Pedroso 40-41

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O Pedroso entrevista Francisco Manrique Socorrista despedido da empresa Xade depois de participar na recente greve por um convénio galego dos desportos Análise Compostela, estado policial s o Pedro o vozeiro comarcal de NÓS-Unidade Popular da comarca de Compostela Ano XI • nº 40-41 •Janeiro-Junho de 2010 Compostela como capital da Galiza está habituada a ver como as suas ruas e praças acolhem anualmente centenas de protes- tos laborais, sociais e políticos. Como cidade em que está si- tuada a sede central do governo e as instituiçons autonómicas nom é alheia a ver como umha boa parte das luitas populares aproveitam esta condiçom para exprimirem as suas reivindi- caçons. Como cidade universitária viveu durante décadas a permanente conflituosidade de um vigoroso movimento estu- dantil que soubo transferir as suas demandas dos recintos das faculdades às principais artérias da urbe. O que sim tem sido menos habitual nos últimos anos é a confluência de umha série de conflitos laborais em empresas compostelanas. Multiusos do Sar, Aquagest, Urbaser e O Tan- gueiro tenhem alterado a artificial pax social que aparentava umha idílica conciliaçom de classes numha cidade com umha importante tradiçom sindical. Trabalhadoras e trabalhadores de Compostela e comarca tenhem-se visto conduzidos a lui- tarem polos seus empregos, para evitar mais retrocessos nas suas condiçons laborais. Sem lugar a dúvidas o conflito do grupo de empresas O Tan- gueiro, composto polas padarias Churume, Vázquez Carollo e Pablo, todas elas sociedades limitadas, -que no encerramento da ediçom do Pedroso ainda persiste-, exprime a verdadeira natureza do tecido empresarial compostelano. O que semelha- va ser umha empresa “modelo” é paradigma a pequena escala do capitalismo voraz e mafioso que caracteriza a burguesia local. O Tangueiro, ao igual que maioria da hotalaria, nom só paga tarde e mal impondo condiçons laborais anacrónicas, mas carece de escrúpulos para se enriquecer a qualquer preço deixando na rua com salários em atraso mais de setenta traba- lhadoras e trabalhadores entre padeiras/os, distribuidores/as, pasteleiras/os e empregadas. Tal como tem denunciado o quadro de pessoal, a empresa dei- xou de pagar aos provedores, à Segurança Social, as pólizas Continua na página 2 www.nosgaliza.org Solidariedade com as luitas de Urbaser, Multiusos, Aquagest e Tangueiro Bugalho: inimigo da classe trabalhadora

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Vozeiro comarcal de Compostela

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O Pedroso entrevista

Francisco ManriqueSocorrista despedido da empresa Xade depois de participar na recente greve por um convénio galego dos desportos

Análise

Compostela, estado policial

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2010

Compostela como capital da Galiza está habituada a ver como as suas ruas e praças acolhem anualmente centenas de protes-tos laborais, sociais e políticos. Como cidade em que está si-tuada a sede central do governo e as instituiçons autonómicas nom é alheia a ver como umha boa parte das luitas populares aproveitam esta condiçom para exprimirem as suas reivindi-caçons. Como cidade universitária viveu durante décadas a permanente conflituosidade de um vigoroso movimento estu-dantil que soubo transferir as suas demandas dos recintos das faculdades às principais artérias da urbe.O que sim tem sido menos habitual nos últimos anos é a confluência de umha série de conflitos laborais em empresas compostelanas. Multiusos do Sar, Aquagest, Urbaser e O Tan-gueiro tenhem alterado a artificial pax social que aparentava umha idílica conciliaçom de classes numha cidade com umha importante tradiçom sindical. Trabalhadoras e trabalhadores de Compostela e comarca tenhem-se visto conduzidos a lui-

tarem polos seus empregos, para evitar mais retrocessos nas suas condiçons laborais.Sem lugar a dúvidas o conflito do grupo de empresas O Tan-gueiro, composto polas padarias Churume, Vázquez Carollo e Pablo, todas elas sociedades limitadas, -que no encerramento da ediçom do Pedroso ainda persiste-, exprime a verdadeira natureza do tecido empresarial compostelano. O que semelha-va ser umha empresa “modelo” é paradigma a pequena escala do capitalismo voraz e mafioso que caracteriza a burguesia local. O Tangueiro, ao igual que maioria da hotalaria, nom só paga tarde e mal impondo condiçons laborais anacrónicas, mas carece de escrúpulos para se enriquecer a qualquer preço deixando na rua com salários em atraso mais de setenta traba-lhadoras e trabalhadores entre padeiras/os, distribuidores/as, pasteleiras/os e empregadas. Tal como tem denunciado o quadro de pessoal, a empresa dei-xou de pagar aos provedores, à Segurança Social, as pólizas

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Solidariedade com as luitasde Urbaser, Multiusos, Aquagest e Tangueiro

Bugalho: inimigo

da classe trabalhadora

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de seguros, os salários e as dívidas con-traídas em electricidade e consumo de água entre outras muitas, embora ingres-se mensalmente um quarto de milhom de euros, quando o volume das nóminas nom atinge os 70 mil.Ante este cenário a greve tem paralisado a 100% umha das principais empresas de distribuiçom de pam da cidade e co-marca, -com presença em Padrom-, para pressionar umha soluçom ajeitada ao conflito que passa polo pagamento das nóminas atrasadas e a continuidade de umha empresa viável para assim garantir a continuidade da totalidade dos postos de trabalho em perigo. O seguimento e apoio à greve tem sido total na fábrica, na distribuiçom, e nas seis lojas de pam com que conta a empresa. A CIG adverte que de nom ser assim só “fica a possibilidade de que o empresá-rio reconheça que leva meses provocan-do um incremento das dívidas de forma artificial com o objectivo de levar a em-presa ao fechamento. Umha manobra que interpretam pretende evitar fazer frente a grande parte dessas dívidas. Só assim se entenderia que todos os ingres-sos obtidos durante estes últimos meses nom se destinassem a fazer nengum tipo de pagamento nem se depositassem nas contas da empresa”.

Um conflito com mais de um ano de antiguidadeO atrasso no pagamento das nóminas arrasta-se de há mais de um ano, mas o conflito começa em 2007, ano em que se iniciou um processo paulatino de des-pedimentos encobertos. Naquela altura O Tangueiro contava com cerca de um cento de assalariadas e assalariados em nómina. Mas há uns meses o patrom apresentou por surpresa um ERE sem antes infor-mar o quadro de pessoal nem a represen-taçom sindical que pretendia fechar qua-

tro centros de trabalho e o despedimento encoberto de mais de 20 trabalhadoras, umha boa parte das empregadas, ao fina-lizar o expediente. Mas tal como foi demonstrado o ERE nom se sustentava porque as contas apresentadas pola empresa eram feitas em base a previsons e nom à situaçom económica real da empresa.

Negativa empresarial a negociar e fe-chamento patronalA empresa nom só nom nega a viabilide económica de O Tangueiro, mas exigiu que as trabalhadoras e trabalhadores continuassem nos seus empregos sem receberem o salário para contribuírem ao saneamento. Ante esta atitude a CIG com o apoio maioritário das trabalhado-ras e trabalhadoras iniciou a luita convo-cando greves, mobilizaçons e realizando denúncias públicas do que está a acon-tecer numha empresa mui popular na cidade. Diversas manifestaçons de trabalhado-res e trabalhadoras do Tangueiro tenhem percorrido a cidade para denunciar os abusos patronais e reivindicar umha imediata soluçom ao conflito que pom em perigo o futuro de setenta famílias, e que passa polo controlo e fiscalizaçom das contas da empresa por parte do qua-dro de pessoal.Após diversas jornadas de greve a em-presa optou polo fechamento patronal, umha decisom ilegal que foi denunciada pola CIG perante a Conselharia do Tra-balho.

Solidariedade da esquerda indepen-dentistaNÓS-Unidade Popular manifesta o seu apoio incondicional ao conjunto das trabalhadoras e trabalhadores de O Tan-gueiro na suas justas reivindicaçons e solicita da Câmara Municipal de Com-postela umha declaraçom institucional

de apoio às setenta famílias afectadas e umha condena sem paliativos da atitude empresarial.

Justa greve dos trabalhadores de Ur-baserO conjunto do quadro de pessoal de Ur-baser, a empresa concessionária de reco-lha do lixo, estivo doce dias em greve para lograr umha série de demandas la-borais. Contrariamente às mentiras de Bugalho e da empresa, os trabalhadores nom cen-travam as suas demandas em incremen-tos salariais. Procuravam que as pessoas contratadas para substituírem as pré-re-formas continuem na empresa após cin-co anos trabalhando, que se cubram as vagas por baixas e umha reorganizaçom da jornada laboral. Estas eram as três principais reivindicaçons que provocá-rom a greve. A intransigência de Urbaser a negociar, e basicamente a posiçom fura-greves e anti-sindical de Sanches Bugalho e Mar-ta Álvarez-Santullano, impossibilitárom umha rápida soluçom ao conflito. Am-bos agirom como o que realmente som, políticos ao serviço dos interesses patro-nais. Tentárom converter um problema laboral, -que conta com a compreensom e respaldo da imensa maioria da vizi-nhança, num conflito de ordem pública criminalizando e militarizando a greve. Em todo momento o PSOE por boca de Bugalho tentou manipular a opiniom pública difundindo ridículas falsidades sobre o conflito. A sáude pública da vizinhança nunca correu perigo, como tampouco estivo em jogo a sua seguran-ça. Os responsáveis pola alteraçom das festas da Ascensom som exclusivamente Bugalho e Urbaser.O governo municipal só estivo preo-cupado por impor abusivos serviços mínimos para limpar a zona velha, por aparentar defender o “ornato” público,

polos turistas, desprezando assim as jus-tas demandas dos trabalhadores e a opi-niom maioritária de apoio da vizinhança de Compostela, tanto do núcleo urbano como das paróquias rurais, que vivimos aqui e pagamos os nossos impostos.

Privatizaçom do serviço, origem do conflitoO conflito de Urbaser deriva da privati-zaçom da recolhida do lixo. As políticas neoliberais implementadas polo tándem PSOE-BNG com o apoio do PP provo-cam estas situaçons. A privatizaçom dos serviços municipais que os governos do PSOE e PSOE-BNG vinhérom a aplicar progressivamente nos últimos anos es-tám na origem deste conflito e no dete-rioro do serviço.A empresa com o apoio político da Cá-mara Municipal impujo serviços míni-mos abusivos e a vigiláncia da polícia municipal. A contrataçom de TRAGSA para recolher o lixo é umha grave vulne-raçom do direito a greve que deixa claro com quem está Bugalho e o PSOE.Avanços nas reivindicaçons laboraisFinalmente, após umha exemplar luita onde fôrom queimados mais de um cen-tenar de contentores e bloqueada a plan-ta de Formaris, o quadro de pessoal de Urbaser logrou um sábado de folga ao mês e outro mais a partir de 2011. Som readmitidos os três trabalhadores des-pedidos, um incremento salarial equi-valente ao IPC, 0,8%, e a criaçom de umha comissom de trabalho mista entre os trabalhadores e a empresa para nego-ciar a promoçom interna para converter temporais em fixos. Também se logrou que Urbaser renuncie a exercer acçons judiciais contra os trabalhadores. NÓS-UP manifesta o seu apoio aos tra-balhadores de Urbaser e solicita a muni-cipalizaçom para assim melhorar o ser-viço e evitar mais retrocessos laborais entre o conjunto dos assalariados.

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Cara leitora, caro leitor, pola primeira vez o Pedroso opta por editar um número duplo. Esperamos que seja a excepçom que confirma a regra. Há tempo que considerámos esta opçom, mas até agora tentámos safar com grandes doses de voluntarismo e imaginaçom umha decisom que

agora já nom podemos evitar aplicar. As razons derivam das dificuldades económicas que o

conjunto do mundo do Trabalho está a padecer polas agressons a que estamos a ser submetidos a causa da grave crise que atravesa o capitalismo. A classe trabalhadora perdeu poder aquisitivo e isto também influi negativamente nas finanças das organizaçons revolucionárias.

O nosso jornal vem sendo editado de forma permanen-te e sem interrupçom desde há mais de umha década. Nom temos obviamente recebido a mais mínima ajuda

institucional. O jornal financia-se com as colaboraçons de pequenos negócios que contribuem a fazer frente a umha parte dos custos de ediçom. Mas esta injecçom nom chega para cobrir as despesas da imprensom, pois

o resto do processo é feito integra e gratuitamente por militantes.

Ainda que continuemos com a ambiçom de reduzirmos a periodicidade e alargar a tira-gem, actualmente o nosso objectivo é re-cuperarmos a cadência trimestral a partir do número 42.

Nestes anos conseguimos abrir um peque no oco na comunicaçom alternativa da cidade.

O nosso cabeçalho nom pode, nem procura competir com os jornais da bur-guesia, mas nom é alheio para umha parte destacada da vizinhança dos bairros compos-telanos. Logramos demonstrar que nom só era possível mas necessário que a esquerda independentista e socialista galega abandonasse a palavrada estratégica e actuasse sobre o terreno em que pretende incidir e transformar. Por este motivo estamos modesta mas sinceramente orgulhosas e orgulhosos da trajec-tória percorrida. Centos de páginas de quarenta números do Pedroso som o melhor ex-poente do modelo alternativo de cidade que defendemos. Um projecto completamente autónomo das forças políticas sistémicas, das suas prolongaçons mediáticas, dos grupos

económicos que as tutelam, tem sido a garantia da nossa absoluta e total independência, logrando as-sim editarmos um meio de comunicaçom feito por trabalhadoras e trabalhadores de Compostela dirigi-do ao conjunto da nossa classe.

Temos noticiado as principais luitas da última década, de-nunciado os abusos do governo municipal e da Junta da Galiza, dos patrons e dos poderes fácticos da cidade, a corrupçom e o nepotismo, as cacicadas, a privatizaçom de serviços, os planos neoliberais disfarçados de pro-gressismo, alertado sobre o incremento da pobreza, o desemprego e a precariedade laboral.Temos dado voz a quem habitualmente som negados ou condenadas ao ostracismo nos meios de comunicaçom burgueses, acompanhado as demandas dos movimentos sociais. Temos sido umha ferramenta à hora de armar ideologicamente e projectar socialmente a Compostela rebelde e combativa na sua perseverante luita contra o re-corte de liberdades, o controlo social e a repressom policial. Temos mantido um insubornável compromisso na defesa da nossa língua e cultura, contra a homogeneizaçom e assi-milaçom espanholista, frente a especulaçom, o urbanismo e as infra-estruturas selvagens, na construçom de umha al-ternativa global ao empobrecedor modelo de cidade em que em rasgos gerais coincidem plenamente PP-PSOE-BNG. Temos elaborado, recolhido, difundido de forma parcial mas também integral um projecto alternativo ao do pensamento único que pretende fazer da capital da Galiza um parque te-mático para o turismo, economicamente inviável, condenando a nossa identidade e cultura ao simples facto diferencial folclórico, fazer de Compostela umha cidade cómoda para umha minoria, dese-nhada para os ricos. Temos resistido Jacobeus, Cimeiras de Ministros de Justiça e Interior da UE, visitas reais, ocupaçons policiais, intoxicaçons jornalísticas e permanentes tentativas de crimi-nalizaçom. Mas seguimos aqui com a mesma energia do primeiro número.

A equipa de redacçom que edita o Pedroso considerava necessário informar das causa da ediçom deste número duplo mas também transmitir confiança às nossas e aos nossos leitores na firme determinaçom de continuarmos a editar um jornal de esquerda anticapi-talista e independentista feito em Compostela e para Compostela.

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Mais um ano vi-mos de viver, há uns dias, as fes-tas da Ascensom na nossa cidade. E mais um ano, ao menos para mim, passárom sem pena nem glória. Isso nom quer dizer que nom estivesse de festa, nem que nom desfru-

tasse das férias, mas fiquei excluído como público, mais umha vez, da programaçom da Concelharia da Juventude e Festas. E acho que nom fum o único.

Vam algumhas razons: porque as festas estám no centro, e nos bairros nom há programaçom. Pola música: as últimas novidades nos 40 principales e grupos “alternativos” chegados das mais recônditas partes do Estado nom som do meu gosto. Por espa-nholada: zero presença do galego nos grandes even-tos; o ano passado, no festival “rock na Ascensión”, com um programa de 11 bandas, nom houvo nem um grupo na nossa língua.

O “tema do galego”, com efeito, leva-o outro de-partamento, aproveitando que este ano a Ascensom calha com a semana das Letras. Cultura? Nom, a concelharia gerida polo BNG considera que, imer-

sas no ataque mais brutal contra a nossa língua das últimas décadas, nom há dinheiro para actividades. Assim, as apresentaçons de livros, animaçom à lei-tura, dança, recitais poéticos e conta-contos, fam-se com quartos do departamento de Normalizaçom Linguística. E o trabalho de normalizaçom nom se fai, evidentemente, como já sabíamos, mas nom está demais lembrá-lo.

Além disto, as festas constituem um verdadeiro es-banjamento de dinheiro: 226.140 € em 2010. Quase 30.000 destes fôrom proporcionados polo Jacobeu, que bem sabe da capacidade para atrair turistas de umha festa bem montada. Grande parte da progra-maçom tem esse ar de mega-espectáculo que se ins-taurara na época de Fraga e Pérez Varela. Mas é di-nheiro bem investido, porque mais gente na rua quer dizer mais consumo, e isso implica mais postos de trabalho, e de maior qualidade, como bem sabem, por exemplo, os e as empregadas de hotelaria da ci-dade. Da era fraguiana também vem essa visom folclóri-ca da cultura tradicional: desfiles de associaçons do traje tradicional e demonstraçons de dança das esco-las. Cultura enlatada de mostruário, mui afastada de qualquer participaçom popular.

Na associaçom cultural em que milito, a Gentalha do Pichel, temos mantido conversas com o vereador de Festas, José Vaqueiro, para que parte das activida-des da Ascensom -e parte do orçamento, claro- fosse

gerido polo tecido associativo da cidade e assim or-ganizar umhas festas mais participativas. A resposta foi, era de esperar, nom.

Mas por sorte, o associacionismo em Compostela goza de boa saúde, e vem de organizar umhas Festas Populares alternativas às festas institucio-nais. Associaçons culturais, vicinais, ecologistas, de jovens, de estudantes, feministas, gastronómi-cas, desportivas, centros sociais, salas, bares com programaçom cultural, rádios livres, associaçons de comerciantes, agrupaçons musicais... organizárom -organizámos- durante 15 dias um programa de festas feitas “de abaixo, descentralizadas e espalhadas po-los bairros da cidade, que respondam aos interesses e necessidades da vizinhança, participativas e colec-tivas”.

Embora meios de comunicaçom como La Voz de Galicia silenciassem desde o início este programa, muitas das suas actividades atingírom grande nível de público, o que supom um primeiro passo para a sua continuidade.

Como umha ironia, no centro da nora da Alameda, este ano houvo um símbolo do dólar gigante. Será por dinheiro, deveu pensar quem desenhou essa ilu-minaçom. Será por vontade, dizemos nós.

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Marcos Lopes Pena

Marcos Lopes Pena fai parte da Gentalha do Pichel

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O que há detrás deste despedi-mento depois de nove anos de ac-tividade sindical?O conflito vem de longe e tem o úl-timo episódio na recente greve de instalaçons desportivas. O meu des-pedimento é umha clara repressom sindical por parte da direcçom da empresa, representada nos directi-vos Santiago Quadrado e Antón An-telo. Fum o único trabalhador que aderiu à greve do sector do desporto em XADE e, em menos de um mês, fum despedido. Por cima, a empresa tem iniciado umha campanha para desacreditar-me como trabalhador, e o próprio gerente vai anunciando a quem quiger escuitá-lo que tem um

dossier contra mim, suponho que com o objectivo de tapar os motivos reais do despedimento. E já resulta clarificador que tenham elaborado esse dossier, o que demonstra que vinham planeando o despedimento.

Como vás reagir diante desta de-cisom da empresa que gere o Mul-tiusos do Sar e de Santa Isabel?Hoje estamos a protestar frente às portas do Multiusos do Sar e já é a terceira semana, igualmente estamos repartindo propaganda relativa a este último abuso empresarial quase a diário entre as pessoas usuárias das instalaçons, recolhemos assinaturas para enviar ao presidente da Cáma-ra, e outras acçons que se irám ven-do nos próximos dias. Basicamente procuramos tornar visível o conflito

pois as empresas som vulneráveis à opiniom do público e os abusos nom costumam ser bem vistos. Paralela-mente as advogadas do meu sindi-cato, a CIG, estám a preparar toda a parte jurídica da minha defesa. O importante é nom render-se frente a umha injustiça, ainda que fiques isolado. Como influiu a última greve no teu despedimento?Este despedimento nom é mais do que o último passo da perseguiçom da gerência desde que promovim as eleiçons sindicais em 2003. Nesta greve pedíamos e conseguimos uns salários de 1.000 €, rebaixamos a jornada a 38 horas, eliminar os ho-rários irregulares para contratos me-nores e cubrir um 85% do salário em situaçom de baixa. Mas na nos-sa empresa já conseguíramos estas condiçons com os protestos de 2005 e agora cumpria participar por soli-dariedade, e assim o figemos.

O facto de que estejamos frente a instalaçons públicas nom muda a situaçom?O grave é que isto se passe numha empresa presidida polo presidente da Cámara de Compostela, e supom-se que as administraçons públicas devem velar polos direitos das tra-balhadoras e trabalhadores e nom permitir que sejam despedidos por defendê-los. Mas tampouco há que esquecer que som os próprios traba-lhadores que tenhem que defender os seus direitos, porque se estes nom se exigem, se nom se exercitam os di-reitos, vam-se perdendo. Ainda que a Galiza de hoje nom seja a Colôm-

bia, onde assassinam um sindicalista cada semana, o medo a perder o em-prego paralisa e divide as trabalha-doras e trabalhadores; superar esse medo e atingir a unidade é o nosso repto sindical.

Qual é o papel do governo munici-pal PSOE-BNG neste conflito?É lamentável que estes governos deixem a gestom de muitos serviços públicos em maos privadas como fai a direita, pois as empresas privadas

nom costumam valorar os direitos laborais e só procuram o lucro. Já bastante indefensom temos as e os trabalhadores frente aos empresários neste sistema como para que os que se fam chamar progressistas cedam aos capitalistas o pequeno espaço do sector público. Frente a esta força dos empresários só cabe opor a uni-dade dos trabalhadores para fazer-se respeitar, e quando a cobardia ou o individualismo nos divide temo-lo mui difícil. Para fazer autêntico sin-dicalismo e defender os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras há que estar disposto a arriscar o posto de trabalho.E a respeito do governo municipal há que lembrar que a nossa empresa foi criada do concelho embora seja gerida polo capital privado, que é quem se lucra. Grande parte do pes-soal tem má consciência à hora de defender os seus legítimos direitos, pensam que devem algo a aqueles a quem estám a enriquecer. E os que mandam no dia a dia da empresa som peons do PSOE que em nada se diferenciam da direita: som trepas e ambiciosos, e nom tenhem remorsos à hora de reprimir a quem puder mi-norar o seu lucro, ou a sua posiçom.

Todo este trabalho sindical tem algumha plasmaçom política, per-mite-che alviscar expectativas de mudança social?No referido à minha experiência concreta nesta empresa nom, ainda que aqui influem vários factores: a capacidade de convicçom de quem lidera, a heterogeneidade de interes-ses do pessoal, a decepçom política com quem deveria ser o referente, o BNG, quando ocupou a área dos desportos, o contexto social pouco

tendente ao compromisso, etc. No trabalho sindical partes de pro-blemas concretos e daí podes passar à extrapolaçom de valores e ideias políticas, mas nom é fácil tanto po-las características da luita, que adoi-ta ser desigual e o medo pesa, como pola influência do contorno, que nesta sociedade desincentiva o com-promisso. Quero pensar que sim se reforçam determinados valores nas pessoas após a luita sindical, ainda que nas duas direcçons: uns positi-vos, de solidariedade e rebeldia, de busca da justiça, e também o indivi-dualismo, a cobardia e a mesquinhez nos casos reaccionários. De facto, aqui temos muitos vendidos, do en-carregado até o último “conserge” Nesta empresa há muita gente me-tida directa ou indirectamente polo partido do presidente municipal, e isso lastra de partida. Suponho que fai falta um referente sólido, um tra-balho constante e muita habilidade para sortear os obstáculos da direc-çom da empresa. Mas nem por isso imos ocultar a nossa ideologia nem os nossos valores de esquerdas.

NOTA DE O PEDROSO: no momento de sair à rua este número a empresa reconheceu o despedi-mento improcedente do trabalhador.

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“Os que mandam na empresa som peons do PSOE que em nada se diferenciam da direita:

som trepas e repressores. De facto, aqui temos muitos vendidos, do

encarregado até o último “conserge”

“Fui o único trabalhador que aderiu à greve do sector do desporto em XADE e, em menos de um

mês, fui despedido. Já a tinham guardada”

O Pedroso entrevista

Francisco ManriqueSocorrista despedido da empresa Xade depois de participar na recente greve por um convénio galego dos desportos

“Para fazer autêntico sindicalismo e defender os direitos das trabalhadoras e trabalhadores há que

estar disposto a arriscar o emprego”

“Grande parte do pessoal tem má consciência à hora de defender os

seus legítimos direitos, pensam que devem algo

a aqueles a quem estám a enriquecer”

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5Compostela, estado policialDurante o passado mês de Março, e em especial por volta das datas mais próximas às férias da Primavera, os vizinhos e vizinhas de Compostela pudemos comprovar in situ a que se referiam as autoridades políticas quando a finais do passado ano fala-vam do reforço do dispositivo poli-cial por causa do Jacobeu.A suposta tranquilidade que para Bugalho e companhia supom a apli-caçom destas medidas especiais na realidade transforma-se na geraçom de umha sensaçom geral de insegu-rança e intimidaçom colectiva, que é a reacçom lógica de qualquer que ao se deslocar polo contorno urbano de Compostela topasse com dous ou três controlos policiais diários.E essa foi a realidade. Durante as úl-timas semanas de Março e a primeira de Abril umha das cenas mais repe-tidas na nossa cidade foi a formada polas carrinhas azuis e os homens fardados e armados que bloqueavam o tránsito rodado e paravam aleato-riamente alguns veículos para sub-metê-los a inspecçom. Umha cena que já conhecíamos doutros anos mas que neste aumentou em intensi-dade e adiantou-se no tempo. Assim, se em ocasions anteriores esta prática foi habitual à volta do 25 de Julho, e praticamente circunscrita às entradas e saídas da cidade, desta vez pudemos viver um ensaio geral já na Primavera do que nos aguarda no verao. Para além de podermos gozar da experiência nom só nas cir-cunvalaçons da cidade, mas também em plena área urbana e numha ampla

variedade de horários.Mas o tema nom se cingiu só ao controlo de carros mas os controlos preventivos sobre a populaçom ci-vil fôrom experimentados por umha multidom de peons que tivérom a ideia de passearem nessas datas po-las ruas próximas à realizaçom de qualquer acto com presença de au-toridades, caso da inauguraçom na Praça do Pam do centro social Caixa Nova ou da visita dalgum ministro.Como é claro, também nom pode-mos esquecer que estas datas fôrom as eleitas para pôr em andamento o plano especial de segurança da ca-tedral. Plano que supom toda umha série de limitaçons para o livre acesso a este edifício para além de contribuir com um novo elemento decorativo às magníficas praças bar-rocas que o circundam. Assim ago-ra entre a magnificência das pedras que centenas de artesos lavrárom ao longo dos séculos destaca como um elemento quotidiano mais a presen-ça das carrinhas azuis e os nom me-nos azuis fatos dos membros da UIP (Unidade de Intervençom Policial). Umha imagem curiosa e inquietante que as visitantes que venham neste ano poderám levar para os seus la-res e que mesmo poderia ser incluída nos postais turísticos.E como sempre, todo isto dim-nos que se fai pola nossa segurança. Umha segurança da qual se nos fala habitualmente embora em momento algum se avalia como repercute real-mente na vida da maioria dos habi-tantes da cidade.

O certo é que o aumento da presença policial nom supom para a maioria da populaçom mais que um entrave para o desenvolvimento normal da sua vida. Como exemplo evidente podemos tentar avaliar como os controlos ale-atórios provocam só um aumento nas dificuldades de circulaçom numha cidade que de por si já tem suficien-te, ao tempo que nom supom umha melhora das condiçons de existência para a maioria. Ou talvez lhe escapa a alguém que este aumento da pre-sença policial tem como único alvo a blindagem da zona turística e das personalidades que visitem a cida-de?.Porque seria questom de repassar-mos as motivaçons das adminis-traçons com responsabilidades no dispositivo e o uso que se está a fa-zer dele para cair na conta que este reforço policial nom esta destinado a melhorar a segurança nos bairros mas exclusivamente a reprimir qual-quer mínima expressom de dissidên-cia dentro do cenário jacobeu.Os melhores exemplos desta realida-de tivemos ocasiom de vivê-los após o mês de Abril. Assim o momento de refluxo da presença policial em Compostela, que durante Abril e os começos de Maio voltou a uns pa-drons relativamente normais, véu coincidir com a realizaçom da cimei-ra de ministros da pesca da UE em Vigo. E curiosamente durante esse tempo na cidade olívica pudérom apreciar as bondades de um disposi-tivo em todo semelhante ao que vi-vemos cá no mês anterior. Seria que os índices de criminalidade aumen-taram desmesuradamente em Vigo para que terem que ir lá centos de efectivos da polícia? Claro que nom, a nom ser que se tenha a maldade de considerar criminosos os integrantes dos governos da UE.

Greve do lixoCom posterioridade, já de volta na nossa cidade, o estalido da greve do lixo voltou fazer aumentar a presen-ça policial cá. E mais umha vez o nú-mero de efectivos policiais nas nos-sas ruas acrescentou-se para garantir que a greve em Urbaser discorresse polo caminho traçado polo governo municipal, nom vaia ser que afinal os trabalhadores pudessem fazer a sufi-ciente força como para ganharem o conflito.Nos próximos meses este dispositivo voltará a ser reforçado por volta do 25 de Julho, com especial cuidado

nos dias em que o monarca espanhol esteja na cidade, com o fim de evitar que qualquer casta de protesto po-pular poda incomodar a magna cele-braçom da pompa prevista ou suje a imagem turística de Compostela. Possivelmente voltará a ser relaxado nos meses a seguir, para ser retoma-do no fim de Outubro com motivo da visita do máximo hierarca do catoli-cismo, e finalmente em finais de ano desmantelará-se o dispositivo.Em resumo, o dispositivo policial do Jacobeu nom existe para a protec-çom e segurança dos habitantes de Compostela mas para todo o contrá-rio.Dentro da planificaçom das activi-dades e pompas do ano jubilar as autoridades avaliam a maioria da po-pulaçom da nossa cidade como um factor de risco a que há que vigiar e reprimir. Repressom que tem que ser especialmente contundente naquelas ocasions em que as reivindicaçons sociais e políticas dalgum sector organizado desta populaçom poda afectar a imagem da cidade como mercadoria turística.Esta é a ideia que temos que ter clara e pola qual a maioria dos habitantes de Compostela temos que estar em contra do aumento da presença po-licial.

Umha cidade tranquilaNa nossa cidade cada vez há mais polícia nom porque esta seja neces-sária para enfrentar um problema de criminalidade em aumento, de facto Compostela deve ser umha das ci-dades mais tranquilas e seguras do mundo. Muito polo contrário o único alvo real desse aumento da presen-ça policial é conseguir um absoluto controlo social que bloqueie qual-quer intento de dissidência dentro da planificaçom de umha cidade-museu ou cidade-parque de diversons.Em definitiva, o que tem que ter na cabeça qualquer vizinho ou vizinha de Compostela quando se ver num engarrafamento provocado por um controlo ou quando um “anti-distúr-bios” lhe impida passar por umha rua em que se esteja a realizar um acto é que quem o governa considera-o como um criminoso em potência, um perigo social.É um erro pensarmos que se trata de cousas que nom vam connosco, que sofremos como efeito secundário. Muito longe disso tem a ver todo connosco, porque nós somos o peri-go de que querem defender-se.

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6 NÓS-Unidade Popular presente no 1º de Maio

NÓS-Unidade Popular secundou mais um ano a convocatória da CIG neste 1º de Maio, participan-do activamente na manifestaçom.

A militáncia da esquerda independentista partici-pou de maneira activa com faixa e cortejo pró-prio, repartindo a sua alternativa anticapitalista e

propostas concretas contra a crise, fazendo apelo ao sindicalismo nacional e de classe para que li-dere a Greve Geral que derrote na rua as políticas anti-sociais que tanto o Estado como a adminis-traçom autonómica pretendem implementar como resposta à crise.

Grotesca paródia do Jacobeu entre conflitos laborais

O chefe do patronato espanhol Gerardo Díaz Ferrán visitou Compostela no 4 de Maio para ganhar o ano jubilar. Dias depois fôrom os príncipes espanhóis quem honrá-rom o santo com a sua visita. Ambas nom passárom de um grosseiro show mediático de lavagem de cara e promoçom da opera-çom mercantilista.

O dirigente da CEOE, que carece de escrú-pulos ao solicitar despedimento livre, mais recortes dos direitos laborais e aplaude as medidas neoliberais de Zapatero, acompa-nhado do chefinho do patronato autonómi-co António Fontenla, implorou que “Nos momentos de crise como os que atravessa Espanha queremos pedir ajuda, senhor San-

tiago, a pôr os nossos talentos ao serviço de quem nom os tenhem: dos desemprega-dos, dos jovens que nom podem aceder ao emprego, dos empresários que sofrêrom e perdem as suas empresas, de quem nom re-gateiam esforços para mantê-las, de todos aqueles que perdêrom todo”.

Um par de semanas depois era Filipe de Bourbom e Letícia quem acompanhados de Bugalho, Antom Louro e Feijó lográrom a indulgência plenária do Jubileu peregrinan-do de Lavacolha à catedral. Nem umha só palavra sobre o Tangueiro, Aquagest ou Ur-baser. Pura propaganda alheia à realidade da maioria do povo trabalhador composte-lano.

Franco restaurou o JacobeuEm 1937 Franco restaura a oferta nacional para reconhecer Santiago patrono de Espanha, decla-rando 25 de Julho como festa nacional, com a qual envia ano após ano centos de oficiais e soldados golpistas à praça do Obradoiro, imagem infeliz-mente repetida com a II restauraçom borbónica.

Ainda, por petiçom de Franco, em 1938 Pio XI concede um ano santo extraordinário, no qual a oferta foi apresentada polo seu cunhado, Serrano Suñer, e o próprio Franco visita Compostela como peregrino.

Será assim como a maquinaria propagandística franquista, com a orgulhosa colaboraçom da Igre-ja católica, relançará a ideia da tradiçom jacobeia, que irá já sempre associada à força do franquismo: a igreja baptizara a guerra civil como cruzada.

Precisamente Fraga, um ministro de Franco, será quem avance na proposta do ditador e desenhe a celebraçom do Jacobeu e o Ano Santo Compos-telano em 1993. Umha macro operaçom turistifi-cadora, destrutora dos nossos recursos naturais e negadora da nossa língua e cultura própria, que se tem convertido em fenómeno económico mais do que religioso.

(extracto de As mentiras do Apóstolo) editado pola Gentalha do Pichel (www.agal-gz.og/gentalha)

Compostela é umha das 38 localidades do Esta-do espanhol que motivam a denúncia da Comis-som Europeia perante o Tribunal de Justiça da UE por infracçom da normativa medioambiental comunitária. O estado espanhol já fora adverti-do em 2000, quando finalizou o prazo para dar cumprimento à directiva comunitária que obriga a implantar sistemas adequados de recolha e de-puraçom de águas residuais nas zonas urbanas de mais de 15.000 habitantes.O Estado espanhol ainda foi apercebido em 2004 e 2008, sem resultado. O anúncio da de-núncia foi acompanhado pola Comissom de de-claraçons nas que se insiste em que “as águas re-siduais urbanas nom depuradas constituem um perigo para a saúde pública e som a fonte mais significativa de poluiçom em águas costeiras e interiores”.No entanto, o plano “E” e outros de investimentos em infraestruturas empregam os fundos em obras de mais do que relativa urgência, sobre todo com-parada com a depuraçom das águas residuais du-mha cidade do tamanho da capital da Galiza, cuja precariedade já analisavamos no Pedroso nº26.

Compostela nom cumpre a normativa europeia sobre

depuraçom das águas residuais

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Pessoas e colectivos solidários com Cuba manifestam-se em Compostela

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Nos últimos meses esta a aplicar-se timidamente a lei da memória histó-rica. Governos municipais de Vigo ou Corunha começárom retirada da

simbologia fascista que enche ainda boa parte do país. Em Compostela PSOE-BNG nom limpam as nos-sas praças e ruas do lixo franquista.

NÓS-UP solicita novamente a ime-diata aplicaçom da lei a Sanches Bu-galho e Socorro Garcia Conde.

Numerosos colectivos manifestárom-se no dia 18 de Abril em Composte-la em solidariedade com Cuba, convocados pola Associaçom de Amizade Galego-Cubana Francisco Villamil, nesta ocasiom denunciando “a ofensiva mediática” contra o país caribenho. A manifestaçom percorreu as ruas do centro de Compostela, desde a Alameda até o Toural, a entoar palavras de or-dem como “Cuba sim, ianques nom”, “Raul seguro, ao ianque dá-lhe duro” ou “Viva Cuba, Fidel e o Ché”.

Chegado o cortejo ao Toural, leu-se um manifesto que denunciou o show mediático criado à conta da morte de Orlando Zapata Tamayo e a dupla mo-ral que se utiliza para julgar Cuba em comparaçom com casos de evidentes atentados contra os direitos humanos que se dam no mundo.

Tal e como temos denunciado nestes dous anos o gover-no municipal continua a defender o disparatado projecto de unir a Cidade da Cultura com o centro de Compostela por meio da construçom de um teleférico.

Contrariamente à opiniom da UNESCO Bugalho insis-te em construir este aberrante e esbanjador projecto que

conta com o aval da Junta de Galiza. NÓS-UP considera insultante em plena crise económica e congelamento de salários e pensons, aumento do desemprego, empresas fechadas na comarca, que os três partidos do regime -PP-PSOE-BNG- optem por investir 40 milhons de euros em construir um teleférico.

Bugalho insiste em conectar o Gaiás por meio de um teleférico

Governo municipal

nom retira simbologia

fascista

Os documentos aprovados na IV e V Assembleia Nacional de NÓS-Uni-dade Popular decorrida em Teio e Vigo em Dezembro de 2007 e 2009 estám editados por Ediçons Voz Pró-pria. As resoluçons estám à venda ao preço de 4 euros na loja do nosso web e nos centros sociais da esquer-da independentista como o Henri-queta Outeiro.

Editadas resoluçons da IV e V

Assembleia Nacional de

NÓS-UP

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soPedro ovozeiro comarcal de NÓS-Unidade Popular da comarca de Compostela www.nosgaliza.org

Conselho de Redacçom: Anjo Paz, José Dias Cadaveira, César Campos, Yasmina Garcia, Carlos Morais, Sérgio Pinheiro, André Seoane Antelo, Patrícia Soares Saians.

Imprime: Tameiga • Edita: NÓS-Unidade Popular da Comarca de Compostela. Rua Quiroga Palácios, 42, rés-do-chao, Compostela · Galiza Tel. 695596484 • e-mail: [email protected] • Correcçom lingüística: galizaemgalego

Publicaçom trimestral de NÓS-UP da Comarca de Compostela • Distribuiçom gratuita.Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos e informaçons sempre que se citar a fonte.

O Pedroso nom partilha necessariamente a opiniom dos artigos assinados.

O Pedroso nº40-41 · Janeiro-Junho 2010 • Tiragem: 5.000 exemplares • Depósito Legal: C-1002-01 • Encerramento da ediçom: 22 de Maio de 2010

As novas medidas anunciadas polo governo espanhol do recorte e congelamen-to dos salários do pessoal funcionário público, de congelamento das pensons, de supressom do cheque-bebé, de reduçom dos investimentos públicos, entre outras, som umha péssima notícia, formam parte do novo pacote neoliberal que vai imple-mentar o governo PSOE. A Moncloa finalmente, tal como tinha prognosticado a esquerda independen-tista, cedeu às pressons da oligarquia, mas também deixou bem claro que se submete sem o mais mínimo pudor às directrizes da Uniom Europeia, do FMI e dos Estados Unidos. Umhas horas antes de anunciar esta agressom contra o mundo do trabalho a Casa Branca difundiu um comunicado informando que Obama tinha solicitado telefoni-camente a Zapatero “a importáncia de que Espanha emprenda acçons decididas como parte do esforço de Europa por fortalecer a economia e criar confiança no mercado”. As forças políticas espanholas que negam o exercício do nosso direito de autode-terminaçom carecem de escrúpulos à hora de submeterem-se às decisons externas para acelerar a aplicaçom das primeiras medidas do plano de choque neoliberal que reclamava a burguesia. Zapatero voltou novamente a enganar a classe operária pois contrariamente ao que vem proclamando pretende que sejamos nós quem paguemos a cri-se capitalista. Uns dias antes pactuou com Rajói a privatizaçom das caixas de poupança e medidas de ajustamento neoliberais seguindo os ditados da CEOE. Com estas medidas Díaz Ferrán, António Fontenla, Amáncio Ortega, Jacinto Rei, Tojeiro, Jove, som quem voltam a ganhar. Após injectarem milhares de milhons de euros na banca, de ajudarem com subsí-dios públicos as grandes empresas, de anunciarem mais retrocessos nos direitos e conquistas sociais com umha nova reforma laboral, de aumentar o IVA, o PSOE retira a sua máscara deixando bem claro que vai ser a classe trabalhadora

quem vai ter que pagar a bolha imobiliária, o selvagem capitalismo especula-tivo e depredador, o obsceno enriquecimento da burguesia. As medidas anunciadas polo governo do PSOE nom som mais do que o primei-ro capítulo de um pacote mais duro que será anunciando de forma paulatina nos vindouros meses, provavelmente aproveitando a desmobilizaçom social da etapa estival. NÓS-UP considera urgente umha resposta contundente da classe trabalha-dora galega a esta nova agressom. É imprescindível a imediata convocató-ria de umha greve geral contra a política económica do PSOE e da Uniom Europeia. A CIG nom pode seguir dilatando umha decisom inaprazável polas inconfessáveis hipotecas da sua burocracia aos cálculos eleitorais do BNG. Nom som horas de di-álogo, pactos e negociaçons infames. É o momento de luitar, de ocuparmos as ruas, de demonstrar o enorme poder do proletariado e das camadas populares. Há que seguir o caminho marcado polos nossos irmaos e irmás gregas. Devemos iniciar umha vaga de luitas em base a um programa anticapitalista e anti-im-perialista. Galiza e a sua classe trabalhadora precisam de independência e soberania nacional para superarmos a exploraçom e o saqueio a que nos submete Espanha e a Uniom Europeia, para quebrarmos com a economia de mercado e avançarmos face ao socialismo. Cada dia que perdamos em avançar nesta direcçom será irremediavelmente mais um dia de ansiedade, dor e sofrimento para o nosso povo trabalhador.

A luita é o único caminho!Adiante com a greve geral!BNG-PSOE-PP a mesma merda é!

Vivemos neste 17 de Maio um novo Dia das Letras marcado polas sistemáticas políticas de agressom planificada a um dos principais alicerces da nacionalidade galega: a língua.Nom pode justificar-se, de maneira nen-gumha, que trinta anos de autonomismo ten-ham como resultado este fruto podre: umha comunidade linguística esfarelada, umha lín-gua enfraquecida com uns níveis ínfimos de uso do galego, mas paradoxalmente coberto com muitos milhons de euros que em nada ajudárom à recuperaçom do mesmo.Nom pode justificar-se, mas pode, sim, ex-plicar-se. Todos esses governos trabalhárom para fora do país, consolidando a presença e os interesses espanhóis na Galiza; e para fora da maioria social, favorecendo os interesses de umha burguesia cada vez mais afastada de qualquer compromisso com o país e a língua.

As conclusons som claras: nom virám de fora as soluçons aos problemas da nossa comuni-dade linguística, nem virám da actual classe dominante os compromissos com a política linguística que necessitamos. Nengum gover-no burguês, nem sequer um coligado com o autonomismo, assumirá um programa verda-deiramente normalizador.Governe quem governar, devemos exercer os nossos direitos e reivindicar o único estatuto legal que garante o exercício dos mesmos: a oficialidade única do galego no conjunto da Galiza.Sendo imprescindível, nom chega com derro-tar o PP: há que derrotar todas as políticas bilinguistas, vier de onde vinherem. Nessa luita estamos e estaremos as militantes de NÓS-UP e do conjunto da esquerda indepen-dentista galega.

Paremos pacote neoliberal contra a classe trabalhadora