Parnasianismo
Transcript of Parnasianismo
PARNASIANISMOBrasil: a partir de 1882
rafabebum.blogspot.com
Características Arte descomprometida
rafabebum.blogspot.com
(“arte pela arte”)
rafabebum.blogspot.com
Longe do estéril turbilhão da rua,Beneditino, escreve! No aconchegoDo claustro, na paciência e no sossego,Trabalha, e teima, e lima, e sofre e sua!
Mas que na forma se disfarce o empregoDo esforço; e a trama viva se construaDe tal modo, que a imagem fique nua,Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplícioDo mestre. E, natural, o efeito agrade,Sem lembrar os andaimes do edifício.
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,Arte pura, inimiga do artifício,É a força e a graça na simplicidade.
Olavo Bilac
Características Arte descomprometida Aproximação poesia – arte
plástica
rafabebum.blogspot.com
rafabebum.blogspot.com
Invejo o ourives quando escrevo:Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
....................
Torce, aprimora, alteia, lima A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima, Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina, Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina Sem um defeito (...)
(Profissão de Fé, de Olavo Bilac)
Características Arte descomprometida Aproximação poesia – arte
plástica Descritivismo Cultura clássica Perfeição formal
rafabebum.blogspot.com
rafabebum.blogspot.com
Características Formais Vocabulário raro Soneto Rimas ricas (classes gramaticais
diferentes) Versos decassílabos e alexandrinos
(alexandrino: dodecassílabo com hemistíquios)
“enjambement”, encadeamento ou cavalgamento(o fim do verso não coincide com o término da oração)
rafabebum.blogspot.com
Esta de áureos relevos, trabalhadaDe divas mãos, brilhante copa, um dia,Já de aos deuses servir como cansadaVinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendiaEntão, e, ora repleta ora esvasada,A taça amiga aos dedos seus tinia,Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas o lavor da taça admira,Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordasFinas hás-de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga liraFosse a encantada música das cordas,Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
rafabebum.blogspot.com
Trindade Parnasiana
Olavo Bilac― tematiza a pátria, o amor, a história...
rafabebum.blogspot.com
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquantoA via láctea, como um pálio aberto,Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!Que conversas com elas? Que sentidoTem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvidoCapaz de ouvir e de entender estrelas".
rafabebum.blogspot.com
Chega-te a mim! entra no meu amor,E à minha carne entrega a tua carne em flor!Preme contra o meu peito o teu seio agitado,E aprende a amar o Amor, renovando o pecado!
rafabebum.blogspot.com
Trindade Parnasiana
Olavo Bilac Alberto de Oliveira― poesia fria e descritiva
rafabebum.blogspot.com
Foram-se os deuses, foram-se, eu verdade;Mas das deusas alguma existe, algumaQue tem teu ar, a tua majestade,Teu porte e aspecto, que és tu mesma, em suma. Ao ver-te com esse andar de divindade,Como cercada de invisível bruma,A gente à crença antiga se acostumaE do Olimpo se lembra com saudade.
De lá trouxeste o olhar sereno e garço,O alvo colo onde, em quedas de ouro tinto,Rútilo rola o teu cabelo esparso...
Pisas alheia terra... Essa tristezaQue possuis é de estátua que ora extintoSente o culto da forma e da beleza.
rafabebum.blogspot.com
Trindade Parnasiana
Olavo Bilac Alberto de Oliveira Raimundo Correia
― poesia objetivamente pessimista
rafabebum.blogspot.com
Vai-se a primeira pomba despertada...Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenasDas pombas vão-se dos pombais, apenasRaia sanguínea e fresca a madrugada.
E à tarde, quando a rígida nortadaSopra, aos pombais, de novo elas, serenas,Ruflando as asas, sacudindo as penas,Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoamOs sonhos, um a um, céleres voam,Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,E eles aos corações não voltam mais.