PASSOS, Elizete (2012). Assediar: dicionário: perseguir com insistência, importunar, molestar....
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O Assédio moral nas
Organizações
PASSOS, Elizete (2012)
Assediar: dicionário: perseguir com insistência, importunar, molestar.
Submeter sem tréguas a pequenos ataques repetidos. (Hirigoyen, 2002)
Moral: conjunto de regras consideradas válidas. Tomar uma posição sobre o que é e não é aceitável.
Em busca de um conceito:Assédio Moral
Na forma de assédio que atenta contra a moral
das pessoas e no trabalho pode ser entendida
como qualquer conduta abusiva (gesto, palavra,
comportamento, atitudes) que atente por sua
repetição ou sistematização, contra a dignidade
ou integridade psíquica ou física de uma pessoa,
ameaçando seu empregou degradando o clima
de trabalho.
Vamos nos concentrar...
Apesar de ser um fenômeno antigo, tornou-se
mais acentuado na sociedade atual como
consequência do estímulo ou o mínimo da
banalização das injustiças e dos maus-tratos a
que as pessoas são submetidas, em especial
nas organizações produtivas, que estão
preocupadas com o lucro econômico em
detrimento do crescimento e do bem-estar dos
seres humano.
Banalização
Os empregados são levados a acreditar que a
manutenção de seu emprego depende única
e exclusivamente deles, que precisam ser
competentes tecnicamente, pontuais,
polivalente, produtivos e submissos.
Iludindo o empregado
Os empregados são submetidos e, às vezes,
cumpliciam através do silencio com situações
em que são humilhados, inferiorizados,
ironizados, amedrontados e difamados. Vivem
tensos, preocupados e, ter um desempenho
que agrade aos patrões, que lhes dê
oportunidades de promoções e que não
ameace seu emprego.
Ameaça de perda do emprego
No assédio o indivíduo é que é visado. Ele passa a
ser maltratado, sem saber por quê, iniciando um
processo de suposições e busca de respostas, em
que quase sempre não conta com o apoio dos
colegas, que, por conveniência ou por medo,
omitem-se do processo. Ainda existem os maldosos,
que confirmam nada estar acontecendo e que tudo
não passa da imaginação fantasiosa do agredido.
O assédio e o indivíduo.
Em tais situações, a omissão torna-se
cumplicidade, colocando o omisso na
mesma situação de responsabilidade de
quem efetivamente pratica ou praticou o
ato perverso.
Cumplicidade
O assedio moral é um ato perverso, pois visa
manipular o outro e desapossá-lo de sua
liberdade. Começa como algo inofensivo, como
brincadeira, e evolui para maus-tratos e
manobras hostis e degradantes. Agregam-se a
eles, quase sempre, o abuso do poder e a
manipulação.
Trata-se de um fenômeno assustador, porque é
desumano, sem emoção e piedade. (Hirigoyen, 2000)
Ato perverso
O assédio caracteriza-se pela repetição,
fazendo-se necessário diferenciá-lo de outras
formas de molestamento a que os empregados
podem ser submetidos no ambiente de
trabalho, provocadas, por exemplo, por um
acesso de raiva de alguém que em seguida se
arrepende e procura se desculpar.
Característica do assédio moral
Um conflito não pode ser tomado como assédio.
Nele as recriminações são ditas, diferentemente
do assédio, onde existe um jogo de claros e
escuros, de ditos e não ditos. As ofensas sutis, as
sugestões. Por exemplo, de que a pessoa não
sabe fazer o trabalho, de que não se ajusta ao
grupo, vão levando-a a perde sua autoestima , a
desiquilibrar-se e destruir-se.
Atenção!
O conflito pode ser fonte de renovação e de
restabelecimento da verdade, pois nele
prevalecem relações entre iguais, pessoas que
falam, expõem suas criticas e idéias, o que não
ocorre num processo de assédio. Nele as
relações são assimétricas, de dominante e
dominador, em que este procura submeter e
impor suas regras.
Contudo,
Não esta com isso querendo dizer que as empresas estimulem
os conflitos ou que os empregados estão preparados para vivê-
lo. As primeiras os combatem por acharem que eles as expõem,
podendo mostrar suas incoerências e fragilidades, assim por
não saberem precisar seus alcances.
Os empregados por sua vez, evitam os conflitos porque não
aprenderam a ver o lado positivo, pois as famílias em nossa
cultura tem primado por mostrá-lo como perigoso e destruidor.
Todavia,
Temos menos conflito, porém, mais assédio.
Menos explicitação de nossa raiva ou recusa e mais
estresse.
Cansaço, ansiedade, e depressão
Pessoas aparentemente mais polidas, porém menos
verdadeiras, e que não conseguem conviver com o
diferente, com a individualidade de cada ser humano.
Nesse contexto, o assédio moral torna-se um
importante meio para fazer com que as pessoas abram
mão de seus valores e aceitem as normas do grupo.
Consequências...
Que toda organização possui valores e regras de conduta que devem ser conhecidos e praticados por que se dispôs a fazer parte dela, mas isso não deve acontecer de forma acrítica e pela imposição.
Os chefes devem saber transmitir as ordens e as orientações respeitosamente, levando em conta a pessoa de cada empregado, seus sentimentos e sua história de vida.
Já sabemos...
Considerar o ser humano é aceitá-lo como único, porém,
igual em direitos, deveres e status de pessoa.
Nessa condição é possível estabelecer o diálogo, pois nele
só existe onde o respeito à diferença se faz presente, onde
existe igualdade na diferença. Por exemplo, não é porque
alguém tem mais titulação ou posição hierárquica mais alta
que deve considerar maior do que o outro enquanto
pessoa.
O valor inexprimível do SER Humano
Não pode ser considerado assédio as más condições e altas
cargas de trabalho, a não ser quando eles são impostos às
pessoas como forma de humilhá-las e de prejudicá-las
deliberadamente.
Uma pessoa que, por não se submeter a uma regra do chefe,
por exemplo, vai sendo transferida de lugar na sala, até se
ver instalada em um espaço isolado, com pouca ventilação e
luminosidade, decerto está sendo vítima de um assédio.
Também...
O estresse, às vezes pode ser confundido com assédio, porem não configura como tal por alguns elementos: é de ordem física, ocasionado, por exemplo, por excesso de trabalho ou por uma gestão por estresse, que visa aumentar produtividade, mas que passa com o repouso e com alterações nas condições de trabalho.
O assédio gera sofrimento psicológico, pode prolongar-se por muito tempo e visa intencionalmente prejudicar o indivíduo.
Veja bem!
A palavra também tem sido mal empregada, às vezes,
intencionalmente, tendo em vista prejudicar alguém ou
justificar uma incapacidade, preguiça ou falta de
profissionalismo.
Nesses casos, um suposto perseguido pode tornar-se um
assediador caluniando alguém, através de ações como a
distribuição de carta acusatórias ou até mesmo acionando
meios de comunicação de massa.
Fique sabendo...
Como passou a ser um assunto observado internacionalmente, toma diferentes nomes: bullying, nos EUA, mobbing, na suécia, psicoterror laboral, na espanha, harcèlement moral, na frança, e ijime, no japão.
Entretanto, nem sempre eles podem ser considerado como assédio e sim como atitudes grosseiras praticadas por pessoas tirânicas, diferentes desse, que consiste em uma forma sutil de agressão e é muito mais difícil de ser provado.
Assédio moral em outros países
Qualquer que seja a definição adotada, o assédio moral é uma violência sub-
réptícia, não assinalável, mas que, no entanto, é muito destrutiva (Hirigoyen,
2002).
Os procedimentos do assédio são velados, porém, repetidos, continuados,
humilhantes e premeditados e que subjugam o outro.
As desqualificações vão as poucos minando a autoconfiança do
trabalhador e da trabalhadora, predominando o sentimento de
insegurança e de culpa que o tempo não é capaz de amenizar.
(Barreto, 2002)
Em síntese
Tendemos a crer que o assédio no ambiente de trabalho seja uma prática exercida apenas por quem tem poder formal, como os chefes e patrões.
Entretanto, além deles, as pessoas que não possuem esse tipo de poder, como colegas, podem exercer sobre os outros ações perversas que os desqualifiquem e minem sua atuo-estima.
TIPOS E MÉTODOS DE ASSÉDIO
VERTICAL OU HORIZONTAL
Os dois tipos são sempre procedidos da dominação psicológica do agressor e da dominação forçada da vítima. (Hirigoyen, 2002)
O ASSÉDIO PODE SER...
A princípio é mais prejudicial do que o horizontal, pois emana de alguém que possui autoridade, como um chefe, e suas considerações agridem mais profundamente e isolam mais, pois a pessoa agredida tem menos coragem de reagir.
Sobre o assédio vertical...
Os motivos que levam a esse tipo de agressão são, dentre outros, o autoritarismo, o abuso do poder, a insegurança e necessidade de autovalorização do agressor;
Também ele pode ter como meta fazer a pessoa pedir dispensa do trabalho e assim a empresa livrar-se de pagar os direitos trabalhistas decorrentes de uma demissão provocada por ela.
Ainda sobre o assédio vertical
Ele espalha o medo, a humilhação e o terror, exigindo a obediência cega a suas ordens e perseguindo aqueles que não acataram suas determinações ou não atingiram as metas estabelecidas. Há uma forte relação entre o assédio moral, o autoritarismo e o desrespeito aos direitos dos empregados.
Em todas as situações....
É aquele praticado por um colega sobre outro; também é nocivo e destruidor do indivíduo. Normalmente, ocorre quando existe disputa de poder, como, p.ex., de um cargo;
Também quando se quer subir no conceito do chefe ou do patrão. Em situações assim é possível que um empregado sonegue informações sobre um procedimento de trabalho a outro empregado, para depois apontá-lo como lento, desatento e descomprometido com a empresa.
Sobre o assédio horizontal
Com menor frequência, porem também possível, o assédio praticado por um empregado sobre o chefe.
Os momentos mais propícios são aqueles das fusões de compra e venda de empresas, quando, de um momento para outro, aparece um novo chefe com quem o grupo não simpatizou, por achá-lo antipático, intruso, usurpador, etc.
Veja bem...
O fato de não ser aceito pelo grupo ou por pessoas do grupo desencadeia agressões que podem ir desde a má vontade em ajudá-lo, como trabalhos com má vontade afetando a qualidade do que faz, a intolerância velada, mas com consequências reais.
consequências...
Pode acontecer com um colega de trabalho que ascendeu ao cargo de chefia, fazendo com que os invejosos não queiram homologar sua promoção, passando a desafiá-lo com atitudes irônicas e fazendo pouco caso de suas determinações.
Ou...
Ainda podem ocorrer assédios onde tanto os colegas quanto os dirigentes estejam envolvidos.
São os assédios mistos, que ocorrem de forma consciente por parte dos dois tipos de assediadores ou por omissão do chefe e dirigente, pois, a partir do momento que ele toma consciência da situação e não procura resolvê-la, torna-se co-autor, embora existam casos em que ele participa efetivamente.
Assédio Mistos...
Em todos esses tipos de assédio, as práticas podem variar do isolamento, falta de função e serviço aos maus-tratos.
Muitas empresas na impossibilidade de demitir o empregado, por exemplo, por não lhe ser conveniente político e economicamente, preferem deixá-lo no emprego, pagar seu salário rigorosamente, mas não lhe dar ocupação.
Contudo,
Pois, no mínimo depões sobre a competência do trabalhador.
Ele é um imprestável a quem a empresa está fazendo o favor de sustentar.
Sua relação com os outros empregados também se deteriora. A pessoa perde a sua dignidade e identidade.
Situação extremamente humilhante
Infelizmente tem crescido e tendem a crescer no ambiente de trabalho, pois a sociedade vem banalizando e naturalizando as situações...
Também a recessão e a falta de empregos contribuem com o processo, fazendo as pessoas se acomodarem e a se submeterem. Esses elemento aliados a desumanidade administrativa, tornam-se favoráveis ao avanço da situação e vem fazendo muitas vítimas.
Quanto aos maus-tratos...
Na visão de Hirigoyen (2000/2002)
Deteriorização proposital das condições de trabalho, através de mecanismos como a comunicação falha, em que o empregado não tem condições de compreender as ordens e o processo de trabalho, demorando mais tempo para realizar a tarefa, não conseguindo realizá-la ou criando um caminho alternativo que pode ser desqualificado ou interpretado como ousadia ou subversão aos princípios estabelecidos.
Quanto aos métodos para assediar...
A crítica destrutiva, normalmente feita em público, colocando em questão a qualidade do serviço realizado pelo empregado e sua competência;
Também pode ocorrer atitudes que visam induzir o empregado ao erro, por exemplo, dando-lhe novas atribuições a cada dia, retirando aquelas que ele está acostumado a fazer ou solicitando a execução de tarefas para as quais o indivíduo não está capacitado, dentre outras.
Outro procedimento...
É o isolamento e a falta de inclusão das pessoas nas conversas e decisões. Tais chefes quanto colegas podem agir como se ela não existisse, como se não estivesse presente.
Também são comuns práticas de violência que atentam contra a dignidade da pessoa, tais como insinuações, rumores sobre seu comportamento ou caráter, desqualificação de sua origem ou de suas crenças religiosas.
Outro método comum...
Como toda prática de assédio moral visa desestruturar o indivíduo e feri-lo intimamente, um artifício em, situações como as citadas é não dar explicações verdadeiras ao agredido.
Caso ele questione os motivos do que está acontecendo, tentam convencê-lo que está vendo fantasmas, que está muito sensível, pois tudo está na mais perfeita normalidade.
Fim último: destruir o indivíduo
As formas de assédio mais comuns no ambiente de trabalho vão desde aquelas que desqualificam a competência técnica dos indivíduos expressas através de frases como: “ seu trabalho não é bom.” “ele não serve aos interesses da empresa!” “Você não tem jeito!”, “Você não consegue entender nada do que a gente ensina!”
Em síntese...
Até atitudes que demonstram que a presença do empregado é totalmente desnecessária, por isso ele é imperceptível.
Nessa situação, é comum não cumprimentá-lo, não convidá-lo para uma reunião.
Ainda são comuns os desvios de função, quase sempre para aquelas inferiores, também as exigências de permanecerem além de seu tempo de expediente, dentre outras formas.
Anular o outro...
Usam mecanismos que sirvam para deixá-lo confuso e impossibilitado de reagir;
Desqualificam indiretamente, através de gestos, olhares, suspiros;
Não lhe dirigem a palavra, sem uma razão plausível.
Para isso...
Dor
Sofrimento
Vazio de não saber o que fazer nem contra quem.
Dúvida sobre a sua saúde mental!
Mas o que sobra para a vítima?