Paulo_Judeu 03

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Page 1: Paulo_Judeu 03

Paulo, o judeu

entendendo as cartas paulinas

em perspectiva judaica

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EXPERIÊNCIA MÍSTICA COM CRISTO

1. Introdução:

- Quanto mais tempo distante da

experiência, mais a pessoa aprende o

significado social do que se passou.

- o passado é reavaliado a partir do significado

- Paulo sobre seu passado: influenciado pelos

seus compromissos presentes

- Lucas enfatiza o indivíduo convertido por

poderes sobre os quais ele não tem controle

- Paulo focaliza a dimensão social da

experiência de conversão como indivíduo que

desenvolve um novo mundo de significado a

partir de sua entrada num novo grupo.

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2. Contexto histórico no qual Paulo fez sua

experiência mística com o Ressuscitado

- Durante o período helenista (iniciado em 333

aC), a sociedade israelita se dividiu em seitas

(facções) que diferiam sobre várias questões

- Essas seitas competiam ferozmente entre si

- Nessa atmosfera a conversão religiosa era

tão comum quanto hoje

- Na migração entre seitas estava a busca

religiosa pessoal

- O relato de Paulo sobre a experiência mística

deve considerar os fenômenos religiosos

judaicos e greco-romanos de seu tempo.

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3. Os relatos de Paulo sobre a experiência

mística dele (p. 69-130):

- Paulo é tanto um convertido quanto um

místico e o misticismo na Judéia do primeiro

século era apocalíptico.

- Paulo é o único místico apocalíptico, no

primeiro século, cujo escrito confessional e

pessoal chegou até nós (p. 94, 99-100)

- Escassez de textos: rabinos proibiram a

discussão pública do fenômeno místico (p. 111).

- Paulo relata viagens celestiais nas quais

segredos lhe são revelados

- Ele acredita que sua salvação se encontra em

uma identificação corpo com seu Salvador.

- embora enfatize uma vida de disciplina

espiritual, ao invés de um único evento

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- Em 2 Cor 12,1-9, ele descreve essa

experiência:

→ não é para gabar-se, “um homem”: retórica

exige modéstia, trata-se de Paulo mesmo;

→ é um apocalipse (revelação);

→ há quatorze anos;

→ terceiro céu;

→ no corpo ou fora do corpo: não é um

transporte físico (p. 78), mas uma jornada por

meio de um corpo espiritual (p. 95).

→ ouviu informações secretas (p. 71-73)

- É possível que esse texto de 2Cor 12 registre

a experiência de conversão original de Paulo (p.

73), embora não a descreva definitivamente

(p.74).

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- Apocalipticismo e misticismo tem sido tratados

como categorias separadas. Mas textos

místicos judaicos estão repletos de apocalipses.

- A literatura apocalíptica antiga é baseada em

visões , havia práticas especiais para alcançá-

las (p.103).

- A imagem central do misticismo judaico (Ez 1)

é a glória de Deus em forma humana (p. 100-

101) no trono-carruagem (merkabah).

- daí se derivou a figura do filho do homem no

apocalipticismo, como uma figura angélica

(chefe dos anjos)

- A experiência de Paulo é diferente da de

outros místicos judeus porque ele identifica

essa figura com Cristo (p. 110).

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- O resultado da jornada celeste: identificação

de Cristo com a glória de Deus (p. 115).

- O apostolado de Paulo, que é um chamado

profético, é proclamar que a face de Cristo é a

glória de Deus.

- A legitimidade do apostolado de Paulo está

nesta revelação que recebeu (p. 129).

- Nas jornadas celestiais geralmente aparece o

tema da transformação angelical.

- A transformação da pessoa é feita à

semelhança de uma mudança de veste, é uma

metamorfose (p. 94).

- A transformação de alguém em seu estado

imortal é descrita como esse alguém se

tornando uma figura angélica (p. 96).

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- A discussão mais longa de Paulo sobre esses

temas acontece em 2 Cor 3,18–4,6:

→ refletimos como num espelho a glória do

Senhor

→ somos transfigurados nessa mesma imagem

(p. 112-121).

- Daqui se inicia a transformação como evento

contínuo que culminará na Parusia.

- Havia cristãos cuja fé em Jesus somente

completou suas crenças anteriores, no

judaísmo.

- Paulo é um fariseu cuja fé em Cristo

transformou seu judaísmo, e mais ainda, sua

conversão faz uma diferença palpável em seu

cristianismo, criando uma nova compreensão

sobre a missão de Jesus (p. 130).

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4. A conversão na sociedade de Paulo (p.

131-194):

- Paulo falou dos estados internos através de

vocabulários proféticos, extáticos ou

místicos, que se aproximam dos termos

modernos da conversão.

- A expressão que Paulo mais usa nos seus

escritos para descrever essa experiência é

transformação.

- No judaísmo (e depois no cristianismo), a

conversão era uma escolha nova para uma

ressocialização :

- devido a uma falta encontrada no mundo;

- Resultando na construção de uma nova

estrutura de identidade a partir do novo grupo;

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- o convertido não tinha amnésia, mas dava

novo significado a tudo que havia conhecido;

- a conversão inicia um processo de

compromisso com o grupo

- A conversão gradual era o padrão típico e

esperado, pedagogicamente as seitas

ofereciam suas verdades.

- O cristianismo não foi a única seita judaica a

fazer “proselitismo”, seu estilo “proselitista”

estava enraizado no judaísmo, embora tenha

feito missão mais que todas as outras seitas

- os outros grupos: pouco interessadas numa

missão gentílica,se limitavam a judeus de

outras seitas.

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- As primeiras lições que os prosélitos recebiam

eram desprezar os deuses.

- O judaísmo foi acusado de intolerância, ou

seja, de provocar antipatriotismo e desamor às

famílias.

- Por isso os judeus tentavam provar

superioridade moral através de regras de

comportamento.

- Dentre os judeus helenistas exigiam apenas

ritos simbólicos da vida judaica em geral e não

representativos de um ritual específico de

conversão

- O apócrifo José e Asenath é o modelo do

proselitismo no mundo helenista.