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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL CONSTRUÇÃO DE PRIMERS E OTIMIZAÇÃO DE ENSAIOS DE PCR E DE NESTED-PCR PARA A DETECÇÃO ESPECÍFICA DE Tritrichomonas foetus Paula Rogério Fernandes Orientador: Prof. Dr. Guido Fontgalland C. Linhares GOIÂNIA 2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

CONSTRUÇÃO DE PRIMERS E OTIMIZAÇÃO DE ENSAIOS DE PCR E DE NESTED-PCR PARA A DETECÇÃO ESPECÍFICA DE

Tritrichomonas foetus

Paula Rogério Fernandes

Orientador: Prof. Dr. Guido Fontgalland C. Linhares

GOIÂNIA 2005

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PAULA ROGÉRIO FERNANDES

CONSTRUÇÃO DE PRIMERS E OTIMIZAÇÃO DE ENSAIOS DE PCR E DE NESTED-PCR PARA A DETECÇÃO ESPECÍFICA DE

Tritrichomonas foetus

Dissertação apresentada para

obtenção do grau de mestre em

Ciência Animal junto à Escola de

Veterinária da Universidade Federal

de Goiás

Área de concentração: Sanidade Animal

Orientador: Prof. Dr. Guido Fontgalland C. Linhares Comitê de Orientação: Prof. Dra. Andréa Caetano da Silva Prof. Dra. Maria Lúcia Gambarini Meirinhos

GOIÂNIA 2005

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(GPT/BC/UFG)

Fernandes, Paula Rogério.

F363c F363c Construção de primers e otimização de ensaios de PCR e de

nested-PCR para a detecção específica de Tritrichomonas foetus Artigo III. / Paula Rogério Fernandes. – Goiânia, 2005. Artigo IV. xiii, 47 f. : il. color. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Escola de Veterinária, 2005. Bibliografia: f. 43 Artigo V. Inclui lista de figuras, de quadros e de abreviaturas.

1. Protozoário (Trichonomas foetus) – Diagnóstico 2. Trico- monose (Bovina) 3. Reação em cadeia da polimerase I. Univer- sidade Federal de Goiás. Escola de Veterinária II. Título. CDU: 593.1

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PAULA ROGÉRIO FERNANDES

Dissertação defendida e aprovada em 25/02/2005, pela Banca

Examinadora constituída pelos professores:

__________________________________________

Prof. Dr. Guido Fontgalland Linhares – EV/UFG

(ORIENTADOR (A))

__________________________________________

Prof. Dra. Rosângela Zacarias Machado – UNESP/Jaboticabal

__________________________________________

Prof. Dra. Valéria de Sá Jaime – EV/UFG

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Dedico ao meu pai, por todos os abraços cancelados pela eternidade, à minha mãe, esteio de minha vida, aos meus irmãos e ao Rapha, meu companheiro e amigo. Sem a compreensão deles este trabalho se tornaria menos gratificante.

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AGRADECIMENTOS Meus agradecimentos não poderiam deixar de se iniciar pelo meu

orientador, amigo, mestre, professor Guido, uma pessoa sempre com algo

positivo para dizer, que ao falar, falava o que realmente era necessário, ao sorrir,

procurava sorrir também com os olhos – um exemplo de humildade e sabedoria

profissional e pessoal. Agradeço pelas horas que não hesitou em me ensinar,

pela confiança que não deixou de ter, pela liberdade de exposição de idéias,

pensamentos e opiniões que em nenhum momento tentou vetar.

Obrigada por me incentivar, juntamente com as minhas co-orientadoras:

Maria Lúcia, pela continuidade de sua dedicação espontânea à minha formação

profissional desde a graduação, me apoiando, confiando na minha capacidade e

sabendo que não precisava hesitar em me dar conselhos; Andréa, pela educação,

amizade e enorme boa vontade em todos os momentos que convivemos. Ainda,

ao prof. Benedito, que me “adotou” e sempre se interessou pela minha carreira.

À CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior, por apoiar o meu aperfeiçoamento profissional, concedendo-me uma

bolsa; à FUNAPE – Fundação de Apoio à Pesquisa UFG, mobilizando recursos

para eventuais necessidades que surgiam durante a execução do experimento e

para apresentação de trabalhos em congressos.

À Universidade Federal de Goiás, com seus professores e funcionários, em

especial o Departamento de Medicina Preventiva, que tomo a liberdade de

representá-lo na pessoa do prof. Francisco, com seus abraços amigos, que me

passavam todo o seu carinho a cada manhã, abraços estes que me lembrarei por

toda a vida. Não deixando de citar outros setores da escola, como o Setor de

Reprodução, representado pelos professores Maria Lúcia e Benedito, e o CPA –

Centro de Pesquisa em Alimentos, na figura da professora Iolanda.

Contei com a companhia de amigas do laboratório de Diagnóstico de

Doenças Parasitárias do Setor de Medicina Veterinária Preventiva da Escola de

Veterinária da UFG – obrigada pelo espírito de cooperação.

Durante a execução do nosso experimento necessitamos da colaboração

de outras instituições que nos disponibilizaram amostras de referência de DNAs

genômicos que dependíamos, confiando em nosso trabalho: Drª Andréa Caetano

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da Silva do IPTSP/UFG, cujo convênio com o Departamento de Sanidade Animal

da Universidad Complutense de Madrid, nos permitiu o acesso à coleção do Dr.

Luis Miguel Ortega Mora (Neospora caninum); Drª. Willia M. E. D. de Brito do

IPTSP/UFG (Herpesvirus bovino tipo-1); Dr. Sílvio Arruda Vasconcelos do

Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal/USP (espécies

do gênero Brucella e sorovares de Leptospira interrogans); Dr. Andrey Pereira

Lage do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Setor de Doenças

Bacterianas da EV/UFMG (Campylobacter fetus venerealis e Campylobacter fetus

fetus); Drª. Maristela Cardoso do Núcleo de Reprodução do Instituto Biológico de

São Paulo/NURAIB (Ureaplasma diversum e Mycoplasma bovigenitalium); Dr.

Elmiro Rosendo do Nascimento do Departamento de Saúde Coletiva Veterinária e

Saúde Pública/UFF (Mycoplasma bovis); Dr. Gustavo Freneau, pelos contatos

com o Departamento de Patobiologia da Faculdade de Veterinária da

Universidade Kansas State University (ATCCs de Tritrichomonas foetus e

Tritrichomonas suis).

Aos amigos Débora, Alberto e Fabiano, além de vários outros colegas do

curso de mestrado, que tornaram essa caminhada muito mais prazerosa.

Por último, mas nunca em menor valor ou lembrança, à minha família: à

meu pai ausente, porém nossa afeição nos permitiu carregar palavras,

sentimentos, pensamentos, atitudes e conselhos próprios de nós dois; à minha

mãe, pelo orgulho depositado e pelo interesse na minha carreira; meus irmãos, e

ao Rapha, grande incentivador do meu dia-a-dia e da minha busca pela felicidade.

Agradeço a Deus, pelo caminho percorrido até aqui e até pelo que me

espera. A Ele também agradeço por todos aqueles que por um instante me falha

a memória e aqui não os cito, enfim, sou grata por ter tentado algo novo na vida, e

agradeço por tentar para valer e constantemente estar adicionando vivências

como esta na minha vida.

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“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.” Carlos Drummond de Andrade

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 4

2.1 Caracterização morfológica e biológica de T. foetus .................................... 4

2.2 Importância Econômica ................................................................................. 4

2.3 Diagnóstico ................................................................................................... 6

2.3.1 Colheita de Material ................................................................................... 6

2.3.2 Exames Laboratoriais ................................................................................ 6

3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 16

3.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 16

3.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 16

4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 17

4.1 Obtenção de amostras de DNA referência ................................................... 17

4.2 Delineamento para ensaios de PCR ............................................................. 18

4.2.1 Construção de primers ............................................................................... 19

4.2.2 Protocolo padrão para a reação de PCR ................................................... 20

4.2.3 Controles para as reações de PCR ........................................................... 21

4.2.4 Determinação e avaliação da especificidade dos primers ......................... 22

4.2.5 Otimização do protocolo padrão para a reação de PCR ........................... 22

4.2.6 Avaliação e desenvolvimento de ensaio de nested-PCR para T. foetus ... 23

4.2.7 Determinação e avaliação da sensibilidade das reações .......................... 23

4.2.8 Leitura das reações de PCR ...................................................................... 24

4.2.9 Documentação fotográfica ......................................................................... 24

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 25

5.1 Construção de primers .................................................................................. 25

5.2 Avaliação de primers e protocolo para ensaio de PCR ................................ 31

5.3 Determinação e avaliação da especificidade dos primers ............................ 32

5.4 Otimização do protocolo padrão para a reação de PCR .............................. 34

5.5 Avaliação e desenvolvimento de ensaio de nested-PCR para T. foetus ...... 37

5.6 Determinação e avaliação da sensibilidade das reações ............................ 38

6 CONCLUSÕES ................................................................................................ 42

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 43

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estrutura da seqüência dos genes empregados para o alinhamento e seleção de primers para a detecção de T. foetus.

19

Figura 2 Seções do alinhamento do gene 18S rRNA de T. foetus (AY055799), T. suis (AY055800), T. mobilensis (AY 055801), T. augusta (AY055802) e T. nonconforma (AY055803) e localização do primer foward gênero-específico TGF (marcação em azul).

29

Figura 3 Seções do alinhamento do gene 28S rRNA de T. foetus (Z18239), T. muris (Z18255) e T. augusta (Z18261) e localização do primer reverse gênero-específico TGR (marcação em rosa).

29

Figura 4 Seções do alinhamento dos genes 18S rRNA, ITS1, 5,8S rRNA, ITS2 e 28S rRNA de T. foetus (AF466751), T. vaginalis (U86613), T. gallinae (U86614), T. tenax (U86615), T. foetus (U85967), Tetratrichomonas (AF340154) e P. hominis (AF342741) e localização do primer foward espécie-específico TEF (marcação em verde).

29

Figura 5 Seções do alinhamento do gene 28S rRNA de T. foetus (Z18239), T. muris (Z18255) e T. augusta (Z18261) e localização do primer reverse espécie-específico TER (marcação em amarelo).

29

Figura 6 Eletroforese de amplicons de 429 pb de T. foetus obtidos na reação de PCR padrão para avaliação parcial da especificidade do par de primers TEF/TGR.

32

Figura 7 Eletroforese de produtos de 429 pb de T. foetus obtidos na otimização de ensaios de PCR padrão.

36

Figura 8 Representação esquemática e localização dos primers TGF, TGR e TEF nas seqüências dos genes 18S rRNA (GenBank n° AF466751), 5,8S rRNA (GenBank n° AF466751) e 28S rRNA (GenBank n° Z18239) de T. foetus e os respectivos fragmentos alvo (628 pb e 429 pb).

37

Figura 9 Eletroforese de fragmentos de 429 pb de T. foetus obtidos na avaliação de sensibilidade de diferentes protocolos de PCR e nested-PCR.

40

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Seqüências de oligonucleotídeos (primers) selecionados para a amplificação específica de fragmentos do gene 18S rRNA, ITS1, 5,8S rRNA, ITS2 e 28S rRNA de Tritrichomonas foetus pela reação de PCR.

26

Quadro 2 Localização dos primers TGF, TEF, TER e TGR nas seqüências parciais de referência dos genes 18S rRNA e 28S rRNA e nas seqüências completas do gene 5,8S rRNA de T. foetus.

27

Quadro 3 Resultados dos ensaios de PCR para a avaliação de diferentes combinações de pares de primers gênero e espécie-específicos para T. foetus.

32

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LISTA DE ABREVIATURAS

A Adenina ATCC American Type Culture Collection bp Base pair (pares de base) BVD Diarréia bovina a vírus C Citosina °C Graus Celsius DNA Ácido desoxirribonucléico dNTP Desoxirribonucleotídeo dNTPs Desoxirribonucleotídeos G Guanina h Horas IEP Intervalo entre partos

ITS1 Primeiro espaço transcrito do rDNA; internal transcribed spacer ITS1; interspacer ITS1

ITS2 Segundo espaço transcrito do rDNA; internal transcribed spacers ITS2; interspacer ITS2

kb Kilobases MB Megabyte MgCl2 Cloreto de magnésio mL Mililitro mm3 Milímetro cúbico mM Milimolar n Número de cromossomos ng Nanogramas NURAIB Núcleo de Reprodução Animal do Instituto Biológico de São Paulo OIE Organização Mundial de Saúde Animal pb Pares de base PCR Reação em cadeia da polimerase pg Picogramas R Equivalente a A ou G RNA Ácido ribonucléico rDNA Genes que codificam rRNA rRNA RNA ribossomal IBR Rinotraqueíte infecciosa bovina T Timina Ta Temperatura de anelamento Tas Temperaturas de anelamento Taq Thermus aquaticus TEF Primer forward espécie-específico TER Primer reverse espécie-específico TGF Primer foward gênero-específico TGR Primer reverse gênero-específico U Unidades UFF Universidade Federal Fluminense UFG Universidade Federal de Goiás

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UnB Universidade de Brasília USP Universidade de São Paulo UV Ultra-violeta Y Equivalente a T ou C µL Microlitro µm Micrômetro

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RESUMO

A tricomonose bovina é uma doença venérea que causa infertilidade e aborto em

bovinos. O agente etiológico é o protozoário Tritrichomonas foetus, cujo habitat é

o trato genital destes animais. Os protocolos desenvolvidos até o presente para o

diagnóstico deste parasito por PCR, apesar de serem eficazes na identificação do

DNA genômico alvo, promovem algumas amplificações inespecíficas ou são

incapazes de distinguir T. foetus de outras espécies do gênero. Com o objetivo de

buscar maior especificidade no diagnóstico molecular desta enfermidade, os

estudos foram conduzidos na tentativa de avaliar e otimizar ensaios de PCR e

nested-PCR, empregando-se novos primers selecionados a partir do alinhamento

das seqüências dos genes 18S rRNA, 5,8S rRNA, 28S rRNA e do primeiro e

segundo espaços transcritos do rDNA (ITS1 e ITS2). As seqüências foram obtidas

junto ao GenBank referentes ao gênero Tritrichomonas e outros organismos da

família Trichomonadidae. Foi construído um par de primers para reação espécie-

específica e outro para a amplificação gênero-específica. A análise pelo BLASTn

(basic local alignment search tool nucleotide – GenBank) indicou a especificidade

para cada primer. A avaliação da especificidade foi complementada então pelos

ensaios de PCR testando os seguintes DNAs genômicos: Bos taurus, Herpesvirus

bovino tipo-1, seis espécies de Brucella, 24 sorovares de L. interrogans,

Campylobacter fetus venerealis, Campylobacter fetus fetus, Ureaplasma

diversum, Mycoplasma bovigenitalium, Mycoplasma bovis, Listeria

monocytogenes e Neospora caninum. Nenhuma reação cruzada foi observada

nestas reações. No entanto, a reação de PCR espécie-específica, reconheceu,

além do DNA genômico de T. foetus, o de Tritrichomonas suis. A sensibilidade

dos ensaios de PCR e de nested-PCR apresentados neste estudo permitiram um

limiar de detecção de até dois parasitos em meio de cultura para diagnóstico.

Palavras-chave: Tritrichomonas foetus, primers, rDNA, PCR, nested-PCR,

tricomonose bovina.

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ABSTRACT

The bovine tricomoniasis is a venereal disease that causes infertility and abortion

in bovine. The etiological agent is the protozoan Tritrichomonas foetus, whose

habitat is the genital tract. The protocols so far developed for the diagnosis of this

parasite by PCR, in spite of their efficacy to recognize the target genomic DNA,

they promote some inespecific amplifications or they are not suitable to

discriminate T. foetus against other species of the genus. With the objective of

increasing specificity in the molecular diagnosis of this illness, studies were

conducted in attempt to evaluate and optimize PCR and nested-PCR assays using

novel primers selected from the alignment of sequences of the genes 18S rRNA,

5,8S rRNA, 28S rRNA and of the internal transcribed spacers of the rDNA (ITS1

and ITS2). The sequences were obtained in the GenBank regarding the

Tritrichomonas species and others organisms of the family Trichomonadidae. A

pair of primers was constructed for the species-specific reaction and another one

for the genus-specific amplification. A BLASTn (basic local alignment search tool

nucleotide – GenBank) search indicated the respective scores of specificity

regarding to each primer. The specificity evaluation was then completed by PCR

assays in which the following genomic DNA were tested: Bos taurus, bovine

Herpesvirus type-1, six species of Brucella, 24 serovares of L. interrogans,

Campylobacter fetus venerealis, Campylobacter fetus fetus, Ureaplasma

diversum, Mycoplasma bovigenitalium, Mycoplasma bovis, Listeria

monocytogenes and Neospora caninum. No cross amplification was observed in

these reactions. However, T. foetus specie-specific PCR assay amplified the same

target fragment of Tritrichomonas suis DNA. The sensitivity of both single and

nested-PCR assays presented in this paper allowed the detection of two T. foetus

organisms in diagnostic culture medium.

Key-Words: Tritrichomonas foetus, primers, rDNA, PCR, nested-PCR, bovine

trichomoniasis.

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1. INTRODUÇÃO

A tricomonose bovina é uma doença infecciosa sexualmente transmissível,

causada pelo protozoário flagelado denominado Tritrichomonas foetus

(Riedmüller, 1928) Wenrich e Emmerson, 1933, cujo habitat é o trato genital dos

bovinos.

O protozoário foi observado pela primeira vez por Kunstler, em 1888, na

França e por Mazzanti, em 1900, na Itália, mas foi Riedmüller, em 1928, quem

definiu o parasito como agente causal da infertilidade temporária dos bovinos e,

como reconhecimento ao seu trabalho, teve o nome atribuído à espécie.

Posteriormente, em 1933, Wenrich e Emmerson atualizaram a nomenclatura para

ajustar a real posição sistemática do microrganismo e, por este motivo, também

tiveram seus nomes incorporados ao nome da espécie, conforme regras

internacionais de nomenclatura e sistemática.

O agente é geralmente transmitido pela monta natural ou, ainda, pelo uso

de sêmen contaminado. Caracteriza-se principalmente por alterações

reprodutivas nas fêmeas, tais como: repetição de cio, morte embrionária,

piometra, aborto e ciclos estrais irregulares, assemelhando-se a

campilobacteriose nos aspectos epidemiológicos, clínicos e patológicos.

A importância econômica da tricomonose bovina pode ser demonstrada

pelos efeitos diretos e indiretos sobre a performance reprodutiva e,

conseqüentemente, sobre a produtividade dos rebanhos infectados, sendo pouco

avaliado o impacto econômico decorrente desta enfermidade em rebanhos

nacionais.

No Brasil, os estudos sobre a tricomonose são escassos e antigos,

provavelmente por dificuldade de diagnóstico. Para o Estado de Goiás não há na

literatura registros sobre prevalência desta enfermidade.

O diagnóstico da infecção por T. foetus é geralmente concluído pelos

exames convencionais – microscopia direta ou após o cultivo seletivo. O método

direto caracteriza-se pelo exame microscópico de amostras recém-colhidas

montadas entre lâmina e lamínula; o cultivo constitui o método indireto de

referência para o diagnóstico.

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O cultivo requer critérios rígidos visando uma colheita asséptica das

amostras, pois sua sensibilidade pode ser comprometida se houver

contaminação. Exigem-se ainda cuidados no acondicionamento e transporte

devido aos extremos críticos de temperatura situados entre 5 °C e 38 °C. Há

também a necessidade de incubação das amostras por 72 horas, repetição dos

exames em intervalos mínimos de 7-10 dias e a necessidade de observação ao

microscópio dia-a-dia.

Portanto, o diagnóstico por cultivo pode apresentar dificuldades quando as

amostras a serem analisadas estiverem contaminadas, quando a quantidade de

parasitos da amostra for pequena ou quando da presença de parasitos inviáveis,

resultando em falsos negativos.

Recentes avanços na área de biologia molecular têm proporcionado

novidades na concepção de métodos, altamente específicos e sensíveis, para

identificação direta de agentes causadores de enfermidades infecciosas. Entre

estas técnicas, destaca-se a hibridização utilizando-se sondas moleculares e a

reação em cadeia da polimerase (PCR), que possibilitam um diagnóstico preciso

e seguro. A reação de PCR oferece ainda, como vantagem, a rapidez na

execução e a possibilidade da automação do método.

Embora o teste tradicional para o diagnóstico da tricomonose seja o cultivo

de lavados prepuciais ou vaginais em meios de crescimento, recentemente a

reação de PCR tem sido empregada como um método alternativo de diagnóstico.

Este método aplicado a culturas com baixa concentração de microrganismos

tende a ser bem mais sensível que os métodos convencionais, podendo então ser

usado como prova confirmatória.

Uma vez constatada a presença da enfermidade numa região, as

estratégias de controle devem ser elaboradas com base no conhecimento sobre a

real situação epidemiológica da enfermidade e, para tanto, seria necessário tornar

disponível uma técnica de diagnóstico que seja, ao mesmo tempo, sensível,

específica e de rápida execução.

Dessa forma, se justificam o desenvolvimento e o aprofundamento de

estudos sobre as técnicas moleculares como a reação de PCR como um método

alternativo ou confirmatório, possibilitando um diagnóstico seguro, rápido e

específico de T. foetus, discriminando-o entre outros microrganismos.

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Os protocolos desenvolvidos até o presente para o diagnóstico de T.

foetus por PCR, apesar de serem eficazes na identificação do DNA genômico

alvo, promovem algumas amplificações inespecíficas na presença do DNA bovino

e do Trichomonas vaginalis, ou ainda, são incapazes de distinguir T. foetus de

outras espécies do gênero Tritrichomonas.

O estudo teve como objetivo geral a construção de novos primers, a

otimização e a padronização de um novo protocolo de PCR e nested-PCR para o

diagnóstico específico de T. foetus.

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2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1- Caracterização morfológica e biológica de T. foetus

O T. foetus é um protozoário que tem como características morfológicas

principais os três flagelos anteriores e uma membrana ondulante que se estende

ao longo do corpo, terminando em um único flagelo caudal livre; é sensível ao

calor, à luz ultravioleta e aos sabões e desinfetantes comuns (SOUSA et al.,

1991). É um comensal flagelado que habita o aparelho reprodutor de bovinos, de

preferência em áreas com baixo teor de oxigênio (VISCOGLIOSI et al., 1996). É

ativamente móvel, de morfologia variando entre a forma piriforme a fusiforme ou

mesmo arredondada; mede 10 a 25 µm de comprimento e cinco a 10 micrômetros

de largura (SOUSA et al., 1991). ORTEGA-MORA et al. (1996) citaram tamanho

variando entre 8 a 18 µm de comprimento e 4 a 9 µm de largura. Pertence ao Filo

Sarcomastigophora, Classe Zoomastigophora, Ordem Trichomonadida, Família

Trichomonadidae, Gênero Tritrichomonas (LEVINE, 1985).

O hospedeiro susceptível é o bovino, tanto o macho como a fêmea, os

animais mais jovens são menos susceptíveis e não há diferença de

susceptibilidade entre as raças (SOUSA et al., 1991).

Existem relatos da ocorrência de T. foetus nas fezes de felinos com diarréia

crônica (GOOKIN et al., 2002) e as espécies de Tritrichomonas suis Gruby &

Delafond, 1843 e Tritrichomonas mobilensis Culberson et al., 1986, originalmente

descritas como parasitos de suínos e macacos, respectivamente, apresentam

semelhanças morfológicas e moleculares com T. foetus que sugerem tratar-se de

uma única espécie (FELLEISEN, 1997).

2.2- Importância econômica A viabilidade da produção pecuária está diretamente ligada aos índices

reprodutivos do rebanho. Um dos índices reprodutivos que mais interferem com a

produção pecuária é o intervalo entre partos (IEP). Um aumento no IEP reflete na

pecuária de corte em um menor número de bezerros e, na pecuária leiteira, em

uma menor produção de leite (NEVES et al., 1999; FERREIRA & TEIXEIRA,

2000). Entre os problemas reprodutivos, destacam-se as causas infecciosas e,

entre estas, a tricomonose bovina, capaz de causar sérios prejuízos à criação.

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Desde que se reconheça a existência de outros patógenos importantes no

controle reprodutivo e sanitário dos rebanhos, como Brucella abortus,

Campylobacter fetus venerealis, Leptospira spp. e Neospora caninum, se faz

necessário o diagnóstico diferencial destes com o T. foetus, como sugere PAREZ

(1985).

No aspecto sanitário, os animais de produção devem ser livres de

enfermidades do sistema reprodutor, tais como rinotraqueíte infecciosa bovina

(IBR), diarréia bovina a vírus (BVD), campilobacteriose, tricomonose, brucelose e

leptospirose, visando à maximização da eficiência reprodutiva (GOTTSCHALL,

1996).

A OIE (2004) considerou a tricomonose bovina uma enfermidade de

distribuição mundial e de importância econômica relevante, antes classificada

como doença transmissível da Lista B, segundo os critérios para orientação ao

comércio internacional de animais e produtos de origem animal, mas a partir de

maio de 2004 foi incorporada à lista única da organização. É uma doença de

impacto econômico mundial, pois afeta a eficiência reprodutiva ao causar abortos,

mortalidade embrionária e fetal, infecções uterinas e esterilidade (RILEY et al.,

1995; NICKEL et al., 2002; CAMPERO et al., 2003).

As perdas econômicas significativas podem ser verificadas pelos efeitos

diretos e indiretos da enfermidade sobre a performance reprodutiva e,

conseqüentemente sobre a produtividade dos rebanhos infectados, refletindo no

lucro do produtor (PELLEGRIN, 1997; CAMPERO et al., 2003; LAGE, 2003).

No Brasil, os estudos sobre a tricomonose são relatados por PELLEGRIN &

LEITE (2003): Mello, em 1954, encontrou para o Rio de Janeiro uma taxa de 9%;

Amaral et al., em 1970, descreverem uma prevalência de 8% para São Paulo;

Medeiros e Figueiredo em 1971, relataram para Minas Gerais uma taxa de 14,4%;

Guida et al., em 1972, realizaram um levantamento que resultou em uma

prevalência de 14,6% para o Rio de Janeiro; Bacalhau em 1981, descreveu uma

taxa de 27% para o estado da Paraíba, enquanto que Gomes et al., em 1991,

propuseram para o Rio Grande do Sul, um coeficiente de 1,88%.

Para o Estado de Goiás, com um rebanho de 20.101.893 animais (IBGE,

2004), não há na literatura registros sobre prevalência de tricomonose bovina. No

entanto, CAMPOS JR. (1999) registrou pela primeira vez, a ocorrência de um

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bovino holandês portador, criado na microrregião de Goiânia, alertando para o

problema e sugerindo medidas de prevenção.

2.3- Diagnóstico O diagnóstico preciso é essencial para a prevenção e o controle da

tricomonose bovina, particularmente devido à ausência de protocolos de

tratamento ou vacinas totalmente eficazes para o controle (HO et al., 1994).

A tricomonose bovina não tem sinais clínicos patognomônicos, portanto o

diagnóstico conclusivo deve ser laboratorial (PELLEGRIN, 1997).

2.3.1- Colheita de material O diagnóstico definitivo da tricomonose bovina é dependente da

demonstração do parasito (EAGLESOME & GARCIA, 1992). Os materiais

indicados para a colheita nos casos suspeitos são líquidos placentários,

envoltórios fetais, fetos abortados ou conteúdo gástrico dos mesmos, muco

vaginal ou secreções purulentas e o esmegma prepucial de touros colhido por três

vezes consecutivas, com intervalos de uma semana (PELLEGRIN, 1997;

EPPERSON, 2003). Os lavados prepuciais e vaginais, além das raspagens

prepuciais, são os materiais mais seguros para o diagnóstico (OIE, 2004).

É muito importante a colheita asséptica do material, com inoculação

imediata em meio de transporte devido à sensibilidade do agente às condições

adversas, conferindo a estes detalhes a garantia da eficácia do diagnóstico

(BRYAN et al., 1999; OIE, 2004).

2.3.2- Exames laboratoriais O diagnóstico laboratorial da infecção pode ser realizado principalmente

através de dois métodos: o método direto e o indireto ou cultivo (SOUSA et al.,

1991). Estes são os métodos convencionais para o diagnóstico da tricomonose,

que embora específicos, são de baixa sensibilidade, requerem muito tempo de

execução e técnicos bem treinados para identificação do agente (HO et al., 1994;

MORGAN & THOMPSON,1998).

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Há ainda, o método sorológico designado de mucoaglutinação,

considerado pela OIE (2004) uma prova alternativa, porém de uso limitado devido

a problemas de sensibilidade e especificidade.

Para reduzir os efeitos de baixa sensibilidade dos métodos de diagnóstico

convencionais, esforços têm sido feitos para o desenvolvimento de métodos

moleculares para a detecção de T. foetus (MORGAN & THOMPSON, 1998;

NICKEL et al., 2002).

a) Microscopia direta A identificação microscópica está baseada na morfologia e motilidade

característica do parasito (CAMPERO et al., 2003). Para o exame, a amostra

recém colhida é montada em lâmina de microscopia e observada em objetiva de

médio aumento (40x). Trata-se de um método menos sensível que o cultivo

(SOUSA et al., 1991).

b) Cultivo O método clássico de referência para o diagnóstico em nível de rebanho

bovino é a cultura de esmegma prepucial (OIE, 2004).

Meios de cultura seletivos têm sido usados rotineiramente em muitos

laboratórios para aumentar a sensibilidade de detecção de T. foetus. Entre estes,

destacam-se o meio de Diamond, o Lactopep (peptona, leite em pó e antibióticos),

o Caldo Trichomonas, o meio Reed Orr acrescido de caldo tioglicolato, o caldo

Trichomonas comercial modificado com suplementação antibiótica e o meio

Kupferberg, com cisteína, triptona, soro bovino e maltose (CANCHARI, 1983;

GOMES et al., 1991; TAYLOR et al., 1994; ORTEGA-MORA, et al., 1996;

ALBUQUERQUE, 1997; ROCHA, 2000; OIE, 2004).

No laboratório o material deve ser observado por até sete dias, período em

que a visualização microscópica de pelo menos um parasito vivo com os

movimentos abruptos característicos confere positividade ao material

(PELLEGRIN, 1997).

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c) Métodos Moleculares – PCR O diagnóstico convencional da tricomonose bovina utiliza a microscopia

direta e o cultivo seletivo. A sensibilidade destas técnicas não é suficiente para

detectar baixa concentração de microrganismos nas amostras ou se a viabilidade

destes estiver comprometida por condições inadequadas de conservação e

transporte.

Recentes avanços na área de biologia molecular têm tornado possível o

emprego de técnicas de diagnóstico por meio de sondas moleculares e a

amplificação específica de fragmentos de DNA por PCR, incrementando a

rapidez, a especificidade e a sensibilidade do diagnóstico laboratorial (FERREIRA

& GRATTAPAGLIA, 1998). Entre as vantagens da técnica de PCR sobre outros

métodos convencionais destacam-se a rapidez, a simplicidade da técnica, as

elevadas taxas de especificidade e sensibilidade, permitindo a detecção de uma

única molécula de DNA na amostra (PERSING, 1996; CAMPERO et al. 2003).

- Princípios da técnica de PCR

A reação de PCR é uma técnica de amplificação enzimática de seqüências

específicas de DNA. Por meio desta, consegue-se a replicação de milhões de

cópias de um fragmento alvo, baseando-se na capacidade de duplicação do ácido

nucléico. As tecnologias de amplificação são capazes de, simultaneamente,

identificar um patógeno e fornecer réplicas da seqüência alvo (SILVA-PEREIRA,

2003).

Para a amplificação, requer-se um conhecimento prévio da seqüência alvo

ou, pelo menos, parte dela, pois dois oligonucleotídeos (primers) são utilizados

para definir de forma específica o fragmento a ser amplificado, em uma reação

com repetitivos ciclos de temperatura previamente definidos, na presença de

bases nitrogenadas e da enzima Taq DNA polimerase (SILVA-PEREIRA, 2003).

A região do DNA genômico a ser amplificada é definida pelos

oligonucleotídeos sintéticos (primers), que funcionam como os iniciadores da

reação de polimerização, se anelando especificamente às suas seqüências

complementares na fita molde, delimitando o fragmento de DNA que se deseja

amplificar. Essa técnica tem revolucionado a genética molecular, pois possibilita

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uma excelente estratégia na análise de genes por meio de um método simples e

rápido (FARAH, 1997).

Existem recomendações específicas para a construção de primers, como

as relatadas por LISBY (1999), FLORIDA STATE UNIVERSITY (2004) e

HENEGARIU (2004), como: a) estabelecer o tamanho dos primers entre 18 e 24

bases para minimizar o risco de anelamentos inespecíficos; b) assegurar relação

entre bases purinas e pirimidinas entre 40 e 60% para a maximização da

especificidade da reação, evitando uma concentração de bases G/C inferior a

50%, de forma a não prejudicar o cálculo da temperatura de anelamento; c)

procurar seqüência do primer com maior concentração de bases G/C na

extremidade 5’ e menor concentração (um C ou um G) na porção 3’; d) evitar

trincas de bases repetidas; e) evitar complementariedade inter e intramolecular,

principalmente na extremidade 3’ para impedir formação de estruturas

secundárias como a ocorrência de dímeros; f) construir um arranjo de bases que

permita uma temperatura de anelamento entre 52 °C e 65 °C, sendo crucial que

as temperaturas de fusão dos dois primers sejam próximas.

A técnica permite, sem maiores dificuldades, a análise de amostras

contaminadas por diferentes microrganismos como bactérias, fungos ou até

mesmo outros protozoários, que dificultariam métodos de diagnóstico como o

cultivo e o exame direto (FELLEISEN et al., 1998).

Enfim, MORGAN & THOMPSON (1998) sugeriram que a técnica de PCR

deveria ser utilizada como um método golden standard para a detecção de

animais portadores, prevenindo a introdução da doença em áreas livres da

infecção. Para a OIE (2004), a reação de PCR para T. foetus representa uma

promessa real, havendo ainda a necessidade de mais pesquisas com o objetivo

de alcançar uma padronização definitiva, para que a mesma possa ser

empregada com segurança como técnica de referência.

A metodologia da técnica consiste inicialmente pela extração de DNA,

seguida da sua amplificação, concluindo-se pela análise de DNA por eletroforese

em gel de agarose (SILVA-PEREIRA, 2003).

O princípio da técnica de PCR envolve três etapas básicas, requeridas na

reação de síntese de qualquer DNA, que são repetidas por vários ciclos,

compreendidos por três fases distintas: a) desnaturação térmica do DNA molde;

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b) anelamento dos primers a cada uma das fitas do DNA molde; c) polimerização

das novas fitas de DNA a partir de cada um dos iniciadores, na presença da

enzima Taq DNA polimerase, de dNTPs, íons magnésio em uma mistura

tamponada (SILVA-PEREIRA, 2003).

- Reação de PCR para T. foetus

Entre as técnicas de biologia molecular, a amplificação do DNA de T.

foetus por PCR tem demonstrado uma sensibilidade que permite a detecção de

um único organismo em meio de cultura ou 50 parasitos em fluido proveniente de

lavado prepucial (FELLEISEN et al., 1998). Apresenta ainda como vantagem

maior rapidez de diagnóstico quando comparado ao método de isolamento em

cultura, podendo todo o processo ser realizado em um único dia (HO et al., 1994).

Permite detectar protozoários que não sobreviveram ao serem retirados do

hospedeiro, e que conseqüentemente não estariam viáveis para o cultivo, e,

portanto não seriam detectados por este procedimento (RILEY et al., 1995,

NICKEL et al., 2002).

Como vantagem sobre os métodos sorológicos aponta-se a possibilidade

de diagnóstico em nível de rebanho, mesmo antes do surgimento dos anticorpos

séricos, além das características de automação do método, que permite testar

várias amostras simultaneamente, pesquisando agentes diretamente nas

amostras clínicas (MORGAN & THOMPSON, 1998).

Já foi comprovado que este método pode ser utilizado com eficácia para o

diagnóstico complementar à cultura ou até mesmo como diagnóstico primário e

único da infecção (RILEY et al., 1995). CAMPERO et al. (2003) alertaram sobre a

existência de outras espécies de protozoários no prepúcio semelhantes ao T.

foetus, o que sugere que a prova padrão de diagnóstico – o cultivo de material

prepucial, pode ser incrementada com um teste confirmatório mais específico,

como a técnica de PCR.

Variações da técnica de PCR podem ser desenvolvidas para o diagnóstico

da tricomonose, entre elas o nested-PCR, considerado mais sensível que PCR

simples e o multiplex-PCR, que permite a detecção simultânea, de dois ou mais

microrganismos em uma única reação (FIGUEROA et al., 1993; OHTA et al.,

1995).

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- Sensibilidade e especificidade dos ensaios de PCR para o diagnóstico de T. foetus

A reação de PCR para T. foetus tem sido utilizada em distintos protocolos,

empregando-se primers construídos a partir de diferentes genes. Inicialmente, HO

et al. (1994) realizaram a reação de PCR empregando os primers TF1 e TF2,

selecionados a partir de um fragmento de 0,85 kb do DNA genômico de T. foetus

digerido com a enzima de restrição Hind III. Os resultados alcançados com a

amplificação de um fragmento alvo de 162 pb, embora satisfatórios para a

detecção de um único microrganismo em cultivo de T. foetus e 10 em esmegma

prepucial, apresentaram como desvantagem a amplificação inespecífica de um

fragmento de 400 pb do DNA genômico de bovino e amplificações múltiplas de T.

vaginalis, implicando na necessidade da utilização da técnica de Southern blot

para confirmação da especificidade.

FELLEISEN (1997) analisou seqüências do gene 5,8S rRNA e o primeiro e

segundo espaços transcritos do rDNA (ITS1 e ITS2), de vários isolados de T.

foetus de diferentes regiões e outras espécies de tricomonadídeos, confirmando

que estas seqüências eram muito conservadas entre os isolados da mesma

espécie e menos conservadas entre as espécies de gêneros diferentes, quando

comparadas às grandes e pequenas subunidades do gene rRNA e, assim, seriam

adequadas para estudos filogenéticos.

Em busca de maior especificidade para o diagnóstico de T. foetus,

FELLEISEN et al. (1998) selecionaram os primers internos TFR3 e TFR4 na

seqüência entre a porção terminal 3’ do 18S rRNA e a porção inicial 5’ do 28S

rRNA. Este par de primers permitiu a amplificação de um fragmento de 347 pb

específico ao gênero Tritrichomonas, cuja sensibilidade em diluições seriadas, a

partir de uma concentração conhecida de parasitos, permitiu detectar um único

organismo em cultura pura correspondente à 1 pg, ou 50 microrganismos em

material prepucial, não diferenciando, no entanto, T. foetus, de T. suis ou de T.

mobilensis.

NICKEL et al. (2002), buscando corrigir o problema da amplificação

múltipla de produtos inespecíficos verificados nos trabalhos de HO et al. (1994) e

FELLEISEN et al. (1998), construíram novos primers nominados TF211A e

TF211B, localizados entre a extremidade 3’ do gene 18S rRNA e o gene 5,8S

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rRNA, capazes de amplificar um fragmento único de 211 pb, com um nível de

sensibilidade idêntico ao relatado por aqueles autores. Apesar desta correção, a

questão da falta da especificidade entre as espécies do gênero não foi resolvida e

continua como um desafio e estímulo para novos estudos.

Estas técnicas, como descritas, embora com algumas amplificações

inespecíficas, são eficazes para discriminar microrganismos de diferentes gêneros

da família Tricomonadidae, entretanto são incapazes de diferenciar as espécies

do gênero Tritrichomonas – T. suis, T. mobilensis e T. foetus.

De modo semelhante, GRAHN et al. (2005) desenvolveram um ensaio de PCR

empregando primers com especificidade para tricomonadídeos, amplificando um

fragmento também localizado entre os genes 18S rRNA e o 5,8S rRNA, em que

consideraram como vantagem a possibilidade de amplificação de qualquer

tricomonadídeo presente na amostra em uma única reação. O método permitiu

distinguir os parasitos dos gêneros Tritrichomonas (amplicon de 157 pb),

Trichomonas (163 a 164 pb) e Tetratrichomonas (174 a 175 pb) pela diferença de

tamanhos de amplicon. Esta variação ocorreu em função das diferenças que

existem na seqüência do ITS1 para os gêneros considerados, conforme

informações de FELLEISEN (1997).

Pelo fato dos amplicons serem de tamanhos muito próximos, o protocolo

de GRAHN et al. (2005) apresentou como desvantagens a necessidade de

cuidados especiais à eletroforese e a ausência de qualquer inovação quanto ao

gênero Tritrichomonas, não conseguindo distinguir T. foetus de T. suis.

O T. suis é um protozoário flagelado morfologicamente indistinguível do T.

foetus, encontrado nas vias nasais e no trato gastrintestinal de suínos (XU et al.,

1998). Os parasitos T. suis e T. foetus foram originalmente isolados de suínos e

bovinos respectivamente, mas apresentam estreita relação filogenética, com

semelhanças morfológicas, mesmas características de cultivo, mesmas

seqüências do gene rRNA, mesmo número de cromossomos e ainda comprovada

capacidade do T. suis infectar bovinos, necessitando assim, de estudos que

elucidem esta questão taxonômica (XU et al., 1998). Tais afirmações concordam

com FELLEISEN (1997), que afirmou que as duas espécies, além do T.

mobilensis, apresentaram um grau extremamente alto de homogeneidade.

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As duas espécies de parasitos do gênero Tritrichomonas – T. foetus e T.

suis, apresentaram cromossomos idênticos em número (2n = 10) e morfologia,

evidenciando a similaridade genética entre vários isolados geográficos das

espécies (XU et al., 1998).

- Otimização da reação

Por causa da grande diversidade de aplicações da técnica de PCR, cada

situação pode requerer a otimização de um protocolo específico. O uso de um

protocolo padrão pode exemplificar as condições para o bom funcionamento da

maioria dos experimentos. Para condições constituídas de parâmetros críticos,

esse protocolo padrão deve representar o ponto a partir do qual a otimização

deve proceder (SILVA-PEREIRA, 2003).

Pode-se considerar como fatores críticos da reação de PCR a seleção de

primers, a concentração de cloreto de magnésio e a temperatura de anelamento

(BRENT et al., 1994).

Uma reação de PCR tem que ser altamente equilibrada quanto à

estringência, ou seja, quanto às condições físicas em que a desnaturação ou a

renaturação ocorrem, uma vez que condições de baixa estringência diminuem a

especificidade da reação, resultando em amplificações inespecíficas. Tais

produtos inespecíficos são freqüentemente observados no gel de agarose como

bandas coradas pelo brometo de etídio que tem menor ou maior peso molecular

que o produto esperado (PERSING, 1993b; REBOUÇAS, 2001).

Já condições de alta estringência também devem ser analisadas para

evitar resultados falso-positivos. Pode-se concluir que ligações estáveis tendem a

ocorrer, reduzindo o risco de falso-negativos, se alcançado perfeito equilíbrio das

temperaturas, da concentração de reagentes e do pH (REBOUÇAS, 2001).

De acordo com BRENT et al. (1994), os cuidados para uma reação de PCR

se iniciam com a pureza e a quantidade de DNA alvo na amostra, seguida da

seleção dos primes, da pureza dos reagentes utilizados sob adequadas

concentrações no mix e dos parâmetros de ciclos térmicos.

Em geral, o DNA genômico é o parâmetro mais crítico para o sucesso do

ensaio de PCR. Ao ser utilizado não precisa ser extremamente puro, mas em

geral torna-se necessário otimizar a quantidade de DNA utilizado para se obter

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reprodutibilidade e amplificações intensas. A baixa concentração de DNA pode

resultar em ausência de amplificação de fragmento ou a sua não visualização na

eletroforese, por sua vez, a concentração excessiva de DNA genômico pode inibir

a reação devido à alta quantidade de impurezas agregadas (FERREIRA &

GRATTAPAGLIA, 1998).

Dentro do processo de otimização da reação devem ser considerados o

tamanho e a estrutura dos primers de interesse que definem o cálculo da

temperatura de anelamento, de forma que ofereça condição ótima de

estringência, como um pré-requisito para resultados seguros a partir da

amplificação eficiente da seqüência alvo específica (REBOUÇAS, 2001).

A concentração de MgCl2 é variável e pode influenciar o resultado da

reação de PCR uma vez que afeta a eficiência da amplificação pela Taq

polimerase e, conseqüentemente, a intensidade com a qual os fragmentos

aparecem no gel de eletroforese (PERSING, 1993b; FERREIRA &

GRATTAPAGLIA, 1998). As temperaturas (em especial a temperatura de

anelamento) e os tempos para amplificação também são afetados pela

necessidade de adequada concentração de MgCl2 (PERSING, 1993b).

A avaliação deste componente se justifica baseando-se em PERSING

(1993b), que afirmou que com o aumento da concentração dos íons, tem o efeito

direto de diminuir a estringência de anelamento dos primers, exigindo

concentrações ótimas deles para não prejudicar a especificidade da reação.

O programa em termociclador baseia-se na composição de bases

nitrogenadas e no tamanho dos primers, admitindo, segundo HENEGARIU

(2004), otimizações nas temperaturas. PERSING (1993b) afirma que o

procedimento de partida a quente é interessante para a especificidade e a

sensibilidade, evitando a formação de produtos inespecíficos.

- Nested-PCR

Variações da técnica de PCR têm sido desenvolvidas para o diagnóstico da

tricomonose, entre elas o nested-PCR, considerada mais sensível que a reação

de PCR simples.

Um protocolo de amplificação por nested-PCR utiliza dois pares de primers

em etapas diferentes de amplificação. Geralmente, uma primeira etapa com

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primers denominados externos é executada por 15 a 30 ciclos, produzindo um

amplicon que é transferido para uma segunda etapa, agora com primers internos

aos primeiros, que são novamente submetidos a 15 a 30 ciclos (PERSING,

1993a).

A reação de nested-PCR oferece vantagens e desvantagens. Ao

aumentar a sensibilidade e a especificidade da primeira etapa a partir da

segunda, a técnica se apresenta como uma alternativa vantajosa em relação à

reação de PCR simples. Além disso, a transferência do primeiro produto

amplificado serve para diluir inibidores de PCR que eventualmente possam estar

presentes na amostra inicial. Todavia, há também desvantagens por despender

mais tempo, mais reagentes, oferecer maior risco de contaminação por

manipulações excessivas do amplicon no laboratório (PERSING, 1993a;

REBOUÇAS, 2001).

Com o objetivo de desenvolver um ensaio de PCR específico e sensível

para o diagnóstico de T. foetus em fezes de felinos com diarréia crônica, GOOKIN

et al. (2002) desenvolveram um ensaio de nested-PCR em uma única etapa de

reação (single tube), para a amplificação de seqüências do 5,8S rRNA e das

regiões ITS1 e ITS2, empregando dois novos primers (TFITS-F e TFITS-R)

internos àqueles desenvolvidos anteriormente por FELLEISEN et al. (1998) (TFR-

3 e TFR-4), cuja sensibilidade permitiu a detecção de um parasito.

GRAHN et al. (2005) afirmaram que os tritricomonadídeos de bovino, suíno

e felino representam cepas ou variantes da mesma espécie, podendo ser

caracterizadas por diferenças quanto ao hospedeiro e patogenicidade.

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3. OBJETIVOS 3.1- Objetivo Geral Construir novos primers e otimizar um novo protocolo para ensaios de PCR

e nested-PCR visando ao diagnóstico específico de T. foetus.

3.2- Objetivos Específicos - Selecionar seqüências de oligonucleotídeos para serem utilizadas

como iniciadores na amplificação espécie-específica por PCR a partir dos genes

18S rRNA, 5,8S rRNA, 28S rRNA e o primeiro e o segundo espaços transcritos do

rDNA (ITS1 e ITS2) de T. foetus; - Avaliar diferentes protocolos para mistura de reagentes e condições

de amplificação, visando à otimização da sensibilidade da técnica; - Determinar a sensibilidade e a especificidade dos ensaios de PCR

desenvolvidos;

- Desenvolver e avaliar a sensibilidade de um ensaio de nested-PCR

específico para T. foetus.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1- Obtenção de amostras de DNA de referência Para a realização dos ensaios de PCR foram utilizadas amostras de DNA

genômico de Bos taurus e dos seguintes microrganismos freqüentemente

associados à doenças da reprodução de bovinos: Herpesvirus bovino tipo-1;

Brucella abortus; Brucella melitensis; Brucella neotomae; Brucella ovis; Brucella

suis, Brucella canis; sorovares de Leptospira interrogans (andamana, australis,

autumnalis, bratislava, butembo, canicola, castellonis, cinoptery, copenhageni,

djasiman, grippotyphosa, hardjo, hebdomadis, icterohaemorrhagiae, javanica,

panama, patoc, pomona, pyrogenes, sentot, shermani, tarassovi, witcombi, wolffi);

Campylobacter fetus venerealis; Campylobacter fetus fetus; Ureaplasma

diversum; Mycoplasma bovigenitalium; Mycoplasma bovis; Listeria

monocytogenes; Tritrichomonas foetus; Tritrichomonas suis, e Neospora caninum.

O DNA genômico de Bos taurus utilizado para as avaliações de

especificidade foi procedente do Laboratório de Biologia Molecular da

Universidade de Brasília (UnB).

O DNA genômico de Herpesvirus bovino tipo-1 foi obtido a partir de cultura

de referência do Laboratório de Virologia do Instituto de Patologia Tropical da

Universidade Federal de Goiás (UFG). As amostras de DNA genômico das

espécies de Brucella e dos sorotipos de Leptospira interrogans foram obtidas de

culturas de referência cedidas pelo Departamento de Medicina Veterinária

Preventiva e Saúde Animal da Universidade de São Paulo (USP).

Para as avaliações referentes ao Campylobacter fetus venerealis e

Campylobacter fetus fetus, empregou-se DNA genômico cedido pelo

Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Setor de Doenças Bacterianas

da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

As amostras de Ureaplasma diversum e Mycoplasma bovigenitalium foram

provenientes do Núcleo de Reprodução Animal do Instituto Biológico de São

Paulo (NURAIB). Para Mycoplasma bovis utilizou-se cultura de referência

procedente do Departamento de Saúde Coletiva Veterinária e Saúde Pública da

Universidade Federal Fluminense (UFF).

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A amostra de Neospora caninum, previamente extraída de cultivo celular

da cepa NC-1, foi proveniente do Departamento de Sanidade Animal da

Universidad Complutense de Madrid.

Para os protozoários do gênero Tritrichomonas trabalhou-se com amostras

de referência ATCC (American Type Culture Collection) de números 30166 e

50151 para T. foetus e número 30169 para T. suis.

Para T. foetus utilizou-se ainda DNA genômico, extraído pelo kit comercial

GFXTM Genomic Blood DNA Purification Kit (Amersham Biosciences), de cultura

pura procedente do Setor de Reprodução Animal da Escola de Veterinária da

UFG, a partir de amostras de 100 µL, recuperando-se 80 µL de eluato final. A

concentração de parasitos desta amostra era de 3.750/mm3 de cultura,

equivalente a ≈234 parasitos/5 µL de DNA genômico, previamente determinada

por meio de contagem em Câmara de Neubauer, segundo FERREIRA NETO et

al. (1977).

4.2- Delineamento para ensaios de PCR

Em razão da grande sensibilidade da técnica de PCR, todos os reagentes,

as soluções, os amplicons e os materiais utilizados foram manipulados

cuidadosamente a fim de evitar possíveis contaminações por DNAs exógenos.

Desta forma, diversas precauções foram observadas, como o uso e a troca

constante de luvas e jalecos, uso de reagentes e soluções de boa qualidade,

vidraria corretamente preparada, material plástico devidamente autoclavado e

novo, tais como ponteiras, tubos tipo Eppendorf de 1,5, 0,5 e 0,2 mL, de

procedência que assegurasse as condições adequadas aos experimentos de

PCR, reservando-os para uso exclusivo nos procedimentos desta técnica, em um

local de trabalho reservado e limpo.

Eram realizadas três reações para cada etapa de avaliação, ou seja,

estabelecimento de protocolos para a reação padrão de PCR e nested-PCR,

assim como nos testes de otimização e verificação da sensibilidade e

especificidade. Somente foram considerados como válidos os resultados que se

repetiram nas três reações.

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4.2.1- Construção de primers Inicialmente foram recuperadas informações sobre seqüências de genes de

interesse depositados no banco de dados do GENBANK (2004), pelo acesso on

line, via Internet, optando-se por genes cujas seqüências se encontravam

disponíveis para a maioria dos microrganismos que apresentam estreitas relações

filogenéticas com o T. foetus.

Desta forma, optou-se por trabalhar com os genes 18S rRNA, 5,8S rRNA,

28S rRNA e as regiões ITS1 e ITS2 (Figura 1) do gênero Tritrichomonas e outras

espécies da família Trichomonadidae.

Estas seqüências, devidamente identificadas e copiadas em disquete de

alta densidade de 1.44 MB, foram editadas e submetidas ao alinhamento genético

pelo método de Clustal, através do software Megalin (Megalign/Lasergen

Navigator. DNAStar, Inc.).

Os alinhamentos foram impressos em papel ofício e os primers, então,

selecionados manualmente de acordo com critérios técnicos previamente

estabelecidos (LISBY, 1999; FLORIDA STATE UNIVERSITY, 2004; HENEGARIU,

2004). A escolha dos primers espécie-específicos para T.foetus foi realizada nas

regiões semiconservadas das seqüências dos genes das diferentes espécies. A

seleção dos primers gênero-específicos foi feita nas regiões conservadas das

seqüências dos genes das diferentes espécies do gênero e da família

consideradas.

As seqüências de oligonucleotídeos candidatas a primers, assim

selecionadas, foram submetidas ao GenBank para avaliação da especificidade,

por meio da operação designada BLAST® (Basic Local Alignment Search Tool).

Aquelas que apresentaram resultados satisfatórios foram utilizadas para a síntese

gene 28S rRNA ... ... gene 18S rRNA gene 5,8S rRNA

ITS1 ITS2

FIGURA 1- Estrutura da seqüência dos genes empregados para o alinhamento e seleção de primers para a detecção de T. foetus.

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dos oligonucleotídeos (primers) por companhia comercial especializada (Imprint

do Brasil).

Para a definição das seqüências dos primers seguiram-se recomendações

técnicas específicas como: tamanho da seqüência não inferior a 18 bases;

relação GC/AT aproximadamente entre 40 e 60%; manutenção de maior

concentração de bases G/C na parte mais próxima à extremidade 5’; terminação

da seqüência de bases com G ou C na posição 3’; ausência de três ou mais

bases repetidas na seqüência, especialmente bases G ou C; ausência de

complementariedade intramolecular ou intermolecular (LISBY, 1999; SILVA-

PEREIRA, 2003; FLORIDA STATE UNIVERSITY, 2004).

Finalmente, os oligonucleotídeos sintéticos foram então avaliados como

primers pela técnica de PCR estimando-se a sensibilidade e a especificidade,

utilizando-se os DNAs genômicos citados no item 4.1.

4.2.2- Protocolo padrão para a reação de PCR O experimento foi realizado no laboratório de Diagnóstico de Doenças

Parasitárias do Setor de Medicina Veterinária Preventiva da Escola de Veterinária

da UFG, utilizando-se quatro ambientes, fisicamente separados, conforme

preconizado por HO et al. (1994), LAUERMAN (1998) e LISBY (1999). Desta

forma, um ambiente foi reservado para a preparação de amostras, outro para a

preparação do mix, um terceiro para a inoculação da amostra de ácido nucléico

no mix e um último reservado para o termociclador e aparelhagem de

eletroforese.

Os protocolos definidos como padrão, adotados na execução dos ensaios

de PCR para a detecção espécie-específica e gênero-específica de T. foetus,

foram estabelecidos por meio de adaptações dos procedimentos descritos por

BRENT et al. (1994) e PERSING (1993a), em função do tamanho das seqüências

a serem amplificadas, assim como da quantidade das bases nitrogenadas G

(guanina), C (citosina), A (adenina) e T (timina) dos diferentes pares de primers,

que interferem no cálculo da temperatura de anelamento (Ta), conforme FLORIDA

STATE UNIVERSITY (2004).

A Ta para os primers foi calculada a partir da seguinte fórmula: Ta = [2 °C (A

+ T) + 4 °C (G + C)] – 5 °C, onde: A = quantidade de bases adenina na seqüência

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do primer, T = quantidade de bases timina, G = quantidade de bases guanina, C =

quantidade de bases citosina (OGLIARI et al., 2000).

O mix da reação de PCR padrão ficou estabelecido para um volume final

de 50 µL, com as seguintes concentrações de reagentes: 35,75 µL de água

ultrapura esterilizada (DNase/RNase-Free Distilled Water – Invitrogen); 5,0 µL de

tampão para PCR (PCR buffer 10X Invitrogen); 2,0 µL de cloreto de magnésio

(MgCl2) 50 mM (Invitrogen); 1 µL de dNTP 10 mM (Amersham Biosciences); 0,5

µL (10 pM) de cada primer; 0,25 µL de Taq DNA Polimerase 5 U/µL (Invitrogen); e

5,0 µL da amostra do DNA genômico.

A mistura para a reação de PCR foi então imediatamente submetida ao

processo de amplificação por PCR, em termociclador, previamente programado, a

um número de ciclos e temperaturas, conforme adaptado de LAUERMAN (1998)

e SILVA-PEREIRA (2003): um ciclo inicial de desnaturação, usando o

procedimento de partida a quente a 94 °C por dois minutos, seguido de 40 ciclos

repetidos com as temperaturas de 94 °C por 30 segundos (desnaturação), 30

segundos na Ta calculada para o par de primers a ser utilizado na reação e um

minuto a 72 °C (extensão), finalizando a reação com uma fase de extensão

adicional a 72 °C por cinco minutos.

Os produtos de DNA amplificado (amplicons) foram posteriormente

analisados por eletroforese, corados com brometo de etídio e visualizados em

transiluminador UV.

4.2.3- Controles para as reações de PCR

Para todas as reações realizadas durante o desenvolvimento do trabalho

foram incluídos controle positivo e negativo.

Como controle positivo para as reações de PCR na avaliação de novos

primers quanto à eficácia e especificidade, foi utilizado DNA genômico de isolados

de T. foetus procedente do Setor de Reprodução Animal da Escola de Veterinária

da UFG, extraído de cultura conforme descrito no item 4.1.

Como controle negativo foi utilizada a mesma mistura estabelecida para a

reação de PCR, denominada mix, em volume final de 45 µL, com os mesmos

reagentes, nas mesmas concentrações utilizadas para as amostras testes, no

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entanto, sem a presença de qualquer tipo de ácido nucléico, o qual foi substituído

por 5 µL de água ultrapura.

4.2.4- Determinação e avaliação da especificidade dos primers

Além da avaliação executada por meio do BLAST (GenBank), realizada

conforme descriminada no item 4.2.1, a especificidade dos primers foi

complementada com a realização dos ensaios de PCR testando as amostras de

DNA genômico dos microrganismos citados no item 4.1, considerados

responsáveis pelas mais importantes enfermidades reprodutivas de bovinos. Para

tais reações empregou-se a combinação de primers definidos como espécie-

específicos para T. foetus.

4.2.5- Otimização do protocolo padrão para a reação de PCR

A partir do protocolo de amplificação definido como padrão, foram

executadas reações de PCR como testes de otimização, visando avaliar

diferentes concentrações de reagentes e ciclos de amplificação, seguindo

orientações de PERSING (1993b) e BRENT et al. (1994).

Os testes de otimização, a partir do protocolo de PCR estabelecido como

padrão, incluíram avaliações sobre diferentes concentrações de MgCl2, de

temperaturas de anelamento (Tas), de procedimentos de partida a quente, de

tempos de cada etapa de um ciclo de amplificação e de número de ciclos.

Para a otimização da concentração do MgCl2, foi definido como primeiro

teste uma concentração final de 0,5 mM, um segundo teste na concentração final

de 2,0 mM, e finalmente, para um terceiro teste, 3,0 mM, mantendo-se todas as

concentrações e quantidades dos demais reagentes do protocolo padrão, apenas

ajustando o volume de água ultrapura esterilizada para o volume final de mix de

50 µL.

Para avaliar a otimização da Ta, foram realizadas reações de PCR com três

diferentes temperaturas, definidas em função das seqüências dos primers a

serem selecionados.

Foram avaliados três procedimentos de partida a quente: a) 94 °C por dois

minutos como definido no protocolo padrão; b) conforme recomendado pelo

fabricante da Taq DNA polimerase (Invitrogen), ou seja, 94 °C por três minutos e

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em seguida mantendo-se a 80 °C por tempo suficiente para adição da enzima Taq

DNA polimerase; c) sem o procedimento de partida a quente.

Na otimização referente aos tempos de temperatura nos ciclos, avaliaram-

se as diferentes modificações da reação padrão: a) temperatura de desnaturação

por um minuto, de anelamento por um minuto e de extensão por dois minutos; b)

temperatura de desnaturação por um minuto e meio, de anelamento por um

minuto e meio e de extensão por três minutos.

Finalmente, o protocolo padrão foi testado modificando-se o número de

ciclos para 35, 30 e 25.

4.2.6- Avaliação e desenvolvimento de ensaio de nested-PCR para T. foetus

Para validar um protocolo de nested-PCR, foi estabelecido um ensaio de

PCR em duas etapas, utilizando-se na primeira etapa o par de primers gênero-

específicos (primers externos) e, em uma segunda etapa de reação, os primers

espécie-específicos (primers internos) (PERSING, 1993a).

O preparo do mix, tanto para a primeira como para a segunda etapa, foi

realizado como aquele descrito para o PCR padrão no item 4.2.2.

O programa utilizado no termociclador para as etapas de nested-PCR foi o

mesmo empregado para a reação de PCR padrão (item 4.2.2), estabelecendo-se

empiricamente, 40 ciclos para a primeira etapa e 25 para a segunda.

Os controles foram os mesmo utilizados para a reação padrão.

4.2.7- Determinação e avaliação da sensibilidade das reações

Para a realização dos testes de sensibilidade utilizou-se DNA genômico de

T. foetus extraído de cultura com a concentração conhecida de 3.750

parasitos/mm3 (item 4.1). Para estabelecer o limiar de sensibilidade da reação de

PCR, foram feitas diluições seriadas com suas respectivas concentrações: 10-1

(≈23 parasitos/5 µL), 10-2 (≈2 parasitos/5 µL), 10-3 (≈0,2 parasitos/5 µL), 10-4

(≈0,02 parasitos/5 µL), 10-5 (≈0,002 parasitos/5 µL), 10-6 (≈0,0002 parasitos/5 µL),

conforme HO et al. (1994) e FELLEISEN et al. (1998). Considerou-se a

equivalência de um parasito para 1 pg de DNA genômico, conforme descrito por

SOBER (1970) citado por NICKEL et al. (2002), para a classe Zoomastigophora.

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A concentração de DNA da amostra foi também determinada por

espectrofotometria utilizando-se o equipamento GeneQuant pro RNA/DNA

Calculator (Amersham Biosciences) e por estimativa em gel de agarose a 0,8%,

utilizando-se como referência o marcador de massa molecular λ DNA-Hind III

(Amersham Biosciences).

Os testes de sensibilidade foram realizados comparando-se os resultados

obtidos pela reação de PCR padrão, pela reação com tempos de temperatura

dobrados (desnaturação por um minuto, anelamento por um minuto e extensão

por 2 minutos), pela reação com todos os parâmetros otimizados e pela reação de

nested-PCR.

4.2.8- Leitura das reações de PCR

Os produtos obtidos pela amplificação de DNA foram submetidos à

eletroforese em gel de agarose (Agarose NA – Amersham Biosciences) a 1,5%,

em cuba de eletroforese Horizon® 11.14 (Life Technologies).

Um volume de 10 µL dos produtos de PCR era inoculado no gel ao lado do

marcador de massa molecular de 100 pb (DNA Ladder 100 bp – Invitrogen),

previamente homogeneizados com 2,5 µL de corante de corrida (25% Ficoll 400,

025% azul de bromofenol, 0,25% xileno cianol em 9 partes de glicerol).

Após a corrida, o gel era submetido à coloração por brometo de etídio em

solução a 0,4 µg/mL.

As leituras foram realizadas através da visualização sob luz ultravioleta em

transiluminador modelo Eletronic UV. Transilluminator (LabTrade) em sala escura.

4.2.9- Documentação fotográfica

A documentação fotográfica dos géis foi realizada com câmera Polaroid

Gelcam sob iluminação ultravioleta, utilizando-se filme Polaroid 667 preto e

branco (Polaroid Corporation).

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1- Construção de primers O acesso on line ao GenBank permitiu a recuperação de várias seqüências

referentes aos genes 18S rRNA, 5,8S rRNA, 28S rRNA e as regiões ITS1 e ITS2.

Para o gene 18S rRNA obteve-se as seqüências para as seguintes espécies e

respectivos números de acesso: T. foetus (AY055799 e AF466751), T. suis

(AY055800), T. mobilensis (AY055801), Tritrichomonas augusta (AY055802),

Tritrichomonas nonconforma (AY055803).

Para a região ITS1, recuperaram-se as seguintes seqüências com seus

números de acesso: T. foetus (AF466751 e U85967), T. suis (U85966), T.

mobilensis (U86612).

Para o gene 5,8S rRNA e a região ITS2, foram encontradas as seqüências

a seguir descritas com os respectivos números de acesso: T. foetus (AF466751 e

U85967), T. suis (U85966), T. mobilensis (U86612), Trichomonas vaginalis

(U86613), Trichomonas gallinae (U86614), Trichomonas tenax (U86615),

Tetratrichomonas (AF340154) e Pentatrichomonas hominis (AF342741).

Finalmente, para o gene 28S rRNA: T. foetus (AF466751, U85967 e Z18239), T.

suis (U85966), T. mobilensis (U86612), Tritrichomonas muris (Z18255), T.

augusta (Z18261) T. vaginalis (U86613), T. gallinae (U86614), T. tenax (U86615),

Tetratrichomonas (AF340154) e P. hominis (AF342741).

As informações registradas no GenBank sobre todos estes genes e os

espaços transcritos não contemplavam todas as espécies da Família

Trichomonadidae, portanto o trabalho foi desenvolvido com as informações

disponíveis.

Do alinhamento das seqüências disponíveis foram selecionados dois

primers gênero-específicos e dois espécie-específicos.

O oligonucleotídeo nominado TGF, com 20 bases, foi selecionado como

um primer foward, gênero-específico, em uma região conservada localizada na

posição 1459-1478 na seqüência do gene 18S rRNA (acesso AF466751). A Ta,

baseada na seqüência do primer, foi calculada em 53 °C (Quadro 1 e 2; Figura 2).

O primer reverse genérico, designado TGR, com 19 bases, foi selecionado

em uma região conservada localizada na posição 211-193 na seqüência do gene

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28S rRNA (acesso Z18239). Sua Ta foi determinada em 51 °C (Quadro 1 e 2;

Figura 3).

Os primers espécie-específicos, designados TEF (foward) e TER (reverse),

ambos com 20 bases, foram selecionados de regiões semiconservadas nas

respectivas posições 1658-1677 do gene 5,8S rRNA (acesso AF466751) e 120-

101 do gene 28S rRNA (acesso Z18239). As Tas foram calculadas em 57 °C para

ambos os primers (Quadros 1 e 2; Figuras 4 e 5).

QUADRO 1- Seqüências de oligonucleotídeos (primers) selecionados para a amplificação específica de fragmentos do gene 18S rRNA, ITS1, 5,8S rRNA, ITS2 e 28S rRNA de Tritrichomonas foetus pela reação de PCR.

Gene e nº de acesso

no GenBank

Primer Seqüências Posição no gene

Ta (°C)

18S rRNA (AF466751)

TGF 5´-CAC GTT ATC TAG AGG AAG GA-3´

1459-1478 53

28S rRNA (Z18239)

TGR 5´-GGC AGC ATT CTC AAG CTG C-3´

211-193 51

5,8S rRNA (AF466751)

TEF 5´-GCG ATA AGC GGC TGG ATT AG-3´

1658-1677 57

28S rRNA (Z18239)

TER 5´-CCA GTT ACG CTA TGG CAG AG-3´ 120-101 57

TGF = primer foward gênero-específico; TGR = primer reverse gênero-específico; TEF = primer forward espécie-específico; TER = primer reverse espécie-específico; Ta = temperatura de anelamento.

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GTAATTAAAT CACGTTATCT AGAGGAAGGA GAAGTCGTAA CAAGGTAACG GTAGGTGAAC CTGCCGTTGG AF466751 (...1449-1518) GTAATTAAAT CACGTTATCT AGAGGAAGGA GAAGTCGTAA CAAGGTAACG GTAGGTGAAC CTGCCGTTGG Z18239 ATCAGTTTCG TTAATAATTA CAAACATATT TTTTTAATGT CTATAACTAT TTATACAAAA TTAAACACAT AF466751 (1519-1588) ATCAGTTTCG TTAATAATTA CAAACATATT TTTTTAATGT CTATAACTAT TTATACAAAA TTAAACACAT Z18239 AATCTAAAAA ATTTAGACCT TAGGCAATGG ATGTCTTGGC TTCTTACACG ATGAAGAACG TTGCATAATG AF466751 (1589-1658) AATCTAAAAA ATTTAGACCT TAGGCAATGG ATGTCTTGGC TTCTTACACG ATGAAGAACG TTGCATAATG Z18239 CGATAAGCGG CTGGATTAGC TTTCTTTGCG ACAAGTTCGA TCTTTGAATG CACATTGCGC GCCGTTTTAG AF466751 (1659-1728) CGATAAGCGG CTGGATTAGC TTTCTTTGCG ACAAGTTCGA TCTTTGAATG CACATTGCGC GCCGTTTTAG Z18239 CTTGCTAGAA CACGCATATA TGTTACAGTA ACCCATATTA ATTTAATACC AAATTCTCTT TTTAAGCAAA AF466751 (1729-1798) CTTGCTAGAA CACGCATATA TGTTACAGTA ACCCATATTA ATTTAATACC AAATTCTCTT TTTAAGCAAA Z18239 AGAGCGAAAA AYAAATATGT ATTAACAAAA GGGTTCTGTC TCATATAGGA AGACCCGCTG AACTGAAGCA AF466751 (1799-1868) AGAGCGAAAA ATAAATATGT ATTAACAAAA GGGTTCTGTC TCATATAGGA AGACCCGCTG AACTGAAGCA Z18239 TCTCATTAAG CGGAGGRAAA GAAACTAACT AGGAATCTCT TAGTAAGTGC GACCGAAGAG AGTCAAGTTC AF466751 (1869-1895) TCTCATTAAG CGGAGGAAAA GAAACTA Z18239 (1-63) XXXXXX AAG CGGAGGGAAA GAAACTAACT AGGAATCTCT TAGTAAGTGC GACCGAAGAG AGTCAAGTTC

Continua

QUADRO 2- Localização dos primers TGF, TEF, TER e TGR nas seqüências parciais de referência dos genes 18S rRNA e 28S rRNA e nas seqüências completas do gene 5,8S rRNA de T. foetus.

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Continuação

GTTGACCTAA TCCCTCGGGA AATGTGGTTG AGAGGTTCTC TGCCATAGCG TAACTGGAGT CGAATCTCCG AF466751 Z18239 (64-133) GTTGACCTAA TCCCTCGGGA AATGTGGTTG AGAGGTTCTC TGCCATAGCG TAACTGGAGT CGAATCTCCG GCTATAAAGA GTTTAAGCCT CGTAGCTATG GGCAAGCTAG GTCCTTGTAA ACGAGTCGGG CAGCTTGAGA AF466751 Z18239 (134-203) GCTATAAAGA GTTTAAGCCT CGTAGCTATG GGCAAGCTAG GTCCTTGTAA ACGAGTCGGG CAGCTTGAGA ATGCTGCCTA AGATGGGTGG TACGCCCCAT CAGAAACTAA ATAATGTAAG AAGACCGATA GAGCACAAGT AF466751 Z18239 (204-273) ATGCTGCCTA AGATGGGTGG TACGCCCCAT CAGAAACTAA ATAATGTAAG AAGACCGATA GAGCACAAGT AGTGAGAAGG AAAG AF466751 Z18239 (274--287) AGTGAGAAGG AAAG

= Localização do PRIMER FOWARD GÊNERO-ESPECÍFICO (TGF) (posição 1459-1478 no gene) = Localização do PRIMER FOWARD ESPÉCIE-ESPECÍFICO (TEF) (posição 1658-1677 no gene) = Localização do PRIMER REVERSE ESPÉCIE-ESPECÍFICO (TER) (posição 1976-1995 no gene) = Localização do PRIMER REVERSE GÊNERO-ESPECÍFICO (TGR) (posição 2068-2086 no gene)

A = Adenina T = Timina G = Guanina C = Citosina Y = Equivalente a T ou C R = Equivalente a A ou G

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FIGURA 2- Seções do alinhamento do gene 18S rRNA de T. foetus (AY055799), T. suis (AY055800), T. mobilensis (AY 055801), T. augusta (AY055802) e T. nonconforma(AY055803) e localização do primer foward gênero-específico TGF (marcação em azul).

FIGURA 4- Seções do alinhamento dos genes 18S rRNA, ITS1, 5,8S rRNA, ITS2 e 28S rRNA de T. foetus (AF466751), T. vaginalis (U86613), T. gallinae (U86614), T. tenax (U86615), T. foetus (U85967), Tetratrichomonas (AF340154) e P. hominis (AF342741) e localização do primer foward espécie-específico TEF (marcação em verde).

FIGURA 5- Seções do alinhamento do gene 28S rRNA de T. foetus (Z18239), T. muris (Z18255) e T. augusta (Z18261) e localização do primer reverse espécie-específico TER (marcação em amarelo).

FIGURA 3- Seções do alinhamento do gene 28S rRNA de T. foetus (Z18239), T. muris (Z18255) e T. augusta (Z18261) e localização do primer reverse gênero-específico TGR (marcação em rosa).

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A escolha por trabalhar com os alinhamentos de seqüências dentro do

grupo de genes rRNA (18S rRNA + ITS1 + 5,8S rRNA + ITS2 + 28S rRNA)

corroborou com FELLEISEN (1997), que afirmou ser o gene 5,8S rRNA e as

regiões ITS1 e ITS2 – conservados para a espécie de T. foetus e menos

conservados entre as espécies de gêneros diferentes e, assim, seriam adequados

para estudos filogenéticos. Com base nesta informação optou-se pela busca de

primers específicos nestas regiões.

Os primers, construídos conforme SILVA-PEREIRA (2003) e FLORIDA

STATE UNIVERSITY (2004), apresentaram uma relação GC/AT de

aproximadamente 50%, sem complementariedade intramolecular ou

intermolecular. Com exceção do primer TGF que manteve uma adenina na

extremidade 3’, os demais primers apresentaram terminações com G ou C. Neste

processo de seleção, ficou garantida a ausência de seqüências repetidas de três

ou mais nucleotídeos, evitando-se desta forma propriedades indesejáveis, como

verificados nos primers TF1 e TF2 de HO et al. (1994), TFR3 e TFR4 de

FELLEISEN et al. (1998) e TF211A e TF211B de NICKEL et al. (2002). Da

mesma forma procurou-se evitar ausência de G/C na posição terminal 3’ como

observada nos primers TFR4 de FELLEISEN et al. (1998) e TF211A de NICKEL

et al. (2002).

As possíveis combinações de primers, como pode ser visualizado no

Quadro 2, referente ao alinhamento, permitiu a previsão para amplificação de

diferentes tamanhos de amplicons. Para o par de primers TGF/TGR foi previsto a

obtenção de amplicon de 628 pb na amplificação gênero-específica e, para o par

TEF/TER, um fragmento de 338 pb na amplificação espécie-específica. Pelo

alinhamento admitiram-se ainda duas outras combinações: TGF/TER e TEF/TGR,

prevendo-se a amplificação de fragmentos, respectivamente, de 537 pb e de 429

pb, ambos espécie-específicos.

O BLAST para o primer TGF apresentou identidade de 100% para as

espécies do gênero Tritrichomonas (T. foetus, T. nonconforma, T. augusta, T.

suis, T. mobilensis), Trichomonas, Pentatrichomonas, Monocercomonas,

Trichomitopsis, Histomonas, Monotrichomonas, Pseudotrypanosoma,

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Cryptotermes, Pseudotrichomonas e Ditrichomonas. Para o primer TGR houve

100% de identidade para as espécies T. foetus, T. augusta e T. muris.

O primer TEF demonstrou 100% de identidade apenas para o gênero

Tritrichomonas, não diferenciando as espécies T. foetus, T. suis e T. mobilensis.

Já o primer TER demonstrou 100% de identidade apenas para o T. foetus.

5.2- Avaliação de primers e protocolo para ensaio de PCR

O par de primers TGF/TGR amplificou o fragmento esperado de 628 pb,

resultando na amplificação gênero-específica a partir do protocolo padrão,

adotando-se como Ta 52 °C, correspondendo à média daquelas calculadas para

os respectivos primers no item 5.1 (Quadro 3).

O par de oligonucleotídeos TEF/TER, avaliados pela reação de PCR

padrão, com as Tas de 57 °C de acordo com o Quadro 1, não amplificou o

fragmento espécie-específico esperado de 338 pb a partir de DNA genômico de T.

foetus (Quadro 3).

A reação de PCR a partir da combinação do par de primers TGF/TER, com

a média das Tas determinada de 55 °C, não produziu resultado positivo (Quadro

3).

Empregando-se a combinação de primers TEF/TGR obteve-se uma

amplificação espécie-específica para um fragmento de 429 pb de T. foetus. A Ta

para esta reação ficou definida em 54 °C, que corresponde à média das Tas

calculadas para cada primer individualmente (Quadro 3).

Estes resultados definiram como reação padrão de PCR gênero-específica

aquela empregando o par de primers TGF/TGR e como espécie-específica a que

utilizou o par de primers TEF/TGR, uma vez que as demais combinações de

primers para a amplificação espécie-específica apresentaram resultados

negativos.

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QUADRO 3- Resultados dos ensaios de PCR para a avaliação de diferentes combinações de pares de primers gênero e espécie-específicos para T. foetus.

Pares de primers

Especificidade esperada

Resultados de PCR

Amplicon

TGF/TGR gênero-específico positivo 628 pb

TEF/TER espécie-específico negativo 338 pb

TGF/TER espécie-específico negativo 537 pb

TEF/TGR espécie-específico positivo 429 pb

5.3- Determinação e avaliação da especificidade dos primers

O par de primers considerado espécie-específico para T. foetus, que

apresentou resultado positivo conforme o item anterior (TEF/TGR), amplificou as

amostras de referência de T. foetus (ATCC 30166 e 50151) com a aplicação do

protocolo padrão de PCR (Figura 6).

A amplificação do fragmento alvo de 429 pb a partir do DNA genômico de

T. suis (ATCC 30169) (Figura 6) corroborou com FELLEISEN (1997), que propôs,

com base nas seqüências dos genes rRNA, a identidade molecular pelo grau

extremamente alto de homogeneidade entre as espécies do gênero, sugerindo

inclusive novos estudos para definir a questão taxonômica envolvendo estas

espécies. TACHEZY et al. (2002) propuseram a fusão da espécie T. suis com T.

foetus.

1 2 3 4 5 6

FIGURA 6- Eletroforese de amplicons de 429 pb de T. foetus obtidos na reação de PCR padrão para avaliação parcial da especificidade do par de primers TEF/TGR. 1-marcador de 100 pb; 2- ATCC-30166 de T. foetus; 3-ATCC-50151de T. foetus; 4- ATCC-30169 de T. suis; 5-controle positivo; 6- controle negativo.

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A falta de informação no banco de dados do GenBank referente ao 28S

rRNA de T. suis impossibilitou esta análise no processo de seleção de primers e a

subseqüente avaliação pelo BLAST. O mesmo pode ser considerado para T.

mobilensis, no entanto, não houve possibilidade de assim concluir devido à

indisponibilidade de amostra de DNA genômico deste parasito durante o estudo,

mas com base nas informações de FELLEISEN (1997), o mesmo ocorreria para

esta espécie. A avaliação de especificidade frente ao T. mobilensis e demais

espécies de tricomonadídeos, realizada neste estudo, limitou-se aos testes on line

através do BLAST, por falta de recursos financeiros para a aquisição de amostras

de referência.

Como os nossos primers não estão localizados na região ITS, limitou-se o

risco de falso-negativo no PCR devido às mutações que ocorrem com freqüência

nesta região entre diferentes variantes dos microrganismos, concordando com

GRAHN et al. (2005).

Por outro lado, as reações de PCR foram negativas frente ao DNA

genômico de Bos taurus e dos microrganismos Herpesvirus bovino tipo-1, B.

abortus, B. melitensis, B. neotomae, B. ovis, B. suis, B. canis, todos os sorovares

de L. interrogans testados, C. fetus venerealis, C. fetus fetus, U. diversum, M.

bovigenitalium, M. bovis, L. monocytogenes e Neospora caninum.

Os resultados apresentados acima são satisfatórios no processo de

avaliação da especificidade dos primers e o fato de não amplificar o DNA

genômico bovino apresenta-se como uma vantagem frente ao protocolo proposto

por HO et al. (1994).

Considerando a ausência de amplificações inespecíficas verificada neste

estudo, os resultados de especificidade foram semelhantes àqueles apontados

por NICKEL et al. (2002) e superiores aos de HO et al. (1994) e FELLEISEN et al.

(1998).

Apesar dos resultados não terem apresentado nenhum avanço frente

àqueles reportados por NICKEL et al. (2002) e GRAHN et al. (2005) quanto ao T.

suis, o novo protocolo desenvolvido e os novos primers permitiram a amplificação

de um fragmento de tamanho distinto daqueles derivados dos protocolos de HO et

al. (1994), FELLEISEN et al. (1998), NICKEL et al. (2002) e GRAHN et al. (2005),

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disponibilizando desta forma mais um meio alternativo para aplicação em reações

do tipo multiplex-PCR no diagnóstico envolvendo outros microrganismos.

5.4- Otimização do protocolo padrão para a reação de PCR As concentrações de MgCl2 de 2,0 e 3,0 mM para a otimização da reação

de PCR padrão proporcionaram resultados positivos, sendo que a de

concentração de 3,0 mM gerou o fragmento esperado de 429 pb com maior

intensidade de banda, como pôde ser visualizada na eletroforese. Nenhum

fragmento pôde ser visualizado quando a reação foi realizada testando a

concentração de 0,5 mM (Figura 7-A).

Os resultados positivos obtidos estão dentro dos limites estabelecidos por

PERSING (1993b). A concentração de 3,0 mM corresponde ao mínimo de

estringência recomendado e, portanto, mais sujeita a amplificações inespecíficas,

enquanto que o resultado negativo na concentração de 0,5 mM pode ser

justificado pela diminuição da eficiência da reação nesta concentração, como

adverte o mesmo autor.

GRAHN et al. (2005) avaliaram diferentes concentrações de MgCl2 e

observaram que a concentração de 2mM gerou produto com visualização

ligeiramente mais intensa do que as de 1,5 e 1,75 mM.

Os demais autores que trabalharam no desenvolvimento de ensaios de

PCR para a detecção de T. foetus utilizaram concentrações de MgCl2 de 1,25 mM

(HO et al., 1994), 1,5 mM (NICKEL et al., 2002) e 2,5 mM (FELLEISEN et al.,

1998), entretanto estes autores não incluíram nos seus artigos dados sobre

otimização para este parâmetro.

As reações de otimização avaliando a Ta para o par de primers espécie-

específicos TEF/TGR, geraram produtos de PCR semelhantes quanto ao sinal de

amplificação nas Tas de 57 °C (Ta do primer TEF) e de 54 °C (média das Ta dos

primers TEF e TGR). Com a Ta de 51 °C (Ta para o primer TGR) obteve-se um

fragmento de concentração ligeiramente inferior aos demais (Quadro 1; Figura 7-

B).

Os artigos referentes aos ensaios de PCR para T. foetus, publicados por

HO et al. (1994), FELLEISEN et al. (1998) e NICKEL et al. (2002), não

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esclareceram a metodologia pela qual definiram a Ta. PERSING (1993b) reporta

que a Ta pode ser determinada empiricamente.

O resultado referente às avaliações dos procedimentos de partida a quente

foi superior para aquele adotado no protocolo padrão de PCR. O resultado do

procedimento conforme recomendado pelo fabricante da Taq DNA polimerase

(Invitrogen) foi ainda inferior àquele executado sem a etapa de partida a quente

(Figura 7-C).

O procedimento de partida a quente como relatado por PERSING et al.

(1993b) é indicado para diminuir a probabilidade de reações inespecíficas. No

presente trabalho, como não surgiram amplificações inespecíficas em nenhuma

das reações executadas, a questão envolvendo a influência do procedimento de

partida a quente na especificidade não pôde ser avaliada. Registrou-se apenas o

melhor resultado em função do sinal de amplificação.

Ao contrário do que consta na literatura, HO et al. (1994) obtiveram mais

reações inespecíficas no experimento, mesmo utilizando procedimento de partida

a quente mais elaborado, ao passo que, FELLEISEN et al. (1998) não usaram

procedimento de partida a quente em suas reações e obtiveram menor número de

reações inespecíficas. NICKEL et al. (2002), também sem a utilização deste

procedimento, não obtiveram resultados inespecíficos.

Testando a possibilidade de se dobrar os tempos de cada etapa de um

ciclo no termociclador, verificaram-se resultados de amplificação com maior

intensidade quando adotou-se o dobro ou triplo de tempo previsto para as

temperaturas de desnaturação, de anelamento e de extensão em referência ao

protocolo padrão de PCR. A amplificação com tempos triplicados foi ligeiramente

superior à de tempos dobrados (Figura 7-D). Os tempos para as amplificações

verificados para o programa de reação padrão e para as reações com tempos

dobrados e triplicados foram, respectivamente, de 2h 52min, 3h 22min e 4h

42min.

Verificou-se, portanto, que o aumento dos tempos de cada etapa do ciclo

gerou bandas mais bem definidas, no entanto, exigiu maior tempo de ocupação

do termociclador e aumento dos riscos de amplificações inespecíficas, como

relata PERSING (1993b).

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Art ArtFIGURA 7- Eletroforese de produtos de 429 pb de T. foetus obtidos na otimização de ensaios de PCR padrão. A) Otimização da concentração de MgCl2: 1- marcador de 100 pb; 2- MgCl2 a 3,0 mM; 3- controle negativo; 4- MgCl2 a 2,0 mM; 5- controle negativo; 6- MgCl2 a 0,5 mM; 7- controle negativo. B) Otimização da temperatura de anelamento (Ta). 1- marcador de 100 bp; 2- Ta = 57 °C; 3- controle negativo; 4- Ta = 54 °C; 5- controle negativo; 6- Ta = 51 °C; 7- controle negativo. C) Otimização de partida a quente. 1- marcador de 100 bp; 2- 94 °C/2 minutos; 3- controle negativo; 4- partida a quente indicado pela Invitrogen; 5- controle negativo; 6- sem partida a quente; 7-controle negativo. D) Otimização dos tempos nos ciclos. 1- marcador de 100 bp; 2-padrão do laboratório (desnaturação a 94 °C/30 segundos, anelamento a 54 °C/30 segundos, extensão a 72 °C/um minuto); 3- controle negativo; 4- tempos dobrados; 5-controle negativo; 6- tempos triplicados; 7 controle negativo.

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

1 2 3 4 5 6 7

Ar Art1 2 3 4 5 6 7

A B

D C

429 pb 429 pb

429 pb 429 pb

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Por último, avaliando-se o número de ciclos do protocolo padrão, os

melhores resultados foram aqueles obtidos com 40 e 35 ciclos, sem nenhuma

diferença visual significativa. Em contrapartida, as amplificações com 30 e 25

ciclos não geraram produtos visíveis no gel de eletroforese.

Os trabalhos de HO et al. (1994), FELLEISEN et al. (1998) e NICKEL et al.

(2002) envolvendo reações de PCR para T. foetus também utilizaram número de

ciclos variando entre 35 e 40.

Em função dos resultados verificados durante o processo de otimização e,

considerando-se as ponderações referentes ao tempo de amplificação e à

estringência da reação, definiu-se para o protocolo de otimização total os

seguintes parâmetros: MgCl2 a 2,0 mM; Ta de 57 °C; procedimento de partida a

quente a 94 °C por dois minutos; tempos dobrados para as temperaturas de

desnaturação (um minuto), de anelamento (um minuto) e de extensão (dois

minutos), e número de ciclos igual a 40.

5.5- Avaliação e desenvolvimento de ensaio de nested-PCR para T. foetus

Os resultados referentes ao ensaio de nested-PCR comprovaram sua

eficácia por meio da amplificação do fragmento esperado de 628 pb na primeira

etapa de reação, executada com o par de primers externos gênero-específicos

(TGF/TGR), e da amplificação do fragmento de 429 pb na segunda etapa com o

par de primers internos espécie-específicos (TEF/TGR) para T. foetus (Figura 8).

gene 18S rRNA

gene 28S rRNA

gene5,8S rRNA

TGF TGR 628 pb

TEF TGR429 pb

FIGURA 8- Representação esquemática e localização dos primers TGF, TGR e TEF nas seqüências dos genes 18S rRNA (GenBank n° AF466751), 5,8S rRNA (GenBank n° AF466751) e 28S rRNA (GenBank n° Z18239) de T. foetus e os respectivos fragmentos alvo (628 pb e 429 pb).

ITS1 ITS2

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A discussão relativa a estes resultados está inserida no item seguinte.

5.6- Determinação e avaliação da sensibilidade das reações

A quantificação do DNA realizada por espectrofotometria não foi possível

de ser determinada pelo aparelho utilizado neste procedimento devido ao seu

limiar de detecção de 5 ng, o que permitiu a conclusão de que a concentração da

amostra estaria abaixo deste patamar.

Da mesma forma, a estimativa em gel com marcador de massa molecular,

não foi conclusiva, o que foi justificado pela baixa concentração de ácido nucléico,

como previamente observado pela espectrofotometria.

Os testes de sensibilidade apresentaram diferentes resultados para os

protocolos avaliados. Empregando-se o protocolo padrão de reação de PCR foi

possível detectar até 23 parasitos (= 23 pg de DNA genômico), embora a

fotografia não tenha revelado o fragmento correspondente devido à baixa

intensidade de coloração (Figura 9-A).

As reações de PCR simples adotando-se o dobro de tempo previsto para

as temperaturas de desnaturação, de anelamento e de extensão em referência ao

protocolo padrão de PCR apresentaram sensibilidade capaz de detectar até dois

parasitos (= 2 pg de DNA genômico) (Figura 9-B).

Os resultados registrados pela reação de PCR, com todos os parâmetros

otimizados, foram da mesma forma sensíveis para detectar até dois parasitos (= 2

pg de DNA genômico), revelando, contudo, melhor visualização das bandas

amplificadas no gel de eletroforese, quando comparadas às reações com tempo

dobrado (Figura 9-C).

Pela reação de nested-PCR foi possível detectar o mesmo número de

parasitos que a reação de PCR simples totalmente otimizada, todavia, com

intensidade de visualização ainda superior. Nas reações com DNA genômico não

diluído e na diluição 10-1, observou-se uma banda extra de 628 pb,

correspondente à continuação da amplificação da primeira etapa (Figura 9-D).

Os melhores resultados para a sensibilidade foram observados com as

reações de PCR simples adotando-se o dobro de tempo previsto para os ciclos,

com as reações de PCR com todos os parâmetros otimizados e pela reação de

nested-PCR, que permitiram a detecção de até dois parasitos. No entanto, o

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melhor nível de visualização foi verificado pelos ensaios de nested-PCR,

confirmando a maior eficácia deste método quanto à intensidade de amplificação

apontado na literatura (PERSING, 1993a; REBOUÇAS, 2001).

Estes resultados foram próximos aos publicados por HO et al. (1994),

FELLEISEN et al. (1998) e NICKEL et al. (2002) referentes às reações simples de

PCR, e por GOOKIN et al. (2002) com relação ao nested-PCR, os quais foram

sensíveis o suficiente para detectar um único parasito. Embora o presente estudo

tenha apresentado um limiar de detecção ligeiramente inferior aos publicados,

ainda não se poderia descartar a possibilidade de se alcançar a mesma

sensibilidade, uma vez que este estudo se limitou às diluições seriadas previstas

no item 4.2.7..

Os resultados ainda foram comparados com GRAHN et al. (2005),

demonstrando-se inferiores àqueles por eles apresentados que permitiram uma

sensibilidade de 0,10 pg de DNA genômico extraído de parasitos em cultura.

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Art

Art

FIGURA 9- Eletroforese de fragmentos de 429 pb de T. foetus obtidos na avaliação de sensibilidade de diferentes protocolos de PCR e nested-PCR. (A) reações de PCR padrão: 1- marcador de 100 bp; 2- DNA genômico referente a 234 parasitos; 3- 23 parasitos; 4- dois parasitos; 5- 0,2 parasito; 6- controle negativo. (B) tempos dobrados: 1- marcador de 100 bp; 2- 234 parasitos; 3- 23 parasitos; 4- dois parasitos; 5- 0,2 parasito; 6: controle negativo. (C) otimização total: 1- marcador de 100 bp; 2- 234 parasitos; 3- 23 parasitos; 4- dois parasitos; 5- 0,2 parasito; 6- controle negativo. (D)nested-PCR: 1- marcador de 100 bp; 2- 234 parasitos e fragmento de 628 pb referente à resíduo de amplificação da primeira etapa do nested-PCR; 3- 23 parasitos; 4- dois parasitos; 5- 0,2 parasito; 6- controle negativo.

Art Art

Art

1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6

1 2 3 4 5 6 A B

1 2 3 4 5 6

C D

429 pb

628 pb

429 pb

429 pb 429 pb

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Durante os experimentos nenhum dos testes ou suas repetições

apresentaram amplificação dos controles negativos, demonstrando-se que foram

efetivos os cuidados com a manipulação do ácido nucléico das diferentes

amostras, obtendo-se resultados positivos somente para os tricomonadídeos de

origem bovina e suína, respectivamente o T. foetus e o T. suis.

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6. CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos, considerando-se as condições em que o

trabalho foi desenvolvido, pode-se concluir que:

O novo par de primers TEF/TGR é eficaz para a amplificação de um

fragmento de 429 pb, espécie-específico, da seqüência dos genes 5,8S rRNA,

28S rRNA e o segundo espaço transcrito do rDNA – ITS2 de T. foetus por meio

da reação de PCR.

O novo par de primers TGF/TGR é eficaz para a amplificação de um

fragmento de 628 pb, gênero-específico, da seqüência dos genes 18S rRNA, 5,8S

rRNA, 28S rRNA e do primeiro e do segundo espaços transcritos do rDNA – ITS1

e ITS2 de T. foetus por PCR.

As combinações dos pares de primers TGF/TGR e TEF/TGR são eficazes

para a amplificação de um produto final, espécie-específico, de 429 pb da

seqüência dos genes 5,8S rRNA, 28S rRNA e do segundo espaço transcrito do

rDNA – ITS2 de T. foetus por meio da reação de nested-PCR.

O protocolo para ensaio de PCR com os primers espécie-específicos

TEF/TGR, desenvolvido neste estudo, não discrimina o DNA genômico de T.

foetus do de T. suis.

O protocolo para ensaio de PCR com os primers espécie-específicos

TEF/TGR, desenvolvido neste estudo, não apresenta amplificações inespecíficas

ou cruzadas frente ao DNA de outros microrganismos que habitualmente estão

presentes no aparelho reprodutor de bovinos.

A reação de PCR simples otimizada e a de nested-PCR, desenvolvidas

neste trabalho, são eficientes e seguras para a detecção de até dois organismos a

partir de cultura pura de T. foetus.

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