PARADIGMA DO MERCADO AUTOMÓVEL VAI...

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Este suplemento faz parte integrante da Vida Económica nº 1467, de 9 de novembro de 2012, e não pode ser vendido separadamente EM DESTAQUE p.06/07 Conclusão do pequeno-almoço/debate sobre frotas promovido pela “Vida Económica” no Hotel Tiara Park Lisboa PARADIGMA DO MERCADO AUTOMÓVEL VAI MUDAR Simulação LeasePlan p.05 Pequenos motores a gasolina ganham competitividade no renting automóvel Entrevista p.09 Ricardo Freitas, responsável de IURWDV QD 1LVVDQ DßUPD Não existe uma política de mobilidade elétrica”

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Este suplemento faz parte integrante da

Vida Económica nº 1467, de 9 de novembro de 2012,

e não pode ser vendido separadamente

EM DESTAQUE p.06/07

Conclusão do pequeno-almoço/debate sobre frotas promovido pela “Vida Económica” no Hotel Tiara Park Lisboa

PARADIGMA DO MERCADO AUTOMÓVEL VAI MUDAR

Simulação LeasePlan p.05

Pequenos motores a gasolina ganham competitividade no renting automóvel

Entrevista p.09

Ricardo Freitas, responsável de

Não existe uma política de mobilidade elétrica”

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sexta-feira, 9 de novembro 2012 FROTAS2

AQUILES [email protected]

A mobilidade dos colaboradores tem uma importância fulcral no orçamen-to das empresas e a crise obrigas os decisores a terem ainda mais cuidado com a rubrica frota automóvel. O

aluguer operacional de viaturas (AOV) tem ga-nho, desde a década passada, uma importância acrescida, face à aquisição ou ao “leasing”.

Os operadores do setor recordam que as van-tagens desta opção de renovações de frota ficam ainda mais visíveis em cenários recessivos como o que a economia portuguesa vive, mas não negam que a crise também chegou ao renting.

De acordo com dados reunidos pela Associa-ção Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF), de janeiro a setembro de 2012 registou-se uma queda na produção nova de cerca de 42,7%, em linha com a queda que se verifica no mercado automóvel. “É importante destacar que a frota gerida pelas empresas de renting (mais de 100 mil viaturas) regista uma diminuição, bastante infe-rior, na ordem dos 10%, o que significa que as empresas estão a prolongar os prazos dos contra-tos, continuando a confiar a gestão das suas frotas às empresas de renting”, afirma, numa entrevis-ta que publicamos neste dossier, o presidente da ALF, Beja Amaro.

ALD com serviços associados

O renting já não é um conceito desconhecido do público. Porém, ainda deixa muitas dúvidas. O aluguer operacional é, isso mesmo, um aluguer – e não um produto financeiro porque nos con-

MODALIDADE MANTÉM-SE, SEGUNDO ESPECIALISTAS, COMO OPÇÃO VANTAJOSA PARA EMPRESAS

Crise chegou ao renting automóvel

O prolongamento de contratos tem sido o refúgio para a empresas clientes em 2012.

tratos não está prevista a passagem de proprieda-de ao cliente –, em que o locatário paga uma ren-da mensal durante o período de tempo entre um e cinco anos. Esta renda, paga numa única fatura, inclui as revisões, o seguro contra danos próprios e as reparações. No caso de o cliente querer, o contrato pode mesmo contemplar a gestão dos pneus e, até, dos combustíveis. Trata-se portanto, de um ALD, ao qual são acrescentados múltiplos serviços.

As empresas que se dedicam à atividade utili-zam todo o tipo de veículos, embora os pesados com mais de seis toneladas de peso bruto sejam raros, devido aos entraves colocados pela legisla-ção em vigor. As vantagens do aluguer operacio-nal são muitas, mas resumem-se numa expressão

cada vez mais utilizada: “outsourcing”. Um con-ceito que faz com que as empresas se dediquem à sua atividade principal a 100%, deixando a carga burocrática para especialistas e com vantagens económicas. Os preços das rendas conseguem tornar-se atrativos, porque as gestoras de frota têm um poder negocial para compra e manuten-ção que, regra geral, as empresas não possuem de forma isolada.

No que se refere ao balanço da empresa, há a vantagem dos veículos em questão não entrarem no balanço desta. No que se refere aos seguros, o aluguer operacional apresenta ainda o benefício de não se verificarem agravamentos. A natural concorrência na economia levou a que as empre-sas tomassem consciência das vantagens financei-ras e físicas, bem como da simplificação da gestão de frota que o aluguer operacional oferece, pelo que começaram a utilizá-lo.

Como já foi referido, os primeiros clientes na-cionais deste serviço foram as grandes empresas, que já conheciam os benefícios inerentes a uma gestão externa das frotas, com grande necessidade de veículos para realizar a sua atividade. Exemplo disto são os laboratórios farmacêuticos e as gran-des empresas de distribuição.

Mais tarde, as PME, e mesmo os profissionais liberais, começaram a reconhecer vantagens neste tipo de aluguer e são estes mesmo os setores de maior potencial de crescimento, atualmente. Em-bora mais lentamente, também os particulares começam a “render-se” a este sistema, sobretudo os profissionais liberais. Segundo os operadores, apenas os particulares que não trocam de carro com uma cadência de três ou quatro anos não têm vantagens em recorrerem ao “renting”

Vantagens

Desvantagens

OPÇÃO ALUGUER OPERACIONAL

COMPRA INTEGRAL (PRONTO PAGAMENTO)

LOCAÇÃO FINANCEIRA (“LEASING”)

entregue a especialistas com serviços adicionais diversos.

económicos.

etc.

adicional, caso exceda a quantidade de km previamente contratada.

do comprador.

da empresa.

investimentos no negócio central.

negocial que as empresas de aluguer operacional.

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3FROTAS sexta-feira, 9 de novembro 2012

A crise por que a economia portuguesa passa afeta a atividade de renting, na medida em que afeta os agentes económicos que recorrem ao serviço. Em termos de resultados, de janeiro a setembro a quebra de novos contratos atinge, segundo os dados da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting, 42,7%. O presidente da instituição salienta, no entanto, que a quebra na frota sob gestão é muito menor. “É importante destacar que a frota gerida pelas empresas de renting (mais de 100 mil viaturas) regista uma diminuição bastante inferior, na ordem dos 10%, o que significa que as empresas estão a prolongar os prazos dos contratos, continuando a confiar a gestão das suas frotas às empresas de renting”, defende António Beja Amaro, em entrevista à “Vida Económica”.

AQUILES [email protected]

Vida Económica – O panorama da econo-mia portuguesa tem “assombrado” a atividade de renting automóvel este ano?

Beja Amaro – A atual crise económica tem afetado atividade de renting na medida em que afeta os agentes económicos que a ele recorrem. Nos primeiros nove meses do ano, registou-se uma queda na produção nova de cerca de 42,7%, em linha com a queda que se verifica no setor auto-móveis. No entanto, é importante destacar que a frota gerida pelas empresas de renting (mais de 100 mil viaturas) regista uma diminuição bastante inferior, na ordem dos 10%, o que significa que as empresas estão a prolongar os prazos dos contra-tos, continuando a confiar a gestão das suas frotas às empresas de renting.

VE – O que pode acontecer até ao fim de 2012?

BA – A expectativa é sensivelmente semelhan-te à que se tem vindo a registar até esta altura, se-guindo em linha com as perspetivas económicas conhecidas até ao final do ano.

VE – E em relação a 2013, já tem previ-sões?

BA – De acordo com a evolução da economia que se afigura desfavorável, deverão continuar a registar-se diminuições, ainda que esperemos que sejam mais brandas. O renting acompanha inti-mamente o ciclo das empresas e as necessidades

BEJA AMARO (ALF) RECORDA QUE QUEBRA NA FROTA SOB GESTÃO É MENOR QUE A DAS VENDAS

“Empresas continuam a confiar gestão das frotas às empresas de renting”

destas ao nível de frotas. Teremos ainda de aguar-dar pela aprovação do Orçamento do Estado para 2013 para formar uma opinião mais definitiva.

VE – As associadas da Associação Portu-guesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF) estão a receber pedidos de prolongamentos de contratos de aluguer operacional em vi-gor?

BA – Sim, algumas empresas estão a adiar a decisão de compra de viaturas novas, pelo que so-licitam o prolongamento dos contratos. Esta de-cisão é tomada em conjunto com a empresa de renting, que aconselha o cliente na duração de contrato mais eficiente face à conjuntura e espe-cificidades que atravessa, de forma a permitir que este continue a usufruir da frota automóvel a um preço acessível.

VE – E pedidos “downgradings”, de seg-mento e motorizações, também tem havido?

BA – Tem-se notado alguma redução nos segmentos, no entanto, nem sempre as viaturas com um valor mais baixo, têm um custo menor se olharmos para a totalidade de duração do contrato e incluirmos os custos fiscais. As rentings mantém um diálogo aberto com as empresas para ajudar a perceber estes aspetos.

VE – O novo aumento, no início de 2012, da tributação autónoma das despesas em sede

de IRC prejudica a atividade das empresas de renting?

BA – Não prejudica as empresas de renting em específico uma vez que se aplica quer se recorra ao renting, quer se recorra a outra alternativa. Mas sem dúvida que onerou a fiscalidade automóvel e como consequência, contribuiu para limitar as al-ternativas de veículos ao dispor das empresas. As empresas de renting têm desenvolvido um esfor-ço para explicar as condicionantes fiscais aos seus clientes e a encontrar soluções que minorem os custos acrescidos.

VE – Em termos de tecnologia, os veícu-los híbridos estão nas gamas de cada vez mais marcas. Já são opção para as frotas?

BA – Não tem havido uma procura significa-tiva. Embora não existam ainda dados estatísticos específicos, as informações que obtemos dos nos-sos associados é que a procura de veículos híbridos é ainda muito baixa.

VE – Nos veículos elétricos o cenário é se-melhante?

BA – Continua a ser um nicho de mercado ainda pouco explorado. O número de vendas ain-da é muito baixo. Há também ainda um desco-nhecimento de alguns fatores a ter em conta neste segmento, como por exemplo o funcionamento do seu mercado de usados. Se tivermos em conta a atual conjuntura económica, estou em crer que não assistiremos a desenvolvimentos expressivos neste segmento do mercado no curto prazo.

VE – A adesão dos particulares ao renting pode ser ainda mais demorada, no presente cenário económico?

BA – O peso dos particulares no renting é ain-da bastante reduzido. Não tenho a certeza que o atual cenário macroeconómico afaste os particu-lares por si só. Espero que os particulares aprovei-tem esta fase em que se devem fazer escolhas mais racionais e eficientes para equacionar o renting e comparar com as alternativas. Poderão até desco-brir ganhos nos custos de utilização da viatura e facilidades de procedimentos diversos, que nunca pensaram poder usufruir.

VE – As previsões de valores residuais têm ganho volatilidade?

BA – Já desde 2008 que os valores residuais co-meçaram a registar uma grande volatilidade. Assistiu--se a uma grande queda no valor das viaturas usadas, sem saber muito bem onde iria parar essa queda.

VE – O escoamento dos automóveis usa-dos provenientes de contratos de renting é um problema para as empresas associadas da ALF?

BA – A atual situação do mercado dos auto-móveis usados é sem dúvida uma preocupação do setor, devido às elevadas quebras de valor que tem vindo a registar desde 2008. No entanto, as empresas de renting enfrentaram este desafio e souberam dar a volta à questão ajustando os seus modelos de revenda ao diversificar os canais de escoamento das viaturas usadas, nomeadamente, desenvolvendo canais próprios. E deve-se destacar os dois lados da questão: é a empresa de renting quem retém o ónus e o risco da revenda da viatura usada, pelo que o cliente não tem que se preocupar com essa situação

“A atual crise económica tem afetado atividade de renting na medida em que afeta os agentes económicos que a ele recorrem”, explica o presidente da ALF.

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sexta-feira, 9 de novembro 2012 FROTAS4

A crise tem impacto na atividade das gestoras de frota, mas com menos força do que na generalidade da economia. Esse impacto é ainda menor na líder de mercado, LeasePlan Portugal, de acordo com o diretor comercial adjunto de suporte à venda da empresa. “Continuamos a resistir de forma positiva às adversidades. O processo de aquisição da Multirent, agora em fase de conclusão, permitiu reforçar a nossa quota de mercado”, afirma, em entrevista “Vida Económica”, Ricardo Silva. A filial nacional da gestora de frota prevê faturar 275 milhões de euros em 2012, mais 21% que no ano passado.

AQUILES [email protected]

Vida Económica – Que análise faz a Lease-Plan do que já passou de 2012 para a ativida-de de renting automóvel?

Ricardo Silva – Em 2012, a instabilidade e falta de confiança dos agentes económicos con-duziram a uma diminuição do investimento das empresas nas suas frotas. No entanto, apesar de negativos, os valores do renting continuam a estar acima dos da generalidade do mercado automó-vel e de outras modalidades de financiamento. No primeiro semestre de 2012, o renting registou uma queda de 35% na nova produção, um valor que, sendo elevado, é inferior à queda do mercado au-tomóvel. No mesmo período, a frota gerida pelas empresas de renting registou uma queda bastante menor, de apenas 7,3% e, por outro lado, o nú-mero de novos contratos do segundo trimestre de 2012, em relação ao primeiro trimestre, registou um crescimento. Na LeasePlan, continuamos a resistir de forma positiva às adversidades. O pro-cesso de aquisição da Multirent, agora em fase de conclusão, permitiu reforçar a nossa quota de mer-cado e a estratégia da empresa em apostar em no-vos segmentos de mercado tem vindo a dar frutos. A compensar, em certa medida, a diminuição da produção de contratos com grandes empresases-tá o número crescente de PME que têm aderido ao renting. Por outro lado, continuamos a man-ter um diálogo aberto com os nossos clientes no sentido de, em conjunto, encontrar soluções para fazer face aos atuais constrangimentos. Uma das soluções, nomeadamente, para lidar com as difi-culdades na venda de usados e a consequente dete-rioração dos valores residuais para novas propostas, é a prorrogação dos contratos.

VE – Quais as perspetivas para o que falta de 2012?

RS – Prevemos chegar ao final de 2012 com um volume de negócios de 275 milhões de euros, valor que resulta do somatório das vendas da Le-asePlan com as da Multirent – após conclusão do processo de aquisição – e uma frota de mais de 73 mil veículos. Estes resultados correspondem a

RICARDO SILVA SOBRE O DESEMPENHO DA LEASEPLAN PORTUGAL NA ATUAL CONJUNTURA

“Continuamos a resistir de forma positiva às adversidades”

um crescimento na ordem dos 21% face aos 228 milhões de euros obtidos em 2011. Para 2013, não se preveem alterações significativas na performan-ce da LeasePlan. Acreditamos que muitas empre-sas continuarão a ter uma posição de contração de investimento, continuando a observar-se uma tendência para o “downsizing” de frotas e para o prolongamento do prazo dos contratos de renting.

VE – Estão a receber pedidos de prolonga-mentos de contratos de AOV em vigor?

RS – Como referi anteriormente, o prolonga-mento dos contratos é uma das soluções encon-tradas para lidar com as dificuldades na venda de usados e uma opção da empresa de renting e do cliente que, desta forma, adiam o término do con-trato para uma altura economicamente mais inte-ressante. Esta relação de parceria com os clientes aliada à flexibilidade é, aliás, uma das várias van-tagens do renting que se tornam mais evidentes na atual conjuntura económica.

VE – Para este facto, contribui, também, a tributação autónoma das despesas em sede de

IRC que voltou a aumentar em 2012. Prejudi-ca a atividade das empresas de renting?

RS – Como qualquer medida de austeridade, este agravamento poderá ter como consequência uma diminuição do investimento em automóveis, e, no caso do renting, a transferência de negócio para segmentos inferiores. No entanto, diria que, sendo o renting o produto mais eficiente e transpa-rente, as dificuldades vividas pela sociedade acen-tuam os seus benefícios e vantagens, o que se tem traduzido no crescimento da sua quota de mercado.

VE – Em termos de tecnologia, os veículos híbridos e elétricos estão nas gamas de cada vez mais marcas. Já são opção para as frotas?

RS – As atuais circunstâncias económicas pu-seram um travão à massificação dos veículos hí-bridos e elétricos nas empresas. Estes modelos são ainda caros e numa fase de grandes dificuldades como a atual, a reduzida escala que caracteriza esta inovação e as incertezas que a rodeiam impedem que sejam, para já e infelizmente, economicamen-te atrativos para as empresas.

VE – No atual cenário macroeconómico, a adesão dos particulares ao renting pode ser ainda mais demorada?

RS – Sim, acreditamos que ainda há um lon-go caminho a percorrer na adesão do segmento de particulares ao renting. Mas, se, por um lado, a atual conjuntura está a adiar as suas decisões no que diz respeito à aquisição de automóvel, por ou-tro, os consumidores continuam a ter necessidades de mobilidade, fator que reforça o seu potencial. Acreditamos que a sua mudança de mentalida-de e maior esclarecimento sobre as vantagens do renting – nomeadamente, o facto de assegurar um automóvel sempre novo, sem necessidade de suportar o seu custo na totalidade e permitir be-neficiar da maior capacidade negocial de empresas especialistas – permitirão, a médio/longo prazo, conquistar mais clientes neste segmento.

VE – As previsões de valores residuais têm ganho volatilidade, tendo em conta o atual ce-nário macroeconómico do país?

RS – Sim. De facto, dada a volatilidade dos momentos de crise como o que vivemos atual-mente, é cada vez mais difícil para as empresas de renting antecipar a previsão dos valores residuais. No entanto, se é verdade que o contexto macroe-conómico acaba por afetar os valores no mercado de usados de forma negativa, esta situação acaba por reforçar uma das vantagens do renting. Ao ser um risco assumido totalmente pela empresa de renting, os clientes não têm que se preocupar com a desvalorização do veículo.

VE – O escoamento dos automóveis usa-dos provenientes de contratos de AOV é um problema para a LeasePlan Portugal?

RS – À semelhança do que aconteceu em 2011, e face à quebra no volume e preços do mer-cado de usados que continua a verificar-se, em 2012, a LeasePlan continuou a apostar em canais próprios para o escoamento dos veículos em fim de contrato. Neste âmbito, inaugurámos, recen-temente, o Welcome Center CarNext Expo, no Parque das Nações, o segundo parque automóvel da empresa – depois do Welcome Center CarNext Docas – onde estão disponíveis os melhores auto-móveis usados da frota LeasePlan para venda a par-ticulares. Criada em 2009, a CarNext, plataforma online para a venda de usados da LeasePlan já é responsável pela venda de mais de 50% dos auto-móveis provenientes da atividade da LeasePlan

“Prevemos chegar ao final de 2012 com um volume de negócios de 275 milhões de euros, valor que resulta do somatório das vendas da LeasePlan com as da Multirent”, refere Ricardo Silva.

Feira de usados CarNext em Lisboa

A LeasePlan vai promover, de 11 a 17 de novembro, no Welcome Center CarNext Expo, no Parque das Nações (Lisboa), a Feira de Usados CarNext. Durante este período, os visitantes terão acesso a um voucher de 750 euros que poderá ser descontado, até ao final de 2012, na compra de automóveis CarNext.

“Um único registo de propriedade, revisões e manutenções efetuadas na marca, quilómetros reais garantidos e garantia de dois anos são os principais trunfos apontados pela empresa, que classifica oferta da CarNext como “usados sem nada a esconder”. A oferta de usados da entidade pode ser consultada em www.carnext.pt

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5FROTAS sexta-feira, 9 de novembro 2012

SIMULAÇÃO LEASEPLAN PARA A “VIDA ECONÓMICA”

Pequenos motores a gasolina ganham competitividade no renting automóvel

COMERCIAIS DERIVADOS MAIS CAROS DO QUE MODELOS DE PASSAGEIROS

Renda (c/ iva) km+ km- LIGEIROS DE PASSAGEIROS

UTILITÁRIOS

CITROEN C3 1.4 HDi Airdream Attraction 70 Cv 390,59 0,036 0,022OPEL CORSA 1.3 CDTi City 75 Cv 393,31 0,028 0,016SEAT IBIZA 1.2 TDi Reference E-Ecomotive 75 Cv 397,95 0,034 0,021PEUGEOT 208 1.4 HDi Access 68 Cv 400,27 0,036 0,022FORD FIESTA 1.4 TDCi Techno 104g 70 Cv 401 0,034 0,019

PEQUENOS FAMILIARES

FORD FOCUS STATION 1.0 SCTi Trend 100 Cv 444,08 0,039 0,032SKODA OCTAVIA BREAK 1.6 TDi Greenline Tech 105 Cv (*) 483,44 0,040 0,021OPEL ASTRA J SPORTS TOURER 1.3 CDTi Enjoy 95 Cv 484,5 0,040 0,025FORD FOCUS STATION 1.6 TDCi Trend 95 Cv 488,27 0,046 0,026RENAULT MEGANE SPORT TOURER 1.5 dCi Confort 90 Cv 488,4 0,049 0,028

FAMILIARES MÉDIOS

TOYOTA AVENSIS SW 2.0 D-4D Exclusive 124 Cv 632,95 0,053 0,030OPEL INSIGNIA SPORTS 2.0 CDTi Edition 130 Cv 635,56 0,053 0,028FORD MONDEO STATION 2.0 TDCi Titanium 129g 140 Cv 699,75 0,052 0,027

FAMILIARES MÉDIOS “PREMIUM”

BMW SERIE-3 TOURING 320 d Touring 184 Cv (**) 737,57 0,062 0,030MERCEDES CLASSE C STATION 220 CDi Classic BE 124g 170 Cv 779,55 0,060 0,026VOLVO V60 2.0 D4 Momentum 163 Cv 821,79 0,061 0,032

FAMILIARES GRANDES “PREMIUM”

BMW SERIE-5 TOURING 520 d 130g 184 Cv (**) 907,42 0,072 0,033MERCEDES CLASSE E STATION 220 CDi Classic BE 136g 170 Cv 940,18 0,070 0,029VOLVO V70 2.0 D4 Momentum 163 Cv 945,3 0,067 0,035

LIGEIROS DE MERCADORIAS

DERIVADOS DE TURISMOOPEL CORSA VAN 1.3 CDTi 75 Cv 442,68 0,032 0,018FIAT GRANDE PUNTO VAN 1.3 M-jet 108g 75 Cv 463,23 0,038 0,023FORD FIESTA VAN 1.4 TDCi 70 Cv 478,84 0,035 0,019

PEQUENOS FURGÕES

PEUGEOT BIPPER 1.3 HDi Pack CD Clim 75 Cv 379,91 0,032 0,019CITROEN NEMO 1.3 HDi 75 Cv 383,06 0,033 0,021FIAT FIORINO 1.3 M-jet 75 Cv 397,28 0,037 0,023

FURGÕES

OPEL COMBO 1.3 CDTi L1H1 90 Cv 409,75 0,031 0,018PEUGEOT PARTNER 1.6 HDi L1 75 Cv 402,02 0,034 0,023CITROEN BERLINGO VAN 1.6 HDi 625 75 Cv 417,98 0,040 0,024RENAULT KANGOO EXPRESS 1.5 dCi Confort 75 Cv 431,18 0,036 0,023Obs. Valores em euros fonte: LeasePlan Portugal (simulação enviada a 29 de outubro)* Campanha até 31/12/2012/ ** campanha até 31/10/2012

AQUILES [email protected]

Os pequenos motores a gasolina com tec-nologia turbo – que começam a estar na oferta das principais marcas generalistas – podem vir a ganhar competitividade face aos motores diesel em termos de

mensalidades em aluguer operacional de viaturas (AOV). Com efeito, a renda mensal em renting da carrinha Ford Focus com motor 1.0 turbo a ga-solina fica mais barata 44 euros por mês do que a com motor 1.6 turbodiesel, de 444 euros para 488 euros. O argumento dos custos menores com combustíveis são insuficientes para a opção diesel na diferença entre Focus Station 1.0 Ecoboost de 100 cv e 1.6 TDCi de 95 cv e só a dedução do IVA “salva” o diesel face à gasolina (ver caixa).

Os valores das rendas estão numa simulação da LeasePlan dos custos mensais associados a uma frota em “renting”. A “Vida Económica” recor-reu, então, à empresa líder do setor em Portugal, para obter uma proposta, mesmo que meramente indicativa. Os “nossos” contratos têm 48 meses de duração com uma quilometragem contratada de 120 mil km (30 mil por ano) e incluem, além da manutenção programada e corretiva, a substi-tuição de pneus, viatura de substituição, Imposto Único de Circulação e seguro com danos próprios (com franquia de 4%). Os modelos enviados pela LeasePlan Portugal para esta simulação de custos em renting são, no total, 29, dos quais 19 são de passageiros e dez são veículos comerciais. O IVA está incluído à taxa em vigor e a simulação foi feita para uma “cliente” PME.

Total de 29 modelos

Começando pelos comerciais, as rendas men-sais em AOV possíveis nos comerciais derivados de turismo, os mais caros deste segmento (e do que o respetivo modelo de cinco lugares) situam--se entre 442,68 euros e 478,84 euros. Os peque-nos furgões variam entre 379,91 e 397,28 euros. Nos furgões, os valores situam-se entre 409,75 e 431,18 euros.

Nos modelos de passageiros, as escolhas de utilitários têm variação entre 390,59 e 401 euros. Nos pequenos familiares, onde está o já referido modelo Ford Focus, a variação é entre 444,08 e 488,4 euros, ao passo que nos familiares médios a “baliza” é entre 632,95 e 699,75 euros.

Entre as marcas “premium”, no segmento dos familiares médios as rendas mensais em AOV variam entre 737,57 e 821,79 euros e na classe dos grandes familiares entre 907,42 e 345,3 euros. Os dados detalhados enviados à “Vida Económica” pela LeasePlan (no dia 29 de outubro) estão no quadro que publi-camos

Mudança de paradigma: o Ford Focus Station com motor 1.0 turbo a gasolina fica mais barato 44 euros por mês do que o 1.6 turbodiesel.

GUILLAUME DE LÉOBARDY, DIRETOR-GERAL DA ALD AUTOMOTIVE PORTUGAL, AFIRMA

“Outsourcing da frota faz cada vez mais sentido”

O cenário de crise económica em que Portugal está mergulhado leva o diretor-geral da filial nacional da ALD Automotive a concluir que “o outsourcing da frota faz cada vez

mais sentido e é a resposta que oferece custos mais baixos e controlados, ausência de risco, previsibilidade máxima e acesso a uma fonte de financiamento alternativa”. Em declarações à “Vida Económica”, Guillaume de Léobardy afirma que este ano se está a manter “a resiliência que o renting conseguiu demonstrar em 2011, comparativamente a outras formas de financiamento”. O especialista recorda que o setor empresarial “está a ser fortemente afetado por questões de liquidez dada a enorme dificuldade de acesso ao crédito e procura diariamente formas de racionalizar custos, sem exceção para as frotas, cujos custos de exploração em muitos casos ascendem a valores entre os 30% a 40% dos custos totais das empresas”.

“Financiamento às empresas é essencial”

Neste cenário, Guillaume de Léobardy salienta a importância de a banca financiar a economia portuguesa. “Estamos a prever uma quebra da produção do mercado de cerca de 40% em 2012. Já tivemos uma antevisão do que o Orçamento de Estado do próximo ano nos irá trazer, sabemos que não será fácil e que a carga fiscal será enorme, pesando ainda mais sobre os custos de exploração das frotas, tanto de forma direta como indireta. Para evitar um cenário ainda pior até final do ano, o apoio da banca ao setor empresarial é essencial, devendo ser feita uma análise cuidadosa da tendência de reestruturação dos financiamentos de longo prazo para curto prazo e os seus potenciais efeitos. A situação é difícil, os níveis de endividamento e risco de crédito continuarão elevados, os recursos financeiros continuarão a ser escassos, e, logo, mais caros, o mercado automóvel continuará a sofrer e a contagiar em certa medida o mercado de renting”, afirma.

Depois de vários anos de forte crescimento sempre acima do mercado, a ALD Automotive Portugal mantém-se, por isso, “prudente relativamente aos objetivos para 2013”. O diretor-geral da filial lusa da gestora de frota da Société Générale mantém, no entanto, a confiança nos atributos do aluguer operacional de viaturas. Também em relação à a tributação

autónoma das despesas em sede de IRC, que voltou a aumentar

em janeiro, a nossa fonte salienta “que o novo regime fiscal não coloca em vantagem nenhum tipo de financiamento/ aluguer, mantendo-se intactas as

vantagens” do renting AP

“Para evitar um cenário ainda pior

até final do ano” para a economia portuguesa, “o apoio da banca ao setor empresarial é essencial”, segundo Guillaume de Léobardy.

Só dedução do IVA “salva” diesel vs. gasolina

O argumento dos custos menores com combustíveis são insuficientes para a opção diesel na diferença entre Focus Station 1.0 Ecoboost de 100 cv e 1.6 TDCi de 95 cv. O diesel mantém apenas com alguma vantagem devido ao facto de as empresas poderem deduzir 50% do IVA pago no gasóleo, não sendo possível fazer o mesmo com a gasolina.

Com efeito, pelas contas da “Vida Económica” (esta conclusão não é da LeasePlan), a preço atuais – 1,60 euros por litros de gasolina sem chumbo 95 e 1,47 euros por litro de gasóleo –, o motor 1.0 Ecoboost (4,9 l/100 km no ciclo combinado, de acordo com a marca) custa 9408 euros para percorrer os 120 mil km contratados, ao passo que o 1.6 DCI (4,2 l/100 km no ciclo combinado, segundo a Ford) se fica por 7408,8 euros.

Temos, pois, uma diferença de 1992,2 euros favoráveis ao diesel ao cabo dos 120 mil km. A dividir pelos 48 meses do contrato de renting, aquele valor representa uma poupança mensal de 41,65 euros face ao gasolina, ou seja, menos do que os 44,19 euros mensais que o 1.0 Ecoboost custa em AOV. Resultado, o motor a gasolina apenas não bate o diesel por este último ter a possibilidade deduzir 17,75 euros por mês do IVA do gasóleo (a dedução a quatro anos é de 852,01 euros, metade dos 1704,02 euros de IVA liquidado no combustível comprado)

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sexta-feira, 9 de novembro 2012 FROTAS6

Os responsáveis pelas divisões de frotas das marcas Peugeot, Renault e Toyota consideram que o equilíbrio entre fabricantes, gestores de frotas e retalho ditará um novo paradigma de mercado em 2013. No pequeno--almoço/debate “O mercado de frotas em tempo de crise: travão ou acelerador?”, que a “Vida Económica” promoveu no hotel Tiara Park Lisboa, aqueles profissionais apontaram um futuro incerto ao setor, devido às medidas fiscais que consideram desajustadas da realidade do mercado e de uma pressão insustentável ao nível das margens de lucro praticadas.

DORA TRONCÃO* [email protected]

As previsões dos operadores do setor automóvel para 2013, tanto no que se refere às vendas a empresas, mas também a particulares, são muito conservadoras, de acordo com os

presentes no pequeno-almoço/debate “O merca-do de frotas em tempo de crise: travão ou acele-rador?”, que a “Vida Económica” promoveu no hotel Tiara Park Lisboa. “No que diz respeito às perspetivas de mercado e vendas para o próximo ano, ainda não conhecemos o verdadeiro impacto das medidas que estão a ser anunciadas apesar de, do ponto vista psicológico, as pessoas já estarem assustadas. As perspetivas são de uma quebra su-perior àquela que aconteceu no ano anterior, que foi uma quebra brutal na ordem dos 40%. Neste momento, ainda temos uma previsão de venda da globalidade do mercado automóvel português de 100 mil viaturas”, avança Gonçalo Neves, res-ponsável comercial VN e B2B Peugeot.

A líder do mercado português Renault, repre-sentada por José Miguel Oliveira, diretor de ven-da a frotas da empresa, corrobora esta previsão, apontando para 120 mil viaturas vendidas em 2013. “O mercado atual remonta ao nível da dé-cada de 80 com tudo o que significa de alterações de mercado. Neste momento as vendas estão ao nível de há trinta anos atrás”, frisa José Miguel Oliveira. Gonçalo Neves fala de “um mercado de particulares que desapareceu, tendo o mercado das empresas caído menos do que o dos particu-lares face a 2011”.

Luís Hortet, diretor comercial e responsável pelo departamento de frotas e usados da Toyota Caetano Portugal, fala de uma “Toyota a ganhar

quota de mercado”, enquanto este cai em 40%. “Falamos de empresas que se preparam estrutu-ras para vender um certo número de viaturas e por isso é complicado. O retalho vende menos, as marcas têm de vender mais, as margens não são iguais, e todo este equilíbrio torna tudo muito explosivo e julgo que a sustentabilidade da ati-vidade está pelas ruas da amargura”, avisa Luís Hortet.

Legislador taxa de maneira desajustada

O diretor de vendas a frotas da Renault Portu-gal lembra que esta é uma área de negócio em que as receitas do Estado são facilmente controladas, quer na compra, quer na utilização das viaturas e que quando se tomam medidas fiscais drásticas há reflexos na cobrança de impostos. “Quem tem o poder de taxar tem-no feito de maneira desajus-tada, por exemplo, penalizando ferramentas de trabalho como as viaturas comerciais. Um exem-plo, um Clio Société, de dois lugares, paga 4700 euros de impostos e um automóvel com 2000 cc de 140 cv paga cerca de 5300 euros. Não há uma

CONCLUEM PARTICIPANTES EM PEQUENO-ALMOÇO/DEBATE SOBRE FROTAS PROMOVIDO PELA “VIDA ECONÓMICA

Paradigma do mercado automINTERVENIENTES

Gonçalo Neves, responsável comercial VN e B2B da Peugeot

“As perspetivas para 2013 são de uma quebra superiores àquela que aconteceu em 2011, que é uma quebra brutal na ordem dos 40%”

Luís Hortet, diretor comercial e responsável pelo departamento de frotas e usados da Toyota Caetano Portugal

“Para 2013 falamos em prolongamento de contratos. O que se por um lado é complicado porque estamos a pensar vender por outro temos de criar algum alívio em termos da pressão que são os valores residuais e a desvalorização da frota de usados”

José Miguel Oliveira, diretor de venda frotas Renault Portugal

“A Renault investiu quatro mil milhões de euros num projeto de um veículo elétrico, em parceria com a Nissan, porque tem uma noção que daqui a quatro, cinco, dez anos o automóvel elétrico terá o seu espaço”

Esta é uma área de negócio em que as receitas do Estado são facilmente controladas, quer na compra, quer na utilização das viaturas e que quando se tomam medidas fiscais drásticas há reflexos na cobrança de impostos

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7FROTAS sexta-feira, 9 de novembro 2012

revenda de automóveis. Acharam que podiam ir mais longe na valorização da viatura e foram obrigadas a uma correção porque os valores es-tavam fora da realidade. Chegámos a um ponto em que o nível de esforço das marcas para com-pensar as rendas face ao volume de vendas não é razoável. As empresas que precisam de auto-móveis passarão eventualmente assumir o risco e adquirir automóveis ou alargar prazos de uti-lização ou a fazer um downsizing de frota, mas em 2013 estaremos numa mudança de modelo de mercado”.

Gestoras de frotas com papel importante

Luís Hortet afirma que o “mercado de frotas tem importância porque é uma forma de influen-ciar as políticas dos mercados e revermos valores e a forma como gerimos a venda de usados. 95% do mercado de gestoras de frotas estará concen-trado em duas gestoras portuguesas e é perigoso quando colocam, por exemplo, 500 automó-veis em leilão, baixando os valores de venda. Na Toyota foi criada uma política de valores intrín-

secos em relação à viatura usada Toyota para dar confiança ao cliente e muitas vezes ajudamos a gestora a escoara as viaturas dentro da nossa rede de usados e curiosamente tem sido uma área em que temos crescido. No entanto, 2013 será um ano de prolongamento de contratos em que se por um lado é complicado porque estamos a pen-sar vender, por outro temos de criar algum alívio da pressão daquilo que são os valores residuais e do que poderá ser a desvalorização da frota de usados”.

Os três intervenientes concordam que as ges-toras de frotas desempenham “um papel impor-tante no mercado, pois trouxeram simplificação e tranquilidade aos empresários”. Segundo Gon-çalo Neves, “há uma renda que fica ao longo do processo, é um aluguer operacional com uma fa-tura única e o mercado vê na gestão de frotas uma vantagem clara.” Para o responsável comercial da Peugeot, a gestão de frotas continuará a existir e coabitará com a gestão de frotas monomarcas”, e a gestora de frotas tradicional terá sempre vanta-gem na revenda e remarketing

*COM AQUILES PINTO

A” NO HOTEL TIARA PARK LISBOA

óvel vai mudarVárias tecnologias

coexistirão no futuro

Os responsáveis das marcas Peugeot, Renault, Toyota veem o futuro do mercado automóvel com várias tecnologias em uso, juntando-se os híbridos, os elétricos e outras tecnologias que surgirão aos motores a combustão (gasolina e diesel). Uma das marcas com maior investimento na tecnologia elétrica é a Renault. “A Renault investe quatro mil milhões de euros neste projeto porque tem noção que daqui a quatro, cinco, dez anos o elétrico terá o seu espaço. Em momento de crise é natural que as pessoas se tornem mais conservadoras. A Câmara de Lisboa teve agora uma iniciativa de ponta em que grande parte da sua frota foi renovada com veículos elétricos e alguém tem que dar o pontapé de saída”, disse o diretor de venda frotas Renault Portugal. José Miguel Oliveira salienta que o Governo anterior criou um incentivo fiscal em termos de aposta nos veículos elétricos, mas recentemente os elétricos foram retirados da frota governamental. “As mensagens são inconstantes” e “este Governo não está em condições económicas para dar os passos necessários à promoção do veículo elétrico”, frisa José Miguel Oliveira.

A Toyota, por seu lado, aposta mais nos híbridos devido aos mercados como o Brasil e a América do Norte e tem no Prius de versão híbrida um modelo com capacidade para mais de 1000 km. O responsável Peugeot vai ao encontro da ideia dos seus colegas dizendo que “mercado passa pela renovação mais do pela conquista e neste caso as novas energias e outros elementos como o car-sharing poderão tornar-se uma realidade apesar de ainda haver lugar para algum crescimento ao nível de novos mercados como a América Latina ou a Europa de Leste”

noção clara por parte das pessoas que tutelam esta matéria sobre o que este mercado é”, refere José Miguel Oliveira.

Outro fenómeno sentido pelas marcas é que neste momento o pós-venda, que reequilibrava os maus anos, dada a redução do parque automó-vel, já não gera a mesma procura destes serviços. Haverá uma tendência para a concentração de mercado em poucas marcas e para marcas de di-mensão menor não serem sustentáveis. Gonçalo Neves acentua que “o parque circulante envelhece e faz com que as pessoas com automóveis com va-lor comercial mais baixo procurem assistência em locais alternativos. A atividade de venda de peças e reparação, importantes alavancas de rentabili-dade não têm a mesma força de há uns anos”.

O responsável pelo canal frotas na Renault vê o momento atual como um ponto de vira-gem. “Há dois anos havia dificuldade em escoar [stock] e os valores residuais estariam desnivela-dos com a procura, mas começou a haver uma tendência para gerir melhor o risco. As gestoras de frotas têm duas formas de manter a renda: ou sobem o valor de saída ou descem o valor de entrada. As gestoras tinham históricos de boa

Os responsáveis pelas divisões de frotas de Renault, Peugeot e Toyota preveem um novo paradigma de mercado em 2013

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sexta-feira, 9 de novembro 2012 FROTAS8

Petrolíferas apostam nos cartões de frotas para fidelizar segmento empresas

do mercado de combustíveis, que no mercado in-dustrial deriva da difícil situação macroeconómica em Portugal. As empresas de transportes e serviços estão claramente a abrandar a sua atividade, com impactos nos seus consumos de combustíveis. Para além disso, o mercado de crédito está muito restri-tivo, o que não permite uma maior cobertura de risco neste setor dos cartões de frota”, pode ler-se num comunicado que a BP enviou à “Vida Eco-nómica”.

Repsol com duas soluções para frotas

A Repsol tem na Solred a marca dedicada à ges-tão de meios de pagamento e de fidelização e apre-senta aos seus clientes duas soluções para frotas: o cartão frota Solred Clássico, para o espaço ibérico, e o cartão frota Solred DKV, para utilização pan--europeia. Com cerca de 4000 estações de serviço Repsol em Portugal e Espanha, o cartão frota Sol-red Clássico possibilita o pagamento de combustí-veis, lubrificantes, portagens, lavagens e produtos de loja. “Assegura aos seus clientes segurança e con-trolo em todas as estações de serviço; mais-valias tecnológicas como a escolha de funcionamento dos cartões (por exemplo, o valor máximo por operação ou restrição do tipo de produtos a adquirir), permi-tindo uma gestão integral dos veículos; e acesso à ferramenta online Solred Direto, que faculta infor-

mação detalhada de movimentos e consumos”, de acordo com a informação enviada pela petrolífera espanhola à “Vida Económica”.

A Repsol desenvolveu também a tecnologia Solred Telemat, pela qual só é permitido o abas-tecimento dos combustíveis definidos nos veículos autorizados sem necessidade de manuseamento de cartões, evitando erros por importação automática dos dados, gestão da informação de consumos e das necessidades das empresas através da instalação de um microchip nos veículos dos clientes. Este siste-ma dispensa as deslocações à caixa para se efetuar o pagamento, uma vez que os dados são carregados automaticamente no sistema de faturação. O Sol-red permite ainda o pagamento de portagens nas autoestradas de Portugal e Espanha.

Cepsa com quatro opções Star

A também espanhola Cepsa tem três possibi-lidades de cartões para o segmento empresarial, o Star, o Star Frotas, Star Direct e o Star Eurotrafic. Começando por este último, é aceite em 12 mil postos (3000 dos quais específicos para pesados) em 18 países da Europa e Marrocos. Personalizável com produtos e serviços que estão autorizados para serem utilizados, com um código PIN associado e possibilidade de ter definido um limite de crédito, este cartão faculta a faturação detalhada por país e permite a recuperação do IVA e de outros impostos sobre o combustível.

O Star que se destina a empresas de transporte e a profissionais independentes, e Star Frotas, que se destian a PME e pequenas frotas, repetem, à escala ibérica (1800 postos), possibilidades como o PIN e o a gestão dos gastos e outros serviços, como o pagamento de portagens com acesso à Via Verde (Portugal) e à Via T (Espanha). Mais recente, o Star Direct não é um meio de pagamento (exclui a valência de crédito), oferece descontos em com-bustível consoante o consumo mensal (o valor de descontos acumulados é transferido para a conta bancária associada). De adesão e anuidades gratui-tas, disponibiliza um extrato mensal de transações realizadas (permite ver consumos de cada veículo com todo o detalhe), dispõe de um serviço telefó-nico de assistência em viagem 24 horas e é válido em Portugal e Espanha

Estes cartões permitem o pagamento de combustíveis e de outro tipo de produtos e serviços disponíveis e, até, deportagens

O valor comercial dos automóveis usados teve uma queda de 20% nos últimos dois anos. As contas foram feitas à “Vida Eco-nómica pelo diretor comercial da Arval Portugal, José Madeira Rodrigues. “Para

uma gestora de frotas como a Arval, a gestão de ve-ículos usados é um processo natural e inerente à sua atividade. O escoamento dos usados em si não é um problema. A questão principal são os valores dos ve-ículos e a situação económica e financeira que o país atravessa. Tanto os particulares como as comercian-tes de automóveis usados estão limitados no acesso ao crédito. Tomemos por exemplo um veículo usado do segmento médio inferior cujo valor de venda, em 2010, era comercializado por 10 mil euros. Atual-mente, o mesmo veículo é transacionado por 8000 euros tendo sofrido um decréscimo no seu valor de cerca de 20%. E esta questão não é inerente ao ren-ting, pois se considerarmos uma empresa com dez veículos, por exemplo, que gere a frota em regime de aquisição própria ou leasing financeiro, são for-temente afetados por esta desvalorização”, explica.

Neste contexto, segundo José Madeira Rodrigues, a Arval aposta em vários canais para escoar as viaturas provenientes dos contratos de renting que termi-nam. “Tiramos proveito das vantagens e benefícios dos vários canais disponíveis. Uma última questão que merece reflexão e que por vezes é levantada pelos vários organismos competentes tem que ver com as barreiras à exportação dos usados. Isto é, devido à elevada carga fiscal que os veículos têm em Portu-gal, torna-os pouco competitivos para os restantes mercados. Agora, face à desvalorização do mercado nacional, poderão estar reunidas as condições para esta tendência se inverta”, afirma o diretor comercial da Arval Portugal.

Analisando os primeiros nove meses do presente ano para a atividade de renting, José Madeira Ro-drigues refere que, “ao contrário de 2011, durante o qual se pôde afirmar que o renting pareceu pas-sar um pouco ao lado da crise, em 2012 já não se pode afirmar o mesmo. Assim, este ano, assistimos a uma quebra de produção no setor do renting na ordem dos 40%, quando comparando com o perí-

odo homólogo de 2011”. Em relação ao ano que vem, o entrevistado não antecipa “uma grande recu-peração”. “Poderá existir alguma recuperação, fruto de viaturas para as quais não é possível prolongar mais os contratos mas como muito do de-créscimo de produção resulta de efetiva redução de número de viaturas em frota, não se poderá prever um res-surgimento sem que as condições mais fundamentais da economia melhorem. De certo modo, poder--se-ia argumentar que as tendências de crescimento ou decréscimo de frotas funcionam como um ba-rómetro do nível de atividade económica, assim sendo, te-remos que primeiro aguar-dar os sinais de retoma para ver a consequente recu-peração do renting”, afirma José Madeira Rodrigues

AQUILES [email protected]

As petrolíferas estão a apostar, já há al-guns anos, em cartões destinados às frotas para fidelizar o importante mer-cado das empresas. Muito mais do que acumular pontos, estes cartões per-

mitem o pagamento de combustíveis e de outro tipo de produtos e serviços disponíveis e, até, de portagens. Além disso, é possível definir o quê e que quantidade cada condutor e/ou viatura podem adquirir. Por fim, estes cartões, com variada infor-mação online, são uma ajuda ao gestor da frota em termos de quilometragem e consumos médios efetuados.

A “Vida Económica” deixa aqui algumas in-formações sobre a oferta de BP, Repsol e Cepsa. De salientar que também solicitámos informação à Galp, mas a petrolífera nacional não nos enviou quaisquer dados até ao fecho deste artigo. Galp, BP e Repsol – que em 2004 adquiriu a rede Shell, com cerca de 300 postos, no nosso país – são os três principais operadores do retalho de combustível em Portugal.

BP Plus tem 4500 cartões

O cartão de frota da BP designa-se BP Plus. Se-gundo a petrolífera britânica, este evoluiu “de uma ferramenta simples para pagamento do combustí-vel até à oferta de serviços profissionais para apoio à gestão eficaz das frotas”. A evolução esteve, nos últimos anos, alicerçada na inovação e criação de serviços online, no reforço do controlo e segurança das transações e na oferta de ferramentas de gestão profissional de frotas, “que permitem ao utilizador mais flexibilidade e capacidade de adequar a ofer-ta às suas necessidades”, de acordo com a empresa. No que se refere à gestão de frotas, a empresa desta-ca o BP FleetReporter, que produz relatórios inte-rativos sobre dados como os consumos por viatura, km efetuados, local, hora e quantidade de abasteci-mento por condutor/veículo.

A BP tem mais de 4500 clientes empresariais, tendo o crescimento anual dos últimos exercícios rondado os 9%. Este crescimento não se deverá re-petir, no entanto, este ano. “O ano de 2012 tem sido caracterizado pela forte quebra de volumes

Um veículo que “em 2010 era comercializado por 10 mil euros, atualmente é transacionado por 8000 euros”, de acordo

com José Madeira Rodrigues.

JOSÉ MADEIRA RODRIGUES (ARVAL PORTUGAL) INDICA

Valor dos usados caiu 20%

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9FROTAS sexta-feira, 9 de novembro 2012

RICARDO FREITAS, RESPONSÁVEL DE VENDAS A FROTAS NA NISSAN, AFIRMA

“Não existe uma política de mobilidade elétrica”

“A tributação autónoma tem obrigado as empresas a rever o valorde aquisição das suas viaturas de forma a evitarem maiores penalizações fiscais”, explica Ricardo Freitas

AFIRMA LUÍS FRAZÃO CARAJOTE

Boxer com 2012 “de grande crescimento”

Este está a ser um ano “de grande crescimento” para a consultora de frotas automóveis Boxer. “Duplicámos a frota com contratos de manutenção e de fornecimentos

de pneus e os serviços de logística, de recondicionamento e de reparação de sinistros subiram 20%”, disse à “Vida Económica” Luís Frazão Carajote, administrador da empresa.

Este crescimento deve-se, segundo a mesma fonte, ao pressuposto da fundação da consultora. “A criação da Boxer em 2009 baseava-se na expectativa de que a dificuldade da venda de viaturas usadas levaria a uma perda da competitividade do renting e a um maior equilíbrio dos custos das diversas formas de financiamento. Daí a nossa política de apoiar as empresas frotistas, independentemente do sistema de financiamento por que optassem, procurando responder a todas as suas solicitações”, explica o administrador da Boxer.

Com efeito, as previsões de valores residuais têm ganho volatilidade em Portugal. ”Atualmente, o principal problema já não é o preço de venda do usado, mas sim a escassez de compradores. Como consequência, o tempo necessário para a venda do usado tem aumentado, tendo crescido os stocks e a imobilização de capital. O preço da viatura usada, que é a base da previsão do valor residual, tem ganho estabilidade. E a forma como são incorporados nessa previsão a estimativa de evolução futura da economia distingue as empresas mais

conservadoras das mais otimistas”, explica Luís Frazão Carajote.

Do ponto de vista das marcas, o especialista indica que os retalhistas têm visto as margens – nas vendas e nos pós-venda – deteriorar-se. “As margens de comercialização têm-se vindo a reduzir devido ao aumento generalizado dos descontos oferecidos. Por outro lado, a canalização do pós-venda para oficinas multimarca também contribui para as dificuldades das oficinas”, diz.

“Car pool” nas empresas?

Questionado se, no atual cenário macroeconómico, a adesão ao “car-sharing” por particulares e, até, por empresas pode acelerar nos próximos anos, Luís Frazão Carajote disse desconhecer casos concretos, mas admite a possibilidade: “Poderá crescer nas empresas pela conversão de frotas de viaturas para utilização total em frotas geridas em ‘pool’. Isto é, o agudizar da crise poderá levar à necessidade de privar os colaboradores da possibilidade de utilizarem as viaturas nos seus tempos livres”. “Até agora, não temos tido conhecimento de ser uma prática corrente”, acrescenta, porém AP

O responsável de vendas a frotas da Nissan Ibéria – Portugal afirma que “neste momento não existe uma política de mobilidade elétrica”. Ricardo Freitas salienta, em entrevista à “Vida Económica”, que “a legislação está a ser revista há um ano e criou-se um impasse que não permite sequer a tomada de decisões estratégicas pelas empresas, porque ninguém sabe o que vai acontecer”.

AQUILES [email protected]

Vida Economia – O mercado de frotas está a ter uma queda menor do que os particulares?

Ricardo Freitas – De forma geral, podemos dizer que sim. Por outro lado, se segmentarmos o mercado de frotas – rent-a-car, AOV, PME e gran-des empresas –, registamos também níveis de que-bra diferentes, sendo que os subsegmentos das PME e AOV são os que mais caem, o primeiro porque – sendo constituído por empresas que dependem do mercado doméstico – apresenta maiores níveis de fragilidade, o segundo porque tem sido muito in-fluenciado pelos prolongamentos de contratos em detrimento da aquisição de veículos novos.

VE – Qual será a quota das empresas na

Nissan?   RF – Tradicionalmente, a Nissan tem vindo

a apresentar quotas de mercado mais elevadas no segmento de clientes particulares que nas frotas, sendo que no presente ano temos como objetivo alcançar uma quota de mercado de 4%, o que re-presenta um crescimento de 0,1 pp face a 2011. Esta quota de mercado irá ser conseguida através de uma penetração de cerca de 3,2% no mercado de frotas e de aproximadamente 4,5% do mercado de particulares. Apresenta uma gama de produtos completa, desde o citadino Micra ao comercial pe-sado Atleon e passando pelos Crossover de sucesso Qashqai e Juke, para além do 100% elétrico Nissan Leaf. Neste contexto, os excelentes valores residuais dos Nissan Qashqai, Qashqai+2 e Juke tornam-nos numa excelente opção para o mercado de frotas.

VE – O novo aumento, no início de 2012,da tributação autónoma das despesas em sedede IRC também contribui para esse facto?  

RF – A tributação autónoma tem obrigado asempresas a rever o valor de aquisição das suas viatu-ras de forma a evitarem maiores penalizações fiscais. Ao conseguirmos propor, por exemplo, soluçõesde aquisição para os Nissan Qashqai e Qashqai+2abaixo dos 25 mil euros revela-se fundamental para que a Nissan possa ser considerada como opção na maioria dos casos de frotas de veículos adquiridos pelas empresas.

VE – Nas renovações de frotas, tem havido

“downgradings” de segmento e motorizações? RF – Em alguns casos, sim, embora não seja

significativo. Tem havido, isso sim, uma maior pressão para a baixa de preços e manutenção dossegmentos de veículos dos utilizadores.

VE – Qual o papel do elétrico Leaf nestecenário?  

RF – O facto de o valor máximo dedutível au-mentar de 25 mil para 50 mil euros no caso dos veículos elétricos, que veem também a redução do imposto de tributação autónoma de 20% para10%, são dois fatores importante a ter em conta no mercado das frotas e que tem permitido queo Nissan Leaf comece a ganhar alguma relevâncianeste mercado. O facto de o Leaf estar também adar os primeiros passos em segmentos carismáticoscomo a polícia, os táxis, os municípios e as gran-des empresas é mais um reconhecimento da valiadesta proposta e do que ela representa em situaçõesem que, para além dos considerandos económicos, a política de sustentabilidade ambiental assumetambém importante relevo. Acreditamos que ire-mos ter um crescimento relevante nos próximos anos, pois quando nos focamos não apenas nopreço de aquisição mas em conceitos mais amploscomo o custo total de utilização (TCO, na sigla in-glesa “total cost of ownership”), os veículos elétri-cos constituem-se uma excelente opção, quer porcusto de energia consumida, quer também pelos seus custos de manutenção bastante inferiores aos dos veículos com motores de combustão interna.

VE – Concorda com a política do atual Governo em relação à mobilidade elétrica?  

RF – Neste momento, não existe uma políti-ca de mobilidade elétrica. A legislação está a serrevista há um ano e criou-se um impasse que não permite sequer a tomada de decisões estratégicas pelas empresas, porque ninguém sabe o que vai acontecer. O Governo pode e deveria apresentar esta legislação, até porque existem incentivos à mobilidade elétrica que podem ser traduzidos em vantagens para os utilizadores sem constituírem um custo para o Estado.

VE – Os descontos nos novos, provocados pela retração na procura, e os elevados sto-cks de usados constituem pressão sobre os valores residuais da marca?  

RF – A Nissan não tem como estratégia fazerdescontos como forma de ganhar exclusivamente quota, tampouco temos ou viremos a ter stocks elevados ou desajustados à procura de veículosusados. Com isto acreditamos ter monitorizadoe gerido de forma eficaz a evolução dos valoresresiduais dos nossos produtos. Um bom exemplodisto é como dissemos o Nissan Qashqai, lançadono início de 2007 e que continua a ser uma re-ferência no mercado, com um valor residual que se situa no topo do segmento mesmo quase seisanos após o seu lançamento, o que é um feitonotável

“Duplicámos a frota com contratos de manutenção e de fornecimentos de pneus”, indica Luís Frazão Carajote.

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sexta-feira, 9 de novembro 2012 FROTAS10

AVISA O DIRETOR COMERCIAL DA AUTOMÓVEIS CITROËN

“Comprar carro não é prioridade nem de empresas nem de particulares”

“Não existem elevados níveis de stock de usados na marca Citroën”, segundo o diretor comercial da filial portuguesa da marca

AQUILES [email protected]

Os modelos de cinco passageiros e com portas atrás equipados com motorizações diesel e híbridas tem levado a Porsche a ter uma presença no mercado das frotas. “Com a introdução das motorizações

diesel conseguimos entrar finalmente neste segmen-to. Também observamos que as motorizações híbri-das conquistaram alguns clientes no segmento em-presarial e são bem aceites pelos gestores de frotas”, disse à “Vida Económica” o diretor de marketing e relações públicas da Porsche em Portugal, Nuno Costa.

Aquele responsável sublinha, no entanto, que “a Porsche é uma marca residual” no segmento das frotas pelo seu posicionamento. “Cerca de 20% das nossas vendas (60 unidades) são para este segmen-to”, refere Nuno Costa numa previsão às vendas da marca “premium” alemã neste segmento em 2012. Aquele número será, segundo o entrevistado, 15% mais baixo que no ano passado. O diretor de ma-rketing e relações públicas da Porsche em Portugal explica-nos que aquela quebra já era esperada, “pela crise que afeta transversalmente o mercado”. “O mercado de frotas está a ter uma queda menor, mas ainda assim sente-se a retração”, indica.

Embora destaque que a marca pretende evo-luir no segmento frotista, Nuno Costa avisa que a Porsche vai manter todo o cuidado nos descontos e gestão de stocks, até para defende os valores re-siduais. “Nós não praticamos políticas comerciais

que possam prejudicar o futuro da marca a médio e longo prazo. A Porsche pretende estar presente no mercado por longos anos e o risco de entrar em descontos ou esquemas comerciais para escoar stock não é considerado pela marca. Em termos globais, há sempre procura para os nossos modelos e por isso não temos constrangimentos a esse nível”, afirma a nossa fonte.

Custos de utilização baixam

Além dos valores residuais, também os custos de utilização (consumos de combustível e manutenção) impor-tam nas frotas. A Porsche “tem evoluí-do consideravelmente neste capítulo”, de acordo com o porta-voz da marca em Portugal. “Estamos na vanguarda da tecnologia através da nossa filoso-fia Porsche Inteligent Performance em que reunimos as nossas competências nas áreas de tecnologia e ambiente de forma a reduzir consumos e emissões, bem como construção ligeira e amiga do ambiente. O caso mais exemplificativo é a nova gera-ção do 911, que apresenta menos 15% de emissões e consumos. Trata-se do desporti-vo mais iconográfico no mundo automóvel e conseguimos apresentar consumos de me-nos de 7 l/100 km. Isto para não falar do Pa-namera S Hybrid, com consumos abaixo dos 5 l/100 km”, refere Nuno Costa

Valores residuais são “fator diferenciador” na Volkswagen

O valor comercial dos Volkswagen usados é um argumento comercial da marca alemã. “O valor residual é um fator positivo

diferenciador face à concorrência. Consideramos que a nossa atividade de venda de veículos novos versus venda de veículos usados está equilibrada, pelo que o valor residual tem vindo a reforçar--se”, disse à “Vida Económica” fonte da SIVA, importador da Volkswagen para Portugal.

As vendas a frotas, que no caso da Volkswagen no mercado nacional rondam os 50%, vão, segundo a mesma fonte, cair menos do que o mercado. “Tendo em consideração que não existem estatísticas oficiais sobre o mercado de frotas, estimamos, que embora com uma quebra significativa, este mercado apresenta uma quebra inferior ao mercado nacional, ou seja, cerca de 30%. Um dos fatores que está diretamente ligado com esta evolução negativa têm sido os prolongamentos de contratos de aluguer operacional de viaturas”, refere AP

Novo Classe A é trunfo fiscal da Mercedes

O novo Classe A, no mercado há poucos meses, pode ser um trunfo fiscal para a Mercedes, pois a versão 180 CDI

assume-se como o primeiro modelo da marca a ficar, para clientes frotistas, abaixo da fasquia dos 25 mil euros, valor em que o escalão da tributação autónoma das despesas em sede de IRC muda. “O Classe A é uma clara mais

valia para a Mercedes-Benz, não só no canal empresarial mas em todos os outros. Além do design emocional e da eficiência dos motores, posicionámos este produto numa faixa de preço muito competitiva que nos permite (consoante a frota do cliente e a configuração do produto) colocar o Classe A abaixo da fasquia dos 25 mil euros, algo que naturalmente contribuirá ainda mais para o sucesso deste modelo”, disse à “Vida Económica” fonte da Mercedes-Benz Portugal.

Sem referir números concretos, a mesma fonte refere que “o volume de negócios da Mercedes-Benz na área de frotas encontra-se relativamente estável”. “Estamos com uma gama de produtos muito interessante para este mercado, com novos produtos como o Classe B e o novo Classe A, bem como uma oferta exclusiva especialmente para este segmento: os Mercedes-Benz FleetPack disponíveis para o Classe E, Classe C e Classe B. Estes produtos dispõem de um determinado pacote de equipamento que beneficia de uma significativa vantagem de preço”, afirma o mesmo responsável, que acrescenta o bom valor comercial em usado dos modelos da marca da estrela como um trunfo adicional neste segmento, em particular juntos das gestoras de frotas AP

Os modelos de cinco lugares e portas atrás com motores diesel e híbridos levaram os Porsche a

serem opção nas frotas, segundo

Nuno Costa.

Diesel e híbridos abrem portas das frotas à Porsche

AQUILES [email protected]

A troca de carro está em segundo plano em Portugal, devido ao atual momen-to económico por que o país passa, de acordo com o diretor comercial da Automóveis Citroën, Gonçalo Ferrei-

ra. “Há muito tempo que não há uma notícia que não afete de alguma forma o mercado automóvel. Comprar carros não é seguramente a prioridade nem das empresas, nem dos particulares. Está a haver um claro ajustamento do tipo de carros que se compram e as marcas estão a adaptar-se a esse ajustamento, por parte dos compradores”, disse à “Vida Económica”.

A mesma fonte salienta que, devido à inexis-tência de estatísticas, não é fácil “saber ao certo quanto vale cada segmento de mercado”, mas “claramente que a quebra se faz sentir mais nos particulares”. “Como consequência da quebra acentuada no mercado de particulares, temos fei-to um maior esforço na venda a empresas, pelo que poderemos dizer que estamos a crescer den-tro deste segmento”, refere Gonçalo Ferreira.

Marcas fazem esforço nos custos

Questionado se o cenário de prolongamentos de contratos de aluguer operacional de viaturas (AOV) prejudica as vendas de automóveis no-vos, o diretor comercial da Citroën em Portugal afirma ser “claro que sim”. “Quando se prolonga um contrato, deixa de se vender um carro. O que poderá começar a acontecer é que os prolonga-mentos que têm sido feitos têm limites porque deixam de ser interessantes para as empresas de AOV e desta forma poderá haver um ligeiro au-mento de renovação de parque de determinadas empresas, o que poderá ajudar, mesmo que ligei-ramente, e a venda de alguns automóveis novos a empresas”, explica a mesma fonte.

Mais por menos. Tem sido esse, segundo Gon-çalo Ferreira, o esforço das marcas. “Tem havido downgrading de segmentos mas que em muitos casos têm sido acompanhados por um maior es-forço das marcas vendedoras para não perderem os clientes, ou seja, em alguns casos o cliente aca-ba por manter o mesmo nível de viatura mas com custos ao nível duma viatura teoricamente dum segmento inferior”, afirma.

Os descontos nos novos, provocados pela re-tração na procura, e os elevados stocks de usados constituem pressão sobre os valores residuais da maioria das marcas, mas o construtor francês não vive esse problema, segundo o entrevistado. “Não existem elevados níveis de stock de usados na marca Citroën, pelo que não será por aí que haverá pressão sobre os valores residuais. Aliás, o efeito até tem sido o contrário, ou seja, o facto de a venda de novos estar muito afetada, tem permitido um significativo aumento na venda de usados, não afetando os valores residuais”, re-fere o diretor comercial da Automóveis Citroën

O facto de, em algumas versões, ficar abaixo dos 25 mil euros é trunfo fiscal nas frotas.

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11FROTAS sexta-feira, 9 de novembro 2012

OPINIÃO

O rent-a-car no contexto da economia portuguesa

“Não existem elevados níveis de stock de usados na marca Citroën”, segundo o diretor comercial da fi lial portuguesa da marca

O nosso país encontra-se mergulhado numa crise derivada grandemente de um abrandamento da procura internacional e também da perda de quota de mercado devido a um claro

desajustamento entre o modelo dominante na nossa economia e o que são atualmente os fatores de competitividade no contexto de uma economia global.

O rent-a-car é uma atividade económica de locação automóvel que abrange um mercado que vai desde o turismo às empresas, profi ssionais liberais e particulares, sendo por isso o setor de locação automóvel por excelência.

A crise que o país e a Europa atravessam tem afetado de forma decisiva o setor automóvel e os setores ligados a este, como sejam quer os meios de fi nanciamento (leasing, ALD) quer as atividades de locação automóvel (AOV que não seja fi nanceiro e aluguer de automóveis em regime de curta duração, rent-a-car).

O rent-a-car e as empresas:

Atualmente, empresas e particulares racionalizam e cortam em todos os custos em que é possível, que no setor automóvel se tem traduzido numa diminuição da dimensão das frotas e adiamento da troca de veículos.

A racionalização de custos de frota tem passado pelo cada vez maior recurso por parte das empresas à utilização de veículos em regime de curta e média duração disponibilizados pelas empresas de rent-a-car, constituindo este sistema o que melhor se adapta às empresas que pretendem diminuir os seus custos com frota automóvel utilizando desta forma veículos pelos períodos que necessitam sem estarem presas a contratos de longa duração em que não existe um aproveitamento de todo o período de aluguer gerando desperdícios em termos de utilização. O rent-a-car permite às empresas a adaptação das suas necessidades de frota à realidade de cada momento.

As empresas que necessitam de viaturas em períodos cada vez mais defi nidos e planeados já concluíram que:

Não necessitam de uma frota tão numerosa;Poderão, através de um melhor planeamento,

utilizar veículos automóveis apenas quando é realmente preciso, eliminando, assim, os períodos “mortos”;

Podem eliminar os encargos fi nanceiros constantes do Balanço, e aqui não devemos esquecer as novas regras de contabilização introduzidas pelo SNS – Sistema de Normalização Contabilística.

O aumento da carga fi scal sobre veículos automóveis, nomeadamente através do IUC – Imposto Único de Circulação, cria a necessidade de racionalização do uso de automóveis nas empresas recorrendo estas ao aluguer de viaturas apenas quando existe necessidade das mesmas, chamando aqui mais uma vez a atenção para a importância do rent-a-car como “suplier” destas necessidades.

O rent-a-car e o turismo:

A atividade de aluguer de automóveis sem condutor (rent-a-car) constitui um setor com grande signifi cado para a economia portuguesa

JOAQUIM ROBALO DE ALMEIDASecretário-geral da ARAC – Associação dos Industriais de Aluguer de Automóveis Sem Condutor

e em especial para o Turismo, representando em grande parte o produto turístico nacional, pois não podemos esquecer que é o primeiro e o último produto turístico utilizado por quem nos visita.

Repetidas vezes se fala do Turismo como uma das alavancas para Portugal, mas tal continua ainda a não ser uma realidade, não se estando a investir e a dar a importância devida a este grande setor da atividade económica.

O nosso país, para além do esforço de crescimento nos mercados tradicionais, deverá igualmente ser uma alternativa para todos aqueles destinos onde ainda existem confl itos políticos.

Portugal é um destino turístico pelas qualidades que tem enquanto país. É por isso importante melhorar a linha estratégica, para que avancemos de forma rápida e consolidada na dinamização do Turismo em Portugal, à semelhança do que se passa em Espanha, onde o turismo é efetivamente considerado como um motor da economia, apesar de não ser o único. Em Portugal, com uma economia fortemente aberta e dependente do exterior, deveria dar-se maior importância ao Turismo.

O aluguer de automóveis sem condutor, apesar de enfrentar atualmente problemas conjunturais que exigem uma atuação efetiva, no sentido da introdução de medidas que permitam ao setor retomar o crescimento, contribuiu de forma decisiva para o melhoramento da situação económica nacional tendo em conta a sua grande

importância no contexto turístico nacional.O ano de 2012 revelou-se particularmente

difícil nos primeiros 3 meses, tendo a situação melhorado a partir de abril, tendo o setor registado no verão um nível de faturação e ocupação de frotas próximo do registado no mesmo período de 2011, pelo que, atenta a situação da economia, pode dizer-se que foi um verão razoável, apesar de os resultados de 2011 e 2012 serem inferiores aos registados em anos anteriores.

No que respeita à importância do setor de rent-a-car para o setor automóvel em Portugal, importa referir que o rent-a-car é atualmente o setor que mais compra veículos ligeiros de passageiros em Portugal, pelo que o seu peso no mercado automóvel nacional é inquestionável, sendo que cerca de 20% dos veículos novos vendidos no corrente ano até fi nal de setembro destinaram-se a empresas de rent-a-car

O ESSENCIAL SOBRE O IVA analisado numa perspetiva prática

PROGRAMA: I) Código do IVA: - Aspetos caraterizadores do imposto - Sujeitos passivos de IVA e “reverse

charge” - IVA na construção civil e no imobiliário - Regras de localização das transmissões

de bens e das prestações de serviços - Facto gerador e exigibilidade - Operações com as Regiões Autónomas - Obrigações declarativas - Regimes e enquadramentos em IVA II) Regime do IVA nas Transações

Intracomunitárias de bens (RITI): - Aspetos genéricos - Aquisições e transmissões

intracomunitárias de bens - Aquisição de meios de transporte - Regime derrogatório das aquisições

intracomunitárias de bens - Bens com instalação ou montagem - Regime das vendas à distância - Operações triangulares - Falsas triangulares - Isenções nas importações de bens

destinados a outros Estados Membros

III) Outros: - Regime de reembolsos de IVA a não

residentes - Declaração recapiulativa de IVA

FORMADOR: Dr. Duarte Travanca

INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES: Vida Económica - Patrícia Flores

E-mail: [email protected]

PORTO23 novembroHotel D. Henrique

Preços*: Público Geral: G95Ass. VE: G75 *(+ IVA)

INICIATIVA:

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