Para que raio serve a história?

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Questionamento sobre a importância da História

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Sem consciência histórica sobre o nosso passado (e antepassados...) não perceberíamos quem somos.

Cada indivíduo sente a angústia da procura de uma identidade pessoal, aspecto único e irrepetível da sua liberdade, cada vez mais restringida por comportamentos e normas coletivos.

Interroga-se, então,

sobre si próprio, na busca das raízes que o justifiquem e o liguem a algum processo integrador:

– Quem sou? De onde venho?

Sociedades e nações atravessam uma crise de valores.

Este problema é hoje agravado com o fenómeno de aculturação provocada, quer pela globalização da sociedade, quer pela integração europeia.

A sociedade atual experimenta o vazio inerente à perda ou enfraquecimento de rituais – dos religiosos aos familiares – que integravam naturalmente o indivíduo na comunidade.

Procissão S. Pedro - Valbom

Estes rituais funcionavam como uma identidade herdade que era necessário projetar através do tempo.

Procissão Nª Srª de Fátima, R. Dr. Oliveira Salazar, anos 50

A história pode e deve ter uma importante contribuição para a educação em geral e, em particular, para a educação de uma sociedade democrática permitindo aos jovens: aprenderem acerca da sua herança histórica, bem como da de outras pessoas e nações.

Quintã, final do séc XIX

Quintã, início do séc XX

Quintã, 2011

O recurso ao estudo do meio funciona como um trabalho capaz de projetar ou sublimar necessidades identitárias, nem sempre consciencializadas a nível racional.

Procissão do Rosário , anos 80, S. Cosme S. Damião

O estudo dos factos históricos culturais e patrimoniais surge, hoje, como uma estratégia capaz de levar os alunos a desenvolverem atitudes de cidadania observáveis na defesa e preservação do que constitui parte integrante e significativa do percurso temporal da sociedade em que se inserem.

Cinematógrafo, Escola Dramática de Valbom

Casa de lavrador da família Ramos das Neves.S. Miguel

Estes bens patrimoniais devem ser encarados na sua vertente histórico-cultural, natural, física e biológica, como veículo de desenvolvimento cultural.

S. Pedro da Cova, Rio Ferreira

Importante será despertar a sensibilidade A A A fruição destes bens permite aumentar a qualidade de vida das populações, pois estes constituem suportes da memória coletiva, quadro de referência e de valores.

Lomba, arquitetura do Rabelo

Para algumas pessoas a História surge como fonte de identidade individual e pessoal, uma história que explica quem somos, de onde viemos, como família, comunidade, nação ou etnia. Outros ainda podem considerar o passado como uma forma de divertimento ou de preenchimento pessoal. Keith C. Barton

Segundo José Matoso, recordar o passado coletivo é uma forma de lutar contra a morte, guardar a memória do agir coletivo, é demonstrar que o grupo existe, ou seja, não é um mero agregado de indivíduos mas sim um núcleo coerente capaz de se distinguir dos outros.

Cortejo etenográfico, S. Cosme

A história habitua-nos a descobrir a relatividade das coisas, das ideias, das crenças e das doutrinas, a detetar situações análogas, a procurar soluções parecidas ou evoluções paralelas.

Leonardo da Vinci, Gioconda, 1503

Marcel Duchamp, A Gioconda com bigode e barba, 1919

Gil Wolman, A terra de Wolman, 1977

Coloca-nos em situação ideal para interpretar a sociedade de que fazemos parte e ser nela interveniente activo.

Entre os encarregados

de Educação não se nota

uma elevada consciência

histórica, embora,

concordem que a escola

que ensina o passado

facilita a compreensão

do presente e a

construção do futuro.

A História é…Uma fonte de aventura que fascina e estimula a minha imaginação.

um número de exemplos instrutivos que me podem ajudar hoje.

Outros alunos evidenciam a História como Um meio de entendermos o presente e compreendermos a actualidade.

Um meio de entender a minha vida como parte de mudanças históricas

Temos consciência do papel da História, no atual mundo globalizado, como veículo capaz, não de uniformizar, mas de levar a compreender os outros.

A História faculta, quando

abre os seus horizontes às

dimensões do mundo e da

Humanidade, uma visão

ampla e diversificada da

sociedade.

O aluno que não gosta (de História) perde uma das possibilidades mais ricas e gratificantes de se entender como pessoa, de compreender a sociedade que é a sua no contexto multifacetado do mundo do seu tempo; de se posicionar com uma atitude crítica, curiosa e interessada face ao devir em que participa; perde alguma coisa essencial, não só à sua formação pessoal, mas também ao prazer de viver compreendendo.

Maria do Céu Roldão, Gostar de História

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Desenhos:• Susana CarromeuFotos:• Maria de Fátima Gomes, coleção particular