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Anais do XXVI Simpósio Nacional de História ANPUH • São Paulo, julho 2011 1 Patrimônio, saúde e doença: O ACERVO DA SOCIEDADE E HOSPITAL BENEFICÊNCIA PORTUGUESA DE PORTO ALEGRE DANIEL OLIVEIRA 1 CRISTIANO ENRIQUE DE BRUM 2 PAULO ROBERTO STAUDT MOREIRA 3 1 Histórico da Sociedade e Hospital Beneficência Portuguesa de Porto Alegre No intuito de manter unida a colônia portuguesa no Brasil pós-independência, os portugueses residentes deste país tomaram a iniciativa de criar hospitais em qualquer local onde houvesse uma comunidade de seus patrícios, amigos ou descendentes. As origens da ideia de se fundar em Porto Alegre uma entidade filantrópica portuguesa nos remete ao ano de 1845. No entanto, apesar da ideia ter sido bem recebida pelo Vice- Presidente em exercício da Província, o projeto foi temporariamente abandonado, pois recém havia sido encerrada a guerra civil Farroupilha (que por sua vez havia hostilizado o Partido Restaurador, composto em grande parte por portugueses) e tal ensejo associativista seria potencialmente suspeito. Já em 1854, com a morte da Rainha de Portugal D. Maria II, irmã de D. Pedro II, a cidade de Porto Alegre (principalmente a comunidade portuguesa) foi tomada por grande comoção, sendo organizadas diversas homenagens à falecida soberana. Neste clima favorável à comunidade portuguesa, com o auxílio da imprensa, ressurge a ideia de se criar na capital uma entidade assistencialista formada por portugueses, como já ocorria em outros locais do Brasil. Desta forma, em 26 de fevereiro de 1854, em uma sala do hospital Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, o vice-cônsul honorário de Portugal, juntamente com outros membros da elite portuguesa da época residentes no Rio Grande do Sul, instituiram a Sociedade de Beneficência Portuguesa, colocada sob a proteção do El-Rei D. Fernando de Portugal. No fim do primeiro ano de existência já estavam associadas 557 pessoas. De início a Sociedade não dispunha de sede própria, e estabeleceu-se um contrato com a Santa Casa para atendimento de seus doentes. Com o crescimento do fundo dos 1 Mestrando em História/Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS [email protected] . 2 Mestrando em História/Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS [email protected] 3 Doutor em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Coordenador do PPGH da

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Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 1

Patrimônio, saúde e doença: O ACERVO DA SOCIEDADE E HOSPITAL

BENEFICÊNCIA PORTUGUESA DE PORTO ALEGRE

DANIEL OLIVEIRA1

CRISTIANO ENRIQUE DE BRUM2

PAULO ROBERTO STAUDT MOREIRA3

1 – Histórico da Sociedade e Hospital Beneficência Portuguesa de Porto Alegre

No intuito de manter unida a colônia portuguesa no Brasil pós-independência, os

portugueses residentes deste país tomaram a iniciativa de criar hospitais em qualquer

local onde houvesse uma comunidade de seus patrícios, amigos ou descendentes. As

origens da ideia de se fundar em Porto Alegre uma entidade filantrópica portuguesa nos

remete ao ano de 1845. No entanto, apesar da ideia ter sido bem recebida pelo Vice-

Presidente em exercício da Província, o projeto foi temporariamente abandonado, pois

recém havia sido encerrada a guerra civil Farroupilha (que por sua vez havia hostilizado

o Partido Restaurador, composto em grande parte por portugueses) e tal ensejo

associativista seria potencialmente suspeito.

Já em 1854, com a morte da Rainha de Portugal D. Maria II, irmã de D. Pedro II,

a cidade de Porto Alegre (principalmente a comunidade portuguesa) foi tomada por

grande comoção, sendo organizadas diversas homenagens à falecida soberana. Neste

clima favorável à comunidade portuguesa, com o auxílio da imprensa, ressurge a ideia

de se criar na capital uma entidade assistencialista formada por portugueses, como já

ocorria em outros locais do Brasil. Desta forma, em 26 de fevereiro de 1854, em uma

sala do hospital Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, o vice-cônsul honorário de

Portugal, juntamente com outros membros da elite portuguesa da época residentes no

Rio Grande do Sul, instituiram a Sociedade de Beneficência Portuguesa, colocada sob a

proteção do El-Rei D. Fernando de Portugal.

No fim do primeiro ano de existência já estavam associadas 557 pessoas. De

início a Sociedade não dispunha de sede própria, e estabeleceu-se um contrato com a

Santa Casa para atendimento de seus doentes. Com o crescimento do fundo dos

1 Mestrando em História/Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

[email protected].

2 Mestrando em História/Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS

[email protected]

3 Doutor em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Coordenador do PPGH da

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associados em 1858 foi comprada uma casa na antiga Rua da Figueira, onde foi

montado um pequeno hospital. Em fevereiro de 1859 foram mudados os sócios doentes

que estavam em tratamento na enfermaria particular da Santa Casa para o novo hospital,

sendo o fato comemorado com sessão e missa solenes. Com o surto de cólera na cidade,

em 1867, verificou-se a necessidade de construção de um espaço maior, que suportasse

a demanda de atendimentos. Desta forma foi obtido, por meio de doação, um terreno no

antigo Caminho da Aldeia, ou seja, na atual Avenida Independência. A pedra

fundamental do novo edifício, que até hoje é um dos marcos arquitetônicos da capital,

foi lançada em 29 de junho de 1867. Em 29 de junho de 1870 foi inaugurado o novo

edifício que abrigaria o hospital. Este prédio contava com duas grandes enfermarias e

todas as demais dependências necessárias, naquele período, para o bom funcionamento

da instituição. No início de 1871 foi finalizada a construção da primeira capela da

Sociedade, situada no interior do prédio do hospital. Alguns meses depois foi

entronizado, naquela capela, o padroeiro da instituição e da província: São Pedro. A

estátua do santo, que ainda hoje se faz presente no altar do templo, foi fruto de uma das

tantas doações realizadas pelos associados, sendo esta conseguida por José Fernandes

Granja, trazida da cidade do Porto, em Portugal.

No ano de 1873 deu-se uma das maiores enchentes já ocorridas na cidade de

Porto Alegre, ocasião esta em que a Sociedade de Beneficência Portuguesa cedeu

espaço em seu prédio para abrigar várias famílias vítimas da cheia do Guaíba. Nesse

período que lá ficaram, receberam todo auxilio médico e alimentação de que

necessitavam. Em 1882 foi construída uma nova enfermaria na parte baixa do edifício4,

com a finalidade de que ali fossem tratados os enfermos acometidos por doenças

contagiosas, evitando assim o contato com os demais doentes. Mesmo depois de muitos

avanços e já instalada na nova sede, a Beneficência Portuguesa não cessou de ampliar

sua presença na sociedade gaúcha. Em 1884 participou do movimento local de

emancipação de escravos doando muitas cartas de alforria. Cresceu o número de

atendimentos, de associados, e também, do volume de seu patrimônio, aumentado com

Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS [email protected]

4 O hospital fica localizado sobre uma colina, sendo a frente do prédio localizada na parte mais alta

(voltada para o leste). Desta forma, as dependências localizadas mais ao fundo (oeste), estando

situadas na encosta do morro, foram construídas sobre uma acentuada queda geográfica, o que

possibilitou a instalação da nova enfermaria em um local situado abaixo do nível do prédio frontal.

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diversas doações em forma de imóveis, heranças, loterias especiais e outras fontes. Em

1892 foram feitas melhorias nas instalações, sendo criadas salas para consultórios e uma

farmácia, o que possibilitou acentuada queda de custos para a aquisição dos

medicamentos utilizados nas enfermarias. Por volta de 1900 a Sociedade estava em

ótimas condições e com um considerável patrimônio, muito bem avaliado e sem ter

nenhuma dívida. Nos primeiros cinquenta anos da Sociedade entraram enfermos no

hospital 6.727 pessoas.

Em 1907 foi adquirido um terreno para a criação de um cemitério destinado aos

associados, localizado junto ao Cemitério São Miguel e Almas, que foi consagrado em

1909. Neste mesmo ano foram reformadas as salas de cirurgias, os encanamentos de

água e gás, e instalada a lavanderia. Em 1911 foi criada a enfermaria feminina (até então

eram internados somente pacientes do sexo masculino) e instalada a luz elétrica. Uma

nova fase no funcionamento da entidade iniciou em 1923: a administração interna do

Hospital foi entregue às irmãs da Divina Providência. Em 1951 a Beneficência

Portuguesa teve os seus serviços na área neurológica reconhecidos como exemplo de

excelência no Brasil e no exterior. Em 1952 foram adquiridos novos terrenos e

inaugurado o Instituto de Radioterapia. Desde então o complexo tornou-se um dos

hospitais mais importantes da cidade, tendo sido na década de 1950 a maternidade mais

procurada de Porto Alegre. Passou também a receber pacientes encaminhados dos

hospitais Conceição e Clínicas, desafogando estes grandes centros de saúde. Porém, a

situação da Sociedade e do Hospital se inverteu drasticamente durante as últimas

décadas do século XX. Ao alvorecer do século XX, a situação de penúria chegou ao

extremo: em 2007 teve sua execução decretada pelo INSS, devendo ser leiloado, mas o

processo foi revertido judicialmente. Sua condição é delicada, com uma dívida de cerca

de 18 milhões de reais. Mas, apesar das dificuldades imensas, em 2003 o Hospital foi

destacado como o segundo lugar em bom atendimento no Rio Grande do Sul. A

Sociedade de Beneficência Portuguesa de Porto Alegre é uma instituição filantrópica e

se organiza por meio de uma assembléia geral que é soberana, sendo composta também

por um conselho deliberativo, um conselho fiscal e uma diretoria, além de um corpo de

associados de aproximadamente três mil contribuintes.

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2 – Condições do acervo da Sociedade: o estabelecimento do Convênio

Durante o processo de instalação do Museu de História da Medicina do Rio

Grande do Sul (MUHM/SIMMERS) no prédio histórico do Hospital da Beneficência

Portuguesa de Porto Alegre, foi localizada no porão desta instituição, em péssimo

estado de conservação, a documentação que constitui o acervo da Sociedade e Hospital

Beneficência Portuguesa. Documentação que remonta a história da instituição desde a

metade do século XIX até o final do século XX. Neste contexto, no dia 25 de outubro de

2007, o Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul (MUHM) assinou um

convênio com a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), juntamente com

o Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul (AHRS)5, tendo como finalidade a

recuperação da documentação histórica da Sociedade e Hospital Beneficência

Portuguesa. Este ajuste de esforços seria realizado, na prática, da seguinte forma: o

Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, sendo uma instituição com larga tradição na

área de arranjo documental, disponibilizaria um profissional com as condições

necessárias para supervisionar em termos técnicos o andamento do projeto, papel este

que seria desempenhado pelo Prof. Paulo Roberto Staudt Moreira, profissional de larga

experiência na área de arquivos e manutenção de acervos.

A UNISINOS supriria a demanda de capital humano por meio de voluntariado,

através do seu corpo discente6, talvez uma das interfaces de maior relevo nesta ação de

salvamento patrimonial7. O MUHM ficaria como responsável pelo fornecimento de

todo o material, manutenção das salas onde seria realizado o trabalho e cobertura dos

gastos de deslocamento dos alunos voluntários participantes. Este convênio

também possibilitou aos alunos não só o importante contato com fontes primárias e com

5 Na ocasião dirigia o Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul o professor Luiz Carlos Carneiro da

Cunha.

6 Os autores deste artigo, enquanto alunos de graduação em História pela UNISINOS, participaram do

início ao fim das atividades de recuperação do referido Acervo. Trabalharam, também, como

divulgadores das atividades realizadas no Projeto, bem como, do material contido em tal Acervo, em

eventos científicos, por meio de apresentações e de artigos. A síntese das realizações deste Projeto de

recuperação do Acervo da Sociedade de Beneficência Portuguesa pode ser consultada em:

MOREIRA; Paulo R. S.; OLIVEIRA, Daniel; BRUM; Cristiano E.; FALEIRO, Lenon D. R.. Saúde,

Cura e Associativismo - O Acervo da Sociedade e Hospital Beneficência Portuguesa de Porto Alegre

In: SERRES, Juliane; QUEVEDO, Éverton Reis; REICHARDT, João Carlos (Orgs.). Beneficência

Portuguesa: a primeira Sociedade de Socorros Mútuos do Rio Grande do Sul. 1 ed.Porto Alegre :

EDIPUCRS, 2010, p. 45-82.

7 Era então coordenador do Programa de Pós-graduação em História da UNISINOS o professor Doutor

Flávio Madureira Heinz.

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as técnicas de preservação de documentos, mas também, o aprendizado de noções

básicas de arquivística e museologia. Não são raras as vezes que observamos

acadêmicos de História concluir seus cursos sem ao menos visitar um arquivo histórico,

sem ter contato prático com alguma documentação histórica, mesmo sendo esse o

principal material de trabalho do historiador. Muito mais raras são as chances de

graduandos participarem do processo de implantação e organização de um acervo em

sua totalidade, e mais ainda, constituído de documentação primária inédita para

pesquisa.

3 – Preservação dos documentos: etapas de recuperação do acervo

A preservação e a vida útil de documentos dependem de uma séria de fatores,

tais como armazenamento adequado e o reparo de possíveis danos. Mas antes de

qualquer ação, é necessária a realização da higienização destes documentos. A

higienização deve ser feita periodicamente e de acordo com a necessidade de cada

documento, levando em consideração a composição do material que é constituído, e

também, o estado de preservação em que se encontram.

No trabalho realizado com a documentação da Sociedade e Hospital

Beneficência Portuguesa, o tipo de higienização desenvolvida foi a mecânica à seco,

com a utilização de trinchas, panos macios, e eventualmente, estiletes e bisturis, para a

retirada de sujidades que não saem tão facilmente. Foi adotada esta técnica por ser a

mais eficiente e a mais indicada pelos profissionais da área de preservação documental,

conforme literatura consultada, para as pretensões do trabalho que foi realizado. Os

corpos estranhos aos documentos como grampos metálicos, insetos, entre outros,

também foram removidos nesta etapa. Felizmente, apesar do mau acondicionamento em

que se encontrava o acervo, foi constatado que o estado de preservação dos documentos

é favorável para que, após o processo de higienização e organização, sejam

disponibilizados para futuras pesquisas. Os aspectos teóricos e metodológicos deste

projeto foram buscados junto à Arquivística, Museologia e História, disciplinas

responsáveis pela preservação do patrimônio cultural em seus diversos suportes.

Diversos autores destacam a importância desta etapa como parte integrante da

conservação preventiva em acervos e arquivos8. Segundo Seripierri e Luccas: “a

8 Conforme Drumond, descrevendo com detalhes o procedimento: “[...] deve ser passada uma trincha ou

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higienização é sem dúvida a tarefa de maior importância dentro da biblioteca, pois nos

permite entrar em contato direto com o acervo, verificando sua integridade física”

(LUCCAS; SERIPIERRI, 1995. p. 35). Todo o processo de higienização e organização

do Acervo foi efetuado com a utilização de luvas de proteção, avental e máscaras, como

forma de proteção contra a poeira, fungos e demais sujidades, e também, como meio de

preservar a vida útil dos documentos, evitando o contato do papel com sais contidos na

superfície da pele.

Visando uma maior vida útil e a organização do acervo da Sociedade e Hospital

Beneficência Portuguesa, foram cumpridas as seguintes etapas, previstas no

estabelecimento do convênio:

Limpeza: é realizada a avaliação do estado em que se encontram cada

um dos documentos. De acordo com o estado de preservação em que se

encontra o documento e o tipo do material de que ele é constituído, é

realizado o trabalho de higienização, de acordo com as necessidades e

possibilidades verificadas;

Transcrição paleográfica: no decorrer do processo de higienização, foi

realizada a transcrição paleográfica de alguns códices, escolhidos por

ordem de sua importância na história da instituição, privilegiando assim os

mais antigos e em pior estado de conservação;

Arranjo: trata-se da organização do acervo, com a catalogação dos

códices e dos demais documentos, sendo confeccionado pelo coordenador

do projeto - Prof. Dr. Paulo Roberto Staudt Moreira - um meticuloso

instrumento de pesquisa/catálogo9, constando, além dos números

identificadores dos documentos/códices, a descrição do mesmo (nome), o

período e número de páginas (constando também a data inicial e final das

pincel bem macio sobre o documento e, em caso de um livro, em todas as folhas, observando sempre a

presença de traças, cupins e fungos. A limpeza de ser iniciada sempre do centro para as bordas. No

caso de livros, deve-se limpar bem a união entre as folhas, porque larvas vivas geralmente se alojam

nas costuras. Recomenda-se portanto, maior cuidado na limpeza destas áreas” (DRUMOND, 2006. p.

130-131).

9 Entende-se por catálogo - Instrumento de pesquisa elaborado segundo um critério temático, cronológico,

onomástico ou geográfico, incluindo todos os documentos pertencentes a um ou mais fundos,

descritos de forma sumária ou pormenorizada. Fonte: RELATÓRIO DO CONVÊNIO FIRMADO

PARA HIGIENIZAÇÃO E ARRANJO DA DOCUMENTAÇÃO HISTÓRICA DA SOCIEDADE DE

BENEFICÊNCIA PORTUGUESA DE PORTO ALEGRE. Museu de História da Medicina, 2009.

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anotações do mesmo). Infelizmente, devido às delimitações de tamanho

deste artigo, não poderemos disponibilizá-lo aqui.

Dentro desta última etapa de arranjo, cabe destacar os procedimentos adotados

na etiquetagem dos códices para identificação em catálogo. Com a finalidade de não

criar mais danos aos documentos, procedemos da seguinte forma: primeiramente, com a

utilização de cola CMC (Carboxi Metil Celulose)10

, foi anexado ao códice um pequeno

pedaço de papel japonês (papel utilizado na restauração de documentos), e sobre este

foi colada uma etiqueta adesiva, onde consta, de forma impressa, a identificação do

códice de acordo com o catálogo. Por fim, para proteger a etiqueta, foi colado, sobre

ela, um outro pedaço de papel contact (vide fotografia n.1).

Fotografia11 1: Detalhe etiquetas

4 – A recuperação na prática: a difícil missão de conservar um patrimônio

documental

No mês de novembro de 2007, com o trabalho do grupo de alunos voluntários,

sob a orientação do Professor e Historiador Paulo Roberto Staudt Moreira, foram

iniciados os trabalhos de higienização e organização do acervo da Sociedade e Hospital

Beneficência Portuguesa que foram realizados no interior deste hospital. De início, até

10 Polímero semi-sintético, em que grupos CH2COONa substituem o OH na cadeia celulósica, formando-

se éteres. Tanto mais solúvel em água quanto maior o grau de substituição, é sobretudo utilizado pela

viscosidade conferida às soluções aquosas, que aumenta com o comprimento da cadeia de celulose.A

CMC dissolve rapidamente em água e é usada para controlar a viscosidade sem se transformar em gel.

Usado como um espessante de soluções e estabilizante de emulsões, também actua como um agente

suspensório. É incolor, inodoro, não-tóxico e solúvel na forma de pós ou grânulos.

11 Fotografias utilizadas: coleção da equipe do Projeto de Recuperação do Acervo da Sociedade de

Beneficência Portuguesa de Porto Alegre.

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maio do ano de 2008, o local em que se realizaram os trabalhos foi a histórica Capela

São Pedro, construída em 1871. Mesmo não sendo o espaço físico mais adequado para

tais atividades - como pode ser observado na imagem abaixo, mesas para higienização

foram improvisadas, bem como o local de alocação dos livros (ao fundo, sobre os

bancos da capela), sem falar do excesso de luminosidade – pois se tratava de um local

amplo e arejado, o que facilitou a realização dos primeiros trabalhos.

Fotografia 2: Capela São Pedro - Interior do Hospital Beneficência Portuguesa de Porto Alegre

Porém, devido aos interesses da administração do Hospital em reativar a Capela

para cerimônias religiosas, o projeto de higienização e organização do acervo foi

alocado, no mês de junho daquele ano, em salas de um corredor abandonado, na ala sul

do prédio, próximo ao antigo e também histórico Salão Nobre da Sociedade. Estas salas,

no início da ocupação, não contavam com energia elétrica, as paredes possuíam

infiltrações de água causadas pelas chuvas – o que tornava o local extremamente úmido.

Devido a isso, torna-se evidente que o novo local estavam muito longe de ser o cenário

ideal para os fins que se propunha o projeto: recuperar e salvaguardar a antiga

documentação da Sociedade. Isto sem falar na falta de motivação, devido às

circunstâncias impostas, para que os colaboradores voluntários dessem continuidade às

atividades.

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Fotografia 3: corredor abandonado no Hospital Beneficência Portuguesa - Segundo local onde se

processou a higienização do acervo da sociedade

Em alguns meses, após algumas solicitações de melhorias realizadas junto à

administração do hospital por intermédio do MUHM, foi instalada energia elétrica em

duas das salas, sendo concedida, também, uma terceira sala fora deste corredor, situada

no segundo piso do prédio histórico do hospital, com a finalidade de alocar e organizar

os livros já higienizados. Esta sala, apesar de suas reduzidas dimensões físicas, mostrou-

se, diante dos outros locais em que foi desenvolvido o projeto, como o espaço mais

adequado e seguro para a guarda da documentação, ao menos até ser encaminhada para

local específico para tal fim. Com a disponibilização desta nova sala foi possível evitar

o excesso de umidade e a permanência da documentação higienizada com a que ainda

não havia passado por este processo, além de, também, oferecer a possibilidade de

maior controle da luminosidade, por meio da instalação de cortinas pretas.

Fotografia 4: sala de organização e catalogação do acervo

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Em um período de dois anos, após trabalhosas e cansativas etapas, com

diversas/inesperadas modificações de espaço físico, juntamente com a falta de recursos

(fatores que colocaram em dúvida as reais possibilidades de concretização do projeto),

que dificultaram ainda mais a complexa e muitas vezes inglória tarefa de preservar

acervos em nossa realidade local (dificuldades estas que certamente se estendem por

todo este país, incluindo ainda muitos outros), foi dado por finalizado o projeto, com a

higienização, organização e catalogação de mais de trezentos códices, salvaguardados

de forma adequada e em local seguro (foto nº. 5). Dentro disto, salientamos ainda que,

desde o início do projeto, foi idéia compartilhada pelas instituições e profissionais

envolvidos, que esta documentação não poderia ficar inacessível aos pesquisadores e

público em geral. Assim, esperamos que em breve este acervo esteja disponível,

passando a fazer parte definitivamente da reserva técnica do Museu de História da

Medicina.

Fotografia 5: códices higienizados e catalogados

4 - Possibilidades de Pesquisa

O acervo é constituído por uma grande quantidade de códices, livretos de

balanços anuais, diplomas de sócios, correspondências, além de uma série de

documentos avulsos das mais variadas espécies. Esta vasta documentação pode, por

meio de suas informações, remontar minuciosamente a história da Sociedade

Beneficência Portuguesa: sua criação, administração, seu quadro social, participação

dos sócios etc. Isto tudo, desde a sua fundação, ocorrida no ano de 1854, até as últimas

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décadas do século XX. E é claro, muito além disso, também por meio desta

documentação, se torna possível a análise não só desta instituição e de seus membros,

mas também de várias nuances da sociedade porto-alegrense entre os séculos XIX e

XX12

.

Basicamente, o Acervo da Sociedade e Hospital de Beneficência Portuguesa de

Porto Alegre se constitui na seguinte forma (séries) por natureza da documentação:

Natureza da documentação

Série 1 Financeiro

Série 2 Patrimônio (levantamentos)

Série 3 Entrada de pacientes

Série 4 Registros de associados

Série 5 Cemitério

Série 6 Diversos

Série 7 Relatórios, regulamentos, estatutos

Série 8 Atas

Quadro13 1: natureza da documentação por séries

Entre os documentos da série 1, se encontram códices que relatam a

movimentação financeira: livros caixa, registros de contas, registros de compras,

pagamentos de sócios, finanças do hospital, da sociedade e do retiro da velhice (lar de

idosos da sociedade). Esta série cobre praticamente todo o período de existência da

Sociedade e do hospital, de maneira que ficam poucas lacunas.

A série 2 apresenta documentação referente ao patrimônio e bens da Sociedade,

bem como plantas baixas dos imóveis e prédios pertencentes, tornando-se assim essa

documentação importante referência para estudos, inclusive de arquitetura histórica.

Apresenta também dados sobre o mobiliário e materiais presentes no hospital nos

séculos XIX e XX, o que pode possibilitar diversos estudos sobre as condições

materiais do hospital em diferentes épocas.

12 O historiador Daniel Oliveira, que atuou como voluntário ao longo de todo o projeto, apresentou como

trabalho de conclusão no curso de História, na UNISINOS, a pesquisa intitulada: “Porto dos

degenerados - Os enfermos acometidos por doenças venéreas internados nos hospitais Santa Casa de

Misericórdia e Beneficência Portuguesa de Porto Alegre entre os anos de 1881 e 1892”. Como indica

o título foram usados como fonte primária alguns livros de entrada de pacientes, analisando, desta

forma, diversos aspectos da sociedade porto-alegrense de fins do século XIX.

13 Quadro elaborado pelos autores do artigo.

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É possível também, a partir deste acervo, colher informações sobre quais eram

as doenças mais comuns que atingiam a população rio-grandense (série 3); quem eram

os internados (sua nacionalidade [nos registros são encontrados imigrantes de vários

países do mundo, tais como franceses, alemães, italianos, entre outras nacionalidades],

sexo, idade, entre outros dados); quais os tratamentos e alimentos oferecidos aos

doentes; qual o tempo de reabilitação dos internados, e também, sendo possível analisar

a própria evolução da medicina e de suas técnicas, entre outras informações referentes à

história da medicina, do cotidiano hospitalar, da saúde e das doenças.

Ainda na série 3, são apresentados dados sobre enfermos particulares e enfermos

sócios, que se trabalhados juntamente com documentos da série 4 (Registro de Sócios),

podem gerar importantes estudos sobre história das elites ou associativismo. Nestes

registros é possível verificar a nacionalidade e cidade de residência do associado, os

valores para obter o título de sócio, bem como das mensalidades. Torna-se possível

observar, também, quais eram os benefícios que o associado poderia usufruir fazendo

parte da Sociedade.

Na série 5 são encontradas informações referentes ao arrendamento e compra de

lotes do cemitério, registros de sepulturas, contratação de carros e de terceiros para

transporte do caixão até o cemitério etc. Fontes estas que podem ser utilizadas para

estudos de população, morte, entre outros.

A série 6 é dedicada aos documentos de naturezas diversas. Fazem parte desta

série desde jornais e outros impressos até correspondências expedidas e recebidas. Aqui

podemos estender as temáticas de pesquisa para além da história da saúde, da medicina

e do associativismo, alcançando também outros diferentes aspectos sociais.

Regulamentos internos do Hospital da Sociedade de Beneficência Portuguesa de

Porto Alegre, estatutos da mesma sociedade, relatórios anuais e diversos desta e de

outras sociedades de beneficência do estado e do país podem ser encontrados na série 7.

Na série 8, são encontradas diversas atas de reuniões e assembléias, inclusive, a de

fundação da Sociedade. Por meio destes documentos é possível colher as mais diversas

informações relativas ao funcionamento do hospital, suas aquisições materiais, situação

financeira, processos internos investigativos referentes a acontecimentos (das mais

diversas naturezas) ocorridos no interior do hospital14

, sobre a posição dos altos

14 Dentre estes casos, destaca-se o inquérito sobre uma discussão ocorrida, em 1884, entre um associado

Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 13

membros da Sociedade frente às mudanças na sociedade brasileira e porto-alegrense no

decorrer dos anos, entre outras. Enfim, nestes documentos é possível encontrar de forma

pormenorizada diversas informações que possibilitam remontar a história e histórias do

Hospital e da Sociedade de Beneficência Portuguesa de Porto Alegre.

Dentro destas séries documentais (e considerando a impossibilidade de descrever

o acervo por completo neste artigo), eis alguns exemplos de códices e documentos

encontrados:

Livros atas: nestes livros ficaram registradas as reuniões dos principais

membros do quadro administrativo do Hospital e da Sociedade;

Livros caixa: nestes códices é possível encontrar informações referentes às

movimentações financeiras da Sociedade e Hospital;

Livros dos sócios: contém a listagem das pessoas que integravam a

Sociedade Beneficência Portuguesa, bem como dados de suas respectivas

funções junto à Sociedade, local de residência, idade, nacionalidade, entre

outras informações;

Tratamento aos doentes: constam os medicamentos comprados e utilizados,

a alimentação administrada aos enfermos, bem como as formas de higiene

utilizadas;

Relação dos entrados na enfermaria: nele encontramos a identificação dos

pacientes - estado civil, idade, doença, tratamento e evolução do seu quadro

clínico;

Livros das Sepulturas/Cemitério: constam as listagens das sepulturas e dos

arredamentos (lotes do cemitério da Sociedade Beneficência Portuguesa).

Outra fonte que merece destaque para quem investiga saúde e cura são os

levantamentos patrimoniais realizados em períodos diversos. Em 1902, por exemplo, foi

elaborado um Inventário dos móveis, utensílios e todos os mais objetos da Sociedade

Portuguesa de Beneficência (SBP-336 / CX 09). Nele, as salas do hospital são descritas

individualmente, mencionando os móveis e instrumentos médicos disponíveis em cada

enfermo e o tesoureiro da Sociedade, onde foram ouvidas cinco testemunhas que narraram os

acontecimentos e que acabou resultando no afastamento da Sociedade, por seis meses, de Joaquim da

Costa Lessa (sócio enfermo).

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uma. Usando a imaginação (histórica) podemos circular pela instituição, passear pelos

corredores e enfermarias, visualizar práticas médicas.

Em todos estes documentos temos incluídos em suas informações diversos

aspectos da vida social rio-grandense. Essas informações nos trazem a organização

administrativa da instituição, a sua finalidade, aspectos da relação estabelecida entre

Brasil e Portugal após a independência, e é claro, o associativismo da comunidade

portuguesa em Porto Alegre e também no Rio Grande do Sul.. Observando alguns

documentos do acervo, constatamos que no início de sua história, em seu primeiro livro

de sócios, a Sociedade de Beneficência de Porto Alegre contava com uma grande

quantidade de sócios residentes em Pelotas e Rio Grande, cidades estas que

posteriormente, por iniciativa dos portugueses lá residentes, criaram suas próprias

sociedades de beneficência. O acervo da Beneficência Portuguesa configura-se,

portanto, num observatório privilegiado para o entendimento das redes associativas que

cruzavam a vida social do Brasil Meridional. Lembremos que esta agremiação foi a

primeira sociedade de socorros mútuos do Rio Grande do Sul.

Além disso, encontrar-se-ão, também neste acervo, dados sobre a história social

do trabalho livre e escravo (funcionários do Hospital, serviços de terceiros, e também,

escravos que eram utilizados para prestar serviços à Sociedade/Hospital); dos salários;

dos custos com alimentação, remédios, roupas; das práticas funerárias; da organização

das elites, entre outros. Desta forma, o trabalho de recuperação e organização do acervo

da Sociedade de Beneficência Portuguesa de Porto Alegre, que foi arduamente realizado

entre os anos de 2007-2009, e por hora aqui apresentado, possibilitou o acesso a uma

infinidade de informações potenciais para diversas pesquisas, que podem ser realizadas

por meio de consulta e análise sobre este acervo.

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