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Os quatro pilares da segurança alimentar O conceito de segurança alimentar pode ser dividido em quatro áreas principais: disponibilidade de alimento acesso ao alimento qualidade e valor nutritivo do alimento estabilidade na provisão de alimento. Os governos e as organizações de desenvolvi- mento que desejam melhorar a segurança alimentar devem considerar a possibilidade de realizar atividades em todas estas áreas. DISPONIBILIDADE DE ALIMENTO É essencial que as pessoas tenham alimento suficiente disponível para a sua sobrevivência. Freqüentemente não há terra suficiente disponível para prover alimento para os habitantes locais. Isto ocorre, em parte, porque a terra está sendo usada para beneficiar as pessoas dos países do hemisfério Norte, como, por exemplo, para cultivar alimentos, forragem ou biocombustível. Quando não há alimento suficiente disponível, este precisa ser importado. Em algumas situações muito difíceis, as pessoas dependem de assistência alimentar. ACESSO AO ALIMENTO Às vezes, as pessoas não têm acesso a alimento mesmo quando este está disponível no país. Este é um problema específico das famílias pobres sem acesso a terra. Há dois aspectos importantes do acesso ao alimento: Acesso econômico As pessoas precisam ter dinheiro para comprar alimento e insumos agrícolas. Os preços dos alimentos também afetam a capacidade das pessoas de comprá-los. Os preços dos alimentos são influenciados por fatores locais e globais, inclusive o impacto das secas nas colheitas, políticas governamentais e acordos comerciais. Acesso físico As pessoas podem morar longe do mercado, ou a falta de segurança Houve progresso na melhoria da segurança alimentar em alguns países, em termos globais. Entretanto, a situação ainda é grave em alguns países, especialmente na África Subsaariana e na Ásia Meridional. Embora a pobreza seja a principal causa da insegurança alimentar no mundo, existem questões específicas que tornam as pessoas pobres ainda mais vulneráveis. Entre elas, estão: a mudança climática HIV conflito má governança política e econômica. Melhoria da segurança alimentar Dra. Ruvimbo Mabeza-Chimedza Gyanu Kumar Shakya Share and Care Nepal O alimento é uma alta prioridade para se ter uma vida totalmente produtiva. A segurança alimentar existe quando as pessoas têm alimento básico suficiente o tempo todo para lhes prover calorias e nutrientes a fim de levarem uma vida totalmente produtiva. Quando se pergunta às pessoas pobres qual é a maior prioridade para elas e suas famílias, a resposta geralmente é: alimento. O primeiro Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) é “erradicar a pobreza extrema e a fome”. Este objetivo é essencial para alcançar os outros sete ODMs. Leia nesta edição 3 Editorial 4 Aprendendo com um povoado exemplar 6 Cartas 7 Criação de bancos de cereais 8 Gestão natural de pragas 10 Promovendo mercados eficientes 12 Agricultura de conservação na Zâmbia 13 Estudo bíblico 14 Melhoria da nutrição na Bolívia 15 Recursos 16 Hortas flutuantes Passo a Passo 77 Março 2009 http://tilz.tearfund.org/portugues SEGURANÇA ALIMENTAR

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Page 1: Passo a Passo 77 - learn.tearfund.org/media/files/tilz/publications/... · em alguns países, especialmente na África Subsaariana e na Ásia Meridional. Embora a pobreza seja a principal

Os quatro pilares da segurança alimentarO conceito de segurança alimentar pode ser

dividido em quatro áreas principais:

■ disponibilidade de alimento

■ acesso ao alimento

■ qualidade e valor nutritivo do alimento

■ estabilidade na provisão de alimento.

Os governos e as organizações de desenvolvi-

mento que desejam melhorar a segurança

alimentar devem considerar a possibilidade de

realizar atividades em todas estas áreas.

DISPONIBILIDADE DE ALIMENTO

É essencial que as pessoas tenham alimento

suficiente disponível para a sua sobrevivência.

Freqüentemente não há terra suficiente

disponível para prover alimento para os

habitantes locais. Isto ocorre, em parte, porque

a terra está sendo usada para beneficiar as

pessoas dos países do hemisfério Norte,

como, por exemplo, para cultivar alimentos,

forragem ou biocombustível. Quando não há

alimento suficiente disponível, este precisa

ser importado. Em algumas situações muito

difíceis, as pessoas dependem de assistência

alimentar.

ACESSO AO ALIMENTO

Às vezes, as pessoas não têm acesso a

alimento mesmo quando este está disponível

no país. Este é um problema específico das

famílias pobres sem acesso a terra. Há dois

aspectos importantes do acesso ao alimento:

■ Acesso econômico As pessoas precisam

ter dinheiro para comprar alimento e

insumos agrícolas. Os preços dos alimentos

também afetam a capacidade das pessoas

de comprá-los. Os preços dos alimentos são

influenciados por fatores locais e globais,

inclusive o impacto das secas nas colheitas,

políticas governamentais e acordos

comerciais.

■ Acesso físico As pessoas podem morar

longe do mercado, ou a falta de segurança

Houve progresso na melhoria da segurança

alimentar em alguns países, em termos

globais. Entretanto, a situação ainda é grave

em alguns países, especialmente na África

Subsaariana e na Ásia Meridional. Embora a

pobreza seja a principal causa da insegurança

alimentar no mundo, existem questões

específicas que tornam as pessoas pobres

ainda mais vulneráveis. Entre elas, estão:

■ a mudança climática

■ HIV

■ conflito

■ má governança política e econômica.

Melhoria da segurança alimentar Dra. Ruvimbo Mabeza-Chimedza

Gy

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Car

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O alimento é uma alta prioridade para se ter uma vida totalmente produtiva.

A segurança alimentar existe quando as pessoas têm alimento básico sufi ciente

o tempo todo para lhes prover calorias e nutrientes a fi m de levarem uma vida

totalmente produtiva. Quando se pergunta às pessoas pobres qual é a maior

prioridade para elas e suas famílias, a resposta geralmente é: alimento. O primeiro

Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) é “erradicar a pobreza extrema e

a fome”. Este objetivo é essencial para alcançar os outros sete ODMs.

Leia nesta edição

3 Editorial

4 Aprendendo com um povoado exemplar

6 Cartas

7 Criação de bancos de cereais

8 Gestão natural de pragas

10 Promovendo mercados efi cientes

12 Agricultura de conservação na Zâmbia

13 Estudo bíblico

14 Melhoria da nutrição na Bolívia

15 Recursos

16 Hortas fl utuantes

Passo a Passo 77Março 2009 http://tilz.tearfund.org/portugues SEGURANÇA ALIMENTAR

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2

■ choques internos, como a perda de renda

ou doença.

Principais questões a considerarHá algumas questões importantes que afetam

o desempenho dos quatro pilares.

BOA GOVERNANÇA POLÍTICA

E ECONÔMICA

Muitas organizações agora incluem o direito

individual ao alimento como parte do seu

trabalho de defesa e promoção da boa

governança. Isto pode consistir em:

■ assegurar um bom planejamento e bons

programas para a segurança alimentar

■ ajudar as pessoas mais pobres após

choques, como aumentos nos preços ou

más colheitas

■ assegurar que o alimento não seja usado

como arma de guerra ou opressão

■ combater a corrupção para que os

recursos escassos sejam direcionados

para a produção de produtos alimentícios

essenciais ao invés de artigos de luxo para

os ricos

■ assegurar que as regras e os acordos

comerciais sejam justos, de maneira a

apoiar os pequenos agricultores.

HIV

Existe uma forte relação entre o HIV e a

segurança alimentar. As pessoas que vivem

com HIV devem comer alimentos de alto valor

pode impedi-las de viajar. Elas podem não

ter acesso a transporte ou pode haver

obstáculos físicos, como a má qualidade

das estradas, uma ponte danificada ou

uma estrada que foi levada pelas águas.

QUALIDADE E VALOR

NUTRITIVO DO ALIMENTO

O alimento precisa ser seguro para ser

ingerido e de boa qualidade nutritiva. A boa

nutrição é importante para o cresci mento

e para a saúde. Se a pessoa tiver acesso a

alimento bom e suficiente, água potável,

saneamento e cuidados de saúde, as

necessidades básicas do seu organismo

serão satisfeitas.

A boa nutrição é especialmente importante

para as crianças. Contudo, a fome e a

subnutrição matam milhares delas todos

os anos. Nestas situações, os programas de

alimentação infantil e as distribuições de

alimentos voltadas para as crianças são um

aspecto importante de qualquer resposta.

ESTABILIDADE NA PROVISÃO

DE ALIMENTO

As famílias e os indivíduos devem ter

acesso a alimento o tempo todo, sejam

eles frescos ou armazenados. Entretanto, às

vezes, há situações que podem afetar esta

estabilidade. Estas podem ser:

■ choques externos, como secas,

inundações, conflito ou má governança

política e econômica

1 Qual dos quatro pilares mais afeta a segurança alimentar na sua comunidade ou no seu país?

2 Há assistência alimentar no seu país? Que soluções sustentáveis existem? (Por exemplo, veja o

artigo sobre bancos de cereais na página 7.)

3 É difícil para as famílias pobres terem acesso a alimento mesmo havendo alimento disponível

suficiente? Quais são os motivos disso? O que poderia ser feito para ajudá-las a terem

alimento suficiente para comer?

4 Quanto conhecimento nutricional os habitantes locais possuem? O que poderia ser feito para

aumentar este conhecimento?

5 Faça uma lista dos choques externos que afetam as pessoas local e nacionalmente. De

que maneira seria possível lidar com alguns destes choques? Que sistemas poderiam ser

organizados para evitar que os choques naturais tenham um grande impacto na segurança

alimentar? (Por exemplo, veja o artigo sobre hortas flutuantes na página 16.)

6 Você ou outras pessoas na comunidade são afetados pelo HIV? De que maneira o HIV afeta a

segurança alimentar? O que pode ser feito para reduzir os efeitos?

7 Quais práticas agrícolas locais são prejudiciais para o meio ambiente? Que outras opções há?

(Por exemplo, veja o artigo sobre agricultura de conservação na página 12.)

8 Quais são as questões de gênero relacionadas com a segurança alimentar na sua comunidade

ou no seu país? O que precisa ser feito para empoderar as mulheres? De que maneira os

homens podem apoiar as mulheres para garantir a segurança alimentar familiar?

9 De que maneira as pessoas responsáveis pelas decisões podem ser influenciadas para garantir

que o direito das pessoas a alimento seja respeitado no seu país?

Questões para discussão

A Passo a Passo é uma publicação trimestral que

procura aproximar pessoas em todo o mundo

envol vi das na área de saúde e desenvolvimento. A

Tearfund, responsável pela publicação da Passo a

Passo, espera que esta revista estimule novas idéias

e traga entusiasmo a estas pessoas. A revista é uma

maneira de encorajar os cristãos de todas as nações

em seu trabalho conjunto na busca da integração

das nossas comunidades.

A Passo a Passo é gratuita para aqueles que

promovem saúde e desenvolvimento. É publicada

em inglês, francês, português e espanhol. Donativos

são bem-vindos.

Os leitores são convidados a contribuir com suas

opiniões, artigos, cartas e fotografias.

Editora: Rachel Blackman

Tearfund, 100 Church Road, Teddington,

TW11 8QE, Reino Unido

Tel: +44 20 8977 9144

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Subeditora: Rebecca Dennis

Editora – Línguas estrangeiras: Helen Machin

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Comitê Editorial: Babatope Akinwande,

Ann Ashworth, Steve Collins, Paul Dean, Mark

Greenwood, Martin Jennings, John Wesley Kabango,

Sophie Knapp, Ted Lankester, Huw Morgan,

Mary Morgan, Nigel Poole, Naomi Sosa

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Tradução: L Fernandes, E Frias, A Hopkins,

M Machado, F Mandavela, W de Mattos Jr, S Melot,

N Ngueffo, G van der Stoel, S Tharp, E Trewinnard

Relação de endereços: Escreva, dando uma

breve informação sobre o trabalho que você faz

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As opiniões e os pontos de vista expressos nas

cartas e artigos não refletem necessariamente o

ponto de vista da Editora ou da Tearfund. As infor-

ma ções técnicas fornecidas na Passo a Passo são

verificadas minuciosamente, mas não podemos

aceitar responsabilidade no caso de ocorrerem

problemas.

A Tearfund é uma agência cristã de desenvolvi-

mento e assistência em situações de desastre, que

está formando uma rede mundial de igrejas locais

para ajudar a erradicar a pobreza.

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PASSO A PASSO 77

Passo a Passo ISSN 1353 9868

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3

segurança alimentar

nutritivo para se manterem saudáveis. A boa

nutrição também é vital para as pessoas que

tomam medicamentos anti-retrovirais. Mesmo

quando há disponibilidade de alimentos numa

família afetada pelo HIV, também pode haver

subnutrição. Isto ocorre porque as doenças

relacionadas com o HIV podem diminuir

o apetite e a capacidade do organismo de

absorver nutrientes.

Como o HIV tende a afetar os adultos

produtivos, ele causa um impacto enorme na

segurança alimentar. Isto pode ocorrer devido:

■ à debilidade da pessoa para trabalhar ou

cultivar a terra

As pessoas precisam ter um bom acesso a alimentos.

■ à morte de familiares produtivos

juntamente com o seu conhecimento e

suas habilidades agrícolas

■ à diminuição dos recursos que podem ser

usados para comprar alimentos, devido

aos gastos com cuidados com a saúde ou

funerais.

As pessoas que vivem com HIV devem

ser incentivadas a cultivar alimentos que

exijam menos trabalho físico, como árvores

frutíferas, para se prepararem para quando a

sua doença piorar.

CRESCIMENTO LENTO NA AGRICULTURA

Em muitas regiões do mundo, há um cresci-

mento lento ou até retrocessos na agricultura.

Em muitos países, embora a maioria das

pessoas sejam agricultores, elas não são

capazes de produzir alimento suficiente

para alimentar toda a população. Assim,

alguns países têm de importar alimentos ou

depender de assistência alimentar.

Em muitos países, a fome e a subnutrição são

maiores nas regiões rurais do que nas urbanas,

apesar de a maioria das pessoas viverem em

regiões rurais e se sustentarem através da

agricultura. Vários estudos realizados na África

Subsaariana constataram que o crescimento

no setor agrícola tem um impacto muito

maior na redução da pobreza e da fome

do que o crescimento urbano e industrial.

Portanto, o aumento e a diversificação da

produtividade agrícola são muito importantes

para se enfrentar o desafio da insegurança

alimentar. Uma área que precisa ser

melhorada é a irrigação. Quase metade do

alimento mundial é cultivada com o uso de

técnicas de irrigação. Porém, estas técnicas

atualmente são muito ineficientes.

Para melhorar a produtividade agrícola, os

problemas ambientais precisam ser resolvidos.

Embora as pessoas que vivem nas regiões

rurais tenham conservado muito do ambiente

rural por muitos anos, as pressões cada vez

maiores causadas pela fome e pelo aumento

populacional forçaram-nas a realizar algumas

práticas agrícolas que estão prejudicando o

meio ambiente. A mudança climática está

aumentando a probabilidade de perda das

colheitas e de insegurança alimentar.

IGUALDADE DE GENERO E

EMPODERAMENTO DAS MULHERES

Freqüentemente as mulheres são as principais

responsáveis pela segurança alimentar. Em

muitos países, as mulheres contribuem com a

maior parte da mão-de-obra para a produção

de alimentos. As mulheres também são

responsáveis pela maior parte do processa-

mento e da preparação de alimentos. Elas

garantem a alimentação e a nutrição das

crianças e de todos os outros membros da

família.

Contudo, as mulheres raramente recebem

tanto apoio agrícola quanto os homens, como,

por exemplo, empréstimos e serviços de

extensão agrícola. Assim, elas não produzem

tanto alimento quanto poderiam para as suas

famílias.

Os governos e as organizações devem

considerar as questões de gênero relacionadas

com a segurança alimentar para que haja

progresso.

A Dra. Ruvimbo Mabeza-Chimedza trabalha como

consultora independente. Ela é especializada em

segurança alimentar e meios de sustento.

E-mail: [email protected]

EDITORIALNesta edição da Passo a Passo, examinamos tópicos importantes

relacionados com a segurança alimentar e maneiras práticas de

melhorar a situação. Na página 10, consideramos a importante

relação entre os agricultores e os comerciantes. Há também artigos

sobre bancos de cereais (página 7), gestão natural de pragas (página

8), agricultura de conservação (página 12) e hortas fl utuantes

(página 16).

Esperamos que esta edição forneça ferramentas para ajudar nossos

leitores a aumentarem a sua própria segurança alimentar e a das

pessoas a quem servem.

As futuras edições estarão voltadas para a migração e a gestão dos

riscos diários.

O alimento é uma necessidade e um direito

humano básico. Se não tivermos alimentos de boa

qualidade sufi cientes, adoeceremos e acabaremos

morrendo. Contudo, o número de pessoas

sub nutridas pelo mundo continua a crescer.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e

Alimentação, 850 milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas

pela insegurança alimentar, das quais 820 milhões vivem em países em

desenvolvimento.

A partir de meados de 2007, o preço dos alimentos e do combustível

subiu consideravelmente. Por todo o mundo, em países como Burquina

Faso, Haiti e Indonésia, houve tumultos e protestos contra os aumentos

nos preços dos alimentos. Os efeitos da mudança climática, tais como

as secas e as inundações, também estão aumentando a insegurança

alimentar, e a situação provavelmente fi cará pior no futuro.

Rebecca Dennis

Subeditora

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PASSO A PASSO 77

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4

desenvolvimento comunitário

O distrito de Mugu fica na região do

Himalaia no Nepal. Somente cinco por cento

das terras do distrito podem ser usados

para a agricultura. Isto se deve aos declives

íngremes, à má qualidade do solo, ao clima

seco e ao desmatamento resultante da

pressão para a utilização das florestas como

combustível, forragem e materiais para fazer

camas para animais. Em média, cada família

só consegue cultivar alimento suficiente para

si própria por um período de quatro a seis

meses por ano. Algumas famílias de casta

baixa cultivam consideravelmente menos do

que isso, especialmente as famílias dalits (os

chamados “intocáveis” no sistema de castas

hindu). As famílias dalits freqüentemente

vivem em isolamento e formam as suas

próprias comunidades. Elas são excluídas

dos rituais sociais e do acesso à floresta

comunitária e às terra comuns. A maioria

dos dalits não possui terras ou possui um

pequeno terreno. Eles geralmente trabalham

nas terras dos outros em trabalho escravo.

Estabelecimento do programa

A United Mission to Nepal (UMN) trabalha

com a comunidade dalit desde 1999. Em

2004, ela estabeleceu uma equipe em

Mugu para procurar resolver as causas

fundamentais da pobreza. A equipe

trabalhou com organizações locais para

realizar uma avaliação da situação social e

econômica em Mugu.

Uma organização local, o National Dalit

Development Forum (NDDF – Fórum

de Desenvolvimento Nacional Dalit), foi

escolhida para a parceria. Seu trabalho

estava voltado para a defesa e a promoção

dos direitos dos dalits. A UMN realizou

uma série de discussões com o NDDF e a

comunidade dalit para decidir o que poderia

ser feito. Eles decidiram implementar um

“povoado exemplar” – um programa que

empoderaria a comunidade dalit para

que alcançasse a segurança alimentar. O

povoado dalit, de Tallighuire, composto

por dezenove famílias, foi escolhido para

Declives íngremes, má qualidade do solo, um clima seco e o desmatamento dificultam o cultivo.

UM

N

Aprendendo com um povoado exemplar Um programa abrangente para lidar com a

insegu rança alimentar num povoado dalit, no Nepal

Luma Nath Adhikari

participar do programa. Os funcionários da

UMN ajudaram o NDDF e os representantes

da comunidade a elaborar e implementar

um plano de ação.

O programa foi elaborado de forma

abrangente, concentrando-se não

somente nas questões alimentares, mas

considerando também os fatores sociais,

econômicos e educacionais que contribuem

significativamente para a pobreza das

famílias dalits. Os principais componentes

do programa foram:

■ promoção das culturas alimentares e de

hortaliças

■ cuidados veterinários e gestão animal

■ criação de um viveiro e plantio de árvores

■ vacinação e serviços de planejamento

familiar

■ melhorias no saneamento

■ poupança e planos de crédito

■ educação comunitária

■ treinamento mais detalhado dos

líderes comunitários sobre alguns dos

componentes do programa, de maneira

que o trabalho pudesse ser sustentável.

A educação não formal era um ponto

de entrada fundamental para se atingir

a comunidade dalit, especialmente as

mulheres, além de ser útil para alcançar

outros componentes do programa. O

componente educativo inicialmente

concentrou-se nas habilidades de ler e

escrever, gradualmente ampliando-se

de forma a incluir a educação prática e o

oferecimento de bolsas de estudo para

crianças dalits. Nas aulas para adultos,

os participantes aprenderam sobre

planejamento familiar, saneamento, saúde

infantil, higiene, vacinação e nutrição,

assim como gestão doméstica e questões

ambientais. As pessoas que participaram das

aulas gradualmente começaram atividades

Todos os resultados do

programa contribuíram para reduzir a pobreza

de maneira integrada

PASSO A PASSO 77

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desenvolvimento comunitário

em grupo relacionadas com poupança,

saneamento do povoado e campanhas sobre

questões relativas à comunidade Dalit.

O papel da UMN

O NDDF assumiu a responsabilidade

por supervisionar a implementação do

programa, enquanto que a UMN prestava

apoio ao NDDF. Este apoio consistia em

desenvolver a capacidade em atividades

de desenvolvimento técnicas e na gestão

organizacional. Os métodos utilizados foram

a provisão de mentores e treinamento aos

funcionários do NDDF, visitas freqüentes

às comunidades e treinamento sobre

contabilidade, transparência e boa

governança.

A UMN prestou apoio aos funcionários do

NDDF no planejamento e na implementação

do programa de povoado exemplar das

seguintes maneiras:

■ Ajudando-os a realizar avaliações na

comunidade e dentro da organização.

■ Apoiando-os no desenvolvimento do

programa com a comunidade e as

organizações locais.

■ Criando vínculos com doadores em âmbito

local, nacional e internacional.

■ Ajudando-os a revisar o processo e

os resultados para garantir o impacto

sustentável na comunidade e a capacidade

organizacional contínua.

■ Incentivando-os a registrar e compartilhar

o que aprenderam com organizações

de desenvolvimento e agências

governamentais.

Resultados

O programa consistiu numa série de

atividades que direta ou indiretamente

contribuíram para a segurança alimentar no

âmbito familiar.

■ Cada família agora possui uma horta.

■ A multiplicação de sementes das

principais culturas alimentares, especial-

mente de milho e trigo, contribui para a

maior produção de alimentos.

■ A introdução de plantações e práticas de

gestão de terras em declive diminuiu a

erosão do solo.

■ Foi criado um viveiro de árvores, e foram

plantadas árvores frutíferas.

■ São criadas cabras e galinhas, as quais são

usadas como fonte de renda.

■ As melhores práticas de gestão animal

e o serviço veterinário diminuíram a

mortalidade dos animais.

■ Todas as pessoas sabem explicar a

importância básica da nutrição, da saúde

e da higiene.

■ Todas as crianças freqüentam a

escola, e as mulheres que estão sendo

alfabetizadas sabem ler e escrever.

■ As mães estão cientes da vacinação, e há

mais crianças sendo vacinadas.

■ A auto-estima das mulheres e de outros

membros da comunidade dalit aumentou.

Agora, os dalits têm participação igual nos

encontros da comunidade e tomam chá

com pessoas de outras castas em lugares

públicos. Eles são incluídos nos fóruns

políticos e são representantes de comitês

de gestão escolar.

■ Devido ao foco do NDDF na defesa e

na promoção dos direitos dos dalits,

as pessoas da comunidade agora se

sentem capazes de visitar organizações

de desenvolvimento e agências

governamentais para solicitar serviços

variados.

O programa foi extremamente bem-

sucedido em garantir a segurança alimentar.

As famílias agora sentem que têm mais

controle sobre os suprimentos de alimentos

e conseguem gerir melhor a sua segurança

alimentar.

Todos os resultados do programa

contribuíram para reduzir a pobreza

de maneira integrada. Do ponto de

vista do desenvolvimento sustentável,

muitos pequenos esforços contribuíram

para uma grande mudança. O sucesso

e a sustentabilidade do programa têm

mais a ver com o empoderamento das

pessoas do que com as atividades em

si ou os resultados muito imediatos.

Muitas outras comunidades do distrito de

Mugu inspiraram-se e estão planejando

implementar um programa semelhante.

Luma Nath Adhikari é o Consultor-Chefe de Soberania

Alimentar para a United Mission to Nepal.

PO Box 126

Kathmandu

Nepal

E-mail: [email protected]

Site: www.umn.org.np

UM

N

O milho é uma das culturas mais comuns.

1 É importante garantir a participação da

comunidade desde o início do programa.

A liderança da ONG local, o NDDF,

ajudou a criar um senso de apropriação

dentro da comunidade.

2 O “povoado exemplar” foi idealizado

como um programa abrangente, cujo

objetivo era ter resultados imediatos, que

pudessem ser diretamente observados

pelos membros da comunidade. Isto

ajuda a aumentar a auto-estima.

3 Para a sustentabilidade de longo prazo

do programa, foi importante que a

UMN desenvolvesse a capacidade do

NDDF, tanto em questões técnicas de

desenvolvimento quanto em gestão

organizacional. O desenvolvimento

desta capacidade deve ser de longo

prazo (de cinco a sete anos se

necessário). As revisões regulares e

a disposição para fazer mudanças

com base nas lições aprendidas,

garantem que o desenvolvimento da

capacidade seja relevante e eficaz.

Lições aprendidas

PASSO A PASSO 77

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6

Extração de óleoEstou escrevendo a respeito da carta de

Abbé Kussa, na Passo a Passo 75. Ensino

tecnologias agrícolas apropriadas no Instituto

de Treinamento Agrícola na Zâmbia. De acordo

com a minha experiência, a melhor forma de

extrair o óleo da Jatropha curcas (também

conhecida como pinhão-manso) é usar uma

prensa de óleo manual. Na Zâmbia, ela se

chama prensa de óleo “yenga” e custa cerca

de US$250. É possível prensar até 50kg de

sementes por dia.

Este é o processo:

1 Aqueça as sementes de Jatropha no sol ou

num forno. Isto facilita a extração do óleo.

2 Coloque as sementes pré-aquecidas na

máquina e extraia o óleo.

3 Para purificar o óleo não refinado, misture-

o com água (uma parte de água para cinco

partes de óleo). Ferva a mistura até que a

água tenha evaporado (quando todas as

bolhas tiverem desaparecido). Deixe a

mistura se sedimentar por várias horas, até

o óleo ficar transparente. Cuidado para não

se queimar.

4 O óleo também pode ser purificado

com um filtro ou deixando-se o óleo não

purificado parado por vários dias.

Lembre-se de que o óleo é venenoso e não

deve ser ingerido, pois pode causar vômito e

diarréia.

Aswelo Tembo

Agricultural Training Institute

PO Box 620272

Kalomo

Zâmbia

NOTA DA EDITORA Os biocombustíveis podem

contribuir para a insegurança alimentar se a terra

for usada para culturas destinadas à produção de

combustível ao invés de culturas alimentares. Uma

solução é ter culturas que produzam alimento e

também resíduos que possam ser usados para a

produção de biocombustível, como o sorgo doce.

Construção da pazGostaria de agradecer-lhes pela Passo a Passo

75. Senti-me realmente desafiado pela edição

inteira, mas principalmente pelo artigo na

primeira página, sobre a construção da paz em

Uganda. “Paz” é uma palavra simples de usar,

mas difícil de pôr em prática, principalmente

na África. No meu próprio país, o Quênia,

dizemos ter promotores da paz, especialmente

após a agitação que ocorreu após a recente

eleição geral. Entretanto, em minha opinião,

embora tenhamos baixado as armas, o conflito

continua no coração das pessoas.

Obrigado por me atualizar sobre o trabalho de

construção da paz que está sendo realizado no

mundo.

Agapetus Mathew Wamalwa

c/o St. Catherine of Siena Parish

PO Box 230

00621 Village Market

Nairobi

Quênia

E-mail: [email protected]

Ouvindo as criançasTornar-se um bom comunicador, especial-

mente com as crianças, é uma experiência

muito rele vante. É importante que os

adultos aprendam a ouvir as crianças,

suas preocupações, suas histórias, seus

medos e seus desejos. Isto é especialmente

importante para as crianças que vivem em

situações difíceis e estressantes, pois lhes

oferece um bom apoio. As crianças sentem-

se confiantes quando podem falar sobre

os seus sentimentos e preocupações com

outra pessoa. Não devemos negligenciar

nossas crianças. Devemos ouvi-las e, assim,

aprenderemos mais.

Joël Kiramba

Coordenador da APEDI

E-mail: [email protected]

NOTA DA EDITORA Obrigada por sua carta

e por levantar uma questão importante. Tenha

cuidado para não perder a confiança da criança

se ela contar informações confidenciais, a menos

que haja risco de perigo ou abuso. Pergunte à

criança se ela gostaria que você fizesse algo em

relação ao que ela lhe contou, mas lembre-se de

nunca fazer promessas que não pode cumprir.

Gre

enle

af

Ajudando criançasTrabalho para a Inspiring Future

Foundation, uma organização infantil

local, no leste de Uganda. Ajudamos

crianças órfãs e vulneráveis a terem

uma vida melhor, trabalhando lado

a lado com a comunidade. Em junho

de 2008, fizemos um levantamento

participativo das necessidades de 15

famílias de crianças órfãs e vulneráveis.

O levantamento mostrou-nos a

necessidade de estabelecer um centro

comunitário de bem-estar infantil

para ajudar a mobilizar a comunidade

para responder às necessidades das

crianças. Os funcionários do centro

poderiam ser voluntários da Inspiring

Future Foundation ou membros da

comunidade. O centro também poderia

ser usado como local de encontro para a

comunidade.

Gostaríamos de entrar em contato com

leitores da Passo a Passo que possuam

conhecimento e experiência em

estabelecer e gerir um centro comunitário

de bem-estar infantil.

Patrick Ejiku

Fundador e Administrador-Chefe

de Desenvolvimento de Recursos

Inspiring Future Foundation

PO Box 824

Soroti

Uganda

E-mail: [email protected]

PASSO A PASSO 77

CARTAS Notícias ■ Opiniões ■ Informações

Por favor, escreva para: The Editor, Footsteps, 100 Church Road, Teddington, TW11 8QE, Reino Unido E-mail: [email protected]

Esta é a versão brasileira da Passo a

Passo. Se preferir receber a versão

africana no futuro, por favor, avise-nos

pelo e-mail [email protected]

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7

mobilização da igreja

Os membros das igrejas locais perceberam

que a assistência de emergência não era

uma boa solução para os problemas de

segurança alimentar, pois mantém as

comuni dades dependentes de pessoas de

fora. Assim, eles decidiram ajudar suas

comunidades a estabelecerem bancos de

cereais comunitários. Isto foi feito com a

ajuda do departamento de desenvolvimento

e assistência em situações de desastre da

UEEPN (Union des Églises Évangéliques

Protestantes du Niger). Estes bancos

acumulam um estoque de cereais para

atender as necessidades básicas nas entres-

safras, especialmente quando as colheitas

são más ou os preços subiram muito.

Estabelecimento dos bancos de cereais

Para aumentar a apropriação comunitária, a

UEEPN garantiu o seguinte:

■ Que a comunidade pudesse escolher os

bancos de cereais como solução para os

seus problemas.

■ Que a comunidade recebesse treinamento

sobre como manter e gerir o banco de

cereais.

■ Que os membros participassem, como, por

exemplo, ajudando a construir o banco de

cereais.

■ Que as mulheres e as crianças

participassem ativamente do trabalho.

■ Que a igreja local, como motivadora

dentro da comunidade, estivesse

envol vida em todas as etapas do

estabelecimento dos bancos de cereais.

O trabalho envolveu várias partes

interessadas:

■ Membros da comunidade, que eram

responsáveis por estabelecer um comitê

de gestão, protegendo os cereais contra

roubo e pragas, vendendo os cereais a

preços moderados e investindo a renda

numa conta bancária.

■ Representantes das igrejas locais, que

monitoravam a utilização dos bancos de

cereais.

■ Funcionários da UEEPN, que organizavam

uma campanha de informação e conscien-

tização e treinavam os membros do

comitê de gestão.

■ As autoridades locais, que monitoravam

a qualidade das operações dos bancos

de cereais, garantindo que as vendas e os

sistemas de empréstimos funcionassem

de forma eficiente e que os regulamentos

fossem respeitados.

■ Doadores, que financiavam os estoques de

cereais durante o primeiro ano do projeto.

Operação dos bancos de cereais

Uma vez que os bancos de cereais estavam

construídos, eram fornecidos estoques de

cereais para o primeiro ano de operação.

A comunidade escolhia os sistemas que

gostaria de usar para obter os cereais nas

entressafras. Há dois sistemas principais, e

ambos são geridos pelo comitê de gestão.

O sistema de empréstimo Cada família

pega emprestado um saco de cereais, o qual

é devolvido após a colheita juntamente

com juros e uma taxa de administração. As

decisões sobre juros e taxas são tomadas

pela Assembléia Geral do povoado.

O sistema de vendas A Assembléia

Geral fixa o preço dos cereais de acordo

com o preço de mercado, o qual pode ser

determinado a partir do custo da compra

dos estoques iniciais. Cada pessoa pode

comprar uma quantidade específica de

cereais. O comitê de gestão investe a renda

numa caderneta de poupança num banco ou

numa cooperativa.

O objetivo é que, depois de seis anos, cada

banco de cereais dobre o seu estoque, de

maneira que seja possível abrir outro banco

de cereais numa outra comunidade.

Resultados

Alguns dos bancos de cereais não foram

bem-sucedidos. Isto ocorreu principalmente

porque os bancos de cereais não eram uma

prioridade para o povoado ou devido à

má gestão. Em alguns casos, as mulheres

estavam mal representadas nos comitês de

gestão, e os membros do comitê não eram

alfabetizados e, assim, não podiam manter

registros. Portanto, o bom treinamento e o

apoio aos comitês de gestão são essenciais.

Entretanto, em muitas comunidades, os

bancos de cereais conseguiram garantir a

segurança alimentar nas entressafras. Por

terem acesso a alimento, os membros da

comunidade são capazes de trabalhar nos

seus próprios campos ao invés de traba-

lharem noutros lugares para ganhar dinheiro.

O preço dos alimentos é regulamentado, e a

capacidade dos membros da comunidade foi

fortalecida. Como a igreja local foi envolvida

durante todo o processo, as atitudes em

relação à igreja melhoraram.

Abdoul-Azize Sarki trabalha como Coordenador de

Programas para o departamento de desenvolvimento e

assistência em situações de desastre do UEEPN.

BP 2630

Niamey

Níger

E-mail: [email protected]

A economia do Níger depende principalmente da agricultura. Entretanto, nos últimos

30 anos, a seca e os problemas ambientais resultaram em más colheitas. As pessoas

pobres têm pouco para comer na entressafra, o que as tem forçado a deixarem seus

campos para ganhar dinheiro ou abandonarem completamente as áreas rurais.

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Um banco de cereais familiar na região em que o

UEEPN trabalha.

Pequenos armazéns de cereais no povoado de Tougana,

no Níger.

Criação de bancos de cereais Abdoul-Azize Sarki

PASSO A PASSO 77

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8

agricultura

Controle natural de pragas

PREDADORES■ PÁSSAROS Alguns pássaros comem

pragas de insetos. Os pássaros podem

ser atraídos para o local, colocando-se sementes

para passarinhos ou plantando-se plantas que produzam

sementes que eles gostem de comer, mas que não sejam

úteis para o agricultor.

■ ANIMAIS A maioria dos pequenos animais comem insetos

e outras pragas. Por exemplo, os sapos comem milhares de

insetos por mês, inclusive as larvas de mariposas, lesmas,

formigas e lagartas. As aranhas comem muitas pragas

de insetos, e as cobras comem roedores. Estes pequenos

animais podem ser atraídos plantando-se plantas que

eles gostem de comer ou oferecendo abrigo natural para

protegê-los contra outros predadores.

■ INSETOS Alguns insetos são bons predadores porque

comem outros insetos. Um bom exemplo disso é a joaninha.

As joaninhas só comem afídeos, como o pulgão, e não

comem insetos benéficos. Elas podem comer 40–50 afídeos

por dia, e suas larvas podem comer ainda mais. É possível

incentivar os predadores de insetos plantando-se, nas

proximidades, certas plantas ou flores benéficas para eles.

PLANTAS■ O cultivo companheiro é uma maneira

eficaz de controlar as pragas. Ele consiste

em organizar diferentes plantas em fileiras

alternadas. Por exemplo, plantando-se

melões ao lado de rabanetes, os besouros

não passarão pelas fileiras de melões,

porque não gostam do gosto dos

rabanetes.

■ Certas plantas podem ser usadas para

afastar as pragas. Por exemplo,

plantar cebola e alho ao redor

da cultura afasta os insetos,

porque eles não gostam do

cheiro.

“Gestão natural de pragas” é um método

de controle de pragas que não usa produtos

químicos. Ao invés disso, são usados outros

insetos, pássaros, animais, plantas ou técnicas

manuais.

Os pesticidas químicos têm muitas desvantagens.

Embora eliminem a praga, eles também matam muitos

insetos úteis para a cultura e podem poluir o solo e os

suprimentos de água e fazer com que as pessoas adoeçam.

Os benefícios dos pesticidas químicos diminuem com

o tempo, à medida que as pragas se tornam resistentes

a eles. Assim, o pesticida mata as pragas mais fracas,

deixando que as mais fortes procriem e produzam uma

nova geração imune ao pesticida.

Gestão natural de pragas Artigo compilado por Rebecca Dennis

O que é uma praga?Uma praga é um inseto ou animal que causa danos a uma planta ou

cultura. É possível que um inseto ou animal seja uma praga numa

situação e benéfico noutra. Há pragas de todos os tamanhos e feitios.

Aqui estão algumas pragas comuns e os problemas que elas causam:

■ Brocas, que enfraquecem a planta, tais como o cupim e a broca de

haste no milho

■ Afídeos, que perfuram a folha ou a haste e sugam a seiva,

enfraquecendo a planta e propagando a doença

■ Besouros, gorgulhos e lagartas, que comem folhas. (No entanto, é

importante lembrar que as borboletas são úteis para a polinização.)

■ Gafanhotos, que mordem a parte superior das mudas

■ Pragas constituídas por animais maiores, como macacos, ratos e

pássaros (por exemplo, pombas e gralhas), que comem sementes e

plantas.

PASSO A PASSO 77

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agricultura

PESTICIDAS NATURAISÉ possível criar pesticidas com ingredientes naturais. Por

exemplo, as lagartas e os afídeos podem ser controlados

com um borrifo de folhas de mamão. Para fazer o borrifo:

■ Pique 1kg de folhas frescas e deixe de molho em dez

litros de água, adicionando duas colheres de sopa de

querosene e um pouco de sabão.

■ Deixe por pelo menos duas horas (ou de um dia para

o outro).

■ Retire as folhas e use o borrifo imediatamente.

Mais idéias de pesticidas naturais

podem ser encontradas na

Passo a Passo 54.

CONTROLES MECÂNICOSOs controles de pragas mecânicos são muito simples de

colocar na prática. Eles podem consistir em:

■ Pegar com a própria mão os insetos grandes das

plantas. Este método é eficaz para pequenos terrenos,

antes que a praga procrie, mas não é uma solução

prática para campos grandes.

■ Levantar barreiras para proteger as plantas, como, por

exemplo, colocar redes para evitar que os pássaros

as biquem e cobrir as frutas para protegê-las

contra as moscas-das-frutas.

■ Usar armadilhas como ratoeiras, armadi lhas

pegajosas para insetos ou armadilhas

para caracóis e lesmas

(feitas com uma

mistura de água

e levedura).

Aprendendo sobre pragas

Antes de decidir que método de controle de pragas usar, é

importante aprender sobre a praga. Seria um erro desperdiçar

tempo e dinheiro controlando um inseto ou um animal quando

ele nem está incomodando a planta.

Identifi que a praga Por exemplo, se houver buracos

nas folhas, examine a planta em diferentes horas do dia

para ver se consegue encontrar a praga em ação. Pode

ser útil conversar com vizinhos e agricultores locais para

descobrir que pragas são comuns no local.

1

Aprenda sobre a praga Aprenda sobre o seu ciclo

de vida, alimentação e inimigos naturais. Muitas vezes,

há um estágio no seu ciclo de vida em que é mais fácil

controlar a praga, como, por exemplo, eliminando os

ovos antes que os insetos saiam deles. Uma praga pode

ser controlada retirando-se a sua fonte de alimento ou

introduzindo-se inimigos naturais (predadores). Para

obter estas informações, converse com os agricultores

locais e agentes de extensão ou veja se há livros numa

biblioteca local.

2

Monitore o comportamento da pragaA praga aparece numa certa estação? Ela se encontra

em toda a planta ou toda a cultura ou em apenas alguns

lugares? A praga está aumentando ou diminuindo em

número?

3

Decida quando agir Lembre-se de que todos os

insetos fazem parte do ambiente natural e de que não

devemos tentar perturbar o equilíbrio natural, a menos que

seja necessário. Só vale a pena investir dinheiro no controle

de pragas, se o custo dos danos causados pela praga for

maior do que o custo para controlá-la.

4

Avalie o efeito Depois de usar um método de

controle natural de pragas, avalie os seus efeitos. Você

usará o método novamente para esta praga ou deve usar

outro? O método afetou outros insetos? Isso foi bom ou

ruim?

5

PASSO A PASSO 77

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marketing

As organizações agora estão voltando a

se interessar pelo desenvolvimento e pela

economia rural. Estes esforços foram estimu-

la dos pela preocupação com o aumento

dramático nos preços dos alimentos, os quais

causaram tumultos em muitos países em

2008, e pela ameaça da mudança climática

para a segurança alimentar.

O marketing agrícola é uma questão

fundamental, que precisa de atenção para que

as economias rurais sejam restabelecidas.

Mudando as atitudes para com os comerciantes

Quando os problemas de suprimentos de

alimentos surgem, as pessoas geralmente

reclamam dos intermediários, acusando-os de

ganhar dinheiro à custa das pessoas famintas.

Embora haja exploração e trapaça, nem todos

os comerciantes são desonestos. Ao fazerem

um julgamento apressado, as pessoas,

muitas vezes, não entendem a situação dos

comerciantes:

■ Muitos comerciantes de pequena escala

também são pobres.

■ Os comerciantes são responsáveis por

transportar os alimentos para o mercado,

o que pode ser arriscado. Os preços podem

cair depois que o comerciante comprou os

produtos do agricultor, e as estradas de má

qualidade podem danificar os alimentos

durante o transporte. É necessário tempo

e esforço para transportar produtos, e

as mulheres comerciantes enfrentam o

problema adicional do assédio.

■ Deve-se admitir, porém, que, às vezes, os

agricultores também trapaceiam!

Os comerciantes são vitais para a cadeia

que liga os agricultores aos consumidores,

e sua importância precisa ser mais

bem compreendida pelos agricultores,

consumidores e formuladores de políticas.

Por exemplo, eles podem fornecer

informações, crédito, e contribuições em

lugares não alcançados pelos agentes de

extensão governamentais. Além disso, sem

os comerciantes, os mercados funcionam

com menos eficácia, e todos sofrem: os

agricultores obtêm preços mais baixos, os

consumidores pagam preços mais altos, há

menos alimento disponível, e a qualidade do

alimento pode ser má. A falta de confiança

entre os compradores e os vendedores pode

ameaçar a segurança alimentar.

Desenvolvendo a cooperação entre os agricultores e os comerciantes

Quando as políticas de desenvolvimento

governamentais não conseguem alcançar

as regiões rurais, os comerciantes têm o

potencial para ajudar o desenvolvimento

local usando o sistema mercantil. A

expansão dos mercados agrícolas pode

ajudar a oferecer financiamento local,

processamento de alimentos e empregos.

À medida que os mercados agrícolas se

expandem, as associações comerciais que

começaram a se desenvolver podem assumir

a responsabilidade pela regulamentação

A agricultura tem sido negligenciada por muitos governos e organizações nas

últimas duas décadas. A maioria das políticas de desenvolvimento promoveu o

amplo crescimento econômico na esperança de que isso trouxesse benefícios gerais.

Entretanto, de acordo com o Relatório de Desenvolvimento Mundial de 2008,

esta abordagem fracassou em muitos países – as desigualdades aumentaram, e

muitas das pessoas mais pobres, que, na maioria, moram nas regiões rurais, não se

encontram numa situação melhor do que há 20 anos.

Promovendo os mercados efi cientes Nigel Poole

Há muitos anos, os comerciantes ganenses compravam tomates de Burquina Faso e entregavam-nos

na capital, Accra. Ao contrário dos agricultores ganenses, os agricultores de Burquina Faso permitiam

que os comerciantes classificassem e selecionassem os tomates que queriam comprar. Isto permitia

que os comerciantes escolhessem os tomates que conseguiriam sobreviver à viagem para a capital.

Tinha sido prometido aos agricultores ganenses que uma fábrica de processamento local com praria

os seus tomates. Infelizmente, a fábrica de processamento ainda não estava funcio n ando. Como os

comerciantes preferiam comprar seus tomates de Burquina Faso, os agricul tores não conseguiram

vender seus tomates e eles começaram a apodrecer nos campos. Os agricultores começaram a

protestar violentamente contra os comerciantes.

Para resolver a disputa, o Conselho de Segurança local, a Associação Nacional de Comerciantes de

Tomates de Gana e o vencedor do prêmio de Melhor Agricultor Nacional de 2006 organizaram um

encontro entre os comerciantes e agricultores. Os agricultores desculparam-se pelo seu comporta-

mento, e foi feito um acordo entre os dois lados. Os comerciantes concordaram em comprar

uma grande quantidade de tomates do norte de Gana se os agricultores permitissem que eles os

classificassem e comprassem apenas os tomates de melhor qualidade. Foi formado um comitê de

comerciantes e agricultores para negociar os preços a cada semana. Foi formado também outro

comitê para resolver quaisquer discórdias que houvesse entre os agricultores e os comerciantes.

Desde o encontro, as atividades do comércio de tomates estão mais bem organizadas, os

comerciantes não têm de viajar longas distâncias, e as relações entre os agricultores e comerciantes

melhoraram.

Estudo de caso de Gana

A expansão dos mercados

agrícolas pode ajudar a

oferecer financiamento

local, processamento de

alimentos e empregos

Vendedora de cebolas em Burquina Faso.

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11

marketing

dos mercados e pelo controle das práticas

exploratórias.

O Royal Tropical Institute e o International

Institute of Rural Reconstruction recente-

mente publicaram um livro intitulado

Trading Up, que conta a história de agricul-

tores africanos e como a cooperação

ajudou a beneficiar a todos. Ele mostra

como criar uma compreensão mútua entre

os agricultores e os comerciantes através

da busca de soluções conjuntas para os

problemas comerciais de ambos os grupos.

Princípios fundamentais

Alguns princípios emergiram dos estudos de

caso do livro:

■ ORGANIZAÇÃO Os agricultores e

comerciantes precisam se organizar para

melhorar seus negócios. As decisões da

maioria dos agricultores e comerciantes

individuais são muito pequenas para

fazer diferença. Porém, juntando-se a

amigos e vizinhos, eles poderão se apoiar

mutuamente para fortalecer habilidades,

compartilhar tecnologias, combinar

produtos e serviços, aprender sobre as

demandas do mercado, obter acesso a

financiamento e negociar com os clientes.

■ COMPREENSÃO Os mercados só

funcionam bem se todas as pessoas

envolvidas na cadeia respeitarem os

papéis e as necessidades dos outros. Os

agricultores devem compreender que

os comerciantes são vitais para que os

produtos cheguem até os consumidores

e para fornecer insumos como sementes,

fertilizantes e medicamentos veterinários.

Os comerciantes devem compreender

que os agricultores precisam de boas

condições mercantis para fornecer

os alimentos necessários e que a eles

também devem ser pagos preços justos.

■ ESPECIALIZAÇÃO Os agricultores

nem sempre são bons comerciantes;

os comerciantes geralmente não são

agricultores bem-sucedidos. Uma vez

que os comerciantes e agricultores

reconhecerem a importância dos papéis

uns dos outros, eles poderão economizar

tempo concentrando-se no que realmente

fazem bem e melhorando a qualidade dos

seus produtos e serviços.

■ COORDENAÇÃO À medida que

os agricultores e comerciantes se

especializam, suas atividades precisam

estar ligadas. As informações são

importantes para que os agricultores

produzam o que os consumidores

querem e os comerciantes forneçam os

insumos e o crédito de que os agricultores

precisam. É muito importante que estas

atividades ocorram no momento certo.

Por exemplo, se o fertilizante chegar tarde

demais, isso afetará a colheita. Para ligar

estas atividades, é essencial que haja

comunicação e boas relações de trabalho.

■ PARCERIA A etapa final do trabalho em

conjunto é criar uma visão compartilhada

e um plano de ação conjunto para

identificar novas oportunidades de

mercado e superar os problemas juntos.

Os agricultores e comerciantes poderiam

fazer lobby junto ao governo local para

obter estradas melhores e bancas de

mercado e para o fornecimento de

eletricidade para desenvolver empresas

de processamento. Pode ser possível

introduzir ou mudar as leis locais sobre

como os mercados devem operar e

como os contratos são feitos entre os

compradores e os vendedores.

O Dr. Nigel Poole é o Diretor de Programas Acadêmi-

cos de Agronegócio para o Desenvolvimento em:

SOAS Centre for Development, Environment and

Policy and London International Development Centre,

University of London

High Street, Wye

Ashford, Kent

TN25 5AH, Reino Unido

E-mail: [email protected]

Este artigo está baseado no livro Trading Up: Building

cooperation between farmers and traders in

Africa, publicado pelo Royal Tropical Institute (KIT),

Amsterdã, e pelo International Institute of Rural

Reconstruction (IIRR), Nairóbi. Veja os Recursos, na

página 15, para obter mais informações.

As bancas permanentes no mercado ajudam a melhorar as oportunidades econômicas para os comerciantes

e agricultores.

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Os mercados só funcionam bem se todas as pessoas

envolvidas na cadeia respeitarem os papéis

e as necessidades dos outros

O papel da igreja local

A igreja local pode trazer uma contribuição

enorme para a superação da pobreza. Um

dos seus pontos fortes é o compromisso

com a melhoria dos relacionamentos. Pense

sobre o que a igreja local pode fazer na sua

comunidade:

■ reunir agricultores e comerciantes para

conversarem e discutirem sobre como

podem cooperar melhor

■ trabalhar com agricultores e comerci-

antes fazendo lobby junto às autoridades

locais para apoiar os mercados locais

■ compartilhar o que aprenderam com

outras comunidades usando suas redes

de trabalho.

PASSO A PASSO 77

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12

agricultura

secas. Isso se devia ao seu conhecimento

e à prática de métodos de agricultura de

conservação por um longo período de

tempo. Estes métodos agrícolas têm por

objetivo conservar o solo e a água e, ao

mesmo tempo, oferecer um meio de vida

sustentável para o agricultor.

Após o levantamento das necessidades, a

EFZ trabalhou lado a lado com os comitês

dos povoados para elaborar um programa

Desenvolvimento do programa de segurança alimentar

Primeiramente, a EFZ realizou um levanta-

mento das necessidades num dos distritos.

Os resultados mostraram que a falta de

alimento na área era causada principalmente

pelas práticas agrícolas utilizadas. O

levantamento das necessidades também

mostrou que alguns agricultores da área

haviam tido uma boa colheita apesar das

de segurança alimentar. Este programa tinha

como alvo mais de 2.000 famílias. Uma das

principais partes do programa era a promoção

da agricultura de conservação no lugar dos

métodos agrícolas tradicionais amplamente

usados na região. Algumas das diferenças

entre os métodos agrícolas convencionais e

os de conservação são explicadas no quadro

abaixo.

Devido aos benefícios comprovados da

agricultura de conservação, o Governo

da Zâmbia já a estava promovendo pelo

país. A EFZ decidiu trabalhar juntamente

com o Ministério da Agricultura e a

Conservation Farming Unit (CFU) para

distribuir informações sobre a agricultura

de conservação entre as famílias-alvo do

Em muitos países do sul da África, a insegurança alimentar está aumentando. A

seca é um fator fundamental. Porém, as práticas agrícolas também são uma das

principais causas. A segurança alimentar é uma questão particular das áreas rurais,

onde a agricultura é a principal atividade econômica. Em 2002, a Evangelical

Fellowship of Zambia (EFZ) identifi cou três distritos que precisavam de ajuda para

aumentar a segurança alimentar.

■ Lavragem mínima com enxada Isso é quando

se usa uma enxada durante as primeiras chuvas

boas para fazer buracos para o plantio ou para

abrir linhas de plantio. Isso é mais fácil do que

arar e exige menos mão-de-obra. Entretanto,

como o solo entre os buracos ou as linhas de

plantio permanece duro, a chuva escorre por

ele, levando os fertilizantes consigo.

Agricultura de conservação

Esta é uma combinação de métodos, cujo

objetivo é conservar a água, a qualidade do solo, a

umidade, a fertilidade e a produção de sementes,

assim como a energia, o tempo e o dinheiro

do agricultor. Alguns dos aspectos e benefícios

principais são:

■ Plantio em bacias Os agricultores cavam

bacias no solo e plantam sementes nelas.

Quando as chuvas vêm, a água fica presa nas

bacias, permitindo que as raízes cresçam e

evitando que a camada superficial do solo e o

fertilizante sejam levados pela água.

■ Deixar os resíduos da colheita para a próxima

cultura Recomenda-se que os agricultores

deixem os resíduos ao invés de queimá-los. Isto

reduz a perda de solo e água, melhorando a

infiltração, diminui a temperatura da superfície

e, com o tempo, aumenta a fertilidade do solo.

Como as sementes são plantadas na mesma

bacia todos os anos, o fertilizante que ficou da

colheita anterior pode ser absorvido pela

nova cultura.

■ Rotação de culturas que fixam o nitrogênio

Recomenda-se que os agricultores plantem

legumes e outras culturas que fixam o

nitrogênio em rotação para aumentar os

nutrientes naturais do solo. Isso diminui

a necessidade de fertilizante artificial e

permite que eles diversifiquem, passando

do milho para culturas menos robustas.

■ Plantio no início das primeiras chuvas

Isso significa que os agricultores precisam

preparar a terra assim que tiverem feito

a colheita anterior. Plantar durante as

primeiras chuvas permite que as sementes

se beneficiem com o nitrogênio que as

chuvas fazem passar pelo solo.

Agricultura convencional

Alguns aspectos da agricultura convencional

afetam a produção das colheitas de forma

negativa:

■ A queima de resíduos (dejetos da colheita)

antes de arar a terra Os resíduos são úteis

para:

• proteger o solo para que este não seja

levado pela água, melhorando a infiltração

de água e reduzindo a temperatura do solo

• manter a estrutura do solo e a fertilidade

quando os cupins e as minhocas os

incorporam no solo.

■ Arar a terra com bois Arar o campo inteiro

desperdiça energia, diminui a produção e

destrói o solo:

• Os agricultores geralmente aram a terra

após as chuvas. Assim, há um atraso na

preparação da terra. Para cada dia de atraso

após as primeiras chuvas de plantio, parte

do potencial da produção é perdido.

• O solo arado fica exposto ao vento e à

chuva, perdendo a camada superficial do

solo.

■ Abrir sulcos com uma enxada Isso é quando

são abertos sulcos no solo para formar fendas

que servirão de dreno. O problema com isto

é que a água da chuva começa a desgastar os

sulcos, formando valas em seguida.

Alguns exemplos das diferenças entre a agricultura convencional e a agricultura de conservação

O feijão caupi é usado na agricultura de conservação

por fixar o nitrogênio.

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e

Foram realizados encontros

de treinamento sobre a

agricultura de conservação

para treinar pessoas como

treinadores comunitários

Agricultura de conservação na Zâmbia Joan Mute

PASSO A PASSO 77

Page 13: Passo a Passo 77 - learn.tearfund.org/media/files/tilz/publications/... · em alguns países, especialmente na África Subsaariana e na Ásia Meridional. Embora a pobreza seja a principal

13

agricultura

programa. Cada agricultor também recebeu

sementes e fertilizantes.

Foram realizados encontros da comunidade,

em que o programa foi explicado para as

famílias-alvo. Mais tarde, foram realizados

encontros de treinamento sobre a agricultura

de conservação para treinar pessoas como

treinadores comunitários. Estes treinadores

deviam treinar famílias de agricultores indivi-

duais através de encontros de treinamento

nos povoados. Foram abertas cooperativas

de agricultores para permitir que o programa

chegasse até os agricultores. Os agricultores

pobres foram incentivados a entrarem para

uma cooperativa de agricultores.

Resultados

Após a colheita, as famílias perceberam que os

campos em que os métodos de conservação

haviam sido empregados tinham produzido

mais do que os campos em que haviam sido

empregados métodos convencionais. Outras

pesquisas confirmaram que a agricultura

de conservação produzia uma média de 1,5

toneladas mais de milho por hectare do que

a agricultura convencional. Além disso, as

técnicas usadas na agricultura de conservação

exigiam menos fertilizantes.

A agricultura de conservação aumentou a

segurança alimentar para os agricultores

porque minimizou a perda da colheita durante

a seca.

Pontos aprendidos

O conhecimento e a experiência na área de

agricultura de conservação estão aumen-

tando na Zâmbia, e gradualmente mais e

mais famílias estão adotando as técnicas. A

revisão da EFZ mostrou os seguintes pontos

aprendidos:

■ Mesmo a prática de apenas uma ou

duas técnicas agrícolas de conservação

é benéfica. Os agricultores têm a chance

de testar os benefícios e criar confiança

antes de usar outros métodos agrícolas de

conservação.

■ Alguns agricultores decidiram introduzir

os métodos agrícolas de conservação em

apenas um dos seus campos. Assim,

eles puderam comparar os resultados

com os resultados das técnicas agrícolas

convencionais. Eles geralmente percebiam

que as técnicas agrícolas de conservação

resultavam numa produção maior.

■ O sucesso da agricultura de conservação

varia entre as regiões, culturas e com o

tempo. Isso se deve principalmente às

mudanças nos padrões climáticos.

■ Muitos dos benefícios da agricultura de

conservação ocorrem gradualmente.

Vale a pena investir em métodos de

conservação, mas as probabilidades são

de que os benefícios completos demorem

para serem vistos.

Joan Mute é gerente de programas do Departamento

de Ética, Sociedade e Desenvolvimento da Evangelical

Fellowship of Zambia.

Plot 8665, Kamloops Avenue

Lusaka 10101

Zâmbia

E-mail: [email protected]

Um agricultor zambiano cavando uma bacia, dentro da

qual ele plantará suas sementes.

Jon

Sta

nh

op

e

Jon

Sta

nh

op

e

A agricultura de conservação produz mais milho do que a agricultura convencional.

O livro de Rute passa-se numa época de

fome, numa região ao redor de Belém (Rute

1:1). Elimeleque e sua família deixam Belém

em busca de alimento e vão para Moabe,

onde vivem por pelo menos 10 anos (Rute

1:4-5). Após a morte do marido e dos filhos,

Noemi volta para casa com a nora Rute

(Rute 1:22).

Leia Rute 1:16-2:9

■ Por que Rute assume a responsabilidade

de prover a subsistência da sogra?

■ Como uma jovem viúva estrangeira, Rute

estaria muito vulnerável. Por que você

acha que Rute permanece nos campos

de Boaz?

■ O que Boaz fica sabendo sobre Rute?

■ Como ele a trata?

Boaz era um homem de Deus e seguia a lei

de Moisés na maneira de gerir seus campos.

Leia Levítico 19:9-10 e Deuteronômio

24:19-20.

■ Quais são as leis?

■ Por que estas leis eram úteis para uma

pessoa como Rute?

■ O que estas leis nos dizem sobre o desejo

de Deus de que os pobres tenham um

suprimento seguro de alimento?

■ Há alguma prática semelhante na nossa

comunidade ou no nosso país hoje? Como

estas práticas poderiam ser incentivadas?

Leia Rute 2:10-23

■ Por que Boaz age desta maneira?

■ De que maneira Boaz mostra sua

preocupação por Rute e Noemi?

■ A quem Noemi agradece pelo alimento e

pela bondade?

Leia 1 João 3:16-20

■ De que maneira Jesus mostra seu amor

por nós?

■ De que maneira devemos amar?

■ Faça uma lista de maneiras práticas

através das quais podemos, assim como

Jesus, mostrar amor às pessoas à nossa

volta.

ESTUDO BÍBLICOA provisão de Deus em

épocas de difi culdade

PASSO A PASSO 77

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14

agricultura

SAÚDE Isso poderia consistir em: treinar

promotores comunitários em cuidados

básicos de saúde comunitária, gestão de

medicamentos, nutrição e subnutrição,

vacinação, primeiros socorros e prevenção

do HIV; construir banheiros; melhorar o

suprimento de água; oferecer cursos em

planejamento familiar e saúde sexual.

EMPODERAMENTO DA MULHER Isso poderia

consistir em: treinar as pessoas em cuidados

básicos de saúde, saúde sexual e reprodutiva,

nutrição, produção de materiais têxteis

para serem usados ou vendidos e direitos

e responsabilidades das mulheres; oferecer

cursos de alfabetização.

CRESCIMENTO ESPIRITUAL Isso poderia

consistir em: organizar encontros de louvor,

estudo bíblico e oração, com encontros

especiais para crianças; treinar líderes

comunitários sobre o crescimento e a

sustentabilidade da igreja.

Através dessas atividades, a saúde e a

nutrição das pessoas mais pobres em

A subnutrição é um problema sério na

Bolívia, especialmente para as crianças e

pessoas idosas. Isso se deve à dieta básica

de batatas e trigo e à pobreza, que limita a

capacidade das pessoas de comprar outros

tipos de alimentos. A doença freqüente

também contribui para a subnutrição. Cerca

de 27 por cento das crianças bolivianas com

menos de cinco anos de idade sofrem de

subnutrição crônica.

O Yanapanakuna trabalha por três anos em

cada comunidade. Depois desse tempo,

espera-se que a comunidade continue o

trabalho sem a ajuda do SETESUR. O trabalho

exato varia de comunidade para comunidade,

porém, em todas elas, o trabalho se

concentra em:

AGRICULTURA Isso poderia consistir

em: treinar promotores comunitários na

agricultura orgânica e intensiva, saúde animal

e conservação do meio ambiente; construir

estufas para plantar frutas e legumes;

consertar e construir sistemas de irrigação.

Chuquisaca estão melhorando. Elas já não

comem principalmente trigo e batatas, mas

têm uma dieta mais variada, que inclui frutas

e legumes. Seu sistema imunológico está

começando a se fortalecer, sua capacidade

de concentração melhorou, e as doenças são

menos comuns.

Através do trabalho espiritual do projeto

Yanapanakuna, as pessoas estão aprendendo

sobre as relações entre Deus, homens,

mulheres e a Terra. O alcoolismo e o abuso

doméstico estão começando a se tornar

menos freqüentes, pois há mais dignidade e

respeito dentro das comunidades.

Em 2009, o Yanapanakuna começará

um novo ciclo de três anos. As novas

comunidades serão beneficiadas com as

lições aprendidas nos ciclos anteriores, e,

durante o planejamento, também serão

consideradas questões emergentes como a

mudança climática.

O Pastor Eduardo Barja é o Diretor do SETESUR

Calle Sargento Tejerina No 101

Esq. Pando

Casilla 201

Sucre

Bolívia

E-mail: [email protected]

Na área montanhosa de Chuquisaca, na região central da Bolívia, as comunidades

estão descobrindo os benefícios nutricionais dos legumes. O prato tradicional

do povo indígena quéchua era um caldo quente feito de trigo e batatas até que o

SETESUR (Seminario Teológico del Sur) iniciou o projeto Yanapanakuna em seis

comunidades isoladas. A palavra yanapanakuna signifi ca “vamos nos ajudar” no

idioma quéchua.

Gabriela Garcia, especialista em economia doméstica, com o projeto Yanapanakuna, ensinando mulheres a cozinhar

com legumes.

Ric

ha

rd H

an

son

Tea

rfu

nd

Meu nome é Paulina

Vedia. Sou casada com

Máximo, e temos cinco

filhos. Antigamente,

eu cuidava dos meus

filhos e dos animais.

Alguns dias eram

muito difíceis, pois

não tínhamos comida suficiente. Depois

da escola, meus filhos tinham que sair para

trabalhar e ganhar dinheiro para a família.

Desde o projeto Yanapanakuna, minha vida

mudou. Meu marido e meu filho mais velho

estão fazendo cursos de treinamento. Agora

eles me ajudam, porque a atitude deles em

relação à família mudou. Eles construíram

uma cozinha para mim, e ficou mais fácil

cozinhar. Eles estão ajudando os vizinhos a

fazer o mesmo.

Agora podemos comer os legumes que o

meu filho planta. Nós gostamos principal-

mente de alface com um pouquinho de sal e

azeite, mas o meu favorito é a acelga.

Edu

ard

o B

arja

Melhoria da nutrição na Bolívia Pastor Eduardo Barja

ESTUDO DE CASO

PASSO A PASSO 77

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15

Trading up: Building cooperation

between farmers and traders in

Africa

Este livro examina o

papel dos comerciantes

na cadeia alimentar.

Examinando questões

que afetam tanto os

comerciantes quanto

os agricultores, o livro

reforça a mensagem

de que os diferentes

grupos devem trabalhar

em conjunto ao invés de discordarem. O livro

mostra como os comerciantes podem gerar

demanda pelos produtos agrícolas e ajudar

a melhorar a renda e o meio de sustento dos

habitantes rurais. Há 15 estudos de casos, que

examinam como as relações foram fortalecidas

entre agricultores, comerciantes, atacadistas,

processadores e varejistas.

África: €12 (Kshs 1200); Ásia: €17; Europa: €25;

Estados Unidos: US$40.

Chain Empowerment: Supporting

African farmers to develop marketsRoyal Tropical Institute, Amsterdã; Faida Market

Link, Arusha and International Institute of Rural

Reconstruction, Nairóbi.

Este livro mostra como

pequenos donos de

terras africanos podem

ganhar muito mais

com o seu cultivo

e a sua criação de

animais assumindo o

controle das cadeias

de valor de que fazem

parte – cadeias que

os ligam aos consumidores nas cidades assim

como em outros países. Há 19 estudos de

casos mostrando como grupos de agricultores

melhoraram sua renda e como as organizações

de desenvolvimento os ajudaram.

O livro custa US$20.

Ambos os livros podem ser baixados gratuita-

mente no site www.kit.nl/publications. É

possível comprar exemplares impressos

enviando um e-mail para [email protected]

Para encomendar exemplares impressos, se você

vive na África ou na Ásia, envie um e-mail para

[email protected] ou encomende no site www.

iirr.org/bookstore. Ou escreva para: (para a Ásia)

IIRR Regional Centre, YC James Yen Center,

Silang, Cavite 4118, Filipinas; (para a África)

IIRR Regional Centre, PO Box 66873,

Westlands, Nairobi, Quênia.

Melhoria da segurança alimentar

Este Guia PILARES traz

informações práticas

sobre o controle de

pragas, bancos de

cereais e novas técnicas

para a conservação

e o armazenamento

de alimentos. Ele

conscientiza as pessoas

sobre os benefícios de

manter a variabilidade genética e as variedades

tradicionais das culturas.

Este Guia PILARES pode ser baixado

gratuitamente no site: www.tearfund.org/tilz

em inglês, francês e português.

Exemplares impressos gratuitos podem ser

obtidos através de: Tearfund Resources

Development, 100 Church Road, Teddington,

TW11 8QE, Reino Unido

E-mail: [email protected]

A ECHO fornece informações para pessoas que trabalham no desenvolvimento agrícola:

■ www.echotech.org Este site (em inglês) contém uma grande quantidade de informações

sobre a agricultura tropical de pequenas propriedades agrícolas, com algumas informações

disponíveis em francês e espanhol.

■ Você pode encomendar amostras grátis de sementes da ECHO, para avaliar estas plantas

nas comunidades em que trabalha. Para obter mais informações, escreva para ECHO, 17391

Durrance Road, North Ft Myers, FL 33917, EUA. E-mail: [email protected]

■ Se tiver alguma dúvida técnica específica, envie um e-mail para [email protected], e um

funcionário tentará encontrar uma resposta para você. Seja o mais específico possível e

explique o contexto para o qual precisa da informação.

A Farm Radio International tem por objetivo combater a insegurança alimentar através do

apoio a emissoras africanas para satisfazer as necessidades de agricultores de pequena escala

locais e suas famílias em comunidades rurais. Eles enviam scripts de rádio para mais de 300

organizações radiofônicas na África Subsaariana. Cada pacote de scripts trimestral concentra-

se num tema diferente, como, por exemplo, nutrição, conhecimento nativo, mulheres na

agricultura ou criação de animais. O pacote também inclui dicas para as emissoras sobre como

apresentar as informações e adaptá-las para os seus próprios ouvintes. Os scripts podem ser

encontrados em http://farmradio.org/english/radio-scripts

A Farm Radio International também compartilha informações através da Farm Radio Weekly

(FRW), o seu boletim de notícias on-line para emissoras. Para se registrar na FRW visite:

http://farmradio.org/english/partners/fr_weekly_subscribe.asp

Para obter mais informações sobre os scripts ou os boletins de notícias, entre em contato com

Farm Radio International, 1404 Scott Street, Ottawa, ON, Canadá, K1Y 4M8

E-mail: [email protected] www.farmradio.org

Organizações

www.fews.net

A Famine Early Warning System Network

oferece informações sobre alerta precoce e

vulnerabilidade em questões emergentes e

crescentes de segurança alimentar por todo

o mundo.

www.fivims.org

A Iniciativa FIVIMS (Food Insecurity and

Vulnerability Mapping System) promove

a análise intersetorial das causas funda-

mentais da insegurança alimentar, da fome e

da subnutrição para a melhor formulação de

políticas, elaboração de programas e ação.

www.leisa.info

O Centre for Information on Low External

Input and Sustainable Agriculture oferece

informações sobre êxitos na agricultura

familiar sustentável.

www.conservationagriculture.net

O site da Conservation Farming Unit oferece

informações sobre técnicas agrícolas de

conservação utilizadas na Zâmbia.

Sites úteis

PASSO A PASSO 77

RECURSOS Livros ■ Boletins ■ Materiais de treinamento

Website tilz http://tilz.tearfund.org/portugues As publicações internacionais da Tearfund

podem ser baixadas gratuitamente no nosso site. Pesquise qualquer tópico para ajudá-lo no seu trabalho.

Page 16: Passo a Passo 77 - learn.tearfund.org/media/files/tilz/publications/... · em alguns países, especialmente na África Subsaariana e na Ásia Meridional. Embora a pobreza seja a principal

redução do risco de desastres

19019 – (0309)

Muitas pessoas ao redor do mundo sofrem inundações. Quando as inunda-

ções são freqüentes, a estação do cultivo é afetada, e as culturas danifi cam-se

ou são levadas pelas águas. Outro problema enfrentado pelas comunidades

pobres é que há pouca terra disponível para o cultivo de alimentos.

Uma solução, usada em Bangladesh, é a horta flutuante. Esta consiste numa base de algas

aquáticas sobre as quais os legumes podem ser cultivados. As hortas flutuam em terras

inundadas ou em pequenos lagos. Elas podem ser usadas por todo o ano, para culturas de

verão e de inverno, e podem prover as famílias com legumes suficientes para seu consumo e

para a venda.

Hortas fl utuantes

Adaptado a partir do Documento Técnico da Practical

Action, Floating gardens in Bangladesh.

Para obter mais informações:

Practical Action, The Schumacher Centre for Technology

and Development, Bourton on Dunsmore, Rugby,

Warwickshire, CV23 9QZ, Reino Unido

Junte aguapés maduros,

que cubram uma área

de 8m por 2m. Se não houver aguapés,

podem-se usar palha de arroz, palha

de coco ou bambu. Coloque varas de

bambu em cima dos aguapés para

fazer uma balsa, e coloque-a perto da

margem.

PASSO 1

Plante as mudas na

balsa. As culturas

como hortaliças de folhas, abóboras,

berinjelas e cebolas crescem particular-

mente bem. Mude a balsa para locais

mais ensolarados ou com mais sombra

conforme necessário.

PASSO 4

Depois de sete a dez

dias, acrescente mais

uma camada de aguapés à balsa.

Depois, coloque uma camada de

cobertura orgânica, seguida de terra,

composto e estrume de vaca até uma

altura de 25cm.

PASSO 3

Depois da colheita, a

balsa pode ser usada

novamente. No final, ela apodrecerá e

poderá ser transformada em composto.

PASSO 6

Junte mais aguapés e

coloque-os em cima das

varas de bambu. Entrelace os aguapés.

A estrutura básica deve ter de 0,6m a

1m de profundidade. Depois de montá-

la, retire as varas de bambu. Amarre a

balsa a âncoras para que ela não saia

flutuando.

NÃO use a horta flutuante em locais de

água afetada por marés ou correntes,

pois a balsa pode se danificar.

NÃO use a horta flutuante em água

salgada, pois as plantas não crescerão.Tel: +44 (0)1926 634400

Fax: +44 (0)1926 634401

E-mail: [email protected]

Site: www.practicalaction.org

Tod

as a

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an

gla

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PASSO 2

Proteja as mudas contra

os patos, ratos e outros

animais com redes de pesca rasgadas

ou galhos como barreira ao redor da

borda da balsa.

PASSO 5

Publicado pela: Tearfund

100 Church Road, Teddington, TW11 8QE, Reino Unido

Organização sem fins lucrativos no. 265464

Editora: Rachel Blackman

E-mail: [email protected]

http://tilz.tearfund.org/portugues