Para Mim, o Viver é Cristo - José H. Prado Flores

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Apresentação

Por volta do ano 56, o apóstolo Paulo encontrava-se recluso na escura prisão de Éfeso,

capital grega da beleza e da estética.

 No longo silêncio do dia e no torpor das noites sem fim, reflete sobre seu passado,

considera o presente e vislumbra o futuro.

Enquanto a tênue luz da vela parece extinguir-se, ele se pergunta: Valeu a pena o que

deixei no judaísmo? O que faço hoje aqui? Acaso não poderia estar melhor? Continuo

em frente, sabendo o que me espera?

Contemplando o passado, pergunta-se:

• Faz já cerca de 20 anos que abandonei o judaísmo, que me oferecia todo tipo de

segurança e vantagem. Valeu a pena?

• Abandonei uma religião milenária com sólidas tradições, que incluía culto, profetas e

hierarquia, para trocá-la por um grupo incipiente, que mais parecia seita. Valeu a

 pena?

• Renunciei à Lei como meio de salvação, e ao Templo, para crer em um tal de Jesus,

morto e ressuscitado, considerado como único mediador entre Deus e os homens.Valeu a pena?

• Minha vida tem sido entretecida por êxitos e fracassos: milagres, curas e até

ressurreições de mortos. Abundantes conversões. Visões e revelações. Além disso,

fui arrebatado até o terceiro céu. Na Licaônia, confundiram-me com um deus e

Tertuliano me identificou como o chefe principal da seita dos Nazarenos. Tive

 problemas com as autoridades civis e religiosas, como também com a hierarquia dos

 judeus e dos cristãos. Já estou sofrendo minha quinta prisão. Roubos e assaltos,

naufrágios em alto-mar, traições dos falsos irmãos e solidões. Fui considerado comouma peste que deve desaparecer deste mundo. Valeu a pena?

• O Supremo Sinédrio me outorgava cartas de recomendação; em troca, no

cristianismo, fazem com que me sinta uma pessoa abortiva, dado que não sou

assimilado pelo Corpo de Cristo. Valeu a pena?

• No judaísmo, era tanto admirado quanto temido. Em compensação, os filipenses me

amam e os gálatas estão dispostos a me entregar seus olhos. Valeu a pena?

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Considerando o presente, questiona a si mesmo:

• Saboreio o vinho da amizade incondicional de Áquila e Priscila. Lucas nunca me

abandonou, nem no cárcere. Mas experimento também o néctar amargo da traição e

do esquecimento. Estou satisfeito?

• Antes, eu era reconhecido pelas autoridades religiosas de Jerusalém, ao passo que, nocristianismo, até os apóstolos questionam meu ministério. Estou satisfeito?

• Tiago opõe-se radicalmente à minha visão do plano de salvação. Estou satisfeito?

Vislumbrando o futuro, interroga-se:

• Meu futuro também está em jogo, pois poderia evitar para mim muitos contrastes, se

abandonasse a carreira. Sigo em frente?

• Há vinte anos eu não sabia o que me esperava. Agora já não existe engano. Todavia,

 posso evitá-lo, desde que desista. É preciso que eu tome uma decisão vital. Sigo em

frente?

• Tenho apenas 50 anos e posso refazer minha vida. Sigo em frente?

Paulo, encarcerado por Cristo, não apresenta uma resposta automática, mas sim

refletida e sedimentada. Disseminada ao longo da carta escrita da prisão aos filipenses,

encontramos sua resposta em diversas frases. Entretanto, a síntese talvez seja sua

confissão, que escreve com as mãos acorrentadas:

PARA MIM, O VIVER É CRISTO

E O MORRER, LUCRO!(Fl 1,21)

O que significa isso? Iremos delinear as pautas ao longo do tema; e, no final,

encontraremos uma resposta mais enriquecedora do que um simples “sim”.

Este fariseu intransigente teve de experimentar saltos quantitativos, tanto na mente

quanto na vida, para transformar-se no apóstolo dos gentios. Sua metamorfose não foi

automática nem instantânea, mas sim profunda e permanente. Mudança lenta, porém

sem pausas. Transformação definitiva e integral. Certamente não negociável. Nem

mesmo um anjo vindo do céu poderia ainda mudá-lo. Este processo substancial abrangevários campos em diferentes aspectos:

CINCO MUDANÇAS DE SAULO

1. Da noção do Deus do Antigo Testamento ao Deus revelado por Jesus.

2. Da visão judaica, de que o homem podia salvar-se pelo cumprimento da Lei, ao

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homem que é incapaz de cumpri-la; porém, onde abunda o pecado, superabunda a

graça de Deus.

3. O Jesus, que antes ele classificava como maldito e herege, transforma-se em Deus

Bendito, Senhor, Único Mediador e Hilasterion (Propiciatório).

4. Muda seu enfoque do plano de salvação: agora ela é gratuita, muito embora, aomesmo tempo, exista um itinerário para torná-la nossa.

5. A nova imagem de si mesmo.

 No final, perceberemos por que, para Paulo, a morte foi um lucro.

 Não obstante, a meta não é imitar Paulo, mas sim o Jesus de Paulo, até poder chegar,

um dia, a repetir com ele: “ Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

Paulo vai transformar-se em nosso espelho. Se ousou declarar-se: “Sede meus

imitadores, como eu o sou de Cristo” (1Cor 11,1), então estas mudanças de Paulo de

Tarso são um programa para nossa vida. Portanto, cada um de nós tem direito a

experimentar seu Damasco pessoal. O maravilhoso e cheio de esperanças é que aqui e

agora podes viver teu Damasco, por meio destas páginas.

Temos a oportunidade de experimentar algo semelhante ao que viveu Saulo de Tarso,

 porque foi Deus quem o realizou nele. E se o fez nele, pode repeti-lo também em nós. O

essencial, hoje, não é se Cristo era a vida do apóstolo, e sim se representa o mesmo para

nós. O importante não é se a morte foi um lucro para o incansável pregador, mas se o é

também para cada um de nós.

PARA MIM, O VIVER É CRISTO

E O MORRER, LUCRO.

GUADALAJARA, MÉXICO

A NO DE SÃO PAULO

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1. Nova noção de Deus

O fariseu de Tarso sofreu uma profunda evolução em diferentes campos de sua

existência. Não obstante, a base e o princípio da transformação de Saulo foi sua noção

de Deus.

Para que chegasse a confessar que esse Jesus, a quem perseguia até a morte, era sua

vida, o primeiro elemento que mudou no aplicado discípulo de Gamaliel foi a imagem do

Deus de seus antepassados para chegar ao Deus revelado por Jesus e pelo Espírito

Santo.

Deixa-nos fascinados o fato como, embora sendo o mesmo Deus do Sinai, mantinhaoculta a mais bela carta de seu mistério que nem sábios do Antigo Testamento puderam

conceber, nem profetas conseguiram imaginar.

É também uma análise para nos apresentar um desafio: Nosso Deus se parece mais

com o Deus de Saulo, discípulo de Moisés, ou com o Deus que o Espírito Santo lhe

revelou no caminho de Damasco?

A. DO DEUS DO ANTIGO TESTAMENTO

AO DEUS REVELADO POR JESUS

A imagem que o fariseu de Tarso tinha de Deus baseava-se na tradição de Israel e de

seus antepassados (At 24,12):

• O Deus poderoso da criação, o qual, no entanto, expulsa Adão e Eva do Paraíso e ao

mesmo tempo promete a vitória sobre o mal;

• O Deus que envia um dilúvio aos pecadores;

• O Deus de Abraão, que toma a iniciativa;

• O Deus de Jacó, que escolhe a quem quer;

• O Deus de José, que resgata o oprimido;

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• O Deus de Moisés,

o YHWH, cujo nome é impronunciável e seu mistério é surpreendente;

o Que liberta seu povo, faz uma aliança com ele e lhe impõe a Lei, mas que faz

irromper sua ira contra os que o substituíram por um bezerro de ouro;

o Que se revela no monte fumegante, com tremor de terra e fogo.o Que é rico em amor e misericórdia, mas também castiga o pecado dos pais nos

filhos até a terceira e quarta geração.

• O Deus que perdoa a Davi por seu adultério com Betsabé, mas não deixa impune seu

 pecado;

• O Deus dos profetas:

o Isaías: santo e defensor 

o Amós: justo que também reclama justiça

o Jeremias: noivo e esposo que ama com amor eternoo Ezequiel: capaz de dar vida a ossos secos

o Jonas: Deus que quer a conversão dos pagãos

o Naum: o Deus da vingança

O Deus dos pais de Saulo é o três vezes Santo, que não permite impureza alguma da

 parte dos homens. Assim sendo, existe a necessidade constante de purificar-se com

abluções e sacrifícios.

Contudo, a síntese do perfil do Deus de Israel é encontrada no Shemá hebraico:Shemá, Israel, Adonai Elohenu

 Escuta, Israel (O) Senhor (é) nosso Deus

donai Ejad.

Senhor Uno.

Tanto o Deus dos patriarcas e profetas quanto o Deus da história é uno. Não existe

outro Deus fora Ele. Este é o princípio que distingue Israel dos povos politeístas.

Israel sentia-se orgulhoso de seu Deus. Não havia outro como Ele em toda a terra.

Um menino voltou muito contente da escola, porque havia obtido as melhores notas de toda a sua vida. A mãefelicitou-o e ofereceu-lhe um prêmio:

 – Na despensa há um cesto com muitos doces e chocolates: pegue todos os que couberem na mão.

O menino foi, mas voltou, objetando:

 – Não, mamãe. Eu não os quero pegar.

 –  Mas, filho, gosta tanto de chocolates que não entendo por que não quer.

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 – É melhor que os pegues tu, mamãe.

A mãe olhou-o, suspeitando que houvesse algo por trás da negativa, e perguntou curiosa:

 –  Por que preferes que eu os tome?

 –  Porque tu tens a mão maior, mamãe.

 –  Porque eu tenho a mão maior, repetiu em voz baixa a mãe, esboçando um sorriso em seus lábios.

A partir de Damasco, onde o perseguidor e pecador é alcançado por Cristo, Saulo deu

um passo adiante. Ele descobre que a mão de Deus é maior do que ele imaginava. Teve

misericórdia dele e o chamou para anunciar o Evangelho da graça. Sem negar cor alguma

dos matizes do Antigo Testamento, Jesus apresenta uma cor inédita, que não tinha sido

considerada no passado: Deus é Abbá [Papai].

O Deus de Jesus é um bom pastor que deixa 99 ovelhas no deserto para ir buscar a

ovelha perdida. Tem coração de mulher, para gastar mais dinheiro de quanto valia a

moeda encontrada. É, porém, de modo especial, pai amoroso que abraça, beija e preparauma festa para seu filho, quando este volta para casa.

 Não busca os justos, mas os pecadores. Não apedreja uma adúltera nem condena as

injustiças de Zaqueu, mas hospeda-se em sua casa.

Embora o Antigo Testamento, em 14 ocasiões, tenha se referido a Deus como pai

( Ab), todavia, somente Jesus ousa nomeá-lo como “papai, paizinho” ( Abbá).

Jesus se atreveu a relacionar-se com o Deus santo e transcendente, poderoso e

misterioso, como com seu próprio papai. Assim o chamava, não por falta de respeito,

mas por excesso de confiança. Além disso, assim ensinou seus discípulos a se dirigiremao Deus do Sinai.

Sem deixar de ser santo, santo, santo, é papai! Sem negar seu poder nem sua justiça ou

mistério, é papai!

Se é um papai, trata-se de um papai carinhoso e amoroso, que quer que seus herdeiros

sejam felizes e faz uma festa para a qual são convidados todos os seus filhos.

B. EXPERIÊNCIA E ALTERNATIVA DE PAULO, GRAÇAS AO ESPÍRITO

SANTOEm Damasco, Saulo recebe o Espírito Santo, por meio do qual descobre que o Deus

de Israel é Abbá, papai, paizinho, cuja mão é tão grande que ultrapassa o imaginável (cf.

Ef 3,20).

O Espírito Santo revelou-lhe que Deus é papai, com quem pode ser mantida uma

relação afetuosa de confiança. Os pecadores já não necessitam esconder-se por detrás

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das árvores do paraíso. Uma festa espera por eles quando de seu regresso à casa paterna.

O fariseu de Tarso estava orgulhoso desse Deus dos deuses, que não fez coisa

semelhante com nenhuma outra nação; todavia, sente-se agora favorecido pelo amor 

terno, gratuito e paternal do Deus de Jesus. Ao invés de uma postura de admirador e

temeroso de sua justiça, sente-se agradecido pelo amor incondicional. Não recebemos um espírito de escravo.

 De fato, vós não recebestes espírito de escravos para recairdes no medo, mas

recebestes o Espírito que, por adoção, vos torna filhos, e no qual clamamos: Abbá,

 Pai!

O próprio Espírito se une ao nosso espírito, atestando que somos filhos de Deus.

 E, se somos filhos, somos também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros de

Cristo, se, de fato, sofremos com ele, para sermos também glorificados com ele.   (Rm

8,15-17)O discípulo de Gamaliel se aventura a abandonar-se na mão, a mão grande do amor de

Deus. Por isso, extasiado, proclama:

 Me amou e se entregou por mim. (Gl 2,20)

O DEUS DO SINAI,

SEM DEIXAR DE SER SANTO E MISTERIOSO,

É PAPAI AMOROSO

C. APLICAÇÃO À NOSSA VIDAA experiência vivida por Saulo deve ser extensiva a todos nós. Deus nos amou sem

medida no Amado, ou seja, com o mesmo amor que ama seu Filho único (cf. Ef 1,6). E

dado que sua mão é maior, abençoou-nos com toda sorte de bênçãos nos céus e na

terra... é preciso somente deixar que ele nos tome pela mão.

 Não é fácil deixar-se amar por Deus com esse amor gratuito e incondicional. Pensamos

não merecê-lo, acreditamos tratar-se de mera ilusão. Supomos que nosso pecado

constitua obstáculo para sermos amados. Too good to be true: Bom demais para ser 

verdade.

Entretanto, não termina aí. Se Deus fosse simplesmente pai, seríamos apenas seus

filhos; entretanto, se é papai, então somos filhinhos, conseqüentemente: somos herdeiros,

herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo.

O Deus do Antigo Testamento é todo-poderoso, criador, justo e libertador, que não

consente no pecado. O Deus de Jesus é todo carinhoso, porque é paizinho, e tem a mão

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muito grande, especialmente em relação aos pecadores.

Saulo mudou sua antiga visão do Deus do Sinai pelo perfil de um Deus que nos ama

com grande amor , porque sua mão é muito, realmente muito grande.

Agora começamos a entender por que Paulo afirma: “ Para mim, o viver é Cristo”.

Ambos se fundem em uma unidade indissolúvel e por isso não pode senão repetir agradecido: “ Para mim, o viver é Cristo”, porque o Espírito Santo lhe revelou a

verdadeira face de Deus, que é papai.

Se o Deus do Sinai é Uno, o Deus de Jesus é papai ( Abbá). Sim, é o mesmo Deus dos

antepassados, mas tem a mão maior. Ou, melhor dizendo, o coração maior.

O coração maior para amar.

O coração maior para abraçar.

O coração maior para enviar seu Filho aos pecadores.

O coração maior para compreender a fragilidade do ser humano.É o mesmo Deus do Antigo Testamento, sem dúvida, porém, sua grandeza e seu poder 

estão em sua paternidade. Sua identidade e natureza estão em ser papai de seus filhinhos.

Deus tem a mão muito maior do que Saulo havia imaginado; e com sua mão

 presenteou-lhe o próprio Jesus e, com ele, a herança.

Como é bom que Deus possua a mão grande!

O DEUS DOS ANTEPASSADOS

DE SAULO ERA “UNO”.O ESPÍRITO SANTO REVELA A PAULO

QUE É “ ABBÁ ”,

QUE TEM A MÃO MAIOR.

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dos 613 preceitos e das tradições e costumes de seus antepassados. Pensava que, para

subir ao céu, fazia-se necessária a escada da revelação, o que parecia possível com

esforço constante, força de vontade, perseverança e fidelidade.

B. EXPERIÊNCIA DE PAULO: IMPOSSÍVEL SALVAR-SE POR SI MESMO

Depois de Damasco, Paulo percebe que é impossível consegui-lo, porque ninguém é

capaz de cumprir toda a Lei, já que todos transgrediram algum preceito. Assim sendo,

tanto os judeus quanto os gentios pecaram:

 Não há justo [...]. Não há ninguém que faça o bem, nem mesmo um só.

Todos pecaram e estão privados da glória de Deus. (Rm 3,10-12.23)

E, como conseqüência irremediável, a morte:

Com efeito, a paga do pecado é a morte.  (Rm 6,23a)

O homem não pode se salvar por seu próprio esforço.

Dois homens embriagados regressavam para suas casas de madrugada. Para tanto, precisavam atravessar o rioem um pequeno barco.

Embarcaram e começaram a remar e remar.

Ao amanhecer estavam cansados, fazendo seu último esforço; foi quando se deram conta de que não haviamavançado um único metro, porque o barco estava amarrado a uma árvore com uma corda, à beira do rio.

Esse cabo que nos impede de chegar à margem da salvação chama-se pecado. Nosso

 pecado não nos permite avançar. Estamos amarrados. Apesar de nosso esforço e boa

vontade, nós nos cansamos e ficamos desanimados e, conseqüentemente, fracassados.

Estamos oprimidos “sob” o regime da condenação. A Lei na qual depositamos nossa

confiança é a mesma Lei que nos condena por não ter sido cumprida em plenitude. A

Lei, dada para a felicidade (Dt 10,12-13), converteu-se em fonte de condenação.

O antigo fariseu, que antes se orgulhava de ser irrepreensível, agora reconhece que

 pratica o mal que não quer e que não é capaz de realizar o bem que se propõe. Depois de

muito remar, é levado a confessar:

 Infeliz que eu sou!

Quem me libertará deste corpo de morte? (Rm 7,24)

Além disso, reconhece ser o maior dos pecadores:

 É digna de fé e de ser acolhida por todos esta palavra:

Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores,

dos quais eu sou o primeiro. (1Tm 1,15)

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 Não obstante, Deus lhe manifesta três coisas que superam toda lógica:

1. Que seu Filho único morreu por nós, quando ainda éramos pecadores.

Esta é a evidência incontestável do amor de Deus:

 A prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda

ecadores. (Rm 5,8)

2. Com certa dose de escândalo, perceber que o pecado tinha um lugar e um propósito

no plano de salvação:

 Deus encerrou todos na desobediência (  pecado ), a fim de usar de misericórdia para

com todos. (Rm 11,32)

O pecado tinha um misterioso lugar no plano de salvação. Por isso, exclama extasiado:

Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e do conhecimento de Deus!

Como são insondáveis os seus juízos e impenetráveisos seus caminhos. (Rm 11,33)

3. O fato maravilhoso e até então inaudito:

Onde se multiplicou o pecado, a graça transbordou. (Rm 5,20)

A única ovelha procurada, encontrada e carregada nos ombros do bom pastor foi a

ovelha que se perdeu. O filho a quem o pai reserva um novilho gordo é aquele que havia

abandonado sua casa, e não o que era bom e sempre obedecia às ordens do pai.

O pecado já não é um obstáculo, mas sim um ímã, que atrai com maior força o amor misericordioso de Deus. Assim como quanto maior for um corpo, mais atrai

 proporcionalmente um outro, de igual maneira, quanto maior for o pecado, maior será a

atração da graça de Deus. Assim sendo, quem mais deve, mais será perdoado.

Portanto, já não se pode condenar ninguém por ser pecador, porque será sujeito de um

amor especial da parte de Deus, pois Deus enviou seu Filho quando ainda éramos

 pecadores. Deus rompe os esquemas da tradição religiosa de seu tempo. Terá sido por 

esta postura tão ousada que Paulo foi incompreendido por aqueles que tentavam fazer 

um concubinato entre o sistema da Lei e a graça de Deus? As pessoas piedosasreclamavam: É justo que os pecadores sejam amados por Deus? De que serve, então,

esforçar-se para cumprir os mandamentos, se Deus ama de tal modo os pecadores?

Ademais, alguns interpretavam esta postura paulina como se fosse um convite para pecar 

mais, para que o amor de Deus pelo pecador fosse aumentado (cf. Rm 3,8).

Saulo se confessa pecador, muito embora durante toda a vida tenha lutado para ser 

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tamanho ou a gravidade do mesmo.

Reconhecer nossa incapacidade para cumprir toda a Lei é o portão de entrada para

experimentar a graça, o amor e o perdão divinos.

Além disso, quando experimentamos nossa fragilidade destilada pelo pecado em cada

um dos poros de nossa pele, já não julgamos os demais. Somos misericordiosos, porquesabemos de que espécie de barro fomos feitos.

A cada ano, motivado pelas festas de aniversário de sua coroação, o rei da Pérsia tinha por costume libertar umcriminoso, não importando qual tivesse sido seu delito.

Ao completar 25 anos como monarca, ele próprio quis ir à prisão, acompanhado de seu primeiro ministro e detoda a sua comitiva, para decidir qual dos delinqüentes iria libertar nessa ocasião tão especial.

Cada um dos prisioneiros, supondo que era sua oportunidade para ser libertado, preparou um discurso dedefesa para expô-lo diante do rei:

 – Majestade – afirmou o primeiro com veemência – sou inocente. Um inimigo me acusou falsamente e por issoestou aqui.

 – Quanto a mim – acrescentou outro com lágrimas nos olhos – confundiram-me com um ladrão, mas jamaisroubei alguém; ao contrário, sou generoso e dou esmolas.

 – O juiz me condenou injustamente – disse um terceiro, rangendo os dentes.

De modo semelhante, todos e cada um manifestavam ao rei sua inocência e por que mereciam a graça de ser libertados do cárcere.

Havia, porém, um homem que permanecia em um canto e temia aproximar-se. O rei olhou-o atentamente e perguntou-lhe:

 – Tu, por que estás preso?

 – Porque matei um homem, majestade. Sou um assassino...

 – Mas, por que o mataste?

 – Porque naquele momento me tornei violento...

 – És assim tão violento?

 – Não tenho domínio sobre a minha raiva...

Transcorreu um momento de silêncio, enquanto o rei decidia qual dos prisioneiros libertaria.

A seguir, tomou o cetro e apontou para o assassino que acabava de interrogar:

 – Tu, sais do cárcere...

 – Mas, majestade – replicou o primeiro ministro – acaso não parecem mais justos e inocentes qualquer um dosoutros?

 – Precisamente por isso – respondeu o rei. – Liberto este malvado, porque vim libertar um criminoso e os

outros parecem muito justos.

Jesus veio libertar os oprimidos e perdoar os pecadores. Não lhe interessam os justos,

que não necessitam de conversão, mas sim os pecadores, que não podem se salvar por si

 próprios.

Antes de Damasco, Saulo supunha que podia se salvar por si mesmo. Cumprindo a

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vontade de Deus, ele ganhava para si e merecia o bilhete de ingresso na glória.

Constatou, no entanto, a crua realidade: Não o conseguiu, porque estava amarrado à

corda do pecado.

Em Damasco, percebe que, embora fosse irrepreensível com relação à Lei, havia se

equivocado quanto ao caminho. Remava e remava em um barco que estava amarrado eque, no final, seria seu túmulo. Grande frustração e decepção da vida. O banco em que

havia investido seu capital falira, cobrando-lhe altos juros. Havia defendido uma vigorosa

e valente batalha, embora na equipe contrária.

O HOMEM NÃO IRÁ SE SALVAR PELA LEI,

MAS SIM QUANDO RECONHECER SEU PECADO

E O FATO DE QUE NÃO PODE SE SALVAR 

POR SI MESMO

Descobre, porém, um misterioso plano de Deus, que abrange todos (“ panta”, em

grego) na desobediência (no pecado), a fim de usar de misericórdia para com todos (Rm

11,32).

O pecado, que antes era considerado um obstáculo que nos separava de Deus, agora é

o ímã que atrai seu amor misericordioso, pois “onde abunda o pecado, transborda o

amor misericordioso de Deus”.

Paulo deu o passo de disciplinado fariseu, cumpridor da Lei, para chegar a reconhecer-

se pecador, incapaz de salvar-se por si mesmo; porque admitiu seu pecado não diante deuma Lei escrita em pedra, mas diante do amor infinito de Deus.

Se os judeus procuravam matá-lo porque havia passado para a equipe contrária, por 

outro lado, era rechaçado pelos cristãos tradicionalistas, liderados por Tiago, porque

apresentava um Deus demasiado bom, que havia transformado o pecado em motivo para

mostrar seu amor misericordioso e seu perdão. O certo é que o vinho novo de Paulo

rompia tanto os moldes de uns quanto os de outros.

Quando Paulo vislumbrou esta dimensão do plano de Deus, não pôde senão exclamar:

“ Para mim, o viver é Cristo”, porque se diluiu e corroeu o sistema da Lei, no qual haviainvestido todos os seus esforços.

O PECADO DO HOMEM NÃO CONSTITUIU

OBSTÁCULO

PARA QUE DEUS MANIFESTASSE SEU AMOR.

AO CONTRÁRIO, ONDE ABUNDA O PECADO,

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TRANSBORDA SEU AMOR MISERICORDIOSO.

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3. Nova visão de Jesus

A coluna vertebral das mudanças de Paulo teve início em Damasco, a partir de seu

encontro pessoal com Jesus ressuscitado.

Damasco, território pagão, transforma-se no divisor de águas de sua vida: antes de

Cristo e em Cristo.

Aquele a quem considerava seu acérrimo inimigo vai transformar-se completamente até

chegar a ser sua vida, graças aos seguintes aspectos que mudaram sua existência.

A. EXPANSÃO DA SEITA DOS NAZARENOS

Em Jerusalém, coração da fé monoteísta, propagava-se como erva venenosa uma

 perniciosa heresia que precisava ser detida antes que invadisse o sistema imunológico da

sacrossanta religião de Israel.O motor desta seita baseava-se na pior apostasia jamais concebida por um israelita

sensato: os seguidores deste caminho afirmavam que a salvação vinha pelo sangue, isso

mesmo, “pelo sangue” de um justiçado no patíbulo da cruz nos arredores de Jerusalém.

Tão incrível quanto inadmissível!

Estes separatistas não freqüentavam o Templo, mas reuniam-se nas casas para a fração

do pão, afirmando que ali se fazia presente um tal de Jesus de Nazaré, a quem

consideravam “Filho de Deus”. Além disso, seu fundador havia-se atrevido a

 prognosticar a destruição do Templo de Jerusalém.Esse grupo acusava as autoridades infalíveis de Jerusalém de terem assassinado seu

líder, porém, ao mesmo tempo se contradizia, afirmando que ele já havia ressuscitado.

Eram liderados por alguns pescadores, tendo à cabeça um tal de Simão, a quem eles

chamavam Kefas, Pedra. Era preciso extirpar este tumor.

Para o israelita, o sangue era motivo de contaminação e qualquer contato com ele

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impedia a entrada no Templo ou a celebração das festas religiosas. Todavia, os nazarenos

afirmavam que o que antes era motivo de contaminação religiosa, agora era causa de

salvação. Parecia loucura ou absurdo, porém, inexplicavelmente, a cada dia, juntavam-se

mais adeptos. Até mesmo alguns sacerdotes haviam abraçado esta fé naquele a quem

chamavam de “o Crucificado”. Fazia-se necessário aplicar um remédio a qualquer preço!

Para agravar a delicada situação, o Galileu pretendia ser superior ao legislador de Israel,

Moisés, a quem Deus havia dado sua Lei no cume do monte Sinai. Em seu delírio de

grandeza, presumia ser superior ao sapientíssimo rei Salomão. E, o que é inaudito,

assegurava existir antes de Abraão e ser “o Filho de Deus”, afirmando ainda que Deus e

ele eram uma mesma pessoa. Era preciso pôr um fim a esta ousadia!

A religião judaica baseava-se na oração do Shemá, que resumia o credo do povo de

Deus: Shemá, Israel,  Adonai, Elohenu, Adonai Ejad . Deus é Uno! E o Nazareno

afirmava que Deus tinha um Filho, assemelhando-se às turbulentas famílias dos deuses

do Olimpo. Jamais herege algum havia transposto essas fronteiras!

B. VISÃO DE SAULO: JESUS MALDITO

Com fundamento na Palavra de Deus, que afirma: “Maldito todo aquele que for 

suspenso no madeiro” (Gl 3,13; Dt 21,23), Paulo concluía que Jesus era um maldito que

havia pago seus atrevimentos com a cruz.

Pela cadeia de blasfêmias, e de acordo com a santa Lei, os responsáveis pela ortodoxia

haviam-no justiçado nos arredores de Jerusalém. Todavia, no fundo, era Deus mesmo

quem havia feito justiça, maldizendo-o por meio da cruz. Ou seja, de acordo com a

mentalidade legalista de Saulo, Jesus era um amaldiçoado e maldito pelo próprio Deus do

Sinai. Não havia lugar para a menor das dúvidas.

Por tudo isso, Saulo não podia sequer consentir a invocação ou recordação de seu

nome. E, assim, o fariseu de Tarso declarou-lhe guerra de morte; um dos dois teria que

morrer na batalha.

C. NOVA VISÃO DE PAULO SOBRE O MESSIAS

Entretanto, nas proximidades de Damasco, o intolerante discípulo de Gamaliel foi

arremessado ao chão com um golpe inesperado pelo mesmo Jesus a quem ele dava por 

morto. O justiçado do Calvário certamente havia ressuscitado e estava vivo. O impacto

foi tão forte que lançou por terra as colunas de sua fé e desestabilizou os fundamentos de

sua tradição religiosa. Sua mente havia sido bombardeada pelo Nazareno e agora tinha

que começar outra vez, a partir do zero. Havia corrido e ficado fatigado pelo caminho

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equivocado. Por isso, refugiou-se por alguns anos no deserto da Arábia, para sedimentar 

cada um dos novos princípios gerados por seu encontro pessoal com “O Ressuscitado”.

Desse modo, no ritmo com que se anseia por um fino vinho, porém sem pausas, e

graças à luz do Espírito Santo, foi reconstruindo a imagem dada pelo Crucificado sobre

quatro pilares intimamente conexos entre si:Primeiro pilar:

De maldito a Deus Bendito

Em primeiro lugar, esse “maldito” transformou-se em “Deus Bendito”:

 Deles é que descende, quanto à carne, o Cristo... Deus bendito para sempre!  (Rm

9,5)

Afirma e confessa, sem ambigüidades, sua divindade. Jesus é Deus! Deus de Deus,

Luz de Luz. Deus verdadeiro de Deus verdadeiro.

Segundo pilar:

O Kyrios, Senhor, meu Senhor

Esse crucificado foi glorificado por Deus e constituído como “Kyrios”, Senhor. Deus o

exaltou e lhe deu um nome que está acima de todo nome, para que diante dele se dobre

todo joelho e toda língua confesse que é Senhor para a glória do Pai.

E não é somente “o Senhor”. Para Paulo de Tarso (Fl 3,8), converte-se em “meu

Senhor”.

Paulo dobra seus joelhos diante desse Jesus a quem antes maldizia. Mudouradicalmente.

Terceiro pilar:

Único mediador entre Deus e os homens

Além disso, declara-o como o único mediador entre Deus e os homens. Não há outro

meio para sermos salvos.

 Pois bem, irmãos, ficai sabendo: por meio dele vos é anunciado o perdão dosecados. De tudo em que vós não pudestes ser justificados pela Lei de Moisés.  (At

13,38)

Por isso, quando os Gálatas tentam voltar à Lei como meio de salvação, Paulo reage

violentamente, dizendo-lhes:

 Admiro-me de que tão depressa, abandonando aquele que vos chamou na graça de

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Cristo, tenhais passado a outro evangelho. Não que haja outro... [...] Pois bem, mesmo

que nós ou um anjo vindo do céu vos pregasse um evangelho diferente daquele que vos

regamos, seja excluído! Como já dissemos e agora repito: se alguém vos pregar um

evangelho diferente daquele que recebestes, seja excluído (Gl 1,6-9).

Quarto pilar: Hilasterion: Propiciatório que nos torna

agradáveis a Deus

A coberta de ouro puro da arca onde se imolava o sacrifício para o perdão dos pecados

chamava-se Kapporeth em hebraico ( Hilasterion, em grego), e poderia ser traduzido por 

Propiciatório.

Graças ao sacrifício de expiação que se oferecia neste lugar, o homem se tornava

 propício a Deus. Ali, em meio às asas dos querubins, encontrava-se a Presença de Deus.

Para Paulo, Jesus, com seu sangue precioso, é tanto o Propiciatório quanto o sacrifício

 para o perdão dos pecados. O culto antigo foi substituído pela oblação de Jesus na cruz.

Para assumir o pecado, Jesus “ se fez pecado” (2Cor 5,21) para fazer morrer o pecado

na cruz.

Saulo não modificou nem melhorou a visão e imagem que tinha de Jesus:

Transformou-a totalmente; tanto assim, que até a vida do fervoroso fariseu deu uma

volta de cento e oitenta graus.

D. APLICAÇÃO À NOSSA VIDA Nosso desafio, hoje, consiste em renovar nossa visão de Jesus à luz do Espírito Santo.

ão se limita a uma concepção mental ou intelectual, mas experiencial.

 Nesta guerra de morte, Saulo perdeu a batalha e, não obstante, ganhou o mais

importante: mudou radicalmente a visão que tinha do “Nazareno”. Agora é “O Deus

Bendito, O  Kyrios, O Único Mediador e O  Hilasterion”. O escândalo e a loucura da

cruz transformaram-se em poder de Deus e sabedoria de Deus (1Cor 1,23-24).

Com razão, Paulo afirma que Jesus é sua vida.

JESUS DE NAZARÉ É O ÚNICO MEDIADOR 

ENTRE DEUS E OS HOMENS.

É O SENHOR DIANTE DE QUEM SE DOBRA

TODO JOELHO, NO CÉU E NA TERRA.

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AQUELE QUE ERA CONSIDERADO MALDITO

É DEUS BENDITO PELOS SÉCULOS.

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4. Nova visão do plano

de salvaçãoO ápice da mudança de Paulo foi a nova visão do plano de salvação, cujo resumo

encontramos nas Cartas aos Efésios (Ef 1,2-13), aos Filipenses (Fl 2,4-11) e aos

Romanos (Rm 3-4), nas quais se entrelaçam fatores diversos:

• O desígnio de Deus em Cristo Jesus;

• Jesus, que nos resgata ao preço de seu sangue;

• O selo do Espírito Santo, que torna presentes e eficazes os frutos da redenção.

 Nestes três campos, o aplicado discípulo de Gamaliel sofreu uma profunda

metamorfose, ou, melhor dizendo, uma metanóia (mudança de mentalidade). A partir de

Damasco, houve uma erosão em seus antigos paradigmas. Mais do que a queda de Paulo

ao solo, foi o fato de que foram derrubados seus princípios religiosos, tanto do papel de

Deus quanto da responsabilidade do homem relativamente à salvação. Paulo descobre

algo que supera tudo quanto pudéssemos pedir ou imaginar: a salvação é concedida por 

graça; é gratuita.

Este tema oferece a visão evangélica do plano universal de salvação, pois há muitos

cristãos que ainda vivem sob os antigos paradigmas da redenção. Todavia, não se trata

de conhecê-lo pela cabeça, mas de experimentá-lo na vida.

Quando Saulo transforma sua visão de Jesus, automaticamente modifica a forma como

antes concebia a redenção. Se antes era obtida ou merecida pelo cumprimento da Lei,

agora é um presente gratuito da misericórdia de Deus, pois Jesus já pagou o preço de

nosso resgate.

A. VISÃO DE SAULO SOBRE A SALVAÇÃO

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Seguindo a tradição bíblica, que afirmava: “Quem cumprir estas coisas, por elas

viverá” (cf. Jr 10,5; Rm 10,5), Saulo crê e professa que a salvação se merece pelo

cumprimento da Lei. Essa é a razão pela qual se esforçava para cumprir com rigor todos

os mandamentos e preceitos da legislação mosaica.

Assim o ensinava a tradição e assim também era promulgado pelas autoridadesreligiosas.

B. EXPERIÊNCIA DE PAULO: PELA GRAÇA, QUE EXCLUI AS OBRAS DA

LEI

Em primeiro lugar, desmascarava um grave sofisma, segundo o qual o homem se

salvava pela observância de todos os mandamentos e preceitos da Lei. Entretanto,

ninguém, absolutamente ninguém, pôde nem é capaz de cumpri-la. Assim sendo, é

impossível salvar-se pelas meras forças humanas. Ao contrário, incorre-se emcondenação por transgredir a Lei.

Por outro lado, descobre que Jesus já pagou nossa conta, nossa dívida por termos

comido do fruto proibido. A nós não custou nada, porque já lhe custou seu sangue

inocente. Ele pagou a fatura pendente:

 Deus anulou o documento que, por suas prescrições, nos era contrário e o eliminou,

cravando-o na cruz. (Cl 2,14)

Fomos comer em um restaurante fora de minha cidade.Chegado o momento de pagar a conta, não quiseram debitar no cartão de crédito, motivo pelo qual teríamosque ser conduzidos irremediavelmente para a cadeia. Todavia, nesse instante, aproxima-se o garçom e nos diz:

− O dono do restaurante os conhece muito bem e vocês não têm nada a pagar.

Aceitar que a salvação é gratuita é algo difícil, uma vez que optamos por nos gloriar em

nossos méritos. Prefere-se conquistar a salvação a agradecê-la. Paulo teve que aprender 

isso de uma forma muito dramática, quando se deu conta de que seu cartão de crédito (o

cumprimento da Lei) não tinha valor algum diante de Deus.

Paulo teve consciência de que estava diante de dois sistemas opostos e de que deviaescolher um dos dois: ou continuar esforçando-se, escalando os 613 preceitos, ou aceitar 

a dádiva da salvação. Em outras palavras, Saulo devia escolher entre continuar sendo

discípulo do legislador do Sinai ou ser servo de Jesus de Nazaré. Cabia a Paulo fazer a

escolha.

Se fosse salvo pela Lei, já não seria pela graça; e, se fosse pela graça, não seria pela

Lei (Rm 11,6). Não havia meio-termo. Uma opção excluia a outra.

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em sua própria carne, que “a justificação total não se obtém (pelo cumprimento) da Lei

de Moisés” (At 13,38), mas que o justo viverá pela fé (Rm 1,18), pois é evidente que a

 Lei não justifica ninguém  (Gl 3,11), pela simples razão de que ninguém a cumpre

totalmente.

C. APLICAÇÃO À NOSSA VIDA

É provável que também nós, por nossa própria conta, tenhamos feito nossas

economias e investimentos no Banco do Sinai e presumimos um cartão de crédito do

mesmo banco. Entretanto, no Reino, esse cartão não tem valor; não o recebem; é um

simples plástico.

Por outro lado, Jesus nos repete: “Eu já paguei a conta completa, ao preço de meu

sangue, de minha vida”. Cabe agora, a nós, decidir se continuamos confiando em nosso

cartão de crédito, ou se nos abandonamos ao sangue de Jesus Cristo. Apenas uma das

opções, porque não podem ser conjugados ambos os sistemas.

O que o é por graça, não o é pelas obras da Lei. Portanto, também temos de escolher 

um dos dois caminhos: ou me empenho em completar a cota dos mil pontos ou me

abandono à misericórdia de Deus. Ou retiro a calculadora, ou levanto minhas mãos para

agradecer.

O certo é que nosso cartão de crédito não é recebido no Reino da graça. Não tem

valor. É apenas um plástico.

Paulo viveu uma revolução completa em sua visão de como se realizou o plano deDeus.

Ele havia percorrido o caminho da Lei. Todavia, apercebe-se de imediato que não se

trata de percorrer o caminho, mas que Deus tenha misericórdia, como sucedeu com ele

no caminho de Damasco: não se trata mais de pagar a conta de seu pecado, mas sim de

entregar a fatura a Jesus, para que ele a pague, cravando-a em sua cruz.

Ao receber a revelação de que Jesus não somente morreu por ele, mas também em seu

lugar, rende-se totalmente à liberdade divina, que tem misericórdia de quem ama. Em vez

de tentar salvar-se por seus próprios méritos, abandona-se para ser salvo pela morte eressurreição de Jesus. Morre com Jesus, para com ele também ressuscitar.

Reconhece que seu cartão de crédito não é mais do que plástico, que não tem valor 

algum. Renuncia a seus investimentos no Banco do Sinai e depende tanto de Jesus a

 ponto de afirmar: “Para mim, o viver é Cristo”.

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 podemos afirmar: “Já fomos salvos porque Jesus já pagou o preço de nosso resgate”.

− Salvação subjetiva: é fazer nossos, no dia de hoje, os frutos da salvação.

Começamos a vivê-la hoje, como primícias, na esperança, e se consuma na vida eterna.

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5. O que devemos fazer 

 para ser salvosQuando o incansável pregador anunciava o Evangelho da graça, proclamando que a

salvação era gratuita, surgia logicamente a mesma pergunta: se Deus já fez tudo, se Jesus

á pagou toda conta, então, não nos resta nada a fazer?

 Na noite em que o carcereiro de Filipos recebeu a Boa Notícia de que já havia sido

resgatado pelo amor de Deus, ele sentia que era verdade. Todavia, ao mesmo tempo,

tinha conhecimento de que, embora já estivesse salvo, ele ainda não experimentava essasalvação em sua vida. Pediu, então, uma resposta concreta a Paulo e a Silas:

Senhores, que devo fazer para ser salvo? (At 16,30)

Para nos apropriarmos da salvação e dos frutos da redenção, Paulo nos apresenta um

 plano constituído de quatro elementos inter-relacionados. Entretanto, sem que deixe de

ser gratuita, necessitamos responder ao dom gratuito da salvação.

Deus nos presenteou a salvação; todavia, se não soubermos recebê-la, a obra salvífica

corre o risco de permanecer incompleta. Tal é a transcendência de nosso papel.

A. PRIMEIRO ELEMENTO: ESCUTAR A PALAVRA, QUE É FORÇA DE

DEUS PARA A SALVAÇÃO

 Pela loucura da pregação [do evangelho], Deus quis salvar os que crêem (...), pois é

a força salvadora de Deus para todo aquele que crê.  (1Cor 1,21b; Rm 1,16b)

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O ponto de partida está radicado na escuta da Palavra, o anúncio da Boa-Nova da

salvação, pois a Palavra de Deus tem poder, dynamis, para produzir a fé e a conversão

em cada pessoa.

Assim sendo, a proclamação da Boa-Nova, centrada na morte de Jesus e sua gloriosa

ressurreição, é o primeiro passo para sermos salvos.B. SEGUNDO ELEMENTO: CRER COM O CORAÇÃO QUE DEUS

RESSUSCITOU JESUS DOS MORTOS

O passo seguinte encontra-se expresso nesta fórmula magistral do apóstolo:

Se, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo.  (Rm

10,9b)

Mais que falar da fé, Paulo se refere a crer; crer com o coração, núcleo da pessoa por 

inteiro. Entretanto, não basta crer em Deus; é necessário dar crédito a Deus; neste caso,a seu plano de salvação.

Ao crer que Deus ressuscitou Jesus, estamos convictos de que Deus cumpre suas

 promessas e pode realizar até o impossível: Que um morto ressuscite, e ressuscite para

nunca mais morrer. Isso demonstra que também podemos ser transportados do mundo

das trevas para o mundo da luz e do sepulcro do pecado para o Reino da Graça. Se um

morto ressuscitou, tudo é possível. Assim, pois, nossa atitude não se reduz a crer em

algo, mas a crer em alguém; alguém que nos ama e quer o melhor para nós. Crer naquele

que nos ama.

Certo alpinista, com obsessão por conquistar uma alta montanha, iniciou sua solitária ascensão após anos de preparação.

Começou a escalar enquanto entardecia. Em vez de acampar, decidiu continuar em frente.

Escureceu. A noite caiu sobre a neve da montanha. A lua e as estrelas estavam cobertas pelas nuvens.

Já não se podia ver absolutamente nada. Estava tudo negro, mas ele não se detinha.

Desafiando uma escarpa, escorregou no gelo, caindo lentamente, mas sem se deter, embora percutisse a nevecom o piolet [bastão]. O alpinista só conseguia ver manchas escuras, além da terrível sensação de ser sugado pela gravidade.

Quando já estava caindo no precipício, sentiu o fortíssimo puxão da longa corda que o amarrava pela cintura. Nesse momento de quietude, balançando-se e suspenso no ar, sem ver o fundo do abismo, desafiou o Senhor egritou com toda a sua fé:

 –  Se me amas, ajuda-me, meu Deus!

Uma voz grave e profunda, vinda do céu, respondeu-lhe:

 –  Se te amo, que queres que faça?

 –  Salva-me, meu Deus. Não vejo nada. Tu és minha única esperança.

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nosso pensar e agir esteja submetido à Palavra de Deus. Significa aceitar que, de agora

em diante, Jesus tome todas as decisões de nossa vida. Implica tanto o fato de nos

soltarmos da corda de nossos meios, que utilizamos para ser felizes, quanto o de

aceitarmos o Evangelho como norma de vida.

Existem diferentes formas de governo no mundo:− As monarquias constitucionais, nas quais o rei ou a rainha são apenas um adorno, porque quem governa, emtodos os sentidos, é o primeiro ministro e o parlamento.

− Os governos republicanos ou democratas, em que há três poderes diferentes: o Executivo, o Legislativo e oJudiciário, exercidos por diferentes pessoas.

− As monarquias tradicionais, em que o monarca concentra os três poderes.

 Nas igrejas, existem diferentes categorias de cristãos: alguns dizem que Jesus assume o

Executivo; todavia, eles decretam as leis que regem sua vida, ou se declaram justos pelo

que fazem ou não fazem. Outros cedem a Jesus a capacidade de legislar e, no entanto,

eles continuam exercendo os poderes Executivo e Judiciário.

Proclamar o senhorio de Jesus implica em reconhecer que o Senhor Jesus é o monarca

que assume os três poderes e nós, livremente, nos submetemos a suas decisões e valores.

Esta proclamação do senhorio de Jesus é feita em voz alta, com orgulho e de forma

total, entregando não somente uma parte, mas todos os aspectos da vida.

Trata-se não apenas de nos soltarmos de nossa corda, mas de entregar ao senhor a

corda onde está radicada nossa segurança econômica, religiosa, mental, afetiva etc.

D. QUARTO ELEMENTO: RECEBER O SELO DO ESPÍRITO SANTO

Os que crêem na pregação recebem o dom do Espírito como selo que garante a

salvação:

 Nele, também vós ouvistes a palavra da verdade, a Boa Nova da vossa salvação. Nele

acreditastes e recebestes a marca do Espírito Santo prometido. (Ef 1,13)

Um documento importante requer um selo para identificá-lo como legal. A salvação,

igualmente, precisa do selo do Espírito para ser autêntica, e não apenas uma idéia

subjetiva ou uma ilusão.O Espírito Santo tem a capacidade de tornar presentes e eficazes, aqui e agora, os

frutos da redenção obtidos por Jesus Cristo há dois mil anos. Ele nos capacita a viver 

como salvos em todas as áreas da vida. Por isso, Paulo recomenda:

 Não vos embriagueis com vinho – pois isso leva ao descontrole –, mas enchei-vos do

 Espírito. (Ef 5,18)

O vinho transforma a maneira de falar, de caminhar e de sentir. A pessoa embriagada

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 pelo Espírito Santo muda sua forma de viver, pois está sob o influxo e sob o poder do

vinho do Espírito de Deus. O Espírito nos revela a verdade completa de Jesus e ao

mesmo tempo a paternidade de Deus como papai.

As pessoas embriagadas pelo Espírito apresentam necessariamente as conseqüências do

vinho a que Paulo chama “os frutos do Espírito”, que são presididos pelo amor (Gl 5,22-23).

Graças ao Espírito, forma-se o Corpo de Cristo, que se reúne para celebrar o mistério

da fé, em torno da mesa da Palavra e da Eucaristia.

E. APLICAÇÃO À NOSSA VIDA

Deus faz tudo quanto tu não podes, como, por exemplo, reconciliar-te com Ele;

todavia, não te substitui na parte que te cabe: cortar a corda, para abandonar-te

incondicionalmente a seu plano de salvação, traçado com amor. Não somente crer em

Deus, mas confiar nele, renunciando à corda que supões ser teu meio de salvação e de

felicidade, mas que, afinal de contas, é o que te impede de ser salvo por Deus.

Ousa crer no senhorio de Jesus, reconhecendo que ostenta os poderes Executivo,

Legislativo e Judiciário.

Cada um de nós sabe qual é a atadura que deve ser cortada; aquela forma de vida,

aquela atitude ou aquela situação que, ao invés de te salvar, te impede de ser salvo.

Muito embora não o vejas, se hoje escutares sua voz e creres em sua Palavra, serás

salvo pelo poder e pelo amor de Deus.

Se quando confessamos a ressurreição de Jesus, soltamo-nos da corda, ao proclamar o

senhorio de Jesus, entregamos nossa corda a Deus para que ele faça o que lhe aprouver.

Com esta experiência, podemos compreender o alcance da expressão de Paulo, quando

confessava: “Para mim, o viver é Cristo”.

A salvação já foi realizada pela morte e ressurreição de Jesus Cristo, o qual pagou o

 preço de nosso resgate. Ademais, é gratuita, não custa nada, mas precisamos fazer algo

 para torná-la nossa. Queremos apenas salientar que, se este conjunto não for posto em

 prática, a obra salvífica permanece incompleta.

CREIO E CONFESSO QUE JÁ FUI SALVO

GRATUITAMENTE POR JESUS CRISTO.

PORTANTO, COM O PODER DO ESPÍRITO SANTO,

POSSO VIVER HOJE COMO SALVO.

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CONFESSAR COM A BOCA SUA RESSURREIÇÃO

Bom Deus, creio profundamente que cumpriste tua promessa de ressuscitar Jesus

dentre os mortos e que, portanto, tudo é possível. Se Jesus ressuscitou, também posso

ressuscitar com Ele e viver a vida nova, passando das trevas à luz.

Solto-me da corda para crer no que humanamente é impossível, mas que para ti, por teu amor, é possível.

PROCLAMAR O SENHORIO DE JESUS

Bom Pai, creio em teu amor e abandono-me sem condições para deixar-me amar por 

ti.

Senhor Jesus, sei que já pagaste o preço, entregando tua vida por mim. Por isso,

cativado por teu amor, agora te entrego toda a minha vida e me submeto cem por cento a

teu Senhorio, para viver de acordo com teus pensamentos, critérios e valores.Proclamo-te Senhor em todas as áreas de minha vida.

Portanto, renuncio a ser o arquiteto de minha vida. Reconheço e aceito teus poderes

Executivo, Legislativo e Judiciário. Tu és meu Senhor. De agora em diante, Jesus, tu

tomas todas as decisões em minha vida. Não somente me solto da corda. Entrego-a a ti.

Renuncio a todas as minhas ataduras, nas quais pus minha confiança, e que acabaram

 por me aprisionar. De agora em diante, tua cruz salvadora é a corda. Ou melhor, Jesus,

tu és minha corda, a única corda de que dependo.

ESTAR CHEIOS DE ESPÍRITO SANTO

Agora, Senhor Jesus, de acordo com tua promessa, enche-me totalmente de teu

Espírito Santo. Embriaga-me com o vinho de teu Espírito.

Quero experimentar seu poder e seu amor. Abro-me totalmente para ser e estar cheio

do Espírito de Deus, que me embriague para ter, Jesus, teus mesmos sentimentos,

 pensamentos e critérios.

Espírito Santo, vem e enche-me. Abro-me totalmente a ti, para que me seles e eu

 possa viver a salvação e todos os frutos da redenção de Jesus Cristo em minha vida.

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6. Nova visão de si mesmo

Saulo havia mudado sua visão de Deus, de Jesus e da salvação. Mas também, em

virtude do que aconteceu nas proximidades de Damasco, começou a transformar sua

imagem e perfil pessoal.

O divisor de águas da vida de Saulo de Tarso não se situa em Jerusalém, capital

teocrática de Israel, onde residia a divindade, mas sim em território pagão: Deus age fora

das fronteiras da terra santa! Suas velas se abrem para aproar a portos inesperados,

rompendo paradigmas religiosos, étnicos e até morais.

Tudo começou nos arredores de Damasco, quando teve seu encontro pessoal comJesus, e culminou em suas muralhas, quando Ananias lhe impôs as mãos para que

recebesse o Espírito Santo, batizou-o e curou-o de sua cegueira.

Saulo de Tarso estava absolutamente condicionado por seu passado e seus paradigmas,que se haviam convertido em norma de vida, sendo-lhe muito difícil mudar, pois

acreditava encontrar-se no ápice da verdade. Foi então que, em Damasco, Deus lhe deu

um empurrão para que empreendesse o vôo por céus inéditos.

Certo rei recebeu como obséquio dois pequenos falcões e os entregou ao instrutor para que os treinasse. Osmeses se passaram. O instrutor informou ao rei:

 –  Majestade, um de seus falcões está em perfeito estado, porém o outro não se moveu do ramo em que o

deixei no dia em que chegou. Tentei por todos os meios, sem conseguir resultado algum. Não tenho a menor 

idéia do porquê deste falcão não voar.Os veterinários, após cuidadosas análises, declararam:

 –  O animal está sadio e não existe razão lógica para que não empreenda o vôo.

O rei mandou chamar seus magos para que desencantassem o falcão, mas ninguém pôde fazer voar aquelaave, que continuava presa ao ramo.

A cada manhã, da janela, o monarca observava o falcão imóvel, agarrado firmemente à árvore. Promulgou,então, um édito real:

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Saulo tinha sua própria imagem de si mesmo. Apesar disso, o que ocorreu em

Damasco mudou não apenas sua forma de se perceber, mas transformou também a

estrutura de seu ser. Não se trata de uma mudança de fachada ou simples maquiagem,

mas de um novo Paulo. Tudo o que era velho já passou. Agora é “nova criatura em

Cristo Jesus”. Já não é ele quem vive, mas Jesus Cristo é quem vive nele, porque Cristoé sua vida.

Como resumo dessa experiência integral, podemos repetir a palavra do próprio

apóstolo:

A vossa vida está escondida com Cristo em Deus. (Cl 3,3)

• Quando o Demônio quer me acusar de meus pecados passados, não me encontra,

 porque minha vida está escondida em Jesus Cristo.

• Quando alguém me acusa de minhas faltas, não me encontra, porque estou escondido

em Jesus Cristo.

• Quando me assaltam os escrúpulos e as dúvidas, se já fui perdoado por Deus, não me

encontro, porque minha vida está oculta em Jesus Cristo.

Com razão havia exclamado em Éfeso: “ Para mim, o viver é Cristo”. Havia sido

cativado em Damasco por aquele que o amou e se entregou por ele, e a quem entregou

toda a sua vida. Jesus não era uma parte de sua vida, mas sua própria vida.

Entretanto, se nos sentimos até incapazes para dar os passos que nos cabem, podemos

 pedir ao Senhor: “Senhor, corta o ramo que me impede de voar”.

PELA GRAÇA DE DEUS,

SOU O QUE SOU.

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anjo para libertá-lo. Havia soado a hora da partida. E assim escreve a Timóteo com toda

a certeza:

Chegou o tempo da minha partida. (2Tm 4,6b)

 No silêncio da prisão, onde os dias são intermináveis e as noites não têm fim, o atleta

de Cristo teve oportunidade de preparar o equipamento para sua última viagem, “cuja passagem era somente de ida”.

 Na penumbra do calabouço, escreve uma carta a seu querido discípulo, confessando

que todos o desampararam. Ninguém pôs a mão no fogo por ele. Ninguém testemunhou

em seu favor nem se arriscaram a visitá-lo na prisão. Foi abandonado como barco à

deriva em meio à tempestade. Pediu que se apressasse a levar-lhe, antes do inverno, o

abrigo que esqueceu em Trôade, provavelmente, presente de algum amigo. O paladino da

doutrina do Corpo de Cristo necessitava ser agasalhado pela amizade no úmido frio da

solidão que penetra até os ossos. Pede também os Manuscritos, porque quer morrer lendo o plano de salvação na Torá, nos Profetas e nos Escritos.

Dessa forma, o aguerrido missionário de aproximadamente 55 anos, porém envelhecido

 pelos embates da vida, pelo árduo trabalho e pela preocupação com as igrejas, parece um

ancião taciturno. Não dialoga, porque fala consigo mesmo, sabendo que, de um

momento para outro, sua existência será cortada nos arredores da cidade das sete colinas.

Enquanto isso, rememora cada uma de suas experiências de 30 anos de ministério, sem

esquecer sua passagem pelo judaísmo mais estrito. Já não é necessário perguntar-se se

valeu a pena. A pergunta é desnecessária. Sua perseverança é a resposta. É o momentode enfrentar a morte, tal como vinte anos antes a havia vislumbrado como um lucro.

Para Timóteo, resume sua existência condensando em uma única frase a experiência

que vive:

Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. (2Tm 4,7)

A Bíblia italiana da CEI assim traduz: “Chegou o momento de ‘soltar as velas’”.

Despregar as velas. Dado que está chegando ao porto definitivo, seria mais lógico que

dissesse que vai dobrar as velas. Entretanto, não é o que ele fez. Ocorre que sua viagem

não está terminando. Ao contrário, está começando. Por isso, faz-se necessário soltar asvelas e estendê-las, para que o vento do Espírito o conduza ao cais onde irá encontrar 

aquele mesmo que o fascinou, porque o amou tanto que se entregou por ele. O verbo

grego refere-se também ao fato de levantar as tendas do acampamento para seguir em

frente.

 Desde agora, está reservada para mim a coroa da justiça que o Senhor, o justo juiz,

me dará naquele dia, não somente a mim, mas a todos que tiverem esperado com amor 

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a sua manifestação. (2Tm 4,8)

Chegou a hora de receber a coroa da justiça que o justo Juiz lhe dará. Esta coroa,

salienta-o com clareza, não é algo que ele tenha ganho por seus méritos e sacrifícios. É

um presente gratuito do amor misericordioso de Deus.

b. Último desejoComo todo condenado à morte, tem direito a expor seu último desejo.

Qual seria o último desejo de Paulo de Tarso?

Seus escritos, especialmente as cartas aos Filipenses e a Timóteo, oferecem-nos várias

 pautas para penetrar nos sentimentos de sua alma e intuir o que mais desejava.

c. Desfile de clausura

É o momento da síntese. Diante de sua imaginação e gravada na policromia de sua

memória, passam todas as pessoas que foram significativas em sua existência; um desfilede amigos e inimigos que deixaram marcas indeléveis em sua vida.

Quem encabeçaria a lista? Talvez Gamaliel, Timóteo e Tito, entre outros.

Certo dia, antes que o sol desponte no horizonte, Paulo é apanhado por quatro

soldados romanos da corte imperial, que o guardam e encaminham para o local de sua

execução. Paulo caminha lento, arrastando uma corrente em seus pés e com as mãos

amarradas ao ombro. Os soldados caminham levando um estandarte com as águias

romanas que dominavam o mundo então conhecido.

Cruzam as sólidas muralhas da capital do império e chegam a uma vila afastada. Sobreo tronco de uma árvore talhada, de joelhos, colocam a cabeça do condenado à morte. O

verdugo desembainha a espada e verifica seu fio. O centurião romano levanta sua mão.

Paulo fecha os olhos. Há 30 anos havia declarado a guerra sem quartel a Jesus de

azaré e a havia perdido, tornando-se credor da morte; mas não foi assim. Agora é o

momento de oferecer sua vida como libação.

Quanto a mim, já estou sendo oferecido em libação. (2Tm 4,6a)

Chegou o momento, por muito tempo esperado, não da morte, mas de encontrar-se

outra vez com aquele que o seduziu nas proximidades de Damasco. Chegou a hora,muitas vezes sonhada, de ver face a face o Senhor dos Senhores, diante de quem se

dobram os joelhos. Paulo, e somente ele, sabe que está ajoelhado diante de seu Salvador 

e Senhor.

Seus olhos úmidos recobraram o brilho, porém seu olhar está perdido. Seus lábios

secaram-se. Está imóvel. Entretanto, movimenta a boca e procura levantar seus olhos ao

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céu. Parece que balbucia uma oração, ou será que fala consigo mesmo? Vamos nos

aproximar para tentar ouvir suas últimas palavras. Fala em hebraico, a língua de seus

antepassados. Conseguimos ouvir:

“Shemá, Israel ”. Sua voz é entrecortada e continua em tom mais baixo: “ Adonai

 Elohenu...”. Respira e continua: “ Adonai...”. Já não conseguimos ouvir a última palavra,embora pudéssemos adivinhá-la. Aproximamo-nos um pouco mais para escutá-la de seus

 próprios lábios. Não. Paulo de Tarso não termina segundo a tradição: Ejad , Deus é Uno.

Paulo sussurra: “Shemá, Israel, Adonai Elohenu, Adonai Abbá.

... Adonai Abbá. Nosso Deus é Abbá, é papai.”

O centurião baixa sua mão e com um golpe certeiro a espada do verdugo transforma-se

no passaporte para que Paulo empreenda sua última viagem e veja face a face aquele que

o cativou em Damasco. Na verdade, a morte foi um lucro. Estava apenas de passagem

 por este mundo. Por isso, viveu tão intensamente cada instante. Sua morte foi um lucro.PARA MIM, A MORTE

É UM LUCRO

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Plano de salvação

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LIVROS DE JOSÉ H. PRADO FLORES

O SEGREDO DE PAULO

Apresentação da vida e ministério de São Paulo, onde nos é descoberto o segredo de

seu êxito pastoral. Preparou formadores de evangelizadores, com uma estratégia

desenvolvida nos diferentes capítulos do livro.

MORTE FASCINANTE DE JESUS

Visão evangélica da entrega de Jesus, em que são mostrados mais os frutos da morte

do que a dor da cruz.

O PODER DE DEUS

Três autores de âmbito internacional mostram o poder de Deus que cura a pessoa

completamente quando se anuncia o Evangelho.

Estes milagres e curas são sinais do amor de Deus para manifestar que Jesus está vivo

em nosso meio.

SEGREDO DE PAULO

Paulo nos revela o segredo de seu êxito pastoral.Uma motivação: Encontro pessoal com Jesus em Damasco.

Uma mensagem: O evangelho da graça.

Uma estratégia: Trabalho em equipe para o percurso da Palavra de Deus.

O fator multiplicador para expandir a Boa-nova da Salvação.

PAULO

Curso para formar evangelizadores que transmitam o conteúdo e o objetivo do

Querigma dentro do plano de salvação, em uma forma criativa e eficaz.

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1 Obviamente, estamos falando do pecado reconhecido como tal.

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Index

Folha de rosto 2Créditos 4

Apresentação 61. Nova noção de Deus 102. Nova noção do homem e do pecado 163. Nova visão de Jesus 244. Nova visão do plano de salvação 305. O que devemos fazer para ser salvos 376. Nova visão de si mesmo 44Conclusão 49Plano de salvação 55Livros de José H. Prado Flores 58