Pde 2023

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Ministério de Minas e Energia Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético Ministério de Minas e Energia

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Planejamento energético brasileiro

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  • Ministrio de Minas e Energia Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energtico

    Ministrio de Minas e Energia

  • Ministrio de Minas e Energia MME

    Ministro de Estado Edison Lobo Secretrio Executivo Mrcio Pereira Zimmermann Chefe de Gabinete do Ministro Jos Antonio Corra Coimbra

    Secretrio de Planejamento e Desenvolvimento Energtico Altino Ventura Filho

    Secretrio de Petrleo, Gs Natural e Combustveis Renovveis Marco Antnio Martins Almeida

    Secretrio de Energia Eltrica Ildo Wilson Grdtner

    Secretrio de Geologia, Minerao e Transformao Mineral Carlos Nogueira da Costa Jnior

    Empresa de Pesquisa Energtica EPE

    Presidente Mauricio Tiomno Tolmasquim

    Diretor de Estudos Econmico-Energticos e Ambientais

    Amilcar Gonalves Guerreiro

    Diretor de Estudos de Energia Eltrica Jos Carlos de Miranda Farias

    Diretor de Gesto Corporativa Alvaro Henrique Matias Pereira

    Ministrio de Minas e Energia MME

    Esplanada dos Ministrios Bloco U 5 andar 70065-900 Braslia DF Tel.: (55 61) 3319 5299 Fax: (55 61) 3319 5067 www.mme.gov.br

    Empresa de Pesquisa Energtica EPE

    Escritrio Central Av. Rio Branco, 01 11 Andar

    20090-003 Rio de Janeiro RJ Tel.: (55 21) 3512 3100 Fax : (55 21) 3512 3198

    www.epe.gov.br

    Catalogao na Fonte

    Brasil, Ministrio de Minas e Energia, Empresa de Pesquisa Energtica

    Plano Decenal de Expanso de Energia 2023 / Ministrio de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energtica. Braslia: MME/EPE, 2014

    2v.: il.

    1. Energia_Brasil. 2. Poltica Energtica_Brasil 3. Recursos Energticos_Brasil

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    Empresa de Pesquisa Energtica Ministrio de Minas e Energia

    PARTICIPANTES MME

    Coordenao Geral Altino Ventura Filho

    Coordenao Executiva Paulo Cesar Magalhes Domingues Joo Jos de Nora Souto Moacir Carlos Bertol

    Centro de Pesquisas de Energia Eltrica CEPEL

    Albert Cordeiro Geber de Melo, Maria Elvira Pieiro Macieira

    Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energtico SPE Coordenao: Altino Ventura Filho Equipe tcnica: Ado Martins Teixeira Junior, Adriano Jeronimo da Silva, Bruno Xavier de Sousa, Carlos Alexandre Prncipe Pires, Christiany Salgado Faria, Cristiano Augusto Trein, Daniele de Oliveira Bandeira, Debora de Siqueira Calderini Rosa, Giacomo Perrotta, Gilberto Hollauer, Gilberto Kwitko Ribeiro, Gilma dos Passos Rocha, Guilherme Zanetti Rosa, Gustavo Santos Masili, Gustavo Cerqueira Ataide, Joo Antnio Moreira Patusco, Jorge Paglioli Jobim, Jose Antnio Fabrini Marsiglio, Jos Luiz Scavassa, Kleverson Manoel Marques Gontijo, Lvia Batista Maciel Braga, Lvio Teixeira de Andrade Filho, Lcia Maria Praciano Minervino, Luis Fernando Badanhan, Marco Aurlio dos Santos Arajo, Paulo Antnio Gomes Monteiro, Paulo Augusto Leonelli, Paulo rico Ramos de Oliveira, Paula Roberta Moraes Baratella, Tarita da Silva Costa, Rodrigo Afonso Guimares, Srgio Ferreira Cortizo, Thiago Guilherme Ferreira Prado, Ubyrajara Nery Graa Gomes, Valdir Borges Souza Jnior, Vania Maria Ferreira, Vilma Maria de Resende. Secretaria de Petrleo, Gs Natural e Combustveis Renovveis SPG Coordenao: Marco Antnio Martins Almeida Equipe tcnica: Adriano Gomes de Sousa, Aldo Barroso Cores Jnior, Antnio Henrique Godoy Ramos, Breno Peixoto Cortez, Cludio Akio Ishihara, Clayton de Sousa Pontes, Deivson Matos Timb, Diego Oliveira Faria, Diogo Santos Baleeiro, Edie Andreeto Jnior, Fernando Massaharu Matsumoto, Israel Lacerda de Arajo, Jaqueline Meneghel Rodrigues, Jos Botelho Neto, Joo BatistaSimon Flausino, Juliano Vilela Borges dos Santos, Karla Branquinho dos Santos Gonzaga, Lauro Doniseti Bogniotti, Luciano Costa de Carvalho, Luiz Carlos Lisba Theodoro, Marlon Arraes Jardim Leal, Matheus Batista Bodnar, Maurcio Ferreira Pinheiro, Paulo Roberto Machado Fernandes Costa, Raphael Ehlers dos Santos, Renato Lima Figueiredo Sampaio, Ricardo Borges Gomide, Ricardo de Gusmo Dornelles, Rodrigo Willians de Carvalho, Symone Christine de Santana Arajo, Umberto Mattei.

    Assessoria Especial em Gesto Socioambiental AESA/SECEX Coordenao: Maria Ceicilene Arago Martins Equipe tcnica: Leonardo Belvino Pvoa, Nilo da Silva Teixeira, Rita Alves Silva, Vernica Silva e Souza

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    Empresa de Pesquisa Energtica Ministrio de Minas e Energia

    PARTICIPANTES EPE Coordenao Geral Mauricio Tiomno Tolmasquim

    Coordenao Executiva Estudos econmico-energticos e ambientais: Amilcar Gonalves Guerreiro Estudos de energia eltrica: Jos Carlos de Miranda Farias

    Consolidao e Sistematizao Emlio Hiroshi Matsumura

    Estudos econmicos e energticos Coordenao: Ricardo Gorini de Oliveira Equipe tcnica: Adriana Fiorotti Campos (parcial), Ana Cristina Braga Maia, Andre Luiz Rodrigues Osorio, Arnaldo dos Santos Junior, Bianca Nunes de Oliveira, Carla da Costa Lopes Acho, Daniel Vasconcellos de Sousa Stilpen, Fernanda Marques Pereira Andreza, Glaucio Vinicius Ramalho Faria, Gustavo Naciff de Andrade, Isabela de Almeida Oliveira, Ismael Alves Pereira Filho, Jaine Venceslau Isensee, Jairo Viana Feliciano, Jeferson Borghetti Soares, Joo Moreira Schneider de Mello, Jose Manuel Martins David, Lena Santini Souza Menezes, Leyla Adriana Ferreira da Silva (parcial), Leticia Fernandes Rodrigues da Silva, Lidiane de Almeida Modesto Luciano Basto Oliveira, Luiz Claudio Orleans, Luiz Gustavo Silva de Oliveira, Marcia Andreassy, Monique Riscado da Silva, Natalia Goncalves de Moraes, Patrcia Messer (parcial), Renata de Azevedo M. da Silva, Rogrio Antnio da Silva Matos, Sergio Henrique Ferreira da Cunha, Simone Saviolo Rocha.

    Gerao de energia eltrica Estudos de Planejamento Coordenao: Oduvaldo Barroso da Silva Equipe tcnica: Anderson da Costa Moraes, Angela Livino, Dan Gandelman, Danielle Bueno de Andrade, Fernanda Fidelis Paschoalino, Fernanda Gabriela B. dos Santos, Gabriel Malta Castro, Glaysson de Mello Muller, Hermes Trigo da Silva, Marilia Ribeiro Spera, Patricia Costa Gonzalez de Nunes, Pedro Americo Moretz-Sohn David, Renata Nogueira Francisco de Carvalho, Renato Haddad Simes Machado, Ronaldo Antonio de Souza, Roney Nakano Vitorino, Simone Quaresma Brando, Tereza Cristina Paixo Domingues, Thas Iguchi, Thiago Correa Cesar, Tiago Cardoso Frana.

    Gerao de energia eltrica Estudos de Engenharia Coordenao: Paulo Roberto Amaro Equipe tcnica: Thiago Vasconcellos Barral Ferreira e, Diego Pinheiro de Almeida.

    Estudos de transmisso de energia eltrica Coordenao: Jos Marcos Bressane Equipe tcnica: Alexandre de Melo Silva, Aretha de Souza Vidal Campos, Armando Leite Fernandes, Beatriz Nogueira Levy, Bruno Scarpa Alves da Silveira, Carolina Moreira Borges, Daniel Jos Tavares de Souza, Daniela Florncio de Souza, Dourival de Souza Carvalho Junior, Fbio de Almeida Rocha, Gustavo Valeriano Neves Luizon, Igor Chaves, Jean Carlo Morassi, Joo Henrique Magalhes Almeida, Joo Mauricio Caruso, Jonas Carvalheira Costa, Jos Antonio DAffonseca Santiago Cardoso, Jurema Baptistella Ludwig, Leandro Moda, Marcelo Willian Henriques Szrajbman, Marcelo Loureno Pires, Marcos Vincius Gonalves da Silva Farinha, Maria de Ftima de Carvalho Gama, Maxwell Cury Junior, Paulo Fernando de Matos Arajo, Pedro Henrique Mendona dos Santos, Priscilla de Castro Guarini, Rafael Pentagna Silvestre, Rafael Theodoro Alves e Mello, Renato de Noronha Fernandes, Rodrigo Rodrigues Cabral, Rodrigo Ribeiro Ferreira, Thiago de Faria Rocha Dourado Martins, Thiago Jose Masseran Antunes Parreiras, Tiago Campos Rizzotto, Vanessa Stephan Lopes, Vinicius Ferreira Martins.

    Estudos de petrleo e gs natural Coordenao: Giovani Vitria Machado Equipe tcnica: Adriana Queiroz Ramos, Aline Maria dos Santos, Bernardo Cirne de Azevdo Geraldo, Carlos Augusto Ges Pacheco, Carolina Oliveira de Castro, Gabriel de Figueiredo da Costa, Henrique Plaudio Gonalves Rangel, Jairo Marcondes de Souza, Joo Felipe Gonalves de Oliveira, Ktia Souza de Almeida, Lucas Jose Falarz, Luiz Paulo Barbosa da Silva, Marcelo Ferreira Alfradique, Marcos Frederico F. de Souza, Nathalia Oliveira de Castro, Pamela Cardoso Vilela, Pedro Mariano Yunes Garcia, Pricles de Abreu Brumati, Regina Freitas Fernandes, Reneu Rodrigues da Silva, Ricardo Moreira dos Santos Roberta de Albuquerque Cardoso, Ronan Magalhes vila, Sergio Martins de Souza, Victor Hugo Trocate da Silva, Viviane Kotani Shimizu.

    Estudos de derivados de petrleo e biocombustveis Coordenao: Ricardo Nascimento e Silva do Valle Equipe tcnica: Andr Luiz Ferreira dos Santos, Angela Oliveira da Costa, Antonio Carlos Santos, Allan de Vasconcelos Ferreira Souza (estagirio), Clara Santos Martins Saide, Deise dos Santos Trindade Ribeiro, Euler Joo Geraldo da Silva, Gabriel da Silva Azevedo Jorge, Gildo Gabriel da Costa, Henrique dos Prazeres Fonseca, Lucas de Moraes Sermoud (estagirio), Israel Rangel Azevedo (estagirio), Jennifer Dias Simes (estagiria), Juliana Rangel do Nascimento, Kriseida C. P. G. Alekseev, Lenidas Bially Olegario dos Santos, Marcelo Castello Branco Cavalcanti, Maria Ceclia Pereira de Arajo, Marisa Maia de Barros, Patrcia Feitosa Bonfim Stelling, Paulo Vincius Frana Veiga (estagirio), Pedro Nin de Carvalho, Rachel Martins Henriques, Rafael Barros Araujo, Rafael Moro da Mata, Rodrigo de Queiroz Campos, Romeu Ricardo da Silva, Vitor Manuel do Esprito Santo Silva.

    Estudos socioambientais Coordenao: Edna Elias Xavier Equipe tcnica: Alfredo Lima Silva, Ana Dantas Mendez de Mattos, Andr Luiz Alberti, Andr Souza Pelech, Carlos Frederico Menezes, Carolina Maria H. de G. A. Feijo Braga, Carolina Meirinho, Cristiane Moutinho Coelho, Daniel Dias Loureiro, Diego do Nascimento Bastos, Guilherme de Paula Salgado, Gustavo Fernando Schmidt, Jos Ricardo de Moraes Lopes, Ktia Gisele Soares Matosinho, Luciana lvares da Silva, Marcos Ribeiro Conde, Mariana Lucas Barroso, Paula Cunha Coutinho, Robson de Oliveira Matos, Valentine Jahnel, Vernica Souza da Mota Gomes.

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2023

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    Empresa de Pesquisa Energtica Ministrio de Minas e Energia

    APRESENTAO

    No setor energtico, compete ao Conselho Nacional de Poltica Energtica CNPE o estabelecimento de polticas e diretrizes, visando ao desenvolvimento nacional sustentado. O Estado Brasileiro exerce, na forma da lei, as funes de planejamento, o qual determinante para o setor pblico e indicativo para o setor privado.

    Os Planos Decenais elaborados no setor eltrico constituem um dos principais instrumentos de planejamento da expanso eletroenergtica do pas. A partir de 2007 estes Planos ampliaram a abrangncia dos seus estudos, incorporando uma viso integrada da expanso da demanda e da oferta de diversos energticos, alm da energia eltrica.

    O Plano Decenal de Expanso de Energia PDE 2023 apresenta importantes sinalizaes para orientar as aes e decises, voltadas para o equilbrio entre as projees de crescimento econmico do pas e a necessria expanso da oferta, de forma a garantir sociedade o suprimento energtico com adequados custos, em bases tcnica e ambientalmente sustentvel.

    Nesse sentido, vale ressaltar a previso da continuidade da forte presena das fontes renovveis na matriz energtica brasileira, de 42,5% em 2023, indicador equivalente ao verificado em 2013, de 41%. Na matriz de gerao de energia eltrica, as renovveis devero representar perto de 86% em 2023, superando a atual predominncia destas fontes. Destaque para a energia elica, que dos atuais 1,1% da matriz eltrica dever passar a 8,1% em 2023, devido expanso de 20 GW no perodo.

    Neste PDE 2023 esto previstos investimentos globais da ordem de R$ 1,3 trilho, dos quais 23,8% correspondem oferta de energia eltrica; 69,6% a petrleo e gs natural; e 6,5%, oferta de biocombustveis lquidos. Dentre os principais parmetros fsicos, haver ampliao entre o verificado em 2013 e 2023: da capacidade instalada de gerao de energia eltrica, de 124,8 para 195,9 GW; da produo de petrleo, de 2,0 para 4,9 milhes de barris/dia; da produo de gs natural, de 77,2 para 148,8 milhes de m3/dia; e da produo de etanol, de 27,6 para 47,3 milhes de m3.

    Ao apresentar o Plano Decenal de Expanso de Energia PDE 2023, resultado de um processo interativo de planejamento energtico, subsidiado por estudos da Empresa de Pesquisa Energtica, o Ministrio de Minas e Energia agradece a colaborao recebida por meio da consulta pblica, da qual participaram entidades da sociedade civil, rgos governamentais, empresas e agentes do setor energtico.

    Braslia, dezembro de 2014.

    Edison Lobo Ministro de Estado de Minas e Energia

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2023

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    Empresa de Pesquisa Energtica Ministrio de Minas e Energia

    ESTRUTURADORELATRIO

    Os diversos estudos contemplados neste relatrio foram agrupados em quatro temas:

    (i) Contextualizao e demanda;

    (ii) Oferta de energia eltrica;

    (iii) Oferta de petrleo e seus derivados, gs natural e biocombustveis; e

    (iv) Aspectos de sustentabilidade.

    Ao final, apresentada uma consolidao dos principais resultados.

    A estrutura geral do relatrio a seguinte:

    INTRODUO

    CONTEXTUALIZAOEDEMANDA

    Captulo I PREMISSAS BSICAS

    Captulo II DEMANDA DE ENERGIA

    OFERTADEENERGIAELTRICA

    Captulo III GERAO DE ENERGIA ELTRICA

    Captulo IV TRANSMISSO DE ENERGIA ELTRICA

    OFERTADEPETRLEOESEUSDERIVADOS,GSNATURALEBIOCOMBUSTIVEIS

    Captulo V PRODUO DE PETRLEO E GS NATURAL

    Captulo VI OFERTA DE DERIVADOS DE PETRLEO

    Captulo VII OFERTA DE GS NATURAL

    Captulo VIII OFERTA DE BIOCOMBUSTVEIS

    ASPECTOSDESUSTENTABILIDADE

    Captulo IX EFICINCIA ENERGTICA E GERAO DISTRIBUDA

    Captulo X ANLISE SOCIOAMBIENTAL

    CONSOLIDAODOSRESULTADOS

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2023

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    Empresa de Pesquisa Energtica Ministrio de Minas e Energia

    SUMRIO

    INTRODUO ................................................................................................................. 13

    I - PREMISSAS BSICAS .................................................................................................. 17

    1. Cenrio Macroeconmico de Referncia ................................................................. 17

    Aspectos gerais ....................................................................................................................... 17

    Conjuntura econmica ............................................................................................................ 18

    Cenrio de referncia .............................................................................................................. 18

    2. Premissas Demogrficas......................................................................................... 22

    3. Premissas Setoriais................................................................................................. 24

    Grandes Consumidores ............................................................................................................ 27

    Setor residencial ..................................................................................................................... 28

    Setor de transportes ................................................................................................................ 31

    II DEMANDA DE ENERGIA ........................................................................................... 33

    1. Projeo Consolidada do Consumo Final por Fonte ................................................. 34

    2. Energia Eltrica ...................................................................................................... 38

    2.1 Projeo do consumo .................................................................................................... 38

    2.2 Projeo da carga .......................................................................................................... 40

    2.3 Comparao entre as projees do PDE 2023 e do PDE 2022 .......................................... 42

    3. Gs Natural ............................................................................................................ 43

    3.1 leo Diesel .................................................................................................................... 48

    3.2 Gs Liquefeito do Petrleo (GLP) ................................................................................... 50

    3.3 Gasolina automotiva ..................................................................................................... 51

    3.4 Querosene de aviao (QAV) ......................................................................................... 54

    3.5 leo combustvel e outros secundrios de petrleo ....................................................... 55

    3.6 No-energticos do petrleo ......................................................................................... 57

    3.7 Nafta ............................................................................................................................ 59

    4. Biocombustveis ..................................................................................................... 60

    4.1 Biocombustveis lquidos ............................................................................................... 60

    4.2 Biomassa da cana .......................................................................................................... 62

    4.3 Biomassa da lenha ........................................................................................................ 62

    4.4 Carvo Vegetal .............................................................................................................. 64

    5. Carvo Mineral e Coque ......................................................................................... 65

    6. Consumo final por fonte e por setor ........................................................................ 66

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2023

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    Empresa de Pesquisa Energtica Ministrio de Minas e Energia

    III GERAO DE ENERGIA ELTRICA .......................................................................... 69

    1. Introduo ............................................................................................................. 69

    2. Sistema Existente ................................................................................................... 71

    3. Metodologia e Critrios .......................................................................................... 72

    4. Diretrizes e Premissas ............................................................................................. 73

    5. Expanso da Gerao ............................................................................................. 78

    5.1 Parque gerador contratado e em implantao ............................................................... 79

    5.2 Parque gerador planejado ............................................................................................. 81 5.2.1 Expanso hidreltrica .................................................................................................................... 81 5.2.2 Expanso termeltrica ................................................................................................................... 87 5.2.3 Expanso de outras fontes renovveis .......................................................................................... 89 5.2.4 Resumo da expanso por tipo de fonte......................................................................................... 91

    6. Balano de Garantia Fsica ..................................................................................... 95

    7. Expanso das Interligaes .................................................................................. 100

    8. Custos Marginais de Operao e Riscos de Dficit ................................................. 103

    9. Atendimento Demanda Mxima ........................................................................ 107

    10. Estimativa de Investimentos ................................................................................. 113

    IV TRANSMISSO DE ENERGIA ELTRICA ................................................................ 124

    1. Consideraes Iniciais ........................................................................................... 124

    2. Topologia da Rede de Transmisso ....................................................................... 125

    2.1 Configurao inicial ..................................................................................................... 125

    2.2 Expanso do SIN e integrao de usinas de grande porte e de novas fontes renovveis . 126

    2.3 Interligaes regionais ................................................................................................. 131

    2.4 Interligaes dos sistemas isolados ao SIN ................................................................... 136

    2.5 Interligaes com pases vizinhos................................................................................. 139

    3. Sistemas de Transmisso Regionais ...................................................................... 140

    3.1 Regio Norte ............................................................................................................... 140 3.1.1 Estado do Par ............................................................................................................................. 141 3.1.2 Estado do Maranho ................................................................................................................... 145 3.1.3 Estado do Tocantins..................................................................................................................... 147 3.1.4 Estado do Amazonas.................................................................................................................... 148 3.1.5 Estado do Amap ......................................................................................................................... 150 3.1.6 Estado de Roraima ....................................................................................................................... 151 3.1.7 Estudos complementares ............................................................................................................ 152

    3.2 Regio Nordeste .......................................................................................................... 153 3.2.1 Estado do Piau ............................................................................................................................ 154 3.2.2 Estado do Cear ........................................................................................................................... 157 3.2.3 Estado do Rio Grande do Norte ................................................................................................... 159 3.2.4 Estado da Paraba ........................................................................................................................ 162 3.2.5 Estado de Pernambuco ................................................................................................................ 163 3.2.6 Estado de Alagoas ........................................................................................................................ 165 3.2.7 Estado do Sergipe ........................................................................................................................ 167

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    Empresa de Pesquisa Energtica Ministrio de Minas e Energia

    3.2.8 Estado da Bahia ........................................................................................................................... 168 3.2.9 Estudos complementares ............................................................................................................ 172

    3.3 Regio Sudeste ............................................................................................................ 173 3.3.1 Estado de So Paulo .................................................................................................................... 174 3.3.2 Estado de Minas Gerais ............................................................................................................... 178 3.3.3 Estado do Esprito Santo .............................................................................................................. 181 3.3.4 Estado do Rio de Janeiro ............................................................................................................. 183 3.3.5 Estudos complementares ............................................................................................................ 185

    3.4 Regio Centro-Oeste e Estados do Acre e Rondnia ..................................................... 185 3.4.1 Estado de Gois e Distrito Federal ............................................................................................... 186 3.4.2 Estado de Mato Grosso ............................................................................................................... 189 3.4.3 Estados do Acre e Rondnia ........................................................................................................ 191 3.4.4 Estado de Mato Grosso do Sul ..................................................................................................... 193 3.4.5 Estudos complementares ............................................................................................................ 194

    3.5 Regio Sul ................................................................................................................... 195 3.5.1 Estado do Rio Grande do Sul ....................................................................................................... 196 3.5.2 Estado de Santa Catarina ............................................................................................................. 201 3.5.3 Estado do Paran ......................................................................................................................... 204 3.5.4 Estudos complementares ............................................................................................................ 207

    4. Evoluo Fsica e Investimentos ............................................................................ 208

    5. Tarifas de Uso do Sistema de Transmisso - TUST ................................................. 210

    V PRODUO DE PETRLEO E GS NATURAL .......................................................... 216

    1. Introduo ........................................................................................................... 216

    2. Previses de Produo .......................................................................................... 219

    3. Segmentao Geolgica da Produo no Pr-Sal .................................................. 224

    4. Implicaes Estratgicas e Econmicas ................................................................. 227

    4.1 Evoluo das reservas provadas e da relao R/P ......................................................... 237

    4.2 Investimentos em E&P ................................................................................................ 240

    4.3 Possveis excedentes de produo ............................................................................... 240

    4.4 Demandas por FPSOs e contedo local na fabricao de equipamentos ........................ 241

    VI OFERTA DE DERIVADOS DE PETRLEO ............................................................... 245

    1. Perspectivas de Preos de Petrleos e Derivados .................................................. 245

    1.1 Perspectivas de preos internacionais de petrleos ...................................................... 246

    1.2 Perspectivas de preos internacionais de derivados de petrleo ................................... 247

    1.3 Perspectivas de preos nacionais de derivados de petrleo .......................................... 249

    2. Expanso do Parque Nacional de Refino ............................................................... 251

    2.1 Metodologia e premissas adotadas para o abastecimento ............................................ 252

    2.2 Evoluo do parque de refino atual ............................................................................. 255

    2.3 Novas refinarias previstas ............................................................................................ 256

    2.4 Investimentos programados ........................................................................................ 258

    2.5 Evoluo do parque nacional de refino ........................................................................ 259

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2023

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    Empresa de Pesquisa Energtica Ministrio de Minas e Energia

    2.6 Resultados .................................................................................................................. 259 2.6.1 Balano entre oferta e demanda de derivados e perfil de produo .......................................... 259 2.6.2 Balano nacional dos principais derivados .................................................................................. 261 2.6.3 Balano nacional de petrleo ...................................................................................................... 268

    2.7 Refino Consideraes finais ...................................................................................... 269

    3. Infraestrutura Nacional de Transporte de Petrleos e Derivados ........................... 270

    3.1 Introduo .................................................................................................................. 270

    3.2 Panorama atual da infraestrutura nacional de transporte de petrleo e derivados........ 271 3.2.1 Infraestrutura dutoviria para transporte de petrleo e derivados ............................................ 271 3.2.2 Infraestrutura de terminais e capacidade de armazenamento de petrleo e derivados ............ 271 3.2.3 Transporte martimo de petrleo e derivados ............................................................................ 272

    3.3 Expanso da infraestrutura nacional de transporte de petrleo e derivados ................. 273 3.3.1 Investimentos da carteira de projetos do Grupo Petrobras ........................................................ 273 3.3.2 Investimentos sugeridos pela EPE ............................................................................................... 278

    3.4 Impactos das movimentaes previstas sobre a infraestrutura existente ...................... 279

    VII OFERTA DE GS NATURAL .................................................................................. 282

    1. Perspectivas de Preos de Gs Natural ................................................................. 282

    1.1 Premissas para as previses de preos ......................................................................... 283

    1.2 Preos de GNL internado no Brasil metodologia netback value ................................. 286

    1.3 Projeo de Preos de Gs Natural ............................................................................... 288

    1.4 Competitividade do gs natural no Brasil ..................................................................... 290

    2. Expanso da Oferta de Gs Natural ...................................................................... 291

    3. Balano de Oferta e Demanda de Gs Natural ...................................................... 294

    3.1 Regio Norte ............................................................................................................... 294

    3.2 Regio Nordeste .......................................................................................................... 295

    3.3 Regies Sudeste, Sul e Centro-Oeste ............................................................................ 296

    3.4 Balano de oferta e demanda do Brasil Malha integrada ........................................... 297

    3.5 Consideraes finais .................................................................................................... 298

    4. Infraestrutura de Transporte de Gs Natural ........................................................ 298

    4.1 Panorama atual ........................................................................................................... 299 4.1.1 Regio Norte ................................................................................................................................ 299 4.1.2 Regio Nordeste .......................................................................................................................... 300 4.1.3 Regio Sudeste ............................................................................................................................ 300 4.1.4 Regies Sul e Centro-Oeste ......................................................................................................... 300

    4.2 Expanso da infraestrutura .......................................................................................... 301 4.2.1 Regio Norte ................................................................................................................................ 301 4.2.2 Regio Nordeste .......................................................................................................................... 301 4.2.3 Regio Sudeste ............................................................................................................................ 302

    4.3 Expanso indicativa ..................................................................................................... 303

    4.4 Expanso da infraestrutura via GNL ............................................................................. 306

    4.5 Estimativa de investimentos ........................................................................................ 306

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    VIII OFERTA DE BIOCOMBUSTVEIS ......................................................................... 307

    1. Etanol .................................................................................................................. 307

    1.1 Projees da demanda total de etanol ......................................................................... 307 1.1.1 Demanda do mercado interno .................................................................................................... 307 1.1.2 Demanda internacional ............................................................................................................... 307 1.1.2.1 Total de exportao brasileira de etanol ..................................................................................... 310 1.1.3 Demanda total ............................................................................................................................. 311

    1.2 Projees da oferta de etanol no Brasil ........................................................................ 312 1.2.1 Situao atual .............................................................................................................................. 312 1.2.2 Metodologia para projeo da oferta de etanol ......................................................................... 312 1.2.3 Premissas para prod. de acar, rend., produtividade e ndice de transformao industrial ..... 313 1.2.4 Premissas para a expanso da capacidade industrial .................................................................. 315 1.2.5 Resultados ................................................................................................................................... 316 1.2.6 Etanol celulsico e bioprodutos da cana ..................................................................................... 319 1.2.7 Investimentos para o aumento da produo .............................................................................. 320

    1.3 Logstica de transporte do etanol ................................................................................. 321 1.3.1 Investimentos dutovirios e hidrovirios .................................................................................... 321 1.3.2 Ferrovias ...................................................................................................................................... 322 1.3.3 Portos .......................................................................................................................................... 323

    1.4 Etanol - consideraes finais ........................................................................................ 324

    2. Biodiesel .............................................................................................................. 325

    2.1 O consumo obrigatrio de biodiesel............................................................................. 325

    2.2 Perspectivas de preos do biodiesel ............................................................................. 325

    2.3 Os leiles e o estoque estratgico de biodiesel ............................................................. 326

    2.4 Oferta de biodiesel ...................................................................................................... 326 2.4.1 Disponibilidade de insumos para a produo de biodiesel ......................................................... 326 2.4.2 Capacidade de processamento .................................................................................................... 328 2.4.3 Balano de capacidade instalada e demanda de biodiesel ......................................................... 328 2.4.4 Incentivos ao uso adicional de biocombustveis ......................................................................... 330 2.4.5 Infraestrutura de escoamento da produo de biodiesel ........................................................... 330 2.4.6 Biodiesel Consideraes finais .................................................................................................. 331

    3. Biomassa de Cana-de-Acar para Oferta de Energia Eltrica ............................... 332

    3.1 O setor sucroalcooleiro e os leiles de energia eltrica ................................................. 333

    3.2 Oferta de biomassa de cana-de-acar......................................................................... 335

    3.3 Potencial tcnico de exportao de energia eltrica da biomassa de cana-de-acar ..... 336

    3.4 Biomassa de cana-de-acar consideraes finais ...................................................... 338

    IX EFICINCIA ENERGTICA E GERAO DISTRIBUDA ........................................... 339

    1. Conceitos e definies .......................................................................................... 340

    1.1 Eficincia energtica .................................................................................................... 340

    1.2 Gerao distribuda ..................................................................................................... 341

    2. Principais resultados agregados ........................................................................... 342

    2.1 Ganhos de eficincia energtica ................................................................................... 342 2.1.1 Setor industrial ............................................................................................................................ 344 2.1.2 Setor de transportes .................................................................................................................... 345

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2023

    xii

    Empresa de Pesquisa Energtica Ministrio de Minas e Energia

    2.1.3 Setor residencial .......................................................................................................................... 346 2.1.4 Setor de servios .......................................................................................................................... 348 2.1.5 Setor agropecurio ...................................................................................................................... 350

    2.2 Gerao distribuda ..................................................................................................... 350

    2.3 Resultados Consolidados ............................................................................................. 353

    X ANLISE SOCIOAMBIENTAL ................................................................................... 354

    1. Premissas, critrios e procedimentos .................................................................... 355

    1.1 Emisses de GEE .......................................................................................................... 355

    1.2 Energia eltrica ........................................................................................................... 356

    1.3 Petrleo, gs natural e biocombustveis ....................................................................... 356

    1.4 Anlise integrada ........................................................................................................ 357

    2. Emisses de gases de efeito estufa (GEE) .............................................................. 357

    2.1 Projeo...................................................................................................................... 358

    3. Anlise socioambiental da oferta de energia eltrica ............................................ 361

    3.1 Gerao hidreltrica .................................................................................................... 361

    3.2 Gerao de outras fontes renovveis ........................................................................... 368

    3.1 Transmisso de energia eltrica ................................................................................... 372

    4. Anlise socioambiental da oferta de petrleo, gs natural e biocombustveis ....... 377

    4.1 Produo de petrleo e gs natural ............................................................................. 377

    4.2 Oferta de gs natural ................................................................................................... 381

    4.3 Etanol ......................................................................................................................... 382

    4.4 Biodiesel ..................................................................................................................... 389

    5. Anlise socioambiental integrada ........................................................................ 393

    Anlise espacial da expanso ................................................................................................. 395

    Interferncias dos projetos e sensibilidades regionais ............................................................ 397

    Temas prioritrios para a gesto ambiental ........................................................................... 401

    CONSOLIDAO DOS RESULTADOS............................................................................. 403

    Economia e Energia ............................................................................................................... 403

    Matriz Energtica .................................................................................................................. 404

    Sntese dos Resultados .......................................................................................................... 407

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................................... 411

    LISTA DE TABELAS ..................................................................................................................... 423

    LISTA DE GRFICOS ................................................................................................................... 427

    LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................... 430

    AGRADECIMENTOS ................................................................................................................ 432

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2023 Introduo 13

    Ministrio de Minas e Energia Empresa de Pesquisa Energtica

    INTRODUO

    Plano Decenal de Expanso de Energia (PDE) 2023 incorpora uma viso integrada da expanso da demanda e da oferta de diversos energticos no perodo de 2014 a 2023. Cumpre ressaltar sua importncia como instrumento de planejamento para o setor energtico

    nacional, contribuindo para o delineamento das estratgias de desenvolvimento do pas a serem traadas pelo Governo Federal.

    A elaborao pela EPE dos estudos associados ao PDE 2023 se desenvolveu contando com as diretrizes e o apoio da equipe da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energtico SPE/MME e da Secretaria de Petrleo, Gs Natural e Combustveis Renovveis SPG/MME.

    Alm disso, a participao de tcnicos das empresas do setor eltrico ao longo dos trabalhos, bem como as contribuies de diversos rgos e entidades recebidas, possibilitou aprimorar a qualidade das anlises efetuadas.

    Contexto e enfoque dos estudos

    A economia mundial passa por um perodo de fraco crescimento econmico que dever perdurar ao longo dos prximos anos. Os pases desenvolvidos ainda se recuperam da crise econmica e os pases emergentes so cada vez mais afetados pela estagnao do comrcio mundial. Nesse contexto, a economia brasileira no tem sido capaz de apresentar bom desempenho econmico apesar dos esforos de investimento e dos bons resultados do setor de servios, em virtude de fatores externos tais como a retrao da demanda mundial, e internos como os gargalos de infraestrutura que inibem a competitividade nacional.

    A expectativa para os prximos 10 anos de que os pases desenvolvidos passem por um processo de ajuste de suas economias com gradual recuperao da atividade econmica, especialmente na segunda metade do perodo. Por sua vez, os pases emergentes ainda continuaro contribuindo fortemente para o crescimento da economia mundial, despeito do arrefecimento das taxas de expanso das economias chinesa e indiana. Com relao economia brasileira, admite-se como uma das principais hipteses do cenrio o encaminhamento, nos prximos anos, de solues para os problemas de infraestrutura, com consequente elevao dos investimentos e da produtividade total dos fatores. Por esse motivo, no cenrio adotado, espera-se que o Brasil cresa a uma taxa superior mdia mundial no horizonte decenal.

    No que concerne ao setor eltrico, o presente plano incorpora os resultados dos leiles de energia nova realizados at o final de 2013. A potncia total dos projetos que comercializaram energia neste ano foi de, aproximadamente, 7.200 MW, correspondendo a uma energia de aproximadamente 3.600 MW mdios para o Sistema Interligado Nacional - SIN. Esto includas nesse total, a gerao de origem elica, com uma potncia total de cerca de 4.700 MW. Foi tambm dado prosseguimento ao exitoso processo das licitaes de empreendimentos de transmisso, tendo sido licitado em 2013, em cinco leiles, um total da ordem de 10.000 km de linhas de transmisso e 9.200 MVA de transformao.

    O

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    Quanto expanso da gerao no horizonte do PDE 2023, foi mantida a significativa participao das fontes renovveis na matriz eltrica, contribuindo para o desenvolvimento sustentvel das fontes de gerao, diretriz esta reafirmada pelo preo competitivo destas fontes demonstrado nos ltimos leiles de energia.

    Para atender de forma adequada ao crescimento da carga de energia, optou-se por indicar a expanso do parque gerador tambm com termeltricas entre os anos de 2019 e 2023, totalizando 7.500 MW. Destaca-se que a concretizao desta expanso termeltrica est atrelada disponibilidade e competitividade dos projetos, preferencialmente de usinas movidas a gs natural, nos futuros leiles para compra de energia nova. Em caso de inviabilidade, outras fontes constituem alternativas para o atendimento demanda, entre elas as usinas trmicas a carvo.

    Os estudos socioambientais desenvolvidos no PDE 2023 foram orientados pelo conceito de sustentabilidade considerando questes associadas reduo dos impactos sobre o meio ambiente na expanso da oferta de energia. Assim como no horizonte de planejamento anterior, foram identificados desafios socioambientais associados s diversas fontes planejadas no decnio para as quais devem ser orientados esforos do setor de modo a contribuir para a minimizao de riscos e o aproveitamento de oportunidades relacionados expanso. Nesse contexto, populaes indgenas, reas protegidas, biodiversidade aqutica e vegetao nativa foram considerados os temas prioritrios para a gesto ambiental.

    Destacam-se tambm as questes relacionadas mudana global do clima causada pelas emisses antrpicas de gases de efeito estufa (GEE). O Decreto 7.390/10, que regulamenta a Poltica Nacional sobre Mudana do Clima, estabelece que, no setor de energia, o plano setorial de mitigao e adaptao s mudanas do clima o prprio Plano Decenal de Energia. Dessa forma, o cenrio de expanso do PDE 2023 deve ser compatvel com a meta estabelecida pela Poltica Nacional sobre Mudana do Clima, na qual todos os setores, em conjunto, devero reduzir entre 36,8% e 38,9% as emisses de GEE em relao a um cenrio de referncia projetado para 2020. Com efeito, o PDE 2023 tem entre seus objetivos o atendimento a metas especficas no quesito emisses.

    O PDE 2023 se apresenta, portanto, como importante instrumento para a delimitao do cenrio de mitigao, uma vez que incorpora medidas que, em conjunto, contribuem para que o pas continue se desenvolvendo com baixas emisses de carbono. Dentre as medidas incorporadas a esse Plano podem ser citadas o aumento da eficincia energtica, o incremento do parque instalado de hidroeletricidade e de outras fontes renovveis de energia eltrica como elica, biomassa e PCHs, a insero da fonte solar na expanso, alm da avaliao das reas de expanso da cana necessrias para o aumento do volume de biocombustveis e consequente substituio de combustveis fsseis.

    Na rea de explorao e produo de petrleo e gs natural, com base nas reservas de 31 de dezembro de 2012 dos campos em produo e em desenvolvimento, nos volumes recuperveis de descobertas em avaliao e nas estimativas referentes s acumulaes por descobrir nos blocos exploratrios contratados at 31 de maio de 2013 e nas reas da Unio, elaboraram-se as previses de produo de petrleo e gs natural. Espera-se que no prximo decnio as reservas provadas e a produo nacional de petrleo e gs natural sejam duplicadas, principalmente com a contribuio dos recursos descobertos na rea do pr-sal.

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2023 Introduo 15

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    As demandas de derivados de petrleo, confrontadas com as previses de produo, permitem antever as condies de atendimento ao mercado, as necessidades de importao e as possibilidades de exportao de petrleo e seus derivados, bem como os investimentos necessrios no parque de refino e na infraestrutura logstica de petrleo e seus derivados. Ressalte-se que, devido a restries da oferta de etanol, ao aumento da frota de veculos leves e a investimentos pouco expressivos na expanso de produo de gasolina, prev-se a importao deste derivado ao longo de todo o perodo considerado.

    Mantendo a expectativa do PDE anterior, prev-se, para o prximo decnio, um papel mais relevante para o Brasil no mercado mundial de petrleo, atuando como exportador lquido deste produto, em funo da produo em campos j delimitados e do desenvolvimento da produo das acumulaes descobertas na rea do Pr-Sal.

    Quanto ao gs natural, um aspecto fundamental na avaliao da penetrao desse combustvel na indstria consiste na competio direta com o leo combustvel. Para efeito de projeo, o cenrio adotado confere ligeira vantagem no curto prazo ao gs natural em relao ao leo combustvel, sendo a a relao mdia entre os preos de gs natural (citygates) e os de leo combustvel de alto teor de enxofre (ex refinaria) de 85% no horizonte decenal. H ainda outros elementos a serem levados em considerao, como, por exemplo, a preferncia pelo gs natural em processos industriais que exigem elevado grau de pureza do produto final, que o caso da fabricao de vidro e de determinados tipos de cermica, assim como no segmento de fertilizantes, no qual esta fonte utilizada tanto com fim energtico quanto como matria-prima.

    Projeta-se para o perodo decenal a ampliao da participao do gs nacional na oferta total de gs natural, devido principalmente ao incremento da produo interna. Ainda assim, prev-se a manuteno da importao de gs natural boliviano nos nveis atuais, e de GNL, atravs dos terminais instalados (Rio de Janeiro e Cear) e do novo terminal na Bahia. Projeta-se para o perodo decenal uma ampliao da participao do gs nacional na oferta total de gs natural, devido principalmente ao incremento da produo interna oriunda das recentes descobertas.

    O mercado brasileiro de etanol dever continuar sua trajetria de expanso nos prximos 10 anos, em funo do aumento expressivo da frota de veculos flex-fuel. No entanto, o crescimento ter menor intensidade, quando comparado ao Plano anterior, devido, principalmente, reduo da expectativa de investimentos em novas unidades produtoras e dos ganhos de produtividade da cana, o que proporcionar uma menor oferta nacional do produto. No mercado internacional, estima-se um crescimento marginal das exportaes brasileiras, impactadas pelos problemas na produo domstica, pela manuteno das tendncias protecionistas dos mercados e pelas polticas de reduo do consumo de combustveis nos Estados Unidos. Mesmo assim, o Brasil se manter como um dos principais players no perodo analisado.

    Entre 2014 e 2016, vislumbra-se o incio da recuperao da oferta de etanol, motivado pelo retorno dos investimentos em renovao dos canaviais e em tratos culturais, que prosseguiro no restante do perodo, embora em menor intensidade. Na rea industrial, trs fatores devero proporcionar o crescimento da oferta de etanol: ocupao de capacidade ociosa de moagem das unidades existentes; expanso de capacidade de moagem e implantao de novas unidades produtoras, embora em ritmo moderado. Neste contexto, vislumbram-se empreendimentos direcionados a facilitar e reduzir os custos de transporte e armazenagem de etanol.

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2023 Introduo 16

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    Considerou-se que o biodiesel ser utilizado apenas para atendimento mistura mandatria, apesar de ter sido avaliada a possibilidade de que a demanda ultrapassasse as metas legais estabelecidas. Cabe ressaltar a alterao do percentual mandatrio para 6%, em julho de 2014, e para 7% a partir de novembro de 2014. Para atendimento desta demanda, foi analisada a disponibilidade de insumos, assim como a capacidade de processamento e de escoamento da produo.

    O estudo sobre a gerao de bioeletricidade, a partir da biomassa de cana-de-acar, evidencia uma significativa folga para sua ampliao, o que possibilitaria sua consolidao como uma fonte importante na matriz eltrica nacional. Neste estudo, so apresentadas a avaliao da quantidade de energia j contratada pelo setor eltrico, a anlise de seu potencial tcnico e uma nova projeo de oferta de bioeletricidade, considerando-se o comportamento histrico da gerao de bioeletricidade.

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    I - PREMISSAS BSICAS

    este captulo so apresentadas algumas das premissas bsicas adotadas nos estudos do PDE 2023, abrangendo o cenrio macroeconmico e setorial, as perspectivas de preos do petrleo e o crescimento demogrfico.

    As variveis econmicas, tais como a taxa de crescimento da economia, possuem impactos relevantes sobre a projeo do consumo de energia. A exemplo disto, destaca-se o peso que a evoluo do setor industrial possui sobre autoproduo de eletricidade. A anlise do consumo de energia depende tambm de estudos prospectivos setoriais, sobretudo os referentes aos segmentos energointensivos.

    Da mesma forma, os indicadores demogrficos possuem impactos relevantes sobre o consumo de energia. Como exemplo, a perspectiva de evoluo da relao habitante/domiclio e a evoluo do crescimento da populao brasileira possibilitam estimar o nmero total de domiclios, varivel fundamental para a projeo do consumo residencial de energia.

    Assim, a seguir so apresentadas algumas dessas premissas, incluindo aquelas relacionadas s premissas demogrficas, macroeconmicas e setoriais.

    1. Cenrio Macroeconmico de Referncia

    Aspectos gerais

    O cenrio econmico-energtico adotado neste PDE 2023 est inserido dentro da perspectiva de cenrio de interesse dos estudos de longo prazo elaborados pela EPE no mbito do Plano Nacional de Energia. A partir dessa viso de longo prazo, so determinados recortes temporais de horizontes menores, obtendo-se, dessa forma, trajetrias consistentes ao longo do tempo para as variveis de interesse.

    importante diferenciar entre os elementos que afetam a conjuntura, aqueles que podem influenciar parmetros relevantes no horizonte decenal, em especial, as taxas de expanso da economia.

    H que se destacar, a despeito do contexto pelo qual passa a economia brasileira, que esta nos prximos dez anos ter um desempenho superior mdia mundial. Esta premissa est alinhada com as perspectivas adotadas pela EPE desde o PNE 2030. Desta forma, no presente estudo trabalha-se com uma taxa mdia de crescimento mundial de 3,8% ao ano, enquanto o Brasil se expande a uma taxa mdia de 4,3% ao ano, conforme ser analisado nas prximas sees.

    N

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    Conjuntura econmica

    A economia mundial ainda vem se recuperando gradualmente do fraco desempenho econmico provocado pela crise mundial iniciada nos Estados Unidos e estendida aos pases integrantes da Unio Europeia, com desempenho diferente entre pases.

    Embora esta crise tenha ocorrido de forma mais intensa nos pases desenvolvidos, seus efeitos tambm foram sentidos pelos pases emergentes, devido ao forte impacto gerado sobre o comrcio mundial. Ainda assim, estes pases, sobretudo os asiticos, continuam sendo os principais responsveis pelo crescimento do PIB mundial. Vale frisar que, embora em trajetrias decrescentes, a taxa de crescimento econmico da China continua elevada, assim como a sua participao relativa nos fluxos de comrcio internacional.

    O Brasil, por sua vez, reforou os esforos para que sua economia volte a apresentar bons resultados, atravs de estmulos a diversos setores. Aps um ano de retrao dos investimentos, h uma recuperao destes ao longo de 2013, o que tende a implicar em um resultado econmico melhor para o pas. Por outro lado, ainda h incerteza em relao ao desempenho da indstria, j que h certa volatilidade nos indicadores de produo industrial.

    A trajetria da inflao vem sendo destaque neste perodo, j que o IPCA fechou o ano de 2012 com 5,9% e chegou a atingir o teto da meta em maio de 2013, quando apresentou 6,5% nos 12 meses acumulados. Diante disso, a autoridade monetria atuou elevando a taxa de juros bsica da economia interrompendo, momentaneamente, a poltica de reduo de taxa de juros praticada pelo governo brasileiro ao longo do ltimo ano.

    Alm dos fatores conjunturais citados acima, o desempenho da economia vem sendo limitado por alguns fatores estruturais, como os gargalos de infraestrutura que limitam a competitividade da indstria e os ganhos de produtividade da economia. A soluo desses gargalos imprescindvel para que se possa observar um crescimento mais significativo da economia brasileira.

    De modo geral, a anlise prospectiva da economia brasileira depende da evoluo dessas questes conjunturais e de como os problemas estruturais sero enfrentados e solucionados. A seguir, o cenrio adotado pela EPE para o horizonte de dez anos detalhado.

    Cenrio de referncia

    O cenrio projetado pela EPE foi elaborado em um momento de incertezas tanto no mercado interno quanto no externo, onde se destacam alguns riscos como a questo inflacionria brasileira e a lenta recuperao da economia mundial. Mesmo diante deste contexto, possvel visualizar uma perspectiva de retomada de crescimento da economia brasileira.

    Dentre as premissas para o cenrio mundial adotadas neste estudo, est uma recuperao da economia global, considerando-se remotas as chances de uma ruptura da Unio Europeia. Nesse contexto, os pases emergentes continuaro sendo protagonistas no crescimento do PIB mundial, com destaque para a China e ndia, que se mantm com altas taxas de crescimento, apesar da reduo da projeo de crescimento desses pases para os prximos anos.

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2023 Premissas bsicas 19

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    Conforme apresentado na Tabela 1, na primeira metade do horizonte de projeo, o crescimento da economia mundial ser impactado pela recuperao das economias desenvolvidas e pelas elevadas taxas de crescimento dos pases emergentes. J no segundo quinqunio, a despeito do melhor desempenho das economias desenvolvidas, o crescimento econmico mundial ser impactado pelas taxas mais baixas de crescimento das economias emergentes.

    Com relao economia brasileira, a expectativa de crescimento mdio acima da mdia mundial; tal fato explicado pela perspectiva de elevao de investimento e produtividade. Nesse horizonte, o Brasil crescer a uma taxa mdia de 4,3% a.a., enquanto o mundo cresce a 3,8% ao ano.

    Tabela 1 Taxas de crescimento do nvel de atividade (mdias no perodo)

    Indicadores Econmicos Histrico Projeo

    2003-2007 2008-2012 2014-2018 2019-2023

    PIB mundial (% a.a.) 4,7 2,9 3,8 3,8

    Comrcio mundial (% a.a.) 8,2 2,8 5,4 5,3

    PIB nacional (% a.a.) 4,0 3,1 4,1 4,5 Fontes: IBGE e FMI (dados histricos) e EPE (projees).

    Para alcanar essas taxas de crescimento da economia brasileira necessrio que sejam solucionados os problemas estruturais que se constituem em gargalos que impedem a sustentao de um crescimento econmico mais vigoroso de longo prazo.

    Sustentar o crescimento econmico brasileiro ao longo dos anos envolve a adoo de uma srie de medidas que possibilitem o aumento do PIB potencial. Um fator determinante para a elevao do crescimento econmico diz respeito questo da produtividade da economia brasileira. Mas, para que a taxa de produtividade da economia brasileira avance e contribua de forma mais significativa no crescimento econmico, os investimentos em capital, em inovao e na formao e capacitao da mo-de-obra precisaro aumentar.

    Dentre as aes j implementadas que podem ter um impacto no mdio e longo prazo sobre o aumento de produtividade e, consequentemente, crescimento da economia brasileira, esto as polticas de investimento em infraestrutura realizadas pelo governo atravs de programas como o Programa de Acelerao do Crescimento (PAC) e o Plano Nacional de Logstica e Transporte (PNLT). Estes programas so voltados para impulsionar o crescimento da economia nacional atravs da reduo das ineficincias e dos principais custos que geram um forte impacto negativo nos setores produtivos.

    Outro fator essencial para o crescimento econmico nacional o aumento da poupana de longo prazo. As evolues das taxas de poupana de longo prazo (% PIB) e de crescimento da Produtividade Total dos Fatores (PTF) so apresentadas na Tabela 2.

  • Plano Decenal de Expanso de Energia 2023 Premissas bsicas 20

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    Tabela 2 Principais variveis exgenas do cenrio de referncia (mdias no perodo)

    Indicadores Econmicos Histrico Projeo

    2003-2007 2008-2012 2014-2018 2019-2023

    Taxa de Poupana (% PIB) (1) 19,0 19,0 20,7 20,7

    PTF (% a.a.) (2) 1,2 0,8 1,2 1,2 Notas: (1) As projees de taxa de poupana nos quinqunios dizem respeito aos seus valores de longo prazo; os valores histricos

    representam as mdias das taxas correntes de poupana e, portanto, so mais afetadas por questes conjunturais. (2) Para o clculo da PTF histrica, ver Souza Jr. (2005).

    Fontes: IBGE (dados histricos) e EPE (Projees).

    Em relao aos investimentos, de notrio saber que eles so imprescindveis para manter taxas elevadas e sustentveis de crescimento econmico de longo prazo. Alm disso, eles geram ganhos importantes de competitividade para o pas, o que impacta diretamente no posicionamento da economia brasileira no comrcio mundial.

    Para o horizonte considerado, espera-se um aumento no volume de investimentos, nos setores de infraestrutura; com destaque para aqueles relacionados explorao e produo de petrleo, visando suprir as recentes descobertas nas camadas do pr-sal e garantir os impactos positivos que este setor proporciona para os demais setores da economia. Outro setor que merece destaque no que diz respeito ao aumento de investimentos o habitacional.

    evidente que outros gargalos que impedem um aumento mais expressivo da produtividade, como falta de mo de obra qualificada, de polticas de estmulos s inovaes tecnolgicas e de mudanas institucionais mais profundas ainda persistiro, visto que os efeitos decorrentes de algumas das reformas em andamento necessitam de um perodo maior que o horizonte considerado neste estudo para serem efetivos. No entanto, a expectativa dos investimentos citados anteriormente sustenta a perspectiva das maiores taxas de investimento apresentadas na Tabela 3.

    Tabela 3 Taxa de Investimento (mdias no perodo)

    Indicadores Econmicos Histrico Projeo

    2003-2007 2008-2012 2014-2018 2019-2023

    Investimento total (% PIB) (1) 16,8 19,4 21,1 21,6

    Investimento pblico (% PIB) (1),(2) 3,1 2,7 2,2 2,5 Notas: (1) Taxas de investimento a preos correntes.

    (2) Inclui empresas estatais federais Fontes: IBGE e Ministrio do Planejamento (dados histricos) e EPE (Projees).

    Ainda que a conjuntura poltica e econmica indique que a meta de supervit primrio esteja sendo ameaada pelos incentivos dados a diversos setores da economia a fim de evitar um agravamento dos resultados macroeconmicos nesse momento de crise mundial, acredita-se que haja reverso da situao nos prximos anos, possibilitando a manuteno do quadro de solidez fiscal do Brasil e a continuidade da trajetria de reduo da dvida lquida do setor pblico.

    Os dados apresentados na Tabela 4 mostram a evoluo dos indicadores do setor pblico no perodo e apontam um aperto fiscal maior no primeiro quinqunio com impacto relevante sobre a reduo da dvida pblica. Entretanto, medida que a dvida se reduz mais intensamente, reduz-se a necessidade de manter supervits ficais elevados, conforme se espera que ocorra no segundo quinqunio.

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    Tabela 4 Indicadores econmicos do setor pblico (mdias no perodo)

    Indicadores Econmicos Histrico Projeo

    2003-2007 2008-2012 2014-2018 2019-2023

    Supervit Primrio (% PIB) 3,5 2,7 2,6 1,6

    Dficit Nominal (% PIB) 3,6 2,6 1,8 1,3

    Dvida Lquida (% PIB) 49,3 38,3 34,8 29,9 Fontes: Banco Central (dados histricos) e EPE (Projees).

    Pelo lado do setor externo, a lenta recuperao da economia mundial e o menor crescimento esperado para a economia chinesa impactaro diretamente a balana comercial brasileira que ter no perodo projetado um crescimento inferior ao observado na dcada imediatamente anterior. O resultado ainda positivo, porm, se deve expectativa de aumento significativo das exportaes do setor de petrleo ao fim desta dcada.

    O menor saldo de balana comercial e o dficit do saldo de balana de servios e rendas, por sua vez, se traduziro em um maior dficit em transaes correntes. Este dficit, entretanto, no representar uma dificuldade de financiamento, especialmente porque h expectativa de afluxo de capitais crescente para o pas no perodo. A entrada de capitais via aumento do investimento externo direto ocorrer, principalmente, em resposta ao bom desempenho da economia nacional, principalmente no segundo quinqunio, e solidez da poltica macroeconmica no perodo.

    Tabela 5 Indicadores econmicos do setor externo (mdias no perodo)

    Indicadores Econmicos Histrico Projeo

    2003-2007 2008-2012 2014-2018 2019-2023

    Balana Comercial (US$ bilhes) 38,0 23,5 10,2 19,5

    Exportaes (US$ bilhes) 117,4 206,3 246,6 292,7

    Importaes (US$ bilhes) 79,3 182,9 236,4 273,3

    IED (US$ bilhes) 19,4 50,3 76,9 130,3

    Transaes Correntes (% PIB) 1,1 -2,0 -3,0 -2,4 Fontes: Banco Central (dados histricos) e EPE (Projees).

    Outra varivel relevante na projeo da demanda e da oferta de energia o preo do petrleo. No primeiro quinqunio, haver menos restries sobre a oferta por parte de alguns pases da OPEP, especialmente o Iraque, alm da regio do Cspio, do pr-sal no Brasil, das areias betuminosas Canadenses e do shale oil nos Estados Unidos. Os preos mdios, embora decrescentes a partir de 2012, se mantero em um patamar ainda elevado no curto prazo, pois mesmo com a retomada dos investimentos, possvel que no haja tempo hbil para atender totalmente o ritmo de crescimento da demanda.

    No entanto, a combinao de vrios efeitos dever levar a um novo balano de oferta-demanda de petrleo, amenizando os preos do petrleo no segundo quinqunio. Entre estes efeitos destacam-se a retomada e maturao de projetos de E&P, a manuteno de um crescimento econmico mundial moderado, o efeito da alta de preos sobre a demanda de derivados e a maturao de polticas de substituio de derivados e de eficincia energtica.

    Como resultado, as cotaes do Brent devero cair, nesse cenrio, de um patamar mdio de US$ 96 por barril no primeiro quinqunio para o patamar mdio de US$ 83 por barril no final do horizonte (a

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    valores constantes de maio de 2013). A evoluo do preo do leo Brent projetado ao longo do horizonte do PDE 2023 apresentada na Tabela 6.

    Tabela 6 Evoluo do preo do petrleo tipo Brent (mdias no perodo)

    Indicadores Econmicos Histrico Projeo

    2003-2007 2008-2012 2014-2018 2019-2023

    Preo do Petrleo tipo Brent (US$ maio 2013/barril) 66,49 97,72 95,66 83,43

    Fontes: EIA-DOE, BLS (dados histricos) e EPE (Projees)

    2. Premissas Demogrficas

    Assim como a anlise econmica possui um importante impacto sobre as questes energticas, a evoluo demogrfica um fator primordial para indicar as possveis trajetrias do consumo energtico. Desta forma, esta seo visa explicitar o cenrio considerado para a evoluo da populao brasileira no perodo que se estende at 2023.

    O ltimo censo demogrfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) no ano de 2010 revelou importantes resultados para a trajetria de crescimento da populao brasileira. Com uma taxa de crescimento prxima a 1%, observa-se um rpido processo de envelhecimento da populao, com alteraes na pirmide etria do pas em virtude da menor taxa de fecundidade e maior expectativa de vida do brasileiro.

    Para o horizonte projetado, espera-se continuidade da reduo das taxas de crescimento, que em mdia ser de 0,7% ao ano. Com isso, o pas passar a ter 216 milhes de habitantes em 2023, com um acrscimo, no perodo, de aproximadamente 13 milhes de pessoas.

    Com relao ao perfil regional da populao brasileira, pode ser observado pela Tabela 7 que o maior crescimento ocorre nas regies Norte (1,2%) e Centro-Oeste (1,3%), com variaes acima da mdia nacional (0,7%). Esse crescimento, contudo, no capaz de induzir a uma mudana significativa na estrutura da populao, que continua fortemente concentrada nas regies Sudeste (41,7%) e Nordeste (27,3%).

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    Tabela 7 Brasil e Regies: Projeo da populao total residente

    Ano Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil

    mil habitantes

    2014 17.347 56.363 85.446 29.130 15.325 203.610

    2019 18.478 58.035 88.335 30.126 16.395 211.368

    2023 19.274 59.092 90.253 30.802 17.176 216.596

    Variao mdia (% ao ano)

    2014-2018 1,3 0,6 0,7 0,7 1,4 0,8

    2019-2023 1,1 0,5 0,5 0,6 1,2 0,6

    2014-2023 1,2 0,5 0,6 0,6 1,3 0,7

    Estrutura de Participao Populacional (%)

    2014 8,5 27,7 42,0 14,3 7,5 100,0

    2019 8,7 27,5 41,8 14,3 7,8 100,0

    2023 8,9 27,3 41,7 14,2 7,9 100,0

    Fonte: Elaborao EPE.

    Enquanto os resultados dos ltimos censos revelam um decrscimo da taxa de crescimento da populao, o nmero de domiclios particulares permanentes vem apresentando trajetria crescente para todas as regies do pas.1 Para o perodo que se estende de 2014 a 2023, espera-se que esta trajetria se mantenha, elevando o nmero de domiclios nacionais de 64 milhes para 75 milhes. Como resultado deste aumento e de um menor crescimento da populao, espera-se uma reduo do nmero de habitantes por domiclios de 3,1 no incio do perodo para 2,9 em 2023.

    No que se refere distribuio regional dos domiclios, verifica-se um crescimento forte em todas as regies, em especial na regio Centro-Oeste que apresenta crescimento acima da mdia nacional, contribuindo para o aumento da participao do nmero de domiclios no total nacional. A regio Sudeste, contudo, mantm a caracterstica concentradora na estrutura nacional.

    Tabela 8 Brasil e Regies: Projeo do nmero de domiclios

    Ano Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil

    mil unidades

    2014 4.546 16.524 28.080 9.999 4.982 64.131

    2019 5.084 17.796 30.512 10.978 5.631 70.000

    2023 5.508 18.760 32.408 11.758 6.152 74.585

    Variao mdia (% ao ano)

    2014-2018 2,3 1,5 1,7 1,9 2,5 1,8

    2019-2023 2,0 1,3 1,5 1,7 2,2 1,6

    2014-2023 2,2 1,4 1,6 1,8 2,4 1,7

    Estrutura de Participao dos Domiclios (%)

    2014 7,1 25,8 43,8 15,6 7,8 100,0

    2019 7,3 25,4 43,6 15,7 8,0 100,0

    2023 7,4 25,2 43,5 15,8 8,2 100,0

    Fonte: Elaborao EPE

    1 Em tempos de reviso dos estudos de longo prazo da EPE, foi feita uma reavaliao da trajetria do nmero de habitantes por domiclios e, por consequncia, do nmero de domiclios. Em virtude dessas alteraes, as projees do perodo que compreende o PDE 2023 foram revisadas para baixo em relao s projees do PDE 2022.

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    3. Premissas Setoriais

    A abordagem econmica setorial feita desagregando-se o valor adicionado total nos setores da indstria, da agropecuria e de servios. O modelo e anlise setorial mantm consistncia com o cenrio macroeconmico e considera as complexas relaes intersetoriais.

    No Grfico 1 mostrada a composio macrossetorial projetada para a economia brasileira no horizonte desse documento, com base em preos relativos de 2010.

    Grfico 1 Participao no valor adicionado a preos relativos de 2010

    Fonte: Elaborao Prpria

    Como visto, no se projeta alterao significativa na estrutura macrossetorial nos prximos dez anos. O aumento da participao do setor de servios observado na dcada anterior deve perder fora, mas o setor ainda cresce no ritmo da economia. O principal desafio a ser enfrentado ser a demanda por mo de obra, especialmente a qualificada. Os efeitos no setor sero mais ou menos intensos dependendo dos ganhos de produtividade do fator trabalho agindo no sentido de atenuar esse movimento.

    Para a agropecuria espera-se um crescimento um pouco mais acelerado da produo fsica, uma vez que o movimento dos preos relativos na ltima dcada favoreceu os termos de troca do setor e alta a probabilidade de continuarem favorveis. A demanda desse setor ser pressionada pelo crescimento da renda e da populao brasileira e mundial. Pelo lado da oferta tm-se as vantagens comparativas ligadas ao clima, disponibilidade de terra e tecnologias de ponta que colocam o Brasil em boas condies de atender a demanda interna e externa futura.

    A indstria, ao contrrio das ltimas dcadas, dever crescer a taxas mais prximas da economia como um todo mantendo sua fatia. Esse crescimento dever ser puxado pela construo civil e pela extrativa mineral.

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    Uma anlise microeconmica da indstria mostra que a maioria dos produtos consumidos internamente tem consumo per capita abaixo das economias desenvolvidas. Isso indica que existe um espao considervel de crescimento do consumo aparente2 na maioria dos produtos e a questo central ser se cada setor crescer perdendo, ganhando ou mantendo a participao no consumo aparente. O Grfico 2 e o Grfico 3, abaixo, mostram uma comparao quanto aos padres internacionais do consumo per capita de alumnio primrio e papel, respectivamente.

    Grfico 2 Consumo per capita de alumnio primrio em 2009 Pases Selecionados

    Fonte: ABAL. Elaborao: EPE

    Grfico 3 Consumo per capita de papel em 2008 Pases Selecionados

    Fonte: Bracelpa. Elaborao: EPE

    2 Consumo aparente igual produo domstica somada s importaes e deduzidas pelas exportaes. o que se consome efetivamente no pas.

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    A capacidade da oferta no atendimento dessa demanda crescente est intimamente associada premissa base do nosso cenrio de superao dos j mapeados gargalos sistmicos que atingem a produtividade da indstria e do trabalho. Vale notar que, de maneira geral, esses gargalos so mais sentidos nos segmentos mais jusante das cadeias produtivas, pois na medida em que os produtos avanam em suas respectivas cadeias, as vantagens comparativas naturais associadas principalmente ao fcil acesso matria prima vo sendo reduzidas pelo papel crescente do capital e da tecnologia e a produo necessita de melhor infraestrutura e de trabalhadores mais qualificados. Dessa forma, cadeias produtivas mais complexas devero ser impulsionadas, como a indstria de transformao.

    Quanto ao cenrio internacional e seus impactos na indstria, espera-se um avano mais lento dos preos das commodities por causa da reduo do crescimento das principais potncias emergentes. O impacto nos setores ligados a essa dinmica ser menos intenso do que foi nos ltimos dez anos. Por outro lado, a recuperao da economia americana e a realocao de ativos financeiros no mundo associado a esse processo tendem a levar o cmbio para uma banda mais favorvel aos produtos comercializveis. Esse movimento inverso ao da dcada passada, quando ocorreu uma apreciao cambial via boom das commodities que prejudicou a parte da indstria exposta concorrncia externa.

    Dentre os setores da indstria, projeta-se um crescimento mais acelerado da extrativa mineral. Espera-se mais vigor da extrao de petrleo e minrio de ferro. O primeiro impulsionado pelos investimentos do pr-sal que devem ocorrer em volumes significativos no perodo. Quanto ao segundo, a rocha encontrada no Brasil j bastante competitiva no mercado global e a sua extrao dever crescer a taxas superiores da indstria geral no perodo, tanto pela maturao dos investimentos que vm sendo realizados, quanto pelo cmbio projetado mais favorvel s exportaes.

    A indstria da construo civil e infraestrutura dever crescer a taxas um pouco acima da indstria geral. A necessidade de avanar na construo e ou ampliao de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias premente. Tal avano fundamental para mitigao dos gargalos de infraestrutura considerados em nosso cenrio. Tambm contribui para a expanso do setor os programas habitacionais do governo que visam reduzir o dficit habitacional do pas, alm das obras pblicas e privadas ligadas aos eventos esportivos que ainda iro apresentar seus reflexos ao longo do horizonte.

    J a produo e a distribuio de eletricidade, de gua e de gs crescem no ritmo mdio da indstria como um todo mantendo a sua fatia de participao no valor adicionado industrial.

    A indstria de transformao tem expanso relativa mais moderada no horizonte decenal. Entretanto, projeta-se um desempenho melhor que o da dcada anterior. O setor bem exposto concorrncia externa e a desvalorizao esperada do cmbio no perodo do PDE 2023 o favorecer. Em resumo, as projees decenais das participaes relativas setoriais mdias por quinqunio na economia e na indstria so apresentadas na Tabela 9. Como parmetro de comparao, inclui-se a evoluo quinquenal no perodo de 2003 a 2012.

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    Tabela 9 PIB: Participao Setorial Relativa

    Setor Histrico Projeo

    2003-2007 2008-2012 2014-2018 2019-2023

    % Valor Adicionado

    Agropecuria 5,5 5,3 5,5 5,6

    Indstria 29,2 27,8 27,4 27,3

    Servios 65,3 66,9 67,1 67,1

    % PIB Indstria

    Extrativa Mineral 10,0 10,5 11,6 12,7

    Transformao 60,9 57,7 55,4 54,2

    Construo Civil 18,3 20,2 20,9 20,9

    Prod. e distribuio de gua, eletricidade e gs 10,9 11,6 12,1 12,2

    Fontes: IBGE (dados histricos) e EPE (Projees).

    Grandes Consumidores

    Na Tabela 10, mostra-se o cenrio de produo fsica dos grandes consumidores industriais de energia. Os cenrios setoriais da indstria levaram em considerao os seguintes elementos:

    para os setores cuja produo pode ser vista como homognea3, foram consideradas as perspectivas de expanso da capacidade instalada de produo de cada setor, compatveis com os investimentos setoriais previstos, com a dinmica dos mercados interno e externo dos respectivos produtos e com o comportamento da demanda interna em face do cenrio macroeconmico adotado como referncia;

    para os setores cujos produtos so mais heterogneos4, considerou-se a evoluo do valor adicionado setorial atrelada ao cenrio macroeconmico de referncia, conforme a desagregao setorial apresentada no Balano Energtico Nacional (EPE, 2013). Para as indstrias eletrointensivas, em especial, foram realizadas avaliaes especficas5. Esse conjunto de indstrias (alumnio inclusive alumina e bauxita , siderurgia ao bruto , ferroligas, pelotizao, cobre, celulose e papel, soda-cloro, petroqumica e cimento) responde por parcela expressiva do consumo de energia, cerca de 50% do consumo industrial de eletricidade.

    3 So exemplos neste caso: alumnio, alumina, cobre, siderurgia, ferroligas, cimento e papel e celulose. 4 So exemplos neste caso: qumica, alimentos e bebidas, txtil, cermica, outras indstrias, no-ferrosos (exclusive alumnio, alumina e cobre) e outros da metalurgia. 5 Essas avaliaes englobaram tanto as perspectivas de expanso da capacidade instalada de produo desses setores quanto a projeo da produo fsica a eles associada e a evoluo dos respectivos consumos especficos de eletricidade.

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    Tabela 10 Grandes consumidores industriais: produo fsica

    Segmento 2013 2017 2023 2013-2023

    (% ano) mil t

    Alumnio 1.415 1.467 1.467 0,4

    Alumina 11.334 13.062 16.530 3,8

    Bauxita 42.680 45.050 50.724 1,7

    Siderurgia (ao bruto) 35.472 43.031 46.650 2,8

    Pelotizao 59.232 77.712 95.472 4,9

    Ferro-ligas 901 1.308 1.623 6,1

    Cobre 340 459 548 4,9

    Soda-cloro (soda) 1.436 1.488 1.780 2,2

    Petroqumica (eteno) 3.653 3.653 4.603 2,3

    Celulose 14.017 18.563 23.063 5,1

    Pasta Mecnica 439 456 468 0,6

    Papel 10.565 12.708 16.794 4,7

    Cimento 71.161 84.947 109.547 4,4

    Fonte: Elaborao EPE.

    A siderurgia e o setor de papel e celulose continuam apresentando vantagens comparativas importantes. Um desempenho expressivo tambm pode ser esperado da produo de ferro-ligas que tem um resultado bastante atrelado produo siderrgica. O mesmo no pode ser dito da indstria de alumnio primrio, cuja produo gera o maior consumo especfico de energia eltrica, por tonelada produzida. De fato, os agentes setoriais tm reiterado a perda de competitividade da indstria de alumnio primrio no pas, sobretudo por conta de condies mais atrativas de aquisio de energia eltrica oferecidas por outros pases. Neste horizonte, o Brasil dever se consolidar como um importante exportador de alumina, insumo intermedirio para a obteno do alumnio primrio. A projeo da produo de cimento est em linha com a evoluo esperada da indstria de construo civil.

    Deve-se ressaltar que grande parte dos produtos bsicos industriais e de seus produtos derivados tem ainda um consumo per capita baixo no Brasil, comparativamente aos padres das economias desenvolvidas, apresentando, desse ponto de vista, um mercado interno com grande potencial de crescimento, dadas as premissas macroeconmicas adotadas.

    A expanso esperada da produo de insumos bsicos se traduzir em aumentos significativos no consumo total de energia tanto pela representatividade dessas indstrias quanto pelo consumo especfico elevado caracterstico desses setores. Esse aumento do consumo de energia dever ser amenizado pelo potencial de eficincia energtica a ser cada vez mais explorado devido, inclusive, aos imperativos ambientais que se colocam. O resultado ser uma queda da elasticidade-renda da demanda de energia.

    Setor residencial

    No setor residencial brasileiro, destacam-se os consumos de eletricidade, do gs liquefeito de petrleo (GLP) e da lenha, sendo os dois ltimos destinados principalmente aos servios de coco de alimentos e aquecimento de gua para banho.

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    A evoluo do consumo residencial de energia resulta, basicamente, da combinao dos seguintes efeitos: o crescimento do nmero de domiclios, a evoluo da posse e do uso dos equipamentos eletrodomsticos, a potncia de consumo de cada equipamento e a evoluo dos ndices de eficincia energtica dos mesmos.

    Espera-se que o nmero de domiclios particulares permanentes com energia eltrica passe de 63 milhes em 2013 para cerca de 75 milhes de unidades em 2023.

    Com relao posse de eletrodomsticos6, apresentada na Tabela 11, considerou-se que o aumento do estoque desses equipamentos nas residncias se d em funo do incremento no nmero de novas ligaes rede e do aumento da renda das famlias e de sua melhor distribuio.

    Tabela 11 Posse mdia de equipamentos

    Equipamento 2013 2018 2023

    (unidades/100 domiclios)

    Ar condicionado 23 26 32

    Refrigerador 103 103 103

    Congelador 19 17 16

    Chuveiro eltrico(1) 69 65 61

    Mquina de lavar roupas 68 77 81

    Televiso 161 197 216

    Lmpadas(2) 8,26 8,59 8,85 Notas: (1) Corresponde ao nmero de domiclios que utilizam exclusivamente o chuveiro eltrico.

    (2) Nmero mdio de lmpadas por domiclio. Fonte: Elaborao EPE.

    A projeo do estoque de equipamentos foi realizada considerando um cenrio de evoluo das vendas e o sucateamento dos equipamentos, admitindo-se, como premissa geral, que, ao final de sua vida til, haveria substituio por novos equipamentos com a mesma funo, porm mais eficientes. Dessa forma, o estoque se expande e se torna cada vez mais eficiente, de