Passo a Passo - Formação na Rede Fale / Plataforma de...

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O ciclo da defesa de direitos A Represa de Patuca • Cartas Campanhas práticas Estudos de casos O processo de pacificação de Wunlit Estudo Bíblico: Atuando como defensor de direitos • Recursos Canos para água de bambu LEIA NESTA EDIÇÃO Foto: Richard Hanson, Tearfund A quarterly newsletter linking development workers around th world Uma revista trimestral que aproxima os trabalhadores da área de desenvolvimento de várias partes do mundo No.45 FEVEREIRO 2001 DEFESA DE DIREITOS Passo a Passo Abre a tua boca a favor do mundo, pelo direito de todos os que se acham em desolação. Provérbios 31:8 Defesa de direitos significa manifestar-se ou agir em conjunto ou em nome dos pobres, a fim de mudar as situações que causam sua pobreza e para que se faça a justiça. Isto pode consistir em falar e trabalhar com grupos, indivíduos, empresas ou governos, cujas ações ou políticas afetam os pobres. Todas as edições da Passo a Passo são, de várias maneiras, a respeito da defesa de direitos, uma vez que nosso enfoque é sempre informar e incentivar as pessoas a agirem em relação às questões que abordamos. No entanto, esta edição oferece a oportunidade de nos concentrarmos em como sermos mais eficazes no trabalho de defesa de direitos para os pobres. Como Alexis Pacheco, Facilitador Regional da Tearfund em Honduras, diz, ‘Nós, Cristãos, devemos ser pessoas que protestam pela justiça e a apóiam. Nosso envolvimento na defesa de direitos reflete tanto a maturidade de nossa fé, quanto o início de um processo em que nos tornamos responsáveis pelo O defensor de direitos é uma pessoa que se manifesta em nome de outra, para que seja feita a justiça. Em Jesus, temos o exemplo perfeito de um defensor de direitos. Enquanto éramos ainda os inimigos de Deus, ele morreu na cruz, para que nossos pecados pudessem ser perdoados. Agora, ele suplica a Deus por nós, como nosso defensor no céu. Há muitos outros exemplos da defesa de direitos sendo posta em prática na Bíblia, como Abraão, Moisés e Neemias. NOTA AOS LEITORES A Passo a Passo é lida na África, Europa e América do Sul. A língua portuguesa muda de um continente para o outro. Alguns artigos podem estar escritos em um estilo diferente do português que você fala. Espera- mos que isto não venha a mudar a sua apreciação pela Passo a Passo. NB Escrevemos ‘AIDS/SIDA’, porque alguns de nossos leitores co- nhecem a doença como ‘AIDS’, enquanto outros a chamam de ‘SIDA’. PELA EDITORA Manifestando-se que Deus nos pediu: que cuidemos das vidas de nossos irmãos e irmãs.’ As pessoas podem ser pobres por vários motivos: sistemas comerciais injustos, corrupção, distribuição de terras injusta. Grande parte do trabalho na área do desenvolvimento procura melhorar a situação imediata das pessoas que se encontram em situações injustas ou difíceis, enquanto que o trabalho de defesa de direitos procura chegar à raiz dessas situações. O trabalho de desenvolvimento e o trabalho de defesa de direitos, portanto, precisam ser realizados em conjunto, podendo, muitas vezes, ser difícil separá-los. O trabalho de defesa de direitos tem por objetivo desafiar a causa fundamental da situação, embora possa levar muito tempo para que as mudanças sejam feitas.

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• O ciclo da defesa de direitos

• A Represa de Patuca

• Cartas

• Campanhas práticas

• Estudos de casos

• O processo de pacificação de Wunlit

• Estudo Bíblico:Atuando como defensor de direitos

• Recursos

• Canos para água de bambu

LEIA NESTA EDIÇÃO

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A quarterly newsletter linkingdevelopmentworkers around thworld

Uma revista trimestral que aproxima os trabalhadores da área de desenvolvimento de várias partes do mundo

No.45 FEVEREIRO 2001 DEFESA DE DIREITOS

Passo a Passo

Abre a tua boca a favor domundo, pelo direito detodos os que se acham emdesolação. Provérbios 31:8

Defesa de direitos significa manifestar-seou agir em conjunto ou em nome dospobres, a fim de mudar as situações quecausam sua pobreza e para que se faça ajustiça. Isto pode consistir em falar etrabalhar com grupos, indivíduos,empresas ou governos, cujas ações oupolíticas afetam os pobres.

Todas as edições da Passo a Passo são, devárias maneiras, a respeito da defesa dedireitos, uma vez que nosso enfoque ésempre informar e incentivar as pessoasa agirem em relação às questões queabordamos. No entanto, esta ediçãooferece a oportunidade de nosconcentrarmos em como sermos maiseficazes no trabalho de defesa de direitospara os pobres. Como Alexis Pacheco,Facilitador Regional da Tearfund emHonduras, diz, ‘Nós, Cristãos, devemosser pessoas que protestam pela justiça e aapóiam. Nosso envolvimento na defesade direitos reflete tanto a maturidade denossa fé, quanto o início de um processoem que nos tornamos responsáveis pelo

O defensor de direitos é uma pessoa que se manifesta em nome de outra, para queseja feita a justiça. Em Jesus, temos o exemplo perfeito de um defensor dedireitos. Enquanto éramos ainda os inimigos de Deus, ele morreu na cruz, paraque nossos pecados pudessem ser perdoados. Agora, ele suplica a Deus pornós, como nosso defensor no céu. Há muitos outros exemplos da defesa dedireitos sendo posta em prática na Bíblia, como Abraão, Moisés e Neemias.

NOTA AOS LEITORESA Passo a Passo é lida na África, Europa e América do Sul. A línguaportuguesa muda de um continente para o outro. Alguns artigos podemestar escritos em um estilo diferente do português que você fala. Espera-mos que isto não venha a mudar a sua apreciação pela Passo a Passo.

NB Escrevemos ‘AIDS/SIDA’, porque alguns de nossos leitores co-nhecem a doença como ‘AIDS’, enquanto outros a chamam de ‘SIDA’.

PELA EDITORAManifestando-se

que Deus nos pediu: que cuidemos dasvidas de nossos irmãos e irmãs.’

As pessoas podem ser pobres por váriosmotivos: sistemas comerciais injustos,corrupção, distribuição de terras injusta.Grande parte do trabalho na área dodesenvolvimento procura melhorar asituação imediata das pessoas que seencontram em situações injustas oudifíceis, enquanto que o trabalho dedefesa de direitos procura chegar à raizdessas situações. O trabalho dedesenvolvimento e o trabalho de defesade direitos, portanto, precisam serrealizados em conjunto, podendo, muitasvezes, ser difícil separá-los. O trabalhode defesa de direitos tem por objetivodesafiar a causa fundamental dasituação, embora possa levar muitotempo para que as mudanças sejamfeitas.

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O ciclo da defesade direitos

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CAMPANHAS

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Passo a PassoISSN 1353 9868

A Passo a Passo é uma publicação trimestral queprocura aproximar pessoas em todo o mundoenvolvidas na área de saúde e desenvolvimento. ATearfund, responsável pela publicação da Passo aPasso, espera que esta revista estimule novasidéias e traga entusiasmo a estas pessoas. Arevista é uma maneira de encorajar os cristãos detodas as nações em seu trabalho conjunto nabusca da melhoria de nossas comunidades.

A Passo a Passo é gratuita para aqueles quepromovem saúde e desenvolvimento. É publicadaem inglês, francês, português e espanhol.Donativos são bem-vindos.

Os leitores são convidados a contribuir com suasopiniões, artigos, cartas e fotografias.

Editora: Dra Isabel CarterPO Box 200, Bridgnorth, Shropshire, WV16 4WQ, Inglaterra

Tel: +44 1746 768750 Fax: +44 1746 764594E-mail: [email protected]

Editora – Línguas estrangeiras: Sheila Melot

Comitê Editorial: Dra Ann Ashworth, Simon Batchelor, Kate Bristow, Mike Carter, Paul Dean, Dr Richard Franceys, Martin Jennings, Dr Ted Lankester, Sandra Michie, Dr Nigel Poole,Alan Robinson, Rose Robinson, José Smith, Ian Wallace

Ilustração: Rod Mill

Design: Wingfinger Graphics

Tradução: S Boyd, L Bustamante, Dr J Cruz, S Dale-Pimentil, T Dew, N Edwards, R Head, J Hermon, M Leake, E Lewis, M Machado, O Martin, J Martinez da Cruz, N Mauriange, J Perry

Relação de endereços: Escreva, dando umabreve informação sobre o trabalho que você faz einformando o idioma preferido para: FootstepsMailing List, 47 Windsor Road, Bristol, BS6 5BW,Inglaterra. Tel: +44 1746 768750

Mudança de endereço: Ao informar umamudança de endereço, favor fornecer o número dereferência mencionado na etiqueta.

Artigos e ilustrações da Passo a Passo podemser adaptados para uso como material detreinamento que venha a promover saúde edesenvolvimento rural, desde que os materiaissejam distribuídos gratuitamente e que os queusarem estes materiais adaptados saibam queeles são provenientes da Passo a Passo, Tearfund.Deve-se obter permissão para reproduzir materiaisda Passo a Passo.

As opiniões e os pontos de vista expressados nascartas e artigos não refletem necessariamente oponto de vista da Editora ou da Tearfund. Asinformações técnicas fornecidas na Passo a Passosão verificadas minuciosamente, mas nãopodemos aceitar responsabilidade no caso deocorrerem problemas.

A Tearfund é uma organização cristã evangélicaque se dedica ao trabalho de desenvolvimento eassistência através de grupos associados, a fim delevar ajuda e esperança às comunidades emdificuldades no mundo. Tearfund, 100 ChurchRoad, Teddington, Middlesex, TW11 8QE,Inglaterra. Tel: +44 20 8977 9144

Publicado pela Tearfund, uma companhia limi-tada, registrada na Inglaterra sob o No.994339.Organização sem fins lucrativos sob o No.265464.

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1 Identifique o problemaQual é a causa real da situação? Por que

você e outras pessoas querem tentar mudaras coisas? A situação poderia ser mudadaatravés do trabalho de defesa de direitos?

2 Reúna informaçõesDescubra todas as informações

possíveis sobre a situação. Para isso, podeser necessário fazer visitas, conversar comtodos os lados envolvidos e realizarpesquisas para descobrir informaçõessobre:

■ o problema e suas implicações■ possíveis soluções que poderiam ser

propostas■ alvos – estes são organizações ou pessoas

responsáveis pela situação, tais como ogoverno ou empresas locais

■ oportunidades para influenciar os alvos,tais como encontros públicos, boletinsinformativos, indivíduos simpatizantesou contatos pessoais

■ apoiantes e oponentes Quem se uniria avocê com seu apoio? Igrejas, ONGs, osmeios de comunicação? Quem poderia

se opor a você? Organizações,autoridades, indivíduos?

■ riscos e vantagens Que riscos podemhaver, se você agir ou não agir? Quevantagens podem haver, se você agir ounão agir?

3 Tome uma decisãoApós reunir todas as informações, é

necessário decidir se você agirá ou não.Você realmente pode ajudar a mudar asituação? Você realmente compreende tudoque está envolvido? Você tem certeza sobrequem deve ser o alvo para que ocorram asmudanças? Como você pode trabalhar emconjunto com outros apoiantes, e eles estãointeressados? Suas informações sãoapuradas e atualizadas? Elas serão aceitas,se forem examinadas pelas autoridades, ouserão simplesmente consideradas confusas?

Você pode achar que precisa de maisinformações, pesquisa e auxílio antes depoder tomar a decisão.

4 PlanejeUma vez que a decisão for tomada, é

necessário criar um plano de ação claro.Este deve incluir:

■ o problema principal■ os objetivos de seu trabalho de defesa de

direitos – tais como mudar uma lei oudesafiar a corrupção

Descubra todas as informaçõespossíveis sobre a situação.

3 Tome umadecisão

2 Reúnainformações

1Identifiqueo problema

4 Planeje

5 Aja

6 Avalie

O procedimento básicoé o mesmo para todosos tipos de defesa dedireitos, e pode ser útilimaginá-lo como umciclo em seis etapas.

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CAMPANHAS

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descobrirem mais por elas próprias sobre asituação ou comparecerem a reuniões jáorganizadas pelo grupo-alvo.

Campanhas A realização de campanhasconsiste em falar sobre a situação paraoutros, de forma a incentivá-los a agirem.Pode-se organizar encontros públicos,tomar parte em demonstrações oumarchas, escrever boletins informativos,distribuir folhetos informativos ou pregar.

Trabalho com os meios de comunicaçãoUsando-se os meios de comunicação paradivulgar a mensagem pode-se aumentarmuito o número de pessoas cientes dasituação, embora de maneira menos diretado que através de campanhas. O trabalhocom os meios de comunicação podeconsistir em escrever um artigo ou umacarta para um jornal ou uma revista, falarna rádio, trabalhar com jornalistas,contando-lhes sobre a situação, oudivulgando informações através daimprensa sobre alguma atividade ouevento.

Oração A oração deve apoiar todos ostipos de ação. Em alguns casos, quando aação direta é demasiadamente arriscada,ela pode ser a única maneira de influenciara situação. As informações para a oraçãopodem ser compartilhadas nas igrejas,dentro das organizações para encontros defuncionários, como tópicos para oração emrevistas ou dentro de pequenos grupos.

6 AvalieÉ importante reservar tempo

periodicamente para olhar para trás eexaminar se suas ações foram eficazes. Sehouve resultados, quais foram eles? Alémdo objetivo principal, mais alguma coisamudou? Alguma coisa deveria ter sidofeita de maneira diferente?

Informaçõespara a oraçãopodem sercompartilhadasnas igrejas.

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PRIMEIRA SITUAÇÃO Os vendedores ambulantes foram proibidos de vender seus alimentos pelasautoridades governamentais da saúde, as quais exigem que eles possuam um certificado de higiene.O custo deste certificado é caro demais para todos, com exceção dos fabricantes grandes dealimento. Tanto os vendedores quanto seus fregueses estão sendo afetados.

SEGUNDA SITUAÇÃO O posto de saúde local vai ser fechado, por falta de verbas do governo. Aomesmo tempo, uma nova ala para tratamento de câncer (cancro) vai ser construída num hospitalnuma cidade vizinha com verbas do governo. Os habitantes locais terão de enfrentar uma viagem de25km para obter qualquer tipo de atendimento médico.

Pontos de partida para a discussão Pode ser muito útil fazer uma lista dascoisas que tiveram êxito e das coisas quefalharam. Por exemplo:

Nossos êxitos• responsabilidades claras• objetivos realistas• boa utilização das redes existentes

Nossas falhas• poucos apoiadores• cobertura não simpatizantes dos meios

de comunicação• informações não suficientes

Após avaliar o que aconteceu, quemudanças você poderia fazer? Ainda énecessário agir mais? Pode ser útil repetiro ciclo e criar uma nova estratégia.

Experimente!Tudo isto parece complicado demais?Você preferiria simplesmente começar deuma vez? Experimente estas seis etapascom algumas situações imaginárias. Emum pequeno grupo, realize as cincoprimeiras etapas. Você pode imaginaralguns possíveis resultados e experi-mentar, também, a última etapa. Ou vocêpode já estar envolvido em uma situaçãode seu interesse, em que você poderiarealizar as seis etapas.

Este artigo foi adaptado de Defesa de Direitos– Materiais de Estudo, da Tearfund, escritospor Andy Atkins e Graham Gordon (veja a página 14).

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■ as pessoas que possuem o poder paramudar a situação – os alvos

■ os métodos e as atividades adequadospara serem utilizados nesta situação

■ como se comunicar com outros gruposde apoio

■ programação cronológica■ possíveis riscos■ responsabilidades■ medidas do sucesso – como você

medirá os resultados?

Pode ser útil esboçar um plano de açãonuma folha de papel dividida em seções,com títulos tais como:

5 AjaO tipo de ação variará muito,

dependendo da cultura e da situação socialou política. Há vários tipos de ação:

Influência direta (lobby) sobre o alvo Istopode consistir em escrever cartas paraautoridades, reunir-se com elas, fornecerinformações e resultados de pesquisas quepossam ser de interesse para o grupo-alvo,convidar autoridades para visitarem e

Questão

Objetivos

Alvo

Métodos eatividades

Apoiantes eoponentes

Programaçãocronológica

Riscos

Responsabilidades

Indicadoresdo sucesso

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Quando a MOPAWI começou seutrabalho, descobriu que os povosindígenas acreditavam que as terras ondeviviam pertenciam a eles, quando, de fato,estas eram classificadas como terrasnacionais. Isto significava que ninguémpossuía título de posse e que qualquer umpoderia estabelecer-se ‘pacificamente’ nasterras e, após alguns anos, declará-lascomo suas. A MOPAWI começou aconscientizar as pessoas sobre a questão daposse das terras e ajudou-as aorganizarem-se a nível comunitário, paraobterem a concessão dos direitos dasterras. Agora, faz quase dez anos que apopulação indígena tem estado emnegociações com o governo.

O projeto da Represa de PatucaHonduras não tem condições de fornecereletricidade suficiente para satisfazer as

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MEIO AMBIENTE

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necessidades atuais de sua população.Desde os anos 60, o governo tem estadoreunindo dados do Rio Patuca em LaMosquitia, a fim de decidir se ele seriauma fonte adequada de energia hidro-elétrica. Desde 1994, o abastecimento deeletricidade tem sido racionado, eHonduras tem tido de comprar eletrici-dade de países vizinhos. O governo temsofrido pressão destes países e de suaprópria indústria para desenvolver suaprópria fonte segura de eletricidade.

Em 1996, o governo contratou duasempresas americanas para construiremuma represa no Rio Patuca, dando-lhesconcessões para venderem de voltaeletricidade para a empresa de energiaelétrica nacional pelos 40 anos seguintes.Numa questão de dias, o governo haviadado efetivamente os direitos a fontesnaturais para empresas estrangeiras,enquanto que os dez anos de ‘negociações’

com a população indígena ainda não haviaresultado em nenhum direito a suas terras.

As empresas contrataram uma agência daCosta Rica para examinar o provávelimpacto da represa proposta no meioambiente e nas pessoas. O exame foiconcluído em apenas seis semanas,causando preocupações de que estehouvesse sido apressado para que aempresa pudesse ser começada o maisrápido possível.

As preocupaçõesda MOPAWIA MOPAWI estava preocupada com asconseqüências devastadoras que estarepresa teria em la Mosquitia:

■ A represa evitaria que o rio se alagasse.Isto impediria que a terra fosse fertili-zada, reduzindo, assim, a produção dealimento.

■ O Rio Patuca fornece o principal meiode transporte da região. A represabaixaria o nível das águas e tornariamais difícil para as embarcaçõesnavegarem até a margem ou partirem.

■ Estava planejada a construção de umanova rodovia, a qual abriria a regiãopara a migração externa, ameaçando osdireitos à terra da população indígena,criando pressão em um ecossistema jáfrágil e aumentando a derrubada deárvores.

■ A eletricidade era destinada àsprincipais cidades industriais, e LaMosquitia seria o último local no país areceber um abastecimento constante.

Um geólogo também havia fornecidoprovas de que a alta precipitação pluvialanual e o ecossistema frágil poderiamcausar uma grande erosão do solo, o quebloquearia a represa em apenas algunsanos. O resultado seria, portanto, adestruição do meio ambiente e nenhumabastecimento de eletricidade contínuo.

A D E F E S A D E D I R E I T O S E M A Ç Ã O

A Represa dePatuca

Osvaldo Munguia e Graham Gordon

O Rio Patuca fornece o principal meio de transporte da região.

Trabalhando com uma árvore derrubada.

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A MOPAWI é uma ONG iniciada em 1985, com base na região hondurenhade La Mosquitia, na América Central. Esta é uma vasta região de florestaequatorial intacta, com várias áreas protegidas. A MOPAWI trabalha para odesenvolvimento sustentável dos povos indígenas da região.

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MEIO AMBIENTE

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Defesa de direitos em açãoA MOPAWI sentiu-se levada a agir, para conscientizar as pessoas sobre asimplicações da represa. Seu trabalho dedefesa de direitos resultou noenvolvimento a diferentes níveis:

Trabalho em rede com organizaçõesO primeiro passo da MOPAWI foitrabalhar com outros grupos interessados,a fim de formarem uma coligaçãoconstituída de grupos ambientais, gruposde povos indígenas e representantes dogoverno local.

Trabalho com a comunidade Ao mesmotempo, ela passou a trabalhar em váriasatividades de conscientização popular.Estas incluíam seminários com pessoas emla Mosquitia, um programa semanal narádio nacional com discussões por telefonee uma conferência de imprensa com osmeios de comunicação de Honduras. ‘Otrabalho que havíamos realizado dez anosatrás para ajudar as pessoas a organi-zarem-se em relação aos direitos à terra,fez com que elas se organizassemrapidamente, a fim de deterem a represa’,conta o Diretor da MOPAWI, OsvaldoMunguia.

Lobby a nível governamentalOs funcionários da MOPAWIencontraram-se também com o governo e com as empresas envolvidas paradiscutirem as questões e representaremseus interesses. Isto foi feito em reuniõesparticulares, assim como através de umadiscussão pública na capital, para a qualforam convidados o governo, empresas,grupos indígenas, grupos ambientais e osmeios de comunicação.

Trabalho a nível internacional No início de1997, a MOPAWI entrou em contato comorganizações parceiras no Reino Unido,tais como a Tearfund, e nos EstadosUnidos, tais como a Native Lands Group e a International Rivers Network. AMOPAWI pediu-lhes que fizessem pressãoexterna sobre o governo de Honduras esobre as empresas, a fim de deter os planospara a represa.

Objetivos da campanhaA coligação exigiu o seguinte:

■ um estudo ambiental de, pelo menos, 18meses, para que os efeitos prováveis nomeio ambiente e nos animais pudessemser compreendidos durante todas asdiferentes estações

■ uma investigação séria de todas aspossíveis alternativas para o

fornecimento de energia elétrica emHonduras

■ que fosse concedida à região de Patucaa condição de área protegida

■ que fossem concedidos à populaçãoindígena os direitos à terra.

‘Um dos pontos fortes da campanha foique todos os grupos na área trabalharamem conjunto, e, também, que nós tínhamosas opiniões dos especialistas’, diz Osvaldo.A represa proposta tornou-se um assuntode interesse nacional. ‘A empresa começoua nos levar a sério, quando eles se deramconta de que, se tivéssemos razão, a

empresa ficaria entupida com lodo dentrode poucos anos e eles não recuperariam oseu investimento.’ As empresas deconstrução, preocupadas porque, talvez,esse não tivesse sido um bominvestimento, estavam ansiosas paraconversar, apesar de estarem aindaplanejando continuar com a construção.

A coligação não reclamou simplesmentesobre a represa proposta, mas tentouencontrar soluções alternativas. Elesreconheceram a necessidade de eletrici-dade e mostraram que uma série derepresas menores poderiam ser cons-truídas por todo o país, para forneceremmais eletricidade. Eles também mostraramcomo Honduras poderia produzireletricidade suficiente para a populaçãointeira utilizando-se o sol, o vento ebiomassa como fontes de energia.

Perigo pessoalA campanha não deixou de ser perigosapara as pessoas envolvidas. Date Alcalde,o prefeito de Catamas, na região de Patuca,foi encontrado assassinado em seuescritório. Ele apoiava com grandeentusiasmo a campanha para proteger oParque Nacional de Patuca, e acredita-seque sua morte estava relacionada com istode alguma forma.

La Mosquitia é uma vasta região de floresta equatorialintacta, com muitas áreas protegidas.

Em outubro de 1998, o furacão Mitchatacou Honduras, causando enormedestruição às moradias e ao meioambiente. Por mais de 150km ao longo doRio Patuca, áreas enormes da margem dorio e milhares de árvores foramcompletamente varridas pela água. Haviamontanhas de árvores e quantidadesenormes de lodo ao longo do leito do rio.Através de um estudo do impactosubseqüente, foi visto que, mesmo que arepresa tivesse agüentado a força dofuracão e o fluxo resultante do rio, ela teriarecebido tanto lodo e entulho, que teriaficado inutilizável.

A situação atualEm março de 1999, as empresas envolvidasretiraram-se oficialmente do projeto darepresa, dizendo que o motivo era o nívelde oposição local. Porém, o motivo deveser, em parte, por que eles perceberam queo projeto não funcionaria. No entanto, ogoverno ainda possui planos paraconstruir a represa e continua a procuraroutros parceiros.

Além de deter o projeto no momento, acampanha ajudou as pessoas de LaMosquitia a se organizarem melhor,fortaleceu o movimento ambiental emHonduras como um todo, e mais pessoastêm apoiado a proteção das florestasnaturais.

O futuroA coligação está pronta para lidar comfuturas propostas para construir a represa.A MOPAWI continua a trabalhar com ascomunidades indígenas e o governo, paraque os direitos à terra sejam concedidos aelas. Quando isto acontecer, eles estarãonuma posição muito melhor para evitaremo desenvolvimento indesejado e paracontrolarem seu próprio futuro. ‘Osgrupos indígenas da região nunca tiveramrealmente um relacionamento com ogoverno no passado. Agora, estãoconversando com eles ao mais alto nível.’

Osvaldo Munguia é o Diretor da MOPAWI,Apdo 2175, Tegucigalpa MDC, Honduras,América Central.E-mail: [email protected]

Graham Gordon é o Coordenador de PolíticasPúblicas da Tearfund, Reino Unido.E-mail: [email protected]

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CARTAS

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PASSO A PASSO

47 WINDSOR ROAD

BRISTOLBS6 5BWINGLATERRA

Apicultura práticaDepois de escrever algo sobre abelhas, quefoi publicado em Paso a Paso, recebiconselhos e perguntas de todas as partesdo mundo, o que me deixou muitocontente.

As abelhas podem ser encontradas portodo o mundo: nos troncos velhos deárvores, debaixo de pedras, em buracosnas rochas, debaixo de telhados etc. Elasestão praticamente pedindo para que aspeguemos e lhes demos um lugar paraviver. Esta é a maneira mais fácil de seconseguir uma família de abelhas (com arainha, operárias e zangões). Além disso,qualquer amigo seu que seja carpinteiroficará muito contente em fazer uma caixaem que você possa criar suas abelhas. Maistarde, você poderá aperfeiçoá-la, à medidaem que seus enxames crescerem, e vocêpoderá tornar-se um apicultor com umacolméia do tipo padronizado.

A criação de abelhas custa pouco, utilizasomente recursos que a natureza oferece, eo mel é um alimento que todos apreciam.As colméias podem ser agrupadas em até50 a cada 2–3km em uma área arborizada.Os apicultores com experiência poderãodizer-lhe que tipo de equipamento énecessário para trabalhar com as abelhas.

Silas Santiago LApartado 38MoyobambaSan MartínPeru

incentivaram-se, principalmente o grupoBaivalle, e, logo em seguida, o povoadoteve condições de pagar sua dívida. Aspessoas estão contentes e agradecemos aDeus por sua benção.

Pastor DP PakainTouare, BP 22, PalaChade

Apoio para comunidades cristãsUma organização de língua francesa emTogo – Assistance aux Initiatives desCommunautés Chrétiennes d’Afrique(Assistência para Iniciativas deComunidades Cristãs da África) – trabalhacom a assistência para pequenos projetosde todos os tipos realizados porcomunidades cristãs na África, emMadagáscar e nas Ilhas Maurício. Ela pode ajudar a fornecer financiamento,equipamento e assistência técnicanecessária para realizar estes projetos.‘Estamos procurando parceiros por todo omundo, que nos possam ajudar a realizaresta tarefa,’ diz seu coordenador. ‘Pedimosàs comunidades cristãs de língua francesaque possuam de dois a doze membros paraentrarem em contato conosco e sebeneficiarem com os nossos serviços.’

Guemadji-Gbedemah Tété Enyons/c BP 60036, LoméTogo

E-mails: [email protected]@hotvoice.com

Criação de perdizesQueremos tentar domesticar perdizes que,no momento, são selvagens. A sua carne éaltamente apreciada, e elas sãosuficientemente pesadas para justificar osnossos esforços. Além de divulgarconhecimento sobre a criação de galinhas,patos, galinhas-d’angola e pombos nasáreas rurais, esperamos acrescentar asperdizes. Esta é parte de nossa busca deformas e meios de resolver os problemasnutricionais e econômicos daspessoas rurais. Gostaríamos deentrar em contato com pessoas

Água cloradaNossa água encanada local não é segurapara ser bebida sem ser tratada. Agora,porém, ela é superclorada, o que a tornaquase intragável, pois o gosto é horrível.Os leitores poderiam dar algum conselhosobre como se livrar do gosto?

Nigel PotterSan José, Marcala, La Paz, CP 15201Honduras

PAUL DEAN, COMITÊ EDITORIAL:

A supercloração é utilizada para esterilizar a água quecontém grande quantidade de poluentes orgânicos. Osaltos níveis são necessários somente por um períodocurto de tempo, geralmente 30 minutos. Sãoacrescentados, então, agentes descloradores, tais como dióxido de enxofre, tiossulfato de sódio oupermanganato de potássio, para remover o cloroexcessivo.

O cloro é altamente volátil. Tente deixar a água paradaem um recipiente coberto por um período de até um dia,mexendo-a de vez em quando, antes de bebê-la ouutilizá-la para cozinhar. Isto deve ajudar a reduzir aquantidade de cloro para um nível aceitável. Filtrar aágua em filtros de carvão, se for possível obtê-los,também ajuda.

Pagamento da dívidaTornei-me cristão aos 12 anos de idade,através do trabalho do missionário JIKaardal. O que não faltou foi punição ecerta perseguição para me fazer abandonara fé cristã. Porém, em vão – Deus manteve-me até hoje, e, agora, três de nós na famíliasomos pastores: meu irmão mais novo emeu filho mais velho. Somos realmenteabençoados por Deus.

Em meu povoado, as pessoas deviam maisde cinco milhões de francos chadianospara a Companhia de Algodão de Chade.Como um pequeno povoado, com umaspoucas pessoas, como o nosso, podia teruma dívida como esta? O que poderia serfeito? Cada vez que os agricultores traziamseu algodão para o mercado, a companhiade algodão ficava com todo o dinheiroganho por eles para pagar esta dívida. Istose repetiu durante anos. As pessoasficaram desanimadas e não queriam maisplantar algodão. O chefe do povoadotentou negociar com a companhia, porém,sem sucesso, e os habitantes do povoadoacharam que ele concordava com acompanhia de algodão. Houve muitasdiscussões, infelicidade e roubo nopovoado. O que deveria ser feito?

Como pastor, tive a idéia de criar umaoutra associação para o povoado com onome de Baivalle, o que significa sem dívida.Escolhi os melhores plantadores para estenovo grupo. Coloquei, então, os doisgrupos numa competição. Os dois

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CARTAS

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■ O aterrorizante índice de contaminaçãopelo HIV entre os jovens de 17 a 20 anosé de 60%. Somente 3% dos adolescentesusam preservativos.

■ Muitos homens preferem sair commeninas novas, achando que há menosprobabilidade delas estaremcontaminadas com o HIV.

■ Os tabus relacionados com o sexo fazemcom que nossas sociedades se recusema falar sobre ele nas famílias, nos gruposou em encontros.

■ Muitas pessoas ainda acreditamerroneamente que a AIDS (SIDA)resulte da possessão do demônio.

Através da pesquisa, percebemos que,embora muitas pessoas saibam como aAIDS (SIDA) é transmitida, elas nãoacreditam que corram o risco de secontaminarem – o que as impede demudarem seu comportamento. Comopodemos ajudar a mudar isto?

Kabangu-wa-Katanga GilbertBunia (RDC), PO Box 160, NebbiUganda

EDITOR:

A TALC possui em estoque vários recursosexcelentes para divulgar os fatos sobre oHIV/AIDS (SIDA), inclusive a série Strategiesfor Hope e Stepping Stones. Seu endereço é:PO Box 49, St Albans, Hertfordshire, AL1 5TX,Reino Unido.E-mail: [email protected]

Quadros-negros novosO seus artigo excelente sobre quadros-negros em paredes de tijolos (Edição 43)lembrou-me que, na China e em algunspaíses asiáticos, eles eram feitos emparedes proeminentes de frente para a rua.As notícias locais e nacionais eram escritasneles. Desta maneira, a alfabetização podiaser mantida e incentivada. Geralmente,havia decorações fantásticas ao redor dasbordas feitas com giz colorido.

David MorleyProfessor Emérito de Saúde Infantil Tropical51 Eastmoor Park, HarpendenAL5 1BN, Reino Unido

E-mail: [email protected]

o que eles não poderiam fazer sozinhos.Eles formaram grupos de poupançacomunitária conhecidos como tontines. Estesão dirigidos por uma pessoa responsávelpela colecta do dinheiro. Eles entraram emacordo com as autoridades escolares, parapagarem as taxas das escolas comregularidade para os filhos dos membros.Graças a este sistema, estas crianças nãosão mais enviadas de volta para casa, porfalta de pagamento. Os pais sentem-seobrigados a pagarem, como parte de seutontine, mas, porque os pagamentos sãopequenos e periódicos, ao invés degrandes quantias várias vezes por ano, ficamais fácil para eles. Nossa experiênciamelhorou as notas das crianças eaumentou a freqüência nas escolas.

Hyacinthe GbégnonTrabalhadora da Área de Desenvolvimento04 BP 1229, Cadjehoun, CotonouBenin

Pesquisa sobre a AIDS (SIDA)Realizamos uma pesquisa em Bunia, naRepública Democrática do Congo, paraanalisar certos fatores referentes à AIDS(SIDA) entre os jovens. Nossas descobertasconsistem das seguintes informações:

■ A pobreza e a falta de trabalhoincentiva os adolescentes a trabalharemna área do sexo, a fim de ganharemdinheiro para comer.

■ As migrações de pessoas,principalmente de Uganda e do Sudão,aumentaram a contaminação pelo HIV.

■ A corrida do ouro e a conseqüenteconstrução de bares e hotéis nasproximidades das minas de ourofavorecem a contaminação pelo HIV.

que nos possam fornecer informaçõessobre isto.

Mabete MiankendaFOBEVI (Fondation Mon Beau Village)BP 8436, Kinshasa 1República Democrática do Congo

Escutando as criançasMeu nome é Balla Owona Jules e tenhodoze anos de idade. Meu pai trabalhanuma organização de desenvolvimentodiocesana na cidade de Mbalmayo, emCamarões. Ele recebe a Pas à Pas e deu-mea No 38, que interessa às crianças.

Comecei o Clube de Inglês em nossaescola. Também sou um dos seisrepresentantes desta região no parlamentoinfantil em Camarões. Este foi organizadopela UNICEF e foi realizado no Palácio daAssembléia Nacional, em Yaoundé, com180 crianças como membros doparlamento e 20 deputados. Debatemos osdoze artigos e, durante o debate final, oprimeiro Ministro de Camarões e todos osseus ministros estavam presentes.

Jules R Balla Owonas/c Mvogo Balla EdouardCodasc, BP 320, MbalmayoCamarões

Grupos de solidariedadepara a educaçãoA promoção da educação escolar para ascrianças é uma preocupação fundamentalde nosso governo. No entanto, nas áreasrurais, os pais geralmente têm dificuldadescom as taxas escolares, por causa dosordenados baixos. Gostaríamos decompartilhar a experiência de pais deAklampa, Glazoué, na República de Benin.

Em Aklampa, incentivamos os pais atrabalharem em conjunto, para alcançarem

Graças aos gruposde poupançacomunitária, ascrianças emAklampa, Benin,não são maisenviadas de voltapara casa, por faltade pagamento.

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Continue escrevendoAs cartas e as petições são muito poderosas.Escreva cartas curtas e objetivas. Seja ardente– porém, continue sendo educado. Peça umaresposta. Procure escrever uma carta porsemana. Incentive as pessoas a reservaremtempo durante ou após um encontroperiódico de grupo ou da igreja, e escrevamem conjunto (esteja preparado com papel,canetas, selos e envelopes suficientes).

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CAMPANHAS

Falarei…

O período de preparação terminou. Você passou por todo o ciclo da defesa de direitos,tomou decisões, compartilhou idéias e planos com outras pessoas envolvidas. Agora,está na hora de falar. Como pode apresentar um bom caso? Como pode ter a certeza deque suas cartas ou artigos serão lidos? Como pode ter a certeza de que atingirá aspessoas através de programas ou discussões na rádio? Nestas páginas, você encontraráalgumas pontas/dicas práticas.

Tomaremos como nosso exemplo aqui a Iniciativa Contra o Tabaco, criada pela OMS –mas os tópicos levantados são semelhantes para qualquer questão de defesa de direitos.A indústria do tabaco está utilizando de maneira intensa os países do Terceiro Mundocomo alvo de um mercado em rápido crescimento. Até 2030, está previsto oaterrorizante número de sete milhões de mortes por ano causadas pelo fumo nos países pobres do mundo.

por aqueles que não possuem voz

Resuma seus argumentos em alguns tópicos simplesSe você puder transformar alguns deles em lemas fáceis de serem lembrados, isto ajudarámuito as pessoas a lembrarem-se dos tópicos. Nunca ache que sua campanha em particular écomplicada demais para as pessoas a compreenderem. Diminua e diminua novamente seusargumentos até conseguir transmitir a mensagem em uma frase com alguns tópicos.

Por exemplo:

■ Um em cada dois fumadores (fumantes) a longo prazo morrerão cedo, por causa do fumo.

■ Quatro milhões de pessoas morrem a cada ano como resultado do fumo.

■ O fumo prejudica o coração e os pulmões e pode causar cancro (câncer).

■ O fumo prejudica a saúde dos não fumadores (fumantes) que são expostos ao fumo (à fumaça) dos cigarros.

■ A nicotina é uma droga que vicia, como a heroína ou a cocaína.

Capte a atençãodas pessoasUtilize uma fotografia impressionante ou umfacto chocante para fazer as pessoas pres-tarem a atenção imediatamente. Reforce-oscom alguns factos claros e termine pedindoalgo definido que você quer que os leitoresfaçam. Porém, cuide para apresentar aspessoas com dignidade – e não comovítimas.

Alguém sofrerá?Certifique-se de que está ciente depessoas que possam sofrer porcausa de suas ações – tais comopequenos produtores de tabaco. Oimpacto neles poderia serreduzido?

Reúna as pessoasHá grande poder em um grupo de pessoastrabalhando em conjunto para alcançar o mesmopropósito, seja ele pequeno ou grande. Incentive aspessoas com casos que tiveram êxito.

Pedro queria contar aos outros em sua escolasobre os perigos do fumo. Ele tinha medo de falarsozinho. Então, ele fez amizade com Mwangu eMoisés. Juntos, eles formaram um clube contra ofumo e organizaram atividades

Inclua todas as pessoasNão pressuponha que somente as pessoasinstruídas podem agir. Ajude todos aparticiparem. Utilize uma linguagem simples,provérbios conhecidos ou exemplos para tornara mensagem suficientemente clara para quetodos reajam. As cartas ou ações de criançasou de vítimas de desastres podem ter umgrande impacto.

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A Iniciativa Contra o Tabaco

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Adapte a mensagempara a situaçãoEscolha apenas um ou dois tópicosadequados para cada contato. Não tentetransmitir todos os tópicos em todas asoportunidades. Por exemplo:

■ Se o alvo de seu cartaz, palestra ousessão educativa for um posto desaúde – saliente o perigo do fumopassivo para os bebês e as criançaspequenas.

■ Se o seu alvo for um grupo de jovens– saliente o perigo da imagem de que‘fumar está na moda e o faz parecermais atraente’.

■ Se o seu alvo for pessoas de negócios– saliente suas responsabilidadeslegais de cuidarem de seustrabalhadores.

No entanto, não se desvie das principaismensagens que você escolheu.

Peça reaçõesclaras e práticasFacilite para que as pessoas reajamimediatamente. Se forem necessáriosendereços, forneça-os; se forem necessárioscartazes ou folhetos, certifique-se de que ostem à disposição; se forem necessáriasassinaturas para uma petição, forneça cópiassuficientes e certifique-se de que cada páginaestipule o que as pessoas estão assinando –não use páginas em branco.

Prepare bons materiais informativosCertifique-se de que possui informaçõesadicionais para defender seu argumento àdisposição de qualquer pessoa que queirasaber mais. Porém, não gaste recursosdesnecessariamente distribuindo-as parapessoas que não as lerão.

Escolha grupos-alvosadequadosPor exemplo, a indústria do tabacoestá ansiosa por atrair jovensfumadores (fumantes). Muitos jovenscomeçam a fumar entre os 12 e os 14anos. Utilize as escolas, gruposjuvenis e equipas desportivas comoalvo de sua mensagem. Desafie autilização de publicidade do fumo emeventos desportivos, filmes ou natelevisão.

Use todos os tipos de métodosEncenação de papéis, canções, estóriasinfantis, entrevistas na rádio, artigos dejornal, cartas, poemas, cartazes, petições,dramatização, demonstrações, encontrospúblicos, correntes de oração, vigílias,lobby, visitas a autoridades, assembléiasescolares, greves, discussões com amigos– a lista do que pode ser feito é quaseinfinita. Varie sua abordagem, maspermaneça dentro das leis de seu país.

Mantenha em focoSe sua campanha começar a darresultados, outras pessoas pedirãofrequëntemente que sejam acrescentadasoutras questões. No entanto, mantenha em foco. Não expanda sua campanha, afim de abranger outras questões, até teralcançado os objetivos originais.

Use histórias individuaisÉ difícil para as pessoas captarem muitos fatos.É muito mais fácil reagir ao que aconteceu a umapessoa.

Aos 45 anos de idade, Alexis ficou muito doente,com cancro (câncer) no pulmão. Disseram-lhe queele tinha apenas alguns meses de vida. Quandoficou sabendo que o fumo era a causa provável desua doença, ele quis evitar que outros sofressem.Ele ofereceu sua ajuda para uma pequena ONG emManágua, ensinando as pessoas sobre os riscos dotabaco. Embora ele não fosse um bom orador e,freqüentemente, se sentisse mal, seu testemunho esua coragem persuadiram muitas pessoas adeixarem de fumar.

A Iniciativa Contra o Tabaco é um projeto da Organização Mundial da Saúde, criado para chamar aatenção internacional e trazer recursos para o problema das doenças causadas pelo tabaco. Suamensagem fundamental é que:

■ o tabaco mata aqueles que o usam■ o tabaco mata e causa danos aos não fumadores (fumantes), inclusive crianças por nascer e

esposos/companheiros■ a promoção do uso do tabaco empobrece a economia (devido à despesas resultantes dos cuidados

médicos)■ já existem informações disponíveis para diminuir a utilização do fumo ■ as estratégias mundiais apoiarão a ação nacional.

Para obter mais informações, entre em contato com: TFI, WHO, Avenue Appia 20, 1211 Geneva 27, Suíça. Fax: + 41 22 791 48 32 E-mail: [email protected]

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Quando nós, cristãos, nos envolvemos diretamente na defesa de direitos, seja por umapreocupação em apoiar a vida de uma indivíduo ou uma comunidade inteira, nossaparticipação reflete a maturidade e a consciência da fé que compartilhamos. A salvaçãoindividual deixa de ser nosso objetivo principal. A defesa de direitos é o início de umprocesso, em que nos tornamos responsáveis por aquilo que Deus nos pediu desde ocomeço: cuidar das vidas de nossos irmãos e irmãs.

Nós, cristãos, não podemos permitir que ‘somente as outras pessoas’ clamem por justiçae a defendam. Exigir justiça não nos deve fazer sentir culpados – não exigi-la é que nosdeveria fazer sentir culpados, por não agirmos como Jesus nos ordenou.

Alexis Pacheco, Facilitador Regional da Tearfund, Honduras

Estudos de casos de todas as partes do mundo

Lado a lado com os BatwaO povo de Batwa, em Burundi, é o terceiro maior grupo étnico. Eles nunca tiveram muitas oportunidadesde receber educação ou cuidados de saúde e não possuem nenhum acesso a terras para a agricultura.Eles são pigmeus e são conhecidos por suas habilidades com a cerâmica. Porém, eles são, geralmente,considerados como uma classe servil. A African Revival Ministries (ARM) – Ministérios do Renascimentoda África – recentemente nomeou um estudante de direito como especialista em defesa de direitos. Elesesperam trabalhar com o povo de Batwa, para ajudá-los a melhorarem a sua situação de várias maneiras,tais como moradia, escolas, cuidados de saúde, alfabetização, desenvolvimento adicional de suashabilidades com a cerâmica e fundação de igrejas. Através do apoio e do amor demonstrado entre osfuncionários da ARM e o povo de Batwa, eles esperam aumentar a sua auto-confiança e sua capacidadede participação na sociedade mais ampla, sem perderem suas próprias tradições e cultura. Iniciou-secom a alfabetização adulta e a educação na área da saúde, e a ARM, agora, está fazendo lobby com ogoverno, a fim de incentivá-lo a oferecer educação para todas as crianças do povo de Batwa.

Desafiandoo sistemaNo Camboja, a organização CORD (ChristianOutreach Relief and Development – Assistência eDesenvolvimento de Alcance Cristão) coopera comas autoridades a nível de povoado. Elesperceberam a necessidade das comunidades eautoridades locais combaterem a corrupção. Numaárea, a comunidade abriu um canal como parte doprograma Alimento por Trabalho, vinculado aoPrograma Mundial de Alimentos. Quando os sacosde arroz que eles haviam prometido em trocadeste trabalho chegaram, eles pesavam menos doque deviam. No passado, a mesma comunidadehavia aceitado 3kg por pessoa, quando lheshaviam prometido 10kg por pessoa.

Após encontros para tratar da necessidade de selidar com a corrupção, desta vez, a comunidaderecusou-se a aceitar o arroz, até que lhes fossedada a quantidade correta. O supervisor doPrograma Mundial de Alimentos ameaçou levar oarroz embora, até que ele assinassem o recibofalsificado. A comunidade continuou firme, e oarroz foi mandado embora. Duas semanas maistarde, o arroz retornou – desta vez, com aquantidade correta – e, por todo o país, váriasorganizações locais relataram que, agora, tambémestavam recebendo a quantidade correta de arroz.A comunidade desafiou o sistema, e, comoresultado, muitas outras pessoas se beneficiaram.

Simon Batchelor

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CAMPANHAS

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Dentes de crocodiloExiste o conto de um crocodilo que intimidava todos os outros animais, avançando e mordendo-os,para ter a certeza de que sempre conseguiria o que queria. Todos os outros animais, até mesmo osmaiores, viviam com medo do crocodilo, que tinha um temperamento terrível e dentes muito afiados.Finalmente, chegou um dia em que os animais perceberam que todos eles partilhavam do mesmomedo e que, trabalhando juntos, eles poderiam fazer alguma coisa. Eles decidiram que a próxima vezque o crocodilo atacasse algum deles, todos gritariam ao crocodilo juntos. O crocodilo ficou tãoassustado com o barulho e por ter sido cercado por todos os animais, que ele deixou-se cair paradentro da água e lá ficou desde então…

CAMPANHAS

O sabor da morteA parceira da Tearfund, Navajeevana, é um grupo especial de pessoasque procuram viver juntas em comunidades cristãs, apoiando-se umasàs outras e buscando libertação do vício das drogas ou de outrasquestões que dominam a vida. Raja, o líder de Navajeevana, tornou-secristão na prisão e, desde então, tem procurado seguir Jesus de umaforma prática. A sua base é em Galle, uma cidade costeira no Sri Lanka.

A Navajeevana queria fazer alguma coisa em relação à grande campanhapublicitária do fumo que estava utilizando como alvo os portos de Galle e Colombo, no Sri Lanka. A empresa internacional de tabaco estava usando um iate sofisticado de alta tecnologia como suaestratégia promocional principal, juntamente com uma ampla distribuição de materiais promocionaiscom a sua marca. As escolas eram convidadas a levarem suas crianças a bordo deste iate. Sentiu-se queeste era um caso óbvio de exploração que promovia uma imagem gloriosa do fumo.

A prevenção de drogas e de bebidas alcoólicas está bem estabelecida no Sri Lanka, com vários gruposprocurando ensinar a população sobre os efeitos prejudiciais de todas as formas de drogas. ANavajeevana ficou furiosa, quando ficou sabendo o que esta empresa de tabaco havia planejado. Raja,com o apoio de outros membros, mobilizou a comunidade para agirem. Pelo benefício e proteção dascrianças, eles visitaram ou falaram com escolas e outras pessoas, para incentivá-las a cancelaremqualquer visita que houvesse sido proposta ao iate. Eles decoraram um ônibus/autocarro, a fim de fazê-lo parecer-se com um iate, e o dirigiram pela área, fazendo teatro de rua e ridicularizando os lemaspublicitários da empresa de cigarros. A sua campanha de prevenção com iniciativa fez com que, quandoo iate finalmente chegou, houvesse pouco interesse na cara campanha publicitária. As pessoas locaisficaram, também, mais cientes dos riscos e custos relacionados com o fumo. É possível para algumaspessoas motivadas enfrentarem empresas internacionais de grande porte em suas comunidades e teremum impacto importante para melhor.

Contribuição de Paul Thaxter

Jubileu 2000na cadeiaSetenta membros da Debt Relief Network (Rede deQuitação da Dívida) em Nairobi, no Quênia,passaram 24 horas detidos na Prisão Central deNairobi em Abril, depois de terem sido acusadosde posse ilegal. Os membros incluíam dois padres,oito irmãs católicas e quatro estrangeiros. A DebtRelief Network quer trazer o Quênia para asdiscussões mundiais do problema da dívida empaíses pobres, a qual tornou-se tão opressiva paraeles, e procurar obter o seu cancelamento total.

O Irmão André diz que ‘Uma noite na cadeia comtantos amigos parece mais uma festa. Além denós, havia 60 crianças de rua na cadeia (para elas,isto parece ser uma coisa normal, 365 dias porano). Porém, desta vez, elas se divertiram nacadeia. Até elas serem separadas de nós, cantamose dançamos, oramos e refletimos, e contamoshistórias. As crianças de rua foram, entãotrancadas em outro lugar. Talvez nosso espíritoalegre fosse considerado contagioso. Éramos 70pessoas espremidas em uma cela de no máximoquatro metros por oito metros. A ventilaçãoprovinha de duas janelas. Ficamos colados corpo acorpo a noite inteira! Nunca mais me esquecerei!

A uma certa altura, o policial encarregadoconversou com os padres e as irmãs do grupo,disse que compreendia o nosso propósito, que não tinha nenhum problema em relação a nós eque poderíamos ir embora. No entanto, quandoperguntamos o que aconteceria com os outros quehaviam sido presos conosco, ele disse que elesnão seriam soltos. Então, dissemos a ele quenenhum de nós iria embora.

Fomos levados ao tribunal, acusados e soltos aopagarmos uma fiança de Ks3.000 por pessoa(aproximadamente $50) e tivemos que comparecerao tribunal algumas semanas mais tarde. Umaquantidade enorme de e-mails, faxes e cartas foienviada ao Quênia em protesto. Na audiência, oProcurador-geral ordenou que o caso fossesuspenso.

Este é o dia de liberdade que Nosso Senhor criou para nós – alegremo-nos e regozijemo-noscom ele.’

Irmão André Hotchkiss, SVD, Coordenador do JPIC, Quênia

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MANEJO DE CONFLITOS

O conflito estava causando pobreza edesespero, além de prejudicar o estilo devida tradicional, pois o poder e a tomadade decisões estavam cada vez mais nasmãos dos combatentes armados eviolentos, muitas vezes vinculados aosexércitos rivais do SPLA e do SSIM.

Responsabilizando-seApós uma ano de planeamento cuidadoso,cerca de 35 pessoas – entre eles idosos,chefes, líderes religiosos e de igrejas deNuer e de Dinka – foram reunidos emLokichoggio, no norte do Quênia. Pelaprimeira vez, estes líderes puderamcompartilhar histórias do sofrimentoresultante das lutas entre os seus povos.Ao invés de culparem os exércitos rivais,

os líderes estavam dispostos aresponsabilizarem-se eles próprios pelaguerra e por fazerem a paz. Eles secomprometeram em trabalharem juntospara chegarem a um acordo de paz ecomeçaram a planear uma conferência quetrouxesse uma reconciliação duradourapara o seu povo.

A conferência foi realizada no diminutopovoado de Wunlit – em terra de ninguémentre os povos Dinka e Nuer. Mais de2.000 pessoas compareceram, entre eleschefes, idosos, líderes de mulheres, líderesreligiosos e representantes do exército. Atradição de contar histórias era o temaprincipal da conferência. Ao incentivarem-se as pessoas a contarem suas histórias,elas sentiram um alívio da dor que haviam

sofrido, além de se salientarem váriasquestões que precisavam de ser resolvidas.Foi feito um acordo, com o testemunho de318 líderes das comunidades Dinka eNuer, o qual foi selado com o sacrifício deum touro branco – comprometendo atodos a obedecerem ao acordo, comorações cristãs e com um banquete paratodos com a carne do touro.

Sinais de confiançaApós a conferência, houve muitosexemplos de como as pessoasdemonstravam sua confiança no acordo.Milhares de pastores dos povos Dinka eNuer mudaram-se para a terra deninguém e, juntos, visitaram os locaissagrados tradicionais, sacrificando outrotouro para representar mais uma vez aselagem do acordo de Wunlit. O comérciofoi restabelecido.

A igreja havia tido um papel vital noestabelecimento do processo de paz e aoatuar como anfitriã da primeiraconferência. O apoio e as orações dasigrejas por toda a região foram muitoimportantes. O elemento tradicional foimais importante na segunda e maiorconferência de Wunlit.

O acordo de Wunlit foi um triunfo de todaa comunidade. Ele foi um ponto muito

Movimentos depacificaçãohistóricos

Andrew Wheeler

Os povos Dinka e Nuer, do sul do Sudão, haviam vivido em conflito entresi por muitos anos. Os assaltos ao gado, as lutas armadas, o rapto demulheres e crianças e as lutas por direitos à pesca e à pastagem haviamresultado em uma faixa de 75–150km de terra de ninguém entre eles. Estafaixa de terra abrangia muitos dos melhores locais para pastagem e pescana estação da seca. O poder e a tomada de decisões estava cada vez mais nas

mãos de combatentes armados e violentos.

O sacrifício tradicionalcomprometeu osparticipantes com oacordo.

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MANEJO DE CONFLITOS

Atuando como defensor de direitos Rose Robinson

Leia Neemias 1-2 e Êxodo 2-5Estas histórias sobre Neemias e Moisés mostram que há váriosestágios e abordagens com que se aprender, quando atuamos comodefensores de direitos.

ConscientizaçãoEm primeiro lugar, para sermos defensores de direitos, precisamos deestar cientes das situações dos outros e precisamos de sentir com-paixão por eles (Neemias 1:1-4 e Êxodo 2:11).

• Como podemos achar tempo para sermos bons ouvintes e observadores?

• Quem Deus poderia estar querendo que ajudássemos?

A preparação certaUma vez ciente das necessidades, pode ser tentador correr imediata-mente para tentar ajudar as pessoas (Êxodo 2:11-15). Porém, somenteanos mais tarde Moisés é chamado por Deus para ir a Faraó e trazer opovo de Deus, os israelitas, para fora do Egito (Êxodo 3:7-14). Moiséstem muitas perguntas, porém, no final, ele retorna para o Egito.

A abordagem de Neemias é, primeiramente, buscar o conselho deDeus, com muitos dias de oração e jejum (Neemias 1:4-6). Ao chegar aJerusalém (Neemias 2:11-16), Neemias analisa a situação antes dotrabalho começar.

• Você decide suas ações através da oração ou simplesmente faz o queacha que é melhor?

• Você está preparado para esperar para que Deus decida o momentocerto?

• Você acredita que, se Deus o chamou, ele o equipará, apesar de suainadequabilidade?

• Você espera para ter a certeza de que conhece a situação real no local?

Decidindo se vale a penaTanto Moisés quanto Neemias poderiam ter permanecido numaposição confortável, isolados das dificuldades das pessoas – Moisés,como filho da filha de Faraó (Êxodo 2:10), e Neemias, como copeiro dorei, na fortaleza de Susã (Neemias 1:1,11). Ambos abriram mão de suaprópria segurança e posição confortável, para defender e ajudaraqueles, para cujas necessidades lhes havia sido chamada a atenção.

• Você decidiu se vale a pena para você ajudar os outros?

• Você está disposto a fazer os sacrifícios necessários?

Trabalhando com os outrosDeus também prepara outras pessoas para fazerem parte do processo.Neemias é favorecido pelo rei em sua missão e recebe o auxílio quepede (Neemias 2:1-9). Uma vez que a construção dos muros começa(Neemias 3), cada grupo torna-se responsável pela construção oureparação de uma seção.

Moisés recebe a ajuda de Aarão e o apoio dos líderes israelitas (Êxodo4:27-31).

• Você identificou outras pessoas com quem trabalhar?

• Você está utilizando todos os recursos disponíveis?

• Você dividiu as tarefas claramente, de maneira que cada pessoa possafazer a sua parte?

Lidando com a oposiçãoNeemias e Moisés enfrentam grande oposição ao tentarem mudar asituação das pessoas (Neemias 2:10, 19-20; Êxodo 5 em diante). Eleslidam com aqueles que têm dúvidas ou necessidades com sen-sibilidade. Eles reagem à frieza e ao desdém com firmeza. Deus éconstantemente consultado em orações.

• Como você está lidando com a oposição que enfrenta?

• Como você lida com as dúvidas e as preocupações das pessoas que estátentando ajudar?

Expectativas e féSe o que estamos fazendo é o plano de Deus, teremos êxito, por maisassustadora que a tarefa pareça ser e apesar de nossas próprias fra-quezas – na verdade, Deus parece preferir trabalhar em situaçõesimpossíveis, para que a glória seja dele! (Êxodo 12:50-51, 14:29-31 eNeemias 6:15-16). Nosso Senhor alcançará seus propósitos. Vocêacredita nisto?

Toda a glória para o seu nome!

Rose Robinson trabalhou como Funcionária Internacional da Tearfund com aMOPAWI, em Honduras.

ESTUDO BÍBLICO

O apoio e a oração das igrejas por toda a região forammuito importantes.

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forte e garantiu uma confiança duradoura,tornando-se também o centro de umprocesso de pacificação crescente. Desdeentão, foram re-abertas rotas comerciais,foram concluídos matrimônios commulheres raptadas, milhares de pessoas dopovo Nuer que haviam sido deslocadaspor causa das lutas retornaram em paz, eas terras de pastagem e os locais de pescatêm sido compartilhados pacificamente.

As discussões entre os povos Dinka e Nuerforam facilitadas pelo fato de ambos os

grupos possuírem uma cultura e umaeconomia pastoril em comum. O processode pacificação liderado pelas pessoastrouxe um grande incentivo ao caos noSudão atual. Isto mostra que, apesar doque parecia ser um ciclo sem fim deconflito e vingança, os recursostradicionais, juntamente com o apoio da fécristã, podem trazer a cura e uma novavida.

Andrew Wheeler trabalhou como parceiro demissão com a CMS, no Sudão.

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Congresso Sul-americanode Profissionais da Saúde

Será realizada uma conferência que examina oassunto ‘A família: desafios enfrentados noTerceiro Milênio’ na Zona Balnearia del Este,Uruguay, nos dias 12–14 de outubro de 2001.A conferência está sendo organizada pelaACUPS (Associação Cristã Uruguaia deProfissionais da Saúde).

Entre os tópicos a serem abordados estão:

■ A transformação da família

■ O ponto de vista bíblico nas questõesfamiliares

■ Lidando-se com o vício das drogas dentroda família

■ Questões éticas, tais como o aborto, aeutanásia e a fertilização in vitro

■ A vida familiar e a depressão

■ Abuso sexual

■ Presença da deficiência na família

■ O lugar dos idosos na família

■ Questões sexuais na vida familiar

■ Homossexualidade

Além dos oradores principais, haverádiscussões em grupo e encontros detreinamento. Qualquer organizaçãoprofissional cristã poderá candidatar-se parafalar ou fazer uma apresentação. Para obterdetalhes completos e informações sobre opreço, por favor, entre em contato com:

Jorge Patpatian, ACUPS, CP 11900,Montevideo, Uruguai

Fax: +598 2312 0621E-mail: [email protected]

RECURSOS

LivrosBoletinsMateriais de treinamento

A saúde da criançanas emergências:uma abordagem práticaAtualmente, os profissionais da área dasaúde de qualquer lugar podem enfrentaruma emergência de grande porte em algum momento de sua carreira. Elesprecisam estar preparados para reagiremimediatamente e de maneira adequada emuma situação de emergência. Satisfazer asnecessidades básicas de alimento, água eabrigo de um grande número de pessoasque tiveram de ser deslocadas é, geral-mente, a principal prioridade. Porém, asinformações são importantes também. Osprofissionais da área da saúde precisamsaber o que podem fazer nas primeirasfases de uma emergência, como o manejo e

a prevenção de doenças infantis, taiscomo a diarréia e a malária, diferem emsituações de emergência e como elespodem trabalhar com as comunidades eoutras organizações.

Esta publicação da HealthlinkWorldswide concentra-se em melhorara saúde infantil em situações deemergência, oferecendo informaçõespráticas sobre:

• ações prioritárias em situações deemergência

• prevenção e manejo de doençascomuns

• identificação e tratamento de criançasmalnutridas

• trabalho com crianças que sofrem deproblemas psicológicos, sociais eemocionais

• trabalho com comunidades e outrasorganizações, a fim de melhorar omeio ambiente.

Este pequeno livro pode ser obtido eminglês e português e são oferecidosexemplares únicos gratuitos parapequenas organizações em países emdesenvolvimento. Para os outros, o preçoé de £2,50 ($5 dólares americanos),incluindo o envio postal. Entre emcontato com:

Ricardo BarradasC Postal 1253MaputoMoçambique

Defesa deDireitos –Materiais de EstudoAndy Atkins e Graham GordonEsta é uma introdução compreensiva eprática do trabalho de defesa de direitos,repleta de idéias, exemplos e estudos decasos dos parceiros da Tearfund por todo o mundo. Pode ser obtida gratuitamenteatravés do endereço abaixo, por aquelesque desejam envolver-se mais na defesa dedireitos.

Moisés e Faraó – uma das ilustrações de Defesa deDireitos – Materiais de Estudo, da Tearfund.

A Tearfund também possui váriosdocumentos com instruções e diretrizessobre assuntos tais como comércio, meioambiente, água, corrupção, dívida e armas.

Public Policy AdministratorTearfund, 100 Church RoadTeddington, TW11 8QEInglaterra

From the Roots UpPeter Gubbels e Catheryn KossEste é um guia de campo novo e prático,do World Neighbours, criado para ajudarONGs e grupos comunitários na base dasociedade a reconhecerem seu própriopotencial, identificarem questõesfundamentais e decidirem por si próprioso que fazer. Ele possui 184 páginas cominformações úteis e exercícios sobre auto-avaliação para ONGs e grupos comuni-tários envolvidos no planejamento deencontros de treinamento, no trabalho decampo, no trabalho com facilitadores e naredação de relatórios. O guia inclui 49

✹GRÁTIS!

✹GRÁTIS!Getting people thinking:ideas from Christian Outreach in their ABCD programme, CambodiaEste é o panfleto mais recente da série deEstudos de Casos da Tearfund. Ele analisamaneiras de se incentivar o raciocínio claroe confiante e oferece uma compreensão dachave do sucesso de um programa.

Pode ser obtido através do TRTAdministrator, na Tearfund (endereçoacima).

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E naturalmente, isto inclui600.000 passes de viagem e

vales de duty-free…

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RECURSOS

Probados por FuegoEste livro desafiante é uma coleção detestemunhos de prisioneiros injustamentepresos no Peru e de tudo o queaprenderam sobre sua fé cristã. Assimcomo o guia acima, ele pode ser obtidosomente em espanhol e custa $8 dólaresamericanos através do endereço acima.

Tecnologia e TreinamentoAgropecuárioEsta revista bimensal é produzida peloCentro de Produções Técnicas, no Brasil, eé distribuída gratuitamente. Ela contémartigos sobre várias questões, inclusiveagricultura orgânica, microempresas,saúde, o meio ambiente, energia solar eapicultura, e apresenta uma grandevariedade de vídeos e livros em portuguêssobre todos os tipos de assuntos. Pode serobtida somente em português. Entre emcontato com:

CPT – Centro de Produções TécnicasRua José de Almeida Ramos, 37Bairro Ramos, CP 01CEP 36570-000Viçosa, MGBrasil

Fax: +31 891 8080E-mail: [email protected]: www.cpt.com.br

Como defender y promover la justiciaEste guia prático é uma adaptaçãoestimulante em espanhol de Defesa deDireitos – Materiais de Estudo, da Tearfund.Ele contém várias estórias em quadrinhose exemplos práticos para incentivar eaconselhar indivíduos e organizaçõesenvolvidas na defesa de direitos. O guiacusta $6 dólares americanos, incluindo oenvio postal, e pode ser obtido emespanhol através de:

Asociación Paz y EsperanzaProyecto AdvocacyApartado Postal 181257Miraflores, Lima 18Peru

Fax: +511 4615289E-mail: [email protected]

EsporoEsporo é um boletim informativo bimensal, que oferece informações sobredesenvolvimento agrícola, oferecendo, sempre, muitos recursos e contatosúteis. Ele pode ser obtido gratuitamente em inglês, francês e português para organizações eindivíduos envolvidos na área do desenvolvimento agrícola.

Escreva para: Spore – CTA, Postbus 380, 6700 AJ Wageningen, HolandaFax: +31 317 460067 E-mail: [email protected]

ONTRACA organização INTRAC (The International NGO Training and Research Centre –Centro de Treinamento e Pesquisa para ONG Internacionais) produz umboletim informativo para profissionais e ONGs da área do desenvolvimento, que examina tópicospráticos relacionados com as tendências e a administração de ONGs e inclui a seção Notícias SobreFortalecimento Organizacional. Pode ser obtido em inglês e português.

Escreva para: Julie Gale, INTRAC, PO Box 563, Oxford, OX2 6RZ, Reino UnidoE-mail: [email protected]

Boletins informativos úteis

✹GRÁTIS!

✹GRÁTIS!

Water for the WorldA biblioteca inteira da USAID, com 160documentos técnicos chamada Water for theWorld está, agora, disponível na website daLifewater International. Ela oferece umavasta série de instruções sobre aadministração de recursos hidráulicos,sendo de grande utilidade para osengenheiros hidráulicos.

Website: www.lifewater.org

✹GRÁTIS!Comics with an Attitude:A guide to the use of comics in development information

Leif Packalén e Frank OdoiQuase qualquer questão ou idéia pode sertransformada numa estória – a qual pode,também, ser transformada em uma estóriaem quadrinhos. As estórias em quadrinhossão baratas de serem produzidas e amaioria das pessoas gosta de lê-las. Asorganizações da área do desenvolvimentoque possuem ‘algo para dizer’ devemconsiderar a utilização de estórias emquadrinhos. Estas são, geralmente, vistascomo ‘algo para as crianças’, porém, osadultos também gostam de lê-las –principalmente se for misturado humor

exercícios participativos para seremutilizados com ONGs locais e membros degrupos comunitários.

O preço é de $28 dólares americanos,incluindo o envio postal ($25 dentro dosEUA), com descontos grandes paraencomendas maiores. Para obter maisinformações ou fazer a sua encomenda,entre em contato com:

World Neighbours4127 NM 122nd StreetOklahoma CityOK 73120-8869EUA

Fax: +405 752 9393E-mail: [email protected]

com os fatos. Elas podem ser uma formamuito útil de se tentarem resolver questõesdelicadas, tais como o HIV/AIDS (SIDA).É necessária a habilidade para o desenho,porém esta não é a questão maisimportante. Primeiramente, é necessárioque haja um bom enredo, e a habilidadepara o desenho simplesmente precisa seradequada para transmitir a mensagem.

Este livro contém informações práticassobre como utilizar as estórias emquadrinhos como alvo e produzi-las e érepleto de exemplos de estórias emquadrinhos na área do desenvolvimentoprovenientes de todas as partes do mundo.Pode ser obtido gratuitamente para osleitores em países do Terceiro Mundoatravés de:

The Information UnitDIDCPO Box 12700160 HelsinkiFinlândia

Fax: +358 9 1341 6375E-mail: [email protected]

Também pode ser obtido on-line em:http://global.finland.fi/comics

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TECNOLOGIA

Publicado pela: Tearfund, 100 Church Rd,Teddington, TW11 8QE, Inglaterra

Editora: Dra Isabel Carter, PO Box 200, Bridgnorth,Shropshire, WV16 4WQ, Inglaterra

comprimento, empurrando o cano porambas as extremidades.

Depois de retirar os nós e antes de utilizaros bambus como canos, é importante retirara seiva e a goma. Isto pode ser feitodeixando-se os

conservá-los bem. Se os canos não foremtransportar água potável, pinte-os também.

Estas idéias permitem que se transporteágua de um poço, bomba ou fonte de águaaté sua casa ou jardim por uma distânciaconsiderável.

Adaptado dos pacotes 22 e 43 de Red de RadioRural de los Países en Desarrollo, 40 DundasStreet West, Box 12, Toronto, M5G 2C2, Canadá.

O bambu possui muitas utilidades emnossos lares, tais como varas, calhas, móveise capachos. Contudo, poucos agricultorescultivam-no, e ele, geralmente, cresce demaneira silvestre. O bambu pode serutilizado para fazer excelentes canos paraágua, de baixo custo.

Há várias maneiras de se conectarem osbambus:

■ Simplesmente, empurre uma vara paradentro da extremidade de outra vara umpouquinho mais grossa.

■ Raspe e apare uma extremidadecuidadosamente, até que entre numa outravara.

■ Use um pedaço curto de bambu maisgrosso como embocadura e empurre osdois canos para dentro dela.

■ Use um pedaço de bambu fino e empurreos dois canos sobre ele (este método,porém, restringe o fluxo de água).

■ Enrole um pedaço de câmara de ar depneu bem apertado ao redor da conexão eamarre-a com uma corda ou fio.

■ Faça uma atadura com faixas de aniagemvelha e use piche ou alcatrão para torná-laà prova de água.

Conectando os canos

Afiando um canode ferro para fazera ferramenta paraperfurar os nós.

Utilize varas de bambu retas e recente-mente cortadas para fazer os canos, poisassim eles têm menos probabilidade deracharem-se e os nós são mais fáceis deserem retirados. Eles devem ter no mínimo7cm de diâmetro na extremidade pequena.

Retirando os nósVocê precisará de fazer uma ferramentaespecial para retirar as pequenas paredesem cada nó dentro do bambu. Utilize várioscanos de ferro retos de, no mínimo, 3m decomprimento, de diferentes diâmetros(espressura). O cano mais fino deve teraproximadamente 1,5cm de diâmetro.Afie a ponta de cada cano de ferro com um serrote para metais ou um amolador.Empurre o cano menor por cada nó dobambu – talvez você precise de usar ummartelo. Use, então, o próximo tamanho de cano e continue assim até retirar todos os nós.

Com um cano de ferro de 3m, vocêpoderá fazer canos debambu de 6m de

Canos com suportes

canos de molho em água corrente porquatro semanas. Amarre as varas emfeixes e afunde-as com pedras.

Conservando o bambuOs canos de bambu podem durar até cincoanos, desde que não entrem em contatocom térmitas (cupins) ou fungos. Vocêpode conservá-los por mais tempo,deixando as varas de molho numa soluçãofeita com uma parte de ácido bórico, umaparte de bórax e 40 partes de água poruma hora. Passar água com pequenosníveis de cloro ocasionalmente pelos canostambém ajuda a conservar sua vida útil.

Evite, sempre, contato direto com o solo,usando suportes. Pinte os suportes comóleo para motores velho ou alcatrão, para

Pode-se utilizar meio tambor de metalcomo funil para derramar a água noencanamento de bambu. Talvez vocêprecise de um pedaço mais curto de canode metal ou plástico para conectá-lo.

Canos para água de bambu