Paraty
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Transcript of Paraty
Carta ao leitor,
Nesta edição da Paraty Magazine vários assuntos serão
discutidos, com destaque para a Usina Nuclear localizada em
Angra e suas vantagens e desvantagens para a população
local.
Uma novidade da quinzena é o fato de várias páginas da
revista serem feitas por alunas do Colégio São Luís (SP) que
vieram a Paraty em viagem de estudo do meio para aprender
sobre a região.
Os alunos descobriram que Paraty é a cidade das
transformações: passou de vila à cidade e, depois, a
patrimônio da humanidade. Além disso, ela abrigou índios,
escravos, nobres, portugueses e hoje turistas de todo o
mundo.
Mas não é só Paraty que muda, os alunos que por aqui
passaram já não são mais os mesmos, assim como não são os
mesmos que entraram no fundamental II e nem os mesmos
que começarão o Ensino Médio.
Visite Paraty nas páginas dessa revista.
Beijos,
Editora.
Paradise
O Saco do Mamanguá está localizado no Rio de Janeiro,
na cidade de Paraty. Ele é banhado pelo oceano Atlântico e o
único meio de acesso é marítimo, isto é, por meio de barco.
A população de lá é pequena, com baixo nível de
escolaridade. Ela trabalha principalmente na pesca, mas,
atualmente, o turismo é importante fonte de renda. Alguns
realizam trabalho de artesanato, esculpindo barquinhos em
madeira que são encomendados pelas lojas de Paraty.
A vegetação é vasta e a fauna é privilegiada e rica em
espécies. O relevo é formado por montanhas e costões
rochosos. A sua entrada para o mar, que modificou o formato
das rochas ao longo das eras geológicas, forma o que
chamamos de fiorde tropical, que se diferencia dos europeus
pela ausência de neve nas montanhas.
A paisagem estonteante e a privacidade proporcionada
pelas pequenas praias isoladas tornou o Saco do Mamanguá
o lugar perfeito para a gravação da Lua de Mel entre Edward
e Bella no quarto filme da saga Crepúsculo. É um verdadeiro
paraíso.
“Pensar, a gente pensa”
Em nossa visita ao Saco do Mamanguá, na viagem de Estudo
do Meio a Paraty, conhecemos alguns moradores locais que
fizeram conosco várias oficinas. Em uma delas conhecemos
Renato, 47, que nos contou um pouco sobre sua vida.
CSL: Faz quanto tempo e com quem você vive aqui no Saco
do Mamanguá?
Renato: Vivo aqui desde que nasci e hoje moro com minha
esposa e meu filho.
CSL: Você acredita em alguma religião?
Renato: Sim, sou católico. Deus é muito é importante na
minha vida.
CSL: E qual é seu nível de escolaridade?
Renato: A gente aqui não estuda, não existe escola na
região... aprendemos o que precisamos com a vida.
CSL: Como você sobrevive economicamente?
Renato: Comecei somente com a pesca, mas hoje com o
aumento do número de barcos e a diminuição do número de
peixes, trabalho com turismo e faço para vender em Paraty
esses barquinhos de madeira (aponta para os barquinhos de
madeira que ele ensinava os alunos a fazer durante a
entrevista).
CSL: O quanto a venda de barquinhos ajuda na sua renda?
Renato: Depende do mês, quando é alta temporada chego a
receber mais ou menos 1000 reais.
CSL: Você já pensou em sair daqui?
Renato: Pensar, a gente pensa, mas não temos dinheiro o
suficiente e não sabemos como sobreviver em uma cidade
grande.
CSL: Quais as dificuldades vividas pela população?
Renato: O pior daqui é a falta de saneamento básico,
eletricidade e a distância das cidades, mas como já crescemos
nessas condições já estamos acostumados.
CSL: Qual a coisa mais interessante que aconteceu aqui nos
últimos tempos?
Renato: Há um tempinho atrás vieram filmar naquela prainha
(aponta para a praia da frente) um dos filmes da saga
Crepúsculo. Nunca vi tantos seguranças antes.
História de Paraty
A cidade foi fundada em 1667 em torno à Igreja de
Nossa Senhora dos Remédios, sua padroeira. Teve grande
importância econômica devido aos engenhos de cana-de-
açúcar.
No século XVIII, destacou-se como importante porto por
onde se escoava, das Minas Gerais, o ouro e as pedras
preciosas que embarcavam para Portugal. Porém, constantes
investidas de piratas que se refugiavam nas praias, fizeram
com que a rota do ouro fosse mudada, levando a cidade a um
grande isolamento econômico.
Após a abertura da estrada Paraty-Cunha e da
construção da rodovia Rio-Santos na década de 70, Paraty
tornou-se ponto de turismo nacional e internacional, devido
ao seu bom estado de conservação e graças às suas belezas
naturais. Para que tudo isso seja preservado, foram criadas
algumas leis ambientais.
Paraty: Patrimônio Histórico Nacional
Paraty é mais que uma simples cidade litorânea do Rio de Janeiro. Há histórias por trás de cada detalhe, uma
história que acompanhou o desenvolvimento do Brasil na transição de colônia portuguesa para Império. A cidade foi a porta de saída das mercadorias nos grandes ciclos econômicos, com destaque para o ouro e a cana-de-açúcar.
Toda essa parte histórica de Paraty rendeu à cidade características bem peculiares como pode ser visto na
arquitetura das casas influenciadas pela maçonaria, igrejas e até no formato das ruas tortuosas para dificultar ataques.
A boa preservação do centro histórico da cidade já fez de Paraty um Patrimônio Histórico Nacional que está se preparando para virar Patrimônio Histórico Mundial, mas para isso algumas medidas são exigidas, entre elas o
saneamento básico no centro histórico. A rua mostrada na imagem, assim como muitas outras
do centro histórico, tem seus paralelepípedos cobertos por água nas noites de lua cheia e as famílias costumavam fazer tranquilos passeios de canoa por lá. Ao observarmos as lamparinas, temos a impressão de que elas estão acesas, mas
a luz é proveniente dos raios de sol, que as banham delicadamente. Podemos entender porque algumas pessoas gastam tanto para garantir que essa cidade continue nos encantando.
Transformações
O nosso vídeo teve como tema transformações.
Abordamos de modo resumido a filosofia de Heráclito, que
acreditava que tudo mudava, com as mudanças históricas de
Paraty a partir dos ciclos econômicos.
Vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=NDh1SR37JJQ&feature=
plcp
Postcard
For our english, we sent a postcard from Paraty to our
house in São Paulo. To many students was a new experience,
because sending a postcard isn´t very common nowadays.
A natureza pelo impressionismo
Em artes aprendemos as técnicas de pinturas
impressionistas que se desenvolveram entre 1860 e 1880, na
França, e que tiveram como um dos grandes representantes
Claude Monet, autor das obras que os alunos releram.
Essa releitura foi feita usando a tinta acrílica em tela
com pequenas pinceladas e misturando a tinta na própria
tela, características próprias do Impressionismo.
O bairro novo
A Ilha das Cobras é um bairro pobre de gente simples.
Os moradores sobrevivem principalmente com o turismo e
com os empregos que esse gera indiretamente. O saneamento
básico praticamente não existe: as casas que não possuem
fossas jogam o esgoto nos rios. Outro grande problema são as
drogas e a violência, que causam muitas mortes. O morador
local Julio nos contas mais sobre essa realidade.
CSL: Qual é a sua idade, religião, estado civil e escolaridade?
Julio: Eu tenho 32 anos, sou evangélico, estou noivo e cursei
até o Ensino Médio.
CSL: Você tem filhos?
Julio: Não tenho filhos por enquanto.
CSL: Qual é a sua profissão? Ela está relacionada com o
turismo?
Julio: Eu trabalho com contabilidade, na prefeitura. Mas é
relacionado com o turismo, uma vez que boa parte da
prefeitura cuida disso.
CSL: Quais as principais dificuldades vividas pela população
daqui?
Julio: Eu não acho que há alguma em especial. Talvez a falta
de oferta de emprego.
CSL: Já pensou em deixar a cidade para “tentar a sorte” em
outro lugar? Por quê?
Julio: Nunca pensei nisso.
CSL: O meio ambiente local é preservado? Você observa
alguma ação do governo para garantir essa preservação?
Julio: Sim, como pode ser visto nas medidas para
preservação dos parques e contra o desmatamento.
CSL: O que você pensa sobe viver tão perto de uma usina
nuclear?
Julio: É ruim, pois a radioatividade é perigosa.
Simetria
Com a proposta de identificar a simetria e a razão áurea
em Paraty, procuramos, atentas, por essas formas nos
monumentos, na natureza e até no chão - sempre com a
câmera fotográfica na mão. Para representar a linda
paisagem de Paraty, pintamos em uma tela com tinta acrílica
a praia do Saco do Mamanguá e trouxemos um pouquinho de
lá nas conchas que colamos e na areia nas bordas da tela.
Outro grande problema
Com a escassez de matérias primas e com o aquecimento global causado pelas altas emissões de CO², o mundo pergunta se a energia nuclear é a melhor alternativa aos combustíveis fósseis: não é. A expansão da energia
nuclear para suprir a alta demanda energética atual não é uma boa solução.
Em primeiro lugar, o abrigo da indústria nuclear civil está diretamente ligado ao arsenal de bombas atômicas, pois a tecnologia e o conhecimento sobre energia nuclear é usado na construção de armas, grandes ameaças à vida na Terra.
Em segundo lugar, há a questão dos riscos de contaminação em acidentes ou até mesmo pelo lixo atômico. Uma usina em funcionamento há 50 anos, de acordo com o relatório alemão "Riscos de acidentes em usinas - Fase B", tem 0,1% de chance de sofrer um acidente. Portanto, se considerarmos as 440 usinas em funcionamento, a chance de
ocorrência de grave acidente a médio prazo é de 40%. Todos já vimos em Chernobyl a destruição, as mortes e as doenças que podem ser ocasionadas (pelo menos 4 mil pessoas morreram de câncer). O lixo atômico pode levar até 244 mil anos para se decompor, um período grande se levarmos em conta a falta de tecnologia para seu armazenamento.
Apesar de muitos acreditarem que a energia nuclear é a melhor solução para o aquecimento global devido à baixa emissão de CO², os problemas acarretados por ela (alto custo de construção, rápida escassez de urânio etc.) provam o contrário. A coordenadora da Campanha de Energia do
Greenpeace no Brasil, Rebeca Lerer, diz que "Mudar o modelo baseado em combustíveis fósseis para um modelo nuclear é trocar um grande problema por outro grande problema".
Assim, é mais coerente apostar nas energias renováveis como a solar, a hidrelétrica e a eólica. Elas acabam com a preocupação de escassez de matéria prima e podem ser
desenvolvidas rapidamente.