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EXIGENCIAS DE FORRAGEM DISPONIVEL PARA OVINOS EM PASTAGENS 3 Paulo Cesar de Faccio Carvalho Zootecnista, Ooutor em Produr;ao Anima/. Professor da Facu/dade de Agronomia - UFRGS No capftulo anterior demonstramos como 0 manejo atraves da altura da pastagem tem impacto sobre a produyao ovina. Trata-se de uma ferramenta de manejo muito potente e de simples aplicayao pratica. Ela funciona muito bem pela simples e robusta relayao entre altura da pastagem e quantidade de alimento disponfvel. A partir deste capftulo, para aqueles que queiram trabalhar numa sintonia ainda mais fina de manejo, utilizando varios conceitos, discutiremos os requerimentos especfficos de diferentes categorias, utilizando- nos do conceito de oferta de forragem. Oferta de forragem e um parametro central no manejo alimentar de qualquer animal em pastejo e indica a oportunidade de consumo de forragem que 0 indivfduo tem, ou seja, a quantidade de pasta de que 0 animal dispoe. Ela e 0 principal determinante do desempenho produtivo e do rendimento animal. A exemplo de sistemas confinados, onde se determina a quantidade e a qualidade do alimento para 0 animal atraves de calculo em relayao a suas necessidades, 0 mesmo tem que ser feito com relayao a pastagem . As situayoes que descreveremos correspondem a relayoes de ofertaldemanda para ovelhas de 50 kg de peso vivo em pastagens cuja concentrayao energetica seja de pelo menos 10,5 MJ de energia metabolizavel (EM) por kg de materia seca (alta qualidade). 1 EXIGENCIAS DE OVELHAS EM PASTEJO 3 0 autor agradece 0 auxflio da Cabanha Cerro Coroado, sem 0 qual nao seria possivel a execuyao deste trabalho. Praticas em Ovinocultura - SENAR-RS 29

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EXIGENCIAS DE FORRAGEM DISPONIVEL PARA OVINOS EM PASTAGENS 3

Paulo Cesar de Faccio Carvalho Zootecnista, Ooutor em Produr;ao Anima/.

Professor da Facu/dade de Agronomia - UFRGS

No capftulo anterior demonstramos como 0 manejo atraves da altura da pastagem tem impacto sobre a produyao ovina. Trata-se de uma ferramenta de manejo muito potente e de simples aplicayao pratica. Ela funciona muito bem pela simples e robusta relayao entre altura da pastagem e quantidade de alimento disponfvel. A partir deste capftulo, para aqueles que queiram trabalhar numa sintonia ainda mais fina de manejo, utilizando varios conceitos, discutiremos os requerimentos especfficos de diferentes categorias, utilizando­nos do conceito de oferta de forragem.

Oferta de forragem e um parametro central no manejo alimentar de qualquer animal em pastejo e indica a oportunidade de consumo de forragem que 0 indivfduo tem, ou seja, a quantidade de pasta de que 0 animal dispoe. Ela e 0 principal determinante do desempenho produtivo e do rendimento animal. A exemplo de sistemas confinados, onde se determina a quantidade e a qualidade do alimento para 0 animal atraves de calculo em relayao a suas necessidades, 0 mesmo tem que ser feito com relayao a pastagem.

As situayoes que descreveremos correspondem a relayoes de ofertaldemanda para ovelhas de 50 kg de peso vivo em pastagens cuja concentrayao energetica seja de pelo menos 10,5 MJ de energia metabolizavel (EM) por kg de materia seca (alta qualidade).

1 EXIGENCIAS DE OVELHAS EM PASTEJO

3 0 autor agradece 0 auxflio da Cabanha Cerro Coroado, sem 0 qual nao seria possivel a execuyao deste trabalho.

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o ganho de peso das ovelhas aumenta com 0 aumento da oferta de forragem, porem, a magnitude deste aumento depende do peso da ovelha e de sua condiyao corporal. Em ofertas de forragem menores, ovelhas leves ganham mais, ou perdem menos peso que ovelhas mais pesadas ou de maior condiyao corporal. Isto e resultado do maior valor energetico do ganho em ovelhas de maior condiyao corporal (deposiyao de gordura) e da maior exigencia de manutenyao para as ovelhas mais pesadas.

Ovelhas secas, com condiyao corporal media e com peso de 50 kg, ingerem para sua manutenyao algo em torno de 1 kg de MS/dia. Esta ovelha, parindo urn cordeiro ao longo do ano, necessitara de 580 kg de MS para cumprir suas funyoes produtivas. 0 usc pratico desta informayao, p~r exemplo, pode ser ilustrado para um campo native que produza 2.000 kg de MS/haiano. Um campo desses pode suportar nao mais que 3,5 ovelhas/ha.

A preparayao de um novo cicio produtivo se inicia com 0 manejo pre-encarneiramento. Os ganhos de peso e a taxa de ovulayao aumentam com a oferta de forragem e a massa de forragem presente no potreiro (FIGURA 1). Altas ofertas de forragem nao sao suficientes quando oferecidas em situayoes de pastagens rapadas.

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Figura 1. Efeito de ofertas (1 a 5 kg de MS verde/ovelhaldia) e massas de forragem (500 a 2.500 kg de MS verde/ha) para ovelhas

no ganho de peso, consumo, taxas de ovulayao e de desmame (RATTRAY et al., 1987).

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Ovelhas que, no momenta do encarneiramento, estejam ganhando peso, aumentam a taxa de ovula<;ao e a conseql.iencia e um maior numero de cordeiros desmamados por ovelha. Observa­se na FIGURA 1 a necessidade de, aproximadamente, 4 kg de materia verde secalovelhaldia neste perfodo, e que a pastagem tenha uma massa de forragem verde elevada para permitir que a ovelha possa colher aquilo que Ihe e colocado em oferta. Pastagens rapadas com pouca massa (baixa altura) limitam a ingestao mesmo em altas ofertas.

Os 213 iniciais do perfodo da gesta<;ao sao caracterizados por um perfodo de baixa exigencia, onde 0 crescimento do feto e desprezfvel (em massa), e onde 0 consumo se situa na faixa de 1 kg de MS/ovelhaldia. Ofertas de forragem da ordem de 1,3 kg de MS/ovelhaldia podem ser suficientes para que as ovelhas atinjam este nfvel de ingestao. Uma ovelha nesta fase pode perder ate 5% do seu peso vivo, sem representar prejufzo ao peso do cordeiro ao nascer.

o 1/3 final da gesta<;ao se caracteriza por um aumento da exigemcia da ovelha. Os ganhos de peso (ovelha+feto) nao aumentam em ofertas de forragem superiores a 4 kg de MS/ovelhaldia. Massas de forragem abaixo de 1.000 kg de MS/ha limitam 0 ganho de peso nesta fase. BEATTIE e THOMPSON (1989) recomendam ofertas de forragem da ordem de 1,4 e 2,3 kg de materia verde secaldia, respectivamente para gesta<;ao simples e dupla, com nfveis de consumo pretendidos de 1,13 e 1,8 kg de materia verde secaldia.

o peso do cordeiro ao nascer e determinado durante 0 1/3 final da gesta<;ao e e este peso que e de extrema importancia na maior ou menor ocorrencia de mortalidade perinatal dos cordeiros. 0 aumento do peso ao nascer de 3,0 para 3,5 kg aumenta as chances de sobrevivencia do cordeiro em aproximadamente 20%.

2 EXIGENCIAS DE CORDEIROS AO PE DA MAE

Com a pari<;ao da ovelha inicia-se 0 grande desafio da produ<;ao de cordeiros. Trata-se de um perfodo da mais alta exigencia, onde a ingestao de forragem da ovelha e 2,5 vezes maior que 0 necessario

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para a manuten~ao. 0 objetivo deve ser maximizar todo 0 processo, permitindo que os cordeiros expressem 0 maximo ganho de peso.

A primeira fase e aquela na qual 0 desempenho do cordeiro e diretamente dependente do leite fornecido pela mae e estende-se ate aproximadamente seis semanas p6s-parto. Nessa fase, ganhos de peso entre 300 e 350 g/dia sao plenamente possfveis de serem atingidos e atestam 0 incomparavel potencial que os cordeiros tem de ganhar peso, com Indices de conversao de alimento comparaveis aos melhores sistemas de produyao com

.. monogastricos. A relayao entre oferta de forragem e produyao de leite e a mesma de outras funyoes produtivas (FIGURA 2).

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Figura 2. Relayao entre oferta de forragem e produyao de leite em ovelhas de parto duplo, com (0) ou sem (.) perda de peso

durante a gestayao (GEENTY e SYKES, 1986).

Cada 6-7 litros de leite ingeridos sao convertidos em 1 kg de ganho de peso. A ingestao de forragem dos cordeiros, entao, comeya a aumentar e a participayao do leite no ganho de peso diminui de importancia, particularmente quando os cordeiros atingem 12 semanas de vida. Ganhos de peso nessa fase, em geral, diminuem, atingindo 200 a 250 g/dia. No entanto, embora a contribuiyao do leite seja pequena em termos absolutos, em termos relativos ainda e muito importante. Em cordeiros de 25 kg 0 leite 32 Praticas em Ovinocultura - SENAR-RS

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ainda e responsavel por 25% da energia ingerida. Alem disto, cordeiros nesta fase ao pe da mae tern baixa exigencia energetica para manutenyao e alta exigencia em aminoacidos, pois a composiyao do ganho de peso e basicamente derivada da deposiyao de protefna. 0 leite tern alta relayao aminoacido/energia metabolizavel e a sua alta densidade e acessibilidade pelo cordeiro asseguram 0 atendimento dos requerimentos e a manutenyao de altas taxas de ganho. A privayao desta importanHssima fonte de nutrientes, como por exemplo, em desmames antecipados, e mais do que urn simples desafio nutricional para aquele que deve, entao, substituf-Io por uma outra fonte alimentar.

Ofertas de forragem da ordem de 5-8 kg de MS/ovelhaldia sao necessarios para a ovelha e seu cordeiro enquanto permanecerem juntos. Logicamente, ha uma variayao nas exigencias nessa fase, onde as exigencias da ovelha diminuem e as do cordeiro aumentam (TABELA 1).

Tabela 1. Ofertas de forragem para ovelhas com parto simples ou duplo em relayao as exigencias de ovelhas e cordeiros para altos nfveis de produyao no perfodo de lactayao (GEENTY, 1986).

Partos simples Partos multiplos

Mes de lactayao 1 2 3 1 2 3

Produyao de leite (kg/dia) 2,0 1,5 1,0 3,0 2,5 1,5

Consumo da ovelha* 2,0 1,7 1,5 2,8 2,5 2,0

Consumo do cordeiro* 0,34 0,9 1,2 0,2 0,42 0,75

Consumo ovelha + cordeiro* 2,34 2,6 2,7 3,2 3,34 3,5

Oferta de forragem* 5,0 6,0 7,0 6,0 7,0 8,0

(*) Unidade - kg de MS/dia

Os cordeiros quadruplicam a ingestao de forragem entre 0 12 e 0

32 meses de vida e esta necessidade e raramente prevista no manejo da pastagem. A conseqOencia mais comum e um decrescimo no ritmo de crescimento do cordeiro pela sua incapacidade de competir com a ovelha pela forragem. Os "erros" de manejo associados a oferta de forragem insuficiente para a

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ovelha e sua cria tem, pois, efeitos distintos sobre 0 cordeiro segundo a sua dependencia da pastagem (FIGURA 3).

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.. Oferta de forragem (g '. PII()loveIJ:laldial:

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Figura 3. Efeito da oferta de forragem para ovelhas no ganho de peso dos cordeiros nos 1Q (0 ), 2Q (~) e 3Q (0) meses de lacta9aO

(PENNING et al., 1986). Em situa90es de oferta deficiente, os cordeiros sao fortemente penalizados a partir do 3Q mes de vida.

Baixas ofertas de forragem no primeiro mes de lacta9ao sao, de alguma forma, sobrepujadas pela ovelha at raves do uso de sua reserva corporal e os ganhos de peso dos cordeiros nao sao muito afetados. 0 efeito negativo de baixas ofertas de forragem aumenta na medida em que 0 manejo incorreto torna mae e filho competidores pelo mesmo alimento. No terceiro mes de lacta9ao, onde os cordeiros ja se tornaram efetivamente ruminantes e onde a participa9aO da pastagem na dieta e grande, baixas ofertas de forragem Iimitam a ingestao dos cordeiros em detrimento das ove/has, mais experientes no pastejo, e 0 custo e 0 baixo desempenho dos primeiros. De forma erronea, muitas vezes este baixo desempenho e associado ao infcio da infesta9ao parasitaria.

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o manejo das pastagens, nessa fase, e fundamental no sucesso da explorayao ovina. No entanto, e nela que vemos frequentemente erros de manejo grosseiros, a ponto de varios tecnicos entenderem que a (mica forma de lidar com 0 desafio do crescimento do cordeiro seja 0 de realiza-Io em confinamento. Assume-se 0 "papel de mae", e desmama-se 0 cordeiro quando se imagina que tenha capacidade de ruminante, acreditando ser esse 0 caminho mais faci\' Desmames antes de 14-16 semanas s6 em casos muito especiais, pois normalmente penalizam 0 cordeiro com uma perda de 1-2 kg de peso vivo ao longo do terceiro mes de vida (para desmames com 8 semanas), perda esta que pode atingir ocasionalmente 4-5 kg.

Em mercados, como 0 incipiente mercado brasileiro, onde 0

consumidor prefere carcayas pequenas, entre 12 e 16 kg, e plenamente possfvel que 0 cordeiro atinja 30 a 35 kg de peso aos 4 meses de idade, ao pe da mae, numa situayao on de se desmamaria "direto para 0 caminhao". 0 planejamento adequado das pastagens associado aos cuidados preventivos de combate a verminose neste cicio de 4-5 meses e muito mais simples que a interrupyao da relayao mae-filho e 0 desafio de se assumir este pape\. Ao contrario de sistemas de explorayao de bovin~s, onde esta pratica pode beneficiar os fndices reprodutivos, nao se trata do mesmo processo no sistema com ovinos, onde ha tempo mais que suficiente para recuperayao da ovelha.

3 EXIGENCIAS PARA RECRIA DE CORDEIROS

Em casos extremos, onde nao haja alimento suficiente para a ovelha e seu cordeiro, ou em situayoes de desmame normal com cordeiras, segue-se um perfodo on de temos os animais num perfodo p6s-desmama. Este e caracterizado por queda acentuada de desempenho, fruto do estresse da desmama e da inexperiencia de pastejo em animais jovens.

A T ABELA 2 mostra como pode ser crftica esta fase atraves da eficiencia obtida em diferentes ritmos de crescimento do cordeiro.

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Tabela 2. Exigencias nutricionais e eficiencia de cordeiros em diferentes ritmos de crescimento do desmame (30 kg) ao abate (40 kg) (VIPOND, 1999).

Exigencias

Taxa de Dias para Por dia Total (kg) crescimento (g/dia) termina<;ao (kg)

100 100 1,0 100

200 50 1,4 70

300 33 1,7 55

Observa-se que ritmos modestos de crescimento sao extremamente ineficientes e muito da forragem ingerida e utilizada em processos nao produtivos, para a manuten<;ao do cordeiro. Um animal com crescimento lento por uma baixa oferta de forragem ou pela oferta de uma forragem de qualidade insuficiente, utiliza duas vezes mais alimento que um outr~ cordeiro cujo potencial nao esteja sen do, de algul1la forma, limitado. Alem disso, um menor ritmo de crescimento significa mais tempo para se chegar a um mesmo peso ao abate ou encarneiramento, aumentando 0 tempo de permanencia do cordeiro na propriedade, com consequente dispendio de mao-de-obra, insumos e risco de mortalidade.

A oferta de forragem que maximiza 0 desempenho dos cordeiros deve ser quatro vezes superior ao seu nfvel de ingestao potencial (GIBB e TREACHER, 1976). Isto significa que para um cordeiro preencher sua capacidade de consumo e necessario oferecer tres a quatro vezes mais do que efetivamente ele consome! Neste calculo incluem-se as condi<;oes necessarias para pastejo seletivo de alto nfvel de ingestao, bem como as exigencias das plantas de area foliar residual permanente. 0 segredo, portanto, esta no conhecimento de que quanto mais exigente for a categoria animal com que estamos trabalhando, maior a diferen<;a entre 0 que devemos oferecer e 0 que 0 animal real mente consome.

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4 REFERENCIAS (PARA SABER MAIS)

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GEENTY, K. Pasture feeding for maximum lamb growth. In: Lamb growth. Lincoln College, NZ. p.1 05-11 O. 1983.

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PENNING, P. D., HOOPER, G. E., TREACHER, T. T. The effect of herbage allowance on intake and performance of ewes suckling twin lambs. Grass and Forage Science, v.41, p.199-208. 1986.

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