Parâmetros Nacionais Utilizados No Controle de Qualidade de Água Nos Setores Farmacêuticos

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¹ Graduanda do VII semestre de farmácia pela Faculdade Independente do Nordeste ² Graduanda do VII semestre de farmácia pela Faculdade Independente do Nordeste ³ Graduanda do VII semestre de farmácia pela Faculdade Independente do Nordeste 4 Graduando do VII semestre de farmácia pela Faculdade Independente do Nordeste 5 Professor Orientador da disciplina Controle de Qualidade de água pela Faculdade Independente do Nordeste Artigo PARÂMETROS NACIONAIS UTILIZADOS NO CONTROLE DE QUALIDADE DE ÁGUA NOS SETORES FARMACÊUTICOS LUZ, A. M, M ¹ FERREIRA, D.B. S ² RAMOS, C.P ³ FREIRE, P.N 4 SANTOS, J.R 5 RESUMO: Este trabalho objetiva identificar os parâmetros nacionais utilizados no controle de qualidade da água nos segmentos farmacêuticos. A água é instavel em condições desfavoráveis, desta forma os setores farmacêuticos devem atender as exirgências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que formulou a farmacopéia Brasileira que regulamenta os sistemas de purificação para água purificada, ultrapurificada e para injetaveis usadas nas formulações nos setores farmacêuticos, bem como deve atender a RDC 17 que regulamenta o cumprimento das Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos (BPF). Palavras-chave: Água, controle de qualidade, contaminação, parâmetros. ABSTRACT: This work aims to identify the national parameters used to control water quality in pharmaceutical segments. Water is unstable under unfavorable conditions, thus pharmaceutical sectors must meet the exirgências the National Health Surveillance Agency (ANVISA) who formulated the Brazilian pharmacopoeia that regulates purification systems for purified water and ultrapure injectables formulations used in the sectors pharmacists and must meet RDC 17 which regulates compliance with Good Manufacturing Practices (GMPs). Keywords: Water, quality control, contamination parameters.

Transcript of Parâmetros Nacionais Utilizados No Controle de Qualidade de Água Nos Setores Farmacêuticos

  • Graduanda do VII semestre de farmcia pela Faculdade Independente do Nordeste Graduanda do VII semestre de farmcia pela Faculdade Independente do Nordeste Graduanda do VII semestre de farmcia pela Faculdade Independente do Nordeste 4 Graduando do VII semestre de farmcia pela Faculdade Independente do Nordeste 5 Professor Orientador da disciplina Controle de Qualidade de gua pela Faculdade Independente do Nordeste

    Artigo

    PARMETROS NACIONAIS UTILIZADOS NO CONTROLE DE

    QUALIDADE DE GUA NOS SETORES FARMACUTICOS

    LUZ, A. M, M

    FERREIRA, D.B. S

    RAMOS, C.P

    FREIRE, P.N 4

    SANTOS, J.R5

    RESUMO: Este trabalho objetiva identificar os parmetros nacionais utilizados no

    controle de qualidade da gua nos segmentos farmacuticos. A gua instavel em

    condies desfavorveis, desta forma os setores farmacuticos devem atender as

    exirgncias da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA) que formulou a

    farmacopia Brasileira que regulamenta os sistemas de purificao para gua

    purificada, ultrapurificada e para injetaveis usadas nas formulaes nos setores

    farmacuticos, bem como deve atender a RDC 17 que regulamenta o cumprimento

    das Boas Prticas de Fabricao de Medicamentos (BPF).

    Palavras-chave: gua, controle de qualidade, contaminao, parmetros.

    ABSTRACT: This work aims to identify the national parameters used to control water

    quality in pharmaceutical segments. Water is unstable under unfavorable conditions,

    thus pharmaceutical sectors must meet the exirgncias the National Health

    Surveillance Agency (ANVISA) who formulated the Brazilian pharmacopoeia that

    regulates purification systems for purified water and ultrapure injectables

    formulations used in the sectors pharmacists and must meet RDC 17 which regulates

    compliance with Good Manufacturing Practices (GMPs).

    Keywords: Water, quality control, contamination parameters.

  • INTRODUO

    Considera-se como gua para

    uso farmacutico os diversos tipos de

    gua empregados na sntese de

    frmacos, na formulao e produo

    de medicamentos, em laboratrios de

    ensaios, diagnsticos e demais

    aplicaes relacionadas rea da

    sade, inclusive como principal

    componente na limpeza de utenslios,

    equipamentos e sistemas. (ANVISA,

    2010, p. 391)

    Os requisitos de qualidade da

    gua dependero de sua finalidade e

    emprego. A escolha do sistema de

    purificao destina atender ao grau de

    pureza estabelecido. O usurio

    responsvel pela seleo do tipo de

    gua adequado aos seus objetivos,

    bem como pelos controles e

    verificaes necessrios, em intervalos

    que garantam a manuteno da

    qualidade desejada. (ANVISA, 2010, p.

    391)

    O controle da contaminao da

    gua crucial, uma vez que a gua

    tem grande capacidade de agregar

    compostos diversos e, tambm, de se

    contaminar novamente aps a

    purificao. Os contaminantes da gua

    so representados por dois grandes

    grupos: qumico e microbiolgico.

    (ANVISA, 2010, p. 391)

    Contaminantes qumicos

    Os contaminantes orgnicos e

    inorgnicos tm origens diversas: da

    fonte de alimentao; da extrao de

    materiais com os quais ela entra em

    contato; da absoro de gases da

    atmosfera; de resduos poluentes, ou

    resduos de produtos utilizados na

    limpeza e sanitizao de

    equipamentos, dentre muitos outros.

    Incluem-se aqui as endotoxinas

    bacterianas, resultantes de micro-

    organismos aquticos gram negativos,

    contaminantes crticos que devem ser

    removidos adequadamente. (ANVISA,

    2010, p. 391)

    Esses contaminantes podem

    ser avaliados, principalmente, pelos

    ensaios de carbono orgnico total

    COT e de condutividade. A

    condutividade, medida em

    microsiemens/cm, recomendada

    para avaliar gua com grande

    quantidade de ons e o seu recproco,

    a resistividade, em megohm.cm,

    medida quando h baixa concentrao

    de ons dissolvidos. (ANVISA, 2010, p.

    391)

  • A maioria dos compostos

    orgnicos pode ser removida por

    osmose reversa, entretanto, aqueles

    com baixo peso molecular demandam

    de tcnicas adicionais, como a resina

    de troca inica, carvo ativado ou

    oxidao por ultravioleta ou oznio,

    para serem removidos. (ANVISA,

    2010, p. 391)

    Os limites estabelecidos para os

    parmetros dos contaminantes

    qumicos orgnicos e inorgnicos

    destinam-se a proteger a sade e

    evitar que compostos qumicos crticos

    possam interferir na fase de pr-

    tratamento dos sistemas de gua,

    considerando que, posteriormente,

    podem ser de difcil remoo.

    (ANVISA, 2010, p. 391)

    Contaminantes microbiolgicos

    So representados

    principalmente por bactrias e

    apresentam um grande desafio

    qualidade da gua. So originrios da

    prpria microbiota da fonte de gua e,

    tambm, de alguns equipamentos de

    purificao. Podem surgir, tambm,

    devido a procedimentos de limpeza e

    sanitizao inadequados, que levam

    formao de biofilmes e, por

    consequncia, instalam um ciclo

    contnuo de crescimento a partir de

    compostos orgnicos que, em ltima

    anlise, so os prprios nutrientes

    para os microorganismos. So

    detectados e quantificados por filtrao

    em porosidade de 0,45 m, para

    cultura posterior do filtro em meio

    adequado. As bactrias podem afetar

    a qualidade da gua por desativar

    reagentes ou alterar substratos por

    ao enzimtica, aumentar o contedo

    em COT, alterar a linha de base (rudo

    de fundo) em anlises espectrais e

    produzir pirognios e endotoxinas.

    (ANVISA, 2010, p. 391)

    A contagem de bactrias

    reportada em unidades formadoras de

    colnias por mililitro (UFC/mL) e, em

    geral, aumenta com o tempo de

    estocagem da gua. Os contaminantes

    mais frequentes so bastonetes

    gramnegativos, principalmente dos

    gneros Alcaligenes, Pseudomonas,

    Escherichia, Flavobacterium,

    Klebsiella, Enterobacter, Aeromonas e

    Acinectobacter

    O padro microbiolgico

    especificado, em paralelo aos

    contaminantes qumicos, e consiste na

    ausncia de coliformes totais e

    termotolerantes (micro-organismos

    patognicos de origem fecal), alm de

    enterovrus, cistos e oocistos de

    protozorios, como Giardia sp e

  • Cryptosporidium sp em amostra de

    100 mL. (ANVISA, 2010, p. 391)

    Para atender a esses limites, as

    estaes de tratamento utilizam

    processos de desinfeco com

    substncias qumicas contendo cloro

    ou outros oxidantes, empregadas h

    dcadas, e consideradas relativamente

    seguras para os seres humanos.

    Entretanto, esses oxidantes podem

    reagir com o material orgnico de

    origem natural e gerar produtos

    secundrios da desinfeco, como

    trihalometanos, cloraminas ou ainda

    deixar resduos dos prprios

    desinfetantes. Esses produtos

    indesejveis requerem ateno

    especial, por parte dos legisladores e

    usurios. (ANVISA, 2010, p. 392)

    As cloraminas, em particular,

    podem danificar irreversivelmente um

    equipamento de declorao integrante

    de um sistema de purificao, alm de

    apresentarem risco de formao e

    liberao de amnia. Alm desses dois

    grupos fundamentais de

    contaminantes, existem os

    particulados, constitudos por slica,

    resduos da tubulao ou colides e

    que, alm de ser um risco qualidade

    da gua purificada, podem provocar

    entupimentos e prejudicar gravemente

    o processo de purificao, por reduzir

    seu desempenho, ou at mesmo

    causar danos irreversveis aos

    equipamentos. (ANVISA, 2010, p. 392)

    METODOLOGIA

    Foi realizado um levantamento

    de literaturas brasileiras pertinentes ao

    tema proposto para identificar os

    parmetros utilizados no controle da

    qualidade da gua usada nos setores

    farmacuticos. Desta forma o artigo foi

    embasado na RDC N. 49, de 23 de

    Novembro de 2010 que aprova a

    Farmacopia brasileira- 5 edio em

    que os insumos farmacuticos, os

    medicamentos e outros produtos

    sujeitos vigilncia sanitria devem

    atender s normas e especificaes

    estabelecidas pela mesma e a RDC N

    17, de 16 de abril de 2010 que dispes

    sobre as Boas Prticas de fabricao

    de medicamentos.

    GUAS FARMACUTICAS

    O processo para obteno de

    guas de caractersticas farmacuticas

    est baseado na eliminao de

    impurezas fsico-qumicas e

    microbiolgicas at nveis

    preestabelecidos conforme normas

    especficas de cada pas.

  • Segundo a RDC N 17 de 16

    de Abril de 2010 afirma na Seo III -

    Produo de gua Purificada que:

    Art. 547. Deve ser feita a avaliao peridica de possveis contaminaes microbiolgicas de filtros de areia, filtros multimeios, leitos de carvo ativado e abrandadores, no caso da existncia destes. 1 Devem ser adotadas medidas para o controle de contaminao, como retrolavagem, sanitizao qumica ou trmica e regenerao freqente, de forma a evitar a contaminao do sistema e formao de biofilmes. 2 Deve-se considerar a possibilidade de todos os componentes de tratamento da gua serem mantidos com fluxo contnuo para inibir o crescimento de microorganismos. Art. 548. Devem ser adotados mecanismos de controle microbiolgico e sanitizao para os sistemas de gua purificada mantidos em temperatura ambiente, pois esses so particularmente suscetveis contaminao microbiolgica, principalmente quando os equipamentos ficarem estticos durante perodos de pouca ou nenhuma demanda de gua. (BRASIL, 2010, p 54)

    Basicamente, h trs tipos de

    gua para uso farmacutico: a gua

    purificada (AP); a gua para injetveis

    (API) e a gua ultrapurificada (AUP).

    Alm disso, importante comentar

    tambm sobre a gua potvel e a gua

    reagente, que so amplamente

    utilizadas e tm aplicao direta em

    instalaes farmacuticas,

    principalmente em procedimentos

    gerais de limpeza. Assim, so

    considerados os cinco tipos de gua a

    seguir, em relao s sua

    caractersticas principais e as

    sugestes de aplicao. As

    monografias especficas, quando

    disponveis, detalham os parmetros

    de pureza estabelecidos para cada

    tipo. (ANVISA, 2010, p. 392)

    gua purificada (AP)

    A gua purificada produzida a

    partir da gua potvel ou da gua

    reagente e deve atender s

    especificaes estabelecidas na

    respectiva monografia. No contm

    qualquer outra substncia adicionada.

    obtida por uma combinao de

    sistemas de purificao, em uma

    sequncia lgica, tais como mltipla

    destilao; troca inica; osmose

    reversa; eletrodeionizao; ultra

    filtrao, ou outro processo capaz de

    atender, com a eficincia desejada,

    aos limites especificados para os

    diversos contaminantes. (ANVISA,

    2010, p. 392).

    empregada como excipiente

    na produo de formas farmacuticas

    no parenterais e em formulaes

    magistrais, desde que no haja

    nenhuma recomendao de pureza

    superior no seu uso ou que no

  • necessite ser apirognica. Tambm,

    pode ser utilizada na lavagem de

    material, preparo de solues

    reagentes, meios de cultura, tampes,

    diluies diversas, microbiologia em

    geral, anlises clnicas, tcnicas por

    Elisa ou radioimunoensaio, aplicaes

    diversas na maioria dos laboratrios,

    principalmente em anlises qualitativas

    ou quantitativas menos exigentes

    (determinaes em porcentagem).

    utilizada nos ensaios e determinaes

    que indiquem o emprego de gua, a

    no ser que haja especificao em

    contrrio quanto ao nvel de pureza

    requerido, como por exemplo, alguns

    mtodos analticos instrumentais e

    anlises que exijam gua apirognica

    ou de pureza qumica superior. Pode

    ser empregada em cromatografia a

    lquido de alta eficincia, quando

    confirmado que o seu emprego no

    afeta a exatido nem a preciso dos

    resultados. (ANVISA, 2010, p. 393).

    gua ultrapurificada (AUP)

    A gua ultrapurificada possui baixa

    concentrao inica, baixa carga

    microbiana e baixo nvel de COT. Essa

    modalidade de gua requerida em

    aplicaes mais exigentes,

    principalmente em laboratrios de

    ensaios, para diluio de

    substnciasde referncia, em controle

    de qualidade e na limpeza finalde

    equipamentos e utenslios utilizados

    em processos que entrem em contato

    direto com a amostra que requeira

    gua com esse nvel de pureza.

    ideal para mtodos de anlise que

    exigem mnima interferncia e mxima

    preciso e exatido. A utilizao de

    gua ultrapurificada em anlises

    quantitativas de baixos teores de

    analito essencial para obteno de

    resultados analticos precisos. Outros

    exemplos de aplicao da gua

    ultrapurificada so: anlises de

    resduos, dentre eles os traos de

    elementos minerais, endotoxinas,

    preparaes de calibradores,

    controles, substncia qumica de

    referncia, espectrometria de absoro

    atmica em geral, ICP/IOS, ICP/MS,

    espectrometria de massa,

    procedimentos enzimticos,

    cromatografia a gs, cromatografia a

    lquido de alta eficincia (determinao

    de resduos em ppm ou ppb), mtodos

    em biologia molecular e com cultivo

    celular etc. Deve ser utilizada no

    momento em que produzida, ou no

    mesmo dia da coleta. (ANVISA, 2010,

    p. 393).

  • gua para Injetveis (API)

    gua para Injetveis utilizada

    como excipiente na preparao de

    produtos farmacuticos parenterais de

    pequeno e grande volume, na

    fabricao de princpios ativos de uso

    parenteral, de produtos estreis,

    demais produtos que requeiram o

    controle de endotoxinas e no so

    submetidos etapa posterior de

    remoo, bem como na limpeza e

    preparao de processos,

    equipamentos e componentes que

    entram em contato com as formas

    parenterais na produo de frmacos.

    Essa modalidade engloba, tambm, a

    gua esterilizada para injeo,

    utilizada na administrao parenteral e

    a gua estril para injeo, que

    embalada em frasco hermtico e

    esterilizada por tratamento de calor.

    (ANVISA, 2010, p. 393).

    O processo de purificao de

    primeira escolha a destilao, em

    equipamento cujas paredes internas

    sejam fabricadas em metal apropriado,

    como o ao inox AISI 316L, vidro

    neutro ou quartzo Alternativamente, a

    API, tambm, pode ser obtida por

    processo equivalente ou superior

    destilao para a remoo de

    contaminantes qumicos e micro-

    organismos, desde que seja validado e

    monitorado quanto aos parmetros

    estabelecidos. A gua de alimentao

    deve ser, no mnimo, potvel e, em

    geral, necessitar ser pr-tratada para

    alimentar os equipamentos. (ANVISA,

    2010, p. 393).

    O processo assim

    especificado em razo da robustez

    que tais equipamentos apresentam

    quanto operao e ao desempenho.

    O sistema de obteno, distribuio e

    armazenamento da gua deve ser

    validado e apropriado, de forma a

    impedir a contaminao microbiana e

    a formao de endotoxinas

    bacterianas. Deve atender aos

    requisitos estabelecidos na monografia

    especfica. O controle ser mais

    rigoroso quando a aplicao for para

    injetveis, que no permite a

    ocorrncia de contaminao

    microbiana, nem de endotoxinas. A

    adio de um ou mais agentes

    antimicrobianos gua purificada

    estril origina a gua bacteriosttica

    estril, que empregada como

    diluente de algumas preparaes

    parenterais, embaladas em doses

    individuais. (ANVISA, 2010, p. 393).

  • Outra variedade de gua a

    gua de hemodilise, que tratada

    para obter a mxima reduo de

    contaminantes qumicos e

    microbiolgicos. Possui regulamento

    prprio,com especificaes de

    qualidade e periodicidade especficas

    para o controle, e no abrangida

    nessa farmacopeia. A gua para

    injetveis deve atender aos ensaios

    fsico qumicos preconizados para a

    gua purificada, alm dostestes de

    contagem total de bactrias < 10 UFC/

    100 mL, esterilidade, particulados e de

    endotoxinas bacterianas, cujo valor

    mximo de 0,25 UI de

    endotoxina/mL. (ANVISA, 2010, p.

    393).

    SISTEMAS DE PURIFICAO DE

    GUA: TECNOLOGIAS DE PURI-

    FICAO

    Os projetos, instalaes e

    operao de sistemas para produo

    de gua purificada, gua para

    injetveis e a gua ultrapurificada

    possuem componentes, controles e

    procedimentos similares. A diferena

    reside na presena do parmetro

    endotoxinas bacterianas na gua para

    injetveis e nos seus mtodos de

    preparao, especificamente no ltimo

    estgio. Essas similaridades de

    parmetros de qualidade possibilitam

    estabelecer uma base comum para o

    projeto de sistemas destinados a

    obteno de AP, API ou AUP, sendo o

    ponto diferencial crtico, o grau de

    controle do sistema e os estgios

    finais de purificao necessrios para

    remover bactrias, endotoxinas

    bacterianas e reduzir a condutividade.

    (ANVISA, 2010, p. 395).

    Os processos de obteno

    empregam operaes unitrias

    sequenciais - os estgios de

    purificao que esto voltados

    remoo de determinados

    contaminantes e proteo de

    estgios de purificao subsequentes.

    Note-se que a operao unitria final

    para obteno de gua para injetveis

    limitada destilao ou outro

    processo equivalente ou superior, na

    remoo de contaminantes qumicos,

    bem como micro-organismos e seus

    componentes. A tecnologia de

    destilao consagrada pelo seu

    longo histrico de confiabilidade e

    pode ser validada para produo de

    gua para injetveis. Porm, outras

    tecnologias ou combinao de

    tecnologias podem igualmente ser

    efetivas e validadas para essa

    finalidade. A ultrafiltrao colocada em

  • uma sequncia aps outras

    tecnologias de purificao de

    contaminantes qumicos pode ser

    adequada para a produo de gua

    para injetveis se demonstrar a

    mesma eficcia e confiabilidade da

    destilao, na validao. Atualmente,

    com a disponibilidade de novos

    materiais para tecnologias como

    osmose reversa e ultrafiltrao, o que

    permite operar e sanitizar em

    temperatura mais elevada, para a

    reduo microbiana, surgem novas e

    promissoras aplicaes validveis para

    produzir a gua para injetveis.

    (ANVISA, 2010, p. 395).

    O projeto de instalao de um

    sistema de purificao de gua deve

    levar em conta a qualidade da gua de

    fornecimento e da gua desejada ao

    final, a vazo necessria, a distncia

    entre o sistema de produo e os

    pontos de uso, o layout da tubulao e

    conexes, o material empregado,

    facilidades de assistncia tcnica e

    manuteno e os instrumentos

    adequados para o monitoramento.

    (ANVISA, 2010, p. 395).

    As tecnologias de purificao

    aqui descritas destinam-se remoo

    de contaminantes nos diversos

    estgios da sequncia de purificao.

    A escolha e a ordem em que so

    aplicadas dependero principalmente

    da qualidade da gua potvel de

    entrada, que determinar quais

    estgios sero necessrios

    efetivamente. As principais tecnologias

    so apresentadas a seguir em uma

    ordem sequencial lgica, porm nem

    todas so necessariamente

    obrigatrias e so utilizadas conforme

    a qualidade da gua de entrada e o

    tipo de gua que se busca obter.

    (ANVISA, 2010, p. 395).

    Pr-filtrao

    Tambm, conhecida como filtrao de

    profundidade ou filtrao inicial,

    destina-se a remover contaminantes

    particulados na faixa de tamanho entre

    5 e 10 m, essencialmente para

    proteger as tecnologias subsequentes,

    utilizando filtros de areia ou

    combinao de filtros. (ANVISA, 2010,

    p. 395).

    Ultrafiltrao

    Sistemas de ultrafiltrao so

    frequentemente utilizados em sistemas

    de gua para uso farmacutico, para a

    remoo de endotoxinas. A

    ultrafiltrao realizada utilizando-se

  • uma membrana especial com a

    propriedade de reter molculas

    conforme o seu peso molecular e

    estereoqumica. Denomina-se de

    Corte Nominal de Peso Molecular cut

    off a faixa utilizada para a separao

    das partculas, caracterizado pelo

    tamanho do peso molecular. (ANVISA,

    2010, p. 396).

    Na remoo de endotoxinas so

    utilizados filtros na faixa de 10 000 Da,

    que retm molculas com massa

    molecular,maior ou igual a 10 000 Da.

    Essa tecnologia pode ser usada em

    uma etapa final ou intermediria do

    sistema de purificao, desde que

    validada, e, da mesma forma que a

    osmose reversa, requer um pr-

    tratamento, um controle adequado das

    condies operacionais e

    procedimentos apropriados de limpeza

    e sanitizao, para manter a qualidade

    da gua conforme o estabelecido.

    (ANVISA, 2010, p. 396).

    Adsoro por carvo vegetal

    ativado

    Essa tecnologia emprega a

    capacidade de adsoro do carvo

    vegetal ativado em contato com

    compostos orgnicos ou

    contaminantes, como as cloraminas.

    Alm disso, remove agentes oxidantes

    por reduo qumica, em especial o

    cloro livre, que afeta outras tecnologias

    baseadas em membrana, como a

    osmose reversa ou a ultrafiltrao.

    (ANVISA, 2010, p. 395).

    A retirada de agentes

    sanitizantes propicia o crescimento

    bacteriano e a formao de biofilme, o

    que implica na necessidade de

    sanitizao do prprio carvo ativado,

    com vapor direto ou gua quente, por

    exemplo, e do controle de partculas e

    contagem microbiana de seu efluente.

    (ANVISA, 2010, p. 395).

    Tratamento com aditivos qumicos

    O uso de aditivos qumicos refere-se

    queles que se destinam a ajustar o

    pH ou a remover carbonatos e amnia,

    para a proteo de outras tecnologias,

    entre elas a osmose reversa. Como

    aditivos qumicos podem ser

    empregados: o oznio, comumente

    usado no controle de micro-

    organismos e o metabissulfito,

    aplicado como agente redutor para

    cloro livre, em substituio ao carvo

    vegetal ativado. (ANVISA, 2010, p.

    395).

  • Os aditivos qumicos so,

    necessariamente, removidos em

    algum estgio posterior de purificao

    e no podem deixar resduo na gua

    final.

    Tratamento com abrandadores

    Nos casos em que a gua de

    alimentao dura, torna-se

    necessrio usar os abrandadores.

    Essa tecnologia emprega resinas

    regenerveis de troca inica, que

    capturam os ons clcio e magnsio, e

    liberam ons sdio na gua. O

    abrandamento utilizado na proteo

    de tecnologias sensveis incrustao,

    como a osmose reversa. Aqui,

    tambm, existe a preocupao com a

    formao de biofilme e necessrio

    controlar a contagem microbiana, com

    regenerao frequente, recirculao

    ou outras formas de reduo de

    contagem microbiana. (ANVISA, 2010,

    p. 395).

    Deionizao e eletrodeionizao

    contnua

    A deionizao e a eletrodeionizao

    contnua so tecnologias eficazes para

    a remoo de sais inorgnicos

    dissolvidos. Os sistemas de

    deionizao, tambm, conhecidos

    como deionizao convencional,

    produzem gua purificada de uso

    rotineiro, por meio de resinas de troca

    inica especficas para ctions ou para

    nions. So polmeros orgnicos,

    geralmente sulfonados, na forma de

    pequenas partculas. As resinas

    catinicas capturam os ons liberando

    o on H+ na gua e as aninicas

    liberam OH-. So regenerveis com

    cidos e bases, respectivamente. Esse

    processo isolado no produz gua de

    alta pureza, por haver fuga de

    pequenos fragmentos da resina,

    facilidade de crescimento microbiano e

    por haver baixa remoo de orgnicos.

    Os sistemas de eletrodeionizao

    contnua combinam resinas catinicas

    e aninicas com membranas

    semipermeveis e a aplicao de um

    campo eltrico, promovendo assim a

    remoo de ons de forma contnua,

    isso , sem necessidade de parada

    para regenerao. (ANVISA, 2010, p.

    396).

    Osmose reversa

    A osmose reversa uma tecnologia de

    purificao baseada em membranas

    semi permeveis e com propriedades

    especiais de remoo de ons; micro-

  • organismos e endotoxinas bacterianas.

    Remove 90 a 99% da maioria dos

    contaminantes. Entretanto, diversos

    fatores, como pH; presso diferencial

    ao longo da membrana; temperatura;

    tipo do polmero da membrana e a

    prpria construo dos cartuchos de

    osmose reversa podem afetar

    significativamente essa separao.

    As membranas de osmose reversa

    devem ser devidamente controladas

    quanto formao de incrustaes

    provenientes de sais de clcio,

    magnsio e outros, e de biofilme, fonte

    crtica de contaminao microbiana e

    de endotoxinas. Por isso

    imprescindvel instalar um sistema de

    pr-tratamento antes da osmose

    reversa, que remova partculas e

    agentes oxidantes, e, em paralelo,

    deve fazer-se, periodicamente, a

    sanitizao do sistema. Essa prtica

    ajuda a aumentar a vida til das

    membranas e reduz a frequncia de

    sua regenerao. (ANVISA, 2010, p.

    396).

    Existem, tambm, os sistemas

    de osmose reversa de duplo passo,

    em que a gua purificada pelo primeiro

    estgio alimenta o segundo estgio,

    incrementando e complementando a

    purificao. (ANVISA, 2010, p. 396).

    Filtrao com carga eletrosttica

    Esse tipo de filtrao emprega cargas

    positivas na superfcie das membranas

    e destina-se a reduzir os nveis de

    endotoxinas que possuem natureza

    eltrica negativa. (ANVISA, 2010, p.

    396).

    Apresentam uma capacidade

    marginal de remoo de micro-

    organismos, porm sua maior

    eficincia devido remoo de

    endotoxinas. Apresenta uma limitao

    importante: quando as cargas esto

    totalmente neutralizadas, por

    saturao pela captura das

    endotoxinas, a remoo se paralisa.

    Por essa razo, filtros com carga

    eletrosttica so extremamente difceis

    de validar, dada essa

    imprevisibilidade, quanto ao momento

    em que efetivamente no mais retm

    esses contaminantes. (ANVISA, 2010,

    p. 396).

    Microfiltrao reteno de micro-

    organismos

    Essa tecnologia utiliza membranas

    microporosas, com uma especificao

    de tamanho de poro de 0,2, ou 0,22

    m. Devem ser validadas quanto

  • reteno, por meio de um teste

    bacteriolgico, que determina o valor

    da reduo logartmica dos micro-

    organismos nas membranas. O

    modelo usado atualmente emprega

    uma suspenso de Brevundimonas

    diminuta a 107 UFC/cm2 de rea

    filtrante, e testa a esterilidade do

    filtrado. Ainda que a membrana seja

    especificada como 0,2 ou 0,22 m de

    tamanho de poro, no

    necessariamente ser esterilizante, se

    no produzir um filtrado estril por

    meio desse teste, ou seja, um valor de

    reduo logartmica igual a 7. Caso a

    reduo logartmica obtida no seja da

    ordem de sete, a membrana pode ser

    utilizada para reduzir a flora

    microbiana, porm no serve para

    esterilizar. (ANVISA, 2010, p. 396).

    A microfiltrao aplicada,

    igualmente, na filtrao de gases, ou

    ventilao de tanques de

    armazenamento, para evitar

    contaminao da gua neles contida.

    Nesses casos, utilizam-se membranas

    hidrofbicas, para que o filtro opere

    sem acmulo de gua condensada, a

    partir da umidade do prprio ar.

    (ANVISA, 2010, p. 396).

    Radiao ultravioleta (UV)

    A radiao UV utilizada em sistemas

    de purificao de gua em dois

    comprimentos de onda: 185 nm + 254

    nm, que promovem dois efeitos:

    185 nm + 254 nm Oxidao de

    compostos orgnicos e consequente

    reduo de sua concentrao, para

    atender aos limites da AP, AUP e API;

    254 nm Ao germicida nos

    diversos pontos da sequncia de

    purificao, onde necessrio reduzir

    a contagem microbiana.

    Para a oxidao de orgnicos a gua

    deve estar no estgio final da

    purificao, e essa remoo ser mais

    efetiva quanto menor a carga de

    contaminantes. Outra limitao a

    presena de partculas, que se podem

    depositar na superfcie da lmpada,

    diminuindo a intensidade da radiao,

    e prejudicar a eficincia do mtodo.

    Deve-se considerar ainda a

    profundidade / espessura do leito de

    gua, o fluxo de gua no local da

    radiao e a potncia e tempo de uso

    da fonte de radiao. (ANVISA, 2010,

    p. 397).

    Destilao

    Em instalaes industriais pode haver

    destiladores simples, de mltiplos

    efeitos e os de compresso de vapor,

  • que so usados, em geral, para

    sistemas de produo de grandes

    volumes. A gua de alimentao para

    esses equipamentos requer controles

    diferentes daqueles usados em

    osmose reversa. Nesse caso, a

    concentrao de silicatos crtica,

    como em qualquer sistema de gerao

    de vapor. Outro aspecto importante a

    possibilidade de carreamento de

    compostos volteis no condensado.

    Isso especialmente importante no

    que se refere a impurezas orgnicas,

    como trihalometanos e gases

    dissolvidos na gua, como dixido de

    carbono e amnia. Assim, o controle

    da gua potvel de entrada, conforme

    mencionado sobre a gua de

    alimentao para sistemas de

    purificao, fundamental. (ANVISA,

    2010, p. 397).

    DISTRIBUIO E

    ARMAZENAMENTO DE GUA PARA

    USO FARMACEUTICO (AP e API)

    Segundo a RDC N 17 de 16 de Abril

    de 2010 afirma no TTULO VI: GUA

    PARA USO FARMACUTICO que:

    CAPTULO I - EXIGNCIAS GERAIS PARA SISTEMAS DE GUA PARA USO FARMACUTICO Art. 527. Os sistemas de produo, armazenamento e distribuio de gua para uso farmacutico devem ser

    planejados, instalados, validados e mantidos de forma a garantir a produo de gua de qualidade apropriada. 1 Os sistemas no devem ser operados alm de sua capacidade planejada. 2 A gua deve ser produzida, armazenada e distribuda de forma a evitar contaminao microbiolgica, qumica ou fsica.

    (BRASIL, 2010, p 52)

    As condies de estocagem

    devem ser adequadas qualidade da

    gua. A gua ultrapurificada no deve

    ser armazenada por perodo superior a

    24 horas. A diretriz fundamental para o

    armazenamento da gua purificada, da

    gua ultrapurificada, ou da gua para

    injetveis levar em conta que, quanto

    maior o grau de purificao da gua,

    mais rapidamente ela tende a se

    Recontaminar.(ANVISA, 2010, p. 397).

    Os sistemas de purificao,

    armazenamento e distribuio de AP e

    API devem ser projetados de forma a

    evitar a contaminao e proliferao

    microbianas. (ANVISA, 2010, p. 397).

    O sistema de armazenamento e

    distribuio deve ser configurado para

    evitar a recontaminao da gua aps

    o tratamento e deve ser submetido a

    uma combinao de monitoramento

    em linha e em laboratrio, para

    garantir que a especificao

    apropriada da gua seja mantida. A

    proliferao de contaminantes dentro

  • do tanque de armazenamento e do

    anel de distribuio deve ser

    controlada. Devem ser adotados

    mecanismos de controle microbiano e

    sanitizao dos sistemas de gua

    purificada mantidos em temperatura

    ambiente, pois esses so

    particularmente suscetveis

    contaminao microbiolgica,

    principalmente quando os

    equipamentos permanecem estticos

    durante perodos de pouca ou

    nenhuma demanda de gua. (ANVISA,

    2010, p. 397).

    MONITORAMENTO DA QUALIDADE

    DA GUA

    Na maioria das aplicaes, o

    monitoramento da gua de uso

    farmacutico se baseia no controle

    microbiolgico e nos parmetros que

    assegurem a manuteno da

    qualidade da gua desejada. Em geral,

    no necessrio identificar os micro-

    organismos presentes, mas sim,

    proceder contagem total de

    bactrias, por meio de mtodo

    adequado para abranger uma ampla

    gama de organismos. Amostras

    contendo agentes sanitizantes devem

    ser neutralizadas antes de proceder

    anlise. Os ensaios microbiolgicos

    devem ser realizados aps curto

    intervalo de tempo da coleta da

    amostra, ou essa dever ser

    refrigerada adequadamente e por

    tempo determinado, para preservar as

    caractersticas originais. (ANVISA,

    2010, p. 398).

    O monitoramento fsico-qumico

    acompanha, principalmente, a

    condutividade e o carbono orgnico

    total, que tambm podem ser medidos

    em linha. Esses ensaios abrangem

    uma ampla gama de contaminantes

    inorgnicos. Caso a amostra no seja

    analisada em seguida coleta, deve

    ser preservada e armazenada em

    condies que garantam a sua

    integridade e conservao e por

    perodo adequado. Dependendo da

    aplicao requerida os parmetros

    crticos a serem monitorados podem

    variar. (ANVISA, 2010, p. 398).

    CONCLUSO

    Esse artigo elucidou os

    parmetros utilizados no sistema de

    purificao, sanitizao e controle

    microbiolgico da gua para que as

    empresas faam o uso da gua com

    responsabilidade na sua aplicabilidade

    dos diferentes setores farmacuticos.

  • Foi possvel perceber a importncia

    dos sistemas de purificao que so

    usados para se obter cada tipo de

    gua, seja ela gua purificada,

    ultrapurificada ou gua para injetveis.

    Para obter um produto final de

    qualidade no s a purificao se faz

    necessrio como tambem a ateno

    ao controle de qualidade da gua no

    que diz quanto distribuio,

    armazenamento e o monitoramento da

    qualidade da gua para os setores

    farmacuticos.

    REFERNCIAS:

    BRASIL. Farmacopeia Brasileira, volume 2 / Agncia Nacional de Vigilncia

    Sanitria. Braslia: Anvisa, 2010. 391-398p

    ., 1v/il.

    BRASIL,RESOLUO - RDC N. 17, Dispe sobre as Boas Prticas de Fabricao de Medicamentos, 16 de abril de 2010.