Parada do Orgulho LGBT: uma estratégia de visibilidade cultural e midiática

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Parada do Orgulho LGBT: Parada do Orgulho LGBT: uma estratégia de visibilidade cultural uma estratégia de visibilidade cultural midiática. midiática. Diego Cotta | PPGMC - IACS - UFF Diego Cotta | PPGMC - IACS - UFF

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Este trabalho visa tipificar, explicar e entender um dos caminhos escolhido pelo Movimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais – a Parada do Orgulho LGBT -, para gerar visibilidade a suas demandas, cultura e reivindicações por direitos civis. A partir da análise do traço político-estratégico do Movimento LGBT, que perpassa pela espetacularização de sua cultura, o trabalho conseguirá entender os motivos dessa escolha e sugerir novos formatos.

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Parada do Orgulho LGBT: Parada do Orgulho LGBT: uma estratégia de visibilidade cultural e uma estratégia de visibilidade cultural e midiática.midiática.

Diego Cotta | PPGMC - IACS - UFFDiego Cotta | PPGMC - IACS - UFF

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RESUMO

Este trabalho visa tipificar, explicar e entender um dos caminhos escolhido pelo Movimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais – a Parada do Orgulho LGBT -, para gerar visibilidade a suas demandas, cultura e reivindicações por direitos civis. A partir da análise do traço político-estratégico do Movimento LGBT, que perpassa pela espetacularização de sua cultura, o trabalho conseguirá entender os motivos dessa escolha e sugerir novos formatos.

Palavras-chave: cultura; LGBT; visibilidade; política; mídia.

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• Sociedade líquida. BAUMAN, 2001.

• Hipermodernidade. LIPOVETSKY, 2004.

• Cultura da mídia. KELLNER, 2001.

• Megaeventos. FREITAS, 2011.

• Afeto, mídia e política. SODRÉ, 2006.

• Astúcia. SANTIAGO, 2004.

• Invisibilidade. LOPES, 2007.

CONCEITOS

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Liquidez e hipermodernidade

• Questionamento das instituições rígidas;

• Liquidez como meio de imprevisibilidade e transformação;

• Individualismo, hedonismo e exacerbação do eu.

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Mídia

Quando as pessoas aprendem a perceber o modo como a cultura da mídia transmite representações opressivas de classe, raça, sexo, sexualidade, etc. capazes de influenciar pensamentos e comportamentos, são capazes de manter uma distância crítica em relação às obras da cultura da mídia e assim adquirir poder sobre a cultura em que vivem. Tal aquisição de poder pode ajudar a promover um questionamento mais geral da organização da sociedade e ajudar a induzir os indivíduos a participarem de movimentos políticos radicais que lutem pela transformação social.

KELLNER, 2001, p. 83.

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FAN PAGE RIO SEM HOMOFOBIASugiro que entendamos os grandes eventos como mídia, principalmente porque eles conseguem representar e comunicar culturas, além de viabilizar uma conectividade entre seus participantes e propiciar uma transformação de corações e mentes.

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Evento-mídia

Entendemos esses eventos como mídia por exporem os cosmopolitismos, as culturas nacionais e as culturas locais, propondo traduções interculturais a cada dado. (...) Esse quadro é especialmente importante para o campo das relações públicas devido ao novo conjunto de dados e de ações a serem pensados nas organizações e nos poderes públicos quanto ao diálogo entre cidadania e espetáculo.

FREITAS, 2011, p. 2.

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Mas por que uma Parada?

É carnaval fora de época!

Os gays vão só pra fazer pegação!

Orgia a céu aberto!

Ninguém vai pra reivindicar direitos. É uma zona!

Deus me livre, me misturar com aquele povo pobre!

Não me sinto representado!

É rave de drogado, com um bando de promíscuos.

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Mas por que uma Parada?

O ganho maior é a visibilidade. Não se consegue ignorar uma manifestação pacífica de três milhões de humanos no planeta. Então, essa foi a coisa que mais chamou a atenção e as pessoas percebem. E isso é uma coisa curiosa: nós checamos sempre como está isso ao redor do mundo e nós encontramos, no ano passado [2007] e retrasado [2006], questões de homofobia levadas para a mídia na China e no Japão. Em lugares que nem se falava a palavra, de repente, ela surge. As pessoas já começam se questionar, se tornando um ganho para nós; o que é o principal: as pessoas ao redor do mundo estão ouvindo falar de homofobia e do que se trata isso.

SARNO, 2008, p. 4.

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[...] a instalação de uma outra dimensão do popular, a da expressividade do tumulto feito de gargalhada e descontração, assovios e ruídos obscenos, grosserias por meios das quais as pessoas liberam, misturadas, a rebeldia política e a energia erótica. (...) Para além do peso específico que essas “expressões” do popular podem assumir em cada situação nacional, o decisivo é o assinalamento do sentido que elas adquirem: são as massas tornando-se socialmente visíveis, configurando sua fome de ascensão a uma visibilidade que lhes confira um espaço social. MARTIN-BARBERO, 2009, p.269.

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A possibilidade do invisível

Em outras palavras: pergunto se o homossexual não pode e deve ser mais astucioso? Se formas sutis de militância não são mais rentáveis do que as formas agressivas? Se a subversão através do anonimato corajoso das subjetividades em jogo, processo mais lento de conscientização, não condiciona melhor o futuro diálogo entre heterossexuais e homossexuais, do que o afrontamento aberto por parte de um grupo que se automarginaliza, processo dado pela cultura norte-americana como mais rápido e eficiente?

SANTIAGO, 2004, p. 201.

A desaparição seria, então, uma outra maneira de viver, de se reinventar e de pertencer. A desaparição está sempre em constante tensão com a visibilidade, nos seus vários sentidos, seja político, cultural, comercial ou existencial. (...) Trata-se de buscar menos confronto e mais sutileza diante do crescente uso conservador das políticas de representação por movimentos religiosos e étnicos fundamentalistas, uma estratégia que privilegie e amplie o necessário diálogo com outros sujeitos na esfera pública. Onde é esperado um confronto, uma luta, mudar de posição. Onde é esperado o grito, baixar a voz.

LOPES, 2007, s.p.

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• Não considero que haja um esvaziamento político das Paradas do Orgulho LGBT. É uma forma peculiar de reivindicação de direitos, com uma estética própria e irreverente;

• O evento-mídia gera a visibilidade pretendida e faz emergir os conflitos sociais sobre o tema, pois questiona representações tácitas e naturalizadas que ratificam ideologias opressivas de classe, raça, sexo e (homo)sexualidades;

• A invisibilidade, como propõem Lopes e Santiago, em tempos hipermodernos propostos por Lipovetsky e líquidos, por Bauman, seria um contrassenso e/ou um sepultamento de todo esforço perpetrado por anos de luta e ativismo do Movimento LGBT, que já delineou e construiu uma forma peculiar e estética de se fazer política.

• A época de afirmação pela quantidade já passou e agora a Parada do Orgulho LGBT necessita de uma “qualificação”, além de uma maior sensibilização com demandas mais específicas do grupo, como as (os) das (dos) transexuais, e a aproximação do Movimento LGBT com outras bandeiras e demandas da contemporaneidade;

Considerações finais

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Diego Cotta

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OBRIGADO! OBRIGADO!