Parabolas_Lucas 01

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As Parábolas Rabínicas e

as Parábolas de Jesus no

Evangelho de Lucas

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1. CARACTERÍSTICAS• As parábolas são radicalmente profanas:

viagens, negócios, família, profissões etc.

Pessoas comuns fazendo coisas comuns.

• O Reino de Deus, que é extraordinário, é

explicado a partir do ordinário. Para que a

pessoa, na sua realidade profana e secular, seja

interpelada.

• A parábola não é tanto para o intelecto, mas para

a emoção, a criatividade, a memória, a ação.

• O que faz sentido não são as situações enquanto

tais, mas a estrutura do drama, a intriga.

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• Objetivo é mudança na direção do olhar e do

coração (conversão e decisão).

• Paul Ricoeur (Francês 1913-2005): Por que as

parábolas não nos deixam atônitos e postos em

movimento?

• “Fala-se por parábolas, para que, vendo, não

vejam; e, ouvindo, não entendam” (Lc 8,10 // Mt

13,11).

• As parábolas não são óbvias. Há um elemento de

extravagância que atrai nossa atenção. O Mestre

tem a explicação da parábola: “Interrogaram-no

os discípulos: Que parábola é esta?” (Lc 8,9)

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2.ETAPAS DE COMPOSIÇÃOa) Ministério de Jesus a serviço do Reino: contexto

em que ele viveu: a vida de Jesus em si mesma é

a chave de compreensão das parábolas.

b) Na pregação apostólica: à luz da páscoa de

Jesus, a certa distância da situação

original, pregadores ajuntam explicações para

que sejam inteligíveis.

c) Fixação por escrito: para evitar perdas ou

corrupção da mensagem de Jesus.

d) Inserção no texto evangélico: dentro de um

projeto teológico bem articulado

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3. CATEGORIASa) Comparação: usa os termos “assemelhar-

se”, “semelhante”: Lc 13,18

b) Parábola no sentido estrito: não tem fórmula

introdutória. Faz interrupção abrupta. Dá chave

de leitura para se compreender a ação/vida de

quem cria a parábola: Lc 16,1

c) Alegorização: releitura moralizante da parábola a

partir de uma realidade concreta. Ponto por

ponto: Lc 8,11

d)Narrativa exemplar: Lc 10,25

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4. EIXOS SEMÂNTICOS NOS SINÓTICOSa) Parábolas do Reino: a maioria delas

b) Parábolas da decisão e do juízo: decisão por

Jesus para evitar o juízo futuro

c) Parábolas da vigilância diante do Evento

Escatológico: preparação ao longo da vida

d)Parábolas da misericórdia de Deus

e) Parábolas que ilustram a relação do ser humano

com Deus

f) Parábolas que ilustram a relação do ser humano

com seu semelhante.

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5. PARÁBOLAS RABÍNICASa) O termo hebraico MASHAL vem da raiz que tem

sentido de comparar, tornar-se comparável a, ser

semelhante a.

• Designa todo tipo de linguagem figurada:

fábula, alegoria, comparação, provérbio, charada,

piada.

• O termo grego “parabole” (Aristóteles:

Retórica, II, 20,2-4) tem o sentido de

justaposição, colocar ao lado de.

• Mashal e parábola não se correspondem de modo

exato.

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b) Os principais tipos de meshalim são:

• - refrão; comparação (SNm 93 a Nm11,17) e

pequena narrativa, que chamamos de parábola (O

peixe podre: sobre Ex 14,5.

c) A estrutura básica de uma parábola rabínica é:

• - Citação bíblica; fórmula introdutória (contou

uma parábola, a que se assemelha, se assemelha

a); relato; aplicação e citação bíblica.

• Exemplo: Mek a Ex 14,27: a pomba e o falcão.

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d) A função da parábola rabínica é servir de recurso

hermenêutico para:

- Harmonizar, esclarecer ou conciliar textos

bíblicos, como Jn 1,3 e Sl 139,7-10;

- Responder perguntas: O coxo e o cego;

- Confirmar uma exegese: Dois cachorros e o lobo

e) Personagens:

Rei, pai de família, figuras opostas (amo-servo;

comprador-vendedor etc), personagens coletivos;

animais (representam o mal, exceto a pomba).