Pavimento de Concreto:

108
| 1 | [www.ibracon.org.br]

Transcript of Pavimento de Concreto:

Page 1: Pavimento de Concreto:

| 1 | [www.ibracon.org.br]

Page 2: Pavimento de Concreto:

| 2 |[Concreto & Construções]

Page 3: Pavimento de Concreto:

| 3 | [www.ibracon.org.br]

Page 4: Pavimento de Concreto:

[Concreto & Construções]

Revista Oficial do IBRACONRevista de caráter científico, tecnológico

e informativo para o setor produtivo da construção civil, para o ensino e para a pesquisa em concreto

ISSN 1809-7197Tiragem desta edição 5.000 exemplares

Publicação TrimestralDistribuida gratuitamente aos associados

JORNAlIStA ReSpONSávelFábio Luís Pedroso – MTB 41728

[email protected]

puBlICIdAde e pROmOçãOArlene Regnier de Lima Ferreira

[email protected]

pROJetO GRáFICO e dIAGRAmAçãOGill Pereira (Ellementto-Arte)

[email protected]

ASSINAtuRA e [email protected]

Gráfica: Ipsis Gráfica e EditoraPreço: R$ 12,00

As idéias emitidas pelos entrevistados ou em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e

não expressam, necessariamente, a opinião do Instituto.

Copyright 2010 IBRACON. Todos os direitos de reprodução reservados. Esta revista e suas partes não podem ser reproduzidas nem copiadas, em nenhuma

forma de impressão mecânica, eletrônica, ou qualquer outra, sem o consentimento por escrito dos

autores e editores.

pReSIdeNte dO COmItê edItORIAlTulio Bittencourt, PEF-EPUSP, Brasil

COmItê edItORIAlAna E.P.G.A. Jacintho, PUC-Campinas, Brasil

Ângela Masuero, UFRGS, BrasilHugo Rodrigues da Costa Filho, ABCP, Brasil

Inês Battagin, ABNT, BrasilÍria Lícia Oliva Doniak, ABCIC, Brasil

José Luiz A. de Oliveira e Sousa, UNICAMP, BrasilJosé Marques Filho, IBRACON, Brasil

Luís Carlos Pinto da Silva Filho, UFRGS, BrasilMaryangela Geimba de Lima, ITA, Brasil

Paulo Helene, PCC-EPUSP, Brasil

| 4 |

15 Pavimento de concreto Projeto e execução de corredor de ônibus da Linha Verde de Curitiba

24 Carbonatação do concreto Avaliação dos fatores que favorecem e dificultam a carbonatação 33 Recuperação estrutural Recuperação, reforço e impermeabilização das estruturas de concreto da Catedral Metropolitana de Natal

37 Normalização técnica Os requisitos da ABNT NBR 15900 para a água de amassamento do concreto com vistas à sustentabilidade

50 Projeto de fundações Critérios e procedimentos para o cálculo, dimensionamento e definição das fundações de Torres de Transmissão

61 Solucionando problemas Influência dos agregados graúdos de diferentes origens nas propriedades mecânicas do concreto

68 Método USACE Análise do método do United States Army Corps of Engineers para avaliar as condições de rolamento de pavimentos de concreto

78 Treinamento de pessoal Projeto de treinamento de profissionais para atendimento aos requisitos de desempenho definidos pela ABNT NBR 15575

81 Patologias no concreto Estudo busca caracterizar as manifestações patológicas associadas à Reação Álcali-Agregado (RAA)

96 Durabilidade Modelagem matemática da vida útil de peças de concreto a partir dos parâmetros da ABNT NBR 6118

Créditos Capa:Vista geral do pavimento de concreto em

corredor de ônibus da Linha Verdede Curitiba

5 Editorial 6 Converse com IBRACON 8 Personalidades Entrevistadas: Hugo Peiretti e David Ordóñez 30 Mercado Nacional 46 Entidades Parceiras 59 Mantenedor 89 Engenharia Legal102 Acontece nas Regionais

diretor presidenteJosé Marques Filho

diretor 1º vice-presidente(em aberto)

diretor 2º vice-presidenteTúlio Nogueira Bittencourt

diretor 1º SecretárioNelson Covas

diretor 2º SecretárioSonia Regina Freitas

diretor 1º tesoureiroClaudio Sbrighi Neto

diretor 2º tesoureiroCarlos José Massucato

diretor técnicoCarlos de Oliveira Campos

diretor de eventos

Luiz Prado Vieira Júnior

diretor de pesquisa e desenvolvimento

Ângela Masuero

diretor de publicações e divulgação técnica

Inês Laranjeiras da Silva Battagin

diretor de marketing

Luiz Carlos Pinto da Silva Filho

diretor de Relações Institucionais

Mário William Esper

diretor de Cursos

Flávio Moreira Salles

diretor de Certificação de mão-de-obra

Júlio Timerman

INStItutO BRASIleIRO dO CONCRetOFundado em 1972Declarado de Utilidade Pública Estadual | Lei 2538 ce 11/11/1980Declarado de Utilidade Pública Federal | Decreto 86871 de 25/01/1982

IBRACONRua Julieta Espírito Santo Pinheiro, 68 – CEP 05542-120 – Jardim Olímpia – São Paulo – SP

Tel. (11) 3735-0202

sumário

seções

Page 5: Pavimento de Concreto:

[www.ibracon.org.br]| 5 |

editorial

É com grande satisfação que escrevo este editorial da Revista Concreto & Construções, importante veí-

culo de informação técnica do Instituto Brasileiro do Concreto.

Como leitora e autora de artigos já publica-dos nesta Revista, sei da qualidade e do ri-gor técnico pelos quais o IBRACON sempre primou em suas publicações.

Como Superintendente do Comitê Brasi-leiro de Cimento, Concreto e Agregados, da Associação Brasileira de Normas Técni-cas (ABNT/CB-18), há mais de cinco anos, posso afirmar que as publicações que buscam registrar e consolidar o conhecimento são orga-nismos vivos, em constante atualização, caso das Normas Técnicas e, sem dúvida, também, das Revistas do IBRACON.

Assim, ao assumir a Diretoria de Publicações e Divulgação Técnica do Instituto, tracei algumas metas para a implementação de inovações na Revista Concreto & Construções e, agora, tenho a oportunidade de apresentar as primeiras de-las, concretizadas já nesta Edição.

Trata-se da introdução da Seção NORMALIZAÇÃO TÉCNICA, que visa facilitar a atualização do conhecimento sobre o tema, trazendo artigos com comentários e esclarecimentos sobre o conteúdo de normas brasileiras e sua contextualiza-ção nos cenários nacional e internacional.

Lembro que foram de cimento e concreto as primeiras normas editadas no Brasil, já em 1940, quando da fundação da ABNT. Esse pioneirismo levou a avanços importantes da aplicação do concreto no País e permitiu a difusão do conhecimento de maneira rápida, eficiente e segura.

O setor da construção civil, como um todo, conta hoje com cerca de 1500 normas brasileiras, dentre as quais cerca de 300 tratam do concreto, de seus materiais constituintes e aplicações. Ampliar o conhecimento sobre alguns documentos normativos e acompanhar a relação de temas em estudo passa pela agenda de todos nós, especialmente neste promissor momento da engenharia brasileira.

Destaco o trabalho desenvolvido na normalização internacional, onde o Brasil ocupa a vigésima terceira posição na participação em fóruns técnicos da ISO (International Organization for Standardization), dentre os mais de 160 países que compõem a entidade e à frente de toda a América Latina. Cumpre tam-bém mencionar que a ABNT atua no âmbito internacional como membro do Conselho da ISO, participa do Technical Management Board da entidade e dos Comitês CASCO, COPOLCO e DEVCO, responsáveis, respectivamente, por ava-liação da conformidade, direito do consumidor e questões relativas aos países em desenvolvimento.

Nada disso seria possível sem a participação dos técnicos brasi-leiros, muitos dos quais filiados ao IBRACON, que atuam

nas Comissões de Estudo da ABNT e também nos Work Groups e Technical Committees da ISO, levando seu

conhecimento para o desenvolvimento de normas nacionais e internacionais. A seção NORMALIZA-

ÇÃO TÉCNICA, além de informar, deve servir de incentivo para ampliar cada vez mais o in-teresse nessa participação.

Esta edição da Revista Concreto & Construções traz dez artigos técnicos sobre temas variados,

focando o concreto, suas aplicações e materiais constituintes, além de informações sobre a cons-

trução civil, seus avanços e oportunidades.

A matéria de capa chama a atenção para as qualidades do pavimento de concreto e mostra a belíssima obra reali-

zada em Curitiba, cidade que foi considerada exemplo mundial de sustentabilidade e premiada este ano com o Global Award Sustainable City. Indo de encontro às exigências de sustentabilidade, vale salientar que o pavimento de concreto, comparativamente a outras soluções tra-dicionais, propicia economia de energia elétrica, por sua coloração, que responde por maior índice de reflexão da luz, além de trazer maior se-gurança aos usuários e menor desgaste do sistema de freios dos veículos, por sua maior aderência; soma-se a esses benefícios o expressivo ganho em durabilidade.

Esta edição da Revista traz também a cobertura do V Seminário Internacional ABCIC – Industrialização, Arquitetura, Habitação, Infraestrutura e Sustenta-bilidade, realizado no último mês de abril, em São Paulo. O evento apontou soluções técnicas para o novo ciclo de crescimento do País focando o uso dos sistemas pré-fabricados em concreto. Normalização, durabilidade, atendimen-to a prazos exíguos de construção, beleza, versatilidade e controles rigorosos de produtos e processos foram algumas das tônicas do evento.

Desejo que todos apreciem esta Edição da Revista Concreto & Construções e convido-os a conhecerem as demais publicações do IBRACON e a tomarem par-te no trabalho que o Instituto desenvolve na divulgação das melhores práticas do uso do concreto. No site www.ibracon.org.br podem ser obtidas maiores informações sobre como participar desse processo.

Assim, aproveitando o momento de euforia da construção civil no País, convi-do-os também a participarem da construção de um legado brasileiro de obras úteis, duráveis e belas, erguidas com base no conhecimento adquirido e aplica-do, para deixar registrada a marca de competência da engenharia nacional no cumprimento de seu papel na sociedade.

ENGª INêS LARANJEIRA DA SILVA BATTAGINDiretora De Publicações e Divulgação técnica Do ibracon

Publicações técnicas: construindo o legado brasileiro de obras úteis, duráveis e belas e

dit

or

ia

l

Page 6: Pavimento de Concreto:

| 6 || 6 |[Concreto & Construções]

converse com o ibracon

Converse com o IBRACONpublique seus trabalhos científicos na RIem!A Revista IBRACON de Estruturas e Mate-riais — RIEM foi lançada em 2008, resultado da fusão da Revista IBRACON de Estruturas (RIEST) e da Revista IBRACON de Materiais (RIMAT), publicações científicas online edi-tadas pelo Instituto Brasileiro do Concre-to. Seu objetivo é divulgar as pesquisas técnico-científicas sobre os mais variados aspectos do concreto, material construtivo mais largamente empregado na construção civil, além de notas técnicas e discussões sobre tais pesquisas e inovações.“A Revista tem o objetivo de promover a difusão e a melhor compreensão do estado da arte da construção em con-creto, tanto no que se refere a estrutu-ras, como no que tange à tecnologia e aos materiais que compõem o concreto. Assim, fornece subsídios para um fórum de debates entre investigadores, produ-tores e usuários desses materiais e es-truturas, incentivando o desenvolvimen-to da pesquisa científica e construindo uma ponte que relaciona aspectos da ci-ência de materiais, da teoria das estru-turas e do desempenho do concreto. A Revista visa promover o desenvolvimen-to do setor de Construção Civil, através da colaboração conjunta de cientistas, engenheiros, projetistas, construtores, fabricantes de materiais e usuários de estruturas de concreto”, lê-se em sua página no site www.ibracon.org.br. Qualificada no sistema QUALIS, da CA-PES, a RIEM é excelente veículo para a divulgação de trabalhos acadêmicos e de pesquisas tecnológicas sobre o concreto e seus sistemas construtivos, uma vez que é dirigida a todos os profissionais dos variados segmentos da cadeia constru-tiva do concreto, no Brasil e no mundo. Quando da publicação de suas edições — quatro por ano — uma newsletter é dis-parada para os associados ao IBRACON, comunicando sua a mais nova edição e seus artigos de destaque. A publicação é também armazenada no site do American Concrete Institute — ACI, sendo direta-

mente acessada por seus filiados. Tanto a submissão de artigos como a leitura das edições da RIEM podem ser feitas livre-mente, sem quaisquer custos.Todos são convidados a participarem das edições, submetendo por meio eletrônico artigos para serem publicados. Para serem aceitos, os artigos precisam necessaria-mente ter uma versão em inglês, no caso de terem sido escritos originalmente em português ou espanhol. Essa condição de-ve-se justamente ao caráter internacional do periódico. Os artigos são recebidos pelos editores, que os reenviam a uma banca de avaliadores, formada por especialistas nacionais e es-trangeiros, associados ao IBRACON, e com reconhecida competência em sua área de pesquisa e atuação. A banca faz comentá-rios, que devem ser acatados pelos autores, para, só depois, serem liberados para pu-blicação. Todo o gerenciamento – desde a submissão de artigos até sua liberação para publicação – é feito por um sistema de ge-renciamento de periódicos, de domínio pú-blico, desenvolvido pelo Public Knowledge Project – PKP (http://pkp.sfu.ca/ojs/).

Tipos de contribuiçãoA Revista publica artigos técnico-científicos inéditos e originais, artigos de comunica-ção técnica, discussão e réplica dos auto-res. No site da RIEM podem ser publicados relatórios de conferências e de reuniões relevantes e revisões de livros. Todas as contribuições serão revisadas e somente publicadas com a aceitação do Editor e do Conselho Editorial do IBRACON.Restrições de conteúdo e espaço (tama-nho) poderão ser impostas, conforme deci-são do editor e revisores. As contribuições são aceitas somente em inglês, ou em dois idiomas, sendo um deles o inglês.

ArtigoApenas artigos técnicos inéditos e originais, que estejam de acordo com o escopo da Revista e apresentem qualidade de infor-mações e apresentação, serão aceitos para publicação. As diretrizes para a elaboração

Page 7: Pavimento de Concreto:

co

nv

er

se

c

om

o

ib

ra

co

n

| 7 || 7 | [www.ibracon.org.br]

e submissão dos artigos estão detalhadas no Guia de Redação de Artigo, disponibili-zado no site da Revista.

Comunicação técnicaA comunicação técnica é um trabalho su-cinto e tem o objetivo de apresentar as novidades em pesquisa, desenvolvimento e aplicação tecnológica na área de mate-riais de construção civil. Os trabalhos não precisam ser necessariamente conclusivos, pois têm a função de introduzir um novo tema na pauta de discussões. É um espaço reservado a indústrias, empresas, universi-dades, instituições de pesquisa, pesquisa-dores e profissionais que queiram divulgar os seus trabalhos e produtos ainda em fase de desenvolvimento. Os procedimentos e formatos para submissão estão detalhados no Guia de Redação de Comunicação, dis-ponibilizado no site da Revista.

Discussão e réplicaA Discussão será recebida, no máximo, após três meses da publicação do Artigo ou da Comunicação Técnica a que se refere. As Discussões e as Réplicas não devem ul-trapassar o limite de três páginas (incluin-do figuras, tabelas e referências bibliográ-ficas) e devem seguir a Folha de Estilos de Discussão e Réplica. A Discussão não deve ser ofensiva e deve limitar-se ao escopo do trabalho a que se refere. Será concedido o direito de réplica aos Autores. As Discus-sões e as Réplicas de um determinado Arti-go ou Comunicação Técnica são publicadas no número subseqüente da Revista.mais informações: acesse Menu Publica-ções/Revista IBRACON de Estruturas e Ma-teriais no site www.ibracon.org.br

Homenagem ao prof. José ZamarionSobre a nota publicada em newsletter IBRA-CON sobre a entrega do prêmio concedido pelo VII Simpósio EPUSP de Estruturas de Concreto ao engenheiro José Zamarion Diniz, segue comentário feito na Comunidade TQS:Parabéns ao grande Engenheiro e Professor Zamarion, exemplo de dedicação ao dispo-nibilizar sua capacidade profissional, seu exemplo de humanidade e seu enorme co-ração à Engenharia Brasileira.Grande abraço, justa homenagem à qual estou presente em sentimento e vonta-de, já que a distância é grande, a saudade maior ainda.Sinceramente,Egydio Hervé NetoVentuscore – PortoAlegre/RS

tributo ao engenheiro José Roberto Braguim, falecido em 28 de marçomeu sincero tributo ao grande eng. José Roberto BraguimVocê nos deixou muito precocemente.Estou consternado! Tive a sorte de estar muito próximo do engenheiro e grande amigo Braguim e, por várias vezes, ter a felicidade de compartilhar parcerias. Fomos companheiros de IPT, de Escola Po-litécnica, de Diretoria do IBRACON, de co-missões da ABNT e de ABECE.Seu espírito ético, sua honestidade, seus prin-cípios pessoais, sua competência e dedicação sempre se destacaram e me fizeram a cada dia apreciar mais aquele profissional sonhador e conversador. Sempre estava pronto para ouvir. A par de outras tantas, essas eram suas quali-dades imbatíveis - duas grandes e maravilho-sas características do Braguim: Diplomacia e Sonho.Tudo deve e tem de ser bem negociado, bem conversado, temos de achar o cami-nho certo, mas com conversa. Sabia mui-to bem onde devia chegar, mas nunca re-jeitou uma boa e construtiva discussão. Também sonhar com um país melhor, uma engenharia consciente e sem nun-ca esquecer seu lado social e seu com-promisso com a qualidade de vida, com a justiça, assim era ele. Perseverante não deixava de confiar em dias melhores. Lamento profundamente perder precoce-mente esse querido amigo, esse “verdadei-ro Ulysses Guimarães” da nossa valorosa Engenharia civil. Já está fazendo falta!Saudades...Paulo HeleneComitê Editorial

Novo portal ABCpA Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) tem uma nova página na internet, totalmente reformulada. O objetivo é o de aumentar o acesso dos interessados às infor-mações sobre o cimento e suas aplicações na construção civil. Além dos dez canais, que englobam desde literatura técnica e apre-sentação de serviços até as últimas notícias sobre obras, projetos, cursos e eventos, o portal traz algumas novidades: visitas virtu-ais aos laboratórios da associação, solicita-ção de orçamentos online, área restrita para empresas com selo de qualidade ABCP e bi-blioteca virtual com 48 mil títulos de litera-tura técnica. Visite o site www.abcp.org.br e tenha acesso a todas as informações sobre o cimento, suas aplicações e dicas para uma correta utilização do material. n

Page 8: Pavimento de Concreto:

| 8 |[Concreto & Construções]

Hugo Corres Peiretti é fundador da fHeCor engenHeiros e Consultores, em madrid-esPanHa, resPonsável Por imPortantes Projetos, entre os quais: o estádio nuevo valenCia,o terminal do aeroPorto de Barajas, o Centro Cultural osCar niemeyer, em asturias, Cujo Projeto arquitetôniCo é do PróPrio arquiteto que dá nome ao edifíCio. é memBro da fiB (federation internationale du Beton ) e memBro atuante em Comitês euroPeus de normalização (euroCódigos). CatedrátiCo da universidade de ConCreto armado da esCuela téCniCa suPerior de ingenieros de Caminos, Canales y Puertos (universidade PolitéCniCa de madri).

david fernandéz-ordóñez é diretor téCniCo da Castelo Pré-faBriCados, da esPanHa. Presidente de Comissão téCniCa da aCHe (assoCiaCión CientífiCo-téCniCa del Hormigón estruCtural), viCe-Coordenador da Comissão de Pré-faBriCados da fiB e Coordenador do gruPo de HaBitações eConômiCas, além de seCretário do Comitê de Pontes Pré-moldadas em ConCreto, da fiB.

ordóñez e Peiretti foram entrevistados Conjuntamente Pela revista ConCreto & Construções num dos intervalos das aPresentações do v seminário internaCional aBCiC, oCorrido em 29 de aBril último.

personalidades entrevistadas

Hugo Corres Peiretti e David Fernández-Ordóñez

Hugo Corres Peiretti

David Fernández-

Ordóñez

Page 9: Pavimento de Concreto:

| 9 | [www.ibracon.org.br]

pe

rs

on

alid

ad

e e

nt

re

vis

ta

da

Acredito que Alguém que constrói, Ao pAssAr do

tempo, com A experiênciA, A verdAde é que é difícil

encontrAr umA obrA {emblemáticA}.

ibracon – conte-nos resumiDamente sobre sua carreira Profissional. Por que escolheu cursar engenharia civil? david - Minha família tem uma tradição de engenheiros há muito tempo. Tanto na família de minha mãe, como na do meu pai. Meus avós eram engenheiros civis, os dois... Não... Um civil e o outro militar, porém militar de armamento e de cons-trução. E meu pai também era engenheiro civil. Deve ter sido o DNA que me impulsio-nou a seguir esta direção. Mas, realmente, dentro da engenharia civil, eu entrei no campo da pré-fabricação, por-que me permitia estar em todas as áreas de trabalho da enge-nharia, ou seja, desde a con-cepção, a execução, conhecer os materiais e chegar até o térmi-no da obra, desde o projeto até a fabricação.Hugo - Eu sou engenheiro quase que por casualida-de: queria ser médico e, no último momento, segui a sugestão de um tio enge-nheiro. Mas, acredito que, realmente, a escolha não é importante, a paixão pela profissão surge em seguida. Acredito que se-ria igualmente apaixona-do como médico, como ad-vogado ou qualquer outra coisa. Com certeza, meu problema é a paixão. A paixão, a descobri de ve-lho já. Comecei a estudar enge-nharia como tantos jovens que não sabem qual caminho seguir. E imediatamente ao começar a estudar, gostei e me apaixonei pela engenharia, por isso que te digo que seria apaixonado por outra carreira. E aqui estou apaixonado pela engenharia.

ibracon – Por que a escolha Da área De estruturas De concreto?Hugo - Bem, porque dentro do que é a en-genharia, as estruturas são o maior desa-fio, eu diria, que são sempre um referen-cial inevitável dentro da engenharia civil.Sem dizer que dão muitíssimas possibi-lidades: os engenheiros estruturais têm

uma grande ambição criativa. E isso, eu diria, que é o que eu mais gosto da enge-nharia, a ambição criativa. Ainda que te-nha dedicado muitos anos da minha vida a pesquisar, nada mais do que pesquisar. E, assim, pouco a pouco, me fiz mais en-genheiro e menos acadêmico.

ibracon – em quais obras esteve envolviDo que marcaram sua exPeriência como Profissional? Por que tais obras foram emblemáticas?david - Houve um momento no qual so-mente se faziam pontes isostáticas. Como

eu estava no cenário do mer-cado naquele momento, os re-querimentos dos projetistas e das administrações começaram a requerer pontes mais avança-das, pontes com soluções isos-táticas. Isto requereu adaptar-se e gerar métodos de cálculos

avançados para poder re-solver esses problemas. Isso aconteceu na metade dos anos 90 e me obrigou a estudar e a resolver muitos problemas para poder seguir fazendo uma serie de elementos e para poder avançar e gerar so-luções novas, esse é um marco muito importante.Hugo - Acredito que para alguém que constrói, ao passar do tempo, com a ex-periência, a verdade é que fica difícil encontrar uma

obra que reflita tudo. Além do mais, acredito que é imprescindí-vel não perder nenhuma oportuni-dade e, se alguém tem a mínima oportunidade, por menor e mais modesta que seja, deve aprovei-tar para estudá-la, para que a ex-periência vá aumentando.

De maneira que pensava, enquanto eu falava, que existem obras que foram im-portantes, porque marcaram, ao nível de crescimento, ao nível de escritório. Por exemplo, o primeiro concurso que ganhamos em 89 - a Ponte Elche, foi um marco, mas não foi a obra mais impor-tante para mim. Outro marco importan-te foi o aeroporto de Barajas, porque tinha uma dimensão tão gigantesca, que

Page 10: Pavimento de Concreto:

| 10 |[Concreto & Construções]

nos impulsionou a crescer. Talvez, pes-soalmente, o que mais me interessou é o poder de interagir com outras pessoas. Quanto mais aberto, maior é o interes-se. Trabalhamos com muitos arquitetos e existem muitas relações diferentes, mas existem algumas que são muito boas, por exemplo, a que tivemos com Rogers... Richard Rogers.

ibracon – em que consistem os Pré-molDaDos De concreto?Hugo - Eu diria que o pré-moldado é uma possibilidade construtiva, não é a única, é uma possibilida-de construtiva. E, construtiva-mente, eu posso resolver um problema de diversas formas: a pré-fabricação é uma das for-mas. E é uma das formas que, realmente, cada dia, tem um maior protagonismo, cada dia e cada vez é mais im-portante.

ibracon – mas, qual é o traço esPecífico Para Definir essa forma construtiva? Hugo - Poder fabricar em uma planta e trans-portar é um deles. E que requer mais importância: primeiro, pela exigência da qualidade, de possibi-lidade de eficiência es-trutural, características que são muito mais al-cançáveis em uma fábrica do que na obra. De outra parte, as nossas obras são protótipos, apesar de não existir uma obra igual a outra, nunca: existem obras parecidas; existem ex-periências que podem ser tras-ladadas de uma obra a outra, mas nunca se faz uma coisa exatamente igual à outra.Nunca.Esse caráter de protótipo faz com que seja muito mais difícil, na obra, gerenciar com o mesmo nível de qualidade do que é pos-sível na fábrica; não digo que seja sempre alcançável, mas que seja mais possível, em uma fábrica. Assim que, definitivamente, é uma possibilidade construtiva.david - Eu te diria que a pré-fabricação é

a industrialização da construção, é uma das maneiras de industrializar a constru-ção, neste caso, do concreto, porque es-tamos falando da pré-fabricação do con-creto. Existe, ainda, a pré-fabricação de aço, de madeira e de outros materiais, mas os conceitos falam da fabricação do concreto. Estou de acordo com Hugo: é um método construtivo que tem a potenciali-dade de industrialização. A industrializa-ção, em si mesma, é algo que também vem se modificando com o passar do tempo. Se industrializava de uma maneira e não é

da mesma maneira que se vê agora, mesmo nas fábricas não tão avançadas e a indústria de pré-fabricação foi atrás desses conceitos de industrialização, tendo por referência uma in-dústria digamos “top”, a indús-tria de carros. Pouco a pouco,

a pré-fabricação avança na industrialização. Não mais de 20 anos, quando uma pessoa ia comprar um carro,lhe davam qua-tro opções de cores e três opções de acabamentos, mais ou menos, havia umas opções muito bási-cas, porque os conceitos de industrialização eram mínimos na industriali-zação em massa. Mas, pouco a pouco, os concei-tos se flexibilizaram e a própria automação, a in-

formatização do processo pro-dutivo, propiciou que cada ele-mento fosse individualizado. Hoje em dia, você vai comprar um carro, não necessita ser um BMW, pode ser um Fiat, e você tem muitas possibilidades de personalização, num processo

de fabricação barato, rápido e altamente personalizado.

ibracon – mas essa Personalização Do ProDuto existe na Pré-fabricação em concreto?david - Isso, no pré-moldado, não existe cem por cento, mas se busca na indústria, porque são conceitos industriais e se vão buscando esses conceitos. Existem mais em alguns tipos de pré-moldados, menos em

pouco A pouco, os conceitos se

flexibilizArAm e A própriA AutomAção propiciou que cAdA

elemento fosse individuAlizAdo.

Page 11: Pavimento de Concreto:

| 11 | [www.ibracon.org.br]

pe

rs

on

alid

ad

e e

nt

re

vis

ta

da

outros tipos. Porem, os que pensavam que a pré-fabricação tem que ser uma solução em massa, isso pouco a pouco vai mudando, assim como vai mudando as instalações, a forma de abordar o problema.

ibracon – quanDo e onDe surgiu essa tecnologia? david - Os primeiros exemplos são do fi-nal do século XIX. Os primeiros conceitos do pré-moldado de cimento foram os pri-meiros concretos que se fizeram – umas embarcações feitas de concreto, muito pontuais, muito artesanais, representadas por uma téc-nica. Mas, a potência da pré-fabricação estrutural, aquilo que estávamos falando aqui, começa a ser relevante quando se inventa o protendido, entre os anos 20 ou 30 do século XX. E a indústria se desenvol-ve, realmente, depois da Segunda Guerra Mundial, quando a Europa estava muito destruí da, havia tudo por se fazer – ca-sas, edifícios e todos os tipos de obras. Então, em todas as partes do mun-do, começaram a montar essas grandes empresas de pré-fabricação, que começaram a se popu-larizar, com conceitos de produção em massa e outros conceitos indus-triais, digamos, antigos. ibracon – quais os motivos que estimularam sua concePção e emPrego?Hugo - Já dissemos alguma coi-sa não? Eu acredito, digamos, que as causas mais difundidas até agora são: o prazo, o tempo e a eco-nomia de escalas.david - O que disse o Hugo, mas com os princípios de hoje em dia: a qualidade, o controle e os elementos civis.Hugo - Porque é uma exigência da sociedade em conjunto, que aprendeu a exigir. Mais do que isso, exigem muito sem saber, existe uma demanda generalizada. E, também, no-tamos na construção. Antes, o consumidor

custava em obter benefícios deste produto; hoje, eles têm muitas mais exigências de qualidade do que tinham no passado. E a pré-fabricação dá uma resposta que não po-dem dar as obras moldados no local. Acre-dito que, aqui não, mas na Europa também existe a baixa qualidade de mão-de-obra da construção normal. A construção é uma atividade muito dura, porque faz frio, faz calor... Enfim, muitos trabalhos são tão duros,onde trabalham jovens que são imi-grantes, e também mulheres trabalhando, com uma formação tão mínima. Além do

que existe, inclusive, problemas para se comunicar com eles, que falam polonês, búlgaro, línguas que eu nem sei... (risos). Por isso, a pré-fabricação está re-lacionada para que substitua a construção no local.

ibracon – Por ser um Processo inDustrializaDo, o concreto Pré-molDaDo aumenta a ProDutiviDaDe no canteiro De obras? isso é uma verDaDe?david - Claro! Isto é uma verdade, este é um dos motivos. O trabalho pode ser feito antes de se tra-balhar em canteiros e mui-tíssimo mais rápido, além do mais, com menos pesso-as e pessoas formadas, no qual os riscos são menores e... tudo, tudo junto.

Acredito que não somente a produtividade como o rendi-mento de tempo e dinheiro, mas também como rendimen-to do produto, que se eleva, como a qualidade de vida para o usuário final. ibracon – quais as conDições Para

aumentar essa ProDutiviDaDe?Hugo - Eu acredito que a atual conjuntura brasileira, sem nenhuma dúvida, vai criar uma posição de mercado que ajudará um maior numero de pessoas e a pré-fabricação terá que trabalhar muito para dar respostas a essa demanda. david - A indústria de pré-fabricação tem que melhorar não somente aqui no Brasil,

não somente A produtividAde como

rendimento de tempo e dinheiro, mAs tAmbém como rendimento do

produto, que se elevA {com A pré-fAbricAção},

como A quAlidAde de vidA pArA o usuário finAl

Page 12: Pavimento de Concreto:

| 12 |[Concreto & Construções]

mas, também na Espanha, a excelência técnica e tem que procurar soluções mais avançadas, tanto de cálculo como de pro-dução. E, por outro lado, tem que avan-çar na flexibilidade e na aparência final do produto, enfim, dos acabamentos, o resultado final dos produtos.Hugo - Sabe que existe outro aspec-to da pré-fabricação. Tem um proble-ma de pré-fabricadores que deixam de lado o povo. A pré-fabricação tem que estar culturalmente, tem que formar culturalmente parte do acervo de um engenheiro estrutural , de um arquiteto. Eles devem ser ca-pazes de montar com ela uma possibilidade a mais.david - Não pode ser uma caixa-preta. Eu estou completamente de acordo com Hugo. A pré-fa-bricação não pode ser uma cai-xa-preta, tem que ser “um vestido pronto para ser vestido”. E um modo que dizemos. E, são os proje-tistas, os arquitetos, que têm que usar essa lingua-gem para fazer nas horas boas e nas horas ruins.Hugo - Eu acredito que é uma possibilidade cons-trutiva, sobretudo, quanto mais flexível se faça, mais chegada a um, digamos, a um tecido mas amplo É isso que dará a autoridade e, desde então, a flexibilida-de perdera seus limites,porque se pode fazer tudo. Acredito que hoje o pré-fabricador tem que demonstrar que é capaz de estar à disposição. O que sabe fazer o pré-fabricador? Sabe fa-zer moldes, sabe fazer armadu-ras, sabe fazer concretos exce-lentes, sabe administrar logisticamente a construção de coisas, sabe transportá-las, sabe instalá-las. Esses são os pequenos atributos do pré-fabricador. Que hoje a usa, eventualmente, para fazer produtos mais ou menos rentáveis, e isto está bem, mas o mercado não se pode nutrir apenas de produtos mais ou menos rentáveis. david - Desculpe, como você bem disse, que é um elemento, uma possibilidade a

mais, há que fazer, eu acredito que uma das partes que se pode pedir ao setor das pré-fabricações é a formação dos proje-tistas, dos alunos que saibam o que se pode fazer. Hugo - A verdade é que sou professor. E, a princípio, quando comecei a ensinar, pensava que o meu objetivo era dar o que eu sabia. Logo, me dei conta de que, se você dá tudo aquilo que você realmente sabe, o receptor não é capaz de recebê-lo, se cria uma nuvem de intranqüilida-de, que também não é bom. Aprendi que

tinha que ministrar a informa-ção com habilidade e não com mesquinharia. E, agora, me pergunto: ”O que tenho que ensinar?” Porque realmente é muito difícil um professor en-sinar, não é? Como eu ensino os alunos sobre as possibili-

dades construtivas? Isso é muito difícil de fazer, não é? Temos todos que pensar que a técnica normal de ensinar é es-crevermos em um livro, dando informações ame-nizadas. Porém, não é só isso, os livros tem mui-tos escritos.david - Com as vezes da conversação e do diálogo se aprende muito mais.Hugo - Realmente, tem que pensar. Eu não o te-nho claro, não poderia te

dar uma resposta a esta per-gunta agora. Sei que a educa-ção tem que mudar e sei que a educação tem que incorporar um monte de elementos, mas não sei como fazê-lo. Como, por exemplo, como se ensina as estruturas a um arquiteto?

Essa é uma grande pergunta que não foi resolvida.Como se ensina a pré-fabricação nas es-colas de arquitetura e engenharia? Tem que pensar profundamente. Porque não é possível lhe dar um catálogo. É uma ques-tão bastante mais complexa que isto. Eu não tenho a resposta, não é? Mas, de fato, temos dado um catálogo, desde bastante tempo, temos dado aulas e não termina-

{A pré-fAbricAção} é umA possibilidAde

construtivA, sobretudo, quAndo mAis flexível

se fAçA.

Page 13: Pavimento de Concreto:

| 13 | [www.ibracon.org.br]

pe

rs

on

alid

ad

e e

nt

re

vis

ta

da

mos de obter os resultados que queremos, tem que dar uma volta maior e mais pro-funda ao assunto.david - Eu estou de acordo que tem que se chegar mais na profundidade da téc-nica. Sou muito melhor projetista se co-nheço os materiais e os elementos com os quais trabalho, do que se, simplesmente, os pego e vou colocando um ao lado do outro, mecanicamente.Hugo - Mas isto é um pouco também a evo-lução das coisas. Eu vim há 20 anos aqui em São Paulo, para dar conferências. Estava o Vasconcelos e um monte de se-nhores “feitos e direitos”e eu estava assustado de pensar que tinha um auditório tão absolu-tamente qualificado. E minha conferência era totalmente cien-tífica, era próprio do momento em que estava. O que disse o Da-vid, quando você tem um conhecimento, cada vez lhe atrai mais explicar os conceitos, não os detalhes, porque claro que os deta-lhes podem se resolver de muitas maneiras; inclusive, quando se explica os deta-lhes, deve-se explicá-los conceitualmente. É uma evolução mais ou menos natural, quando alguém envelhece.

ibracon – a maior limitação Para a aPlicação Do Pré-molDaDo não é técnica, mas cultural, é isso?david - Não é técnica. A limita-ção está nas cabeças: é cultu-ral! É cultural: as limitações es-tão nas cabeças dos projetistas e dos pré-fabricadores do que querem fazer.

ibracon – mas atingir um nível De 100% De Personalização na inDústria De Pré-fabricaDos De concreto é ainDa uma utoPia?david - Seria um objetivo. Da mesma forma que não existe 100% de persona-lização em um carro, em um automó-vel. As indústrias estão buscando. Faz 20 anos (e tínhamos dito que um carro poderia ter tudo o que tem agora, mas

não podíamos imaginar)que estão fazen-do elementos pré-moldados com siste-mas industriais como os dos carros, que também não tínhamos acreditado como possível, para os sistemas móveis e para as instalações fixas.Hugo - Eu acredito que se pode acredi-tar. Quando você tem uma estrutura me-tálica e uma estrutura metálica hiper-complicada, creio que se poderia fazer também em pré-fabricado de concreto. O que acontece é que, normalmente, os preços mais comprimidos respondem

a projetos mais racionais. Eu acredito que sim: que se po-deria chegar a este objetivo. Estou completamente seguro de que o futuro da construção passará por pouca coisa feita na obra e muitas coisas feitas em pré-fabricação e, para isso,

faz falta uma grande re-volução cultural de todo o mundo, do fabricador, do usuário e da pré-fa-bricação. A universidade tem que contribuir. Lembrei, também, quan-do falamos da produção em massa, de como a pré-fabricação foi afe-tada por uma horrorosa reputação adquirida du-rante a época em que os países socialistas usaram a pré-fabricação para fa-zer algo muito padroniza-

do, com uns objetivos políticos muito claros, que poderiam ser válidos ou não.david - Igual ao que se fez nos países do Leste Europeu, se fez também na França, na Inglaterra...Hugo - E se tentou fazer na

Espanha. Porque em tudo nesta vida existem coisas boas e coisas ruins, não é? Mas, isso causou muito dano, quando mudou culturalmente a expectativa das pessoas. As pessoas querem, primeiro, ter uma casa; porém, logo depois, que-rem ter uma casa diferente daquela ao lado e de que goste. david - Responderam naquele momento ao que lhe faziam falta: casas. A pré-

estou completAmente seguro de que o futuro dA construção pAssArá

por poucA coisA feitA nA obrA e muitAs coisAs feitAs em pré-fAbricAção.

Page 14: Pavimento de Concreto:

| 14 |[Concreto & Construções]

fabricação possibilitou a construção de muitas casas, muito baratas e muito rapi-damente. Isso aconteceu.Hugo - Essa pré-fabricação deixou na cul-tura das pessoas que a pré-fabricação é algo burro, como uma palavra negativa, que as pessoas entendem negativamen-te. Isso está mudando agora, a partir dos anos 90.

ibracon – essa negativiDaDe veio PrinciPalmente Dos Países Do leste euroPeu? david - Não! Ela deve ser atribuída ao conceito de fabricação em mas-sa. Eu não colocaria a culpa so-mente nos países do Leste Eu-ropeu. Mas, quando uma pessoa vai a Berlim e vê tudo isso, que as casas são monótonas, milhões de casas iguais, ficam com essa impressão.

ibracon – que avanços tecnológicos têm exPerimentaDo o concreto Pré-molDaDo nos últimos anos? De que forma, novos materiais construtivos têm DiversificaDo a aPlicação Do concreto Pré-molDaDo? Para onDe essa tecnologia avança? david - Eu diria que hoje são dois os avanços que estão mais ajudan-do a pré-fabricação em concreto:um é toda a in-dustrialização dos proces-sos com a automatização, com equipamentos que existem em todos os países que produzem o pré-fabricado; e o outro é o concreto autoadensável.O autoadensável é um concre-to mais compacto; como é mais compacto, é mais durável e tem mais resistência. E permite preencher os moldes de uma maneira como se fosse um fluido. Um concreto normal tem que durar, mas deve passar por vãos muito densos em armaduras, lugares de difícil acesso. O autoadensável é um fluido que preenche facilmente essas regiões den-samente armadas. Sem falar no melhor acabamento, o que requer moldes mais perfeitos, como também no processo mais

econômico (emprega poucas pessoas para executar muitas coisas) e ambientalmen-te correto (não há ruídos nas fábricas).

ibracon – Por que o brasil Deve usar o concreto Pré-molDaDo na construção De arenas Para a coPa De 2014 e as olimPíaDas De 2016? quais as PrinciPais vantagens Desse sistema construtivo quanto a essa aPlicação?Hugo - Os pré-moldados encurtam os tem-pos. Acabamos de fazer um estádio com-pletamente novo em Valência no prazo de um ano.

ibracon – De que forma a Pré-fabricação PoDe contribuir com a sustentabiliDaDe Do setor construtivo, seja na ProDução ou no consumo?Hugo - A primeira maneira é menos utilização dos materiais,

porque, como temos ma-teriais de maior quali-dade, podemos reduzir esses materiais; igual-mente as colunas podem ser menores, as vigas po-dem ser mais finas dentro dos limites, o que reduz o uso de materiais. E, por outro lado,tem toda questão de defeitos de obras: praticamente nos pré-fabricado, os defei-tos são mínimos.

ibracon – qual a imPortância De entiDaDes como a abcic e, no meu caso, que rePresento o ibracon, na Disseminação Da tecnologia Do Pré-fabricaDo em concreto e no Desenvolvimento Do setor?Hugo - Existem associações cujos enunciados têm grandes

objetivos. Acredito que a ABCIC faz re-alidade com o objetivo a que se propõe, que é fantástico: a divulgação de conhe-cimentos e de técnicas; a normalização do setor; a educação técnica. Se vê também uma grande harmonia entre os membros pré-fabricadores, que têm um ideal em comum: a comunicação externa ao restan-te dos projetistas e a comunicação inter-na aos associados estão muito bem. n

hoje são dois os AvAnços que mAis

estão AjudAndo A pré-fAbricAção

em concreto: A AutomAtizAção dos

processos e o concreto AutoAdensável.

Page 15: Pavimento de Concreto:

| 15 | [www.ibracon.org.br]

me

lh

or

es

p

tic

as

melhores práticas pavimento de concreto

Corredor de ônibus em pavimento de concreto na Linha Verde de Curitiba

CARlOS ROBeRtO GIuBlIN - engenheiro civilAlexSANdeR mASCHIO - engenheiro civilassociação brasileira De cimento PortlanD

JúlIO mulleR NetO - engenheiro civil reDram construtora De obras ltDa

JORGe ReNé pAlOmBO ROdRIGueZ - engenheiro civilconstrutora camargo corrêa

CeSAR HeNRIque SAtO dAHeR - engenheiro civilCéSAR ZANCHI dAHeR - engenheiro civil

Daher tecnologia

1. INtROduçãO

A rodovia BR 476 (an-tiga BR-116), que atravessa a cidade

de Curitiba, foi incorporada a estrutura viária da cidade com a implantação do Eixo Metropolitano de Transpor-te - Sul, chamado de LINHA VERDE. Sendo considerado um grande projeto urbanís-tico da cidade, este primei-ro segmento foi executado em dois lotes, tendo como pontos extremos o bairro Pi-nheirinho e o bairro Jardim Botânico. A nova estrutura viária aplicada sobre o antigo leito da rodo-via foi composta pelos componentes abaixo relacionados, com as seguintes denomina-ções e características: n Canaleta exclusiva para as linhas expressas, onde irá trafegar o ônibus

bi-articulado, foi implantado com 7,00m de largura. O pavimento escolhido foi de concreto de cimento Portland sobre sub-base de 12cm de Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC).

Figura 1 - Vista aérea – estações de parada e canaletas exclusivas

Page 16: Pavimento de Concreto:

| 16 |[Concreto & Construções]

n vias marginais: duas vias laterais à canaleta, destinadas à circulação de veículos em geral, que hoje utilizam a rodovia, com largura de 10,50m, três faixas de tráfego por sentido cada uma com 3,50m. O pavimento escolhido para essas vias foi o de asfalto. As vias marginais terão separadores de tráfego constituídos por canteiros gramados, com largura variável.n vias locais: Anteriormente denominadas vias marginais da BR-116, foram implantadas e/ou adaptadas no limite da área de domínio da avenida, servindo para o acesso às atividades lindeiras. Implantada com 6,00m de largura, sendo 4,00m destinados à circulação de veículos, em sentido único, e 2,00m para estacionamento. O pavimento escolhido para estas vias foi o de asfalto sobre base 20cm de Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC). n via de acesso ao terminal de Integração pinheirinho: exclusiva para o ônibus bi-articulado, com 15,00m de largura, sendo 7,00m para a circulação do veículo e passeios laterais de 3,50m de largura. O pavimento escolhido foi de concreto de cimento Portland sobre sub-base de 12cm de BGTC.

A Figura 2 mostra o Mapa de locali-zação dos serviços executados nesta fase da Linha Verde. Este trabalho refere-se à execução dos lotes I e II, respectivamente a cargo dos Consórcios Delta / Redram e Camargo Corrêa / EMPO

Figura 2 - Mapa com a localização dos lotes I e II da LINHA VERDE

lOte I1ª FASe

lOte II

2. pAvImeNtO de CONCRetO

2.1 ProjetoPara os dois lotes da re-

vitalização da LINHA VERDE, o método utilizado para o dimensionamento do pavi-mento de concreto foi o da Portland Cement Associa-tion, de 1984. Incorporan-do um modelo modificado de fadiga e de erosão, em-prega análise estrutural por elementos finitos, estando

os fundamentos deste método contidos no Manual de Pavimentos Rígidos do Departa-mento Nacional de Infraestrutura dos Trans-portes (DNIT), volume 2. Obedece aos se-guintes parâmetros básicos: capacidade de suporte do subleito; tráfego estimado, in-clusive crescimento previsto; resistência de projeto do concreto e período de projeto.

Com base no dimensionamento e na aná-lise das diferentes condições de solicitações de tráfego ao longo do corredor de ônibus, foram definidas as seções do pavimento de concreto, conforme as figuras de 3 a 5.

As vantagens do pavimento de concre-to para corredores de ônibus são descritas a seguir: resistência ao tráfego intenso e pesado; vida útil projetada de 20 anos, po-dendo durar mais caso tenha manutenção periódica; superfície não se deforma com o tráfego; tem maior visibilidade se compara-do ao pavimento asfáltico; oferece melhor aderência entre pneus e superfície; resis-te ao ataque químico dos óleos que vazam dos ônibus; e tem custos de manutenção reduzida, em função da alta durabilidade do concreto (SENÇO, 1997).

As dimensões definidas em projeto para as placas de concreto foram as descritas a seguir para cada lote:n Canaleta exclusiva – Overlay: duplo sentido de tráfego, com 7,0m de largura, revestimento em placas de concreto fctmk = 4,5MPa, espessura 25cm, colocado sobre a estrutura do pavimento existente.n Canaleta exclusiva – Implantação pavimento Novo: duplo sentido de

Page 17: Pavimento de Concreto:

| 17 | [www.ibracon.org.br]

me

lh

or

es

p

tic

as

tráfego, com 7,0m de largura, revestimento em placas de concreto fctmk = 4,5MPa, com espessura de 25cm, e sub-base de BGTC com espessura de 12cm.n estações de parada: duplo sentido de tráfego, com larguras variadas, revestimento em placas de concreto estruturalmente armadas fck = 30MPa, com espessura de 14cm, e sub-base de BGTC com espessura de 12cm.

Nas juntas transversais de retração, tanto as serradas como as de construção, espaçadas a cada 5,0m, foram utilizadas barras de transferência com aço CA-25, di-âmetro de 32mm e comprimento de 50cm, com 27cm pintada e engraxada, e espaça-mento entre elas de 30cm.

Nas juntas longitudinais de articulação foram utilizadas barras de ligação com aço CA-50, diâmetro de 10mm e comprimento de 80cm, com espaçamento entre elas de 50cm.

Page 18: Pavimento de Concreto:

| 18 |[Concreto & Construções]

2.2 traços Dos concretosPara a determinação dos traços dos con-

cretos, utilizou-se o método de dosagem racional da Daher Tecnologia e Engenharia para o lote I, dosagem feita pelo Eng. Cé-sar Zanchi Daher. Para o lote II, o método empregado para a elaboração da dosagem foi baseado no Procedimento Interno PES-QMAT-LAB-003 da Projconsult, embasados

pelas recomendações do Método do Ameri-can Concrete Institute ACI C-211. A variação dos métodos de dosagem foi determinada pela contratação de laboratórios de controle tecnológico diferentes para cada lote, sendo que o Lote I esteve sob a responsabilidade da Daher Tecnologia em Engenharia Ltda. em função da execução dos lotes estarem a cargo de dois Consórcios Construtores.

Figura 6 - Pavimentadora Terex-CMI (Mod. SF3004)

Page 19: Pavimento de Concreto:

| 19 | [www.ibracon.org.br]

me

lh

or

es

p

tic

as

rex-CMI, modelo SF-3004 (Figura 6). Estes equipamentos, que reúnem em uma só uni-dade todas as atividades inerentes à exe-cução do pavimento, possuem as seguintes características:a) recebimento do concreto que é transportado por caminhões basculantes; b) distribuição uniforme do concreto antes do processo de vibração; c) adensamento do concreto pelos vibradores de alta freqüência; d) acabamento superficial do concreto

Os traços de concreto utilizados para confecção das placas nos dois lotes estão demonstrados na tabela 1.

Em função do tipo do equipamento de espalhamento utilizado, foram definidos consumos de agregados graúdos diferen-tes nos dois lotes. No Lote I, foi utilizada a pavimentadora de formas deslizantes, com slump menor e percentual maior de agre-gado 19/31,5; e no Lote II, foi utilizada a pavimentadora de rolo vibratório e réguas treliçadas, com slump maior e consumo maior de agregado 9,5/25. Esta diferença se deve a maior ou menor dificuldade de espalhamento do concreto na pista.

2.3 equiPamentosOs principais equipamentos que foram

mobilizados para a execução das placas de concreto nos dois lotes a cargo dos Consór-cios estão descritos abaixo:n lote I: Pavimentadora de formas deslizantes Terex-CMI, modelo SF-3004. Para a produção do concreto, foi mobilizada uma Central de Concreto dosadora misturadora Schwing - modelo M2.n lote II: Pavimentadora de rolo vibratório e régua treliçada vibratória. Para a produção do concreto, foi utilizada Central de Concreto dosadora comercial da cidade de Curitiba.

2.3.1 PAVIMENTADORAS DE FORMAS DESLIzANTES (SLIPFORM)

No lote I, foi mobilizada uma pavimen-tadora de formas deslizantes da marca Te-

Figura 8 - Distribuição do concreto com auxílio de escavadeira

Figura 7 - À esquerda Rolo Vibratório e à direita Régua Treliçada Vibratória

Page 20: Pavimento de Concreto:

| 20 |[Concreto & Construções]

proporcionado pelo sistema de formas deslizantes; e) disponível para trabalhar com larguras e espessuras variadas das formas deslizantes; f) controle de nivelamento e alinhamento do pavimento através de quatro sensores laterais; g) redução de mão de obra de operação e acabamentos e redução do custo final dos serviços de pavimentação.

As pavimentadoras de formas deslizan-tes trabalham com concreto com baixo abatimento de tronco de cone, propor-cionando uma redução do consumo de ci-mento por m³, comparativamente a outros

Figura 9 - Execução da texturização

Figura 10 - Aplicação do produto de cura química com equipamento autopropelido e bomba espargidora costal

equipamentos de espalhamento de concre-to (formas-trilho e réguas treliçadas).

No lote II, foram mobilizadas pavimen-tadoras de rolo vibratório e régua treliçada, equipamentos de menor porte que atende-ram as especificações da obra (Figura 7).

2.4 métoDo executivo

2.4.1 PRODUçãO E TRANSPORTE DO CONCRETO (PLACA)

Para a produção do concreto da pla-ca, foi utilizada central dosadora e mis-turadora no Lote I e central de concreto dosadora comercial no Lote II, sendo o transporte executado com caminhões bas-

Page 21: Pavimento de Concreto:

| 21 | [www.ibracon.org.br]

me

lh

or

es

p

tic

as

culantes no lote I e caminhões autobeto-neiras no Lote II.

2.4.2 ExECUçãO DA SUb-bASE DE bGTCA brita graduada tratada com cimen-

to foi transportada para frente de ser-viço com caminhões basculantes e o seu espalhamento foi realizado com motoni-veladora. Para a compactação da cama-da de 12cm de BGTC foi utilizado rolos lisos vibratórios, em quantidade sufi-ciente para atender a produção. A cura da BGTC foi realizada com aplicação de pintura betuminosa, utilizando-se emul-sões asfálticas catiônicas de ruptura rá-pida. Esta pintura tem dupla finalidade, sendo a primeira executar a cura da sub-base e a segunda criar uma película iso-lante e impermeabilizante entre a sub-base e a placa de concreto.

2.4.3 ExECUçãO DO PAVIMENTO DE CONCRETO

Para a execução das placas de concre-to foram utilizadas equipamentos de di-versos tamanhos. No Lote I, foi utilizada a pavimentadora de formas deslizantes descrita no item 2.3.1., que trabalhou com largura total de 7,00m e espessura de placa de 25cm, em uma única passa-da. Para auxiliar o lançamento do con-creto na frente da pavimentadora, foi utilizada escavadeira hidráulica (figura 8). No Lote II, foi utilizada a pavimen-tadora de rolo vibratório e réguas tre-liçadas, descritas no item 2.3.1., que trabalharam com largura total de 7,00m

Figura 11 - Detalhe da junta transversal de construção com forma

e espessura de placa de 25cm, em uma única passada.

A texturização da superfície do con-creto (figura 9) foi executada vassouras de piaçava com peso aproximado de 3,0kg, no sentido transversal ao eixo da pista.

A aplicação do produto de cura química do concreto foi, no Lote I, com equipamento autopropulsionado, constituído de bomba e barra espargidora em toda a largura da pista. No Lote II, foi utilizada bomba espargidora costal. Os produtos aplicados atenderam a norma ASTM C 309, com taxa aproximada de 0,300 kg/m². Quando as condições climáti-cas se tornavam críticas, a taxa do produto de cura era aumentada, chegando próxima de 0,500 kg/m² (figura 10).

Os cortes para indução das juntas transversais de retração foram executa-dos entre 6hs e 10hs após a concretagem. As juntas longitudinais de articulação fo-ram serradas logo após o término do corte das juntas transversais de retração. Neste caso, em função das condições climáticas, foi necessário o corte da junta longitudi-nal de articulação o mais rápido possível, evitando, com isso, o aparecimento de fissuras longitudinais por atraso de corte. A profundidade do corte para as juntas transversais e longitudinais foi de 80mm no primeiro corte, com disco diamantado de 3mm de espessura.

No final de cada jornada de trabalho, fo-ram executadas juntas transversais de cons-trução, que, em função do planejamento das obras, sempre coincidiram com as jun-tas transversais de retração (figura 11).

Page 22: Pavimento de Concreto:

| 22 |[Concreto & Construções]

Figura 12 – Canaleta exclusiva, ao lado as vias marginais e as vias locais

Figura 13 – Estações de parada

A selagem das juntas, etapa final da execução do pavimento, foi executada após 21 dias da concretagem, sendo pri-meiramente realizado o segundo corte com disco diamantado de 6mm de espes-sura e profundidade de 20mm, executada a limpeza das paredes internas e do fundo das juntas e aplicado o produto selante definido em projeto.

3. CONtROle teCNOlóGICO dO CONCRetO

Para a realização do controle tecnológi-co do concreto, os Consórcios contrataram empresas de tecnologia de concreto da ci-dade de Curitiba, sendo estas responsáveis pelo controle tecnológico de todos os con-cretos aplicados na obra.

Page 23: Pavimento de Concreto:

| 23 | [www.ibracon.org.br]

me

lh

or

es

p

tic

as

Maiores informações no site: www.penetron.com/br Tel: (11) 4991-5278 • Fax: (11) [email protected]

Impermeabilização por cristalização capilar do concreto

Reservatório de água potávelTanques de tratamento de esgoto e águaTúneisFundaçõesPoços de elevadorArmazéns subterrâneosInstalações industriaisEstruturas contendo tráfegoParede diafragmaPorões

O sistema PENETRON® de impermeabilização por cristalização integral do concreto, cria um cristal insolúvel que cresce profundamente dentro dos poros capilares e fissuras do concreto impermeabilizando-o. Este tipo de mecanismo protege o concreto da corrosão e da carbonatação, reduzindo as fissuras de retração, aumentando a resistência total e durabilidade. De baixo custo, mais rápido e de fácil aplicação. E isso tudo com um suporte de um time de pesos-pesados de um dos líderes mundiais em impermeabilização do concreto.

�0

�5

�2�5

�7�5

�9�5

�1�0�0

�A�n� � �n�c�i�o� �P�e�n�e�t�r�o�n� �-� �I�m�p�e�r�m�e�a�b�i�l�i�z�a� � � � �o� �p�o�r� �c�r�i�s�t�a�l�i�z�a� � � � �o� �-� �I�B�R�A�C�O�N� �-�f�i�n�a�l

�s�e�x�t�a�-�f�e�i�r�a�,� �1�5� �d�e� �m�a�i�o� �d�e� �2�0�0�9� �1�4�:�3�8�:�4�0

Para o Lote I, a resistência à tração na flexão média foi de 5,18 MPa e, para o Lote II, foi de 4,95 MPa.

4. CONCluSãO Os resultados do controle estatístico

dos concretos da obra demonstram que as resistências dos concretos atenderam às exigências de projeto.

O uso de pavimentadoras de formas deslizantes (slipform) atendeu as expecta-tivas de produção, qualidade do concreto e da superfície de rolamento do pavimento, mesmo em se tratando de ambiente urbano com grandes interferências, o que reforça a utilização desses equipamentos.

A utilização de formas metálicas para as juntas transversais de construção se mostrou adequada e com grande qualidade, tanto na face do concreto, quanto no posicionamen-to das barras de transferência.

As figuras de 12 a 14 mostram o resul-tado final de implantação da primeira fase da LINHA VERDE, novo corredor exclusivo de ônibus da cidade de Curitiba.

[01] DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT 049/2004 – ES: Pavimento Rígido – Execução de pavimento rígido com equipamento de forma deslizante. Brasília, 2004.

[02] DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT 047/2004 – ES: Pavimento Rígido – Execução de pavimento rígido com equipamento de pequeno porte. Brasília, 2004.

[03] DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT 056/2004 - ES: Pavimento Rígido – Sub-base de concreto de cimento Portland compactado com rolo. Brasília, 2004.

[04] GIUBLIN, C.R.; et al. Duplicação em Pavimento de Concreto da BR 101 NE pelo Exército Brasileiro. In: INSTITUTO BRASILEIRO DO CONCRETO, 50º. Congresso Brasileiro do Concreto, 2008. Salvador. Anais. Salvador: IBRACON, 2008.

[05] SENÇO, Wlastermiler de. Manual de Técnicas de Pavimentação. 1ª Ed. São Paulo: Pini, 1997. Vol1. n

referências bibliográficas

Figura 14 – Vista aérea – estações de parada e canaletas exclusivas

Page 24: Pavimento de Concreto:

| 24 |[Concreto & Construções]

pesquisa e desenvolvimento carbonatação do concreto

Estudo da carbonatação natural de concretos em ambiente urbano

RuBeNS mAx vIeIRA – aluno De iniciação científicavAGNeR dA COStA mARqueS – aluno De iniciação científica

mARCOS pAdIlHA JR. – aluno De iniciação científicainstituto feDeral De eDucação, ciência e tecnologia Da Paraíba – ifPb

GIBSON R. meIRA – Professor-Doutorinstituto feDeral De eDucação, ciência e tecnologia Da Paraíba – ifPbPrograma De Pós-graDuação em engenharia urbana e ambiental Da ufPb

1. INtROduçãOO concreto oferece ao aço um ambien-

te de elevada alcalinidade (pH acima de 12), a qual é responsável pela estabilidade da película de passivação, que protege o aço da corrosão futura. No entanto, essa proteção pode ser quebrada em função da ação dos íons cloreto e da carbonatação do concreto. Esta assume especial importân-cia em ambientes urbanos.

A carbonatação é um processo que en-volve o transporte do gás carbônico para o interior do concreto e a sua reação com compostos hidratados da pasta cimento, reduzindo o pH do mesmo. Isso ocorre es-pecialmente com o hidróxido de cálcio, em meio aquoso (Eq. 1), formando o carbonato de cálcio e reduzindo o pH, inicialmente em torno de 13, para valores abaixo de 9.

Sendo o concreto um material poroso e as reações de carbonatação ocorrendo em meio aquoso, se os poros estiverem secos, o CO2 penetra no concreto, mas a carbo-

natação não ocorre, pois falta água; se os poros estiverem saturados, a carbonatação fica comprometida pela baixa velocidade de difusão do CO2 na água; mas se os poros estiverem parcialmente preenchidos por água, o que é comum nos concretos de co-brimento, a frente de carbonatação avança até onde os poros mantêm essa condição favorável (BAKKER, 1988). A Figura1 repre-senta esquematicamente essas condições.

Neste sentido, a literatura indica a fai-xa de 50% - 70% de umidade relativa am-biental como aquela na qual o processo de carbonatação é mais favorecido (AN-DRADE, 1992; PARROTT, 1987), conforme mostra a Figura 2. A relação água/cimento é outro aspecto importante em relação à carbonatação do concreto, pois, maior re-lação água/cimento significa maior porosi-dade do concreto e, portanto, mais acesso de CO2 para carbonatá-lo. (HELENE, 1993). O emprego de adições minerais possui um duplo efeito, pois, se, por um lado, reduz a porosidade do concreto, por outro, tam-bém reduz a alcalinidade do mesmo, fa-zendo com que menos CO2 seja necessário para carbonatá-lo.

Page 25: Pavimento de Concreto:

| 25 | [www.ibracon.org.br]

pe

sq

uis

a e

d

es

en

vo

lv

im

en

to

tratamento, esses corpos de prova foram expostos em ambiente de atmosfera urba-na, na região de João Pessoa.

Em intervalos regulares (90, 180, 270 e 450 dias), esses corpos de prova foram corta-dos para aferir a profundidade de carbonata-ção, empregando-se, para tal, uma solução de fenolftaleína a 1%, conforme exemplifica a Figura 3. Para cada idade, foram realizadas 12 medidas em cada face, através de paquí-metro aferido, as quais foram confirmadas através da análise digital de imagens.

Este trabalho avalia o avanço da frente de carbonatação em concretos, conside-rando materiais com uma ampla gama de porosidade e cimentos comercialmente empregados no Nordeste brasileiro, atra-vés da exposição natural em ambiente de atmosfera urbana.

2. CARACteRíStICAS dOS mAteRIAIS e mONItORAmeNtO ReAlIZAdO

Foram estudados concretos com quatro relações a/c e dois tipos de cimento, cujas características são apresentadas na Tabela 1. Os mesmos foram caracterizados em re-lação à resistência à compressão aos 28, 90 e 180 dias e em relação à absorção de água aos 90 dias.

Os ensaios de carbonatação foram re-alizados em corpos de prova cúbicos, com face de 8cm. Para os ensaios de resistência à compressão e absorção de água, foram empregados corpos de prova cilíndricos, nas dimensões de 10 x 20cm. Após 24 horas da moldagem, os corpos de prova passaram por um período de cura de sete dias em câmara úmida (U.R. = 99%). Em seguida, aqueles destinados aos ensaios de carbona-tação foram pintados com resina epóxi em quatro das suas faces, de forma a restringir o processo às outras duas faces. Após esse

Page 26: Pavimento de Concreto:

| 26 |[Concreto & Construções]

Com o objetivo de caracterizar o am-biente de exposição e a sua interação com o material, foram monitoradas continua-mente: a temperatura, a umidade relati-va e o grau de saturação (GS) do concre-to, seguindo o procedimento descrito por GUIMARÃES (2000) e MEIRA (2004).

3. CARACteRíStICAS dOS CONCRetOS eStudAdOS

Os resultados de resistência à compres-são são apresentados na Figura 4. Através da mesma, é possível observar um ganho de resistência mais acentuado até os 90 dias iniciais, decorrente da contínua hidra-tação do cimento.

Os resultados de absorção são apre-sentados na Tabela 2, através da qual é possível observar um leve aumento da absorção e do índice de vazios com o aumento da relação água/cimento e va-lores ligeiramente menores para alguns dos concretos elaborados com cimento CPIV. Isso se explica, no primeiro caso, pelo aumento da porosidade do material e, no segundo caso, como conseqüên-cia do refinamento dos poros provocado pelo cimento pozolânico.

4. CARACteRíStICAS ClImAtOlóGICAS dO AmBIeNte de expOSIçãO e INteRAçãO COm O mAteRIAl

4.1 o climaA Figura 5 apresenta os resultados de

umidade relativa observados ao longo de dois anos, através de médias semanais ob-tidas a partir de dados registrados pela estação climatológica de João Pessoa, vin-culada ao INMET (Instituto Nacional de Me-teorologia) – 3ª Regional. Os mesmos se si-tuam, aproximadamente, entre 63% e 78%, com média anual ao redor dos 70%.

A umidade relativa fornece uma informa-ção relevante em relação ao que se espera do avanço da frente de carbonatação. Nesse sentido, os valores de umidade relativa ob-servados são muito próximos daqueles tidos como ideais para se maximizarem as reações de carbonatação – entre 50 e 70% (Figura 2).

A temperatura, por sua vez, se comportou de modo mais estável, com variações das mé-

Page 27: Pavimento de Concreto:

| 27 | [www.ibracon.org.br]

pe

sq

uis

a e

d

es

en

vo

lv

im

en

to

dias diárias entre 25 e 30ºC, aproximadamen-te. As médias diárias dessa variável são apre-sentadas na Figura 6, onde é possível observar o acréscimo da temperatura nos períodos mais quentes do ano, bem como as menores temperaturas durante o inverno. Comporta-mento inverso àquele verificado com a umi-dade relativa. Considerando a pouca variação térmica anual, é de se esperar que os efeitos da temperatura na carbonatação não sejam expressivos, para o caso estudado.

4.2 teor De água no concreto – grau De saturação

De forma semelhante à temperatura e à umidade relativa, a quantidade de água no concreto, expressa em termos de grau de saturação do concreto, também varia ao longo do ano e, como esperado, acom-panhando a tendência da umidade relati-va (Figuras 7 e 8). No período entre 100 e 200 dias, o qual corresponde ao verão na região, ocorrem temperaturas mais al-tas e, conseqüentemente, umidades mais baixas. Isso faz com que o concreto perca mais água para o ambiente e tenha um de-créscimo no grau de saturação. O oposto acontece entre 250 e 400 dias, que cor-responde ao período entre o início do mês de junho e o início de setembro, período mais chuvoso na região.

À medida que a quantidade de água no concreto muda, mudam também as condi-ções para o avanço da frente de carbona-tação. Isso nos alerta para os períodos mais

quentes no ambiente em questão, onde o grau de saturação atinge seus menores va-lores e mostram-se, na verdade, como os períodos mais favoráveis para o avanço da frente de carbonatação. Os mesmos coin-cidem, também, com os valores de umida-de relativa ambiental que se encontram na faixa mais favorável para o desenrolar do fenômeno (ANDRADE, 1992; PARROT, 1987; NEVILLE, 1997).

As Figuras 7 e 8 mostram que concretos elaborados com menos água possuem valo-res médios de grau de saturação mais al-tos, pois, além da troca de umidade entre o concreto e o ambiente ser um processo relativamente lento, à medida que os po-

Page 28: Pavimento de Concreto:

| 28 |[Concreto & Construções]

ros do concreto são refinados, aumenta a dificuldade dessa troca.

Outra característica importante das curvas apresentadas é a sua amplitude, que traduz a intensidade das trocas de umida-de ocorridas entre o concreto e o ambien-te. Como era de se esperar, os concretos mais porosos perdem e ganham umidade com mais facilidade, resultando em curvas de maior amplitude.

5. AvANçO dA FReNte de CARBONAtAçãO

As Figuras 9 e 10 representam o com-portamento da profundidade de carbonata-ção para os diversos concretos estudados. Verificam-se maiores avanços da frente de carbonatação para os concretos com maior relação água/cimento e elaborados com cimento CPIV. Isso se explica pela maior facilidade de acesso do CO2, através da rede porosa dos concretos de maior rela-ção água/cimento, bem como em função da menor reserva alcalina dos concretos produzidos com cimento pozolânico.

Lançando mão do modelo clássico de velocidade de avanço da frente de carbo-natação em função da raiz quadrada do tempo (xcarb = kcarb.t

1/2), foi possível de-terminar o valor de kcarb (velocidade mé-dia de avanço da frente de carbonatação) e gerar as curvas que se apresentam nas Figuras 9 e 10. Através desse parâmetro, se confirma o observado no parágrafo an-terior em relação à porosidade do mate-rial e ao tipo de cimento.

Uma análise mais cuidadosa das Fi-guras 9 e 10 mostra que, nos períodos mais quentes do ano (entre 200 e 270 dias), onde a UR é em torno dos 65%, há um favorecimento ao avanço da carbo-natação, pois há um crescimento acen-tuado entre as 2ª e 3 ª medidas, que coincidem, aproximadamente, com tal período.

Outra maneira de avaliar a relação en-tre carbonatação e a quantidade de água no concreto é através do grau de satura-ção médio (GSmed) referente a todo o perí-odo de análise (Tabela 3). Nesse sentido, os concretos de menor relação a/c, que dificultam o acesso de CO2 em função da sua menor porosidade, também apresen-tam patamares de GS mais altos, o que funciona como fator adicional na obten-ção de menores valores para a velocidade de avanço da frente de carbonatação.

6. CONSIdeRAçõeS FINAIS

Diante dos resultados apresentados, é visível a influência das caracterís-ticas nos materiais na interação com o ambiente e no avanço da frente de carbonatação. Concretos mais porosos apresentam uma interação mais intensa com o ambiente, apresentando varia-ções mais expressivas da quantidade de água nos seus poros, além de facilita-rem o acesso de CO2 e o conseqüente avanço da frente de carbonatação. Por uma característica química, a menor

Page 29: Pavimento de Concreto:

| 29 | [www.ibracon.org.br]

pe

sq

uis

a e

d

es

en

vo

lv

im

en

to

reserva alcalina dos concretos com ci-mentos pozolânicos contribui para uma maior velocidade de avanço da frente de carbonatação.

Na análise conjunta das variáveis ob-servadas, tem-se a expectativa de que a menor porosidade dos concretos de menor relação a/c aliada ao seu maior grau de saturação ao longo do período de observação tenham atuado de forma cumulativa na determinação de veloci-dades de carbonatação mais lentas. Por outro lado, variações sazonais de com-portamento do grau de saturação tam-bém influenciam no comportamento do avanço da frente de carbonatação, como pode ser exemplificado através das 2ª e 3ª medidas.

[01] ANDRADE, C. Manual para diagnóstico de obras deterioradas por corrosão de armaduras. São Paulo, PINI, 1992. 104p.

[02] BAKKER, R.F.M. Initiation period. In.: SCHIESSL, P. (Ed.) Corrosion of Steel in Concrete - Report of Technical Committee 60CSC RILEM. London: Chapman & Hall Ltda, 1988, p.22-55.

[03] GUIMARÃES, A. T. C. Vida útil de estruturas de concreto armado em ambientes marinhos. 2000. Tese (Doutorado em Engenharia) – Departamento de Engenharia Civil, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. 241 p

[04] HELENE, P. R. L..Contribuição ao Estudo da Corrosão em Armaduras de Concreto Armado. São Paulo, 1993. 231p. Tese (Livre Docência) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.

[05] MEIRA, G. R. Agressividade por cloretos em zona de atmosfera marinha frente ao problema de corrosão em estruturas de concreto armado. Tese (doutorado) Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. 2004.

[06] NEVILLE, A.M. Propriedades do concreto. São Paulo: PINI, 1997, 2ª ed. 828p.

[07] PARROT, L. J. A review of carbonation in reinforced concrete. C&CA – Cement and concrete association, 1987. 42p. n

referências bibliográficas

Page 30: Pavimento de Concreto:

| 30 |[Concreto & Construções]

mercado nacional

Desafios do mercado imobiliário

Ao longo dos últimos anos, o merca-do imobiliário foi um dos grandes bene-ficiados pela melhora nos fundamentos da economia brasileira, levando-o a um crescimento bastante acelerado a partir de 2005. O aumento da renda do traba-lhador, assim como a abundância de cré-dito mais barato e com prazos mais alon-gados, tornaram acessível a aquisição de imóveis a uma parcela da população que anteriormente não teria condições de ad-quirir a casa própria.

Diante disso, diversas empresas do setor vislumbraram a oportunidade de capturar este crescimento e, ao longo do período compreendido entre 2005 e 2007, observou-se uma corrida do setor imobiliário rumo à bolsa de valores para a abertura de seu capital. Neste perío-do 21 empresas realizaram emissões de ações, captando cerca de R$ 15 bilhões. A partir de então, o mercado vivenciou um período de intensas movimentações.

A sucessão de aquisições e parcerias transformou as empresas do mercado imobiliário brasileiro ao longo dos últimos anos. O que se verifica em comum a todas elas é o elevado ritmo de crescimento: em três anos o faturamento das empre-sas de capital aberto saltou de cerca de R$ 4 bilhões em 2006 para mais de R$ 20 bilhões em 2009. Além disso, a quantida-de de empresas com faturamento anual

mAuRíCIO mICelI KeRBAuy – consultorRAFAel SHOItI OZAKI – consultor

Dextron management consulting

superior a R$1 bilhão aumentou de uma para oito.

O ritmo acelerado de crescimento demandou o emprego de grandes somas em capital de giro, de forma a financiar a construção dos empreendimentos. Com isso, o capital levantado na abertura de capital não se mostrou mais suficiente e

Page 31: Pavimento de Concreto:

| 31 | [www.ibracon.org.br]

me

rc

ad

o n

ac

io

na

l

a maioria das empresas foi novamente a mercado para captar recursos, tanto por emissão de ações como de debêntures. Tais operações se intensificaram a partir do segundo semestre de 2009 e os resul-tados anunciados das operações indicam que já foram levantados mais de R$ 14 bilhões adicionais aos recursos obtidos nos IPOs. Adicionalmente, muitas em-presas aumentaram a captação por meio de empréstimos bancários e seus balan-ços publicados indicam um aumento do endividamento total do setor de R $4,7 bilhões ao final de 2007 para R$ 17,0 bi-lhões ao final de 2009, elevando o endivi-damento médio do setor de um patamar de 21% em para 43%.

Apesar do crescimento observado, o valor de mercado das empresas decres-ceu entre 2008 e 2010, o que se explica em grande parte pela crise econômica mundial que resultou em grande queda no valor das ações em meados de 2008. No entanto, devido à nova injeção de ca-pital recebida pelo setor, o valor total das empresas aumentou em pouco menos de 10% entre 2008 a 2010. Atualmente, já se verifica uma recuperação no valor das ações em bolsa de ações, com recupera-ção no patamar de vendas do setor. Po-rém, não há evidências de um grande au-mento em relação aos valores pré-crise.

Um fato a se destacar foi o aumento do valor de mercado de empresas que possuem foco em habitações populares, como MRV e PDG Realty. Ambas se be-neficiaram do programa “Minha Casa, Minha Vida” do Governo Federal. No en-tanto, este é um segmento de grandes volumes e margens mais apertadas, o que exige das empresas uma forma de atuação a qual muitas não estão adequa-das. Diversas empresas vêm enfrentando dificuldades em atuar neste segmento, havendo até mesmo empresas que desis-tiram de atuar neste segmento, caso da Helbor e JHSF.

Para os próximos anos, existe grande expectativa de crescimento do mercado

de construção civil brasileiro. Além de sediar eventos importantes como a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016, o Brasil também conta com impor-tantes programas governamentais como o programa de habitações populares “Mi-nha Casa, Minha Vida” e o PAC (Programa de Aceleração de Crescimento), os quais devem impulsionar o crescimento do fa-turamento da construção civil brasileira. Por outro lado, tais eventos devem gerar pressões inflacionárias sobre custos de matérias-primas e de mão de obra, por conta da enorme demanda a ser gerada.

Adicionalmente, já foram aprovados na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa de São Paulo projetos de lei “verdes”, que devem gerar nas constru-

Page 32: Pavimento de Concreto:

| 32 |[Concreto & Construções]

toras a necessidade de cumprir com es-pecificações mais estritas, o que pode eventualmente levar a um aumento nos custos de construção. Além disso, exis-tem certificações como a LEED, de uso

inteligente dos recursos, que atualmente podem conferir diferenciais aos empre-endimentos, mas que porventura podem vir a se tornar um padrão mínimo exigido no futuro pelos consumidores. n

Page 33: Pavimento de Concreto:

| 33 | [www.ibracon.org.br]

so

luc

ion

an

do

pr

ob

lem

as

solucionando problemas recuperação estrutural

Recuperação, reforço e impermeabilização das estruturas da Catedral Metropolitana de Natal

FáBIO SéRGIO dA COStA peReIRA – Diretorengecal engenharia e cálculos ltDa

1. HIStóRICO

A Catedral Metropo-litana de Natal foi inaugurada em 21

de novembro de 1988. Os projetos arquitetônico e es-trutural tiveram o objetivo de representar um conjunto de linhas que elevam o ho-mem a Deus, com base no princípio da funcionalidade, onde se define que uma igre-ja é bem sucedida se estiver completamente a serviço do culto e se der a esse culto beleza intrínseca à sacrali-dade. Sabe-se que as igrejas antigas eram compostas de naves compridas, onde os fiéis, mais distantes ou encobertos pelas colunas, não podiam participar da liturgia. Em contraposição, a igreja moderna ofere-ce condições de participação ativa a todos os fiéis, o que significa não só visibilidade e audição, mas também facilidades para os movimentos rituais na comunhão.

A Catedral tem uma capacidade para 3000 pessoas sentadas, ocupando 30% da área do terreno (60mx45m). No seu projeto estrutural, concebido pelo ENG. JOSÉ PEREI-

RA DA SILVA, e seu projeto arquitetônico, do arquiteto MARCONI GREVI , a superestrutura apresenta uma cobertura composta de dez vigas longitudinais de concreto protendido no sistema Freyssinet com inércia variável, simplesmente apoiadas, com vãos variáveis entre 50 e 60 cm. Essas vigas se apóiam, através das articulações de neoprene (apoio anterior) e neoflon (apoio posterior), em pila-res de concreto armado de pequena e grande esbeltez. Todo o escoramento foi feito por

Vista da frente da Catedral Metropolitana de Natal

Page 34: Pavimento de Concreto:

| 34 |[Concreto & Construções]

estruturas metálicas. As lajes pré-moldadas são compostas por nervuras transversais às vigas principais e aparentes. As vigas princi-pais são contraventadas por vigas transver-sais de concreto armado.

Sua infraestrutura é composta de tubu-lões com dez metros de profundidade, onde o bloco de coroamento da parte posterior, em forma de “T”, tem 1m de altura, sendo os dois tubulões paralelos de tração, ou seja, o próprio peso da estaca equilibra a força que tende a levantar a estaca, e mais duas esta-cas de compressão. O bloco de coroamento dos tubulões anteriores tem forma retangu-lar, sendo composto por duas estacas.

Vale salientar que a Catedral não apresen-ta pilares centrais para não prejudicar a visão do culto. As suas paredes laterais possuem um sistema de vigas e colunas de contraventamen-to para dar sustentação à alvenaria, existindo uma espécie de cantoneira metálica presa às duas vigas longitudinais das extremidades, dando uma mobilidade aceitável à alvenaria. A Planta da Catedral apresenta forma trapezoi-dal, tendo dois pavimentos: a nave, apresenta um vão único , sendo que o subsolo, com área de 2300m2, ficou reservado para os diversos órgãos e setores da arquidiocese (sanitários, salão nobre, sacristia, capela). A fachada pos-

terior é composta por um gigantesco vitral de 23 m de altura por 36 m de largura, represen-tando a “Aurora Matutina”, oferecendo uma visão mística, sublime e apoteótica.

2. ANálISe eStRutuRAlA Catedral Metropolitana de Natal vi-

nha apresentando ao longo dos anos, de forma progressiva, uma série de problemas de ordem estrutural, tais como:n Deficiência de impermeabilização da laje de cobertura, devido à depreciação natural da manta ardosiada de cor verde, face sua utilização além do prazo de garantia, bem como em razão de sua má execução (ineficiência dos arremates);como conseqüência, foram verificadas infiltrações ao longo de toda área de cobertura e total ausência de impermeabilização nas jardineiras suspensas frontais;n Falta de manutenção nos aparelhos de apoio de neoprene e neoflon;n Corrosão nas vigas protendidas da cobertura da Catedral;n Corrosão disseminada em vigas, lajes e pilares de concreto armado nas áreas internas da Catedral.

Foram realizados ensaios na estrutura da Catedral, visando obter informações so-bre o estado de corrosão das armaduras e do concreto.

2.1 ProbabiliDaDe De corrosão Foram medidos doze pontos diferentes

da estrutura, utilizando o eletrodo de Cobre/Sulfato de Cobre, com base na norma ASTM-C 876. Os valores deram todos acima de –350mv, significando uma probabilidade de corrosão de 95% nas armaduras analisadas (-386mv,-380mv,-362mv,-352mv,-373mv,-461mv,-515-

Esquema estrutural da catedral Erros executivos de impermeabilização anterior

Erros executivos de impermeabilização anterior

Page 35: Pavimento de Concreto:

| 35 | [www.ibracon.org.br]

so

luc

ion

an

do

pr

ob

lem

as

mv,-627mv,-384mv,-540mv,-400mv,-348mv).

2.2 ProfunDiDaDe De carbonataçãoForam medidos vários pontos da estrutu-

ra pelos indicadores fenolftaleína, timolfta-leína e lápis medidor de ph, observando-se que, as áreas externas, onde a agressivi-dade é maior, apresentaram alta carbona-tação (concreto com cor incolor, após as-persão de fenolftaleína, obtendo ph=5 pelo lápis medidor de ph), ao contrário das áreas internas da Catedral, que não apresentaram carbonatação (concreto com cor rosa após aspersão de fenolftaleína ,obtendo ph=12 pelo lápis medidor de ph).

2.3 teor De cloretosForam extraídas amostras (pó) de seis

pontos na estrutura; os ensaios foram fei-tos por titulação pelo Método de Mohr no laboratório da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), apresentando va-lores abaixo do limite de 0,4% da massa do cimento, indicado pelas normas (0,32%,0,28%,0,27%,0,34%,0,33%,0,24%). Foi realiza-do também ensaio através da aspersão de

nitrato de prata no concreto, apresentan-do o concreto, após a aspersão ,coloração branca, indicando presença de cloretos.

2.4 PorosiDaDeForam extraídas amostras de concreto da

Catedral em alguns pontos, sendo levadas ao laboratório da UFRN para análise, conforme a NBR-9778, apresentando resultados inferio-res a 10%, indicando, conforme a norma, um concreto de boa qualidade e compacto (8,66%,8,65%,9,91%,9,15%,8,80%,7,87%,9,845).

2.5 resistência à comPressãoForam extraídas amostras de corpos-de-

prova (10x20cm), que foram encaminhadas ao laboratório da UFRN para o rompimento; todos os resultados apresentaram valores satisfató-rios, superiores à resistência de 30 MPa.

3. ReCupeRAçãO e ReFORçO eStRutuRAl

Os serviços de recuperação, reforço e impermeabilização das estruturas que es-

Vista da injeção de epóxi em fissura de um pilar da catedral

Visão frontal da Catedral após os serviços executados

Pilares posteriores da CATEDRAL, após a aplicação da argamassa polimérica

Vigas protendidas da catedral, após a aplicação da argamassa polimérica

Page 36: Pavimento de Concreto:

| 36 |[Concreto & Construções]

tão sendo realizados na Catedral Metropo-litana de Natal (2009-2010) compreende-ram os seguintes itens:n Execução de impermeabilização com resina de poliuretano na cobertura e nas jardineiras da Catedral;n Recuperação estrutural das armaduras com corrosão das vigas protendidas, com: hidrojateamento de areia, pintura anti-corrrosiva de zinco nas armaduras, grauteamento e recomposição das seções da parte superior da cobertura n Recuperação estrutural dos elementos de concreto armado (pilares,vigas e lajes) do interior da Catedral, com: hidrojateamento de areia, pintura anti-corrosiva nas armaduras e grauteamento com recomposição das seções; e posterior aplicação de argamassa polimérica, visando o aumento da durabilidade das estruturas;n Injeção de epóxi em fissuras existentes em pilares e vigas de concreto armado;n Recuperação e/ou substituição das

placas de apoio de neoprene e neoflon situadas nos topos dos pilares;n Execução de hidrojateamento de areia no concreto das vigas protendidas da Catedral, objetivando sua limpeza;n Aplicação de argamassa polimérica nas vigas protendidas da Catedral, objetivando o aumento da durabilidade das estruturas.

4. CONCluSãOCom a execução dos serviços de recupe-

ração, reforço e impermeabilização das es-truturas da Catedral Metropolitana de Natal, obteve-se um incremento na durabilidade de suas estruturas, com a utilização das mais modernas técnicas existentes na área, atin-gindo amplamente os objetivos propostos pela equipe técnica responsável pelos servi-ços. Deixo o alerta de que, na área de enge-nharia estrutural, é necessário trabalhar com empresas altamente qualificadas, para não se repetir os erros executivos ocorridos,em virtude do custo final, causando danos à es-trutura da Catedral, confirmando-se o dita-do de que o barato custa caro. n

Page 37: Pavimento de Concreto:

| 37 | [www.ibracon.org.br]

no

rm

ali

za

çã

o t

éc

nic

a

normalização técnica Abnt nbr 15900

A Norma Brasileira de água de amassamento do concreto – uma contribuição para a sustentabilidade

ARNAldO FORtI BAttAGIN – geólogoassoCiação Brasileira de Cimento Portland

INêS lARANJeIRA dA SIlvA BAttAGIN – engenheiraComitê Brasileiro de Cimento, ConCreto e agregados da aBnt

1. INtROduçãO

A água é um componente de funda-mental importância do concreto, pois é responsável pelas reações

de hidratação do cimento, chegando a representar cerca de 20% de seu volume, sendo também usada na cura. Se, no as-pecto quantitativo, ela é bem controlada pela relação a/c na dosagem dos concre-tos, do ponto de vista qualitativo, é negli-genciada com freqüência, podendo levar a manifestações patológicas nas estruturas de concreto. É necessário, portanto, enfa-tizar que a água para amassamento desem-penha importante papel nas propriedades e durabilidade do concreto. As impurezas contidas na água podem influenciar negati-vamente não apenas a resistência do con-creto, mas também o tempo de pega ou causar manchamento da superfície e eflo-rescências, ou ainda, resultar na corrosão da armadura ou ataque químico interno da microestrutura do concreto.

No Brasil, até a publicação da ABNT

NBR 15900, em 2009, havia uma lacuna na normalização técnica quanto ao esta-belecimento de requisitos para a água de amassamento do concreto. Os requisitos que, inicialmente, foram estabelecidos pela antiga NB 1 - Projeto e Execução de Obras de Concreto (versão de 1978) deixa-ram de existir por uma Emenda que can-celou a Seção 8 dessa Norma, quando de seu registro como ABNT NBR 6118, que pas-sou a referenciar a ABNT NBR 12655, que, por sua vez, referencia a ABNT NBR 12654, que volta a delegar essa responsabilidade à ABNT NBR 6118, que nada aborda sobre água de amassamento.

Recentemente, o Comitê Internacio-nal ISO/TC71 apresentou o projeto de norma ISO 12439 de água de amassamento de concreto, baseado na norma européia EN 1008, contando com a participação de vários países. Como membro partici-pante, o Brasil é representado pela As-sociação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, que conta com o suporte técnico

Page 38: Pavimento de Concreto:

| 38 |[Concreto & Construções]

do CB-18, razão pela qual se decidiu criar uma Comissão de Estudo para desenvolver uma norma brasileira de água de amas-samento com base no projeto ISO, mas respeitando as particularidades da cultu-ra técnica nacional e suprindo a socie-dade brasileira com uma norma moderna que contempla vários avanços observa-dos no exterior sobre esse tema, inclusi-ve ambientais. Dentre esses, se destaca na Norma Brasileira a potencialidade de uso de água recuperada de processos de preparação do concreto e água de reuso proveniente de estação de tratamento de esgoto, bem como água residual de pro-cessos de jateamento, corte, fresagem e polimento de concretos endurecidos.

2. eStRutuRA dA ABNt NBR 15900

Sob o título geral “Água para amassa-mento do concreto”, a Norma Brasileira é composta de 11 Partes, que se inter-re-lacionam e se complementam. Cada uma dessas Partes trata dos aspectos estabele-cidos em seus títulos específicos, conforme a seguir:n parte 1: Requisitosn parte 2: Coleta de amostrasn parte 3: Avaliação preliminarn parte 4: Análise Química – Determina-

ção de zinco solúvel em águan parte 5: Análise Química – Determina-

ção de chumbo solúvel em águan parte 6: Análise Química – Determina-

ção de cloreto solúvel em águan parte 7: Análise Química – Determina-

ção de sulfatos solúveis em águan parte 8: Análise Química – Determina-

ção de fosfato solúvel em águan parte 9: Análise Química – Determina-

ção de álcalis solúveis em águan parte 10: Análise Química – Determina-

ção de nitrato solúvel em águan parte 11: Análise Química – Determina-

ção de açúcar

3. tIpOS de áGuA e deFINIçõeSn água de abastecimento público: ade-

quada para uso em concreto e não ne-cessita ser ensaiada;

n água recuperada de processos de pre-paração do concreto: usada para limpar a parte interna de betoneiras de centrais misturadoras, de caminhões betoneiras, misturadores e bombas de concreto, ou água proveniente do processo de recupe-ração de agregados de concreto fresco;

n água de fontes subterrâneas: pode ser adequada para uso em concreto, mas deve ser ensaiada;

n água natural de superfície, água de captação pluvial e água residual in-dustrial: pode ser adequada para uso em concreto, mas deve ser ensaiada; são exemplos de águas residuais in-dustriais aquelas recuperadas de pro-cessos de resfriamentos, jateamento, corte, fresagem e polimento de con-cretos endurecidos;

n água salobra: somente pode ser usada para concreto não armado, mas deve ser ensaiada; de maneira geral, não é adequada à preparação de concreto protendido ou armado, devido aos seus teores elevados de cloretos, que podem comprometer a durabilidade do concre-to pela corrosão das armaduras;

n água de esgoto e água proveniente de esgoto tratado: não é adequada para uso em concreto;

n água de reuso proveniente de estação de tratamento de esgoto: água tratada por diversos processos, entre outros fil-tração e flotação, em estações de trata-mento de esgotos, a partir do afluente já tratado para usos não potáveis; como ain-da não há antecedentes suficientes para garantir viabilidade de uso generalizado deste tipo de água, a Norma condiciona sua utilização a aplicações específicas de comum acordo entre o fornecedor de água e o responsável pela preparação do concreto, devendo ser atendidos todos os requisitos da Norma.

4. CONCeItuAçãO dOS RequISItOS eStABeleCIdOS

4.1 generaliDaDesOs parâmetros e requisitos estabelecidos

para água de amassamento são completa-

Page 39: Pavimento de Concreto:

| 39 | [www.ibracon.org.br]

no

rm

ali

za

çã

o t

éc

nic

a

mente distintos da água que está em conta-to com as estruturas do concreto endureci-do. Para a água em contato com o concreto, os parâmetros químicos são dirigidos para a avaliação do seu grau de agressividade. Água é agressiva quando pura, por atuar como dissolvente dos compostos hidratados do cimento no concreto ou por conter íons que reagem com esses compostos hidrata-dos estáveis, alterando e deteriorando a microestrutura, responsável pela resistên-cia mecânica do concreto. Assim, algumas águas que são prejudiciais ao concreto en-durecido podem ser inócuas, ou até mesmo benéficas, para serem usadas como água de amassamento e esse fato foi levado em con-ta na elaboração da Norma.

A origem da água é de fundamental im-portância para pré-definir sua adequabilida-

de de uso. De fato, em função de sua origem, foram estabelecidas as diretrizes para uso.

4.2 fluxograma De ensaios A figura 1 ilustra a seqüência de en-

saios que levam a aceitação ou não da água de amassamento, bem como estabe-lece alternativas de ensaios para se che-gar a esse objetivo.

NOtA: A numeração das tabelas cor-responde à numeração original da Norma, não se referindo à numeração estabelecida neste trabalho. Por isso, a tabela 1 do flu-xograma refere-se à tabela 3 do texto.

5. AS NORmAS NACIONAIS e INteRNACIONAIS

No Brasil, antes da publicação da ABNT NBR 15900, os requisitos para água

Page 40: Pavimento de Concreto:

| 40 |[Concreto & Construções]

de amassamento do concreto eram esta-belecidos pela NB 1 - Projeto e execu-ção de obras de concreto armado (ver-são de 1978), que fixava os seguintes limites máximos: matéria orgânica (em O2 consumido): 3mg/L; resíduo sólido: 5000mg/L; sulfatos (em SO4): 300mg/L; cloretos (em Cl): 500mg/L; açúcar: 5mg/L.

Para as Normas adotadas em outros países, a tabela 1 apresenta os limites químicos e a tabela 2 os limites físicos especificados.

6. OS RequISItOS dA NOvA NORmA BRASIleIRA

6.1 avaliação Preliminar Da água De amassamento

De acordo com a ABNT NBR 15900, a água prevista para ser usada em concreto deve inicialmente passar por uma avaliação preli-minar, que é estabelecida em sua Parte 3 e corresponde às verificações da tabela 3.

A água que não estiver de acordo com as exigências mostradas na tabela 3 pode ser

Page 41: Pavimento de Concreto:

| 41 | [www.ibracon.org.br]

no

rm

ali

za

çã

o t

éc

nic

a

usada apenas se for comprovado que é ade-quada ao uso em concreto, de acordo com os ensaios de tempo de pega e resistência.

A figura 2 ilustra exemplo de ensaio de detecção de detergente durante a avalia-ção preliminar. A espuma não desapareceu após 2 min da interrupção da agitação.

A figura 3 ilustra ensaio expedito de avaliação de presença de matéria orgâni-

ca. Verifica-se coloração mais clara que a solução padrão, indicando ausência de ma-téria orgânica na amostra de água.

6.2 limitação De substâncias contaminantes na água De amassamento

Contaminações na água de amassamento do concreto por substâncias, como açúcares, fosfatos, nitratos, chumbo e zinco podem al-terar a cinética de hidratação da pasta de ci-mento, afetando expressivamente os tempos de pega e resistências do concreto. De fato, a literatura internacional mostra que esses compostos podem agir tanto como acelera-dores quanto retardadores da pega e do en-durecimento, dependendo da forma com se encontram combinados. Assim, nitratos de

Page 42: Pavimento de Concreto:

| 42 |[Concreto & Construções]

de 25% dos tempos de início e fim de pega, obtidos com amostras de pastas preparadas com água destilada ou água deionizada.

Os limites dos tempos de início e fim de pega, obtidos em pastas preparadas com a água em ensaio, devem também estar de acordo com a norma brasileira do cimento utilizado.

A resistência média à compressão aos 7 dias e 28 dias de corpos-de-prova de concre-to ou de argamassa, preparados com a água em ensaio, deve alcançar pelo menos 90% da resistência à compressão média de corpos-de-prova preparados com água destilada ou deionizada. A obediência da água a esses li-mites é suficiente para garantir o desempe-nho mecânico e reológico do concreto, po-rém não há garantia da durabilidade.

6.4 limitação De substâncias ligaDas à DurabiliDaDe

6.4.1 CLORETOSOs cloretos presentes na água de amas-

chumbo, zinco e manganês retardam a pega, ao passo que nitratos de cromo promovem sua aceleração. Por outro lado, os fosfatos e os boratos de zinco e chumbo reduzem a taxa de hidratação, prolongam o tempo de pega e reduzem a evolução da resistência inicial. Já, os sais de magnésio comportam–se como aceleradores da pega e endurecimento.

O açúcar é conhecido pela propriedade de retardamento da pega da pasta de ci-mento, retardando a formação de C-S-H (Si-licatos de Cálcio Hidratados). Dependendo do tipo de cimento utilizado, da quantidade de açúcar e do instante em que ele entrou em contanto com a mistura, a pega do con-creto pode ser retardada em várias horas, prejudicando também a evolução da resis-tência à compressão. Como alguns aditivos retardadores são à base de açúcar, a água recuperada de processos de preparo do con-creto pode conter resíduos com açúcar.

Um método visual, simples e rápido, com uso do alfa naftol, está previsto na Parte 11 da Norma, como ensaio preliminar qualitativo para identificar a presença ou ausência de açúcar. Caso resulte presente, o teor de açúcar deverá ser determinado pela metodologia preconizada na sequencia da Parte 11 da referida norma. A figura 4 exemplifica o ensaio expedito de for-mação de anel de cor violeta, que indica a pre-sença de açúcar na água de amassamento. Por outro lado, a ausência do anel indica ausência de açúcar.

Para aprovação da água quanto a esses contaminantes, podem ser executados en-saios quantitativos de detecção de açúca-res, fosfatos, nitratos, chumbo e zinco, de acordo com partes específicas da Norma, respeitando os limites máximos estabeleci-dos na tabela 4.

Na ausência desses ensaios, ou quando os limites estabelecidos na tabela 4 não fo-rem atendidos, a Norma prevê que sejam realizados ensaios de tempo de pega, inicial e final, e ensaios de resistência à compres-são em amostras com água de referência e, paralelamente, com a água em ensaio.

6.3 temPos De Pega e resistência à comPressão

Os tempos de início e fim de pega, deter-minados em amostras de pasta preparadas com a água em ensaio, não deve diferir mais

Page 43: Pavimento de Concreto:

| 43 | [www.ibracon.org.br]

no

rm

ali

za

çã

o t

éc

nic

a

samento, dependendo do teor, podem gerar patologias no concreto, como a cor-rosão de armaduras e o aparecimento de eflorescência, além da formação de com-postos expansivos como os cloroalumina-tos cálcicos. Embora pouco estáveis, esses compostos podem ocasionar fissuração da microestrutura do concreto, o que favore-ce o aparecimento de outras patologias. Do mesmo modo, teores mais elevados de cloretos tendem a acelerar as reações de hidratação, acelerando a pega e a resis-tência inicial e reduzindo as resistências a longo prazo, nem sempre desejáveis.

Por essa razão, a Norma limita os teo-res de cloretos na água de amassamento, conforme o tipo de concreto, como mos-trado na tabela 5.

O teor de cloreto na água, expresso como Cl-, não deve exceder os limites es-tabelecidos na Tabela 5, a menos que se mostre que o teor de cloreto do concreto não excede o valor máximo permitido na ABNT NBR 12655.

6.4.2 ÁLCALISEmbora os álcalis no concreto prove-

nham essencialmente do cimento, eles po-dem se originar de outras fontes, tais como a água de amassamento.

Nesse sentido, limitar o teor de álcalis na água e no concreto ou tomar medidas preventivas à reação álcali-agregado (RAA) são ações que podem assegurar maior du-rabilidade às estruturas de concreto, evi-tando o aparecimento dessa patologia.

Assim, a Norma de água de amassa-mento estabelece que, se agregados po-tencialmente reativos com álcalis forem

usados no concreto, a água deve ser en-saiada quanto aos teores de álcalis. O equivalente alcalino de óxido de sódio não deve exceder 1500 mg/L. Se esse limite for excedido, a água pode ser usada ape-nas se for comprovado que foram tomadas ações preventivas quanto à reação álcali-agregado, conforme a ABNT NBR 15577-1. A intensidade dessas ações preventivas depende do grau de risco de ocorrência da RAA, as quais levam as medidas mitiga-doras da expansão.

6.4.3 SULFATOSConcretos destinados a obras maríti-

mas, subterrâneas, de condução de rejei-tos industriais e esgotos levam a necessi-dade de ter sua durabilidade assegurada frente ao ataque por sulfatos. Efetivamen-te, o ataque da pasta de cimento endureci-da por águas e solos sulfatados é bastante conhecido e, se medidas preventivas não forem tomadas, ocorre comprometimento da obra, decorrente da expansão causada pela formação de componentes deletérios, gesso e etringita secundários.

Embora o mecanismo efetivo do ataque do concreto por sulfatos não esteja total-mente esclarecido até hoje, os pesquisa-dores são unânimes em considerar que as fases hidratadas de aluminato de cálcio do clínquer em contato com soluções contendo sulfatos são as principais responsáveis pelo fenômeno. Esse tipo de patologia é conhe-cido como ataque externo, pois os sulfatos provêm de fontes externas que provocam uma degradação progressiva da superfície para o interior da peça de concreto.

Por outro lado, as estruturas de con-creto podem ser atacadas por sulfatos provenientes dos constituintes usados na preparação do concreto, sendo essa mani-festação patológica conhecida como rea-ção sulfática de origem interna e atribuída à formação de etringita tardia.

Por essa razão e também para evitar pro-blemas na reologia do concreto, as normas internacionais limitam o teor de sulfatos na água de amassamento, tendo a Comissão de Estudos do ABNT/CB-18 optado por limitar o teor de sulfato na água destinado ao amas-samento do concreto em 2 000 mg/L.

Page 44: Pavimento de Concreto:

| 44 |[Concreto & Construções]

7. RequISItOS pARA A utIlIZAçãO de áGuA ReCupeRAdA de pROCeSSOS de pRepARO dO CONCRetO

A água recuperada de processos de pre-paro do concreto pode ser utilizada sozinha ou em combinação com outro tipo de água.

Esse tipo de água contém concentrações variáveis de partículas muito finas, com ta-manho, em geral, menor que 0,25mm e, por isso, deve ser apropriadamente arma-zenada, mais comumente em:n reservatórios, desde que dotados de

equipamentos adequados que possibili-tem a distribuição dos materiais sólidos na água, para facilitar a coleta futura.

n bacias de decantação ou instalações similares, capazes de armazenar água por tempo suficiente para permitir que as partículas sólidas se decantem apro-priadamente, sendo que a parte sólida deve ter a posteriori uma destinação ambientalmente correta.Além de atender a todos os requisitos

estabelecidos pela Norma, existem ainda algumas limitações para o uso de água re-cuperada de processos de preparação do concreto, tais como:n a limitação da massa adicional de ma-

terial sólido no concreto, que deve ser menor do que 1% (massa/massa) da massa total de agregados;

n a possível influência da utilização desta água quanto a exigências especiais para o concreto, como, por exemplo, concre-to arquitetônico e concreto aerado;

n a quantidade de água recuperada deve ser distribuída o mais uniformemente possível na preparação do concreto;

n para alguns processos de preparação do concreto, pode-se admitir maiores quantidades de material sólido, desde que se possa comprovar seu desempe-nho satisfatório.A distribuição uniforme do material só-

lido na água recuperada, quando sua massa específica for maior que 1,03 kg/L, torna-se imprescindível.

Pode-se considerar que água com massa específica menor ou igual que 1,03 kg/L con-tém quantidade de material sólido compreen-

dida abaixo do limite de 50 000 mg/L estabe-lecido pela Norma, quando a massa específica do resíduo sólido é maior ou igual a 2,6 kg/L.

Quando não for possível manter a mas-sa específica da água menor ou igual a 1,03 kg/L, deve ser realizada a correção da do-sagem do concreto, em função da quanti-dade de material sólido presente na água.

8. RequISItOS pARA A utIlIZAçãO de áGuA de ReuSO pROveNIeNte de eStAçãO de tRAtAmeNtO de eSGOtO

Água de reuso é a água tratada por di-versos processos, entre outros filtração e flotação, em estações de tratamento de es-gotos, a partir do afluente já tratado para usos não potáveis. Não deve ser confundida com a água de esgoto e a água proveniente de esgoto tratado, que não são adequadas para preparo do concreto.

Contrariamente, a água de reuso apresen-ta grande potencialidade, evidenciada por es-tudos desenvolvidos pela Associação Brasilei-ra de Cimento Portland - ABCP e por algumas empresas de serviços de concretagem.

Porém, como não há antecedentes su-ficientes acumulados para garantir viabi-lidade de uso generalizado deste tipo de água, a Comissão de Estudos de Normaliza-ção decidiu limitar o uso, neste momento, a aplicações específicas, de comum acordo entre o fornecedor de água e o responsá-vel pela preparação do concreto, devendo ser atendidos de qualquer forma, todos os requisitos previstos na norma, até que se acumule experiência comprobatória.

9. CONCluSõeSEste trabalho tem como propósito infor-

mar e esclarecer o meio técnico a respeito da Norma recentemente publicada para es-tabelecimento dos requisitos exigíveis para a água de amassamento do concreto, com base em padrões internacionais, tendo em vista garantir a durabilidade das construções.

Considerando o atual estágio de de-senvolvimento tecnológico e as premen-tes necessidades de uso racional dos re-cursos naturais, este trabalho alerta para

Page 45: Pavimento de Concreto:

| 45 | [www.ibracon.org.br]

no

rm

ali

za

çã

o t

éc

nic

a

a importância das questões de sustenta-bilidade ligadas ao uso adequado da água de amassamento do concreto, mostrando as possibilidades de reaproveitamento desse recurso.

Os resultados obtidos nos ensaios labo-ratoriais realizados e a experiência já con-solidada em alguns casos reais de reaprovei-

[01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12655 Concreto de cimento Portland – Preparo, controle e recebimento. Rio de Janeiro, 2006.[02] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15577 Agregados – Reação álcali-agregado (seis Partes). Rio de Janeiro, 2008.[03] ASSOCIAÇÃO MERCOSUL DE NORMALIZAÇÃO. NM 137 Argamassa e concreto – Água para amassamento e cura de argamassa e concreto de cimento Portland. São Paulo, 1997.[04] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING MATERIALS. ASTM C 1602/C 1602M Standard specification for mixing water used in the production of hydraulic cement concrete, Philadelphia, 2006.[05] EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION. EN 1008 Mixing water for concrete – Specification for sampling, testing and assessing the suitability of water, including water recovered from processes in the concrete industry, as mixing water for concrete. Bruxelas, Bélgica, 2002.[06] INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO/FDIS 12439 Mixing water for concrete. 2009. n

referências bibliográficas

tamento da água do processo de preparação do concreto são auspiciosos e indicam ser este o caminho adequado para que a cons-trução civil brasileira dê um importante passo no sentido do desenvolvimento am-bientalmente adequado, socialmente cor-reto e economicamente viável, mantendo e garantindo a qualidade do concreto.

Page 46: Pavimento de Concreto:

| 46 |[Concreto & Construções]

entidades parceiras

Seminário sobre Pré-fabricados em Concreto aponta soluções técnicas para novo ciclo de crescimento do país

O mote no discurso das autorida-des convidadas a fazerem parte da mesa de abertura do V Semi-

nário Internacional da Associação Brasileira da Construção Industrializada em Concreto – ABCIC foi oportunidade. Os eventos espor-

Carlos Roberto Petrini discursa na abertura do Seminário AbCIC; Hugo Rodrigues, Carlos Alberto Gennari, José Marques Filho, João Alberto Viol e Inês battagin integraram, com ele, a mesa de abertura

Page 47: Pavimento de Concreto:

| 47 | [www.ibracon.org.br]

en

tid

ad

es

p

ar

ce

ir

as

tivos programados – a Copa 2014 e as Olimpí-adas 2016 –, o Programa “Minha Casa, Minha Vida”, de construção de moradias populares, e o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, com o planejamento de obras de infra-estrutura pelo país, representam nova onda de investimentos na construção civil, oportu-nidade ímpar para a ampliação e consolida-ção da construção industrializada no setor.

“A construção industrializada no contex-to atual de crescimento sustentado é a fer-ramenta indispensável para o gerenciamento de prazos e de custos. Ela é a saída para se executar com rapidez, economia, sustenta-bilidade e atualidade de projetos”, afirmou Carlos Alberto Gennari, presidente da ABCIC. Carlos ainda deu ênfase à figura humana como protagonista de nossa história e, espe-cificamente, do setor construtivo.

Nas palavras do gerente de comunicação da Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, Hugo Rodrigues, “o país precisa de infraestrutura há muito tempo, mas experi-menta somente agora o momento promissor que reconhece na construção civil a locomo-tiva do desenvolvimento”. Por isso, segundo ele, a oportunidade do Seminário ABCIC, por-que traz experiências construtivas industria-lizadas que quebram o mito de que a cons-

trução pré-fabricada resulta em construções inferiores, simples e cinzas. “As soluções industrializadas em concreto são capazes de atender, em termos de prazos, qualidade, durabilidade e beleza, a construção das are-nas esportivas para os jogos da Copa e das Olimpíadas e da infraestrutura de que tanto o Brasil necessita”, concluiu.

O V Seminário ABCIC aconteceu no último dia 29 de abril, no Hotel Blue Tree Towers Morumbi, em São Paulo, e contou a presen-ça de 150 profissionais dos diversos setores da construção civil. Sua bandeira foi discutir os pré-moldados de concreto como solução para construir o Brasil com sustentabilidade, criatividade e ousadia.

Dentre as soluções apresentadas no even-to, foram discutidos: n Os detalhes de projeto e de execução de

pontes para trens de alta velocidade na Es-panha, apresentados pelo engenheiro civil e catedrático da Universidade Politécnica de Madrid, Hugo Corres Peiretti. Para ele, o futuro da construção é a pré-fabricação, capaz de atender as especificações técni-cas especiais de obras como as do trem de alta velocidade, como mão-de-obra quali-ficada, durabilidade de 100 anos, resistên-cias a cargas verticais com efeito dinâmico,

Hugo Corres Peiretti é assistido em sua palestra inaugural no Seminário

Page 48: Pavimento de Concreto:

| 48 |[Concreto & Construções]

ressonâncias, cargas horizontais altas de aceleração e desaceleração, entre outras.

n As obras premiadas, comerciais, indus-triais e residenciais, do arquiteto Sidônio Porto, vencedor, em 2005, do concurso nacional de projetos de arquitetura para a sede da Petrobras em Vitória, no Espírito Santo, construídas total ou parcialmente com sistemas pré-moldados de concreto; Porto destacou a relação entre a indus-trialização e a sustentabilidade, apresen-tando o canteiro de obras como área de montagem, concepção que assegura dis-pêndio de tempo e desperdício reduzidos ao mínimo. “Não podemos perder a se-gunda oportunidade de crescimento sus-tentado, pois na primeira optou-se pelo uso intensivo de mão-de-obra”, defendeu o arquiteto sobre a necessidade de uso mais intensivo de sistemas pré-fabricados na construção civil.

n A concepção arquitetônica vitoriosa para a Arena Esportiva de Cuiabá, onde ocorre-rão os jogos da Copa 2014, foi apresentada pelo arquiteto Sérgio Coelho, do escritório vendedor do concurso público para a cons-trução do estádio, GCP Arquitetos. Coelho frisou que a solução pré-fabricada possibi-litará a transformação da Arena Esportiva

de Cuiabá num parque para a cidade, após a realização da Copa. “Parte da arquiban-cada poderá ser removida, com a redução da capacidade de público, após o even-to, para o uso do espaço para outros fins, como ginásios de esportes”, ressaltou.

n Soluções pré-fabricadas para habitações de interesse social no mundo, reunidas pela Federação Internacional de Concreto (fib) numa publicação em desenvolvimen-to, que terá a finalidade de disseminar co-nhecimentos sobre a pré-fabricação para que as pessoas encontrem as melhores alternativas construtivas em seus países e regiões, foram mostradas pelo seu coorde-nador do grupo de habitações econômicas, David Fernándéz-Ordóñez. “A industriali-zação veio para tentar resolver as deman-das sociais de habitação; mas, cada país tem que buscar suas próprias soluções: as muito industrializadas podem não funcio-nar em países em desenvolvimento”. Ele ressaltou que o Brasil faz parte deste gru-po, representado pela Diretora Executiva da Abcic, a engenheira Íria Doniak,e que as tipologias brasileiras encontram-se ca-dastradas na futura publicação. “A indus-trialização na construção civil vai se impor à medida que se tornar mais flexível, mais adaptada aos usuários finais”, comentou.

n As tendências da Coordenação Modular na construção civil, tanto em termos de merca-do quanto de normali-zação, foram expostas pelo professor da Uni-versidade Federal Flu-minense (UFF), Sérgio Leusin de Amorim, en-

genheiro de produção pela Coppe – Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

n O mais novo parâmetro de gestão na cons-trução civil - a sustentabilidade, “que ao lado do custo, da qualidade e do prazo, deve se tornar mais um indicador do dife-rencial competitivo da construção indus-trializada”, foi discutida e problematiza-da pelo diretor técnico do Grupo Falcão Bauer, Roberto José Falcão Bauer.“O Seminário debate o que é impor-

tante para a engenharia e a arquitetura brasileira. Qualquer lançamento de obras

David Fernándéz-Ordóñez trouxe a experiência da fib em habitações econômicas aos presentes

Page 49: Pavimento de Concreto:

| 49 | [www.ibracon.org.br]

en

tid

ad

es

p

ar

ce

ir

as

nos afeta, pois vivemos um período de mudança, após as perdas de quadros pro-fissionais e da falta de planejamento e de projetos de duas décadas atrás. Por isso, a necessidade de se apontar as soluções”, avaliou o presidente do Sindicato da Ar-quitetura e da Engenharia - Sinaenco, João Alberto Viol.

Na avaliação do diretor do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Ci-mento - Sinaprocim, Carlos Roberto Petri-ni, “o seminário traz temas atraentes e im-portantes, contribuindo para a difusão de conhecimentos que asseguram soluções rá-pidas e eficientes, sem desperdícios e mais sustentáveis, imprescindíveis para resgatar a dívida do país para com a sociedade”.

Com eles, concordou o presidente do Instituto Brasileiro do Concreto – IBRACON, José Marques Filho, ao salientar que vive-mos um momento peculiar, após décadas de estagnação, que exige soluções inova-doras, onde a questão do conhecimento é fundamental. “O Seminário é a oportunida-de de acesso a soluções internacionais, de conexão de pessoas e de reflexão sobre o

futuro da cadeia construtiva como um todo. A contribuição do pré-moldado de concre-to é no sentido de evitar o desperdício, de aumentar a durabilidade, de melhorar a utilização de materiais e de garantir maior resistência às obras”, concluiu.

Nas palavras da superintendente do CB-18 da Associação Brasileira de Normas Téc-nicas – ABNT, Inês Battagin, o seminário foi uma mostra da competência da ABCIC em agregar interesses comuns, em ser a porta-voz da indústria de pré-fabricados, em di-vulgar as melhores práticas para o mercado e em oferecer soluções pré-moldadas para o desenvolvimento do país.

A ABCIC, representada pela engenhei-ra Íria, integra hoje o Conselho Diretor do IBRACON. “O relacionamento institucional com entidades afins internacionais e nacio-nais tem sido uma das premissas da ABCIC e tem possibilitado potencializar nossas ações de forma globalizada e alinhada ao contexto da construção civil e ao universo do concreto. O ambiente associativo pres-supõe unidade e integração que maximi-zam nossos resultados”.finalizou ela. n

Íria Doniak, num dos momentos de mediação dos debates, ladeada, à esquerda, por Hugo Corres e Sidônio Porto, e à direita, por Sérgio Coelho

Page 50: Pavimento de Concreto:

| 50 |[Concreto & Construções]

melhores práticas projeto de fundações

Soluções inovadoras em projetos de fundações de linhas de transmissão

CRyStHIAN puRCINO BeRNARdeS AZevedO - Professor substitutoDePartamento De engenharia De estruturas – ufmg

1. INtROduçãO

A matriz energética brasileira sempre focou um modelo de geração na abundância dos re-

cursos hídricos existentes no país, utili-zando-se, assim, dos inúmeros potenciais hidroelétricos disponíveis dos rios e suas quedas.A partir de uma visão estratégica de desenvolvimento, a iniciativa pública investiu e conduziu o processo de cons-trução de várias Linhas de Trans-missão (LT’s), que devido ao porte dos investimen-tos – só poderiam ser construídas, no passado, com o poder do Esta-do. Atualmente, a estabilidade e co nômica gera o fortalecimento de empresas na-cionais privadas e atrai investimen-tos internacionais, que propiciam o aquecimento no setor. Oportuna-mente, investido-res privados têm

suprido a crescente demanda de energia, executando projetos em parceria com o poder público, através de consórcios e, posteriormente, cobrando pelos serviços prestados.

Hoje, os pontos de geração estão cada vez mais distantes dos centros con-sumidores. As LT’s tornam-se essenciais para conduzir a energia em alta tensão até os pontos de consumo. Diante des-

Page 51: Pavimento de Concreto:

| 51 | [www.ibracon.org.br]

me

lh

or

es

p

tic

as

se quadro, a construção e gerenciamento de LT’s passam a ser uma alternativa in-teressante para investidores nacionais e internacionais. Fica evidente a necessi-dade de componentes confiáveis e custos competitivos, reduzindo, assim, o custo da manutenção e elevando os lucros. A necessidade por projetos com soluções inovadoras de rápida execução (redução do tempo de obra e retorno de investi-mento mais rápido), com reduzidos volu-mes de matérias, é prerrogativa básica. Uma análise detalhada das estruturas em fase de projeto é fundamental para que esse objetivo seja alcançado.

Soluções inovadoras, projetadas re-centemente, estão em plena aplicação, em projetos localizados nos estados de Mato Grosso e Rondônia (Figura 1), por consórcios de investidores com capital privado internacional.

2. CRItéRIOS de pROJetO

2.1 generaliDaDesSerão abordados os principais critérios

e procedimentos utilizados no cálculo, dimensionamento e definição das funda-ções das torres da linha de transmissão. Os carregamentos atuantes nas fundações foram definidos em função das ações atu-antes nas torres a serem utilizadas (torres estaiadas e torres autoportantes).

Para cada tipo de torre, foram ana-lisadas as fundações para os diferentes tipos de solos, em função de parâmetros geotécnicos pré-estabelecidos. Dessa ma-neira, foram elaborados projetos padrões de fundações, considerando os diversos tipos de solos e os tipos de torres utiliza-das. Na presença de solos com pequena capacidade de suporte e/ou ocorrência do nível d´água a baixa profundidade, foram elaborados projetos de fundações especiais em estacas metálicas tipo he-licoidal ou constituídas por blocos em concreto armado apoiados em estacas de concreto.

A escolha do tipo de fundação a ser uti-lizada em cada torre, se deu em função do tipo do carregamento atuante e do tipo e

capacidade suporte do solo, definido atra-vés dos ensaios geotécnicos realizados. A estabilidade das fundações foi verificada através dos procedimentos clássicos de análise de estabilidade, adotando-se fato-res de segurança globais para determina-ção das cargas admissíveis nas fundações. Foram utilizados programas computacio-nais de uso corrente para a determinação das solicitações devidas aos carregamentos e das tensões aplicadas ao solo da funda-ção, bem como para o dimensionamento estrutural das peças em concreto armado.

2.2 Parâmetros geotécnicosOs parâmetros geotécnicos indicados

a seguir foram utilizados como referência para a elaboração dos projetos padrões de fundações. Esses parâmetros foram confir-mados, após a conclusão da campanha de investigações geológico-geotécnicas reali-zadas ao longo da LT, constituídas por son-dagens a trado, SPT (Standard Penetration Test) e DPL (Dynamic Probe Light).

A partir desses parâmetros e dos carre-gamentos para cada tipo de torre, foram elaborados os projetos de fundação utiliza-dos na LT em referência, devido ao fato de que as características do solo/rocha reve-ladas durante a construção confirmaram as indicadas pelas investigações realizadas.

A escolha do tipo de fundação a ser utilizado para as diversas torres foi defi-nida considerando os aspectos técnicos e econômicos observados em cada situação particular. Nos casos em que as condições reveladas pela construção indicaram solos de características diferentes das conside-radas nos projetos padronizados, as fun-dações para essas torres foram objeto de projetos específicos, sendo denominadas pelo termo fundações especiais. Na Ta-bela 1 são apresentados os parâmetros de projeto adotados para os solos típicos.

2.3 Programa De investigaçõesgeotécnicas

2.3.1 CONSIDERAçõES INICIAIS

O programa de investigações geotéc-nicas apresentado a seguir mostra os pro-

Page 52: Pavimento de Concreto:

| 52 |[Concreto & Construções]

cedimentos básicos, normas, critérios e diretrizes gerais para definição dos quan-titativos e tipos de sondagens, entre ou-tros elementos necessários observados na realização dos serviços de coleta de informações geotécnicas, para fins do projeto das fundações da LT 230kV Vilhe-na – Jauru C1 e C2.

As sondagens foram executadas por profissional capacitado, bem como apli-cado processo executivo e equipamentos que garantiram uniformidade e qualidade constante ao longo de toda a extensão do trabalho. Considerando as caracterís-ticas dos solos da região foram utilizados os seguintes tipos de sondagens:

Sondagem a trado – com caracteriza-ção direta do solo no campo;n Sondagem SPT – sondagens de simples reconhecimento;n Sondagem de DPL – Penetrômetro Dinâmico Leve.

2.3.2 SONDAGEM A TRADOForam identificadas as camadas de

solo encontradas e preenchidas as Plani-lhas de Sondagem a Trado, de acordo com as instruções correspondentes e executa-das nas torres indicadas pelo projeto. Fo-ram empregados trados manuais com di-âmetro máximo de 4” (polegadas), até a profundidade de 3 ou 4m. A identificação das camadas e a correspondente descri-ção táctil-visual de suas características foram feitas quando houve mudança do tipo de solo. O nível d’água foi registrado sempre que foi detectado.

Considerando os tipos de fundações e torres previstas para a LT, bem como

as características predominantes da re-gião, a profundidade mínima padrão das sondagens a trado atendeu aos seguintes critérios:n Para torres estaiadas de suspensão: até 3m;n Para torres autoportantes de suspensão, com deflexão até 8 graus: até 4m, podendo-se paralisar com 3m, quando não se observar alterações substanciais no solo.

Quando foram encontrados solos mo-les, ou quando o lençol freático situou-se próximo à superfície, foi feita uma co-municação imediata à fiscalização, para as tomadas de devidas providências para execução de sondagem à percussão. No caso da ocorrência de impenetrabilidade ao trado, foram feitas tentativas de se verificar a causa da impenetrabilidade. Se fosse constatado tratar-se de solo li-vre de leito rochoso, porém muito duro, limitando o avanço do trado a um valor menor do que 50mm em 10 min de opera-ção contínua, a Sondagem foi terminada e os correspondentes registros feitos na respectiva Planilha.

2.3.3 SONDAGEM DE SIMPLES RECONHECIMENTO (SPT)

O programa de sondagem a percussão foi elaborado contemplando, preferen-cialmente, as torres terminais e de anco-ragens, bem como as torres de suspensão que se mostrarem necessárias, devido às condições especiais verificadas nas son-dagens a trado.

A profundidade mínima da sondagem

Page 53: Pavimento de Concreto:

| 53 | [www.ibracon.org.br]

me

lh

or

es

p

tic

as

SPT foi de 10,45m, exceto na ocorrên-cia de camada impenetrável ou enqua-dramento do perfil de resistência num dos critérios de paralisação indicados a seguir. Recomenda-se a observação dos critérios abaixo para paralisação da sondagem:n se obtiver penetração inferior ou igual a 5cm durante 10 golpes consecutivos;n se obtiver até, um máximo, de 45cm, em 50 golpes para um mesmo ensaio penetrométrico; n após se ultrapassar 7m de profundidade, forem obtidos 3m sucessivos com penetração igual ou superior a 20 golpes para a cravação dos 30cm finais do amostrador.

As amostras de solos coletadas, atra-

vés do trado ou do amostrador padrão, deverão ser devidamente acondiciona-das, com clara indicação do local e pro-fundidade onde foram extraídas, para envio ao laboratório e posteriores análi-ses e verificações.

2.3.4 SONDAGEM DE PENETRôMETRO DINâMICO LEVE (DPL)

O programa de sondagens DPL foi ela-borado contemplando, preferencialmen-te, as torres onde já existiam sondagens tipo SPT para execução de correlações. A profundidade mínima da sondagem DPL foi igual a 10,0m, exceto na ocorrência de ca-mada impenetrável.

A estratigrafia será identificada através de testemunhas nas ponteiras e nas hastes, bem como pelas corre-lações gráficas e analíticas apresenta-das nos boletins. A resistência à pene-tração será obtida através do número de golpes “N10”, aferidos a cada 10cm de penetração da ponteira, bem como através do ensaio de torquímetro rea-lizado a cada 1m. Os resultados serão desenhados em gráficos contra profun-didade, onde devem constar separada-mente os valores N10, qd (resistência de ponta) e fs (atrito lateral).

Ao realizar as sondagens, deve-se es-tar atento quanto à presença de nível d’água durante o processo de furação, tendo-se o cuidado para que águas super-ficiais não penetrem no furo. O sondador

deve registrar o nível d’água na Planilha sempre que ficar eviden-ciado de forma clara a existên-cia de lençol fre-ático elevado no local (próximo a banhado, lago, arroio, rio, etc). Se ocorrer pre-sença de água, no final da perfu-ração, devem ser feitas leituras do nível d’água de

5 em 5 minutos, durante 30min segui-dos. Havendo nível d’água proveniente de lençol freático elevado, necessaria-mente, após 24h pelo menos, uma nova leitura do nível d’água no furo deverá ser registrada.

2.4 localização Das sonDagensAs sondagens serão realizadas nos lo-

cais de implantação das torres, a uma distância D = 1m avante do marco de cen-tro da torre, tanto para as sondagens a trado, SPT e DPL. Os documentos de pro-jeto referentes à localização dos pontos a serem sondados são os seguintes: n Planilhas de Sondagem a Trado,

Page 54: Pavimento de Concreto:

| 54 |[Concreto & Construções]

contendo os dados de identificação e locação de cada torre;n Lista de Torres com os dados de identificação e locação de cada torre onde serão realizadas sondagens tipos SPT ou DPL.

A locação dos pés das torres foi exe-cutada seguindo a descrição mostrada na Figura 2. O sondador, ao localizar o marco da torre, pintado de vermelho, teve o cui-dado de verificar se a estaca de identifica-ção, existente ao lado do marco, confere com o número da torre.

A execução da sondagem foi feita so-mente quando o sondador não tinha dú-vidas do posicionamento da torre. Sem-pre que ocorreu algum tipo de problema, como, por exemplo, não foi encontrado o marco ou piquetes de amarração ou os alinhamentos dos eixos da torre, o fato foi levado ao conhecimento da fiscaliza-ção, para providências.

3. FuNdAçõeS

3.1torres estaiaDasForam utilizadas torres estaiadas mo-

nomastro de suspensão, tipo JDE3 (Onde J é de Jaurú, D de circuito duplo, E3 in-dicando torre estaiada de até 3 graus de deflexão em planta).

3.1.1 FUNDAçõES PARA MASTROS CENTRAIS

As fundações para mastros centrais serão executadas em sapatas (Figura 3) ou tubulões (Figura 4) ou tubulões com laje (Figura 4), variando-se as dimensões em função das características do solo da fundação.

3.1.2 FUNDAçõES PARA ESTAISAs fundações para os estais poderão

ser executadas em tubulões (Figura 5), Blocos ou tirantes ancorados em rochas

Page 55: Pavimento de Concreto:

| 55 | [www.ibracon.org.br]

me

lh

or

es

p

tic

as

(Figura 5). A escolha de cada tipo será definida em função das características do solo e das condições de acesso ao lo-cal da fundação. Os estais serão fixados às fundações por meio de sistema de an-coragens apropriado.

A solução em tubulões constitui-se

em elementos moldados “in loco”, em concreto armado, em forma de tronco de cone, com dimensões e profundidades racionalmente determinadas, onde são fixadas as ancoragens.

A solução em blocos constitui-se em elementos tetraédricos, moldados “in

Page 56: Pavimento de Concreto:

| 56 |[Concreto & Construções]

loco”, em concreto simples ou armado, com dimensões e profundidades racional-mente determinadas, onde são fixadas as ancoragens.

A solução em tirantes ancorados em rocha constitui-se na fixação das ancora-gens diretamente sobre a rocha, de acor-do com diâmetros e profundidades racio-nalmente definidas.

3.1.3 FUNDAçõES PARA TORRES AUTOPORTANTES

Será utilizada torre autoportante de suspensão tipo JDS3 (Onde J é de Jaurú, D de circuito duplo, S3 indicando torre

suspensão de até 3 graus de deflexão em planta) e torres de ancoragem tipos JDA30, JDA60F (30 e 60 graus de deflexão em plan-ta) e JDAT (transposição de fases).

As fundações para as torres autoportan-tes poderão ser executadas em tubulões (Figura 6), sapatas (Figura 6), tubulões ancorados em rocha (Figura 7) ou Blocos ancorados em Rocha (Figura 7). A escolha de cada tipo será definida em função das características do solo e das condições de acesso ao local da fundação.

A solução em tubulões, constitui-se em elementos moldados “in loco”, em concreto armado, com dimensões e

Page 57: Pavimento de Concreto:

| 57 | [www.ibracon.org.br]

me

lh

or

es

p

tic

as

profundidades racionalmente determi-nadas, onde são fixados os stubs (can-toneiras de ancoragem no concreto que fazem a ligação do pé da torre com a fundação em concreto). A solução em sapatas constitui-se em elementos mol-dados “in loco”, em concreto armado, com o fuste acompanhando o ângulo de inclinação dos stubs. A solução em tu-bulões (ou blocos) ancorados em rocha constitui-se em elementos moldados “in loco”, sem alargamento de base, em concreto armado, com dimensões e profundidades racionalmente determi-nadas, ancorados na rocha através de tirantes, constituindo-se na solução em tubulões (ou blocos) ancorados em ro-cha, onde são fixados os stubs.

4. CONCluSõeS e ReCOmeNdAçõeS

A alta competitividade entre as em-presas que disputam os leilões de trans-missão de energia tem forçado as empre-sas projetistas a adotarem soluções mais arrojadas, reduzindo volumes e, conse-qüentemente, os custos. Soluções ino-vadoras têm sido requeridas e, com isso, os fatores de segurança necessariamente precisam ser reduzidos. Para garantia de um projeto exeqüível financeiramente e também tecnicamente, essas soluções têm sido testadas em campo à tração e compressão (Figura 8), sendo, com isso, as hipóteses assumidas na solução inova-dora verificadas em verdadeira grandeza “in loco”.

Page 58: Pavimento de Concreto:

| 58 |[Concreto & Construções]

O objetivo deste trabalho é fornecer ao meio técnico os parâmetros neces-sários para a elabo-ração de projetos de fundações ino-vadoras, otimizadas em concreto arma-do, utilizadas nestas LT’s em construção. Foram apresentados e discutidos aqui os métodos de dimen-sionamento e os principais critérios e procedimentos utili-

[01] AZEVEDO, C. P. B. Fundações para Linhas de Transmissão – Dimensionamento e Execução, Belo Horizonte, Fundarc-BH, 2009.

[02] AZEVEDO, C.P.B. e DINIZ, S.M.C., Soluções Inovadoras em Projetos de Fundações de Linhas de Transmissão, em IBRACON 51º Congresso Brasilaeiro do Concreto, Curitiba, Set. 2009.n

referências bibliográficas

zados no cálculo e definição dessas fun-dações, Para valida-ção dessas soluções, foram executados ensaios de campo, cujos resultados fo-ram satisfatórios.

Na opinião do autor, este estudo trata-se de um pon-to inicial de referên-cia para inserção de novos métodos de dimensionamento e

aplicação de novas soluções competitivas.

Page 59: Pavimento de Concreto:

| 59 | [www.ibracon.org.br]

ma

nt

en

ed

or

Em época de chuvas intensas, surgem ou realçam-se diversos efeitos causados pelo excesso

de água e umidade. E não falamos de enchentes. Tratam-se dos mais diversos problemas que ocorrem nas estruturas de casas, edifícios, garagens, paredes inter-nas e obras de infraestrutura, que vão de manchas a trincas e que podem se tornar um grande transtorno para os moradores, em particular, e para a sociedade e go-vernos em geral. Muitos desses problemas pode-riam ser evitados com a impermeabilização cor-reta das estruturas de concreto e alvenaria.

Esta prática, po-rém, ainda não é um hábito entre os brasileiros, que não têm a cultura de evi-tar problemas construtivos e sim de procu-rar solucionar os efeitos. Este comportamen-to, entretanto, pode trazer não apenas gastos desnecessários,

como riscos à vida das pessoas. Os custos com impermeabilização previstos numa obra correspondem a cerca de 1% a 3% do orçamento total, enquanto os gastos decorrentes da má impermeabilização ou de sua ausência podem superar os 10%.

Diversos problemas podem afetar la-jes, paredes, estruturas de piscinas, re-servatórios de água, garagens, floreiras, terraços, como o surgimento de manchas de bolor e bolhas nas paredes, infiltra-

ção de água pelas fres-tas das janelas, queda e rachadura de azule-jos, escurecimento das juntas e a ocorrência de trincas e goteiras.

Os problemas não são apenas estéticos. As

trincas, inclu-sive, merecem uma atenção especial, uma vez que po-dem até mes-mo abalar as estruturas do imóvel quan-do em está-gio avançado. Tendo como causas fatores variados, as

mantenedor

Impermeabilização: qualidade de vida e economia

mARCOS StORte – gerente De negóciosviaPol

Page 60: Pavimento de Concreto:

| 60 |[Concreto & Construções]

conhecidas rachaduras devem ser ava-liadas desde o surgimento. O excesso de umidade pode provocar, ainda, uma série de problemas de saúde - em espe-cial respiratórios - que levam milhares de pessoas aos hospitais todos os anos, ampliando os gastos com saúde pública. Então por que não evitá-los?

Para impedir problemas futuros, a impermeabilização deve ser considerada desde o projeto e construção do edifí-cio. A norma técnica de Desempenho de Edificações, NBR 15.575, inclusive entra em vigor em maio de 2010, e traz exi-gências claras sobre a necessidade de garantia de estanqueidade às obras, um alerta importante para construtoras res-ponsáveis por projetos de construção em todo o País.

Mais do que garantia de conforto e estanqueidade, a impermeabilização au-menta a longevidade do imóvel e pode evitar o impacto causado por reformas, tanto aos proprietários do imóvel como ao meio ambiente. O mercado oferece

diversas soluções para este tipo de pro-blema. São produtos de alta tecnologia que atuam na prevenção e também na resolução dos transtornos causados pela umidade. São bloqueadores hidrostáti-cos, argamassas poliméricas, selantes, mantas asfálticas e autoadesivas alumi-nizadas, agentes de cura, aditivos plas-tificantes, entre outros, que, mesmo sendo um mistério para a maioria da po-pulação, são indicados para cada tipo de ocorrência.

Num País no qual 70% do consumo de material de construção correspondem ao mercado “formiguinha” - obras que não passam por construtoras ou incorporado-ras e os proprietários contratam a mão de obra necessária -, a inclusão de mais um item na obra pode ser fator de resistên-cia. Por isso, faz-se imperativo o desen-volvimento de um trabalho de conscien-tização em todas as faixas da população, que pode significar a melhora da qualida-de de vida como um todo e afetar, indi-retamente, a economia nacional. n

Page 61: Pavimento de Concreto:

| 61 | [www.ibracon.org.br]

pe

sq

uis

a e

d

es

en

vo

lv

im

en

to

pesquisa e desenvolvimento agregados graúdos

Propriedades mecânicas de concretos com agregados graúdos de diferentes origens mineralógicas

mIGuel F. SCHettINI AlHAdAS – engenheirotribunal De justiça De minas gerais

JOSé m. CAlIxtO – Professor associaDoescola De engenharia – ufmg

mARIA CeCílIA F. FeRReIRA – engenheiracemig geração e transmissão s.a.

1. INtROduçãO

Com a entrada em vigor das Nor-mas ABNT NBR 14931 (2003) – “Execução de estruturas de con-

creto – Procedimento” e ABNT NBR 12655 (2006) – “Concreto de cimento Portland – Preparo, controle e recebimento – Pro-cedimento”, a especificação do concreto para as obras de construção civil deixou de ser apenas baseada na resistência ca-racterística à compressão, no abatimento do tronco de cone e na relação água ci-mento: o módulo de deformação do mate-rial passou a fazer parte dessa especifica-ção. Com base nesse cenário, o objetivo desta pesquisa foi desenvolver um estudo sobre a influência de agregados graúdos de diferentes origens mineralógicas nas propriedades mecânicas do concreto: re-sistência à compressão e módulo de de-formação. Concretos com diferentes tipos

de agregados graúdos foram fabricados e analisados em diversas idades durante a fase de hidratação do cimento (Alhadas 2008). Um estudo mais aprofundado des-sas propriedades permitirá a obtenção de parâmetros mais realistas tanto para o projeto e a execução de estruturas novas de concreto como também para a recupe-ração de edificações existentes de modo a prolongar sua vida útil.

2. pROGRAmA expeRImeNtAl

2.1 materiais utilizaDosUm único tipo de cimento foi utiliza-

do na produção dos diversos concretos: cimento Portland CP-III 40 RS, fabricado pela Holcim Cimentos. A escolha desse tipo de cimento se deve ao fato dele ser o tipo mais utilizado no Estado de Minas

Page 62: Pavimento de Concreto:

| 62 |[Concreto & Construções]

Gerais. Um único lote do mesmo foi em-pregado na fabricação dos concretos.

A areia empregada em todos os con-cretos é de origem artificial quartzosa, comumente utilizada na região metro-politana de Belo Horizonte. Também no caso da areia, um único lote foi usado para todo o estudo. Com dimensão má-xima característica de 4,75mm e mó-dulo de finura igual a 2,73 (ABNT NBR 7211:2008), essa areia é classificada como sendo média.

Para o estudo, foram escolhidos qua-tro tipos de agregados: calcário, gnaisse, dolomito e basalto, perfazendo um to-tal de seis amostras obtidas de seis di-ferentes localidades do Estado de Minas Gerais. A tabela 1 apresenta os resulta-dos dos ensaios de caracterização desses agregados graúdos.

Para garantir que o concreto fosse bombeável, empregou–se o aditivo plasti-ficante Mastermix 330 N à base de lignina sulfonada.

2.2 Dosagem Do concretoOs concretos foram especificados se-

gundo as classes de agressividade ambien-tal prescritas pela ABNT NBR 6118 (2007). A classe escolhida foi a classe de agressi-vidade II e para ela o concreto deve ter uma resistência característica à compres-são (fck) mínima de 25MPa e uma relação água/cimento ≤ 0,60.

Com base nessas especificações, uti-lizou-se inicialmente um traço com os materiais que, efetivamente, fizeram parte do estudo e para concreto bom-

beável, comumente empregado por uma concreteira da região metropolitana de Belo Horizonte. Esse traço preliminar tinha a seguinte proporção em peso: 1: 2,646: 3,263 (cimento: areia: brita de calcário); consumo de cimento de 308Kg/m3 e relação água/cimento igual a 0,60. O teor do aditivo plastificante Mastermix 330N foi de 2,5 litros/m3. Esse traço foi fabricado com o objeti-vo de certificar a dosagem, de testar a metodologia de produção do concreto, bem como de realização dos ensaios, verificando-se inclusive o atendimen-to da resistência característica à com-pressão especificada aos 28 dias. Com essa dosagem, o valor de resistência característica obtido foi plenamente satisfeito.

Como o objetivo principal do traba-lho é a verificação da influência dos di-ferentes tipos de agregados graúdos nas propriedades do concreto, procurou-se manter as dosagens dos concretos fabri-cados com os outros tipos de agregados, as mais próximas possíveis do traço com agregado de calcário de Belo Horizon-te. Para atingir esse fim, foi mantido constante o módulo de finura do traço. Com base nessa sistemática, a tabela 2 apresenta as características básicas dos traços dos concretos fabricados e analisados. A denominação de cada tra-ço é função da resistência caracterís-tica (C25), seguida do tipo de agrega-do graúdo utilizado (CA, para calcário, GN, para gnaisse, BA para basalto e dO para dolomito) e da localidade de ori-

Page 63: Pavimento de Concreto:

| 63 | [www.ibracon.org.br]

pe

sq

uis

a e

d

es

en

vo

lv

im

en

to

gem do mesmo: BHZ para Belo Horizon-te, mCl para Montes Claros, pAS para Passos, pAt para Patos de Minas, GuA para Guaxupé e uBeR para Uberlândia. As proporções dos componentes estão em peso e seguem o formato cimento: areia: brita.

2.3 ensaios Do concretoPara avaliação das propriedades do

concreto foram utilizados corpos-de-

prova cilíndricos com dimensões 10 x 20cm. O adensamento do concreto foi feito de forma manual, em duas cama-das e 12 golpes por camada, conforme a ABNT NBR 5738 (2003). Os corpos-de-prova permaneceram nas fôrmas e co-bertos com sacos de linhagem bastante umedecidos por três dias. Foram então desformados, identificados e levados à câmara úmida, onde permaneceram até a data dos respectivos ensaios. Nessas

Figura 1 – Detalhe do ensaio da resistência à compressão do concreto

Page 64: Pavimento de Concreto:

| 64 |[Concreto & Construções]

datas eles foram capeados com pasta de enxofre para uniformização da sua superfície.

Os ensaios de avaliação das proprieda-des mecânicas do concreto foram feitos

nas idades de 3, 7, 14, 21 e 28 dias, após a fabricação do mesmo.

Os ensaios de resistên-cia à compressão (vide fi-gura 1) foram realizados de acordo com a ABNT NBR 5739 (2007). Para cada idade, foram utilizados 6 corpos-de-prova. Desses, três foram, inicialmente, rompidos e calculada a sua resistência média para a determinação da tensão superior a ser utilizada no ensaio do módulo de defor-mação. Após o ensaio de módulo, cada um dos três corpos-de-prova foi levado à ruptura. Foi adotada como resistência à compressão do concreto em cada ida-de a média aritmética dos valores obtidos para os seis corpos-de-prova.

A determinação do mó-dulo de deformação foi fei-ta de acordo com a ABNT NBR 8522 (2008). O ensaio adotado foi o do módu-lo de deformação secante a uma tensão indicada. A tensão escolhida foi de 40%

da resistência efetiva à compressão do concreto em cada idade estudada. Para cada idade, foram utilizados 3 corpos-de-prova. A figura 2 ilustra a instrumentação do corpo-de-prova no ensaio do módulo de deformação do concreto.

Figura 2 – Detalhe da instrumentação do corpo-de-prova no ensaio do módulo de deformação do concreto

Page 65: Pavimento de Concreto:

| 65 | [www.ibracon.org.br]

pe

sq

uis

a e

d

es

en

vo

lv

im

en

to

3. ApReSeNtAçãO e ANálISe dOS ReSultAdOS

3.1 resistência à comPressãoA tabela 3 apresenta os resultados en-

contrados para os ensaios de resistência à compressão.

A análise dos resultados de resistên-cia à compressão revela primeiramente que o valor especificado de 25MPa para a resistência característica aos 28 dias foi plenamente satisfeito para todos os con-cretos estudados. Os valores encontrados mostram ainda que, mesmo para um fck de 25MPa, houve influência do tipo de agrega-do na resistência à compressão dos concre-tos. Os resultados demonstram ainda que as menores diferenças entre as resistên-cias dos concretos ocorreram na idade de 7 dias. Após essa idade, o concreto produ-zido com agregado de dolomito apresentou as maiores resistências, exceto aos 28 dias, quando os resultados ficaram praticamente iguais ao concreto com agregado de gnais-se de Guaxupé.

A ABNT NBR 6118 (2007) apresenta no item 12.3.3 uma equação para estimativa da resistência à compressão do concreto ao longo do tempo. Esta equação é dada por:

onde:fcj é a resistência à compressão do concre-to na idade de j dias;

fc 28 dias é a resistência à compressão do concreto na idade de 28 dias;s é o coeficiente de crescimento em função do tipo de cimento, igual a 0,38 para o ci-mento CP III; et é a idade do concreto em dias.

A figura 3 ilustra a análise comparativa dessa equação com os resultados obtidos neste estudo. De um modo geral, os valo-res de fcj / fc 28 dias se mantiveram um pou-co maiores que os estimados pela equação da NBR 6118, exceto na idade de três dias. Portanto, os resultados demonstram boa aproximação à curva da norma brasileira. Vale ressaltar que a idade de três dias cor-respondeu à data de retirada das formas dos corpos-de-prova.

3.2 móDulo De DeformaçãoA tabela 4 apresenta os resultados en-

contrados para os ensaios de módulo de deformação.

A análise desses resultados mostra também que houve influência do tipo de

Page 66: Pavimento de Concreto:

| 66 |[Concreto & Construções]

agregado no valor do módulo de deforma-ção. Os concretos com agregados de ba-salto e dolomito apresentaram os maiores valores de módulo em relação aos concre-tos produzidos com agregado de calcário e gnaisse. Os resultados revelam ainda que aos 7 dias de idade, o módulo de deforma-ção do concreto atingiu em média 83% do valor aos 28 dias.

A Prática Recomendada IBRACON (2003) sugere uma correção na equação do mó-dulo de deformação secante da ABNT NBR 6118 (2007) para se levar em conta a con-sistência do concreto no estado fresco e a influência dos diferentes tipos de agrega-do. A equação sugerida é:

onde:a1 é o índice de correção do módulo do con-creto em função da natureza do agregado;a1 = 1,1 a 1,2 para basalto, diabásio e cal-cário sedimentar denso;a1 = 1,0 para gnaisse e granito;a1 = 0,9 para calcário metamórfico e me-tasedimento; ea1 = 0,7 para arenito.a2 é o índice de correção do módulo do con-creto em função da consistência do concre-to. Neste caso foi adotado o valor de 1,0 correspondente à consistência plástica.

Os valores de módulo calculados utili-zando a equação 2 foram comparados com os valores medidos neste estudo. As figuras 4 e 5 apresentam esse estudo comparati-vo para os agregados de calcário e gnaisse, respectivamente.

Tanto para agregados de calcário quanto de gnaisse, pode-se observar que a maioria dos valores medidos é maior que os previstos pela equação 2. Assim sendo a equação 2 é conservativa em re-lação aos resultados obtidos, sendo, por-tanto, segura.

A figura 6 apresenta um gráfico de resultados de ensaios realizados no labo-ratório de Furnas (Andrade et al. 1997) em concretos fabricados com agregados

Page 67: Pavimento de Concreto:

| 67 | [www.ibracon.org.br]

pe

sq

uis

a e

d

es

en

vo

lv

im

en

to

de diferentes origens mineralógicas. A curva superior representa agregados com diâmetro máximo de 19mm e a cur-va inferior representa agregados com diâmetro máximo de 38mm. Na figura, mostra-se também a equação 2 (a1 = 1,0), bem como os resultados obtidos neste estudo. A análise desta compara-ção revela que os resultados obtidos no presente estudo estão dentro da mesma faixa encontrada nos ensaios realizados no laboratório de Furnas. Para ambos os resultados a equação 2 da Prática Reco-mendada IBRACON pode ser considera-da segura.

4. CONCluSõeSAs conclusões apresentadas a seguir es-

tão intimamente ligadas às características dos concretos fabricados e analisados:n Para os concretos dosados com agregados graúdos de calcário das regiões de Belo Horizonte e Montes Claros foram encontrados valores bem próximos para resistência à compressão, mas não para módulo de deformação. O menor diâmetro máximo do agregado de Montes Claros e sua melhor distribuição granulométrica, permitindo uma melhor distribuição das tensões na zona de transição pasta-agregado, são os fatores que explicam a diferença do módulo.n Os concretos dosados com agregado graúdo de gnaisse das regiões de

Guaxupé e Passos apresentaram valores da resistência à compressão bem próximos, exceto aos 28 dias. Por outro lado, os valores de módulo de deformação apresentaram diferenças significativas. Esse resultado pode estar relacionado às diferentes propriedades da rocha-mãe da qual os agregados foram obtidos.n O concreto dosado com agregado graúdo de dolomito da região de Patos de Minas (MG) foi o que apresentou maiores valores de resistência à compressão e juntamente com o concreto dosado com agregado graúdo de basalto da região de Uberlândia maiores valores de módulo de deformação.n Os resultados obtidos mostram que o agregado graúdo exerceu influência significativa tanto na resistência à compressão quanto no módulo de deformação dos concretos estudados.n A análise comparativa dos valores medidos do módulo de deformação com a equação sugerida pela Prática Recomendada IBRACON revela que ela é segura e conservativa, estimando valores menores do que os medidos para os concretos estudados.

AGRAdeCImeNtOSOs autores agradecem à Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG), à Holcim Cimentos, à CEMIG e ao Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG) pelo au-xílio na realização deste estudo.

[01] ALHADAS, M. F. S., Estudo da Influência do Agregado Graúdo de Diferentes Origens Mineralógicas nas Propriedades Mecânicas do Concreto, Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Construção Civil, Universidade Federal de Minas Gerais, 2008, 126 p.

[02] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT), NBR 6118 - Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento, Rio de Janeiro, 2003, 170 p.

[03] COMITê TÉCNICO CT-30 I CONCRETO ESTRUTURAL, Prática Recomendada IBRACON – Comentários Técnicos NB 1, IBRACON, São Paulo 2003.

[04] ANDRADE, W. P. (editor) e EQUIPE de FURNAS, Concretos: massa, estrutural, projetado e compactado com rolo – Ensaios e Propriedades, Ed. Pini, São Paulo, 1997. n

referências bibliográficas

Page 68: Pavimento de Concreto:

| 68 |[Concreto & Construções]

solucionando problemas avaliação de pavimentos

Aplicação da Metodologia USACE na avaliação das condições de rolamento dos pavimentos de concreto armado

dANIelA BONINA ClemeNte FelIx – engenheira civilinstituto brasileiro De telas solDaDas

JOSé tAdeu BAlBO – Professorescola Politécnica Da universiDaDe De são Paulo

Recentemente, no Brasil, foram in-troduzidas normas federais para diagnosticar e avaliar a qualidade

de conforto ao rolamento dos pavimentos de concreto. Essa normalização, como em outras situações, pautou-se completamen-te pela adoção do método desenvolvido no exterior pelo United States Army Corps of Engineers (USACE), elaborado na década de 1970.

Neste trabalho é realizada uma aná-

lise crítica desse método, por meio de sua aplicação no pavimento de concreto armado de uma via urbana, buscando-se entender até que ponto as patologias previstas no método de avaliação ame-ricano retratam a ocorrência em pista e, por meio da comparação dos valores encontrados do Índice de Condição do Pavimento (ICP) com os valores do Índi-ce Internacional de Irregularidade (IRI), medidos com um perfilômetro inercial à laser, verificar a veracidade do valor do

bombeamento (fonte: FHWA, 2003)

Desgaste superficial

Page 69: Pavimento de Concreto:

| 69 | [www.ibracon.org.br]

so

luc

ion

an

do

pr

ob

lem

as

ICP para a determinação da qualidade de conforto e segurança ao rolamento de um pavimento de concreto armado.

pAtOlOGIAS NOS pAvImeNtOS de CONCRetO

A necessidade do conhecimento das patologias que ocorrem com maior fre-qüência nos pavimentos de concreto é de fundamental importância, quando se pretende avaliar sua condição operacio-nal em serviço, haja vista que, essa está intimamente relacionada às patologias presentes. Métodos de avaliação dos de-feitos superficiais estabelecem procedi-mentos para a inspeção visual e avaliação do estado funcional e estrutural do pavi-mento, por meio da investigação criterio-sa da ocorrência de patologias e do seu grau de severidade.

As patologias funcionais estão asso-ciadas à irregularidade presente na su-

perfície do pavimento, enquanto que as patologias estruturais estão relacionadas a defeitos como fissuras e descontinuida-de nos materiais, que podem causar danos prejudiciais à sua integridade estrutural. Segundo o método do USACE (1982), as causas das patologias podem ser agrupa-das em quatro categorias: capacidade de carga (volume de tráfego); variações tér-micas e da natureza do material; drena-gem e outros fatores.

Na Tabela 1, são apresentados os tipos de patologias que ocorrem nos pavimen-

Pequenos reparos (individual) Pequenos e grandes reparos

Grandes reparos Fissura linear

Page 70: Pavimento de Concreto:

| 70 |[Concreto & Construções]

tos de concreto associadas às suas gêneses possíveis (USACE, 1982). Essas patologias também são apresentadas na norma brasi-leira oficializada pelo Departamento Nacio-

nal de Infraestrutura de Transportes (DNIT, 2004), com exceção daquelas marcadas com asterisco (*), que retratam os defeitos mais comuns em climas temperados.

Page 71: Pavimento de Concreto:

| 71 | [www.ibracon.org.br]

so

luc

ion

an

do

pr

ob

lem

as

pavimentadas. Originalmente, o ICP foi de-senvolvido para áreas militares, com pavi-mentos asfálticos e pavimentos de concreto (simples ou armado sem função estrutural) e, posteriormente, foi ampliado para vias urbanas e estacionamentos, estando cali-brado apenas para vias de baixa velocidade. Foram considerados nesse estudo o tráfego de veículos de rodagem pneumática e rebo-ques (SHAHIN & KHON, 1979).

Segundo Shahin & Khon (1979), o obje-tivo do método é obter um índice numéri-co que retrate as condições estruturais e funcionais do pavimento e, a partir dele, estabelecer metas relacionando as necessi-

téCNICAS de AvAlIAçãO dAS CONdIçõeS FuNCIONAIS e eStRutuRAIS dOS pAvImeNtOS

métoDo Do usace – ínDice De conDição Do Pavimento (icP)

Desenvolvido na década de 1970 por engenheiros do exército americano, teve como objetivo inicial facilitar o gerencia-mento das exigências de manutenção e re-cuperação das malhas viárias de instalações militares. Posteriormente, foi constatada a necessidade de se desenvolver um índi-ce numérico que retratasse a condição ge-ral dos pavimentos em serviço, baseado na consolidação dos dados de inventário duran-te as inspeções realizadas. Este índice auxi-liaria os engenheiros na avaliação de um pa-vimento e na determinação das prioridades de manutenção e recuperação de malhas

Fissura de canto Falha na selagem das juntas

Microfissuras Esborcinamento das juntas

Page 72: Pavimento de Concreto:

| 72 |[Concreto & Construções]

das a diversos fatores, que incluem: a inte-gridade e a capacidade estrutural; desgas-tes da superfície do pavimento; resistência à derrapagem; dentre outros. Avaliar cada um desses fatores separadamente exigiria a utilização diversos equipamentos especí-ficos, geralmente onerosos e operados por profissionais altamente qualificados. No entanto, por meio de uma avaliação crite-riosa das patologias presentes nesses pavi-mentos, podem ser estabelecidos graus de severidade individuais para cada tipo de patologia e se determinar o ICP, que é um parâmetro indicador da condição geral do pavimento em serviço (USACE, 1982).

O desenvolvimento do ICP fundamen-tou-se na seleção de uma escala padrão que fornecesse a qualidade de segurança e conforto ao rolamento do pavimento em serviço, por meio da identificação e descrição das patologias presentes, na definição do critério de três níveis de se-

dades e prioridades na manutenção e recu-peração, bem como analisar o desempenho do pavimento em serviço com base em de-terminações periódicas do ICP (modelagem de desempenho ao longo dos anos, descrita pela queda sistemática do valor do ICP com o tempo ou uso do pavimento).

As condições estruturais e funcionais dos pavimentos de concreto estão associa-

Esborcinamento ou quebras de canto Escalonamento ou degrau nas juntas

Desnível pavimento-acostamentoPunchout (fonte: FHWA, 2003)

Page 73: Pavimento de Concreto:

| 73 | [www.ibracon.org.br]

so

luc

ion

an

do

pr

ob

lem

as

veridade (alta, média e baixa) para cada tipo de defeito, na ponderação de um va-lor deduzido para cada tipo de patologia (ou seja, um valor de dedução penalizan-do o estado do pavimento, a partir de um limite superior e máximo de qualidade igual a 100), seu grau de severidade e a porcentagem de placas afetadas pelo de-feito (densidade). A Tabela 2 apresenta a escala padrão do ICP utilizada na avalia-ção objetiva das condições operacionais dos pavimentos de concreto.

O grau de severidade das patologias que se desenvolvem nos pavimentos é determinado a partir da classificação do nível de gravidade apresentado por elas, em alta, média ou baixa, de acordo com sua dimensão, quantidade, condição e influência no conforto e na segurança ao rolamento da via (DNIT, 2004). Essa clas-sificação desenvolvida pelo USACE foi des-crita detalhadamente para cada tipo de patologia com o objetivo de permitir uma

consistência nos dados levantados e facili-tar a identificação em campo de cada pa-tologia correlacionada ao efeito negativo que esta proporciona a estrutura do pavi-mento (SHAHIN & KHON, 1979).

irregulariDaDe longituDinal Do Pavimento – international roughness inDex (iri)

O IRI (ASTM E 867) é definido como a somatória dos deslocamentos verticais so-fridos pela suspensão do veículo dividido pela distância percorrida durante o levan-tamento (expresso nas unidades de m/km ou mm/m). Pode ser medido com o auxílio de perfilômetros inerciais a laser que per-mitem a coleta de cotas da superfície do pavimento, com grande precisão e em alta velocidade de tomada de medidas (veículo em movimento na velocidade máxima per-mitida na via).

A medida da irregularidade longitu-dinal auxilia no gerenciamento da malha viária, através do monitoramento das condições gerais das redes pavimentadas e da obtenção de informações para a to-mada de decisões no que diz respeito à adoção de políticas de manutenção dos pavimentos, na previsão do processo de degradação e na avaliação dos custos ope-racionais dos veículos. Também é aplica-

Fissuras Tipo D (fonte: FHWA, 2003)

Page 74: Pavimento de Concreto:

| 74 |[Concreto & Construções]

é formado por 48 placas de 11m de com-primento por 5m de largura. A inspeção visual teve início 15m após o cruzamen-to com a Av. São Luís e término no cru-zamento com a Rua Sete de Abril (total de 2.912 m2), sendo tal área divida em 14 amostras de estrutura homogênea. A Tabela 3 apresenta os valores do ICP en-contrados a partir da inspeção visual das amostras das faixas de rolamento 1,2,3 e 4 do pavimento. Vale destacar que as amostras 1 a 7 referem-se ao resultado obtido nas faixas de rolamento 1 e 2. Os demais resultados referem-se à inspeção visual das amostras das faixas de rola-mento 3 e 4.

Com os resultados obtidos a partir do cálculo individual do ICP de cada amostra, é possível calcular o ICPmédio das faixas de rola-mento 1; 2 e 3; 4, que resultam, respectiva-mente, em 66 (conceito - bom) e 73 (concei-to - muito bom). É importante ressaltar que existem faixas adicionais para a parada de ônibus paralelas à faixa 1, ou seja, o número de veículos pesados que trafega nesta faixa é maior que nas demais e, provavelmente, deve-se a isso o fato do valor do ICPmédio ser inferior nas faixas de rolamento 1 e 2, quan-do comparado ao valor obtido nas faixas 3 e 4, possuindo todas elas estruturas idênticas.

O levantamento do IRI foi realizado

do como medida de qualidade e nível de aceitação para obras recém-construídas, bem como, por meio de avaliações perió-dicas, na análise do desempenho funcio-nal dos pavimentos em serviço (GILLESPIE et al., 1980, apud BARELLA, 2007).

AplICAçãO dO métOdO dO uSACe

O pavimento de concreto armado da Rua Coronel Xavier de Toledo, no centro de São Paulo, foi construído em meados de 2003. Aproveitou-se a base de concreto existente, executando-se sobre ela placas de concreto armado com 125mm de espessura, fck = 30MPa e taxa de armadura de 7,0kg/m2. As placas são compostas por uma armadura superior e outra inferior ao plano médio da seção.

O trecho do pavimento inspecionado

Polimento (fonte: FHWA, 2003)

Placas divididas (fonte: USACE, 1982)

Page 75: Pavimento de Concreto:

| 75 | [www.ibracon.org.br]

so

luc

ion

an

do

pr

ob

lem

as

Alçamento das placas (fonte: FHWA, 2003)

para as 4 faixas e em seções contíguas, sendo, seis seções com 40m de extensão e uma com 30m. A Tabela 4 apresenta os valores obtidos. Analisando os resultados, verifica-se que o IRI encontrado, em geral, não é satisfatório, isto é, este pavimento não atenderia às exigências de qualidade funcional no momento dos levantamentos,

nos casos onde fossem encontrados valores superiores a 5. Assim, os conceitos emitidos através dos índices ICP e IRI seriam contra-ditórios quanto às condições de rolamento. Contudo, recorda-se que no critério do ICP, a qualidade é fixada em faixas pelo méto-do; no caso do IRI, há flexibilidade quanto ao limite do que seria um pavimento acei-tável ou não.

ANálISe de COmpAtIBIlIdAde eNtRe O ICp e O IRI

Colocadas as diferenças entre os mé-todos de avaliação empregados, buscou-se analisar os padrões de comportamen-to relacionando ambos os parâmetros, sabendo-se, a priori, que possuem com-portamentos inversos (um elevado ICP representa boa condição operacional; um elevado IRI, má condição); o resulta-do obtido está apresentado na Figura 1. Observam-se pontos esparsos, o que, em uma primeira análise, é indicativo de que não existe uma clara correlação entre os índices analisados. Vale lembrar que o nú-mero de trechos avaliados é pequeno, o que não proporciona uma confiança razo-ável para expressar uma correlação; além disso, é possível que pequenos escalona-mentos em juntas ou em fissuras, que pos-sam ter ocorrido entre inventários, sejam responsáveis por um aumento significativo nos valores do IRI avaliados. Estas hipóte-ses colocam a necessidade de uma investi-

Page 76: Pavimento de Concreto:

| 76 |[Concreto & Construções]

Passagem de nível (fonte: USACE, 1982)

gação mais profunda, não permitindo con-clusões definitivas com base na limitada amostragem realizada. O comportamento inverso foi observado com mais clareza apenas nos casos de faixas menos degra-dadas (3 e 4).

CONSIdeRAçõeS FINAISA norma brasileira oficializada pelo

DNIT para avaliação do estado funcional dos pavimentos de concreto, através do cálculo do ICP, é uma adaptação do pro-cedimento de avaliação desenvolvido pelo USACE e não considera os pavimentos de concreto armado, uma vez que os pavi-mentos de concreto construídos nos EUA empregam armaduras contínuas, sem fun-ção estrutural.

Apesar da diferença na tipologia estru-tural dos pavimentos existentes no Brasil e avaliado neste trabalho em relação aos executados nos EUA, que deram origem ao

método de avaliação do ICP, verificou-se que todas as patologias encontradas no pa-vimento de concreto armado avaliado são mencionadas e consideradas no catálogo do USACE.

Da avaliação objetiva do valor do ICP obtido a partir da inspeção total da seção do pavimento em serviço, pode-se afirmar que o ICP é um bom indicador das condições funcionais e estruturais; porém, há um fa-tor limitante quanto a seu emprego, pois é um método que demanda grande tempo, seja na inspeção visual como no tratamen-to estatístico dos dados. Quando emprega-do, recomenda-se executar a inspeção vi-sual total da seção apenas em pavimentos pouco extensos, ou ainda, associada a mé-todos ligados à gerência de uma malha viá-ria, haja vista que o IRI permite a avaliação de até 450km de uma rodovia em um dia de trabalho, enquanto que pelo método do ICP não se consegue levantar um centésimo desse valor. Todavia, com base no IRI não é possível estabelecer diretrizes para pro-jetos de manutenção e restauração, prever custos dos serviços e quantificar materiais e mão de obra, porque, malgrado forneça um valor para a condição funcional do pa-vimento, trecho a trecho, não identifica os padrões de defeitos existentes e, por conseguinte, os itens de manutenção e re-paros necessários.

Não se observou correlação significati-va entre os valores do ICP e IRI, indicando tratar-se de índices compostos por dife-rentes aspectos físicos não diretamente correlacionáveis entre si, embora o uni-verso estudado fora limitado. Sugere-se, contudo, o emprego de ambos os métodos simultaneamente, o IRI para identificar os trechos mais deteriorados em comparação a outros trechos de uma mesma rede; e, posteriormente, o ICP (apenas nos trechos mais deteriorados revelados pelo IRI) para identificar e analisar o grau de severidade dos defeitos, permitindo assim determi-nar o método de recuperação, quantificar materiais, mão de obra, tempo de execu-ção e custos.

Page 77: Pavimento de Concreto:

| 77 | [www.ibracon.org.br]

so

luc

ion

an

do

pr

ob

lem

as

[01] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING OF MATERIALS. ASTM E 867, Standard Terminology Relating To Vehicle Pavement Systems, 1982.

[02] BARELLA, R. M. Contribuição para a avaliação da irregularidade longitudinal de pavimentos com perfilômetros inerciais. 2007. 358 p. Tese (Doutorado), Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

[03] DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTE. dNIt 060/2004 – pRO: Pavimento rígido: inspeção visual – procedimento. dNIt 061 / 2004 – teR: Pavimento rígido: defeitos - terminologia. dNIt 062 / 2004 – pRO: Pavimento rígido: avaliação objetiva - procedimento. Rio de Janeiro, 22 , 2004.

[04] SHAHIN, M. Y.; KOHN, S. D. development of a pavement condition rating procedure for roads, streets and parking lots. United States of America: U.S. Army Corps of Engineers; volume I: condition rating procedure; volume II: distress identification manual, 1979.

[05] UNITED STATES ARMY CORPS OF ENGINEERS. pavement maintenance management. Publication number: Army TM 5-623, Estados Unidos da América, 1982. Disponível em: <http://www.usace.army.mil/publications/armytm/tm5-623>. Acesso em: 01 jun. 2007. n

referências bibliográficas

Page 78: Pavimento de Concreto:

| 78 |[Concreto & Construções]

normalização técnica treinamento de pessoal

Cenário atual e desafiosmARCelO petRellI – Diretor

adm gestão de emPresas

A demanda de mão de obra para a construção civil é crescente e esta realidade é proporcionada

por uma conjuntura de fatores como pro-gramas governamentais de construção de moradias, programas governamentais de crédito de financiamento para a compra de imóveis e o desenvolvimento da econo-mia brasileira.

No sentido oposto a essa demanda, temos a falta de mão de obra qualificada na execução dos projetos, fato apontado sistematicamente pela imprensa, revis-tas especializadas e profissionais do se-tor como um desafio a ser equacionado.

A partir de maio de 2010, o setor conta com um novo desafio que é adequar a execução dos projetos em conformidade com a norma da “ABNT NBR 15575:2008 – Edifícios habitacionais de até cinco pa-vimentos - Desempenho”.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou o informativo mensal “Sonda-gem da Construção Civil”, que tem como objetivo incluir o segmento no acompa-nhamento regular que é realizado pela CNI e as Federações de Indústria, e possibilita monitorar a evolução da atividade, o sen-timento do empresário e, conseqüente-mente, da evolução futura do setor.

Page 79: Pavimento de Concreto:

| 79 | [www.ibracon.org.br]

no

rm

ali

za

çã

o t

éc

nic

a

Na primeira edição do informativo (dezembro de 2009), a falta de traba-lhador qualificado era a segunda preo-cupação das pequenas, médias e grandes empresas. Em contrapartida, os índices de otimismo dos empresários do setor estavam em 68,4% e 67,3% (fevereiro e março, respectivamente) no que diz res-peito ao otimismo com relação ao nível de atividade do setor.

A CAdeIA pROdutIvA NA CONStRuçãO CIvIl e SuAS pRINCIpAIS FuNçõeS

O foco deste artigo está no desenvolvi-mento da mão de obra que abrange os pro-fissionais que executam o projeto, denomi-nado na figura 1 como “público- alvo”.

A necessidade de treinamento e de-senvolvimento deste público, que com-preende Mestre de Obras, Pedreiro, Carpinteiro, Eletricista, Armador, Enca-nador, Azulejista, Pintor e Auxiliar de Obras é de fundamental importância no

atendimento, entendimento e execução do projeto com base em normas de qua-lidade e de desempenho.

plANeJAmeNtO e exeCuçãO dO pROJetO de deSeNvOlvImeNtO

Conforme apresentado na revista Con-creto & Construções n°53, por Galletto e Petrelli, é importante a identificação da necessidade de treinamento e a elaboração de um projeto para a aplicação do treina-

Page 80: Pavimento de Concreto:

| 80 |[Concreto & Construções]

mento e desenvolvimento dos profissionais com base nas necessidades identificadas.

Para o desenvolvimento deste proje-to, deve ser formado um comitê, con-forme figura 2, com representantes do governo, das empresas, profissionais autônomos e contar com a orientação pedagógica de profissionais ligados à educação, com foco na melhor forma de transmitir o conteúdo programático.

Uma etapa importante para o suces-so do projeto está no planejamento de-talhado das etapas a serem cumpridas, conforme a tabela 1.

No desenvolvimento do projeto, deve ser contemplada a norma da ABNT NBR 15575:2008, que define condutas na execução de projetos da engenharia ci-vil para o melhor desempenho de edifí-cios de até cinco pavimentos.

A norma está dividida em seis partes, conforme apresentada na tabela 2, e está em vigor desde o dia 12 de maio de 2010.

deSAFIOS NA ImplemeNtAçãO

Os principais desafios e barreiras que o setor irá enfrentar com esta nova de-manda são:1. Resistência por parte dos profissionais

a cumprir padrão de trabalho;2. Dificuldade na interpretação e tradu-

ção dos requisitos apresentados na nor-ma para ação diária, sabendo-se que normas técnicas apontam “o que deve ser executado”;o “como” executar é determinado por cada organização;

3. Equilíbrio entre a performance do profissional que foi treinado e apri-

morou sua execução versus a remu-neração oferecida pelo mercado para essas categorias;

4. Dificuldade no processo de mudança: sair da zona de conforto e enfrentar o desafio de aprimorar seu conheci-mento;

5. Mobilizar os profissionais na busca do conhecimento.Conforme pudemos observar, o pro-

cesso de migração dos atuais padrões apresentados pelos profissionais da construção civil (público-alvo que deve ser treinado, apontado na Figura 1) para o conceito de qualidade na execução dos projetos demanda um esforço conjunto com várias frentes de trabalho.

O empresário deve treinar a mão de obra, que pode ser estimulada com polí-ticas de incentivo ao adequar-se aos no-vos padrões de execução. Este estímulo pode ser despertado por melhores con-dições de trabalho no que diz respeito a salários e benefícios.

Ao governo cabe estabelecer polí-ticas diferenciadas com relação a im-postos, por exemplo, para incentivar o empresário a investir no treinamento de sua equipe, disponibilizando seus recur-sos financeiros e tecnológicos na disse-minação dessa cultura.

Atendendo a todas as necessidades das partes interessadas, teremos a mé-dio prazo construções com qualidade comprovada, profissionais qualificados e a possibilidade de tornar projetos resi-denciais referência no mercado no setor da construção civil. n

Page 81: Pavimento de Concreto:

| 81 | [www.ibracon.org.br]

pe

sq

uis

a e

d

es

en

vo

lv

im

en

to

pesquisa e desenvolvimento patologias no concreto

Manifestações patológicas associadas à reação álcali-agregado (RAA) em testemunhos de concreto

CAmIlO mIZumOtO – engenheiro civilFlávIO mOReIRA SAlleS – engenheiro civillaboratório cesP De engenharia civil – lcec

SelmO CHApIRA KupeRmAN – DiretorDesek ltDa

ANtôNIO ANdeRSON dA SIlvA SeGANtINI – ProfessorunesP – camPus De ilha solteira/sP

JOSé ReNAtO JuRKevICZ delBeN – PesquisaDorFáBIO SImõeS de vICeNte – estuDante

ufms – camPus De camPo granDe/ms

1. INtROduçãO

A reação álcali-agregado (RAA) vem sendo um tema de freqüente dis-cussão no meio técnico-científico,

em função de sua complexidade e dos sinto-mas degenerativos causados no concreto.

O fenômeno da RAA ocorre devido à interação entre os íons alcalinos Na+ e K+ presentes nos constituintes do concreto e a sílica amorfa dos agregados, em presença de umidade. O produto formado da reação é um gel sílico-alcalino expansivo, cujas tensões geradas podem ocasionar proces-sos de fissuração na massa do concreto e sua conseqüente degradação.

Os compostos químicos presentes nos com-ponentes do concreto e a condição de umi-dade associada tornam o concreto suscetível

à ocorrência de várias manifestações patoló-gicas, que, em alguns casos, podem ocorrer de maneira conjunta.Diversos estudos citam a ocorrência da RAA associada com reações com sulfatos, evidenciadas pela formação de gel sílico-alcalino e etringita secundária nos poros do concreto. Owsiak (2003) e Poole (2003) levantam a hipótese de que a ocorrên-cia conjunta deprodutos da RAA e de ataque de sulfatos seja indicativa de estágios avança-dos da reação álcali-sílica no concreto. Estu-dos realizados por Hasparyk (2005) sobre o gel da RAA de testemunhos de concretos também confirmam a freqüente formação de etringita secundária nos poros do concreto, observada em análises microestruturais.

O fato dessas manifestações envolve-rem efeitos de fissuração na estrutura do

Page 82: Pavimento de Concreto:

| 82 |[Concreto & Construções]

concreto e a formação de produtos de re-ação visíveis a olho nu torna necessário o entendimento das relações entre si e as formas de ocorrência.

2. SINtOmAtOlOGIA dAS ReAçõeS

A distinção das manifestações patológi-cas que ocorrem no concreto torna-se im-prescindível para o entendimento da forma como se manifestam e os comportamentos comuns envolvidos.

É importante lembrar que processos de expansão e fissuração são comumen-te manifestados em reações como a RAA e em ataques por sulfatos, ao passo que a formação de produtos esbranquiçados na superfície do concreto e nos poros é pertinente aos processos de lixiviação e da RAA.

Um fator comum entre todas as manifes-tações é a presença de umidade para ocor-rência das interações químicas no concreto.

De forma sucinta, apresenta-se na Fi-gura 1 um diagrama de correlação dos sin-tomas das manifestações patológicas de carbonatação, lixi-viação, reação ál-cali-agregado e ata-que por sulfatos.

Dentro deste contexto, o presen-te trabalho aborda a análise das pa-tologias existentes em testemunhos de concreto degrada-dos e análises em um material extra-ído do concreto de testemunhos de son-dagem de uma usina hidrelétrica afetada por RAA, através de inspeções visuais e de análises microes-truturais.

3. pROGRAmA expeRImeNtAlFoi desenvolvido o programa de en-

saios, com metodologias e procedimentos destacados a seguir: n Inspeção visual das amostras de concreto e material exsudado;n Análise química do material exsudado;n Análise por microscópio estereoscópico dos produtos de reação dos concretos;n Microanálise por microscópio eletrônico de varredura (MEV).

4. mAteRIAISForam estudadas amostras de concreto

extraídas de estruturas com RAA, compostas

Page 83: Pavimento de Concreto:

| 83 | [www.ibracon.org.br]

pe

sq

uis

a e

d

es

en

vo

lv

im

en

to

por agregados de diferentes litologias. Além disso, foi inserido na análise um material ex-traído de concreto de uma estrutura de bar-ragem. Esses materiais seguem apresentados na Tabela 1.

5. metOdOlOGIA

5.1 insPeção visual

A análise por inspeção visual dos teste-munhos de concreto foi realizada na super-fície lateral, topo e base, sendo, posterior-mente, realizada a ruptura diametral para análise interna do concreto.

Esta análise teve o intuito de verificar a presença de fissuras e produtos de reação nos poros do concreto.

5.2 análise Por microscóPio estereoscóPico

Foram separados fragmentos de con-creto dos testemunhos extraídos, com di-mensões aproximadas de 2x2cm, sendo selecionados os que apresentaram poros preenchidos com material esbranquiçado. O material exsudado ME foi também pre-parado na dimensão estabelecida, para, assim, ser analisado no microscópio ótico esteroscópico.

Page 84: Pavimento de Concreto:

| 84 |[Concreto & Construções]

A técnica de visualização por esse equi-pamento permitiu uma distinção tridimen-sional das amostras, de maneira a observar com nitidez as características pertinentes aos produtos de reação presentes nos poros e as características da pasta dos concretos.

5.3 análises microestruturais Das amostras

As análises microestruturais foram rea-

lizadas com o intuito de distinguir os pro-dutos formados nos poros dos concretos, a partir da análise topográfica e semi-quan-titativa, obtidas, respectivamente, no mi-croscópio eletrônico de varredura (MEV) e pela espectroscopia por dispersão de ener-gia de raios X (EDS).

As amostras analisadas, compostas por testemunhos de concreto e material exsu-dado, foram preparadas por meio de fratu-

Page 85: Pavimento de Concreto:

| 85 | [www.ibracon.org.br]

pe

sq

uis

a e

d

es

en

vo

lv

im

en

to

ra com martelo (Figura 2a), apresentando dimensão máxima de 0,9x0,9cm. O uso de amostras do tipo fraturadas possibilitou a análise das reais características presentes no concreto deteriorado.

Na seqüência, as amostras foram colo-cadas no porta-amostra (Figura 2b), sendo recobertas com uma fina camada de ouro em sua superfície de fratura na metalizado-ra Denton Vacuum Desk III, seguindo para as análises microestruturais no MEV e EDS.

6. ReSultAdOS e dISCuSSõeS

6.1 insPeção visual e análise microscóPica Das amostras

As amostras analisadas foram inspeciona-das visualmente e, em seguida, fragmenta-das em partículas menores para observação em microscópio estereoscópico. Foram veri-ficadas a presença de bordas de reação nos agregados, pertinentes a RAA, e a ocorrência

Page 86: Pavimento de Concreto:

| 86 |[Concreto & Construções]

de produtos esbranquiçados (gel) nos poros do concreto.

Nas Figuras 3 a 7 seguem apresentadas as considerações quanto às estruturas ob-servadas nas amostras estudadas.

A partir das observações visuais realiza-das na amostra ME, pode-se caracterizá-la como um material heterogêneo, com colo-ração esbranquiçada à acinzentada escura.

Por se tratar de um material retirado da superfície do concreto e exposto em ambien-te úmido, pode-se, inicialmente, supor que a coloração escurecida esteja relacionada a um processo químico de fixação de CO2.

A amostra T1 apresentou notável pre-sença de material esbranquiçado formado em poros, totalmente e parcialmente pre-enchidos, além de bordas escuras na região do agregado (Figura 4a e 4b).

Na análise pelo microscópio estereoscó-pico, observaram-se, freqüentemente, nos poros preenchidos regiões densificadas na interface poro/argamassa (Figura 5a) com aspecto vítreo. Além disso, também foram

notados vários poros semi-preenchidos, um indicativo de formação do gel da RAA, sen-do visualmente identificados como partícu-las milimétricas ou grumos (Figura 5b).

Na amostra T2, foi notada a freqüente presença de gel nos poros do concreto, estan-do parcialmente preenchidos, com caracterís-ticas similares as observadas na amostra T1. Não foram observadas bordas de reação em interfaces agregado/pasta (figura 6a e 6b).

A inspeção visual do testemunho T3 apresentou freqüentes poros semi-preen-chidos e raros poros totalmente preenchi-dos; além disso, notou-se a presença de bordas de reação e fissuras longitudinais nos agregados (figura 7a e 7b).

Na análise microscópica, foram detecta-dos freqüentes poros sem preenchimento e alguns poros totalmente preenchidos, indi-cando a ocorrência de produtos de reação.

6.2 análise química Do material exsuDaDo

A análise química do material ME foi realizada por métodos gravimétricos e de

Page 87: Pavimento de Concreto:

| 87 | [www.ibracon.org.br]

pe

sq

uis

a e

d

es

en

vo

lv

im

en

to

absorção atômica. Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 2.

A análise química do material ME apre-sentou uma quantidade elevada de cálcio, indicando a possibilidade do mesmo se tra-tar de um carbonato de cálcio. O fato de a amostra apresentar uma elevada perda ao fogo (PF) confirma a eliminação de carbo-no pela elevação da temperatura (10000C) pertinente ao ensaio.

6.3 análises microestruturais Das amostras

As análises microestruturais por MEV e EDS, realizadas nas amostras estudadas, indicaram a presença de estruturas crista-linas diversificadas nos poros dos concretos e no suposto material carbonático.

Na amostra ME, indicado como um possí-vel carbonato de cálcio pelas análises físico-químicas, foi observada, nos ensaios microes-truturais, a presença de estrutura cristalina composta basicamente por cálcio (Figura 8), confirmada na microanálise por EDS. A partir da correlação dessas análises, pôde-se con-firmar que o material trata-se de uma eflo-rescência de carbonato de cálcio.

No testemunho T1, foi encontrado nos poros do concreto, estruturas do tipo ro-setas (Figura 9), com composição sílico-cálcico-alcalino, característica do gel da RAA. Essas estruturas cristalinas observa-das mostraram-se similares às identificadas nos estudos de Larrañaga (2004), com con-cretos afetados pela RAA.

Page 88: Pavimento de Concreto:

| 88 |[Concreto & Construções]

Na amostra T2, que apresentava poros pouco preenchidos com grumos de xerogel, notou-se a predominância de estruturas aciculares, comumente associadas à etrin-gita secundária (Figuras 10 e 11). A micro-análise por EDS nessas estruturas indicou a presença de alumínio, sulfato e cálcio, além de sílica e potássio, mostrando tam-bém a possível presença de silicatos de cálcio alcalinos em sua composição. Tais estruturas também foram observadas em poros pouco preenchidos de T1 e T3, apre-sentando-se também presentes em meio a produtos da RAA.

A análise microestrutural realizada na amostra T3 identificou estruturas com geometria cúbica, característica de CaO, confirmada pelo EDS (Figura 12). Tais es-truturas foram encontradas em meio a es-truturas cristalinas constituídas por cálcio, potássio e sílica, sendo relacionadas ao gel sílico-cálcio-potássico da RAA.

7. CONSIdeRAçõeS FINAIS

Em função das considerações e estudos realizados, conclui-se que: n Os concretos estudados apresentavam-se

[01] HASPARYK, N. P. Investigação de concretos afetados pela reação álcali-agregado e caracterização avançada do gel exsudado. 2005. 326 f. Tese (Doutorado em Engenharia) – Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

[02] LARRAÑAGA, M. E. experimental study in microstructure and structural behavior of recycled aggregate concrete. 2004. 242 f. Thesis (Doctoral) - Escola Tècnica Superior d’Enginyers de Camins, Universitat Politècnica de Catalunya, Barcelona, 2004.

[03] MIZUMOTO, C. Investigação da Reação álcali-Agregado (RAA) em testemunhos de Concreto e Agregados Constituintes. 2009. 164 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Ilha Solteira, 2009.

[04] OWSIAK, Z. Microstructure of alkali-silica reaction products in conventional standard and accelerated testing. Ceramics-Silikáty, v. 41, p. 108-115, 2003.

[05] POOLE, A.B. Introduction to alkali-aggregate reaction in concrete. In: SWAMY, R. M. (Ed.). the Alkali-aggregate reaction in concrete. New York: Taylor & Francis E-library, 2003. p. 1-29. n

referências bibliográficas

degradados por fenômenos da reação álcali-agregado;n A ocorrência de etringita secundária foi identificada em meio ao gel da RAA, indicando processos associados nos concretos; n O material carbonático ME obtido da superfície do concreto de uma peça estrutural de usina hidrelétrica afetada pela RAA confirmou a existência de duas manifestações patológicas em uma mesma estrutura degradada: RAA e carbonatação;n Por último, nem todo gel com aparência esbranquiçada deve ser considerado como gel da RAA.

AGRAdeCImeNtOSOs autores agradecem à Companhia

Energética do Estado de São Paulo – CESP pela disponibilização dos resultados dos en-saios realizados no Laboratório CESP de En-genharia Civil – LCEC em Ilha Solteira-SP.

Agradecem, também, ao Laboratório de Física da Universidade do Mato Grosso do Sul – UFMS, campus de Campo Grande, pela disponibilidade e auxílio nas análises de microscopia eletrônica de varredura.

Page 89: Pavimento de Concreto:

| 89 | [www.ibracon.org.br]

en

ge

nh

ar

ia l

eg

al

engenharia legal

Responsabilidade dos engenheiros e arquitetos na segurança e saúde do trabalho

RONe ANtôNIO de AZevedO – engenheiro civilCaixa eConômiCa federal

Nos últimos anos, o setor da Construção Civil experimen-tou forte crescimento, com

taxas de 8,0%, em 2008, e projeção de 8,8%, para 2010. Investimentos privados e ações do governo federal como o Pro-grama Minha Casa Minha Vida (MCMV) e o Programa de Aceleração do Crescimento

(PAC) estimularam a produção de edifica-ções e diversas obras de infraestrutura. O cenário é de expansão nos próximos seis anos, considerando o orçamento de R$ 20 bilhões em obras para realização da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e dos Jo-gos Olímpicos, em 2016.

Atualmente, a Construção Civil repre-

Page 90: Pavimento de Concreto:

| 90 |[Concreto & Construções]

senta 5% do PIB do Brasil e emprega cerca de 7 milhões de trabalhadores, incluindo os empregos formais e informais. Porém, o aquecimento desse setor e a pressão excessiva dos prazos de entrega geraram problemas de escassez de mão de obra qualificada e aumento dos índices de aci-dentes de trabalho.

A Figura 1 mostra os principais seto-res com maior número de registro de CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho –, conforme ocorrências registradas em 2008 pelo Ministério do Trabalho e Empre-go (MTE) e pelo Ministério da Previdência Social (MPS).

A Construção Civil ocupa o 4º lugar entre as dez atividades econômicas com maior número de acidentes com CATs re-gistradas no período 2006 a 2008. O se-tor apresenta 34779 ocorrências nos três anos. Em média, o setor responde por 11593 acidentes por ano – ver Quadro 1.

Contudo, esse levantamento revela parte do problema, pois nem todos os aci-dentes são comunicados ao MTE/MPS, por receio do empregador ou por desconheci-mento da obrigatoriedade das notificações. Estima-se cerca de 42700 acidentes de tra-balho na Construção Civil no período 2006-2008, ou seja, índice 23% superior ao total das ocorrências com CATs registradas.

O Quadro 1 demonstra que o total de acidentes com CATs registradas em 2008 foi maior do que nos dois anos anterio-res, acréscimo de 19,8% e 31,6%, respec-tivamente, em relação a 2006 e 2007. As ocorrências de acidentes na Construção Civil no Brasil são preocupantes diante do cenário de crescimento no período 2010-2016.

FuNdAmeNtOS leGAISO artigo 19 da Lei nº 8.213/91 – Bene-

fícios da Previdência Social – caracteriza o acidente de trabalho como ocorrência pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a mor-te ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o traba-lho. Para efeito legal, a doença do traba-lho ou profissional equipara-se ao aciden-te de trabalho.

É obrigatória a emissão da CAT por parte do empregador em até o 1º (pri-meiro) dia útil seguinte ao da ocorrên-cia e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente – artigo 22 da Lei nº 8.213/91. No caso de doença do trabalho, considera-se como dia do aci-dente a data do início da incapacidade para exercício das atividades habituais,

Page 91: Pavimento de Concreto:

| 91 | [www.ibracon.org.br]

en

ge

nh

ar

ia l

eg

al

segregação compulsória, ou o dia em que for o realizado o diagnóstico, valendo o que ocorrer primeiro.

Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a entida-de sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não sendo aplicado nestes casos o prazo previsto no artigo 22.

A CAT deve ser emitida nos casos de afastamento permanente ou tem-porário, ainda que por meio período. O descumprimento dessas orientações pode gerar multa para o empregador, variável até o limite máximo do salá-rio contribuição, aumentada nas reinci-dências, sendo aplicada e cobrada pela Previdência Social.

A comunicação do acidente preserva todas as garantias estabelecidas pela le-gislação. A emissão da CAT assegura as-sistência acidentária ao trabalhador junto ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), além de permitir o controle es-tatístico e epidemiológico por parte dos órgãos federais. A Instrução Normativa do INSS nº 31/2008 dispõe que o acidente do trabalho será caracterizado tecnicamente pela perícia médica do órgão, mediante a identificação do nexo entre o trabalho e o agravo.

A Lei nº 8.213/91 estabelece os benefícios para o trabalhador acidentado ou acometido por do-ença do trabalho: auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria por invalidez, pensão por mor-te e reabilitação profissional. O auxílio-doença consiste no paga-mento do salário ao acidentado pela Previdência Social, após o 16º dia de afastamento do trabalho. O auxílio-acidente é a indenização concedida ao acidentado que so-freu lesões com sequelas e perda de capacidade produtiva, consis-tindo em renda mensal de 50% do salário do benefício, sem acúmulo com qualquer tipo de aposentado-ria. A aposentadoria por invalidez decorre da incapacidade perma-

nente ou impossibilidade de reabilitação para atividades laborais. Nos acidentes de trabalho com morte do trabalhador, seus dependentes receberão pensão da Previ-dência a partir da data do falecimento. A reabilitação profissional é o benefício concedido ao trabalhador incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho executado, visando ao reingresso no mer-cado de trabalho.

O artigo 118 da Lei nº 8.213/91 assegu-ra ao trabalhador acidentado estabilidade no retorno para o emprego. A manutenção do contrato de trabalho na empresa obe-decerá ao prazo mínimo de 1 (um) ano, após o auxílio-doença acidentário, inde-pendentemente da sua concessão.

ReSpONSABIlIdAde CIvIl pelO ACIdeNte de tRABAlHO

A Constituição Federal estabelece no art. 7º, inciso XXVIII, que é garantia do empregado “[...] seguro contra aciden-tes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou cul-pa”. O fato de não haver afastamento ou se este for inferior aos 15 (quinze) dias, não desobriga a empresa do cumprimento da legislação trabalhista e de preservar a saúde do trabalhador.

Page 92: Pavimento de Concreto:

| 92 |[Concreto & Construções]

De acordo com o artigo 19 da Lei nº 8.213/91, constituem obrigações da empresa:

§ 1º A empresa é responsável pela ado-ção e uso das medidas coletivas e in-dividuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador.

§ 2º Constitui contravenção penal, pu-nível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e hi-giene do trabalho.

§ 3º É dever da empresa prestar infor-mações pormenorizadas sobre os ris-cos da operação a executar e do pro-duto a manipular. [...]

(BRASIL, Lei nº 8.213, 1991, art. 19, ne-grito nosso)

Nos casos de negligência das normas de segurança e higiene do trabalho para pro-teção individual e coletiva, a Previdência Social proporá ação regressiva contra os responsáveis, em cumprimento do artigo 120 da Lei nº 8.213/91. É importante des-tacar que a concessão de benefícios pela Previdência Social não exclui a empresa ou pessoa física de responsabilidade civil no acidente de trabalho – artigo 121 da referida lei.

O Código Civil Brasileiro dispõe sobre a responsabilização de atos ilícitos: Art. 186. Aquele que, por ação ou omis-

são voluntária, negligência ou impru-dência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que ex-clusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direi-to que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econô-mico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. [...]

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

(BRASIL, Lei nº 10.406, 2002, negrito nosso)

Nos termos legais, para ava-liação da responsabilidade de in-denizar por parte do empregador é necessário avaliar o nexo de ca-

sualidade e extensão do dano sofrido. A ocorrência do acidente ou doença do tra-balho depende da exposição ocupacional aos agentes biológicos, físicos e químicos e natureza das atividades laborais. Esses agentes possuem limites de tolerância, dependendo do ambiente, processo de trabalho, tempo de exposição, intensida-de e concentração. Caracterizada a expo-sição, pode-se comprovar ou não o nexo de casualidade entre o acidente ou doen-ça e a exposição. A determinação do dano demanda perícia técnica realizada por profissionais habilitados, avaliando-se as condições do ambiente de trabalho e sua relação com os agentes agressivos.

A obrigação de reparar decorre de dolo ou culpa do empregador pelo acidente ou doença do trabalho. O dolo é todo ato praticado com o intuito de causar dano. A culpa é caracterizada por inobservância das normas de segurança e saúde do tra-balhador, regulamentadas na Portaria nº 3.214/78 do MTE. Conforme o artigo 944 do Código Civil, a indenização é mensura-da pela extensão do dano.

A responsabilidade trabalhista resulta das relações contratuais ou legais assumi-das com empregados utilizados na obra ou serviço. Nessa responsabilidade, incluem-se: os salários e adicionais; os demais di-

Page 93: Pavimento de Concreto:

| 93 | [www.ibracon.org.br]

en

ge

nh

ar

ia l

eg

al

reitos do trabalhador (férias, aviso prévio, indenizações, entre outros); encargos aci-dentários e previdenciários.

Perante a legislação trabalhista, tan-to o engenheiro e o arquiteto quanto a firma de Engenharia e de Arquitetura que mantêm empregados para o exercício da profissão ou para a execução da obra particular ou pública são caracterizados como empresa. Respondem, portanto, com todos os encargos decorrentes dessa situação legal.

O proprietário da obra também é solidá-rio ao construtor nos encargos salariais, aci-dentários e previdenciários, conforme o art. 30, incisos VI, VII e VII da Lei nº 8.212/91: Art. 30. A arrecadação e o recolhimento

das contribuições ou de outras impor-tâncias devidas à Seguridade Social obe-decem às seguintes normas: (Redação dada pela Lei nº 8.620, de 5.1.93) [...]

VI - o proprietário, o incorporador defi-nido na Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, o dono da obra ou condômino da unidade imobiliária, qualquer que seja a forma de contratação da cons-trução, reforma ou acréscimo, são soli-dários com o construtor, e estes com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade So-cial, ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da

obra e admitida a retenção de impor-tância a este devida para garantia do cumprimento dessas obrigações, não se aplicando, em qualquer hipótese, o be-nefício de ordem; (Redação dada pela Lei 9.528, de 10.12.97) VII - exclui-se da responsabilidade solidária perante a Seguridade Social o adquirente de prédio ou unidade imobiliária que realizar a operação com empresa de comercialização ou incorporador de imóveis, ficando es-tes solidariamente responsáveis com o construtor; VIII - nenhuma contribuição à Segurida-de Social é devida se a construção re-sidencial unifamiliar, destinada ao uso próprio, de tipo econômico, for execu-tada sem mão-de-obra assalariada, ob-servadas as exigências do regulamento; [...] (BRASIL, Lei nº 8.212, 1991, negri-to nosso)

A Lei nº 8.212/91 obriga a apresenta-ção de matrícula no INSS para requerer o alvará de construção – aprovação do pro-jeto – e da certidão negativa de débito para averbar a construção no Registro de Imóveis, ou o registro de venda da primei-ra unidade construída no local.

O art. 33 da referida lei estabelece a competência do INSS e da Secretaria da Receita Federal (SRF) arrecadar, fiscali-zar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais, cabendo a am-bos os órgãos, na esfera de sua atuação, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas legalmente. Confor-me o inciso art. 33, parágrafo 4º, a regula-rização da obra sem registro no INSS será efetuada com base proporcional “[...] à área construída e ao padrão de execução da obra, cabendo ao proprietário, dono da obra, condômino da unidade imobili-ária ou empresa co-responsável o ônus da prova em contrário”.

Meirelles (2005, p. 329) destaca que a Administração Pública coloca-se na posi-ção de empresa construtora quando exe-cuta suas obras diretamente através de seus órgãos, com seu pessoal, arcando com todos os encargos e responsabilida-des que caberiam ao construtor particu-

Page 94: Pavimento de Concreto:

| 94 |[Concreto & Construções]

lar. Quando contrata a construção com empresa habilitada, configura-se na con-dição de dono da obra e responde pelas obrigações inerentes.

A responsabilidade acidentária im-plica em assegurar ao acidentado fonte alternativa de renda, sendo configurada como responsabilidade objetiva. Esta área constitui o campo de atuação da especialidade Segurança do Trabalho. A responsabilidade trabalhista sempre en-volve a análise de contratos em cada se-tor produtivo.

CultuRA de SeGuRANçA dO tRABAlHO

Engenheiros e arquitetos com res-ponsabilidade pelo projeto, execução e fiscalização de obras devem observar as condições de saúde e segurança dos traba-lhadores. Para esse fim, o MTE regulamen-tou, em 1983, as condições de trabalho através da Norma Regulamentadora NR-18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção.

Na versão atual da NR-18, aprovada em 1995, destacam-se os seguintes aspectos para verificação e aplicação em canteiros de obras:n Introdução do PCMAT (Programa de

Condições e Meio Ambiente de Traba-lho na Indústria da Construção), visan-do formalizar as medidas de segurança que devem ser implantadas no canteiro de obras;

n Criação dos CPN e dos CPR (Comitês Permanentes Nacional e Regionais, res-pectivamente), com o intuito de avaliar e alterar a norma; a composição desses comitês é feita através de grupos tri-partite e paritários;

n Estabelecimento de parâmetros mínimos para as áreas de vivência (refeitórios, vestiários, alojamentos, instalações sa-nitárias, cozinhas, lavanderias e áreas de lazer), assegurando condições mínimas de higiene e segurança nesses locais;

n Exigência de treinamento em seguran-ça, admissional e periódico;

n Orientações para elevadores de carga e de passageiros, abrangendo a torre,

plataformas e o posto do guincheiro; desde 1999, é obrigatória a instala-ção de elevador de passageiros em obras com doze ou mais pavimentos, ou obras com oito ou mais pavimentos cujo canteiro possua pelo menos trinta trabalhadores;

n Proteções contra quedas de altura, com especial atenção para o períme-tro dos pavimentos, aberturas no piso, poço do elevador, corrimãos das esca-das permanentes, plataforma ou ban-dejas de proteção, escadas de mão e passarelas;

n Cuidados no manuseio da serra circular e central de carpintaria.Em 1996, na Inglaterra, foi aprova-

da a norma OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assessment Series – Série de Avaliação de Saúde e Segurança Ocupacional) por vários organismos in-ternacionais certificadores e entidades de normalização. Essa norma estabelece o processo de gestão da Saúde e Segu-rança Ocupacional, que visa a reduzir ou eliminar completamente os riscos para funcionários e outras partes interessa-das, pertencentes à organização ou que operem nas suas instalações, com pos-sibilidade de exposição a determinados riscos na realização das atividades labo-rais.

Seiffert (2008) relata outras vanta-gens da implementação da OHSAS 18001, tais como: maior motivação dos funcio-nários; maior produtividade relacionada à baixa taxa de absenteísmo; redução dos valores dos seguros patrimoniais; melhoria da imagem e do relacionamen-to da empresa com clientes, sindicatos e órgãos públicos de fiscalização traba-lhista.

A cultura de Saúde e Segurança Ocu-pacional pelas organizações é consolida-da através do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), regulamentados pelo MTE.

Todos os profissionais da Construção Civil devem observar a legislação traba-lhista e as normas de segurança do tra-balho, contribuindo para aperfeiçoar os

Page 95: Pavimento de Concreto:

| 95 | [www.ibracon.org.br]

en

ge

nh

ar

ia l

eg

al

diferentes sistemas produtivos. Na con-dição de responsáveis, devem estimular medidas preventivas eficazes para maior dignidade do trabalho, preservando a saúde e a vida dos trabalhadores.

Considerando a grande importância

sócio-econômica do setor da Construção Civil, é preciso reduzir os acidentes de trabalho, através da conscientização dos empresários, engenheiros, arquitetos e demais profissionais, somando esforços com sindicatos e órgãos do governo.

[01] BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: 1988.[02] BRASIL. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências. Brasília: 1991.[03] BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Brasília: 1991.[04] BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília: 2002.[05] BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego / Ministério da Previdência Social. Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (AEAT). Brasília: MTE / MPS, 2008.[06] BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Brasília: MTE, 1995.[07] MEIRELLES, Hely Lopes. Direito de Construir. 9. ed. Atualizada por Eurico de Andrade Azevedo, Adilson Abreu Dallari e Daniela Libório di Sarno. São Paulo: Malheiros, 2005. 480 p.[08] SEIFFERT, Mari Elizabete Bernardini. Sistemas de Gestão Ambiental (ISSO 14001) e Saúde e Segurança Ocupacional (OHSAS 18001). São Paulo: Atlas, 2008. n

referências bibliográficas

Page 96: Pavimento de Concreto:

| 96 |[Concreto & Construções]

normalização técnica modelagem matemática da durabilidade

Uma análise crítica sobre a vida útil e a durabilidade na NBR 6118/2003

mARIStelA GOmeS dA SIlvA – Professora associaDaCentro teCnológiCo da ufes

vANeSSA GOmeS – ProfessorafaCuldade de engenHaria Civil da uniCamP

JuSSARA tANeSI – gerente De ProjetosfHWa/gloBal Consulting

INtROduçãO

Este artigo apresenta uma avalia-ção das prescrições da NBR 6118 (2003), no que tange à durabili-

dade e à vida útil. A importância do papel dos diferentes materiais cimentícios, não considerada na NBR 6118 (2003), é também discutida.

Um modelo (Life 365) de previsão de vida útil por despassivação por cloretos é discutido. Por meio dele, com a aplicação critérios da NBR 6118 (2003), a vida útil potencial de misturas binárias e ternárias é determinada para várias condições de exposição. Compara-se a vida útil estima-da quando os critérios da NBR 6118 (2003) são utilizados com a vida útil estimada quando os critérios do ACI 318 (2008) são aplicados.

1. CONSIdeRAçõeS SOBRe A NBR 6118 (2003)

A NBR 6118 (2003) traz classes de agres-

sividade, da mesma forma que outras nor-mas e especificações internacionais, tais como EN 206-1 (2000) e ACI 318 (2008). De acordo com essas classes, a norma brasi-leira faz recomendações de relação a/c máxima, resistência à compressão mínima e cobrimento nominal mínimo (Quadro 1 e Quadro 2).

Ao analisarem-se as suas classes de agressividade, a primeira questão que se levanta é que elas são relativamente subjetivas.

Além disso, a qualidade do concreto é entendida como diretamente relacionada à relação água/cimento e à resistência à compressão. A norma brasileira não leva em conta o tipo de cimento utilizado, a presença de adições, a vida útil especi-ficada, a qualidade da cura, entre outros aspectos. Apesar da comprovada impor-tância da relação a/c no que concerne à durabilidade, ela não é o único fator que governa os vários mecanismos de deterio-ração do concreto.

Page 97: Pavimento de Concreto:

| 97 | [www.ibracon.org.br]

no

rm

ali

za

çã

o t

éc

nic

a

Também se pode observar que as rela-ções a/c máximas permitidas são relativa-mente altas, principalmente para o caso da classe de agressividade III. Neste caso, apesar de ser uma classe de forte agressivi-dade, a relação a/c de 0,55 é permitida.

Com relação à despassivação por clo-retos, um fator interveniente, de extrema importância na difusão de cloretos, é o tipo de material cimentício. É sabido que o uso de adições minerais aumenta a vida útil das estruturas sujeitas a diversos me-canismos de deterioração, incluindo a des-passivação por cloretos.

A resistência à penetração de cloretos aumenta com o aumento do teor de adição mineral, pois promove o refinamento dos poros e dificulta a intercomunicação entre os poros (ISAIA, 1999).

Finalmente, outro aspecto a ser observado é que, como a NBR 6118 (2003) não especifica uma vida útil mínima, não garante a durabili-dade para uma determinada vida útil.

Assim, resolveu-se utilizar a modela-gem matemática para prever a vida útil de

duas estruturas, sujeitas à despassivação por cloretos, que atendem aos critérios da NBR 6118 (2003). A vida útil das estruturas também foi prevista quando os critérios do ACI 318 (2008) são aplicados. Como vida útil foi considerado o tempo para iniciação da despassivação por cloretos. Outros me-canismos de deterioração não foram consi-derados nesta análise.

2. mOdelAGem mAtemátICA

2.1 life-365O Life-365 é um software gratuito cria-

do por um consórcio estabelecido pelo ACI, com a participação da indústria, para o de-senvolvimento de um modelo de custo de ciclo de vida com base na segunda lei de Fick. A segunda lei de Fick consiste numa equação de equilíbrio de massa que pre-vê como a difusão provoca a mudança no campo de concentração ao longo do tem-po. Ela descreve a taxa de acumulação da concentração em um determinado volume

1 O chamado cobrimento nominal é o cobrimento mínimo mais 10 mm.

Page 98: Pavimento de Concreto:

| 98 |[Concreto & Construções]

como proporcional a curvatura local do gradiente de concentração. . Ele considera que o coeficiente aparente de difusão de cloretos é variável com a idade do concre-to, ou seja, com a hidratação do material cimentício. Além disso, este programa con-sidera o concreto saturado e sem fissuras. O Life 365 é muito popular nos EUA e vas-tamente utilizado.

Os dados de entrada compreendem: lo-calização geográfica, o ambiente de exposi-ção (zona de respingo de maré, urbana, en-tre outros), o tipo de estrutura, geometria da peça, espessura do cobrimento, compo-sição do concreto, estratégias de proteção da armadura, custo dos materiais.

Conforme pode ser observado na Equa-ção 1, o coeficiente de difusão de cloretos é um parâmetro de entrada importante. O Life 365 permite a entrada das proporções da mistura e, a partir daí, prevê o coefi-ciente de difusão aparente e a vida útil da estrutura. No entanto, se o usuário tiver medido o coeficiente de difusão experi-mentalmente, este pode ser usado.

O programa permite o uso de relações a/mc (água/materiais cimentícios) meno-res do que 0,60, teor de escória de alto-forno máximo de 70%, teor de cinza volante máximo de 50% e volume máximo de sílica ativa de 15%. O modelo considera que até os 28 dias de idade, a escória de alto-forno e a cinza volante não contribuem para a diminuição do coeficiente de difusão. Sua contribuição é levada em conta a partir dos 28 dias de idade.

Sendo: D(t) = coeficiente de difusão a uma deter-minada idade;Dref = coeficiente de difusão a uma idade de referência (28 dias);m = Índice de declínio do coeficiente de di-fusão. Constante que depende da mistura (Equação 2).

Sendo, Ve o teor de escória de alto-forno em %.Vcv o teor de cinza volante em %.

2.2 estuDo De casosDois casos foram selecionados para in-

vestigar qual seria o tempo necessário para que a frente de despasivação por cloretos chegasse à armadura e iniciasse a corro-são. O caso 1 consiste em uma viga ou pi-lar de uma estrutura exposta a ambiente marinho, a uma distância de 800m do mar, correspondente à classe de agressividade III da NBR 6118 (2003). O cobrimento míni-mo e a relação a/mc utilizados foram os li-mites recomendados pela NBR 6118 (2003), ou seja, 30mm e 0,55, respectivamente.

O caso 2 consiste em uma viga ou pi-lar em ambiente urbano, correspondente à classe de agressividade II da NBR 6118 (2003). O cobrimento mínimo e a relação a/mc utilizados foram os limites recomen-dados pela NBR 6118 (2003), ou seja, 20mm e 0,60, respectivamente.

Como o programa foi desenvolvido para os EUA, a temperatura ao longo do ano é dada para cada cidade do país. Como es-ses dados não estavam disponíveis para as condições brasileiras, escolheu-se como lo-calidade para o caso 1 a cidade de Jackson-ville (Flórida), a qual se trata de uma ci-dade litorânea, cuja temperatura média se aproxima daquelas de São Paulo (entre 12 e 28°C) e para o caso 2 escolheu-se Atlan-ta, na Geórgia, cujas condições ambientais são similares ao Paraná (entre 5 e 26°C).

Seis misturas foram consideradas (Ta-bela 1). Cabe salientar que se considerou como cimento Portland apenas a parcela de clínquer Portland e gipsita. Qualquer adi-ção presente foi considerada como substi-tuição ao cimento. As misturas com 35% de escória de alto-forno representam misturas com cimento Portland CPIII (limite inferior de adição permitido pela NBR 5735/1991) e as misturas com 70% representam misturas com cimento CP III (limite superior de adi-ção permitido pela NBR 5735/1991).

2.2.1 ESTUDO DE CASO 1A Tabela 2 mostra os resultados obtidos

pelo Life 365 para o caso 1. Em primeiro lugar, cabe salientar que, com exceção das misturas com sílica ativa, as demais mistu-ras apresentaram coeficiente de difusão de cloretos aos 28 dias iguais. Cabe, porém, res-saltar que, com o aumento da idade, o coe-ficiente de difusão de cloretos das misturas sofre alterações, conforme Equação 1.

Page 99: Pavimento de Concreto:

| 99 | [www.ibracon.org.br]

no

rm

ali

za

çã

o t

éc

nic

a

Portanto, ao aumentar o teor de escória de alto-forno e ao incluir cinza volante como adição mineral, o coeficiente de difusão de cloretos diminui consideravelmente em re-lação à mistura contendo apenas clínquer Portland e gipsita (Figura 1). A mistura cujo coeficiente de difusão de cloretos diminui mais com a idade, ou seja, aquela que tem o maior coeficiente m, é a mistura M3, com 70% de escória de alto-forno. A Figura 1 também mostra que no ano 4, a mistura sem adição M1 apresentou um coeficiente de difusão de, aproximadamente, 8 x10-12 m2/s, enquanto que a mistura M3 apresentou um coeficiente de difusão de, aproximadamente, 1,5 x10-12 m2/s, ou seja, cinco vezes inferior ao da M1.

Fica claro, então, que se deve levar em consideração o tipo de material cimentí-cio utilizado, não apenas a relação a/mc, quando se objetiva garantir a durabilidade e a vida útil do concreto.

Também se pode observar na Tabela 2 que o tempo de iniciação de corrosão é mui-to baixo, em todos os casos. A maior vida útil foi atingida pela mistura M3 e não che-gou sequer a 8 anos. Tal fato era esperado, visto que a relação a/mc é alta (0,55) e o cobrimento é relativamente baixo (30mm).

Apesar da NBR 6118 (2003) não especifi-car a vida útil mínima, a vida útil potencial apresentada na Tabela 2 não seria aceitá-vel para a maioria das estruturas em con-creto. Portanto, as recomendações da NBR 6118 (2003) não garantem o atendimento de uma vida útil mínima aceitável.

Realizou-se, então, um estudo comparati-vo com as recomendações do ACI 318 (2008). Assim, as mesmas misturas foram analisadas por meio do Life 365, adotando, porém, a relação água/material cimentício de 0,40 e o cobrimento de 50mm, em atendimento às recomendações do ACI 318 (2008).

A Tabela 3 apresenta a vida útil estima-da quando se aplicam as recomendações do ACI 318 (2008). A vida útil de todas as misturas aumentou consideravelmente em comparação àquelas apresentadas na Ta-bela 2. Esta diferença chegou a mais de 5 vezes, no caso da mistura M3. O coeficien-te de difusão aos 28 dias de idade foi a me-tade daqueles com a/mc de 0,55.

2.2.2 ESTUDO DE CASO 2A Tabela 4 mostra os resultados obtidos

pelo Life 365 para o caso 2. A vida útil para todas as misturas neste caso foi muito su-

Page 100: Pavimento de Concreto:

| 100 |[Concreto & Construções]

perior ao caso 1, apesar de nenhuma mis-tura ter alcançado a vida útil de 50 anos.

Nota-se que as recomendações da NBR 6118 (2003) para a classe de agressividade II são mais apropriadas do que aquelas para a classe de agressividade III, mas não são necessariamente suficientes, dependendo da vida útil desejada.

3. ReCOmeNdAçõeS pARA FutuRAS RevISõeS dA NBR 6118

Conforme discutido anteriormente, os limi-tes de relação a/mc, resistência à compressão e cobrimento mínimo não garantem que estru-turas duráveis sejam construídas. Uma tendên-cia mundial para que se aumente a durabili-dade e se garanta o desempenho das misturas é a inclusão de requisitos de desempenho nas especificações (TANESI et al., 2008).

Um dos requisitos mais comumente de-finido em especificações por desempenho é a carga passante (ASTM C 1202/2005). O ensaio ASTM C 1202/2005 (ou AASHTO T 277/1996), “Standard Test Method for Elec-

trical Indication of Concrete’s Ability to Re-sist Chloride Ion Penetration”, que usa a condutância elétrica do concreto como um substituto para a difusividade.

Bleszynski et al. (2002) demonstraram que o ensaio ASTM C 1202 (2005) é capaz de captar os benefícios das adições minerais, podendo ser utilizado como um indicador da maior susceptibilidade das misturas à penetração de cloretos.

A ASTM C 1202 (2005) apresenta uma classificação quanto ao risco de penetra-ção de cloretos. No entanto, o intervalo de carga passante que essa norma estipula é muito grande, podendo colocar concretos bem diferentes no mesmo nível de risco de penetração de cloretos. Essa classificação, portanto, não é suficientemente sensível às diferenças microestruturais que podem ocorrer, nem sequer é adequada para ga-rantir a durabilidade das estruturas, espe-cialmente por não considerar as condições de exposição da estrutura.

As especificações por desempenho dispo-níveis, que são, na verdade, especificações híbridas, normalmente não utilizam essa clas-sificação, mas estipulam um valor máximo de carga passante a uma determinada idade. Um valor de 1500 Coulombs tem se mostrado ade-quado para a maioria dos casos com condições de exposição semelhantes a classes de exposi-ção III e IV da NBR 6118 (2003).

Um passo mais adiante seria a especifi-cação do coeficiente de difusão de cloretos que poderia ser utilizado na modelagem matemática para a previsão da vida útil dos concretos.

4. CONSIdeRAçõeS FINAIS

Analisou-se a NBR 6118 (2003) no que concerne à durabilidade e à vida útil. A NBR

Page 101: Pavimento de Concreto:

| 101 | [www.ibracon.org.br]

no

rm

ali

za

çã

o t

éc

nic

a

6118 (2003) está alinhada com a tendência internacional da especificação de classes de agressividade ou de exposição. No en-tanto, elas são relativamente subjetivas.

Além disso, a norma brasileira visa garantir a durabilidade por meio da es-pecificação da relação a/mc máxima, da resistência à compressão mínima e do co-brimento mínimo, sem levar em considera-ção o tipo de material cimentício utilizado. Essa norma também visa garantir a durabi-lidade das estruturas de concreto, porém não especifica a vida útil mínima.

Dois estudos de casos foram utilizados para demonstrar, por meio de modelagem matemática, que os critérios apresentados pela NBR 6118 (2003) não garantem que a durabilidade da estrutura seja necessa-riamente atingida e não diferenciam mis-turas cujos desempenhos podem ser bem

diferentes. As recomendações da NBR 6118 (2003) mostraram-se inadequadas para que uma vida útil mínima aceitável seja atingi-da. Além disso, demonstrou-se que os cri-térios do ACI 318 (2008) resultam em vida útil mais elevada.

Faz-se necessária a transição na dire-ção de especificações por desempenho. Sugere-se que um estágio intermediário seja implementado com a adoção de es-pecificações híbridas, com a diminuição da relação a/mc máxima, aumento do cobri-mento, além da inclusão de outros requi-sitos ou atributos de desempenho, como, por exemplo, a carga passante. Esta pode ser uma maneira eficaz e relativamente simples de aumentar a vida útil das estru-turas, antes que a indústria brasileira es-teja preparada para a implementação de especificações por desempenho.

[01] AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (ACI). ACI 318-08: Building Code Requirements for Structural Concrete and Commentary, Michigan, EUA, 2008.[02] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM C 1202: Standard test method for electrical indication of concrete’s ability to resist chloride ion penetration, Pennsylvania, 2005.[03] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto e execução de obras de concreto armado. Rio de Janeiro, 2003.[04] BLESZYNSKI, R.; HOOTON, R.; THOMAS, M.; ROGERS, C. Durability of ternary blend concrete with silica fume and blast-furnace slag: laboratory and outdoor exposure site studies. ACI Materials Journal, v.99, N.5, p.499-508, 2002.[05] BRITISH STANDARDS INSTITUTION. BS 8500-1: Concrete. Complementary British standard to BS EN 206-1. Part 1. Method of specifying and guidance for the specifier, London, 2006.[06] ISAIA, G. C.. A durabilidade do concreto de alto desempenho e o meio ambiente: um estudo sócio-econômico. In: 41º Congresso Brasileiro do Concreto. Anais. Salvador, 1999.[07] TANESI, J.; CAMARINI, G; SILVA, M. G. Especificações por desempenho aplicadas ao concreto. In: 50º Congresso Brasileiro do Concreto. Anais. Salvador, 2008. n

referências bibliográficas

Page 102: Pavimento de Concreto:

| 102 |[Concreto & Construções]

Numa cerimônia carregada de emoção e marcada pelo es-pírito de confraternização,

a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP) homenageou seu professor titular Paulo Helene, no momento de sua despedida do cargo, por suas inúmeras contribuições à Escola e à área de conhecimento na qual se especializou: a tecnologia do concreto.

“O professor Paulo Helene é um ícone da Escola Politécnica. Sua con-tribuição na reorientação da estru-tura curricular, quando foi gerente de ensino na Poli, tem impactos até os dias de hoje. Sem dúvida, esse reconhecimento não é demonstra-do apenas com pa-lavras, mas com a presença de pessoas tão qualificadas nes-te evento”, abriu as homenagens o pro-fessor José Roberto Cardoso, diretor da EPUSP.

A solenidade aconteceu no dia 5 de abril, no Hotel Unique. “Tratando-se de um pesquisador que devotou sua vida à tecnologia do concreto, a homenagem

acontece nas regionais

Professor Paulo Helene é homenageado em evento organizado por seus colegas da Escola Politécnica

só poderia acontecer num edifício-ícone da arquitetura do concreto, reconhecido mundialmente. Razão pela qual foi esco-

Detalhe da fachada do

Hotel Unique, local onde

aconteceu a homenagem

Créditos: Oficina da Obra

Page 103: Pavimento de Concreto:

| 103 | [www.ibracon.org.br]

ac

on

te

ce

na

s r

eg

ion

ais

lhido o Unique”, justificou o coordenador da cerimônia, professor Vanderley John, sobre o local.

Para o arquiteto Ruy Ohtake, que con-cebeu o Hotel Unique, presente na ceri-mônia, “a homenagem é mais do que jus-ta: o Paulo Helene consegue a proeza de transformar o concreto, material pesado, num material leve para a arquitetura, explorando, com o concreto aparente, sua exuberância em termos de beleza, textura e cor”. Abordando as caracte-rísticas arquitetônicas e de engenharia do Hotel Unique, Ohtake reconheceu a criatividade do engenheiro Mário Franco (“que bolou a estrutura”), também pre-sente na homenagem, e o esmero e audá-

cia do professor Paulo Helene no preparo do con-creto, para que fosse homogê-neo em sua co-

loração (concreto pigmentado) e texturizado em sua aparência (concreto aparente).

A homenagem final coube ao colega e professor Vahan Agopyan, Pró-Reitor de Pós-Graduação da USP. Ele contou alguns causos sobre a história de vida que compartilhou com o professor Paulo Helene, para

elucidar traços de sua personalidade:“Em 1975, numa manhã de sábado,

num curso de pós-graduação, o Paulo pe-diu ao professor, Oscar Costa, da disciplina sobre canteiro de obras, para apresentar seu seminário final em primeiro lugar, por causa de um compromisso inadiável”. ‘_ Mas que compromisso é esse?’, retrucou o professor. ‘_É que vou me casar daqui a pouco, hoje à tarde!’, respondeu o Paulo. O caso ilustra um traço de sua personali-dade: sempre que ele faz algo, faz com seriedade, bem feito e com cuidado”, concluiu Agopyan.

“Quando o professor Fusco, presente nesta cerimônia, foi convidado pelo Insti-

tuto de Pesquisa Tecnológicas (IPT) para proferir palestra sobre novas metodologias de controle de qua-lidade do concreto, um de nós es-tudou o assunto antes da palestra e foi o único a ousar fazer pergun-tas. Esse colega foi o Paulo Helene, que, além de sua seriedade, tinha estudado o tema previamente, fa-

zendo as coisas com dedicação”.

“De volta do exterior, onde tomou conheci-mento da moder-na abordagem da construção civil, focada na sua qualidade, o Pau-

lo sentia que os profissionais brasi-leiros deveriam ter a oportunidade

Professor José Roberto Cardoso discursa na cerimônia em homenagem ao professor Paulo Helene

Ruy Ohtake discursa aos presentes na homenagem sobre as contribuições do professor Paulo Helene no preparo do concreto do Hotel Unique

Créd

itos

: FT

DE

Créd

itos

: FT

DE

Page 104: Pavimento de Concreto:

| 104 |[Concreto & Construções]

de tomar conhe-cimentos dessa nova abordagem. Empenhou- se , então, de corpo e alma, com sa-crifício pessoal enorme, para que a Fundação Tec-nológica para o Desenvolvimen-to da Engenharia (FTDE) organizas-se um curso sobre a qualidade na construção com professo-res espanhóis. Esse é o Paulo, sempre quer compartilhar o conhecimento, quer passar seu conhecimento para a sociedade”.

“A antiga divisão de habitação do IPT contratou o Paulo Helene, em tempo parcial, para gerir uma equipe multidisciplinar vincu-lada a um projeto de conjunto habitacional em Santos. O trabalho foi formidavelmente realizado, porque o Paulo Helene é um dos melhores gestores de equipe que conheço”.

Nas palavras do próprio Vahan, como o evento cresceu de um grupo de amigos solida-rizados em homenagear o colega para um jantar em sua homenagem, ele

só pôde ser v iab i l izado com o pa-trocínio da As soc iação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), da Cauê, da Fundação Tecnológica para o Desenvolvi-mento da Engenharia (FTDE), da Holcim e da Votorantim Cimentos, e com o apoio da Associação Brasileira dos Escritórios de En-genharia e Consultoria Estrutural (ABECE), da ALCONPAT e do Instituto Brasileiro do Concreto – IBRACON.

FutuRO dO CONCRetOCom voz embargada, no

momento de apresentação de sua palestra sobre o futuro do concreto, o professor Paulo He-lene, agradeceu emocionado as homenagens recebidas, reco-nhecendo que apenas fez parte de projetos maravilhosos, lide-rados por profissionais, como o Ruy Ohtake e o Mário Franco; por empresas, como a Engemix e a Método, construtora do Uni-que; e por instituições, como a EPUSP, o IBRACON, a ABNT. “É gostoso e maravilhoso fazer parte desses projetos de obras e dessas instituições”. “Tenho muito orgulho de fazer parte da Escola Politécnica que tanto me deu”, retribuiu mirando o Diretor da Escola.

Professor Paulo Helene profere palestra sobre o futuro do concreto na cerimônia

Audiência ouve os casos de história de

vida contados pelo professor

Vahan Agopyan

Créd

itos

: FT

DE

Créd

itos

: FT

DE

Page 105: Pavimento de Concreto:

| 105 | [www.ibracon.org.br]

ac

on

te

ce

na

s r

eg

ion

aisHelene dedicou também uma curta ho-

menagem aos profissionais que marcaram sua vida profissional: Décio de Zagottis, por sua pontualidade e quadro negro invejável; Elá-dio Petrucci, excelente professor de concreto e materiais; Figueiredo Ferraz, que dispensa referências; Francisco Landi, seu orientador de mestrado, doutorado e de vida; Lauro Mo-desto (presente no evento), por sua grandeza de saber e afetividade; Oscar Costa, líder do departamento de engenharia civil da EPUSP em obras de grande porte; e Péricles Fusco, pelos seus ensinamentos sobre o controle tecnológico do concreto e postura científica inovadora. “Muito obrigado, meus queridos professores!”, agradeceu.

Em sua palestra, o professor Paulo Helene mostrou o quanto a tecnologia do concreto evoluiu, desde sua patente em 1892, quando se tornou o mais recente material estrutural disponível em larga escala para a construção civil. Mesmo sendo o mais jovem dos mate-riais estruturais, já na década de 70, quando Helene se formou, foi possível, segundo ele, partindo de ábacos simplistas de dosagem de Caldas Branco, viabilizar a construção de obras maravilhosas como o Museu de Arte Moderna de São Paulo – MASP, marco da en-genharia de concreto paulistana.

Recentemente, foram incorporados os conceitos de durabilidade e sustentabilida-de, dando como exemplo o concreto utili-zado no edifício e-Tower, em São Paulo. Helene comentou ainda a façanha dos pri-

meiros “ arranha-céus” em concreto arma-do, citando o Palácio Salvo, em Montevi-déu, e o Edifício Martinelli, em São Paulo. Citou Freyssinet e sua enorme contribuição aos materiais estruturais com a patente do concreto protendido, que viabilizou a construção da Ponte Estaiada Octávio Frias de Oliveira, em São Paulo.

Vislumbrou que o futuro do concreto é a própria autossuperação desse material, que tem se desenvolvido muito nos últimos anos, nas formas de concreto autoadensá-vel, concreto de alto desempenho, concre-to autolimpante, concreto translúcido, con-creto que absorve energia solar, concreto com fibras, e outros ainda mais inovadores.

Mostrando seu imenso apreço pelo con-creto, Paulo Helene concluiu sua palestra com a informação de que, dos 57 edifícios em construção atualmente no mundo e para serem inaugurados até 2013, com altura su-perior a 300m, 37 são em concreto, 19 são mistos concreto/aço e apenas 01 é total-mente metálico. “Em 100 anos, o concreto superou todos os limites e fronteiras do co-nhecimento em engenharia de projeto e de construção de estruturas!”, arrematou.

Após sua palestra, as 165 pessoas pre-sentes confraternizaram-se durante o jantar oferecido, seguido de audição de música operística italiana, sob direção do professor João Gaspar Djanikian, com a presença da renomada soprano Tati Hele-ne, sobrinha do homenageado.

Num encontro informal no Escritó-rio Zamarion e Millen Consulto-res, no último dia 24 de março,

o professor Tulio Bittencourt, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, fez a entrega do Prêmio conferido pelo VII Simpósio EPUSP de Estruturas de Concreto ao engenheiro José Zamarion Diniz.

A honraria foi prestada na Solenidade

Homenageado pelo VII EPUSP recebe seu prêmio

de Abertura do evento, ocorrido conjunta-mente com o 51º Congresso Brasileiro do Concreto, de 6 a 10 de outubro de 2009, na ExpoUnimed, em Curitiba. Por conta da saúde debilitada, o engenheiro Zamarion não pôde receber o prêmio, motivo pelo qual ele foi entregue posteriormente.

“É nossa obrigação fazer essa homena-gem a um profissional que tanto contribuiu

Page 106: Pavimento de Concreto:

| 106 |[Concreto & Construções]

para o avanço da en-genharia de estrutu-ras em concreto em nosso país”, declarou Bittencourt no mo-mento da entrega do Prêmio.

Zamarion foi um dos coordenadores da Comissão Revi-sora da Norma Bra-sileira ABNT NBR 6118/2003, tendo concorrido ativamente para que ela entrasse em vigor em nosso país. “Durante mais de 2 anos, o Zamarion reuniu-se com outros grandes profissionais estruturais, (Fernando Stucchi e Ricardo França), todos os sábados, neste escritó-rio, para desenvolver a norma de proje-tos de estruturas de concreto”, salientou o engenheiro Eduardo Barros Millen, também presente no encontro.

Ele integrou também a Comissão Revi-sora da ABNT NBR 9062 — Projeto e Execu-ção de Estruturas de Concreto Pré-Molda-

do. Foi presidente do Instituto Brasi-leiro do Concreto — IBRACON, além de seu fundador, nos biênios de 1993-1995 e 1995-1997. É sócio honorário da Associação Brasilei-ra de Engenharia e Consultoria Estrutu-ral — ABECE.

Formado em engenharia civil pela Es-cola de Engenharia da Universidade Fede-ral de Minas Gerais, em 1956, Zamarion foi professor de concreto armado e de concre-to protendido naquela Escola, tendo publi-cado diversos artigos em publicações técni-cas e científicas nacionais e internacionais. É autor do livro “Manual para Cálculo de Concreto Armado e Protendido”.

Atualmente, Zamarion é diretor da Za-marion e Millen Consultores, onde desen-volve atividades de consultoria no campo das estruturas de concreto. n

Engenheiro José zamarion posa com prêmio entregue pelo Professor Túlio bittencourt

Page 107: Pavimento de Concreto:
Page 108: Pavimento de Concreto: