Pedroso nº 42

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Novamente na rua o vozeiro da Assembleia Comarcal de Compostela de NÓS-UP. Desta volta o Pedroso denuncia na capa o esbanjamento de recursos públicos investidos na visita do Papa a Compostela.

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Anda o governo galego trabalhando a todo gás para de-monstrar que o dinheiro das galegas e dos galegos que vam gastar na visita do Papa vai ser recuperado. Dizia o conselheiro da Presidência que “o retorno e o benefício serám, evidentemente, maiores do que o investimento”. Presumia, além disto, de ter rebaixado o custo da visita de quatro a três milhons de euros, “em consonáncia com a política de austeridade da Junta”. 6.250€ por minuto, um ordenado que nem Cristiano Ronaldo. Como o in-vestimento deste, o do Papa recuperará-se em camiso-las, supomos.Mas o certo é que esses “retornos” para a Galiza nom som tal, mas retornos para os empresários da hotelaria de Compostela. Como o Jacobeu, e em geral toda a po-lítica turística do governo, o objectivo é financiar com

dinheiro público o desenvolvimento da indústria turísti-ca, bem conhecida pola instabilidade e precariedade dos postos de trabalho que gera. O último em somar-se às declaraçons de apoio foi o pre-sidente municipal “socialista” Bugalho, quem vê “ca-rente de base” o debate sobre se a visita de um líder reli-gioso deve ser financiada com fundos públicos. Bugalho detecta algum “clima de estresse” na cidade e pede aos compostelanos e compostelanas que nom se vaiam de Compostela no sábado da visita do Papa, para que este sinta “calor humano”. Mas o certo é que, ante o encon-tro, ao mais puro estilo de um botelhom, dos cristaos em Compostela, os vizinhos e vizinhas fogem para nom verem a sua cidade sequestrada.Toda umha metáfora do modelo de cidade imposto pola

Continua na página 2

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Ratzinger

O Pedroso entrevista

Guilherme BreaOperário da construçom no desemprego e militante de BRIGA, organizaçom juvenil da esquerda independentista

Análise

Xosé Cabido

Compostela deveria apostar no ensino público frente ao concertado

Nom te esperamos

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cámara municipal governada polo PSOE-BNG, cada vez mais turistifi-cada, policial e ao serviço do pere-grino. Um parque de diversons onde todas e todos devemos ser hospita-leiras, pois disso depende, cada vez mais, a nossa economia.Um novo argumento acrescentou Feijó para defender esta visita: mi-lhares de pessoas vam poder ver “umha das praças mais bonitas da Europa, e dizer que isso é caro...”. Ainda supondo que as pessoas que virem a retransmissom andem aten-dendo à arquitectura do Obradoiro, o gasto na retransmissom na TV nom é recuperado. Como se pode consultar no web da televisom galega, o custo de um anúncio de 20 segundos na manhá de um sábado na TVG é 700€ e na tarde 900€. Ponhamos que o preço no dia da visita do Papa é maior: 1.000€. Fariam falta 1.500 anúncios para amortizar o milhom e meio que custa a retransmissom, o qual impli-ca 300 minutos de publicidade em 8 horas que dura a visita, quer dizer 37,5 minutos por hora. Isto, além de ser inviável, é ilegal, pois a lei só au-toriza a emissom de 12 minutos de publicidade à hora. E, honestamente, se lhe sobem o preço nom sabemos quem pode ter interesse em se anun-ciar.Que nom nos enganem, a razom últi-ma desta afluência dos meios é que o Papa é o líder de umha seita religio-sa na qual militam fervorosamente Feijó e companhia. Mas nom seriam Feijó e companhia os primeiros em protestarem se se financiasse com di-nheiro público a viagem a Melilha de um religioso muçulmano, embora a maioria da populaçom professe essa religiom?Se querem trazer o seu chefe, que o pague a Igreja. Ou o PP, em pago

à campanha eleitoral que de forma gratuita e denodada lhes realiza esta instituiçom na imensa maioria dos seus templos no país, cada quatro anos. Ou o empresariado, ou a direi-ta em geral, ou os machistas, os ho-mófobos... pola ansiosa difusom dos valores mais rançosos e retrógrados, temperados com esse discurso de “virar a outra face” servil, que tanto convém ao poder estabelecido.E se querem trazê-lo que o tragam longe, onde nom incomodem.

Boa parte de Compostela nom apoia a visitaDiversas iniciativas se tenhem posto em andamento para tornar visível o rejeitamento a esta visita. Umha de-las, a ediçom de bandeiras vermelhas com a legenda Eu nom te espero, cada vez mais comuns nas ruas da cidade. Contava um rapaz que vive na rua de Sam Pedro e que tinha pendurada umha destas bandeiras na sua varan-da, como esta fora arrancada por um grupo de 30 hooligans exaltados che-gados a Compostela com motivo do “Encuentro de Jovenes Cristianos”, ao grito de “yo sí te espero”. Quem tentasse passear por Compostela o fim de semana do 7 de Agosto sabe de que falamos. A toma da cidade foi total e parece que esta fosse preparada para servir os 12.000 “pijos” que vinhérom “celebrar a sua fé”. Entre os seus cánticos religio-sos, muitos alusivos ao arrependi-mento pola sua natureza pecadora, nom podia faltar o “yo soy español” que evidencia a estreita relaçom en-tre Espanha e Igreja. Nom está de mais lembrar o papel decisivo desta instituiçom na pro-moçom do auto-ódio e desprezo pola língua e a cultura galegas, nomeada-mente durante a ditadura franquista. Com efeito, a relaçom entre Igreja

e regimes fascistas é também mui-to frutífera, como bem lembrará o Ratzinger, membro no seu dia das juventudes hitlerianas.E que dizer dos repulsivos valores difundidos pola Igreja: a homofo-bia, o machismo,... Em Dezembro do passado ano, o Papa dizia que as relaçons entre pessoas do mes-mo sexo vam contra a lei natural e contra a dignidade das pessoas. Já em 2005 o vigário geral da diocese de Mondonhedo se destapava numha carta ao ministro da Defesa, onde considerava criminosas as práticas homossexuais. Para a Igreja as mulheres som en-carnaçom do mal, do pecado. A Arquidiocese de México declarava em 2008 que para evitar violaçons, as mulheres “nom devem usar roupa provocativa, cuidar olhares e gestos, nom permanecer sozinhas com um homem, ainda que for conhecido, nom admitir brincadeiras ou conver-sas picantes, nom permitir familiari-dades com o sexo masculino e pedir ajuda quando se suspeitar de umha má intençom”. Afinal a culpa é de-las, nom é?Mas para além dos ex abruptos que podam dizer ou calar, a Igreja tra-balha diariamente para a extensom e reforço desses valores patriarcais. Nom é difícil observar as suas con-seqüências: o paro feminino supe-rior ao masculino, as mulheres pre-cisam de mais titulaçom para optar

ao mesmo posto de trabalho e, em geral, recebem menor salário por de-senvolverem o mesmo labor que os homens. Os papéis sociais de mater-nidade, manutençom do lar, cuidado das pessoas, som os que o patriarca-do reserva para as mulheres. Quantas enfermeiras conheces por cada en-fermeiro, quantos limpadores?E quantas vezes nom temos escui-tado isso de “ela ia provocando” ou “se estivesse na casa em vez de por ai...”. Os assassinatos machistas que tenhem lugar cada pouco tempo te-nhem muito a ver com estes valores. Ninguém pode quantificar todo o sofrimento gerado pola Igreja, nem toda a repressom.No Jubileu do 2000, o anterior Papa tivo umha revelaçom: pediu perdom por todas as atrocidades cometidas pola Igreja ao longo da sua história, referindo-se especialmente às “guer-ras de religiom”, aos “tribunais da Inquisiçom” e à “violaçom de direi-tos humanos”. De outras violaçons também tivérom que pedir perdom ultimamente.Até o 6 de Novembro protestaremos pola vinda do Ratzinger e pola pre-sença da Igreja na vida pública do nosso país e da nossa cidade. Se ca-lhar às vezes resultaremos ofensivas e ofensivos. No final deste milénio nom teremos problemas em fazermos balanço e, se é necessário, pedirmos desculpas a quem se ofender.

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República Argentina, nº 44 BRua Sam Roque, nº 14 B

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Duas som as varas de medir empregadas po-las actuais autoridades municipais à hora de aplicarem a sua gestom no concelho. Paradigmática é a atitude mantida à volta do que, em sentido amplo, podemos denominar

“liberdade de expressom”. PSOE-BNG estám há anos envolvidos numha intensa cruzada contra o conjunto do movimento popular perseguindo todas aquelas iniciativas que nom estám sob a sua influência ou consideram ligadas a reivindi-caçons que nom podem ou nom devem assumir. Milhares de euros de multas e dúzias de arres-tos domiciliários som o balanço de umha política

inquisitorial que tenta há mais de umha década, infrutuosamente, tornar invisível a esquerda inde-pendentista e os movimentos sociais.

Embora os custos tenham sido duros para quem simplesmente nom capitulamos nem abraçamos este modelo de cidade excludente, a realidade constata que as sistemáticas campanhas de intoxicaçom e cri-minalizaçom de toda a reivindicaçom política e so-

cial que nom conta com o aval do regime nom lográrom o objectivo perseguido.

Se os meios de comunicaçom da bur-guesia censuram as iniciativas popula-res, se a cámara municipal impossibili-ta realizar murais ou colocar faixas, se endurece a normativa na organizaçom

de iniciativas populares como as cacha relas ou os magustos, aplicando condi-

çons ad hoc a NÓS-UP ou a Gentalha do Pichel, como pretendem que os muros da cidade nom deixem de exprimir as reivindicaçons?

Nom se podem lançar pedras à lua, como tampouco vam lograr impedir que a esquerda independentista se manifeste nas ruas e divulgue os seus posicionamen-tos. Há décadas que o fazemos e assim continuaremos até lograrmos os nossos objectivos. Que ninguém se engane!Por muita polícia que trouxerem, por muita video-vigiláncia que instalarem, por muito controlo social que adoptarem, por muito estado de excepçom limitado que aplicarem, o turismo vai continuar a encontrar umha cidade viva que aderiu maci-

çamente a greve geral, que nom apoia a visita do Papa, que está farta de tanta polícia espanhola, que quer trabalho digno e de qualidade, que quer desfrutar das suas ruas e praças.

Nom se pode permitir que o PSOE e o BNG multem a Gentalha do Pichel por instalar umha faixa em defe-sa da nossa língua no recinto concedido pola cámara municipal para organizar a cacharela do solstício de verao enquanto nas semanas prévias bandeiras espanholas ocupavam janelas, varandas e fachadas da cidade com total e absoluta impunidade.A esquerda independentsita é contrária a qualquer regulaçom de um exercício democrático fundamen-tal como a liberdade de expressom. Porém, nom pode ficar ao margem da política repressiva de Rajói, de decisons derivadas e condicionadas exclusivamente por excludentes parámetros ideológicos. Nom po-demos permitir que a “liberdade de expressom” seja possível para instalar a bandeira espanhola mas nom se permite exercer à hora de instalar umha faixa em defesa do galego.Sabemos que tanto Bugalho como a representaçom municipal do BNG som acérrimos inimigos do movi-mento popular. Que estas duas forças institucionais só corrigem as suas decisons como consequência da pres-som exercida pola luita. Nós nisto nom vamos ceder. Mais de umha década de perseverante defesa das liberdades de-mocráticas básicas assim o avaliam.

A visita do Papa a Compostela é umha nova mostra do que denunciamos, a ausência de idênticos direitos para quem quer aplaudir o inquilino do Vaticano e para quem consideramos que as instituiçons públicas nom podem esbanjar mi-lhons de euros em organizarem um evento religioso recortando os movimentos e os direitos democráticos da vizinhança.Joseph Ratzinger tem o direito a vir à capital da Galiza mas as compostelanas e compostelanos nom temos porque aturar e muito menos pagar com os nossos im-postos um show reaccionário carregado de intoleráncia e fanatismo.

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Há já uns meses que na Comissom do Meio Natural da Gentalha do Pichel estamos a traba-lhar na defesa das Branhas do Sar, sós ou em colaboraçom com outros colecti-vos como Verdegaia

ou a rede Galiza nom se Vende. Neste tempo temos feito roteiros, textos informativos, expo-siçons, murais... para dar a conhecer a impor-táncia deste espaço natural e criticar o Plano Especial com o que a cámara municipal preten-de actuar sobre este ecossistema.Há quatro funçons que definem a importáncia das Branhas: biológica (trata-se de um ecossis-tema muito específico, com umha flora e umha fauna particulares), hidráulica (realiza um efeito esponja que regula o caudal do rio e evita cheias águas abaixo), produtiva (trata-se de umha zona muito fértil que tradicionalmente tem sido apro-veitada para a agricultura e a gadaria), e cultural (derivado destas atividades humanas, a impor-táncia cultural deste espaço tem sido grande, como testemunham restos patrimoniais como

moinhos, fontes, lavadoiros...)O Plano Especial da cámara municipal nom tem em conta estes factores: deixa sem prote-ger zonas importantes das Branhas onde permi-te edificar (entre a rua das Santas Marinhas e o carreiro de Picanhos), destina 70.000 m2 para a construçom de equipamentos desportivos e universitários, secciona o ecossistema mediante passeios e estradas, e nom tem avaliaçom am-biental estratégica, o qual é ilegal segundo a Resoluçom do 2 de Julho de 2007, da Direçom Geral de Desenvolvimento Sustentável da Junta da Galiza.Além disto, o processo de informaçom pública tem sido vergonhoso: mapas manipulados na apresentaçom diante da imprensa, dificuldades no acesso ao documento,... Em pleno período de alegaçons os vizinhos e vizinhas afectadas ainda nom conhecem como será o processo de expropriaçom.Mas nom só somos nós quem criticamos o pla-no. O Icomos (organismo internacional depen-dente da UNESCO) também o fijo, no mesmo documento em que critica o aberrante projec-to de construçom de um teleférico à Cidade da Cultura, proposto por Bugalho.Em 2008, a cámara municipal encarregou à

Universidade Politécnica da Catalunha um re-latório sobre a actuaçom prevista nas Branhas, denominado Estratégia Verde. Nele, a equipa de peritos/as indica que deveriam ser eliminados a estrada e os equipamentos projectados sobre as Branhas, assim como recuperar a conexom hidráulica com Belvis e o estacionamento do Multiusos para usos agrícolas.Nem os estudos que encarregam lhes som fa-voráveis.Que nom nos enganem, a vontade da cámara municipal nom é recuperar um espaço “aban-donado”. A razom última para levar a cabo o plano é que decidírom que Compostela tem que crescer em direcçom à Cidade da Cultura, esse monstruosidade que leva cada ano 40% do or-çamento da conselharia. Necessitam comunicar Compostela com o mausoléu de Fraga.Portanto, dizer nom ao plano é também dizer nom ao modelo de cidade turistificada e de par-que de diversons que promove a cámara muni-cipal.Só há umha cousa que pode parar este plano: a pressom social. Se queres colaborar com a cam-panha Nom ao Plano Especial das Branhas, pas-sa polo Centro Social o Pichel e informa-te.

o p i n i o mNom ao plano especial das Branhas

Comissom de Meio Natural da Gentalha do Pichel

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A selvagem especulaçom urbanís-tica na Galiza e posterior explosom da bolha imobiliária tem repercu-tido de maneira evidente no teu sector. Qual é para ti a situaçom depois de dous anos de crise?Como bem comentas a Galiza nom ficou fora da bolha imobiliária na qual o Estado espanhol tinha baseado a sua economia. A chegada da crise demonstrou o que parecia já impos-sível: piorar ainda mais a situaçom dos trabalhadores e trabalhadoras da construçom. No meu caso concre-to estes dous últimos anos estivem trabalhando numha empresa em que passamos de um quadro de pessoal de 15 trabalhadores aos 6 que restam na actualidade. Eu fum despedido há aproximadamente um mês, mas este processo de despedimentos fazia-se de forma progressiva infundindo um medo do qual a empresa tirava também lucros... mais horas extra gratuitas, dificuldades para exercer direitos como feriados, etc.Num convénio que marca 40 horas semanais nós fazíamos por volta das 50.

A greve geral do dia 29 de Setem–bro foi umha resposta maciça do povo trabalhador galego à refor-ma laboral, valorizada polos sin-dicatos como êxito rotundo na Galiza, por cima do seguimento no Estado espanhol. Como valori-zas a greve?O conjunto dos trabalhadores e tra-balhadoras, especialmente o prole-tariado fabril, demos umha dupla liçom. A primeira ao patronato, com umha contundente adesom à greve que atingiu na Galiza por volta de 80% de seguimento, muito por cima do resto do Estado; conseguiu-se pa-rar os principais sectores do País e

chefes e donos das empresas tivérom que tomar nota da nossa força. A se-gunda liçom demos-lha aos sindica-tos amarelos e à direcçom acomoda-da da CIG, quebrando com todas as suas suas previsons numha greve na qual eles mesmos nom acreditavam, e na qual se constatou umha comba-tividade na rua que deixou atrás as inércias acomodadas em que estám instaurados os sindicatos sem ini-ciativa própria. Porém é necessário mantermos e alargarmos a luita. A resposta do 29-S foi mui importante mas claramente insuficiente. Há que convocar já umha nova jornada de greve geral. O sindicalismo galego está na obrigaçom de levar agora a iniciativa.

E no teu sector?O sector da construçom respondeu bastante bem à greve, no meu caso já estava fora da empresa mas sei que nom se parou. Nas empresas peque-nas o trabalho sindical é muito mais complicado e os sindicatos tampou-co fam esforços por entrar nelas e quando o fam, som sindicatos ven-didos ao patronato. Na minha em-presa o único filiado, pertencente a CCOO era o encarregado e sobrinho da chefe, polo que podedes imaginar o intenso trabalho sindical do indiví-duo. Além disso, como já comentei existia umha ameaça constante de despedimento, o medo tirava fora qualquer convicçom de ir à greve.

Construçom e acidentes laborais som palavras que aparecem exces-sivas vezes ligadas nos meios…O pior é o tratamento que lhes é dado como se falássemos de desgraças... mas estes acidentes com feridos ou mortos som fruto do nulo investi-mento na segurança, das jornadas la-borais infinitas e da nula formaçom das trabalhadoras e trabalhadores... falemos entom de terrorismo patro-nal.

Quais som as condiçons no teu posto de trabalho?A dia de hoje ainda está estendida a crença de que se pôs um arnês és “pouco homem” ou “perdes tempo”. Na minha empresa as inspecçons de

trabalho estavam em conhecimento da construtora dias antes. Nós sa-biamos que se achegava umha ins-pecçom quando nos punham a tapar buracos e “arrumar” a obra, e dias depois lá estava o inspector. A em-presa nom proporcionava as equi-pas de segurança pessoal polo que umhas botas e umha funda usada era o mais a que se podia aspirar.

O número de mulheres emprega-das na construçom evidencia um claro machismo do sector…Nos anos que tenho estado na cons-truçom nunca tivem umha compa-nheira de trabalho, mas sim conheço casos de mulheres que solicitaram trabalho à minha última empresa. Chefes, gerentes e os próprios tra-balhadores brincavam com o tema... que se nom teria suficiente força, que se influiria negativamente na produtividade do resto...e burradas do género. Os sindicatos tenhem muito que furar e a formaçom é fun-damental para afrontar o problema mas também umha política de dis-criminaçom positiva que obrigue ao patronato a contratar mulheres.

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“A resposta do 29-S foi mui importante mas

claramente insuficiente. Há que convocar já umha nova jornada

de greve geral. O sindicalismo galego está na obrigaçom de levar

agora a iniciativa”

O Pedroso entrevista

GuilhermeBreaOperário da construçom no desemprego e militante de BRIGA, organizaçom juvenil da esquerda independentista

“Nos anos que tenho estado na construçom

nunca tivem umha companheira de trabalho,

mas sim conheço casos de mulheres que solicitaram trabalho à

minha última empresa”“Na minha empresa as inspecçons de trabalho estavam em conhecimento da construtora dias antes”

“Num convénio que marca 40

horas semanais nós fazíamos por

volta das 50”

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Ao falarmos do ensino en Com-postela é obrigado enquadrá-lo nas características gerais do ensino no País, salientando também aqueles aspectos que som específicos deste concelho. Cumpre sabermos, aliás, que responsabilidades correspondem a cada administraçom -local e na-cional- na gestom de todos aqueles aspectos que incidem na qualidade educativa. Como é bem sabido, as competências em educaçom estám transferidas do Estado à Galiza, ape-sar de que parcialmente, polo que é a Conselharia da Educaçom a respon-sável última da qualidade educativa em toda a Galiza. Porém, a respon-sabilidade dos concelhos respeito da eduaçom nom é pouca, sendo quem, com umha boa actuaçom dentro das suas competências, de melhorar a ca-pacitaçom do nosso alunado.

As competências mais importantes do ponto de vista orçamental som aquelas que atingem a manutençom -conservaçom e reparaçom dos edi-fícios e equipamentos escolares- das escolas públicas da Educaçom Infantil (EI) e Educaçom Primária (EP), a segurança das crianças, vi-giláncia, saneamento...-, pessoal de serviços… Neste sentido podemos afirmar que os centros da área de Compostela, a diferença de outros concelhos com menos recursos e/ou menos vontade política de investir em educaçom, apresentam um es-

tado “ajeitado” –sem mais-. Bem é certo que podemos fazer afirmaçons deste tipo tomando como referência a situación média do resto do País, bastante precária, e nom o que do STEG consideramos objectivos a alcançar. No entanto, apesar deste aprovado raspado, como em todas as vilas galegas, “o rural” começa a escassos quilómetros do centro da cidade, e com ele, os agravos compa-rativos entre centros...

Outra das funçons em que os con-celhos tenhem competência é na es-colarizaçom obrigatória de nenos e nenas. Neste aspecto, que afecta um dos maiores problemas que tem o en-sino na Galiza, o concelho suspende sem dúvida ao nom fazer umha apos-ta decidida no ensino público frente ao concertado. Entre as campanhas informativas sobre pré-inscriçom e matrícula nos centros escolares dos níveis educativos nom universitários salienta pola sua ausência a referên-cia a este esbanjamento económico que é especialmente visível nas ci-dades galegas. Para o STEG resulta inadmissível que em centros urbanos de Compostela existam centros pú-blicos dotados de recursos materiais e de professorado, ambos de exce-lente qualidade, que contem com escassa inscriçom; no entanto os centros concertados enchem até re-bordar as suas aulas, incrementando duplamente a despesa pública. Sir-

vam de exemplo o CEIP de Vite e o CEIP Apóstolo Santiago, em que os preconceitos sociais respeito de par-te do alunado matriculado fam com que a inscriçom total seja escassa. Do concelho pouco ou nada fam por salientar a qualidade -demonstrável- do ensino nestes centros e noutros de características sociais semelhan-tes. Para além de casos extremos como estes, o processo constante de abandono por parte de determinados sectores sociais do ensino público é unha realidade que só augura umha maior fenda social no futuro da já existente hoje em dia. Claramente, caminhamos na direcçom contrária a que deveria ir umha sociedade que se diz democrática. Ainda que a causa desta realidade é multifactorial, sem perdermos o referente da responsa-bilidade final estatal e nacional, da administraçom local é fundamental fazer umha aposta em serviços am-plamente demandados como canti-nas ou actividades extra-escolares, assim como perder o medo a impli-car-se en campanhas de valorizaçom e matriculaçom no ensino público... Esta falta de implicaçom fai-se notar mesmo no web da cámara municipal, onde encontramos umha descriçom dos centros de ensino sem nengum tipo de valorizaçom ou análise sobre o seu carácter público ou concerta-do. Ainda que podamos compreen-der, nunca justificar, a dificuldade de apostar numha política contrária a

amplos sectores sociais que querem ver no ensino concertado algumha garantia para a cada vez mais difícil “promoçom social” das suas filhas e filhos, do STEG consideramos que fazer política educativa supom nom renunciar nunca a um dos fundamen-tos de qualquer sistema democrático: umha educaçom igual para toda a ci-dadania.

Convidamos, desta maneira, a cá-mara municipal de Compostela a reflectir sobre os dados do inquérito realizado polo STEG sobre a esco-lha da língua em Infantil por parte de nais e pais: foi a única área urbana de Galiza onde a maioria optou polo galego como língua de escolariza-çom, ao declará-la “língua materna” das suas filhas e filhos. Para além de umha análise específica da situaçom linguística em Compostela, é um in-dicador de que a sociedade compos-telana está bem sensibilizada contra campanhas de difamaçom assentes em velhos preconceitos. Se a isso so-marmos a importante incidência do sector público na economia do con-celho, com taxas altíssimas na fun-çom público, todo fai prever que, de assumir o repto político de promover o ensino público, a resposta social seria razoavelmente positiva.

O que está em jogo é tam importante que bem vale a pena arriscar.

Compostela deveria apostar no ensino público frente ao concertadoXosé Cabido é responsável de

Acçom Sindical do STEG

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6 Decorreu concentraçom contra o negócio do Jacobeu

No quadro da campanha contra o Jacobeu NÓS-UP realizou concen-traçom na manhá do 24 de Julho, na cêntrica Praça da Galiza, para expri-mir a posiçom contrária da esquerda independentista a este negócio na-cional-católico.Detrás de umha faixa de grandes di-

mensons e com numerosas bandeiras da Pátria as pessoas concentradas coreárom palavras de ordem contra o financiamento com dinheiro públi-co da Igreja Católica, a ocupaçom policial de Compostela ou contra a precariedade laboral que provoca o Jacobeu.

Militantes da nossa organizaçom re-partírom centos de folhetos explica-tivos da campanha desenvolvida nos últimos meses.O acto fechou-se com a interven-çom de um membro da Direcçom Comarcal de NÓS-UP.

O Concelho de Compostela tenta ins-talar umha estrutura de 400 metros quadrados de formigom, com tecto interior de madeira e exterior de plás-tico de cores, no bairro de Conjo. A obra custa 258.000€ e está financia-da polo Plano E de Zapatero.A iniciativa que já foi rejeitada pola vizinhança de Galeras conta também com a oposiçom do bairro. A representante do concelho, Elvira Cienfuegos, um técnico munici-pal e Luís Matos, presidente da Associaçom Vicinal Doutor Maceira, fôrom incapazes de convencer os centos de vizinhos e vizinhas que en-chêrom a assembleia convocada no 1 de Outubro, das bondades de umha obra inecessária e custosa. Ainda assim teimam em continuar com o projecto.A vizinhança considera que este ele-mento arquitectónico tam só servirá para atrair o botelhom e será usa-do como ponto de venda de drogas num bairro em plena expansom que tem enormes défices e necessidades sem cobrir polo governo municipal PSOE-BNG.NÓS-UP apoia a vizinhança de Conjo na sua justa oposiçom a este nova imposiçom de Rajói.

Conjo contra a imposiçom da “khaima”

NÓS-UP aderiu à convocatória reali-zada pola Comissom 35 Aniversário, que organizou no Sábado 7 de Agosto um acto no cemitério de Imo, onde se encontram os restos do mili-tante comunista morto por disparos da polícia espanhola em 1975.Várias centenas de pessoas, incluin-do velhos e velhas militantes junto a jovens luitadoras e luitadores de hoje, participárom no evento, que

congregou diferentes sectores polí-ticos do nacionalismo galego.Bandeiras comunistas e da Pátria galega dérom cor a um acto que deu protagonismo a poetas e interven-çons musicais.

Cemitério de Imo acolheu homenagem nacional a Moncho Reboiras no 35 aniversário da sua queda em combate

Dez anos depois de instituída como data de referência no calendário das luitas populares galegas, o Dia da Galiza combatente foi dedicado nesta ocasiom a Lola Castro e José Vilar, militantes do EGPGC mortos

numha noite de 1990 durante o de-senvolvimento de umha série de ata-ques a interesses do narcotráfico no nosso país.Ligando o exemplo Lola e José com o de tantos e tantas compatriotas que durante o último século dérom a vida pola Galiza, NÓS-UP quijo também vincular aqueles anos de intensos ataques ao mundo do trabalho gale-go por parte do patronato e os gover-nos espanhóis com a actual crise do sistema capitalista, que abre novas perspectivas para a luita das massas exploradas galegas contra Espanha e o capital.O acto político, apresentado pola companheira Noa Rios Bergantinhos, começou passadas as 13 horas, nu-mha ensolarada rua da Terra de Ferrol, no ponto onde cada 12 de Agosto as nossas companheiras e companheiros da Assembleia co-marcal de Trasancos homenageiam um outro patriota galego caído na luita: Moncho Reboiras.A música das gaitas fundiu-se com a

poesia e os discursos políticos num único anelo: dar novos fôlegos à mesma causa pola qual dérom todo tantos galegos e galegas ao longo da nossa história. O hino do antigo Reino da Galiza abriu o acto, en-

quanto as coloridas bandeiras da Pátria, vermelhas e feministas onde-avam empurradas polo vento marei-ro ferrolano.Augusto Fontám, Belém Grandal, Ramiro Vidal, Igor Lugris e Luz Fandinho lêrom poemas escritos para a ocasiom e dedicados à patrio-ta e ao patriota homenageados. A seguir, o jovem Carlos Garcia Seoane falou em representaçom da organizaçom juvenil da esquerda in-dependentista, BRIGA, fazendo um apelo à consciência e aos sentimen-tos da juventude trabalhadora para a luita radical pola independência na-cional e o socialismo.A intervençom final correspondeu ao companheiro Alberte Moço, por-ta-voz nacional de NÓS-Unidade Popular, que fijo um apelo à refle-xom das e dos presentes sobre a im-portáncia do momento histórico que vivemos, numha crise sistémica de grandes dimensons que abre grandes possibilidades para a proposta revo-lucionária que a nossa organizaçom

representa. O companheiro Alberte Moço subli-nhou que NÓS-UP assumiu a mu-dança de ciclo no seio do soberanis-mo galego de esquerda, que obriga a avançar na socializaçom da men-

sagem central do nosso movimento, somando contingentes de trabalha-dores e trabalhadoras ao serviço da Revoluçom Galega.As palavras do nosso porta-voz nacional fôrom interrompidas por aplausos das pessoas presentes quan-do reclamou que a corrente política que representamos dê passos à frente enquanto tal, numha etapa histórica que vai exigir o melhor de cada um e cada umha de nós.No fim do discurso, as gaitas, os pu-nhos e as vozes fundírom-se no can-to colectivo do hino da Internacional e, finalmente, do hino nacional da Galiza.Posteriormente ao acto político, o Centro Social da Fundaçom Artábria acolheu um jantar de confraterniza-çom de militantes e simpatizantes da esquerda independentista e das dife-rentes entidades que a integram, num ambiente de grande camaradagem e optimismo nos tempos de luita que aí venhem.

Vinte anos depois, um acto político de NÓS-Unidade Popular no centro de Ferrol lembrou a luita de Lola e José

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7Repressom policial incapaz de tornar invisível luita de libertaçom nacional

As jornadas patrióticas de 24 e 25 de Julho deste ano estivérom enqua-dradas numha conjuntura de abafa-dora presença policial. O Estado espanhol pretende ano após ano dificultar a liberdade de expressom da esquerda independentista gale-ga mediante a ocupaçom policial de Compostela com centenas de fardados que procuram dissuadir a participaçom popular nas diversas mobilizaçons e iniciativas.As dezenas de milhares de turistas espanhóis que inundárom a capital da Galiza para participarem na ce-lebraçom do Jacobeu constatárom que perante a repressom policial a esquerda independentista gale-ga nom se enruga e responde com contundência.

Manifestaçom de BRIGAPor volta de 150 pessoas, basica-mente jovens, concentravam-se com bandeiras da Pátria, lilás e vermelhas às 22 horas numha Porta Faxeira cheia de turistas e dúzias de efectivos das forças de choque da polícia espanhola. Após a iden-tificaçom de parte da militáncia assistente dava início a mobiliza-çom enquadrada na VI Jornada de Rebeliom Juvenil. “Escoltada” de forma ameaçadora polas forças de ocupaçom e entre gritos contra o capitalismo e a opressom nacional, a manifestaçom percorreu a rua da

Senra e praça da Galiza para vol-tar ao ponto de início. Após umha infrutuosa negociaçom com os mandos das forças policiais para poderem entrar na Cidade Velha, a mobilizaçom foi duramente dissol-vida com o resultado de dúzias de pessoas feridas.

Confrontos com a políciaImediatamente, dúzias de mani-festantes figérom frente à repres-som policial. A rua da Senra foi o inicial cenário dos confrontos que posteriormente se estendêrom por diversas zonas da Cidade Velha de Compostela. Na praça da Galiza foi inutilizado um autocarro de transporte urbano enquanto a po-lícia disparava balas de borracha contra os manifestantes. Dúzias de contentores de vidro e papel fôrom atravessados e incendiados nas ruas alterando o tránsito e a nor-malidade pseudo-democrática que o governo espanhol quijo impor à porrada. Um carro da TVG foi ca-potado e atacadas diversas entida-des bancárias em diversos pontos da cidade.Várias carrinhas da polícia es-panhola com dúzias de efectivos entrárom no Parque de Belvis em atitude ameaçadora e provocadora, arrancando faixas da organizaçom juvenil revolucionária e destruindo propaganda enquanto o helicóptero

policial que havia horas que filma-va a cidade, inícia um varrido pola Cidade Velha na procura e identifi-caçom da militáncia que continua a fazer barricadas para denunciar a

represom policial e a ausência de liberdade de expressom para o mo-vimento de libertaçom nacional.Após a retirada da polícia de Belvis dá início com normalidade o con-certo de BRIGA com assistência de centenares de jovens que acompa-nham até altas horas de madrugada a iniciativa.

Manifestaçom e jantar Pouco depois das 13.30 do dia 25, saía da Alameda a manifestaçom soberanista convocada por Causa Galiza. Entre umha maré de ban-

deiras da Pátria, comunistas e fe-ministas perto de um milhar de pessoas percorreu diversas ruas do Ensanche compostelano para fina-lizar na praça do Toural, onde ti-vérom lugar diversas intervençons musicais e políticas.Posteriormente, tivo lugar em Belvis um jantar popular acompa-nhado por diversas iniciativas polí-ticas, culturais e lúdicas.

Magusto laicoNÓS-UP realizou na sexta-feira 22 de Outubro um magusto laico sob a legenda “Castanhaço ao Papa”. A iniciativa foi apoiada por centos de pessoas e tivo lugar na Porta do Caminho.

Solidariedade com a Gentalha do Pichel

A Gentalha do Pichel foi sancionada pola cámara municipal com umha multa de 1.500€ por colocar umha faixa na cacharela de Sam Joám que dizia “Na Galiza só em galego”. Tal como manifesta a associaçom cultural, estava tramitada a petiçom para poder afixar cartazes e faixas mas, como é ha-bitual, nom respondêrom. NÓS-UP denuncia a política municipal do PSOE-BNG de perseguiçom do movimento popular sob a justificaçom de que pendurar umha faixa na parede constitui um delito de “ocupaçom indevida da via pública”. A Gentalha do Pichel emitiu um comunicado em que lembra que “Os centos de bandeiras espanholas penduradas em janelas e varandas durante o mun-dial, os festejos de milhares de energúmenos polas ruas da cidade até altas horas da madrugada e as praças cheias de fanáticos impedindo o tránsito... nom merecem a mesma sançom?” parece que isso nom é “ocupaçom indevida da via pública”.A multa foi recorrida.

NÓS-UP Compostela organizou X ediçom da cacharela popularComo vem sendo já umha tradiçom a esquer-da independentista e socialista da capital gale-ga organizou X ediçom da cacharela popular para festejar a entrada do solstício de verao. A

iniciativa tivo lugar na praça do Matadoiro, na Cidade Velha de Compostela na Quarta-feira 23 de Junho.

Pouco depois das 18.30 horas, saía em liber-dade da esquadra policial de Compostela José Miguel Cuba. Tal como já informamos, o mem-bro da Direcçom Nacional de AGIR tinha sido requerido pola polícia espanhola a acudir ao quartel das forças de ocupaçom para declarar sobre os sucessos da greve geral de 29 de Se-tembro.Às 16 horas, entrou nas instalaçons e após negar-se a declarar foi detido acusado de nom colaborar com a “inves-tigaçom”.Os sucesso está vincu-lado com a sua identi-ficaçom a 29 de Setem-bro, quando participava no piquete da CIG que percorria o Ensanche compostelano. Um auto-móvel tentou atropelar as pessoas que perante a carga policial contra o piquete na praça de Vigo

cortavam o trânsito entre as ruas Santiago de Chile e República Argentina. @s manifestantes impedírom que se consumasse a agressom e a polícia identificou três companheiros por estes factos.A detençom hoje de Miguel foi completamen-te arbitrária e ilegal e deve enquadrar-se na at-mosfera de intoxicaçom e criminalizaçom que os meios de comunicaçom burgueses levam

semanas realizando contra a esquerda in-dependentista galega.

Concentraçom soli-dáriaVárias dúzias de pe-soas secundárom a concentraçom que AGIR convocou às 20.30 de 21 de Outu-

bro na praça do Pam para solicitar a liberdade de Miguel e denunciar a repressom policial.

José Miguel Cuba em liberdade!

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soPedro ovozeiro comarcal de NÓS-Unidade Popular da comarca de Compostela www.nosgaliza.org

Conselho de Redacçom: Anjo Paz, José Dias Cadaveira, César Campos, Yasmina Garcia, Carlos Morais, Sérgio Pinheiro, André Seoane Antelo, Patrícia Soares Saians.

Imprime: Tameiga • Edita: NÓS-Unidade Popular da Comarca de Compostela. Rua Quiroga Palácios, 42, rés-do-chao, Compostela · Galiza Tel. 695596484 • e-mail: [email protected] • Correcçom lingüística: galizaemgalego

Publicaçom trimestral de NÓS-UP da Comarca de Compostela • Distribuiçom gratuita.Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos e informaçons sempre que se citar a fonte.

O Pedroso nom partilha necessariamente a opiniom dos artigos assinados.

O Pedroso nº42 · Julho-Setembro 2010 • Tiragem: 5.000 exemplares • Depósito Legal: C-1002-01 • Encerramento da ediçom: 22 de Outubro de 2010

NÓS-Unidade Popular quer apresentar ao povo trabalhador galego as seguintes conclusons, resultantes da análise de urgência da nossa organizaçom depois da gre-ve geral do passado 29 de Setembro:

1. As cúpulas dos grandes sindicatos havia três anos que rejeitavam assumir a con-vocatória de umha greve que, trabalhada e lançada com tempo, teria servido para evitar a aprovaçom da recente e anti-operária reforma laboral. Diziam que nom havia condiçons e atrasárom-na ao extremo de ficarem desprestigiadas perante cada vez mais sectores da classe operária e do povo trabalhador, que vem as castas sindi-cais como parte do sistema e nom como defensoras dos interesses dos seus direitos laborais.A degeneraçom das burocracias chegou ao extremo de possibilitar que, nas últimas semanas, nom só se tenha confirmado a intençom do governo espanhol de precari-zar o sistema de pensons e atrasar a idade de jubilaçom. Agora nas tertúlias políti-cas dos meios desinformativos também se fala de reduzir o papel dos próprios sin-dicatos à mínima expressom na democracia burguesa Made in Spain, eliminando por exemplo as negociaçons colectivas e o financiamento público dos funcionários e funcionárias sindicais.

2. Talvez essa circunstáncia tenha levado as direcçons sindicais a apostar a sério na greve do dia 29 de Setembro, vista a possibilidade de ficarem sem o protagonismo que até agora lhes atribuiu o sistema, a partir da sua incorporaçom aos Pactos da Moncloa, como elemento amortecedor da luita de classes. É claro que os milhares de operários e operárias galegas que se mobilizárom na greve geral do 29-S nom figérom esses cálculos, e sim os da necessidade de mos-trar os dentes aos patrons e aos governos, que pretendem depauperar ainda mais as condiçons de vida da classe trabalhadora. Esse foi o motivo do grande êxito da convocatória, que provavelmente nem as burocracias sindicais esperavam na dimensom que se produziu.

3. Por outra parte, na Galiza confirmamos no dia 29 umha circunstáncia habitual, em relaçom a outros ámbitos de luita social no Estado espanhol: a adesom à greve foi muito superior à média espanhola no nosso país e a combatividade das acçons desenvolvidas polas bases operárias também. A Galiza demonstrou novamente que continuamos a ser umha realidade específica e nom homologável, um facto nacio-nal diferenciado, também no modo como se desenvolve e manifesta a organizaçom operária e a luita de classes.

4. Tanto pola adesom, como pola participaçom nos piquetes, a combatividade e as dimensons das manifestaçons do dia 29, a classe operária galega lançou umha men-sagem clara nom só ao patronato e aos meios de manipulaçom de massas: também as burocracias e direcçons sindicais timoratas e conformistas deveriam assimilar a necessidade de estender as acçons de luita de massas e marcar já o objectivo de convocar umha nova greve geral no curto prazo. Existem condiçons para umha nova greve e deve ser convocada já, pois seria suici-da deixar arrefecer o estado de consciência actual e voltar a sumir a classe operária no desánimo de ver como os sindicatos especulam com a luita popular e acabam por assumir umha política tam regressiva como a que estám a aplicar o PSOE em Madrid e o PP em Compostela.

5. NÓS-Unidade Popular quer concluir esta análise de urgência transmitindo os parabéns ao conjunto de trabalhadores e trabalhadoras que protagonizárom o êxito do 29-S. Também queremos apelar a começarmos a organizar umha nova, imediata e mais poderosa greve geral nacional galega, que permita tombar as medidas neoli-berais do governo e aumentar o nível de auto-organizaçom e consciência de classe, no caminho de derrotarmos o capitalismo espanhol e construirmos umha Galiza independente, socialista e sem patriarcado.Porque, contra a crise e o capitalismo, a luita é o único caminho.

Galiza, 3 de Outubro de 2010

Direcçom Nacional de NÓS-Unidade Popular

A greve na capital da Galiza tivo umha incidência praticamente total no sector industrial, universidade, trans-porte, recolha do lixo, praça de abas-tos e comércio. Só El Corte Inglés e Alcampo abrírom as suas portas com reduzida presença de clientes. Porém na administraçom autonómica a ade-som foi baixa.Desde primeira hora da noite, piquetes da UGT e CUT paralisárom parte da hotelaria. A imensa maioria das em-presas da zona industrial do Tambre e Televés optárom por secundar a greve polo que a acçom dos piquetes foi re-duzida. Antes das 3 da manhá umha parte das entrada de Compostela, as-sim como a estrada que comunica com o aeroporto de Lavacolha, estivérom fechadas por barricadas.Diversas entidades bancárias fôrom atacadas, contentores queimados e dúzias de fechaduras de estabeleci-mentos sabotados para evitar a sua abertura.

Pouco despois das 7h30 houvo um corte de tránsito na Galuresa que difi-cultou polo sul a entrada à cidade.O transporte urbano secundou a pa-ralisaçom com uns serviços mínimos meramente testemunhais.Na primeira hora da manhá um piquete de centenas de trabalhadoras e traba-lhadores promovido pola CIG percor-reu a Cidade Velha e o Ensanche fe-chando os poucos estabelecimentos e comércios abertos. Produziu-se umha carga contra o piquete na rua Santiago de Chile, ao lado da praça de Vigo. Posteriormente as forças policiais tentárom deter dous militantes da es-querda independentista. Previamente tinham sido detidos três activistas na estaçom do trem.À manifestaçom da CIG, secundada pola CNT e a CUT, assistírom per-to de 5.000 trabalhadores, fazendo pequena a praça das Pratarias. A de CCOO e UGT ficou pola metade de assistência.

Compostela

O 29-S demonstrou que há condiçons para luitar contra a crise e o capitalismo:

por umha nova Greve Geral Nacional Galega