Paulo Henriques Britto SLIDE

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“ESCREVO ACIMA DE TUDO POR ACHAR QUE ESCREVER É FUNDAMENTAL PARA EU CONTINUAR ME SENTINDO QUE SOU QUEM SOU, E POR SER O ATO DE ESCREVER UMA FONTE DE INTENSO PRAZER.” Paulo Henriques Britto

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Apresentação de slides sobre a poética metalinguística de Paulo Henriques Brito

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Paulo Henriques Britto

escrevo acima de tudo por achar que escrever fundamental para eu continuar me sentindo que sou quem sou, e por ser o ato de escrever uma fonte de intenso prazer. Paulo Henriques Britto

Nasceu no Rio de Janeiro, em 1951

Viveu no Brasil at 1962 quando foi para os EUA, onde residiu at 1964

O perodo mais relevante para sua literatura foram os anos de 1972 e 1973, em que viveu e estudou cinema na Amrica do Norte.

Paulo Henriques Britto diz ser poeta pelo simples fato de ter, quando adolescente, percebido-se incompetente para produzir outros tipo de arte que lhe encantavam

Foi a msica quem primeiro tomou o corao do poeta. Porm, afirmou em entrevistas nunca ter sido capaz de tornar-se um bom msico.

Talvez a motivao mais forte de todas seja tambm uma negativa: a minha absoluta falta de talento musical. Nenhuma arte to importante para mim quanto a msica; nada me afeta tanto quanto a msica. E a constatao de no ter o mnimo de talento necessrio para sequer ser um msico medocre, um msico amador medocre, me levou a tentar a sorte na arte que me interessava mais depois da msica, a literatura. Por que escrevo.A literatura esteve presente na vida de Britto desde cedo.

Em sua adolescncia ficou impressionado com a obra de Kafka.

Quando jovem, Britto produziu e praticou a poesia e a prosa - mesmo acreditando que nunca seria de fato realmente bom como aqueles que admirava.

nessa poca que o poeta retorna para os EUA.

O poeta cursou cinema por um semestre, na tentativa de se aproximar de outra arte onde pudesse produzir.

Percebeu que tambm no teria sucesso no cinema e retornou ao Brasil completamente mudado e fluente em ingls, o que far grande diferena em sua carreira.

Suas experincias no exterior refletiram na literatura, alterando seus gostos literrios e sua forma de produo.

Influenciado por autores como Eliot, Pound, Williams e Stevens, Britto notou que a forma tradicional poderia ser explorada com imenso potencial e trazida para sua poesia.Aps seu regresso, Britto parou com suas produes poticas por algum tempo e manteve-se primeiramente como professor de ingls e tradutor.

Atravs do trabalho de tradutor se aproximou novamente da poesia, traduzindo grandes autores tanto de poesia como prosa - o que o autor diz ter cultivado sua habilidade artesanal com as palavras.

Britto trouxe para seus poemas o encanto que sempre teve em relao s formas tradicionais e mesclou isso com sua formao ditada pelas vanguardas brasileiras e sua abolio da tradio.

H um visvel paradoxo entre essas duas correntes, que o poeta resolve enquanto tenta remodelar as formas tradicionais. Como ao mudar os acentos de um decasslabo ou escapar de uma mtrica rgida usando o encadeamento entre versos.

Foi contemplado com os seguintes prmios:

Prmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira, pela obraMacau, concedido pela Portugal Telecom, 9 de novembro de 2004.

Prmio Alceu Amoroso Lima - Poesia 2004, pela obraMacau, concedido pelo Centro Alceu Amoroso Lima Para a Liberdade e a Universidade Candido Mendes, 9 de dezembro de 2004.

Prmio Alphonsus de Guimaraens na categoria Poesia, pela obraTrovar claro, concedido pela Fundao Biblioteca Nacional, 22 de dezembro de 1997.

Prmio Paulo Rnai na categoria Traduo de Autores Estrangeiros para o Portugusda obraA mecnica das guas, de E. L. Doctorow, concedido pela Fundao Biblioteca Nacional, 20 de dezembro de 1995.

Dez Sonetos Sentimentais I 1 Se por acaso a mo que escreve toca 2 uma coisa qualquer a que negado 3 o se deixar pegar, e se essa mo 4 desentranha do fundo da caneta 5 um desses pedaos de conscincia 6 que no se deixa nunca ultrapassar 7 a linha dos dentes, se a mo inventa 8 alguma coisa feia e porca, um verme 9 que se debate entre as linhas da pauta 10 como quem quer morrer mas no consegue, e 11 se no instante antes do risco mortal 12 a mo hesita e espera, como quem 13 teme uma certeza, ou sente no fundo 14 do medo uma espcie de compaixo? (BRITTO, 1982, p.17)

a mo que escreve toca/ uma coisa qualquer a que negado (versos 1 e 2) um desses pedaos de conscincia (verso 5) a mo inventa/ alguma coisa feia e porca (versos 7 e 8) uma espcie de compaixo? (verso 14)

Mo toca (verso 1), desentranha (verso 4), inventa (verso 7), hesita e espera (verso 12).Anlise Estrutural1 Se/ por/ a/ca/so a/ mo/ que es/cre/ve/ to/ca _ 4, 8, 102 u/ma/ coi/sa/ qual/quer/ a/ que / ne/ga/do _ 3, 6, 103 o/ se/ dei/xar/ pe/gar/, e/ se es/sa/ mo/ _ 4, 8, 104 de/sen/tra/nha/ do/ fun/do/ da/ ca/ne/ta _ 3, 6, 105 um/ des/ses/ pe/da/os/ de/ cons/ci/n/cia _ 2, 5, 106 que/ no/ se/ dei/xa/ nun/ca ul/tra/pas/sar/ _ 4, 6, 107 a/ li/nha/ dos/ den/tes/, se/ a /mo in/ven/ta _ 2, 5, 108 al/gu/ma/ coi/sa/ fei/a e /por/ca, um /ver/me _ 4, 8, 109 que/ se/ de/ba/te en/tre as/ li/nhas/ da/ pau/ta _ 4, 7, 10 -10 co/mo/ quem/ quer/ mor/rer/ mas/ no/ con/se/gue, e _ 4, 8, 1011 se/ no ins/tan/te an/tes/ do/ ris/co/ mor/tal/ _ 3, 7, 1012 a/ mo/ he/si/ta e es/pe/ra/, co/mo/ quem/ _ 4, 8, 1013 te/me u/ma/ cer/te/za, ou/ sen/te/ no/ fun/do _ 1, 5, 7, 1014 do/ me/do u/ma es/p/cie/ de/ com/pai/xo?/ _ 2, 5, 10Anlise EstruturalForma regular;14 versos decasslabos;Ritmo pouco varivel: possui como base a acentuao herica e sfica;Acentuao:4, 8 e 10 slabas;3, 6 e 10 slabas;2, 5 e 10 slabas;ParticularidadesVerso 7:Junta-se mo + in (9 slaba) ao invs de juntar se + a (7 slaba) para atenuar o acento de mo;Verso 12:Vrgula antes de como provoca pausa e o acento passa da 6 para a 8 slaba;Versos 9, 11 e 13:Acentuao diferenciada (tonicidade na 7 slaba);

Art Potique I 1 Porrada de problemas insolveis, 2 a va sans dire mas o pior que 3 mudam sempre de forma, como nuvens 4 num dia de muito vento ou um leque 5 fechando e abrindo no, a imagem estpida, 6 e no tem nada a ver com essa histria; 7 o smile do leque foi sem dvida 8 puxado pela rima feito glria 9 com memria no entanto, quem garante 10 que este modo de atrelar pensamentos 11 seja pior que outro qualquer? que o antes 12 no possa vir depois? que o encadeamento 13 tenha que obedecer a algum sistema? 14 (Mas isso s o primeiro problema.) (BRITTO, 2007, p.53)Anlise Estrutural1 Por/ra/da/ de/ pro/ble/mas/ in/so/l/veis, A _ 2, 6, 102 a/ va/ sans/ di/re/ mas o/ pi/or/ / que/ B _ 3, 6, 103 mu/dam/ sem/pre/ de/ for/ma/, co/mo/ nu/vens A _ 3, 6, 104 num/ dia/ de/ mui/to/ ven/to/ ou /um/ le/que B _ 2, 6, 105 fe/chan/do e a/brin/do/ no, a i/ma/gem/ es/t/pida, C _ 2, 4, 6, 106 e/ no/ tem/ na/da a/ ver/ com/ es/sa his/t/ria; D _ 2, 4, 6, 107 o /s/mi/le/ do/ le/que/ foi/ sem/ d/vida C _ 2, 6, 108 pu/xa/do/ pe/la/ ri/ma/ fei/to/ gl/ria D _ 2, 4, 109 com/ me/m/ria/ no en/tan/to/, quem/ ga/ran/te E_ 3, 6, 1010 que es/te/ mo/do/ de a/tre/lar/ pen/sa/men/tos F _ 3, 7, 1011 se/ja/ pi/or/ que ou/tro/ qual/quer/? que o/ an/tes E _ 4, 8, 1012 no/ pos/sa/ vir/ de/pois/? que o en/ca/dea/men/to F _ 2, 6, 1013 te/nha/ que o/be/de/cer/ a al/gum/ sis/te/ma? G _ 3, 8, 1014 (Mas/ is/so // s o/ pri/mei/ro/ pro/ble/ma.) G _ 2, 7, 10Anlise EstruturalArt Potique I faz parte de uma sequncia de trs poemas de mesmo nome. O II um soneto. O I e o III so compostos por apenas uma estrofe.Rima ABAB CDCD EFEF GG;Ritmo regular que varia entre versos hericos e sficos (aproximao com Dez Sonetos Sentimentais I);EXCESSO: versos 10 e 14 (tnica na 7 slaba) comum na obra dele (versos 9, 11 e 13 do Dez Sonetos Sentimentais I);Versos 5, 6, 7 e 8: metalingusticos. Eu lrico brinca c com o ritmo: aps explicar a construo da rima, a mesma muda no prximo verso (9).

Incio do poema x Fim do poemaA temtica afunilada ao longo do poema: restrio temtica:Primeiro verso: porrada de problemasltimo verso: isso s o primeiro problemaPassa-se de vrios problemas para a problematizao de uma temtica central: h vrios questionamentos, mas todos apontam para a existncia ou inexistncia de determinados traos na composio potica;Pode ser, tambm, o primeiro poema da srie (de trs): outros dois viro para discutir outras dificuldades do fazer potico;BIBLIOGRAFIABRITTO, Paulo Henriques. Liturgia da matria. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira,1982. (Coleo Poesia Hoje; v.59)BRITTO, Paulo Henriques. Tarde. So Paulo: Companhia das Letras, 2007.PAULO HENRIQUES BRITTO: A criatividade no se ensina. Disponvel em: . Acesso em: 06 junho 2015.Paulo Henriques Britto: Biografia. Disponvel em: . Acesso em: 07 junho 2015.Paulo Henriques Britto: Produo Cultural no Brasil. Disponvel em: . Acesso em: 06 junho 2015.SOUZA, Nal Baptista de. A potica de Paulo Henriques Britto. 2013. 1 CD-ROM. Trabalho de concluso de curso (bacharelado -Letras) - Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho, Faculdade de Cincias e Letras (Campus de Araraquara), 2013. Disponvel em: . Acesso em 06 de junho 2015.