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Para John Piper:

pastor fiel,exemplo de piedade,amigo da vida inteira.

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SUMÁRIO

PREFÁCIO..............................................................................................009

ABREVIATURAS.....................................................................................017

PARTE UM

HOMENS E MULHERES NA PERSPECTIVA BÍBLICA

01: Visão bíblica dos papéis do homem e......da mulher conforme criados por Deus..............................................02002: Visão bíblica dos papéis do homem e......da mulher na igreja............................................................................029

PARTE DOIS

ALEGAÇÕES FEMINISTAS EVANGÉLICAS EM GÊNESIS 1–3

03: Criados iguais...................................................................................058

04: O governo masculino é resultado da Queda.......................................061

05: Ser auxiliadora significa ser igual.....................................................063

06: Criação prévia e governo animal........................................................066

PARTE TRÊS

ALEGAÇÕES FEMINISTAS EVANGÉLICAS NO RESTANTE DO ANTIGO

TESTAMENTO

07: Débora..............................................................................................070

08: Profetisas..........................................................................................073

PARTE QUATRO

ALEGAÇÕES FEMINISTAS EVANGÉLICAS NOS

EVANGELHOS E EM ATOS

09: Como Jesus tratava as mulheres.......................................................076

10: As primeiras testemunhas da ressurreição..........................................7811: A liderança de servo é importante,.....não a liderança autoritária.................................................................080

12: Razões culturais para apóstolos masculinos......................................082

13: Priscila ensinou Apolo.......................................................................085

14: Priscila é nomeada primeiro..............................................................087

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PARTE CINCO

ALEGAÇÕES FEMINISTAS EVANGÉLICAS SOBRE O

CASAMENTO, NAS EPÍSTOLAS DO NOVO TESTAMENTO

15: Nem homem nem mulher....................................................................090

16: Submissão mútua................................................................................93

17: Cabeça significa “fonte” ou “preeminente”..........................................99

PARTE SEIS

ALEGAÇÕES FEMINISTAS EVANGÉLICAS SOBRE A IGREJA, NAS EPÍSTO-

LAS DO NOVO TESTAMENTO

18: Febe como líder.................................................................................104

19: Júnias...............................................................................................107

20: As mulheres podiam profetizar...........................................................109

21: Ninguém obedece 1 Coríntios 14.34..................................................114

22: As cooperadoras de Paulo.................................................................117

23: O autor de Hebreus............................................................................121

24: Mulheres com o papel de diácono......................................................122

PARTE SETE

ALEGAÇÕES FEMINISTAS EVANGÉLICAS SOBRE A

IGREJA A PARTIR DE 1 TIMÓTEO 2

25: As mulheres ensinavam falsa doutrina...............................................129

26: Mulheres sem instrução.....................................................................134

27: Aplicação restrita a maridos e mulheres............................................139

28: Um mandamento temporário.............................................................142

29: “Nem exerça autoridade” significa algo mais.....................................145

30: Uma palavra incomum.......................................................................152

PARTE OITO

ALEGAÇÕES FEMINISTAS EVANGÉLICAS SOBRE COMO

INTERPRETAR E APLICAR A BÍBLIA

31: Ninguém proíbe jóias ou cabelo frisado.............................................156

32: A cobertura da cabeça......................................................................158

33: A escravidão......................................................................................162

34: A trajetória........................................................................................167

35: Parar de contender sobre temas secundários....................................172

36: Sob a autoridade do pastor e dos presbíteros, pode..........................176

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PARTE NOVE

ALEGAÇÕES FEMINISTAS EVANGÉLICAS EXTRAÍDAS DA TEOLOGIA E

DAS IDÉIAS DE IMPARCIALIDADE E JUSTIÇA

37: A submissão não eterna do Filho.......................................................180

38: A submissão mútua na Trindade........................................................196

39: Subordinação na essência.................................................................198

40: O campo missionário.........................................................................201

PARTE DEZ

ALEGAÇÕES FEMINISTAS EVANGÉLICAS COLHIDAS DA HISTÓRIA E DA

EXPERIÊNCIA

41: Há muitos precedentes históricos......................................................204

42: Ministério abençoado........................................................................213

43: Chamado..........................................................................................217

PARTE ONZE

UMA VISÃO BÍBLICA DA MASCULINIDADE E DA

FEMINILIDADE PARA O FUTURO

44: É o feminismo evangélico um......novo caminho para o liberalismo?......................................................220

45: O atual estado do evangelicalismo quanto......à masculinidade e feminilidade bíblicas.............................................222

A DECLARAÇÃO DE DANVERS................................................................239

BIBLIOGRAFIA.......................................................................................243

NOTAS....................................................................................................255

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PREFÁCIO

Este é um livro para todos os que quiserem ter uma visão rápida dos tópicos principais da controvérsia sobre os ensinamentos bíblicos dos papéis de homens e mulheres na igreja e no lar. É uma condensação do meu extenso estudo de 856 páginas: Evangelical Feminism and Biblical Truth:

An Analysis of More Than 100 Disputed Questions [Feminismo Evangélico e Verdade Bíblica: Análise de Mais de 100 Questões Controvertidas] (Sisters, OR: Multnomah, 2004). Ele almeja a atenção dos cristãos evangélicos que não pretendem se arrastar penosamente pelo livro maior, mas que esperam uma análise rigorosa, baseada na Bíblia, dos principais ensinamentos bíblicos sobre o homem e a mulher, com as respostas, da perspectiva “complementarista”, às principais alegações feministas.

No entanto, acrescentei a este livro material que não consta no livro de 2004, particularmente alguma interação específica com o recente livro

igualitarista Discovering Biblical Equality: Complementarity without

Hierarchy [Descobrindo a igualdade bíblica: complementaridade sem hierarquia], editado por Ronald W. Pierce e Rebecca Groothuis (Downers Grove, IL: InterVarsity, 2004).1

Nos dois primeiros capítulos deste livro procurei estabelecer uma visão bíblica clara da masculinidade e da feminilidade, primeiro com relação à criação e ao casamento e depois com respeito à igreja. No restante do livro interajo com os desafios e as objeções que os igualitaristas têm

levantado contra a visão expressa nesses dois primeiros capítulos.Pensei que poderia ser útil se explicasse em que o presente livro difere

dos cinco outros que escrevi ou editei sobre este tema:(1) Recovering Biblical Manhood and Womanhood (Wheaton:

Crossway, 1991; 566 páginas), que John Piper e eu publicamos, tem 26 ensaios de 22 autores diferentes, especialistas em campos variados como Antigo Testamento, Novo Testamento, Teologia, História, Sociologia, Psicologia, Biologia, Direito e Ministério Pastoral. Esse livro continua a ser a declaração clássica da posição complementarista, e em 1992 recebeu da revista Christianity Today (com base na votação dos leitores) o título de “Livro do Ano”. Continua ainda a ser amplamente lido e acabou de ser reimpresso em edição atualizada com novo prefácio (2006).

(2) Biblical Foundations for Manhood and Womanhood (Wheaton: Crossway, 2002), publicado por mim, contém dez capítulos escritos por

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CONFRONTANDO O FEMINISMO EVANGÉLICO10

diversos estudiosos especializados em assuntos bíblicos, teológicos e éticos relacionados ao tema. Alguns desses ensaios não são encontrados em nenhum outro lugar.

(3) Pastoral Leadership for Manhood and Womanhood (Wheaton: Crossway, 2002), publicado por Dennis Rainey e eu, contém 15 capítulos escritos por 14 autores, todos pastores veteranos ou líderes ministeriais, sobre as questões práticas envolvidas com o ensino e as práticas bíblicas de homens e mulheres no ministério da igreja local. Muitos líderes de igrejas acharam que esse é o mais prático de todos esses livros.

(4) Evangelical Feminism and Biblical Truth: An Analysis of More

Than 100 Disputed Questions (Sisters, OR: Multnomah, 2004; 856 páginas), é uma extensa obra de referência que trata, com significativo detalhe, de

todos os aspectos da controvérsia. É o resultado de tudo o que aprendi em mais de 20 anos de escrita, pesquisa e palestras sobre esse tema e interage com 118 alegações igualitárias.

(5) Evangelical Feminism: A New Path to Liberalism? (Wheaton: Crossway, 2006), documenta 25 argumentos diferentes usados pelos feministas evangélicos que minam a autoridade efetiva da Escritura em nossas vidas. Ele mostra como alguns dos argumentos utilizados por denominações mais liberais para aprovarem a ordenação de mulheres na década de 1970 são usados agora pelos feministas evangélicos, além de rastrear o modelo histórico que moveu vários grupos da ordenação de mulheres para a aprovação da homossexualidade e a ordenação de eclesiásticos homossexuais.

A minha intenção é que um livro assim seja útil a todos os crentes que desejam saber no que devem crer sobre a condição bíblica do homem e da mulher; que seja especialmente útil a estudantes universitários e seminaristas, comitês de estudo eclesiástico, pastores e líderes de estudos bíblicos que

buscam um resumo dos argumentos de ambos os lados da questão; que seja também um manual útil consultado pelos crentes que procuram respostas para os argumentos apresentados por seus amigos igualitaristas.

Acredito que o livro também será útil para quem não está envolvido em nenhuma controvérsia, mas deseja simplesmente compreender com maior profundidade o que a Bíblia ensina acerca de homens e mulheres e sobre as semelhanças e diferenças criadas por Deus em sua infinita sabedoria.

As controvérsias nunca são fáceis, mas Deus em sua graça permite sempre que elas nos tragam a um conhecimento mais profundo da sua Palavra e a um maior amor e confiança nele. Isso tem sido verdade ao longo de toda

a História, pois os cristãos cresceram no conhecimento da Bíblia quando tiveram de pensar e responder a pontos de vista controvertidos sobre temas

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Prefácio 11

como a Trindade, a pessoa de Cristo, justificação pela fé, inerrância da

Bíblia e assim por diante. Portanto, tem sido também com esta controvérsia. Ao ensinar, escrever e debater acerca deste assunto ao longo de 27 anos, reconheço que Deus me tem dado amor e consideração mais profundos por minha esposa, Margaret; um maior respeito pela sabedoria que ele dá tanto a mulheres quanto a homens; um desejo mais forte de ver mulheres e homens usando todos os dons que Deus lhes concedeu para o bem da Igreja; e uma valorização cada vez maior da extraordinária sabedoria de Deus quando criou homens e mulheres tão maravilhosamente iguais em inúmeros aspectos, mas tão encantadoramente diferentes em muitos outros.

Um dos perigos da controvérsia é que ela pode nos dominar a ponto de perdermos a alegria. Quanto ao presente tema, corremos o risco de ser tão enleados pela disputa que perdemos a alegria de ser homens e mulheres. Tenho a esperança de que este livro possibilitará que as mulheres se alegrem de novo por Deus tê-las feito mulheres, e que os homens se

regozijem novamente por Deus tê-los feito homens. Tenho a esperança de

que seremos capazes de olhar novamente uns para os outros como irmãos e irmãs na família de Deus e de sentir parte da alegria que Deus sentiu logo depois de, no princípio, nos ter criado macho e fêmea: “Viu Deus tudo

quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn 1.31 grifos do autor).

Outro perigo da controvérsia é que podemos perder a calma ou censurar com ira aqueles de quem discordamos. Quando agimos assim nos esquecemos do que o Novo Testamento nos ensina sobre como devemos divergir dos outros:

É necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade (2Tm 2.24,25).A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente,

tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. […]

Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz (Tg 3.17,18).

Procurei seguir esses princípios, mesmo quando neste livro discordo muito diretamente de meus irmãos e irmãs igualitaristas. A minha esperança é que outros ao lerem este livro procurem obedecer também esses versículos, e espero que os leitores me advirtam se eu for infiel a essas passagens em

qualquer coisa que escreva neste livro.Outro perigo da controvérsia é a tentação à passividade e ao evitamento

de uma importante questão que o Senhor pede que tratemos dela em nossa geração. Entristeço-me ao ouvir de igrejas e instituições que decidem

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CONFRONTANDO O FEMINISMO EVANGÉLICO12

não tomar posição nenhuma quanto aos papéis de homens e mulheres no casamento e na igreja. “É controvertido demais”, é o que me dizem.

Essa, contudo, não era a prática do apóstolo Paulo. Ele foi o maior evangelista da história do mundo, mas o seu interesse em alcançar o perdido não o levou a retrair-se e a deixar de anunciar doutrinas impopulares, desde

que fossem a Palavra de Deus. Disse ele aos presbíteros da igreja de Éfeso: “eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos; porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (At 20.26,27).

A implicação disso é que se tivesse evitado alguns ensinamentos antipatizados da Palavra de Deus, ele, no último dia, teria de responder a Deus por sua negligência (veja 2 Coríntios 5.10).

Há um paralelismo com hoje. Se um pastor, ou outro líder ministerial, decide nada ensinar acerca da liderança masculina na igreja e no lar e os casamentos na sua igreja começarem a passar pelo conflito e a desintegração

resultantes da mentalidade feminista de nossa cultura secular, ele, portanto, não poderá dizer como Paulo: “estou limpo do sangue de todos”. Não poderá dizer no final da vida que foi um fiel despenseiro da responsabilidade

que lhe foi confiada (1Co 4.1-5). Aqueles que se esquivam de ensinar os

assuntos nada agradáveis ensinados na Palavra de Deus se esqueceram que têm o dever de prestar contas a Deus por suas congregações: “[Eles] velam

por vossa alma, como quem deve prestar contas” (Hb 13.17).As igrejas e instituições que decidem não adotar nenhuma posição

neste assunto estão, na verdade, tomando assim mesmo uma posição. Elas estão se posicionando a favor da contínua mudança para a esquerda e da contínua erosão da obediência que devem à Escritura (veja alguns exemplos

no capítulo 44). A igreja ou organização que decide não adotar uma linha de ação acerca desta questão estará movendo a engrenagem para a esquerda um dente de cada vez, no sentido favorável às principais pressões da cultura. Espero que este livro impeça o desenrolar desse processo em muitas igrejas e organizações paraeclesiásticas.

A PALAVRA “COMPLEMENTARISTA”

É indispensável que eu fale logo de partida algo sobre o termo “complementarista”. Como tenho feito nesses últimos 18 anos, usei esse termo, por todo este livro, com referência à minha posição. Mas um aspecto

curioso do livro Discovering Biblical Equality, um compêndio de ensaios

igualitaristas de 20042, é a sua tentativa de aplicar o termo “complementarista” à posição igualitarista desse livro (atente para o subtítulo: Complementarity

without Hierarchy [Complementaridade sem Hierarquia]). Isso só pode

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Prefácio 13

confundir o debate. Desde a primeira divulgação pública do Council on Biblical Manhood and Womanhood (CBMW) [Concílio da Masculinidade e Feminilidade Bíblicas (CMFB)] na reunião da Evangelical Theological Society no Wheaton College em Wheaton, Illinois, em 17 de novembro de 1988, que o CBMW usa a palavra “complementarista” para se referir à sua posição3. Na verdade, eu estava presente quando o comitê executivo do

CBMW cunhou essa palavra (até onde sei, ela ainda não havia sido usada nessa controvérsia; talvez jamais tinha sido usada) numa reunião realizada no intervalo, no Lisle Hilton Hotel, em Lisle, Illinois, antes da nossa coletiva de imprensa anunciando a formação do CBMW. Queríamos um termo que sintetizasse a nossa posição de que homens e mulheres são iguais em valores e pessoalidade diante de Deus, mas exercem papéis diferentes. Cunhamos a palavra “complementarista” para refletir o fato de que homens e mulheres

“complementam” um ao outro com suas igualdades e diferenças.Depois, em 1991, John Piper e eu escrevemos no prefácio de Recove-

ring Biblical Manhood and Womanhood:

Uma breve nota acerca de termos: se um deles tivesse de ser usado para descrever a nossa posição, preferiríamos o termo complementarista, porque sugere tanto a igual-dade quanto as diferenças benéficas entre homens e mulheres. Não ficamos confor-

táveis com o termo “tradicionalista” pois ele implica indisposição em permitir que a Escritura desafie os padrões tradicionais de comportamento e rejeitamos em absoluto

o termo “hierarquicalista” por enfatizar demasiadamente a autoridade estruturada sem nada denotar da igualdade ou beleza da dependência mútua.4

Todavia, os editores de Discovering Biblical Equality não querem que usemos a palavra “complementarista” para identificar a nossa posição.

Dizem eles:“Esse termo tem de ser desafiado porque os igualitaristas também

crêem na complementaridade de gênero – mas complementaridade sem

hierarquia.”5

A minha resposta é que os termos “complementarista” (de um lado) e “igualitarista” ou “feminista evangélico” (do outro) podem ser agora en-

contrados, literalmente, aos milhares na literatura dos últimos 18 anos sobre esse tema. Nessa altura, tentar aplicar o termo “complementarista” à posi-ção igualitarista só causará confusão. Uma pesquisa com o Google para o termo “complementarian” [complementarista] retornou 55.800 ocorrências!

Na Wikipedia, a entrada para “complementarianism” [complementarismo] (acessada em 28 de julho de 2006) era precisa:

O complementarismo é uma concepção do relacionamento entre os gêneros que

difere do igualismo de gênero e crê que homens e mulheres são iguais em status, mas podem ter funções diferentes e complementares.

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CONFRONTANDO O FEMINISMO EVANGÉLICO14

Na Teologia Cristã esse entendimento é promovido pelo Council on Biblical Ma-

nhood and Womanhood. Os grupos de igrejas que apóiam essa posição incluem Newfrontiers, Sovereign Grace Ministries, Southern Baptist Convention, Presbyte-

rian Church of America e a Anglican Diocese of Sydney, entre muitos outros.Entre os proeminentes teólogos e pensadores cristãos que apóiam essa posição se incluem Wayne Grudem, Albert Mohler, Mark Dever, C. J. Mahaney, Joshua Harris, Ligon Ducan, Terry Virgo e John Piper.A posição complementarista tem claras conseqüências para a visão cristã do

casamento, assim como para a ordenação de mulheres. Os complementaristas tendem a ver o papel das mulheres no ministério, particularmente no cenário eclesiástico, como limitado de um modo ou de outro. Por exemplo, poucos complementaristas concordariam em colocar mulheres em postos de lideranças, como o de pastor ou sacerdote, apesar disso as funções ministeriais especificamente abertas para as

mulheres variam grandemente entre os complementaristas.6

A objeção de Groothuis e Pierce no sentido de que “igualitaristas também crêem na complementaridade de gênero” não encerra a questão.

Isso seria como se os presbiterianos passassem repentinamente a chamar a si mesmos de “batistas”, dizendo: “nós também cremos no batismo”. Ou como se os batistas passassem a se autodenominar de “luteranos”, dizendo: “nós também localizamos a nossa herança na Reforma começada por Mar-tinho Lutero”. Isso torna a conversação comum em disparate.

Mas neste livro e em todos os meus outros escritos continuarei a utilizar o termo “complementarista” para a minha própria posição e a da CBMW, e a usar o termo “igualitarista” ou “feminista evangélico” para fazer referência à posição da Discovering Biblical Equality, da Christians for Biblical Equality (CBE) [Cristãos pela Igualdade Bíblica (CIB)] e de dezenas de outros escritores igualitaristas (veja na bibliografia extensa re-

lação de livros igualitaristas, p. 308-13).

Aqueles que me ajudaram de várias maneiras com o meu livro anterior Evangelical Feminism and Biblical Truth merecem os agradecimentos pela condensação deste livro (veja a lista com muitos nomes em EFBT, 20,21). Para este livro em particular, quero agradecer especialmente ao meu filho

Elliot Grudem, pastor da Christ Our Comfort Presbyterian Church (PCA) em Raleigh, na Carolina do Norte, pelo seu trabalho inicial de abreviar a primeira seção do livro. Depois, além do meu próprio trabalho de edição, agradeço a Brian Thomasson, da Editora Multmonah, que realizou muito habilmente a imensa tarefa de resumir o livro maior. Além disso, Chris Davis, Bem Burdick e Travis Buchanan me auxiliaram em vários estágios do processo de edição e Ron Dickison sacrificou seu escasso horário para

resolver de vez em quando os problemas de meu computador. Também sou grato à Editora Multmonah pelo encorajamento em persistir no projeto de

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Prefácio 15

uma versão condensada e mais acessível do livro Evangelical Feminism

and Biblical Truth.Margaret, minha esposa, melhor conselheira e amiga maior, foi mais

uma vez a minha grande incentivadora enquanto escrevia este livro. Sou grato pelos maravilhosos 37 anos de casamento que o Senhor nos deu e me alegro porque podemos vislumbrar muitos mais anos juntos adiante, até que o Senhor mesmo nos chame para o lar.

Wayne GrudemScottsdale, AZ28 de julho de 2006

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ABREVIATURAS

ANF: Ante-Nicene Fathers, 5ª ed., org. Alexander Roberts, James Donaldson et al., 10 vols. (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, 1969; primeira publicação em 1885).

BDAG: A Greek-English Lexicon of the New Testament and

Other Early Christian Literature, 3ª ed., rev. e org. Frederick William Danker (Chicago e Londres: University of Chicago Press, 2000).

BDB: Francis Brown, S. R. Driver e Charles A. Briggs, A

Hebrew and English Lexicon of the Old Testament (Oxford: Clarendon Press, 1968).

DBE: Discovering Biblical Equality: Complementarity without

Hierarchy, org. Ronald W. Pierce e Rebecca Merrill Groothuis (Downers Grove: InterVarsity, 2004).

DNTB: Dictionary of the New Testament Background, org. Craig A. Evans e Stanley E. Porter (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2000).

DPL: Dictionary of Paul and His Letters, org. Gerald F. Hawthorne, Ralph P. Martin e Daniel G. Reid (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1993).

EDT: Evangelical Dictionary of Theology, org. Walter Elwell (Grand Rapids: Baker Book House, 1984).

EFBT: Wayne Grudem, Evangelical Feminism and Biblical

Truth: An Analysis of More Than 100 Disputed Questions (Sisters, OR: Multnomah, 2004).

ICC: The International Critical Commentary, org. J. A. Emerton, C. E. B. Cranfield e G. N. Stanton (Edimburgo: T & T Clark).

JBMW: Journal for Biblical Manhood and Womanhood.

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Abreviaturas 17

JETS: Journal of the Evangelical Theological Society.

LS: Greek-English Lexicon with a Revised Supplement, org. H. G. Liddell e R. Scott (Oxford: Claredon Press, 1996).

NIDOTTE: The New International Dictionary of Old Testament

Theology and Exegesis, org. Willem A. VanGemeren, 10 vols. (Grand Rapids: Zondervan, 1997).

NPNF: The Nicene and Post-Nicene Fathers, Série 1 e 2, org. Philip Schaff et al., 26 vols. (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, 1974).

TDNT: Theological Dictionary of the New Testament, org. Gerhard Kittel e Gerhard Freidrich, trad. e org. Geoffrey W. Bromiley, 9 vols. (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1964-1974.

TrinJ: Trinity Journal.

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PARTE UM

HOMENS E MULHERES NAPERSPECTIVA BÍBLICA

Nesta primeira seção do livro apresento uma visão panorâmica dos

papéis do homem e da mulher no casamento conforme criado originalmente por Deus (capítulo 1) e faço, em seguida, um resumo do ensinamento bíblico sobre as funções que Deus atribuiu ao homem e à mulher na igreja (capítulo 2).

Vez por outra me refiro ao Council on Biblical Manhood and Wo-

manhood (CBMW). Fui um dos fundadores dessa organização em 1987 e desde então pertenço à sua diretoria. O CBMW continua a publicar e a distribuir material que representa essencialmente a mesma posição “com-

plementarista” que defendo neste livro. É hoje a principal organização que define e defende no mundo evangélico uma posição complementarista entre

homens e mulheres. O seu site na internet (www.cbmw.org) é uma fonte magnífica de informações.

A Declaração de Danvers, que será vista nas páginas 304-07, é a declara-

ção de princípios adotada oficialmente pela CBMW, em dezembro de 1987.

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VISÃO BÍBLICA DOS PAPÉIS DO

HOMEM E DA MULHER CONFORME

CRIADOS POR DEUS

HOMENS E MULHERES:IGUALMENTE VALORIZADOS,

IGUALMENTE HONRADOS

A primeira coisa que a Bíblia nos diz sobre os seres humanos é que eles foram criados “macho e fêmea” e que ambos foram criados “à

imagem e semelhança de Deus”: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn 1.27 – ARA1 ). Esse é um privilégio e uma honra tremendos – portar a imagem de Deus – e a

Bíblia ensina claramente que ambos partilham isso: homens e mulheres assemelham-se a Deus mais do que nenhuma outra criatura no universo.

A Bíblia, portanto, anuncia clara e precisamente desde o princípio que os homens não são superiores às mulheres nem as mulheres são inferiores aos homens. Ambos têm igual importância e valor para Deus. Toda vez que

homens e mulheres não ouvem com respeito e atenção os pontos de vistas do outro, que desprezam a inteligência do outro ou que não valorizam os

dons e as preferências do outro como as suas próprias, estão rejeitando o

ensinamento encontrado em Gênesis 1.27.

PAPÉIS DIFERENTES NO CASAMENTO

Embora a Bíblia ensine que homens e mulheres foram criados com igual valor e dignidade diante de Deus, ela ensina também que foram criados para exercer diferentes papéis no casamento. O marido, especificamente, “tem a

responsabilidade dada por Deus de prover, proteger e liderar a sua família”.1

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Visão bíblica dos papéis do homem e da mulher conforme criados por Deus 21

Mesmo antes da Queda, vemos que Deus atribuiu, no casamento, esse distinto papel de liderança – governo masculino – ao marido. Eis a seguir

dez comprovações bíblicas evidentes dessa liderança:

1. A ordem: Vê-se a idéia de governo masculino no casamento

primeiramente na ordem em que homens e mulheres foram criados. O homem (Adão) foi criado primeiro e a mulher (Eva) foi criada em segundo lugar (veja Gn 2.7; 18-23). A ordem da criação não é um detalhe sem

valor, antes estabelece um importante precedente bíblico. Isso se evidencia quando Paulo usa o fato de que “primeiro, foi formado Adão, depois, Eva” (1Tm 2.13) como razão para que homens e mulheres cumpram diferentes papéis na vida da igreja neotestamentária.2

2. A representação: Era Adão, não Eva, quem tinha o papel especial de representar a raça humana. Embora Eva tenha pecado antes de Adão (Gn 3.6), a Bíblia nos diz: “como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1Co 15.22, veja também 1Co 15.45-49 e Rm

5.12-21). Adão e Eva juntos não representavam a raça humana. Somente

Adão é que representava a raça humana em razão do papel particular de liderança que Deus lhe concedeu; Eva não compartilha esse papel.

3. A nomeação da mulher: Adão não foi somente criado antes da sua mulher, mas recebeu também a responsabilidade de lhe dar um nome: “Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada” (Gn 2.23 – NVI ). Em função do contexto maior da atividade de nomeação em Gênesis 1 e 2, os

leitores originais reconheceriam que o encarregado da responsabilidade de nomear as criaturas é sempre quem tem a autoridade sobre todas elas. Vê-se

isso quando Deus nomeia as diferentes partes da sua criação em Gênesis 1 e

2, e quando os pais dão nome aos filhos (veja, p. ex., Gn 4.25,26; 5.3-28,29;

16.15; 19.37,38; 21.3).3

4. A nomeação da raça humana: Gênesis 5.1,2 registra quando Deus

nomeou a raça humana: “Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez; homem e mulher os criou. Quando foram criados, ele os abençoou e os chamou Homem” (Gn 5.1,2 – NVI ). Como vimos, homens e mulheres foram criados à imagem de Deus, portanto ambos têm igual valor e importância. Mas Deus,

quando decidiu nomear a raça humana, escolheu um termo distintamente masculino (no contexto de Gn 1–5)4 para indicar a liderança masculina. “Deus ao denominar a raça de ‘homem’, sussurrou liderança masculina.”5

5. A responsabilidade primária: Foi a Adão a quem Deus primeiro chamou para que lhe prestasse contas depois que ele e Eva pecaram. “Chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás?” (Gn 3.9). Deus,

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ao fazer isso, mostrou que Adão, como o líder, tinha a responsabilidade primária por sua família, apesar disso a serpente falou primeiro com Eva e ela pecou primeiro (Gn 3.1-6).

6. O propósito: Quando Deus criou Eva, ele a criou para ser a auxiliadora de Adão. “Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2.18). Embora

uma “auxiliadora” possa assumir diversas funções em termos de liderança (autoridade maior, igual ou menor),6 o contexto mais amplo indica uma auxiliadora que, em virtude da criação, tem nessa relação um papel de menor autoridade. Contudo, “auxiliadora” não significa alguém que seja

inferior, pois o próprio Deus é muitas vezes chamado na Bíblia de nosso “auxiliador” (veja Sl 33.20; 70.5; 115.9, mesmo quanto a tarefas pelas quais somos ainda responsáveis finais). Além disso, a palavra traduzida por

“idônea” significa “alguém que o auxilie e lhe corresponda” (NVI), isto é, “igual e adequada para ele”.7

7. O conflito: O pecado trouxe o conflito para o interior da relação

de Adão e Eva, ao distorcer os papéis que Deus estabeleceu para eles. Não criou papéis novos, apenas tornou os já existentes mais difíceis de serem cumpridos. Quando Deus, em juízo, falou com Eva depois da Queda, ele disse: “teu desejo será para o teu marido, e ele te governará” (Gn 3.16). Uma frase semelhante que usa a mesma e rara palavra hebraica traduzida por “desejo” encontra-se em Gênesis 4.7, quando Deus diz a Caim: “o pecado

jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”. Nos

dois casos a palavra “desejo” (hebraico teshûqāh) denota provavelmente um “desejo de conquistar ou dominar sobre” (não o desejo sexual, como crêem

alguns). A palavra traduzida por “governará” em Gênesis 3.16 refere-se à

posterior e severa liderança de Adão sobre Eva – não uma liderança entre

iguais, mas a daquele que governa em virtude do poder e da força (às vezes até mesmo de maneira cruel e violenta).8

Fica evidente, portanto, a partir de Gênesis 3.16, que parte da

maldição do pecado foi a dor e o conflito na relação entre marido e mulher.

A esposa teria o impulso ou desejo de dominar o seu marido, e o marido, a tendência de governar a sua esposa pela força, de modo enérgico e às

vezes cruel. Por ser um dos resultados da maldição, Gênesis 3.16 não é o

tipo de coisa que devemos promover. Assim como arrancamos as ervas daninhas de nossos jardins e tomamos providências para amenizar a dor

do parto (tentando superar, assim, duas outras conseqüências da maldição),

devemos também fazer tudo o que pudermos para superar esse conflito e

distorção no relacionamento entre homens e mulheres.

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8. A restauração: A boa nova é que Jesus quando veio, veio para trazer restauração – nas palavras do hino natalino Joy to the World [Alegra-te, ó

Mundo!], Ele veio “para derramar a sua bênção, onde quer que haja maldição”,

e em Colossenses 3.18,19 vemos Paulo explicando uma decorrência de

Gênesis 3.16: “Esposas, sede submissas ao próprio marido, como convém no Senhor. Maridos, amai vossa esposa e não a trateis com amargura”. Ao passo que no Antigo Testamento encontramos um prenúncio disso (no relacionamento de Rute e Boaz, por exemplo). Nessa e em outras passagens do Antigo e do Novo Testamentos vemos claramente que o desígnio de Deus para o casamento era que a esposa fosse submissa ao marido e que o marido amasse a esposa e não a conduzisse com dureza – isto é, que Adão e Eva

tivessem o mesmo relacionamento de antes da Queda.

9. O mistério: Embora não fosse do conhecimento de Adão e Eva, o relacionamento deles antes da Queda representava o relacionamento de Cristo e sua Igreja. É por isso que Paulo, ao escrever sobre a relação conjugal, cita o mandamento dado por Deus em Gênesis 2: “Eis por que

deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à

igreja” (Ef 5.31,32).O grande “mistério” ao qual Paulo se refere é que a relação conjugal

só muito superficialmente, se tanto, era compreendida no AT como uma

referência à relação de Cristo com a Igreja. No NT, contudo, Paulo afirma

que desde o princípio Deus designou o casamento para nos mostrar como Jesus se relaciona com a sua Igreja, a sua noiva. É por isso que Paulo escreve: “porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja” (Ef 5.23).

Agora, a relação entre Cristo e a Igreja não varia com a cultura. É a mesma para todas as gerações. Não é reversível. Há um papel de liderança ou de governo que pertence a Cristo e não à Igreja. O mesmo ocorre com o casa-

mento. Deus criou dentro do casamento uma liderança ou governo pertinente ao marido e não à esposa. Esse relacionamento estava lá desde o princípio da criação, no belo casamento entre Adão e Eva no Jardim do Éden.

10. O paralelismo com a Trindade: Assim como na Trindade há igualdade, diferenças e unidade entre Pai, Filho e Espírito Santo, também no casamento há igualdade, diferenças e unidade que refletem o relacionamento

na Trindade. As diferenças entre Adão e Eva antes da Queda refletem as

diferenças eternas entre o Pai e o Filho na Trindade, conforme especifica

Paulo em 1 Coríntios 11.3: “Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo”.

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Portanto, há pelo menos dez razões demonstrando que Adão e Eva tinham papéis diferentes antes da Queda. Foi esse o propósito de Deus ao criá-los.9

QUANDO OS PAPÉIS DESANDAM

A relação entra em perigo quando se distorcem os papéis que Deus designou no casamento. A distorção pode manifestar-se tanto na forma de

agressividade quanto na de passividade e pode vir do marido ou da esposa. Os erros de agressão são aqueles originados em Gênesis 3.16: o

marido pode ser egoísta, grosseiro, dominador ou tirano. Isso não é governo bíblico. De outro lado, se a esposa resiste à liderança do marido tentando usurpá-la, não está seguindo o modelo bíblico para o casamento.

Fronteiros aos erros de agressão estão os da passividade, que também são transgressões. Quando o marido abdica da responsabilidade de liderança não disciplinando os filhos, não cuidando das necessidades materiais ou

espirituais da família, nem defendendo a esposa e os filhos de ataques verbais

de amigos ou parentes (alguns entre tantos exemplos), então, agir assim como um frouxo, não cabe no papel que Deus estabeleceu para o homem no casamento. Ou quando a esposa não quer participar das decisões da família, não manifesta as suas preferências ou opiniões, não protesta quando marido

e filhos agem erradamente, nem censura o abuso físico ou verbal do marido,

então, ela não está sendo submissa, mas agindo como um capacho e em desacordo com o papel que Deus lhe designou na relação conjugal.

Eis a tabela que mostra os perigos das distorções ativas e passivas das responsabilidades bíblicas:

Erros de

passividadeIdeal bíblico

Erros de

agressividade

Marido Frouxo Governo amoroso e humilde Tirania

Mulher Capacho Submissão alegre e sábia Usurpação

O ideal bíblico é que o marido seja amoroso e humilde na liderança. A mulher deve submeter-se com alegria e bom senso. Na prática, isso significa

que eles precisarão dialogar muitas vezes sobre muitas decisões, pequenas e grandes. Significa também que marido e mulher darão ouvidos ao critério

e à percepção singular do outro, relativas à decisão. Muitas vezes a decisão de um divergirá da decisão do outro, mas raramente as divergências serão

muito grandes (pois o Senhor os fez “uma só carne”).

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