Para Ray e Blanche - esextante.com.br finge interesse em todos os livros que os alunos estão lendo....
20
Transcript of Para Ray e Blanche - esextante.com.br finge interesse em todos os livros que os alunos estão lendo....
Para Ray e Blanche
1
C A P Í T U L O
Eu realmente estou ficando cansado dessa obses-são da Amanda por cavalos.
... E, NO CAPÍTULO 10, SÓ UMA SEMANA ANTES DA GRANDE CORRIDA, CANELAS
DE OURO APARECE MANCANDO...
Canelas de
Canelas de
Ouro 2: Ouro 2:
A CORRIDA
A CORRIDA
CLUBEDO
LIVROLIVRO
IRMÃO
GUERRA CIVIL
ILHA D
O T
ESOURO
BOLIC
HE
BOLIC
HE
FOGO
SIN
AIS
INVASÃO
2
O Teddy solta uma risada IGUALZINHA ao som de um cavalo relinchando – e nem é de propósi-to: é só o jeito que ele ri. Tenho certeza de que a
Terça-feira de manhã cedo no CL – Clube do Livro – e eu já tenho que aturar a Amanda falando sem parar sobre mais uma história idiota sobre cava-los. Semana passada foi Canelas de Ouro: O resga-te. Hoje é Canelas de Ouro 2: A corrida.
O PRÓXIMO DEVE SER CANELAS DE OURO 3:
A SONECA.
CANELAS DE OURO 4: ESTADO DE
HUMPF!
Irrita (ops, a dona Rita, a bibliotecária) vai ter um ataque, mas ela está mais pra lá do que pra cá, qua-se dormindo. Isso é uma surpresa, porque a Irrita em geral disfarça bem e
3
finge interesse em todos os livros que os alunos estão lendo. Mesmo que sejam a maior chatice:
A guerra dos elfos de Darton: Trilogia
dos dragões mortais
Princípios avançados de matemática
teórica
Como esteja melhorando a
gramática
O clube das animadoras de torcida: Namoro e
confusão
Poemas de amor deprimentes que
nem rimam
O título de verdade não é esse, mas
DEVERIA ser!
Eu detesto ler. Só venho por
causa do lanche.
Guarde este código! Você VAI precisar!
A GUERRA DOS
ELFOS DE DARTON:
Trilogia dos dragões mortais
Princípios avançados de matemática
teórica
O CLUBE DAS ANIMADORAS DE TORCIDA:
Namoro e confusão
4
Finalmente, a Amanda termina (não precisa de suspense: o Canelas de Ouro ganha a grande cor-rida!!) e todo mundo se levanta para sair quando...
Opa! É melhor a gente se esconder. A menos que seja comida ou dinheiro, não sou muito fã das coi-sas que os professores gostam de compartilhar. Lembra quando o técnico John mostrou sua cole-ção de pedras no rim?
ESPEREM UM MINUTO, CRIANÇAS! TENHO UMA COISA
PARA MOSTRAR A VOCÊS!
A Irrita abre a gaveta da mesa e pega um livri-nho todo gasto, mais ou menos do tamanho de
... E ESTA AQUI QUASE ME MATOU!
5
uma pilha de bilhetes de castigo.
Certo, não é a coisa mais emocionante do mundo. Uma menina qualquer es-creveu um livro. E daí?
ARRAM! NÃO QUE EU JÁ TENHA VISTO MUITOS
BILHETES DE CASTIGO!
– Encontrei isto nos arquivos da escola! – diz ela.
FOI ESCRITO POR UMA ALUNA BEM AQUI, NA ESCOLA 38!
– O nome dela era Edna – diz a Irrita. Ela fica lá com aquele sorrisinho irritante de “estou espe-rando a reação de vocês” que os professores cos-tumam fazer.
QUÊ? ESPERE, QUEM?
EDNA? NÃO TEM NENHUMA
EDNA AQUI!
NUNCA OUVI
FALAR!PFFF
6
– É claro que vocês não conhecem esse nome – continua ela.
ELA VIVEU HÁ 100 ANOS!
ESTE LIVRI-NHO É MUITO ANTIGO!
– Achei que a coisa mais velha que tinha por aqui fosse o professor Calvin – cochicha o Teddy.
Só para ter uma ideia, até as RUGAS dele têm rugas.
– Eu não devia chamar isto de livro – diz a Irrita, corrigindo a si mesma. – Na verdade, são anota-ções de diário sobre como era a Escola 38 na épo-ca em que foi fundada.
NÃO TINHA BIBLIOTECA... NEM REFEI-
TÓRIO...
SEM BIBLIO-TECA?!
SEM REFEI-TÓRIO?! CALMA,
CHAD.
ONDE ELES DEIXAVAM CAVALOS?
NAQUELA ÉPOCA ELES TINHAM AULA DE QUÊ?
QUANTOS ALUNOS ESTU-DAVAM AQUI?
O PROFESSOR CALVIN JÁ
DAVA AULA DE CIÊNCIAS?
QUANDO VOCÊ FALTAVA, O QUE
ACONTECIA?ELES
FAZIAM PROVA?
7
OS PRO PASSAVAM DEV
DE CASA?
– ... nem estacionamento, é claro – continua ela. – Naquele tempo, não tinha ônibus escolar e os car-ros mal tinham sido INVENTADOS!
ALGUMAS PESSOAS VINHAM PARA A
ESCOLA A CAVALO!
Cuidado! A Amanda qua-se me joga longe com uma cotovelada, de tanta ani-mação. Em breve nas livra-rias: Canelas de Ouro 5: Traumatismo craniano.
– Eu queria ter vivido naquela época! – diz ela, sem conseguir conter o entusiasmo.
– Então somos dois – resmungo.
GRITINHO!
QUANTAS HORAS ELES FICAVAM NA
ESCOLA?
8
– Ops! Já passamos da hora – diz a Irrita, olhando no relógio. Guardem as perguntas para o próximo encontro. Talvez o diário da Edna tenha todas as respostas!
Saímos da biblioteca e o Francis parece radiante.
– Aquele diário deve ser FASCINANTE!
– Fique sabendo que o aipo é uma das verduras mais versáteis da natureza – diz ele, na defensiva, nos olhando com desdém. – E qual é o problema em querer aprender sobre alguém do passado?
PARA VOCÊ, TALVEZ!
É, FRANCIS, PARA VOCÊ ATÉ UM AIPO É FASCINANTE!
HUM... ALÔ? VOCÊ FEZ UMA PESQUISA COMPLETA SOBRE
BENJAMIN FRANKLIN!EU? QUANDO?
VOCÊ MESMO JÁ FEZ ISSO!
9
– Foi diferente – respondo. – Ben Franklin era in-ventor, escritor, cartunista... ele era LEGAL!
– Minha tia-avó se chamava Edna – Chad entra na conversa. – Ela tinha um dente só e cheirava a naftalina.
– Obrigado por provar o meu ponto de vista, Chad – diz o Teddy, dando uma risadinha.
BOM, TALVEZ A EDNA TAMBÉM SEJA LEGAL!
CERTO, PORQUE NADA PARECE TÃO “LEGAL” QUANTO O
NOME EDNA!
BOM, EU ACHO QUE VAI SER DIVERTIDO LER SOBRE A ESCOLA 38 DE ANTIGAMENTE! É A HISTÓRIA!
10
FATO SOBRE O FRANCIS: Ele consegue dizer o nome de todos os vencedores da Copa do Mundo em 20 segundos. De trás para a frente.
O Francis é assim mesmo. Ele se interes-sa DE VERDADE por história. E por aipo. E por TUDO. Todos sa-bem que ele é um dos alunos mais inteligen-tes da escola. Mas não anda por aí QUEREN-DO APARECER...
Está vendo o que eu quero dizer? Gina e seu ego gi-gante. Já entendemos o recado, Gina: você tem um cérebro grande. E a sua boca é do mesmo tamanho.
Ela me avista e se aproxima, toda metida.
ALEMANHA ESPANHA ITÁLIA BRASIL FRANÇA BRASIL ALE-MANHA OCIDENTAL ARGENTI-NA ITÁLIA ARGENTINA...
... COMO CERTAS PESSOAS!
... E A PROFESSORA GODIVA DISSE QUE EU
FIZ A MELHOR REDAÇÃO QUE ELA JÁ LEU!
TICTAC
TICTACTICTAC
11
– Belo trabalho no CL, bobalhão – diz ela, debo-chada.
Sinto minhas orelhas começa-rem a queimar.
– Gina, se você tivesse metade da inteligência que DIZ ter, sa-beria a diferença entre um ro-mance gráfico e um mero gibi.
“DÃÃÃ... EI, PESSOAL, OLHA O QUE ESTOU LENDO! MAIS
UM GIBI IDIOTA!GIBI IDIOTA! ”
Eu me viro e, de repente, uma barriga do tamanho de uma bola de basquete está na minha frente. É o diretor Nicolas. A pergunta é: QUAL diretor Nicolas?
MAS VOCÊ NÃO TEM, E NÃO, NÃO
SABE, ENTÃO CALE A BOCA!
NATE?
POSSO FALAR COM VOCÊ?
12
Bom, ele não parece disposto a me matar. É uma boa mudança de clima.
– Nate, temos um aluno novo. Você poderia mos-trar a escola para ele, apresentá-lo ao pessoal... ba-sicamente, ser o “parceiro” dele nos próximos dias?
Ser diretor desta
escola é sem dúvida o MELHOR trabalho do MUNDO!
Essas crianças às vezes
me deixam louco, mas até que é bom !bom !
EI! EU JÁ DISSE PARA NÃO
CORRER!
SUAVE AGRIDOCE EXTRA-AZEDO
MARAVILHA! PASSE NA MINHA
SALA DAQUI A POUCO!
NOSSA! É CLARO QUE SIM!
13
Agora é a MINHA vez.
– O que achou DISSO, Gina? Ele poderia ter pedido a VOCÊ que mostrasse a escola ao aluno novo, mas pediu para MIM!
– Parabéns! Grande coisa!
Infelizmente, já tinha gasta-do todas as minhas respos-tas espertinhas. Então fico lá, parado, enquanto a Gina tira sarro com a minha cara.
ATÉ UM MACACO ADESTRADO PODERIA FAZER ISSO!
– Ignore, Nate – diz uma voz conhecida e simpática.
O DIRETOR NICOLAS SÓ PEDE PARA GENTE LEGALLEGAL FAZER AMIZADE
COM OS ALUNOS NOVOS!
E ISSO DEI-XA A GINA DE FORA!
PISCA!
14
...E DAÍ, NO ENSAIO, A GENTE PERCEBEU
QUE A ACÚSTICA ERA HORRÍVEL, PARECIA
QUE A GENTE ESTAVA ENCENANDO EM UMA
CÂMARA DE ECO...
Rá, rá! Essa foi boa, Diana. A Gina pode ser pre-sidente do clube de debate, mas a Diana sempre consegue dar a última palavra. Quer saber o se-gredo dela?
– Então, quem é o aluno novo? – pergunta final-mente a Diana depois de séculos tagarelando so-bre... hummmmm... Desculpe, na verdade eu não estava prestando atenção.
– Não faço ideia – respondo.
ELA NUNCA PARA DE FALAR!
SÓ ESPERO QUE SEJA ALGUÉM GENTE BOA, SABE?
Esse é o problema de ser o “parceiro” de um aluno novo. Quando dá certo, dá MUITO certo... tipo quando
15
eu mostrei a escola para o Teddy. Mas e quando dá errado? É aí que você acaba com uma lista assim:
NÃO É BRINCADEIRA!BRINCADEIRA!NOVOS ALUNOS DESASTROSOS DA ESCOLA 38!
LAURA
MARTIN
KIM
Não era uma pessoa muito positiva.
Esta escola é uma PORCA RIA comparada
com a outra! Eu ODEIO este lugar! ODEIO todos vocês!
Não fique perto dele no recreio.
Ei, isso está parecendo gostoso! Você já terminou?
Vai comer tudo? Posso experimentar?
Só um pedacinho.Não é um desastre para os outros.
Só para mim.
Você vai me acompanhar até a minha casa ou
quebro seus joelhos!
Está bem.
16
No intervalo seguinte vou até a diretoria para co-nhecer o aluno novo. É meio estranho. Não sei o nome dele nem como ele é. Não sei nada sobre ele...
para VOVÓ
... MAS TENHO QUE SER PARCEIRO
DELE!
OLÁ, NATE!
– Olá, dona Sheila.
– Você deve estar aqui para conhecer o Nicodemus, não é? – diz ela.
AHHH...NICODEMUS?
O QUE É ISSO?
17
O diretor Nicolas abre a porta da sala e faz um si-nal para eu entrar.
– Não é O QUÊ, Nate! É QUEM!
AQUI ESTÁ SEU NOVO COLEGA!
NATE WRIGHT, ESTE É NICODEMUS PUFFINSON III!
Saúde! Que nome é esse? O menino acena, meio tí-mido. Sinceramente, ele parece estar quase fazen-do xixi nas calças. Acho que eu é que tenho que tomar a iniciativa.
– Oi – digo, estendendo a mão para cumprimentá-lo.
Ele me dá um aperto de mão que parece um ma-carrão molengo. Tenho uma leve sensação de que o conheço de algum lugar. Algo no Nicodemus Puffinson III me parece familiar. Será?
18
SERÁ QUE EU JÁ CONHEÇO ESTE GAROTO?
