brasileira est concentrada em regies de domnio da Mata Atlntica, resultando em grande presso sobre a biodiversidade e os recursos hdricos do bioma,

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    Lago e limite do Parque com a Represa Billings.

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    que j enfrenta em diversas regies problemas de crise hdrica, associados escassez, ao desperdcio, m utilizao da gua, ao desmatamento e poluio.

    Cad o riachinho que tava aqui?Voc sabe, voc viu?Riachinho secou, evaporou, sumiu!Cad o mato que embalava o riachinho?Voc sabe, voc viu?Cad? nio Bernardes e Cleusa Bernardes

    Temos que ter conscincia de que os recursos naturais no so inesgotveis. Apesar da aparente contradio, estudos e experincias provam que possvel conciliar a conservao e recuperao de potncias naturais com o bem-estar das populaes humanas. Ou seja, o ideal de natureza deixa de ser o de uma realidade intocada e externa, e pode ser concebido em termos da sua relao com o ser humano. Porque, como seres vivos, os humanos dependem vitalmente da biosfera terrestre.

    Segundo a fsica e economista Vandana Shiva, podemos, se nos preocupamos com isso, garantir que todas as formas de vida sejam protegidas e possam continuar sua viagem evolutiva em paz e harmonia. Se fracassarmos, porque nosso olhar estreito nos cega e no nos permite ver quais so nossos mais amplos deveres, acabaremos por destruir os fundamentos de nossos sistemas de vida.

    Da mata escura Eu quero me lembrarDa perfumura Da aguinha pura...Mata escuraMambembrincantes

    A necessidade de equacionar a relao conservao-desenvolvimento, a partir dos estudos de ambientalistas, fez com que o poder pblico definisse reas na fragmentada Mata Atlntica para a proteo da sua biodiversidade. Existem hoje cerca de 860 Unidades de Conservao, que vo de pequenos stios at paisagens imensas, como o Parque Estadual da Serra do Mar, com 315 mil hectares.

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    Todas essas unidades enfrentam o desafi o de viabilizar a infra-estrutura necessria fi scalizao do acesso e de seus usos, para garantir a manuteno da biodiversidade e a conservao numa perspectiva de longo prazo. Entre os principais problemas a serem enfrentados est o crescente processo de urbanizao e expanso agrcola e pecuria. Essa matriz degradante incrementada pela destruio das matas ciliares, legalmente protegidas e consideradas corredores naturais de fl uxo gentico entre fragmentos maiores.

    Uma dessas Unidades de Conservao o Parque Natural do Pedroso, no municpio de Santo Andr, SP, que se benefi cia da vizinhana com o Parque Estadual da Serra do Mar.

    A proximidade do Parque com a rea urbana.

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    Mapa do municpio de Santo Andr e rea do Parque Natural do Pedroso

    SO BERNARDODO CAMPO

    MAU

    RIBEIRO PIRES

    REA URBANAREA URBANA

    SO CAETANODO SUL

    SO PAULO

    RIO GRANDE DA SERRA

    SANTOSCUBATO

    MOGI DAS CRUZES

    SUZANO

    REA DE MANANCIAISREA DE MANANCIAIS

    Parque Natural do Pedroso

    Privilgio ambiental

    Denominao: Parque Natural do Pedroso

    Caracterstica: Unidade de Conservao

    Categoria: Parque Natural Municipal

    rea: 842 ha

    Permetro: 15,6 Km

    Bioma: Mata Atlntica

    Localizao: Estrada do Pedroso, 3336 -

    Parque Natural do Pedroso - Santo Andr - SP

    Divisa com os municpios de So Bernardo do

    Campo no seu limite sul e sudeste; Mau no limite

    noroeste, e com a rea urbanizada de Santo Andr

    em sua maior extenso, na divisa leste, onde

    tambm contm um trecho que margeia

    o reservatrio Billings.

    Limite do Parque Natural do Pedroso

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    u m p a r q u e c u r u p i r a

    Olhando no mapa, ao sul do municpio de Santo Andr, v-se uma mancha verde-escura quase na horizontal, encravada nas divisas entre So Bernardo do Campo, esquerda; Mau, direita; Santo Andr acima, e uma grande extenso verde-clara com tons de azuis abaixo, representando uma das principais reas de mananciais da regio da Grande So Paulo, estendendo-se at Santos. Tm-se a impresso que a mancha verde-escura funciona como uma barreira que protege o frgil verde-claro com tons de azuis do avano urbano.

    J inspirador o que a imagem plana do mapa deixa ver, porm, insufi ciente para conhecer, de fato, o que a mancha verde-escura esconde: as formas de vida que escolheram, como habitat,

    Sou curupiraNo sei se foi sorte ou maldio

    S sei que recebi uma missoDe defender o meu mundo

    Da terrvel extino.

    CurupiraRosinda Teles, Paulo Roberto e

    Gamaniel Pinheiro

    3 5

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    Estao elevatria do SEMASA para captao de gua

    Portariaprincipal

    Jardim japons

    rea daantigaolaria

    CapelaSanta Cruz

    Pontos deTelefrico

    RecantoArco-ris

    Viveiro

    rea para usode educaoambiental

    GrupamentoecolgicoPosto da Guarda Civil

    rea de lazerParquinho,churrasqueiras,e quadras

    SO BERNARDO DO CAMPO

    BAIRRO DA CATA PRETA VILA RICA

    MAU

    RECREIO DA BORDA DO CAMPO

    RIBEIRO PIRES

    PARQUE MIAMI

    Mapa ilustrativo Parque Natural do Pedroso.

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    por acaso ou necessidade, o Parque Natural do Pedroso. O local serve de refgio para a vida silvestre e de proteo para a represa Billings e toda a extenso de mananciais da Serra do Mar. Como todo guardio, possui tambm em sua geografi a o acesso ao ponto mais alto da regio do ABC paulista: o Pico do Bonilha, na divisa com So Bernardo do Campo.

    Lembrando uma lenda indgena brasileira, poderamos at associar a imagem do Parque Natural do Pedroso com o curupira, um ser mitolgico que protege a fl oresta, senhor das rvores e amigo dos animais. Seus alvos principais so os caadores, lenhadores e pessoas que se relacionam com as matas de forma predatria. Como o curupira, que tem seus ps voltados para as costas, o Parque Natural do Pedroso recebe, de frente, o impacto do crescimento urbano, mas mantm sua familiaridade com a fl oresta que l plantou suas razes. Como bom guardio, tambm no tranca nem esconde suas riquezas.

    A regio mais elevada do Parque Natural do Pedroso fi ca no Macio do Bonilha, na divisa com o municpio de So Bernardo do Campo. O Pico do Bonilha se destaca como o ponto culminante, com 986,5 metros de altitude. Essa particularidade representa grande importncia paisagstica por proporcionar uma viso panormica e nica da regio do Planalto Paulistano, alm de fazer parte de uma regio com funes ecologicamente estratgicas que abriga remanescentes da Mata Atlntica e mananciais potveis.

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    Locais ou estrangeiras?

    A fl oresta nativa ocorre naturalmente em dada regio, ao contrrio da fl oresta extica. Uma espcie de rvore nativa da Austrlia, por exemplo, considerada extica no Brasil, como o caso do eucalipto. Uma espcie pode ser nativa do Brasil, porm endmica da Bahia, como o caso da piaava. Isso quer dizer que em So Paulo, ou no Amazonas, essa espcie considerada extica.

    Guardar uma coisa olh-la, fi t-la, mir-la por admir-la...Guardar uma coisa vigi-la, isto , fazer viglia por ela, isto , velar por ela, isto , estar acordado por ela, isto , estar por ela ou ser por ela.Por isso melhor se guarda o vo de um pssaroDo que um pssaro sem vos.Antonio Ccero

    Alm de representarem um rico fragmento da Mata Atlntica, os 842 hectares do Parque Natural do Pedroso guardam 15 lagos, 37 nascentes, cachoeira e esto inseridos na Bacia Hidrogrfi ca do Alto Tiet, na Bacia da Billings, Sub-Bacia do Rio Grande. A micro-bacia do crrego Pedroso, totalmente dentro do parque, produz 10,4 milhes de litros de gua por dia e abastece 39 mil pessoas, 7% da populao de Santo Andr.

    Os elevados ndices pluviomtricos da regio benefi ciam os 82% de rea do parque ainda cobertos pela fl oresta latifoliada mida de encosta, em estgio mdio de sucesso. Essa vegetao, contudo, tem sido prejudicada pela ao humana e o parque-guardio comea a perder suas foras. Aproximadamente 20% da rea total do Parque Natural do Pedroso encontram-se degra-dados, incluindo setores, em torno de 8,5%, onde foram plantadas espcies exticas de pinus e eucaliptos, h dcadas passadas.

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    > Propicia exatamente o alimento que os animais nativos precisam.

    > Fazem parte de uma determinada fl oresta onde uma espcie ajuda a outra, de diversas formas.

    > Difi cilmente espcies nativas so exterminadas por pragas, pois j desenvolveram defesas para cada praga da regio.

    > Muito indicadas em plantios orgnicos, sem utilizao de agrotxicos.

    > A relao entre os nutrientes disponveis e os nutrientes necessrios para a rvore harmoniosa.

    > So as rvores nativas que os pssaros nativos procuram para fazer seus ninhos.

    > Existem mais de 500 espcies s na Mata Atlntica, das mais variadas formas, das mais lindas fl ores, das mais cobiadas madeiras do mundo

    > Sem predadores naturais, essas espcies podem multiplicar-se sem controle, tornando-se uma praga, como o caso do eucalipto.

    > As rvores exticas no mantm uma boa relao com a fl oresta nativa. Podem competir desigualmente pelo espao, chegando at a matar as espcies nativas.

    > Tambm ameaam os ecossistemas e os habitats da fauna nativa.

    > Espcies exticas, como o eucalipto e o pinheiro, sobrevivem e se adaptam ao novo meio, passando a exercer processos de dominncia sobre a biodiversidade nativa. Alteram caractersticas naturais e o funcionamento de processos ecolgicos.

    > Pessoas e empresas, quando so obrigadas judicialmente a refl orestar, utilizam espcies exticas para obter resultado rpido. Com espcies pioneiras brasileiras consegue-se o mesmo ou melhor resultado, tanto em termos de tempo quanto de qualidade.

    > De acordo com a organizao no-governamental The Nature Conservancy (TNC), mais de 1,4 trilho de dlares cerca de 5% da economia global gasto todos os anos na luta contra o avano de arbustos, aves, peixes, rvores, sapos e vrus exticos.

    Perigos do plantio de rvores exticas

    Benefcios do plantio de rvores nativas

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    Outros prejuzos so causados pela insistente presso do crescimento urbano que agride por todos os fl ancos o entorno do parque, especialmente a ocupao desordenada, em grande parte ilegal. Mais de 2% do territrio do Parque Natural do Pedroso foram invadidos por favelas. importante destacar que essa situao refl ete a complexidade que cerca todo confl ito socioambiental. Ou seja, se confrontam diferentes lgicas individuais e coletivas que necessitam de mecanismos de negociao entre as diversas partes envolvidas, para chegar a uma resoluo que atenda ao bem comum. Essa resoluo e conseqentes aes devem ser coordenadas pelo poder pblico, privilegiando ao mesmo tempo as estratgias para a conservao do meio ambiente e o respeito ao direito habitao das populaes de baixa renda.

    Quanto fauna, como em toda a Mata Atlntica, h a ocorrncia de espcies com risco de extino, como o mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides), a lontra (Lontra longicaudis) e a suuarana (Puma concolor). Em recantos mais preservados do parque, foi detectada, entre outras, a ocorrncia de capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), veado, macacos, paca e gato-do-mato (Leopardus spp). Apesar dos raros estudos realizados, nos ecossistemas do Pedroso foram identifi cadas 100 espcies de aves pertencentes a 79 gneros. Entre elas, 3 espcies ameaadas de extino: gavio-pomba (Leucopternis lacernulata), jacuau ou jacupemba (Penelope obscura) e pavo-do-mato (Pyroderus scutatus).

    Toda a fauna se relaciona diretamente com a cobertura vegetal, que deve proporcionar condies de abrigo e alimentao s diferentes espcies. Porm, por conta da signifi cativa presena urbana e humana mais de 30 mil habitantes em seu entorno ocorrem perturbaes nesse ambiente, com a desestruturao do solo, ocasionada pelo lixo e outros dejetos, e interferncias na cadeia alimentar dos seres da fl oresta. Essas alteraes so sentidas e modifi cam o ciclo de vida at dos insetos.

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    Maior de todos

    O Parque Natural do Pedroso a nica rea sob proteo municipal com essas dimenses na regio metropolitana de So Paulo. As outras grandes reas naturais sob proteo do poder pblico so estaduais ou federais. Basta imaginar que dentro de seus 842 hectares caberiam sete vezes os oito principais parques urbanos da regio metropolitana de So Paulo juntos:

    PARQUES ha

    Raposo Tavares 19,50

    Independncia 16,13

    Ibirapuera 15,84

    Guarapiranga 15,26

    Aclimao 11,87

    Vila dos Remdios 10,98

    Piqueri 9,72

    Previdncia 16,13

    Total 115,43

    Alm do Parque Natural do Pedroso, o municpio de Santo Andr ainda abriga outras nove reas verdes com denominao de parque, mais um parque natural municipal, uma reserva biolgica estadual e uma APA rea de Proteo Ambiental Estadual.

    REAS VERDES ha

    Parque Prefeito Celso Daniel 6,75

    Parque Escola 4,89

    Parque Antonio Flaquer (Ipiranguinha) 3,63

    Parque Regional da Criana Palhao Estremelique 6,63

    Parque da Juventude 4,7

    Parque Antonio Pezzolo (Chcara Pignatari) 3,45

    Parque Norio Arimura 1,67

    Parque Central 34,66

    Parque Cidade dos Meninos 1,26

    Unidade de Conservao de Proteo IntegralParque Natural Nascentes de Paranapiacaba 426,11

    Reserva Biolgica Estadual do Alto da Serra de Paranapiacaba 336,0

    Unidade de Conservao de Uso Sustentvel (APA)Haras So Bernardo 34,09

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    e x p l o s o a t l n t i c a

    Sob o sono dos sculosAmanheceu o espetculo

    Como uma chuva de ptalasComo se o cu vendo as penas

    Morresse de penaE chovesse o perdo...

    Chico Buarque de Holanda

    A formao geolgica do Parque Natural do Pedroso remonta ao Pr-Cambriano, perodo proterozico superior. Isso signifi ca que as rochas de seu solo esto entre as mais antigas do planeta, surgidas logo depois do Big-Bang que deu origem ao universo. Portanto, o terreno do parque assistiu e participou de muitos eventos da histria da Terra e da vida. Seu relevo de morros, com serras restritas que favorecem a drenagem de alta intensidade. O tipo de solo Latosol vermelho-amarelo, com a particularidade de ser de fase rasa, cobre boa parte do Planalto Paulistano, porm, ocorre em apenas 3,8% do estado de So Paulo.

    Do ponto de vista da geotecnia, a cincia que estuda solos e rochas para fi ns de engenharia, a maior parte do terreno do Parque Natural do Pedroso e seu entorno desaconselhvel para construes por sua alta suscetibilidade a escorregamentos e movimentos de massa. Esses processos de deslocamento do solo so naturais, quando defl agrados pelos altos volumes de chuva, ou induzidos por cortes, aterros e terraplanagem. Tambm as mudanas na dinmica das guas, provocadas por obras virias podem provocar tais eventos.

    A mata do Pedroso, cujo solo desaconselhvel para construes.

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    A vegetao da Mata Atlntica que cobre a rea tem uma caracterstica peculiar, alm da beleza. O cho da fl oresta funciona literalmente como um berrio de sementes. Ao receber a incidncia direta dos raios do sol, a natural dormncia dessas sementes quebrada, fazendo germinar espcies pioneiras. Essas plantas, que possuem um curto ciclo de vida e rpido desenvolvimento, formam um estrato denso, homogneo, herbceo e arbustivo, intolerante sombra. Para garantir a sobrevivncia dessas plantas, o trabalho dos pssaros, dos morcegos e do vento, espalhando suas sementes, fundamental. Uma verdadeira lio de cooperao entre espcies e outros fenmenos naturais e de auto-regenerao...

    A fauna presente no bioma, portanto, reproduz a vegetao, propiciando a sua polinizao e a disseminao de sementes, enquanto se abastece de alimento e abrigo.

    Senhoras da fl oresta

    Embora haja necessidade de mais pesquisas sobre a vegetao do Parque Natural do Pedroso, os estudos j realizados indicam que se trata de um remanescente de Mata Atlntica, formado por vegetao secundria (que sofreu alterao e est em processo de regenerao), com um elevado ndice de diversidade fl orstica e a associao de espcies em fases distintas de sucesso secundria ou estgios de regenerao.

    Pelo fato de estabelecer limites com reas urbanas com forte caracterstica de desenvolvimento desordenado, o parque sofre alta presso das aes humanas, infl uenciando diretamente o grau de conservao e recuperao da mata. A fi sionomia da fl oresta, portanto, no homognea, apresentando estgios mdio a mdio e avanado de regenerao. Existem variaes naturais de estrutura e composio da vegetao, e variaes em decorrncia da perturbao antrpica e do efeito da fragmentao. Em alguns locais prximos s reas ocupadas h caractersticas de fl orestas perturbadas em regenerao.

    Esta rvore tinha um galho. Oh que galho, belo galho.

    Ai, ai, ai que amor de galho...Cano escoteira

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    Bacia Billings, uma das principais

    reas de mananciais da regio.

    Para que o manancial hdrico se mantenha dentro de suas condies naturais originais, necessrio manter-se livre das alteraes promovidas pela ocupao humana desordenada. Ou seja, havendo degradao na rea do parque, os prejuzos sero sentidos de forma irreversvel em toda a Sub-Bacia.

    As caractersticas da gua de um reservatrio resultam da interao de um complexo conjunto de fatores: alguns de ordem exclusivamente ambiental, como os ciclos climticos, e outros decorrentes das atividades humanas. E so esses ltimos os mais nocivos, podendo gerar fl uxos permanentes de cargas poluidoras. Alguns prognsticos so alarmantes.O assoreamento e a poluio em toda a Bacia Billings pode transformar a represa, dentro de algumas dcadas, em um msero canal.

    Caminho das guas

    A preservao do Parque Natural do Pedroso no implica apenas em garantir a sobrevivncia da vida e da beleza selvagem dentro de seus limites. Ela contribui com as condies favorveis para produzir gua boa e em quantidade sufi ciente para uma parte da populao da Grande So Paulo, atravs da Bacia Billings, uma das principais reas de mananciais da regio. Mananciais de gua so as fontes superfi -ciais e subterrneas utilizadas para o abastecimento humano e a manuteno das atividades econmicas.

    A Represa Billings est subdividida em oito unidades, denominadas braos. O Parque Natural do Pedroso est 100% includo no Brao do Rio Grande, ou Jurubatuba, separado do corpo central da represa pela barragem da Rodovia Anchieta.

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    No Parque Natural do Pedroso h algumas espcies em estgio inicial de sucesso secundria como: araticum do brejo, araticum (Annona glabra); carvalho (Roupala montana vulnervel extino); jacatiro (Miconia cabussu); canela-louro, canelinha, canela-preta (Nectandra megapotamica); pau-jangada, tai, tapieira (Alchornea triplinervia); Myrsine guianensis; Pouteria laurifli.

    Existem tambm espcies em estgio mdio de regenerao (em locais perturbados): marmelada, guruguva verdadeira (Amaioua intermdia e Amaioua guianensis); cana lisa (llex amara); guaxupita (Esenbeckia grandifl ora); canela sassafrs (Ocotea odorfera vulnervel extino); jequitib-vermelho, jequitib-rosa (Cariniana legalis); ing-feijo (Inga Marginata); guatambu-oliva (Aspidos-perma parvifolium); jeriv, coco-jeriv (Syagrus romanzoffi ana); caf-bravo, peloteira (Guarea macrophylla); Protium Kleinii (em perigo de extino); Calyptranthes grandifolia; Ocotea aciphylla.

    Espcies em estgio avanado de sucesso secundria: jequitib-vermelho, jequitib-rosa (Cariniana legalis); guatambu-oliva (Aspidosperma parvifl orum); louro-cravo, cataia (Pimenta pseudocaryo-phyllus); canela-louro (Ocotea diospyrifolia); abacateiro-do-mato (Persea pyrifolia); canela-preta, canela lageana (Ocotea pulchella); guamirim-facho (Calyptranthes concinna); pessegueiro-bravo (Prunus myrtifolia); Rudgea coriacea; Aiouea trinervis.

    E espcies em estgio mdio de regenerao (em locais pouco perturbados): Guapira opposita, Serjania lethalis, Guatteria elliptica, Syagrus romanzoffi ana, Guarea macrophylla.

    Passaredo

    Estimuladas pela variedade das rvores, senhoras da fl oresta, uma centena de espcies de aves conhecidas e identifi cadas habitam o Parque Natural do Pedroso, que tambm recebe a visita de espcies de ocorrncia restrita s escarpas da Serra do Mar. H, inclusive, registros de alguns pssaros pouco comuns em reas fragmentadas da Mata Atlntica, como o jacu (Penlope sp), o jacupemba (Penelope superciliaris), o pica-pau-bufador (Piculus aurulentus), o tovacuu (Grallaria varia), o vira-folha (Sclerurus scansor), o trepador-quiete (Syndactyla rufosuperciliata), a sara-lagarta (Tangara desmaresti) e o pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus), espcie rara, ameaada de extino.

    E este ninho tinha um ovo... E este ovo tinha uma ave. Ai, ai, ai que amor de ave...Cano escoteira

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    Entre a exuberncia de penas de todas as cores, ainda fazem seus ninhos nas rvores do Parque Natural do Pedroso as aves popularmente conhecidas como gara branca grande (Casmerodius albus), gara branca pequena (Egretta thula), socozinho (Butorides striatus), soc-dorminhoco (Leptotila rufaxilla), gavio-carij (Rupornis magnirostris), gavio-de-cauda-curta (Buteo brachyurus), carcar (Polyborus plancus), saracura (Rallus maculatus), frango-dgua (Gallinula chloropus), jaan (Jaana jaana), quero-quero (Vanellus chilensis), rolinha-caldo-de-feijo (Columbina talpacoti), juriti-da-fl oresta (Leptotila rufaxilla), pombo (Columba lvia domestica), periquito-de-asa-amarela (Brotogeris chiriri), maitaca (Pionus maximiliani), alma-de-gato (Pyaia cayana),

    Fauna do Parque do Pedroso:

    gara branca, bigu, beija-fl or e coruja.

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    anu preto (Crotophaga ani), anu branco (Guira guira), buraqueira (Speotyto cunicularia), andorinho-do-temporal (Chaetura andrei), martim-pescador grande (Ceryle torquata), tucano (Ramphastos sp), pica-pau-ano (Picumnus cirratus), pica-pau-do campo (Colaptes campestris), pica-pau manchado (Melanerpes candidus), pica-pau dourado (Piculus aurulentus), joo-de-barro (Finarius rufus), joo-tenenm (Synallaxis spixi), choca da mata (Thamnophilus caerulescens), tangar danarino (Chiroxiphia caudata), pombinha-das-almas, suiriri (Tyrannus melancholicus), andorinha grande (Progne chalybea), andorinha azul e branca (Notiochelidon cyanoleuca),

    Sagi do tufo pretopegada de felino, jararaca e cuca.

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    andorinha-serradora (Stelgydopteryx rufi collis), sabi do campo (Mimus saturninus), sabi-barran-queiro (Turdus leucomelas), sabi-laranjeira (Turdus rufi ventris), sabi-poca (Turdus amarouchalinus), chopin (Molothrus bonariensis), pia-cobra (Geothlypis aequinoctialis), pardal (Passer domesticus), bico-de-lacre (Estrilda astrild), sa azul (Dacnos cayana), sara-viva (Tangara cayana), sara militar (Tangara cyanocephala), sanhao cinzento (Thraupis sayaca), sanhao-do-coqueiro (Thraupis palmarum), ti-preto (Tachyphonus coronatus), trinca-ferro (Saltator similis), tico-tico (Zonotrichia capensis), coleirinha (Sporophila caerulescens), tiziu (Volatina jacarina), rabo-branco-de-garganta rajada (Phaetornis eurynome), beija-fl or tesouro (Eupetomena macroura), beija-fl or do papo branco (Leucochloris albicollis), beija-fl or preto e branco (Melanotrochillus fuscus), tesoura de fronte violeta (Thalurania glaucopis), beija-fl or de peito azul (Amazilia lctea)...

    Bicho solto

    Ao contrrio das aves embora tambm sofram com a caa e a captura ilegais a fauna de mamferos nativos da regio mais sensvel grande presso do avano humano. Em amostragem foram identifi cadas apenas 9 espcies de mamferos. Entre esses animais, podemos destacar o gamb (Didelphis sp), o gamb de orelha branca (Didelphis albiventris), o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), o gato-do-mato (Leopardus spp), a preguia comum (Bradypus variegatus), o pre (Cavia spp), o tapiti (Sylvilagus brasiliensis), a paca, a ariranha e o veado (Mazama spp).

    O Parque Natural do Pedroso encontra-se empobrecido em relao aos mamferos de mdio porte devido descontinuidade da vegetao, ao desmatamento e caa.

    Os invertebrados, anfbios, rpteis e at os pequenos mamferos so mais difceis de serem vistos, mas tendem a adaptar-se fragmentao de habitats em uma escala temporal mais ampla. Muitas dessas populaes de animais so capazes de sobreviver em reas pequenas, desde que mantidas as condies ecolgicas adequadas.

    Entre os anfbios e rpteis, os pesquisadores registraram a ocorrncia de sapo-cururu (Bufo ictericus), perereca com anis na coxa (Hyla circumdata), perereca (Hyla leucopygia), sapo-martelo, r (Hyla circumdata), r-cachorro (Physalaemus cuvieri) e r-manteiga (Leptodactylus ocellatus).

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    b e n d i t a a u s n c i a

    Na casca, a ferida como mercurocromo.

    A folha esquecida. Guilherme de Almeida

    Voltemos um pouco no tempo... Embora seja impossvel recuperar as paisagens perdidas, vale a pena revisitar a histria social do Parque Natural do Pedroso para entend-lo melhor agora. No fi m do sculo 19, seu territrio pertencia famlia Pedroso, da qual herdou o sobrenome. Seus proprietrios tentaram vender essas terras para os Baraldi, pioneiros na ocupao da regio e donos do que hoje o bairro Recreio da Borda do Campo, em Santo Andr. Mas a venda no foi efetivada apenas por um detalhe: nas terras dos Pedroso no existiam passarivas, rvores cuja casca servia como matria-prima para curtir couro, uma das atividades econmicas dos Baraldi.

    Bendita ausncia! Podemos dizer que a riqueza biolgica do Parque Natural do Pedroso foi salva pela falta de passarivas. Mesmo assim, no escapou da explorao madeireira e dos fornos de carvo vegetal, cujos vestgios ainda podem ser constatados.

    Em 1979, quando tambm era conhecida por Mata do Sertozinho, ganhou nome acrescido ao sobrenome, passando a chamar-se Parque Regional e Jardim Botnico do Pedroso.

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    Capela de Santa Cruz.

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    No incio da dcada de 1970, quando para l foi transferida a Capela de Santa Cruz, a rea foi aberta visitao pblica. Ao mesmo tempo, ganhou outros equipamentos: quadras esportivas, quiosques com churrasqueiras, brinquedos para recreao infantil, telefrico, pedalinhos no lago e sanitrios.

    Estou no colo da me naturezaEla toma conta da minha cabea...Rita Lee

    S em 1998 a rea recebeu o ttulo legal de Unidade de Conservao e, em 2006, uma lei municipal ofi cializou o nome atual: Parque Natural do Pedroso. Como parque natural, sua misso preservar ecossistemas de grande relevncia ecolgica e beleza cnica. E dessa forma tornar possveis pesquisas cientfi cas e atividades de educao e interpretao ambiental, de recreao em contato com a natureza e de turismo ecolgico.

    O refgio que alegrou famlias e geraes de jovens e crianas em seus momentos de lazer, especialmente at a dcada de 1990, ainda mantm a Capela Santa Cruz dos Carvoeiros, o lago com o Jardim Japons, o Recanto Arco-ris para educao ambiental, um viveiro de plantas orna-mentais, quadras poliesportivas, rea para piquenique e equipamentos para recreao infantil. Mas, perdeu o telefrico e os pedalinhos.

    Desativado por desinteresse da empresa que explorava comercialmente o telefrico, sua estrutura ser requalifi cada. A rea da edifi cao projetada pelo arquiteto Ruy Ohtake ser transformada em uma marquise para a realizao de eventos e os equipamentos restantes do Telefrico, como os bondinhos, sero pintados com as cores originais.

    A prioridade agora revitalizar o parque com esse novo carter de Unidade de Conservao, que deve, por fora de lei, em primeiro lugar preservar o patrimnio natural e, em segundo, abrigar atividades de lazer.

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    O ltimo espao rural

    Ao longo da estrada do Pedroso, depois da Vila Luzita, a rea correspondente aos trs antigos loteamentos do Jardim Santo Andr (1951), Vila Joo Ramalho (1956) e Vila Rica (1966), permaneceu por muito tempo como espao rural.

    A partir dos anos 70, esta rea passa a ser notcia na imprensa em funo do projeto estadual de construo de casas populares, mas o conjunto residencial construdo pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional, torna-se realidade apenas nos 80. Tambm um rpido processo de expanso urbana, verifi cado nos anos 70 e 80, leva ao surgimento de favelas ao longo da Estrada do Pedroso. Hoje, estes assentamentos, sobretudo os Ncleos Toledana e Cata Preta, integram o cenrio de presses urbanas sobre o Parque.

    Integram esta mesma rea o Parque Regional e Jardim Botnico do Parque Natural do Pedroso. A preservao desse espao ecolgico nasceu da preocupao, j apontada desde os anos 1940, com a conservao da reserva de fl orestas e com a proteo de mananciais. Com este objetivo foram desapropriadas, at o fi m dos anos 70, 29 glebas, a maioria das quais hoje se refere ao centro do Parque Natural do Pedroso, medindo quase 7 milhes de metros quadrados. Parte destas desapropriaes atingiu quinhes do antigo Stio dos Vianas.

    No Incio dos anos 70, no territrio do parque foi instalada uma rplica de uma das mais antigas capelas de Santo Andr, a de Santa Cruz, conhecida como Igreja do Carvoeiros, que ali se reuniam junto com os lenhadores e trabalhadores rurais nos domingos e dias festivos. A igrejinha original foi transferida da Avenida Santos Dumont, onde se localizava, para dar lugar s obras da avenida Perimetral. Antes disso, os tcnicos municipais pesquisaram o imvel para construir uma rplica e conserv-la como um monumento histrico e ponto turstico no parque.

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    Belezas naturais protegidas por leis.

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    PROTEES LEGAIS

    O Parque Natural do Pedroso est sob proteo municipal, estadual e federal, de acordo com a legislao que resumimos a seguir:

    Lei Federal da Mata Atlntica 11.428/2006

    Regulamenta a extenso da Mata Atlntica e assegura a conservao de seus remanescentes.

    Lei Municipal 8.881/2006

    Altera a denominao do Parque Regional e Jardim Botnico do Pedroso para Parque Natural do Pedroso.

    Lei Municipal 8.696/2004 (Plano Diretor de Santo Andr)

    Defi ne o zoneamento do territrio municipal e suas funes. Macrozona de Proteo Ambiental. Zona de Conservao Ambiental. No Artigo 47 estabelece que: A Zona de Conservao Ambiental composta pelas Unidades de Conservao do Parque Natural do Pedroso, Reserva Biolgica do Alto da Serra de Paranapiacaba, Parque Natural das Nascentes de Paranapiacaba, Parque Estadual da Serra do Mar, pelas cabeceiras dos Rios Grande, Pequeno, Araava e Mogi, por recursos naturais de interesse ambiental e por reas de alta restrio ocupao. E, no Artigo 48: So objetivos na Zona de Conservao Ambiental: I. promover a manuteno da qualidade ambiental; II. conservar os recursos naturais.

    Lei Federal 9985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza)

    Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservao e regulamenta o artigo 225 da constituio Federal, com o objetivo bsico de prote-o integral e desenvolvimento sustentvel da natureza do conjunto de unidades de conservao federais, estaduais e municipais,

    admitindo apenas o uso indireto de seus recursos naturais e proibindo a introduo de espcies no-autctones.

    Lei Municipal 7733/98 (Poltica Municipal de Gesto e Saneamento Ambiental)

    Estabelece diretrizes para conciliar a proteo integral da fl ora, da fauna e das belezas naturais com atividades culturais, recreativas, educacionais e de pesquisa cientfi ca. O pargrafo 1 do Artigo 54 estabelece que o Parque Natural do Pedroso, tendo em vista suas caractersticas naturais, passa a ser uma Unidade de Conservao, categoria Parque Natural Municipal, devendo o Poder Executivo elaborar o Plano de Manejo de sua rea.

    Lei Orgnica do Municpio 1990 (Art.196 e 197)

    Estabelece que as reas verdes do Parque Natural do Pedroso no podem, sob qualquer pretexto, ser includas para reforma urbana habitacional e industrial, devendo ser consideradas intocveis para a manuteno do ecossistema local.

    Constituio Federal de 1988

    No Captulo VI Do Meio Ambiente, estabelece que: todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes. Em seu Artigo 4, considera a Mata Atlntica um patrimnio nacional.

    Lei Estadual 1172/76 (Proteo estadual aos mananciais)

    Restringe o uso do solo em reas de mananciais, proibindo o desmata-mento, a remoo da cobertura vegetal existente e a movimentao de terra. Inclui o Parque Natural do Pedroso como o limite entre a rea de mananciais e a rea urbana do municpio de Santo Andr.

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    certo que toda vida, seja de humanos, outro animal ou vegetal, tem igual direito a um nicho, a um abrigo, a uma delimitao no solo. Estabelecer alguns limites de habitat de uns e de outros signifi ca perpetuar a vida de todos. para isso que servem os parques naturais, as reas de proteo ambiental, como o Parque Natural do Pedroso. Nada mais lgico, racional, rigoroso e necessrio do que entender que o humano apenas uma forma de vida que tem que viver respeitando as outras vidas, para o seu prprio bem. Para que nossos corpos continuem a habitar o planeta, precisamos dar lugar aos corpos dos outros seres porque so as interrelaes dos diversos sistemas vivos que mantm a vida na Terra, nossa casa comum.

    c o n t i n g n c i a s s o c i o e c o n m i c a s

    A natureza a casa comum dos seres vivos.

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    Cada um tem que fazer a sua parte. Ai, como eu gostaria que cada morador

    daqui fosse um vigilante do parque. No meu entender esse o maior patrimnio que Santo Andr tem.

    Tem que acordar pra essa realidade.Moiss Antonio de Pinho,

    morador do Pintassilgo

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    Para isso, preciso elaborar e sancionar leis. Para isso, preciso haver fi scalizao do cumprimento dessas leis. Porm, mais do que leis e fi scalizao, preciso que compreendamos como se processa a dinmica da vida, atravs do compartilhamento do meio pelas espcies, cada uma em seu ritmo e em seu tempo. E preciso tolerncia ou pacincia, como diz a letra da msica de Lenine e Dudu Falco porque a vida to rara:

    O mundo vai girando cada vez mais velozA gente espera do mundo e o mundo espera de nsUm pouco mais de pacincia.

    Ser que tempo que nos falta pra perceberSer que temos esse tempo pra perderE quem quer saberA vida no praA vida to rara...

    Mas pode parecer intil falar de direito, de leis, de fi scalizao e de compreenso dos processos da vida, quando o mais grave problema que enfrentamos hoje socioeconmico, com amplo espectro e ramifi caes regionais, nacionais e mundiais. Esse problema , somado viso utilitarista e predadora do meio ambiente, outro componente do modelo de desenvolvimento insustentvel adotado pela moderna sociedade ocidental.

    Tendo em vista os confl itos socioeconmicos, os gestores das reas de proteo ao meio ambiente tm de lidar com as conseqncias das demais polticas pblicas setoriais que extrapolam a esfera local. Esse o caso da falta de moradia para a populao de baixa renda. O processo de expulso imobiliria das classes populares da rea urbana formal leva essas populaes ocupao irregular em reas de proteo ambiental, apesar das precrias condies de vida ali encontradas.

    Apesar da amplitude dos quatro aspectos relacionados as leis, a fi scalizao, a compreenso dos processos da vida e o problema socioeconmico , o municpio de Santo Andr resolveu ousar ao tomar para si a gesto de uma das maiores Unidades de Conservao na categoria

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    Ningum gosta de morar na favela, mas onde pode estar.

    Alexandre Silva de Sousa

    xodo urbano

    Em depoimentos no livro Histria oral com participao comunitria a experincia de Santo Andr, habitantes da favela Pintassilgo contam como e porqu ali fi xaram residncia:

    Quando entrei aqui, isso aqui no tinha gente, era uma mata... Era um

    lugar de pescadores e caadores. Aqui no tinha gua, no tinha luz... tinha

    uns cinco moradores.Manoel Crisante Leite

    Minha famlia separou-se de mim e eu fi quei por aqui, porque eu no tinha

    recursos para ir para outro lugar... no tinha condies de pagar aluguel.

    Manoel Ramos Rodrigues Filho

    Como eu era autnoma, trabalhava por conta, no tinha como eu manter

    aluguel. E tinha gestao, e a gente nunca sabe se a gestao ia ser

    completa, ia ser bem ou no. A com 2 meses de gravidez vim para c.

    Ana Paula de Carvalho

    O oxignio aqui bom, no tem poluio... Minha me decidiu comprar um barraco ali mesmo, ento.

    E outra: tem lugar para jogar bola, eu pulo na represa pra nadar, esse negcio fi ca perto e j um lugar pra

    lazer, enquanto l p cidade no tem isso, difcil.

    Daniel do Nascimento

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    de parque natural municipal do Brasil, em 1988, a partir de sua Poltica Municipal de Gesto e Saneamento Ambiental. Elaborou a lei, passou a exercer o seu papel de gestor das questes ambientais locais e tem promovido uma grande mudana no Parque Natural do Pedroso.

    Com o objetivo de maximizar os efeitos positivos, sejam ambientais ou de desenvolvimento humano, uma das principais mudanas a meta de proporcionar condies para que as pessoas que vivem no entorno participem efetivamente dos projetos ambientais. Para isso, esto sendo realizados diversos programas sociais e educativos.

    Simultaneamente, a fi scalizao do Servio Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andr h sete anos vem trabalhando para frear a ocupao clandestina dentro das fronteiras do parque, por terra, com viaturas, motos e rondas a p; pelo ar, com a ajuda de helicpteros, e pela gua, de barco. O combate aos incndios foi intensifi cado e, recentemente, uma rea de trs hectares foi refl orestada.

    A favela Pintassilgo tambm chamada de Pintassilva e Pintassilvo , na divisa sudeste dentro do parque, e s margens da represa Billings, foi congelada, ou seja, seu crescimento foi contido. A Pintassilgo ocupa 17 hectares e abriga aproximadamente 726 famlias.

    Na rea onde funcionava uma antiga olaria encontram-se casas que abrigam famlias de funcio-nrios da prefeitura, que trabalhavam no parque. Outra gleba ocupada pela Federao Regional de Umbanda, embora a concesso do terreno, que ocorreu na dcada de 1970, tenha sido retirada em 1997.

    No entanto, a ocupao irregular das favelas Toledana e Cata Preta, que se localizam em pontos da divisa do parque com a rea urbana, continua a ser um dos mais graves problemas a pressionar a rea de proteo.

    volta do Parque Natural do Pedroso ainda h o sistema virio que interliga bairros Recreio da Borda do Campo, Miami, Riviera e Toledana e cidades Mau e So Bernardo do Campo e possui 21.575 metros de extenso. As principais vias que cortam o parque

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    Exerccio de cidadania

    Desde meados de 1990 a prefeitura de Santo Andr respondia por uma Ao Civil Pblica, promovida pelo Ministrio Pblico do Estado de So Paulo, exigindo a remoo imediata de todas as famlias que ocupavam a rea irregularmente, bem como a ampliao do poder de fi scalizao ambiental e patrimonial. At 2002, a prefeitura vinha sendo penalizada a pagar multas pelo no cumprimento desta determinao jurdica.

    Em maio de 2001, foi realizada, pelo GEPAM Gerenciamento Participativo em rea de Mananciais em Santo Andr, uma ofi cina denominada Charrette. O traba-lho multidisciplinar objetivou encontrar solues tcnicas urbansticas e ambientais para esse re-assentamento informal, centradas em trs tpicos interligados: manter a integridade da rea de proteo aos mananciais; restabelecer a integridade do Parque Natural do Pedroso e da paisagem, e atender estabilidade e melhoria da qualidade de vida da comunidade. To logo esses estudos foram sistematizados, eles serviram como evidncias para demonstrar Promotoria Pblica Ambiental a possibilidade concreta da existncia de uma soluo vivel que atendesse legislao, ao direito moradia e principalmente recuperao ambiental das reas degradadas com a ocupao irregular.

    Os moradores tambm foram convidados a participar do exerccio da Charrette, podendo expor suas opinies e sugestes para a administrao pblica.

    Em abril de 2002, aps longa e detalhada negociao entre a prefeitura de Santo Andr e o Ministrio Pblico, foi homologado um TAC Termo de Ajuste de Conduta, da legislao ambiental brasileira. O TAC objetivou cessar as penali-dades contra a pre feitura, mediante o comprometimento em equacionar o problema ambiental e social.

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    A marcha do asfalto

    Um novo e relevante impacto deve ocorrer com a implementao do trecho sul do Rodoanel Mrio Covas que dever chegar regio do Parque Natural do Pedroso. O futuro Trecho Sul da obra viria passar pelos municpios de Embu, Itapecerica da Serra, So Paulo, So Bernardo do Campo, Ribeiro Pires e Mau, dentro da rea de proteo aos mananciais e atingir as faces Sul e Leste do Parque Natural do Pedroso, onde se localiza o Ncleo Pintassilgo, que ser parcialmente atingido pelas obras.

    Tendo em vista as caractersticas da rea de manancial, o projeto contempla a construo de duas pontes sobre a Billings e um sistema de drenagem que colete e conduza o desge das pistas para a prpria represa, porm, distante da rea de captao de gua pela Sabesp. No entanto, calcula-se que, por mais que se tente evitar, as intervenes no sero indolores para o meio ambiente local.

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    so as estradas do Pedroso, do Montanho e Papa Joo 23, conhecida como Sertozinho, somadas a outras vias internas. Pelo ar, duas linhas de alta-tenso infl uenciam diretamente uma rea de 84.540 metros quadrados.

    A ocupao do parque, portanto, exibe caractersticas tanto urbanas quanto rurais. Essas condies exercem impactos variados sobre os ecossistemas nativos. As alteraes de fatores como umidade e luminosidade junto borda da mata, junto s margens do sistema virio, por exemplo, so agravadas pela constante poluio causada pelo trnsito de veculos pesados e em alta velocidade no piso de terra. como se os poros da vegetao se afogassem nas nuvens de gases e partculas emitidas pelos veculos.

    Divisa do Pedroso com So Bernardo do Campo.

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    Como na natureza no h hierarquias h somente redes aninhadas dentro de outras redes , os desafi os que se apresentam para a preservao do Parque Natural do Pedroso dizem respeito forma de interao das comunidades humanas com as comunidades de ecossistemas naturais. Cada uma dessas comunidades forma por si s outras redes, a partir dos ns que conectam humanos, fl ora, fauna, recursos hdricos e fenmenos climticos.

    Embora organismos e sociedades humanas sejam tipos diferentes de sistemas vivos, tm em comum a capacidade de adaptao, de aprendizagem e de desenvolvimento contnuos. Nesse pressuposto se assenta o desdobramento das vidas que dependem, fl uem e se comunicam no Parque Natural do Pedroso, a partir do estabelecimento de padres que no quebram a capaci-dade de autopoiese das redes. Redes que se autogeram e se recriam, enquanto fortalecem, expandem e entrelaam em delicada, porm robusta trama, cada um de seus pontos, cada um dos elementos naturais e sociais.

    u m a n o v a a l i a n a

    Antigo ponto de telefrico.

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    A nova cincia da ecologia enriqueceu a emergente maneira sistmica de pensar introduzindo

    duas novas concepes comunidade e rede.Fritjof Capra

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    Ofi cina de Paisagismo com a comunidade andreense.

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    A gesto dos padres e do valor das redes autopoiticas do Parque Natural do Pedroso est sob a coordenao do SEMASA e se caracteriza pela integrao dos diferentes setores da administrao municipal, pelas reas tcnicas de planejamento estratgico e pela participao popular. As aes vm sendo conduzidas a partir de diretrizes defi nidas nos estudos prvios do Plano de Manejo do Parque.

    A partir de 2005, quando a administrao defi niu o Parque Natural do Pedroso como prioridade de governo, foram iniciados o diagnstico e o zoneamento preliminares. Em paralelo, foi criado o Grupo Gestor do Parque composto por representantes de cinco secretarias: de Governo, da Educao, de Cultura Esportes e Lazer, de Desenvolvimento Urbano e Habitao, de Obras. O grupo props e executou aes para a melhoria da infra-estrutura, da segurana e da acessibilidade, entre outras.

    Com relao ao envolvimento das comunidades que vivem dentro no entorno do parque, desde 1997 so realizados programas de educao ambiental visitas monitoradas, palestras nas escolas da regio, cursos e ofi cinas , gesto participativa, sade etc. Entre eles, o Programa de Jovens tem contribudo especialmente para a formao ecoprofi ssional de pessoas na faixa etria entre 15 e 17 anos, abrindo possibilidades de atuarem no ecomercado. Os jovens recebem aulas prticas e tericas sobre refl orestamento, monitoramento de trilhas, noes de defesa civil, turismo ecolgico, horticultura, problemas ambientais, ofi cina de essncias aromticas, primeiros socorros, alimentos orgnicos e transgnicos, legislao ambiental, noes de elaborao de projetos, histria da Mata Atlntica etc.

    Para minimizar os efeitos nocivos do acesso de caadores e lenhadores, do atropelamento de animais e supresso da vegetao nas laterais das vias, foram realizados o estreitamento das estradas do Montanho e do Sertozinho, e o seu refl orestamento com mudas nativas.

    Como toda Unidade de Conservao, o Parque Natural do Pedroso tem diversas e importantes funes a cumprir. Para tanto, necessita de um Plano de Manejo, ou seja, de um planejamento que leve em conta suas caractersticas e especifi cidades e proponha um conjunto de intervenes capazes de promover, ao mesmo tempo, a conservao e proteo biolgica, pesquisa e manejo dos recursos, zoneamento para o uso dos mesmos, alm de atividades de educao

    O que tiver fora da idia de ecologia veneno. Quem dera que as pessoas tivessem a conscincia do valor disso a, da natureza.Ary de Andrade Mendes, morador do Pintassilgo

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    e de recreao, possibilitando o gerenciamento efi caz de toda essa riqueza. O Plano de Manejo deve tambm ser dinmico, porque trata das expectativas para o futuro do Parque, a integrao dos vrios aspectos envolvidos: ecolgicos, cientfi cos, econmicos, sociais e polticos. Assim, torna-se ferramenta fundamental para desencadear aes capazes de reorganizar e dar nova vitalidade ao Parque.

    Outras iniciativas encontram-se em andamento. Por exemplo, a colocao de placas de sinalizao e orientao, alertando sobre as penalidades que pode sofrer quem joga lixo, e sobre a proibio de nadar, pescar e caar em reas do parque.

    Tudo isso no quer dizer que os visitantes no sero bem-vindos. O Plano Municipal do Sistema de reas Verdes de Santo Andr prev a associao direta do lazer com o meio ambiente, por meio da reconciliao entre sociedade e natureza. E ressalta que isso s ser possvel se, na tentativa de preservar a natureza, no condenarmos o ser humano a viver fora dela. Afi nal, a prpria humanidade tanto 100% natureza quanto 100% cultura. Somos fi lhos do mundo vivo e animal e existimos pela experincia social, que necessita alimentar nossa dupla vocao de faber (trabalhador) e ludens (que brinca e cria).

    Nesse sentido, esto sendo elaborados os projetos para o Parque, como o projeto paisagstico, integrando a preservao e a contemplao das belezas dos recursos naturais, requalifi cando as reas de lazer para proporcionar condies de maior permanncia e conforto aos freqentadores. Melhorias signifi cativas na infra-estrutura, como a drenagem de guas pluviais; destinao dos resduos slidos e lquidos; iluminao efi ciente; adequao do parquinho infantil; instalao de bancos, mesas, churrasqueiras, lixeiras, bebedouros, quiosques, mesas para jogos e estaes de ginstica; aproveitamento das bicas para abastecimento dos usurios; implantao de ciclovia e pista de Cooper; requalifi cao dos edifcios do antigo Telefrico; construo de mais dois sanitrios e de fraldrio, de enfermaria, de posto de monitoria, banca de jornal e abrigos para pesquisadores esto sendo especialmente projetadas para a rea de uso intensivo do Parque Natural do Pedroso.

    Estes projetos se aliaro a outros que contemplam a recuperao da fl ora e da fauna, formando um projeto paisagstico que apresenta solues criativas, de baixo custo, de grande beleza,

    Projeto Paisagstico para o Parque Natural do Pedroso.

    Aqui ns temos o privilgio de respirar. Eu trouxe uma colega do

    Mato Grosso aqui e mostrei o parque... ela fi cou maravilhada... E olha que l

    no Mato Grosso tem o Pantanal...Eu no considero isso aqui uma favela.

    Marta e Mnica Arajo de Oliveira,

    moradoras do Pintassilgo

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    Mapa de Topografi a do Parque Natural do PedrosoHidrografi a e Ocupao

    Mapa de declividadeHidrografi a e Ocupao

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  • 7 1Estudos preliminares de caracterizao de aspectostopogrfi cos, hidrogrfi cos e biofsico do Parque Natural do Pedroso para o Plano de Manejo.

    Mapa de topografi area de Preservao Permanente (APP) de nascentes, Topo de Morro e Drenagem

    O Plano Municipal do Sistema de reas Verdes de Santo Andr prev a associao direta do lazer com o meio ambiente, por meio da reconciliao entre sociedade e natureza.

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    Zoneamento preliminar do Parque Natural do Pedroso

    Recanto Arco-ris

    rea para compensaoambiental

    Antigo Desafi o Jovem

    Viveiromunicipal

    Capela de Santa Cruz

    Jardim Japons

    Antiga olaria

    Santurio Umbandista

    Estao C do antigo telefrico

    Estao A do antigo telefrico

    Estao B do antigo telefrico

    rea de lazer

    Portaria Principal

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    que aliam conservao ambiental e preservao dos recursos naturais, com o uso sustentvel da rea pela populao.

    A segurana do pblico freqentador do Parque foi contemplada com o aumento do contingente de policiais civis na rea, contribuindo para o aumento sensvel do nmero de visitantes e para a sensao de ali estarem protegidos.

    Conforme determina a legislao, tambm est sendo elaborado o Plano de Manejo que deve estabelecer os critrios de convivncia entre quatro zonas ecolgicas e socioambientais:

    ZE Zona de Uso Extensivo. Predominantemente coberta pela fl oresta nativa em estgio secundrio, na transio, entre zonas degradadas ou de recuperao, funcionando como uma faixa-tampo. Pode ter a presena de trilhas e pontos para a instalao de mirantes e torres de observao.

    ZI Zona de Uso Intensivo. reas dedicadas ao lazer, recreao e administrao. Locais onde h alta concentrao e circulao humana, como o sistema virio e os acessos.

    ZR Zona de Recuperao Ambiental. reas confi guradas pelas favelas Pintassilgo e Toledana e outros locais de visitao no parque, como o Santurio, a nascente prxima da estrada do Montanho; as matas ciliares nas margens dos cursos dgua; setores cobertos por espcies exticas etc.

    ZA Zona de Amortecimento. Constituda pelos bairros limtrofes: Recreio da Borda do Campo, Parque Miami, Favela Pintassilgo, Favela Toledana, Cata Preta e Comunidade Joo Ramalho e Jardim Vila Rica.

    Cada uma dessas zonas, no entanto, no existe sozinha. Cada uma depende dos fatores socioam-bientais das outras trs. Para que o conjunto funcione para o bem comum, cabe aos organismos pblicos possibilitar o dilogo entre os interesses em confl ito no Parque Natural do Pedroso. Dar voz fl ora, fauna e ao sistema hdrico, reunidos nas fronteiras demarcadas, pela boca dos ambientalistas e cientistas. E dar voz populao humana do entorno, possibilitando o acesso s reas de lazer e contemplao, mas tambm atendendo a outras necessidades, inclusive a de participar efetivamente desse pacto de aprendizagem conjunta.

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    Dada a confi gurao simbitica da diversidade da vida, e considerando, como a antroploga Maria da Conceio de Almeida, arrogante qualquer projeto direcionado exclusivamente para a auto-satisfao da espcie humana, precisamos construir novos patamares ticos que incluam o princpio da simpatia universal e da convivncia respeitosa com outras formas de vida no-humana. Por que no pensar uma tica de vida que contemple as orqudeas e as cactceas? O problema pois: qual tica e para quem?

    Por outro lado, uma tica que contemple as rvores e os outros seres nativos do Parque Natural do Pedroso tem que levar em conta tambm a regenerao da espcie humana. E a regenerao da espcie humana nasce no bero do respeito vida, que faz com que a diversidade das espcies plantas, pssaros, fl ores... seja equivalente s possibilidades do esprito humano. Ou, como sintetizam de outra forma os versos do poema Pintassilgo, meu pequeno paraso, de Ary de Andrade Mendes, morador local, sem verde a nossa cultura vai virar ignorncia...

    Sutil e profunda ao mesmo tempo, a idia transmitida pelo poeta resume a inteno deste livro. Mas o Parque Natural do Pedroso, um patrimnio da vida, muito mais do que conseguem alcanar as palavras. Por isso, tudo o que est nestas pginas uma semente plantada com o sentimento de que este o seu momento. E deve germinar:

    Plante uma boa semente.Numa terra condizente, que a semente d...Pegue, regue bem a plantaQue nem praga no adiantaEla vai vingar.Planta como o sentimentoTem o seu momentoTem o seu lugar.Gente tambm sementeTem que estar contenteTem que respirar...Planta baixaVinicius de Moraes e Toquinho

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    AntrpicaRelativa s modifi caes no meio ambiente provocadas pela ao humana.

    Aquecimento global, efeito estufaO aquecimento global um fenmeno climtico de larga extenso: o aumento da temperatura na superfcie terrestre, causado pelo aumento da emisso de gases-estufa, especialmente, gs carbono, pelas atividades humanas, como a queima de combustveis fsseis em indstrias e veculos. Dessa forma, o efeito estufa natural, que benfi co aos seres vivos, torna-se um problema. O aumento da emisso de gases-estufa aumenta a capacidade da atmosfera de aprisionar calor.

    AssoreamentoO acmulo de areia, solo desprendido de eroses e outros materiais levados at rios, lagos e represas pela chuva, pelo vento ou pelas atividades humanas. Quando isso ocorre, cabe s matas ciliares servirem de fi ltro para que esse material no se deposite na gua. Se as matas ciliares forem indevidamente removidas, os cursos dgua perdem sua proteo natural contra o assoreamento, fi cando sujeitos ao desbarrancamento de suas margens.

    Autopoiese, auto-organizaoChamamos o bioma e os ecossistemas de auto-organizados (ou autopoiticos), isto : formam um padro de rede porque a funo de cada um de seus componentes consiste em participar na produo ou na transformao de outros componentes.

    Big-BangA expresso, em ingls, quer dizer grande exploso, e usada pelos cientistas para explicar o surgimento do universo. Segundo essa teoria, o universo surgiu da exploso de uma bolha extremamente quente e densa h cerca de 13 bilhes de anos.

    BiodiversidadeOu diversidade biolgica a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, entre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquticos e os complexos ecolgicos dos quais fazem parte. Compreende ainda a diversidade dentro das espcies, entre espcies e de ecossistemas. A biodiversidade inclui a totalidade dos recursos vivos ou biolgicos e dos recursos genticos e seus componentes.

    BiomaOs biomas so grandes formaes vegetais encontradas nos diferentes conti-nentes da Terra, constitudas por infl uncia de fatores climticos (temperatura e umidade) relacionados latitude. As variaes de vegetao encontradas dentro de um mesmo bioma recebem o nome de bitipos e suas caractersticas so defi nidas principalmente pelo solo, topog