Patrícia Santos - Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas · Ficha Técnica Coordenadora:...

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Ficha Técnica Coordenadora: Patrícia Santos Editor José Mota Colaboradores Fernando Gaspar Mª. Conceição Taurino Helena Pina Manique Imagens de: Paula Gomes e José Mota. http://www.sbsi.pt/SAMS/outras_areas/lardeidosos <> Ano XVI <> Nº 189<> Outubro <> 2018 Nunca tente tirar de mim o amor de alguém que conquis- tei. A vida me ensinou que de pequenos passos se faz uma grande pessoa; que de gran- des tropeços se aprende o bastante para entender que somos imperfeitos e que nem ao menos podemos escolher nosso próximo passo, ele sim- plesmente é dado. Ensinou-me, também, que, tudo que temos nessa vida é apenas aquilo que conquista- mos e pode desaparecer a qualquer momento sem aviso.Por isso devemos aproveitar todos os momentos vividos com os nossos, sempre que nos é possível, fazendo com que o envelhecimento seja um caminho de companhia e não de solidão. Um texto que pretende fazer-nos pensar nisso, neste mês do Idoso. Crónica de Outubro Este foi o mês do Idoso….mas pela indisponibilidade dos grupos nossos vizinhos que estariam to- dos noutras festas e noutros luga- res, só a partir da segunda quin- zena conseguimos ter animações todas as terças-feiras, tendo rece- bido o Grupo de Cavaquinhos Cordas Mágicas do Barreirono dia 16; Um Grupo de Musica Po- pular, em 23 e no dia 30 O Grupo Musical da Universidade Sénior da Quinta do Conde, que distribu- iu pela assistência as letras das músicas que cantavam numa ten- tativa de interagir com as pessoas idosas. O mês fechou com a ale- goria ao dia das bruxas”...uma tradição pouco vulgar na nossa cultura que assim se vai acultu- rando por força dos interesses económicos e consumistas que dominam a sociedade globaliza- da. Claro que mantivemos as ati- vidades culturais, musicais e ou- tras nos dias fixos da semana, como as Viagens no Sofá, o Nú- cleo de Leitura e Cultura...Os Pro- gramas das Sextas-feiras e tam- bém os video-clipsde sábado, a que já se habituaram os nossos residentes e se seguirão desde que haja condições, mas como vai ter bebé a jovem que ajuda na distribuição das cadeiras de rodas dos dependentes, prevemos que em breve seja suspenso. No Núcleo de Cinema projeta- mos :“A Paixão de Shakespear; o musical Italiano Nove” “Sol da Meia-Noite”; Primavera Todo o Ano: Onde estas Irmão”; “A Vida é BelaNo piso menos um conti- nuaram as sessões de ginástica Os trabalhos manuais e a reaber- tura das aulas de Barropela Universidade Sénior de Azeitão, de acordo com os moldes exis- tentes, tendo sido melhorado o espaço que lhes foi reservado pela terapia ocupacional e coor- denação do Lar O Editor. Editorial Patrícia Santos—Coordenadora Mês do idoso

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Ficha Técnica

Coordenadora:

Patrícia Santos

Editor

José Mota

Colaboradores

Fernando Gaspar

Mª. Conceição Taurino

Helena Pina Manique

Imagens de:

Paula Gomes e

José Mota.

http://www.sbsi.pt/SAMS/outras_areas/lardeidosos <> Ano XVI <> Nº 189<> Outubro <> 2018

“Nunca tente tirar de mim o

amor de alguém que conquis-

tei. A vida me ensinou que de pequenos passos se faz uma

grande pessoa; que de gran-

des tropeços se aprende o

bastante para entender que

somos imperfeitos e que nem

ao menos podemos escolher

nosso próximo passo, ele sim-

plesmente é dado.

Ensinou-me, também, que,

tudo que temos nessa vida é apenas aquilo que conquista-

mos e pode desaparecer a

qualquer momento sem aviso.”

Por isso devemos aproveitar todos os momentos vividos com os nossos, sempre que

nos é possível, fazendo com que o envelhecimento seja um caminho de companhia e

não de solidão. Um texto que pretende fazer-nos pensar nisso, neste mês do Idoso.

Crónica de Outubro Este foi o mês do Idoso….mas pela indisponibilidade dos grupos nossos vizinhos que estariam to-dos noutras festas e noutros luga-res, só a partir da segunda quin-zena conseguimos ter animações todas as terças-feiras, tendo rece-bido o Grupo de Cavaquinhos “Cordas Mágicas do Barreiro” no dia 16; Um Grupo de Musica Po-pular, em 23 e no dia 30 O Grupo Musical da Universidade Sénior da Quinta do Conde, que distribu-iu pela assistência as letras das músicas que cantavam numa ten-tativa de interagir com as pessoas idosas. O mês fechou com a ale-

goria ao “dia das bruxas”...uma tradição pouco vulgar na nossa cultura que assim se vai acultu-rando por força dos interesses económicos e consumistas que dominam a sociedade globaliza-da. Claro que mantivemos as ati-vidades culturais, musicais e ou-tras nos dias fixos da semana, como as Viagens no Sofá, o Nú-cleo de Leitura e Cultura...Os Pro-gramas das Sextas-feiras e tam-bém os “video-clips” de sábado, a que já se habituaram os nossos residentes e se seguirão desde que haja condições, mas como vai ter bebé a jovem que ajuda na distribuição das cadeiras de rodas

dos dependentes, prevemos que em breve seja suspenso. No Núcleo de Cinema projeta-mos :“A Paixão de Shakespear; o musical Italiano “Nove” “Sol da Meia-Noite”; Primavera Todo o Ano: “Onde estas Irmão”; “A Vida é Bela” No piso menos um conti-nuaram as sessões de ginástica Os trabalhos manuais e a reaber-tura das aulas de “Barro” pela Universidade Sénior de Azeitão, de acordo com os moldes exis-tentes, tendo sido melhorado o espaço que lhes foi reservado pela terapia ocupacional e coor-denação do Lar O Editor.

Editorial Patrícia Santos—Coordenadora

Mês do idoso

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Somos escravos…

Somos escravos da palidez da

nossa vida, desleixados e

sempre prontos a arranjar pro-

blemas maçadas e aborreci-

mentos aonde nem sequer os

há, porquê?

Motivai-vos!

Aqui um país iluminado de sol

todo o ano, mar de um verde

esmeralda que toma por vezes

nuances de azul que se con-

funde ao longe com o céu anil,

a flora esfusiante de cores for-

tes, suaves, matizadas e ines-

quecíveis.

Árvores de vários castanhos,

frondosas em tons de verde

surpreendentes folhas amarelo

dourado outras acinzentadas e

avermelhadas de variadíssi-

mos recortes, carnudas e del-

gadas sedosas e brilhantes,

como não encontramos nou-

tros lugares. Parques e jardins

muito cuidados, lagos de pei-

xes vermelhos e comilões a

aparecerem devorando pe-

dacinhos de pão que lhes da-

mos, num instante, assim co-

mo nos lagos de cisnes geral-

mente de penas muito brancas

mas também cisnes negros

igualmente bonitos. Vaidosos

deslizam orgulhosos das suas

penas luzidias, bicos amare-

los, olhos perspicazes pesco-

ços compridos e elegantes.

Umas aves de já grande porte,

por isso esvoaçam e não le-

vantam voo, então não há peri-

go de fugirem.

Têm por isso umas casotas,

com uma abertura como se

fosse uma porta para entrarem

e dormirem. Ali põem os ovos,

nascem patinhos amarelos dos

cisnes brancos e cinzentos

dos cisnes pretos, são uns

amores e não há coisa mais

engraçada e ternurenta que os

ver atrás da mãe a nadar e a

mergulhar o que aprendem de

imediato e que é espantoso! É

o encanto dos que andam pas-

seando e muitos até levam bo-

caditos de pão para os ver cor-

rer até às grades que os sepa-

ram de mãos mais atrevi-

das...os bancos de jardim

sempre prontos para um des-

canso dos passeantes e turis-

tas que se refrescam naquelas

sombras magníficas e toldos

das pequenas barracas onde

se vende água, sumos ou ou-

tras bebidas refrescantes no

verão.

Mas no inverno e nas outras

estações também sabe bem

esticar as pernas e agasalha-

dos fazer um indispensável

passeio higiénico, o que só

lhes pode trazer benefícios.

Enquanto passeiam, distraem-

se veem outras pessoas co-

nhecidas ou não, obrigam-se a

subir e descer escadas o que

só faz bem ao coração e aca-

ba com a “preguiceira” que

quando é aguda...faz bolinhas

de gordura !

Helena de Pina Manique

(Residente)

Nós e os Outros

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21- MEMÓRIAS

Recapitulando: antes de sair de

Luanda descrevo um episódio que

ainda hoje me diverte. O Banco de

Angola estava então instalado na baixa luandense, numa espécie de

grande armazém com apenas um

piso com péssimas condições de

funcionamento.

Mais tarde quando foram inaugura-

das as novas instalações foi consi-

derado como sendo o primeiro Mu-

seu angolano dado o requinte de

que fora dotado: mármores de Car-

rara importados directamente de Itália, quadros originais de pintores

célebres, mobílias de estilo e muito

mais, em contraste com os magros

vencimentos que então atribuía aos

seus empregados…

Bem perto do armazém a que me

refiro existia a Cervejaria Bicker

sempre bem frequentada, o calor

era intenso, apetecia beber uma cervejinha…

Um dia ao sentar-me na esplanada

aproximou-se um indivíduo, pedindo

licença sentou-se e iniciou um diálo-

go interessante: apresento-me, sou

o Dr. John Bicker, advogado nos

tempos livres e sócio maioritário

desta cervejaria. Venho notando

aqui a sua presença diária sempre

isolado, não tem amigos?

Respondi que tal ainda não tinha

acontecido, havia sido admitido re-

centemente no Banco de Angola e

que como amigos apenas tinha os

meus companheiros de pensão. En-

tão pediu ao empregado de mesa

dois copos de cerveja Cuca – a mar-

ca angolana – e disse-me algo no

género: venho observando o seu

comportamento, a sua introversão

que adivinho é-me simpática e me sugere um ambiente muito diferente

do meu círculo social. Se desejar,

podemos manter contacto durante

os momentos em que diariamente

aqui permanece, teremos por certo

temas interessantes de conversa.

Assim aconteceu, fui sabendo que o

Dr. Bicker era um homem mundano,

um bon vivant e amante da noite, para ele o dia só tinha início depois

do meio dia, a não ser que tivesse

clientes para defender em tribunal

durante a manhã. Era culto e tam-

bém um advogado de mérito, che-

gando a recusar causas por mani-

festa falta de tempo. Disse-me em

certo dia: gostaria que amanhã as-

sistisse a um julgamento em que intervirei por um meu cliente e Ami-

go, não irá colidir com o seu horário

de trabalho, só acontecerá cerca

das 19 horas. O tribunal aqui funcio-

na em horários diferidos. Previno-o

de que, pela evolução do processo,

me parece que será a acusação

mais curta e simples que até hoje se

me proporcionou.

Fui assistir ao julgamento.

Tratava-se de um processo em que

um amigo do Dr. Bicker fora chama-

do de filho da p… durante uma dis-

cussão que tivera com outro indiví-

duo e movera-lhe um processo por

difamação. O seu advogado tentou

demonstrar que as palavras proferi-

das não eram ofensivas, costuma-vam ser usadas entre amigos brin-

cando entre si… o que não aconte-

cia no entanto, com a expressão

filho de p…, essa sim, se utilizada

seria de facto ofensiva. Nas alega-

ções finais, o Juiz ao dar a palavra ao Dr. Bicker, este apenas disse:

nada mais tenho a dizer, senhor

doutor juiz. O filho da p… do meu

distinto colega já aduziu suas ra-

zões! O advogado contrário sentiu-

se ofendido não obstante as suas

alegações anteriores… o Dr. Bicker

ganhou a causa e a correspondente indemnização pedida pelo seu clien-

te e amigo. Com este homem invul-

gar mantive contacto até ao dia em

que, transferido para a Filial de Ben-

guela dele me despedi, foi pessoa

que mereceu a minha consideração,

era afinal também dotado de senti-

mentos e de uma cultura que muito

apreciei.

Outubro de 2018 –

Fernando Gaspar

PROGRAMAS DAS

SEXTAS FEIRAS

Mês de Outubro de 2018

No dia 12 - A Música e a Natureza-

2º.Programa 1ª.Parte * Katica Illényi -

4º.

Programa * A Música com Humor-

12º. Programa

No dia 19 - Sonho de Uma Noite

de Verão-1ª.Parte * Magia e Circo no

Molim Rouge-6º. Programa * O Palá-

cio do Buçaco

No dia 26 - Sonho de Uma Noite

de Verão-2ª.Parte * A Música e a Na-

tureza

-2º.

Programa -2ª. Parte * Ballet Alham-

bra-5º.Programa

Uma compilação de

Fernando Gaspar (Residente)

Os Nossos Colaboradores

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—————————————————— A Fechar Com Poesia ——————————————

Se tu soubesses... Se tu soubesses meu bem

quanto eu gosto de ti.

Guardei-te no coração

porque uma ternura assim

acho que nunca senti.

Mesmo que o teu ardor

por mim, não seja igual

dá o teu a quem quiseres,

nem por isso eu deixarei

de te querer bem, afinal.

Enraizado no meu âmago

não vale a pena lutar

seria uma luta injusta

fazer-te este pedido

…se me pudesses amar!

Seres o Sol da minha vida

seres a Lua feiticeira

ficar nas nuvens pairando

sem medo dos altos voos

ó, poesia fagueira…

pois tenho de confessar,

nunca estás longe de mim

dou por ti, suspiros e ais

e noitadas de prazer…

só por te amar tanto, assim.

Helena de Pina Manique (Residente)

Ter um filho

Ter um filho É cantar um hino à Natureza ...Hino de amor, De alegria…E de beleza … É sentir em nos a vida a iluminar-se! É ter asas e voar… É poisar De mansinho a boca em pétalas De rosas orvalhadas… É rir às gargalhadas!... É ouvir, baixinho, A voz dos sinos! É acalentar um amor, poema de carinho!... É ser grande é ser maior que as mais! Sentir a dor e transformar em ais de prazer o estremecer de um corpo na ansia de viver! Ter um filho ! Aspiração suprema de quem ama com leal amor! É ver num ser que de nós brotou, o mais real exprimir de um sentir!... que Deus abençoou!

Maria da Conceição Taurino (Residente)