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PANORAMA DO SETOR DE PEQUENAS EMPRESAS EM CRESCIMENTO RELATÓRIO 2019

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PANORAMA DO SETOR DE PEQUENAS EMPRESAS

EM CRESCIMENTO

RELATÓRIO 2019

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CONTEÚDO

AUTORES E AGRADECIMENTOS 3

CARTA DO DIRETOR EXECUTIVO 4

O QUE É A ANDE? 5

SUMÁRIO EXECUTIVO: O SETOR DE SGB EM 2019 E ALÉM 6

PARTE 1: VISÃO GERAL DO SETOR DE SGB 7

DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADE EM 2019 8

INVESTIMENTOS INCLUSIVOS PARA SGBS EM 2019 13

FINANCIAMENTO E APOIO FILANTRÓPICO EM 2019 17

PARTE 2: A ANDE EM 2019 20

AMÉRICA LATINA 23

ÁSIA 26

ÁFRICA SUBSAARIANA 28

METODOLOGIA 31

RECURSOS 34

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AUTORES E AGRADECIMENTOS

Time de Pesquisa

Victoria Hume, ANDE

Abigayle Davidson, ANDE

Matthew Guttentag, ANDE

Agradecimentos

Raphael Gideoni Albinati Batista, Designer Gráfico

Abigail Perriman, pelo seu trabalho na pesquisa de banco de dados de veículos de investimento.

Gostaríamos de agradecer às organizações que se dedicaram a fornecer dados de impacto valiosos. Sem a participação delas, este relatório não teria sido possível.

Imagem de capa © The Aspen Institute: Photo by Cage Free Productions

Suporte para este relatórioA Parceria Aspen por uma Economia Inclusiva: Construindo o Ecossistema de Apoio a SGBs para 2020 e Além

Este relatório destaca ambos o progresso e a contínua necessidade do ecossistema de suporte às SGB em mercados emergentes no ano de 2019. Neste momento, em meio à pandemia de COVID-19, esse ecossistema de apoio será ainda mais importante, já que SGBs, organizações de desenvolvimento de capacidades, e investidores enfrentam obstáculos sociais e econômicos.

A ANDE está muito feliz em se unir a uma série de programas na Parceria Global de Crescimento Inclusivo (Global Inclusive Growth Partnership - GIGP), uma colaboração entre o Instituto Aspen e o Centro Mastercard para o Crescimento Inclusivo. A Parceria Global de Crescimento Inclusivo (GIGP) é uma iniciativa plurianual que combina a experiência e as redes do Instituto Aspen e do Centro Mastercard para tratar da desigualdade de renda e informação por meio das lentes do crescimento inclusivo.

Como parte desta parceria, a ANDE vai mapear ecossistemas de empreendedorismo através de mercados emergentes, desenvolver uma série de campanhas de convocação e comunicação para destacar as necessidades das SGBs e potenciais SGBs nesses mercados, além de conduzir intensas pesquisas sobre como SGBs e seus apoiadores estão lidando com a crise da COVID-19.

ASPEN NETWORK OF DEVELOPMENT ENTREPRENEURS 3

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CARTA DO DIRETOR EXECUTIVOR

Prezados Colegas,

Estes são tempos turbulentos. Milhões de pessoas foram infectadas com COVID-19 no mundo todo, enquanto os governos lutam para equilibrar as precauções de saúde pública e a atividade econômica. Manifestações pela justiça racial, há muito esperada e muito necessária nos Estados Unidos, se espalharam por todo o mundo. Nossas esferas sociais e econômicas estão em um estado de agitação.

Nos mercados emergentes, as pequenas empresas em crescimento (Small and Growing Business) estão enfrentando essa ruptura e lutando por sua sobrevivência. O mesmo acontece com os intermediários - os aceleradores, consultores, instituições de treinamento e empresas de investimento - que os apoiam.

Durante a última década na ANDE, nós aprendemos o quão importante são as SGBs e as organizações de apoio aos empreendedores para prosperidade econômica nos mercados emergentes. Essas empresas são a espinha dorsal de criação de empregos da maioria das economias. As SGBs também oferecem um mecanismo para promover a eqüidade social. Elas são encontradas em áreas rurais e urbanas; em países pobres e ricos; no Sul Global e no Norte Global. As empresas e os empregos que elas criam representam um caminho para sair da pobreza e para a dignidade do trabalho decente e uma renda estável.

Começar ou trabalhar em um negócio não é o antídoto para os vários desafios que prejudicam nossas sociedades, mas pode ajudar. Como empreendedoras, as mulheres são capazes de demonstrar habilidades fora do lar, conquistando o respeito de seus cônjuges e famílias. Na construção de redes de negócios, pessoas de diferentes raças, credos e circunstâncias são forçadas a interagir, o que pode quebrar noções ou preconceitos preconcebidos.

É extremamente importante para as economias mundiais em desenvolvimento que muitas SGBs sobrevivam. Como mostra este relatório, o setor de SGB em mercados emergentes estava avançando em 2019, com pelo menos 85 novos veículos de investimento lançados, um conjunto de grandes iniciativas de doadores implantando centenas de milhões de dólares em capital catalisador e novas pesquisas para aprofundar o conhecimento do campo nas melhores maneiras de oferecer suporte às SGBs. No entanto, a pandemia da COVID atrapalhou esse progresso. Em abril de 2020, as pesquisas da ANDE mostraram que aproximadamente 40% das SGBs nas economias em desenvolvimento e até um terço dos provedores de desenvolvimento de capacidade estavam em risco de fechar em seis meses.

No primeiro impacto da pandemia da COVID, a ANDE agiu rapidamente para garantir a saúde e a segurança de sua equipe e permitir as operações em andamento da organização. Em seguida, mudamos nosso foco para apoiar os membros e o setor de SGBs em mercados emergentes, compilando e compartilhando recursos de resposta à COVID, organizando sessões de aprendizado e publicando um estudo sobre as necessidades do setor e possíveis respostas. Agora estamos promovendo ativamente o estabelecimento de um Fundo de Recuperação Setorial de SGBs focado em intermediários em ecossistemas empreendedores.

Embora nosso mundo possa ser irrevogavelmente alterado - espero que de alguma forma seja melhor - a estratégia de longo prazo da ANDE não mudou. Continuamos nossa missão de fornecer serviços aos membros da nossa rede e ao setor de SGBs. Continuamos acreditando que nosso foco nos objetivos de desenvolvimento sustentável relacionados ao trabalho decente, igualdade de gênero e sustentabilidade ambiental faz sentido, pois estão profundamente interconectados com o atual impulso por mudanças sociais e econômicas.

Randall KempnerExecutive Director

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O QUE É A ANDE?

A Aspen Network of Development Entrepreneurs é uma rede global de organizações que impulsionam o empreendedorismo em mercados emergentes. Os membros da ANDE oferecem importantes serviços financeiros, de assistência técnica e gerencial para Pequenas Empresas em Crescimento (Small and Growing Businesses, SGB – na sigla em inglês) baseados na convicção de que tais negócios/SGBs vão criar empregos, estimular o crescimento econômico a longo prazo e produzir benefícios ambientais e sociais. E por fim, a ANDE acredita que as SGBs podem ajudar a tirar países da linha da pobreza.

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ASPEN NETWORK OF DEVELOPMENT ENTREPRENEURS 5

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SUMÁRIO EXECUTIVO: O SETOR DE SGB EM 2019 E ALÉM

1 “Pequenas Empresas em Crescimento” ou “Small and Growing Businesses” (SGBs) é uma definição cunhada pela ANDE para empresas comercialmente viáveis com 5 a 250 colaboradores com significativo potencial e ambição de crescimento. As SGBs em geral buscam capital para crescerem de US$ 20.000 a US$ 2 milhões. SGBs se diferenciam da definição tradicional de Pequenas e Médias Empresas (PME) por duas razões fundamentais. Primeiro, as SGBs não são pequenos negócios para apenas garantir a subsistência do empreendedor, que começam pequenos e são desenhados para continuarem dessa maneira. Em segundo lugar, diferentemente de muitas empresas de porte médio, SGBs normalmente sofrem da falta de acesso a recursos financeiros e ao conhecimento necessário para o crescimento.

2019 presenciou uma variedade de tendências positivas para o setor de Pequenas Empresas em Crescimento (SGBs)1 em mercados emergentes. Diversos veículos de investimentos foram lançados com capital disponível para negócios early-stage, importantes pesquisas surgiram em torno das melhores práticas no suporte ao desenvolvimento de capacidade e ambos doadores público e privado lançaram novas iniciativas catalisadoras. Conforme o setor se ajusta à pandemia da COVID-19 em 2020 e além, é importante considerar o progresso feito em 2019 à medida que doadores, investidores e intermediários implementam estratégias para preservar esses ganhos.

Em 2019, os membros da ANDE continuaram a oferecer apoio crítico às SGBs, fornecendo capacitação para 190.000 SGBs ao redor do mundo. O desenvolvimento de capacidade realizado pelos membros da ANDE em 2019 concentrou-se majoritariamente na estratégia comercial e apoio de planejamento, além da criação de acesso a redes e parceiros para SGBs. Isso foi concedido principalmente por meio de treinamentos ou seminários juntamente com apoio personalizado, embora devido à implementação do distanciamento social em 2020, muitos membros fornecedores de serviços estejam migrando para o ambiente online.

A ANDE identificou 85 novos veículos de investimentos voltados para as SGBs oferecendo capital para esses negócios na África, América Latina, além do Sul e Sudeste da Ásia, com uma meta média de ativos administrados (AUM) de US$ 35 milhões e capital comprometido de pelo menos US$ 2.9 bilhões até o momento. Esses veículos são inseridos no mercado em meio a um significativo novo impulso de doadores financiadores para oferecer “capital catalisador”, que tem por objetivo apoiar a infraestrutura necessária para as SGBs acessarem capital privado de forma eficiente por meio de uma combinação de recursos filantrópicos e privados. Foram lançadas pelo menos três importantes iniciativas de “capital de catalisador” em 2019, com uma reserva de fundos combinada de US$329 milhões, representando um sucesso para organizações que têm incentivado esse tipo de abordagem mista. O papel do capital catalisador vai apenas aumentar conforme investidores privados reavaliarem suas próprias estratégias e expectativas levando em consideração a COVID-19 e suas consequências.

Com relação aos fundos bilaterais e multilaterais concedidos, uma parte maior dos fundos de apoio a empresas foram direcionados para a América Latina e a região do Caribe em 2019 se comparado aos anos anteriores e o suporte caiu ligeiramente no Oriente Médio e no Norte da África, Sul da Ásia, Europa e Ásia Central. Com o avanço de doadores na resposta contra a COVID-19, resta saber como organizações de ajuda bilateral vão ajustar seus programas para lidar com as grandes necessidades enfrentadas pelas SGBs devido à pandemia.

Este relatório oferece uma retrospectiva dos principais avanços e tendências no setor em 2019, além de insights relevantes baseados em dados iniciais e emergentes do potencial impacto da pandemia da COVID-19 nessas tendências.

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P A R T E 1

VISÃO GERAL DO SETOR DE SGB

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DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADE EM 2019

2 World Bank. Learning from other firms an entrepreneur never meets.3 IFC. SME Capacity Building.

Desenvolver capacidade das SGBs em mercados emergentes tem sido um dos focos da rede ANDE na última década: Organizações de Desenvolvimento de Capacidade compõem a maior parte dos associados da ANDE (42%). Esses membros apoiaram mais de 190.000 SGBs em 2019 por meio de uma variedade de serviços, incluindo estratégia de negócios e apoio a planejamento, acesso a redes, estrutura de governança, desenvolvimento de talentos e recursos humanos (Figura 1).

Figura 1: Os quatro maiores serviços de desenvolvimento oferecidos pelos membros da ANDE em 2019

Fonte: Pesquisa de Impacto ANDE 2019 (N=102)

Esses serviços foram entregues geralmente por meio de treinamentos em sala de aula e seminários com 74% dos participantes utilizando treinamentos em sala de aula em suas ações. Enquanto a proporção de membros empregando algum tipo de treinamento em salas de aula ou seminários continua a crescer, quase 75% dos membros combinam esta prática com mentorias individuais, serviços de consultoria ou ambos. Este formato é apoiado por pesquisas recentes mostrando que formas padronizadas de transmissão de informação sem suporte adicional personalizado são menos efetivas na entrega de conhecimento aos empreendedores.2 Esses mecanismos também são comuns da mesma forma entre as Organizações de Desenvolvimento de Capacidade, independentemente do volume de empresas apoiadas. Em resposta à necessidade para uma consistência e qualidade de programas de treinamento, o International Finance Corporation (IFC) publicou recentemente seus novos Princípios para o Aprendizado e Guia para o Treinamento de PMEs em mercados emergentes.3 Esses guias serão parte de uma iniciativa maior com o objetivo de incentivar a adoção das melhores práticas em programas de

89%Estratégia de negócio e planejamento

Acesso a redes e parceiros

Governança

Desenv. de talento/Capacidade de RH

85%

58%

55%

% de fornecedores oferecendo este serviço

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treinamento para SGBs; entretanto, são necessárias mais pesquisas para garantir que as práticas destacadas nesses tipos de ferramentas e formas de capacitação sejam baseadas em evidências concretas.

Mentoria foi o segundo mecanismo de apoio mais comum, oferecido por 68% das Organizações de Desenvolvimento de Capacidade. A mentoria tem continuamente sido uma prática popular entre os membros da ANDE, com uma média de 70% dos associados oferecendo serviços de mentoria nos últimos três anos. Pesquisas atuais sustentam a eficiência de programas de mentoria no estímulo ao crescimento de SGBs: um estudo entre empreendedores do Quênia descobriu que possuir um membro local da mesma comunidade resultou em um aumento médio de 20% nos lucros a curto prazo.4 Porém, nem todas as estruturas de mentoria são igualmente efetivas, já que as características do mentor desempenham um papel crucial no impacto do engajamento. Uma análise de uma relevante pesquisa conduzida pela Argidius Foundation concluiu que orientações de mentores com experiências empreendedoras bem-sucedidas tendem a ser mais consideradas e valorizadas pelos empreendedores, não importando se o tipo de engajamento é formal ou informal.5 Ao mesmo tempo que a base de evidências em volta da mentoria de SGBs continuou a progredir em 2019, ainda restam muitas perguntas sobre como estruturar programas de mentoria e realizar relações efetivas, representando uma área valiosa para pesquisas no apoio ao setor nos próximos anos.

4 NESTA. Business mentoring - How strong is the evidence? 5 Argidius Foundation. Networking Works: Peer-to-peer business networks help Small and Growing Businesses grow revenues and create jobs.

Figura 2: Custo por SGB apoiada em 2019

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SGBs apoiadas em 2019

O custo médio por SGB apoiada em 2019 por fornecedores de desenvolvimento de capacidade foi de US$ 4,881.* Apesar da amostra de organizações reportando dados nos últimos 3 anos ter mudado, o custo médio por SGB apoiada permaneceu entre

US$ 3.000 e US$ 6.000.

Fonte: Pesquisa de Impacto ANDE 2019 (N=62)

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Um valor muito importante que as Organizações de Desenvolvimento de Capacidade oferecem às SGBs é o acesso. Ao manter uma rede de investidores e entender as necessidades do mercado e as condições dos fornecedores,6 esses desenvolvedores de capacidade podem reduzir o atrito entre SGBs e indivíduos e grupos relevantes. Em 2019, quase três quartos dos fornecedores de desenvolvimento de capacidade da rede ANDE concentraram-se em conectar SGBs a novos mercados e clientes, com uma porcentagem similar voltados para a facilitação do acesso a investidores.

Fonte: Pesquisa de Impacto ANDE 2019 (N=102)

A proporção de membros da ANDE que usam a competição de pitches em sua estratégia de apoio tem se mantido constante nos últimos três anos, em 30%. Porém, uma nova pesquisa em facilitação de investimento sugere que organizações de apoio deveriam oferecer pontos de conexão que vão além dessas apresentações e, além disso, incluir mais tempo para a construção de relacionamentos mais fortes com os investidores. Isso pode ser especialmente importante para apoiadores focados em SGBs em estágios iniciais (entre Pré-Semente e Série A), a chamada categoria “striver”7 , que podem precisar de parcelas iniciais de montantes menores de capital antes de estarem prontas para buscar rodadas maiores de aportes.

BOX 1

GÊNERO E ORGANIZAÇÕES DE DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADE

61% dos fornecedores de desenvolvimento de capacidade possuem um foco explícito de gênero refletido em seus programas, a maior proporção de qualquer tipo de organização dos filiados à ANDE. Entre esses que se concentram em gênero, a maioria faz isso buscando apoiar SGBs ou empreendedores com histórico de diversidade de gênero acentuada, que incluem políticas e programas eficientes, quadros de diretores e gestão diversificada, ou programas que equilibram a relação entre trabalho/vida. Apenas 15% dos fornecedores de desenvolvimento de capacidade com um foco em gênero usam a verificação restritiva para evitar trabalhar com SGBs ou empreendedores com baixo desempenho na diversidade de gênero, como políticas frágeis, registros insatisfatórios da segurança na cadeia de suprimentos, ou envolvimento com uma indústria vista como prejudicial a mulheres. Dados de anos anteriores mostram que organizações buscam constantemente identificar e apoiar SGBs com um histórico positivo de diversidade, mas nem sempre priorizam evitar trabalhar com negócios com impactos negativos à mulher.

As dificuldades que mulheres empreendedoras ainda enfrentam em muitas regiões emergentes estão destacadas no Índice de Mulheres Empreendedoras de 2019 da Mastercard; fora da Ásia, a maior parte dos mercados emergentes continuam a receber baixas pontuações no avanço de resultados de mulheres.8 O progresso de resultados femininos na Ásia-Pacífico pode ser justificado pela percepção positiva do empreendedorismo como uma carreira, levando mais mulheres a buscar seus próprios empreendimentos.9

6 Kempner, R., Roberts, P. (2017). “Startup Accelerators Have Become More Popular in Emerging Markets – and They’re Working.” Harvard Business Review.7 “Strivers” são definidos como “empresas com dois a dez colaboradores, operando em um segmento de mercado em rápido crescimento e com capacidade e ambição para aumentar seu

market share e fazer crescer seu negócio.” (Mastercard Center for Inclusive Growth)8 (2019). “Mastercard Index of Women Entrepreneurs 2019.” Mastercard9 Ibid.

TOP 3: Maiores Serviços de Conexão de Mercado TOP 3: Maiores Serviços de Investimentos

Acesso a novos mercados/clientes (72%) Acesso a investidores (72%)

Satisfazer padrões de produtos (40%) Preparo para pitches (60%)

Acesso a materiais (32%) Acesso à informação/pesquisa (59%)

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Desenvolvimento de Capacidade: Olhando para o futuro

10 (2020). “The Small and Growing Business Sector and the COVID-19 Crisis: Emerging Evidence on Key Risks and Needs.” ANDE and Dalberg.11 Bettosini, A., Thomas, J.C. (2020). “How to Support Entrepreneurs in the Time of Coronavirus.” TechnoServe.12 ANDE COVID-19 Member Needs Survey March-April 2020

A necessidade de desenvolvimento de capacidade para SGBs tem crescido com o início da crise da COVID-19. Em uma pesquisa da ANDE sobre 488 SGBs em mercados emergentes em março-abril de 2020, mais da metade classificou a assistência técnica para acessar fundos emergenciais e adaptar seus modelos de negócio como “extremamente” ou “muito” importante para sua sobrevivência e recuperação durante a pandemia – quase a mesma porcentagem que deu essas respostas sobre a necessidade de financiamentos emergenciais por dívida.10 Assistência técnica tem se mostrado efetiva em crises passadas: Durante o conflito social na Nicarágua em 2018-2019, a câmara comercial do país estimou que 40-50% dos pequenos negócios faliram. Entretanto, 87% dos que participaram no programa “Impulsa Tu Empresa” – um programa feito pela TechnoServe e a Argidius Foundation que disponibilizou planejamento de negócio, mentoria, treinamento de gênero e treinamento no acesso a capital – conseguiram se manter ativos.11

Entretanto, fornecedores de desenvolvimento de capacidades estão enfrentando desafios próprios durante esta crise, incluindo restrições financeiras que levaram 34% dos pesquisados pela ANDE a reduzir suas operações.12

Ainda assim, muitos estão encontrando maneiras de continuar oferecendo serviços para ajudar as SGBs a amenizar os efeitos da pandemia. 65% dos fornecedores de desenvolvimento de capacidade já investiram em novas programações e quase 80% modificaram seus programas atuais para lidar diretamente com a crise. Muitas dessas estratégias operacionais de adaptação têm sido voltadas para a digitalização de serviços de suporte para torná-los acessíveis durante o distanciamento social. Quando os membros da ANDE refletiram sobre suas atividades de 2019 em janeiro de 2020, 36% dos fornecedores de desenvolvimento de capacidade reportaram a entrega de serviços por meio do treinamento online ou via celular. Esse já é um aumento em relação aos anos anteriores e com o início das restrições por causa da COVID-19, é muito provável que esta parcela aumente de forma exponencial. Ao responderem a pesquisa da ANDE em março-abril de 2020, muitos membros indicaram a digitalização de seus serviços nos próximos meses como alta prioridade, dado que diversos governos instituíram ordens de reclusão social obrigatória impostas no mundo todo. Para o futuro, será importante analisar o nível de valor atribuído pelas SGBs aos serviços digitais.

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A crise pode também ampliar os problemas relacionados à igualdade de gênero nas SGBs. O relatório “Os Primeiros 100 Dias de COVID-19 das Mulheres na Ásia-Pacífico” da ONU examina diversos indicadores e revela que “desigualdades de gênero e normas de discriminação social que existiam em todos os países antes da pandemia [serão] ampliadas nesta crise.”13 As mulheres fazem parte de 57% da mão de obra com jornada parcial em mercados emergentes, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho,14 tornando-as mais vulneráveis aos efeitos do redimensionamento de pessoal. Elas também são maioria nos setores mais expostos à crise, incluindo “manufatura, têxtil e vestuário, serviços de assistência, hospitalidade e turismo.”15 Além disso, é maior a proporção de mulheres responsáveis por grande parte dos trabalhos domésticos e assistenciais não remunerados, limitando sua habilidade de se adaptar a várias condições devido à crise (como o trabalho em casa).

Organizações de apoio voltadas para mulheres terão o desafio adicional de entender como oferecer suporte às SGBs nas próximas crises econômicas por meio das lentes de gênero. Dados da pesquisa da Global Accelerator Learning Initiative (GALI) sobre empreendedores e suas experiências durante a COVID-19, mostram que grande parte das SGBs lideradas por mulheres teve que suspender temporariamente suas operações quando comparadas aos negócios conduzidos por homens (46% vs. 39%).16

BOX 2

DIGITALIZAÇÃO, STRIVERS E CRESCIMENTO DE SGBS

Com as restrições do distanciamento social, a necessidade pela digitalização de serviços também continuará a crescer. Isso será especialmente importante para o subsegmento de SGBs que são particularmente pequenas e iniciais e estão apenas começando sua jornada de crescimento, às vezes referidas como “strivers”. Uma recente pesquisa do México revela que as “strivers” não têm feito o uso integral da tecnologia móvel para empresas,17 uma descoberta também refletida nas avaliações de pequenos negócios na Índia.18

De modo geral, por meio da digitalização existe a possibilidade de serem desbloqueados US$100 trilhões em valor para empresas e a sociedade em geral nos próximos dez anos.19

Por exemplo, uma nova parceria entre a Mastercard e a Accion está focada em acelerar a transformação de strivers no mundo digital, fornecendo tecnologia, treinamentos e serviços.20

Além disso, a parceria vindoura da ANDE com a Iniciativa de Acesso Financeiro da Universidade de Nova Iorque irá desenvolver os chamados “Diários das SGBs” para ajudar a entender os processos de tomada de decisões rotineiras das SGBs, que vai elucidar ainda mais como as SGBs abordam e são impactadas pela digitalização. Ao mesmo tempo em que os efeitos da COVID-19 continuam a ser sentidos ao redor do mundo, aumentar a presença da digitalização representa uma trilha de apoio cada vez mais importante para as SGBs.

13 (2020). “The First 100 Days of COVID-19 in Asia and The Pacific: A Gender Lens.” UN Women.14 Durant, I. (2020). “COVID-19 requires gender-equal responses to save economies.” United Nations Conference on Trade and Development.15 (2020). “The First 100 Days of COVID-19 in Asia and The Pacific: A Gender Lens.” UN Women.16 (2020). “The Small and Growing Business Sector and the COVID-19 Crisis: Emerging Evidence on Key Risks and Needs.” ANDE and Dalberg.17 (2018). “Micro Entrepreneurs in Mexico: Profiling Motivations and Preferences.” Berkeley University of California, Institute for Business & Social Impact.18 Eskesen, A. (2018). “How to Move India’s Small Merchants toward Digital Financial Services.” Mastercard Center for Inclusive Growth.19 (2019). “The Role of a Market Organizer in Advancing Financial Inclusion.” Mastercard.20 (2018). “Mastercard and Accion Partner to Unlock Growth for Millions of Underserved Microbusinesses around the World.” Accion.

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INVESTIMENTOS INCLUSIVOS PARA SGBS EM 2019

21 Apesar de ser um aumento relativo comparado a anos anteriores, isso pode ter acontecido por causa de mudanças em nossa estratégia de pesquisa . Para mais detalhes nas mudanças nos métodos para identificação de novos veículos de investimento, por favor olhar a seção Metodologia.

22 African Development Bank to launch $270m fund for social impact investors de Anna Patton, 5 de dezembro de 201923 Inside DFID’s £90M investment in FSD Africa por Sophie Edwards // 07 de outubro de 2019

Investidores são o segundo maior tipo de organização entre os membros da ANDE representando um pouco menos de um quinto (18%) da rede ANDE. Essas organizações oferecem capital early-stage crítico às SGBs em mercados nos quais veículos de investimento voltados para esse estágio permanecem escassos. Em 2019, a ANDE identificou 85 novos veículos de investimento especificamente focados em SGBs, com meta mediana de AUM de US$35 milhões e capital total assegurado de mais de US$2.9 bilhões.21

Além do lançamento desses veículos de investimentos tradicionais, 2019 também presenciou um foco notável no papel de capital catalisador para o apoio aos ecossistemas de SGB, em especial com o anúncio do Consórcio de Capital Catalisador, uma iniciativa da MacArthur Foundation e parceiros estratégicos da The Rockefeller Foundation e Omidyar Network. As organizações oferecendo este capital têm por objetivo construir a infraestrutura necessária e mercados que criem as condições para que investimentos que buscam retornos, consigam mais facilmente atenuar a lacuna de financiamentos adequados que as SGBs em mercados emergentes enfrentam – ajudando a levar os “strivers” ao final do espectro de SGB e oferecendo capital para crescimento.

O CAPITAL CATALISADOR É UM SUBCONJUNTO DO CONTINGENTE DE CAPITAL. ESSE É UM CAPITAL DE INVESTIMENTO QUE É PACIENTE, TOLERANTE A RISCOS, CONCESSIONÁRIO E FLEXÍVEL EM FORMAS QUE SÃO DIFERENTES DO INVESTIMENTO TRADICIONAL. ELE É UMA FERRAMENTA ESSENCIAL PARA RESOLVER AS LACUNAS DE CAPITAL E ALCANÇAR ESPAÇO E PROFUNDIDADE DE IMPACTO, AO MESMO TEMPO EM QUE COMPLEMENTA O INVESTIMENTO TRADICIONAL. PODE TER O FORMATO DE DÍVIDA, EQUITY OU GARANTIAS."

The Catalytic Capital Consortium, MacArthur Foundation

Além do Consórcio, outras notáveis iniciativas focadas em capital catalisador lançadas em 2019 incluem:

+ O fundo de US$270 milhões do Banco Africano de Desenvolvimento voltado para “intermediários que financiam negócios sociais” e “concessões para assistência técnica”. Este fundo foi desenvolvido com o objetivo específico de atingir o problema de ausência de capital para PMEs e SGBs (o chamado “missing middle”), por meio do fornecimento de fundos a investidores intermediários para alcançar essas organizações.22

+ O Departamento pelo Desenvolvimento Internacional (DFID) do Reino Unido impulsionou sua divisão de investimento, o Financial Sector Deepening Africa Investments (FSD), com uma injeção de fundos de US$110 milhões direcionados para “aumentar o acesso ao financiamento e serviços básicos, ao mesmo tempo em que fortalece os mercados financeiros locais”. Os fundos possuem o “objetivo único de assumir o risco early-stage ao investir em intermediários financeiros africanos capazes de gerar alto impacto econômico e social, mas que necessitam de um capital ‘paciente’ para demonstrar retornos comerciais”.23

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+ A Rede Omidyar realizou uma parceria com oito organizações, metade das quais são membros da ANDE, para reunir US$12.5 milhões em premiações para lançar o Tipping Point Fund (TPF). “O TPF vai investir na infraestrutura essencial necessária para ampliar o impacto do investimento com integridade.”24

Essa iniciativa conjunta dos principais atores do governo e do setor privado para apoiar mercados financeiros locais é uma resposta à necessidade identificada de desbloquear novos recursos de capital para as SGBs em mercados emergentes. E essa atividade parece estar valendo a pena: dos 85 novos veículos de investimento identificados em 2019, a maioria (53%) das organizações gestoras estão localizadas em mercados emergentes (Figura 3).

Isso ainda é raro em algumas regiões, particularmente na África Subsaariana, onde apenas 30% das organizações estão sediadas na região (as 70% restantes estão localizadas em outros lugares, mas estão ativas na região).25 Embora a implantação de capital local não seja um pré-requisito para gerar impacto positivo, pesquisas mostram que as redes locais de investimento estão bem posicionadas para identificar as oportunidades de maior impacto e “direcionar os fluxos de capital onde há maior necessidade”.26

24 Kubzansky, M., Jurgens, C., Steffen, R. (2019). “Funding the Rails on Which We Ride: Why We Invested in Impact Investing’s Tipping Point Fund.” Medium.25 Baseado em dados de 20 veículos de investimento focados na África Subsaariana26 Scherer, J., Zeidman, B., and Yago, G. (2009). “Stimulating Investment in Emerging-Market SMEs” Milken Institute: Financial Innovations Lab Report.27 Nota: Este conjunto de dados é baseado em pesquisas e na agregação de vários conjuntos de dados. A ANDE reconhece que esta não é uma lista exaustiva de fundos inclusivos para o

setor de SGB.

Figura 3: Gerenciamento de fundo de Investimento local por região

Fonte: Banco de Dados de Veículos de Investimento da ANDE (N=74)27

60

50

40

30

20

10 Leste da Ásia & Pacífico

América Latina & Caribe

Oriente Médio & Norte da África

Sul da Ásia África Subsaariana

Total de investimentos locais Total de investimentos para a região (local e externo)

Núm

ero

de V

eícu

los

(201

9)

PANORAMA DO SETOR DE PEQUENAS EMPRESAS EM CRESCIMENTO14

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BOX 3

TENDÊNCIAS NA MENSURAÇÃO DE IMPACTO EM 2019

A mensuração de impacto para investimentos continua a evoluir, com o foco nos últimos anos passando da corrida para adaptar o último e melhor framework para a padronização e consolidação de ferramentas. O relatório State of Impact Measurement and Management Practice Report da Global Impact Investing Network (GIIN)28 identificou um “deslocamento na construção de consenso para a Gestão de Impacto e Mensuração (Impact Measurement and Management - IMM) para fortalecer sua integração dentro do processo de investimento”; em outras palavras, a relevância da Gestão de Impacto e Mensuração tem sido reconhecida de forma bem-sucedida, com investidores em concordância que IMM é uma parte importante e necessária de seu trabalho. Agora, investidores estão buscando formas de operacionalizar e melhorar os frameworks de Gestão de Impacto e Mensuração que já possuem.

O Projeto de Gestão de Impacto (Impact Management Project - IMP) é um importante contribuidor para o campo de IMM, pois ele pretende criar conformidade a este campo volátil. Em 2019, foi publicado que em suas duas primeiras fases foi alcançado um consenso sobre estratégias de investidores. Das quatro estratégias sugeridas, “sinalizar que o impacto importa” foi considerado pelos investidores que contribuíram com o IMP como algo que todos eles deveriam implementar.29

Um aspecto prevalente das estratégias de IMM é um foco no alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS ou SDGs em inglês). Mais da metade dos investidores pesquisados (72%) integraram metas específicas dos ODS ou indicadores em suas abordagens de medição de impacto.30

28 Bass, R., Dithrich, H., Sunderji, S., Noshin, N. (2020). “The State of Impact Measurement and Management Practice.” Global Impact Investing Network.29 (2019). “Investor contribution in public and private markets: Discussion document.” Impact Management Project.30 ANDE 2019 Pesquisa com membros, N=36

Figura 4: Setores mais focados dos fundos de investimentos voltados para SGB lançados em 2019

Fonte: Banco de Dados de Veículos de Investimento da ANDE (N=48)

75%Agnóstico

Tecnologia da informação e comunicação

Serviços financeiros

Agricultura

54%

35%

31%

Porcentagem de veículos lançados em 2019

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Embora a maior parte de novos fundos lançados em 2019 estejam abertos para o investimento em qualquer setor, aqueles que possuíam um foco em alguma categoria geralmente canalizam seus esforços para startups nos setores de tecnologia da informação e comunicação (TIC) e serviços financeiros (Figura 4). Enquanto startups nesses setores já vivenciaram crescimento significativo, algumas fontes preveem que uma nova onda de inovação tecnológica vai reunir a atenção da comunidade investidora; esse setor “Deep Tech” inclui subsetores como Inteligência Artificial, Blockchain, Life Sciences, Manufatura Avançada & Robótica, AgTech & New Food e CleanTech.31

31 (2019). “Global Startup Ecosystem Report 2019.” Startup Genome.32 (2020). “The Impact of COVID-19 on Global Startup Ecosystems: Global Startup Survey.” Startup Genome.33 Ibid.34 (2020). “The Impact of COVID-19 on the Early-Stage Investment Climate.” 500 Startups.35 (2020). “The Small and Growing Business Sector and the COVID-19 Crisis: Emerging Evidence on Key Risks and Needs.” ANDE and Dalberg.36 (2020). “The Impact of COVID-19 on the Early-Stage Investment Climate.” 500 Startups.

Investimento em SGBs: Olhando para o futuro

Frente à crise da COVID-19, startups estão enfrentando complexos desafios relacionados a investimentos. As startups não estão apenas lidando com a instabilidade financeira devido à desaceleração de mercados e a diminuição do fluxo de receita, mas investimentos estão sendo cancelados por causa da aversão aos riscos como resultado da atividade econômica oscilante e enfraquecida.

De acordo com o relatório Startup Genome sobre o impacto da COVID-19 no ecossistema global de startups, a mudança no número de investimentos de venture capital (VC) no mundo todo entre novembro de 2019 e fevereiro de 2020 passa por -68% (China) a 8% (Europa), variando entre as regiões.32 Com a China como o epicentro inicial da pandemia, é provável que outras regiões que foram afetadas mais tarde presenciarão impactos negativos no futuro.

Muitas startups adiantadas no processo de captação de recursos (mais especificamente, aquelas com contratos já negociados) tiveram o processo prejudicado pela crise.33 Isso é consistente com as descobertas de uma pesquisa da 500 Startups com investidores sobre o impacto da COVID-19, na qual 83% dos investidores disseram que seus planos de investimento e atividades foram impactados negativamente.34

Esses desafios na busca por capital não significam que a comunidade de investidores esteja inativa; pelo contrário, ela está se mobilizando em torno da pandemia com muitos fundos direcionados a soluções à crise na saúde.35 Porém, a perspectiva dos investidores para o setor é sombria; 84% dos entrevistados acreditam que a COVID-19 terá um impacto negativo na atividade de investimento early-stage em 2020 e 63% acreditam que este impacto será sentido por um ou dois anos.36

PANORAMA DO SETOR DE PEQUENAS EMPRESAS EM CRESCIMENTO16

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FINANCIAMENTO E APOIO FILANTRÓPICO EM 2019

37 A OCDE continua a acrescentar dados de desembolso de anos anteriores. A cada ano, a ANDE faz novamente o download dos dados atualizados de todos os anos e refaz a análise. Para mais detalhes sobre este processo, por favor veja a seção Metodologia.

O financiamento bilateral e multilateral continuou a ter um importante papel no oferecimento de apoio a empreendedores em 2019. Entretanto, essa modalidade não foi ampliada de forma estável; na verdade, 2017 atingiu o maior nível de financiamento para PMEs nos últimos 8 anos, mas em 2018 esse índice retornou para os níveis anteriores.37 (Figura 5).

Figura 5: Financiamentos anuais relacionados a PMEs

Fonte: Banco de dados CRS da OCDE, análise da ANDE

1.7%

3,14

1.5%

3,00

1.9%

3,61

1.6%

2,85

1.5%

3,07

2.3%

4,68

1.8%

4,34

1.5%

3,90

2.4%

6,16

1.8%

4,90

% dos fundos que é relacionada a PMEs

Total de Fundos a PMEs (em bilhões de USD)

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

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Figura 6: Proporção de financiamento relacionado a PMEs por região

Do total de despesas relacionadas a PMEs feitas em 2018, as maiores quantidades foram direcionadas para a Europa e Ásia Central e à América Latina e Caribe, onde as duas regiões similarmente passaram por convergências de tendências opostas em 2017.

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%

EUROPA & ÁSIA CENTRAL

AMÉRICA LATINA & CARIBE

SUL DA ÁSIA

ORIENTE MÉDIO & NORTE DA ÁFRICA

ÁFRICA SUBSAARIANA

LESTE DA ÁSIA & PACÍFICO

Fonte: Banco de dados CRS da OCDE, análise da ANDE

PANORAMA DO SETOR DE PEQUENAS EMPRESAS EM CRESCIMENTO18

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O investimento com foco em gênero ou clima em PMEs tem visto um notável crescimento começando em 2015 – o ano em que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODSs) foram adotados pelos seus países membros.38 Embora o crescimento no apoio para ambas as áreas seja promissor, o aumento no financiamento relacionado à gênero se dá por projetos nos quais gênero aparece com uma prioridade secundária para os doadores, com o financiamento de projetos com um foco prioritário em gênero diminuindo 5% em 2017.39 A Global Affairs Canada (GAC) é um exemplo de agência doadora que está aplicando uma lente de gênero na busca pelos ODS40, juntamente com seu foco expressivo em clima e meio ambiente.

38 “17 Goals for People, for Planet.” Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU.39 Vera, I., Sanders, F. (2019). “Words to action: The state of ODA funding for gender equality.” Donor Tracker.40 (2019). “The Equality Fund: Transforming the way we support women’s organizations and movements working to advance women’s rights and gender equality.” Global Affairs Canada.41 Smith, E., Vince, Chadwick. (2020). “Development pros brace for more needs, less money post-pandemic.” Devex.42 Ibid.43 Tew, R., Knox, D., Dodd, A. (2020). “Coronavirus and aid data: What the latest DAC data tells us.” Development Initiatives.

Figura 7: Mudança de foco de gênero e clima para os recursos captados relacionados a PMEs

Fonte: Banco de dados CRS da OCDE, análise da ANDE

Apoio de Doadores: O que vem pela frente

Em meio às consequências gerais da pandemia de COVID-19, não está claro como tendências no financiamento de doadores para SGBs vão avançar nos próximos anos. Descobertas preliminares de uma pesquisa de maio de 2020 feita pela Devex com profissionais de desenvolvimento, destaca algumas das preocupações da comunidade: 53% listaram o retrocesso em ganhos como uma potencial consequência da crise a longo prazo e 49% previram reduções de auxílios externos41. A última é especialmente preocupante para mercados emergentes, já que organizações locais que carecem de recursos são deixadas sem o apoio de grandes doadores globais.42 De acordo com projeções feitas pela Development Initiatives utilizando dados do Fundo Monetário Internacional, a assistência de desenvolvimento oficial (ODA), pode cair entre US$10-143 bilhões em 2020 e os recursos de 2021 ainda não atingiram os níveis de assistência de 2018 ou 2019.43

40%

30%

20%

10%

0%

Gênero Clima

% d

e fu

ndos

rel

acio

nado

s a

PMEs

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

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PART 2: ANDE IN 2019

P A R T E 2

A ANDE EM 2019

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DESTAQUES DA ANDE EM 2019

44 Este mapa é uma representação visual das cooperações na rede da ANDE entre janeiro de 2018 e agosto de 2019 com os nós de rede representando cada membro da ANDE e as linhas conectando membros que trabalharam juntos. O tamanho dos nós refletem o número de colaborações em que uma única organização participou.

Em 2019, a ANDE celebrou o seu décimo aniversário, oferecendo uma oportunidade para refletir sobre a década passada e o progresso feito em sua rede e setores em geral. Pela primeira vez, a ANDE coletou dados em colaboração com sua rede, ilustrando a extensão na qual os membros da ANDE trabalham juntos em uma variedade de iniciativas para apoiar o setor de SGBs. Até agosto de 2019, mais de um terço de seus membros haviam colaborado com pelo menos um outro membro da ANDE no ano anterior e filiados reportaram pelo menos 280 colaborações únicas em 2018 e na primeira metade de 2019. Quase um terço das colaborações envolviam parcerias na implementação direta de um projeto ou iniciativa. Outras cooperações recorrentes incluíam parcerias em um evento ou treinamento (18%), recebimento de financiamento de outro membro (13%) e o desenvolvimento conjunto ou coparticipação na condução de pesquisa (13%).

Figura 8: Mapa da Rede de Colaboração da ANDE44

Fonte: 2019 ANDE Member Survey

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Mapa de Membros

América do Norte

30% Ι 37%

América Latina & Caribe

60% Ι 15%

Oriente Médio & América do Norte

35% Ι 1%

África Subsaariana

70% Ι 20%

Europa & Ásia Central

31% Ι 17%

Sul da Ásia

51% Ι 6%

Leste da Ásia & Pacífico

44% Ι 4%

Em 2019, os membros da ANDE continuaram a aumentar suas atividades em cada um dos oito países ou regiões onde eles operam. As seções seguintes apresentam as principais tendências e avanços no setor de SGB em cada região. % de membros que atuam na região

% de membros estabelecidos na região

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América Latina

REGIÃO ANDINA

45 Dominguez, J. (2019). “10 Startups that are Defining the Argentine Ecosystem.” LatamList.46 Schwab, K. (2019). “The Global Competitiveness Report 2019.” World Economic Forum.47 (2019). “Reporte sobre el estado del emprendimiento social y ambiental en el Perú.” Kunan, Universidad Científica del Sur, Innovate Perú, Start Up Perú, NeSst Perú,

INSITUM Perú 202148 Lancheros,L. M.,Carrasco,G.(2019).“Investment of Impact in Colombia: Ecosystem under construction.” Ecosistema de Impacto.49 (2020). “Resultados de la Agenda de Aprendizajes Primer Bono de Impacto Social en un país en desarrollo.” Instiglio.50 (2019). “HSBC Sees Green ‘Truly Entering Mainstream’ as Chile Takes ESG Funding Innovation to Next Level.” Bonds & Loans.51 (2016). “Study on the potential of green bond finance for resource-efficient investments.” European Commission.52 Lopez, M. (2019). “Peru breaks investment record with US$11.3 million dispersed to startups this year.” Contxto.53 Glade, J. (2019). “Colombian startups look abroad for funding opportunities.” Latin America Reports.

Enquanto existe disparidade significativa entre os ecossistemas de empreendedorismo na região Andina, os ecossistemas de startup em alguns países têm ganhado tração nos últimos anos. Em 2019, Chile, Colômbia e Peru continuaram a desenvolver seus mercados relativamente avançados no financiamento de startups. A Argentina, com recentes eventos econômicos tumultuosos, também começou a presenciar mudanças positivas.45 Porém, alguns países andinos emergiram como alguns dos mais atingidos pela COVID-19, apresentando um enorme desafio para manter esses ganhos em 2020.

+ Houve discrepância significativa na Região Andina em 2019 na competitividade global e saúde econômica. De acordo com o relatório Índice Competitivo Global de 2019, existiam quase 30 pontos de diferença entre países na região, com o Chile alcançando a colocação mais alta globalmente, 33º, e a Venezuela a mais baixa em 133º.46 As outras economias da região estiveram relativamente distribuídas de forma uniforme entre as duas, revelando uma dificuldade de se fazer uma abordagem regional ao apoio ao empreendedorismo e a necessidade de dar foco às situações específicas de cada país.

+ A mensuração de impacto permaneceu uma prática embrionária, mas crescente para o setor de SGB. De acordo com um relatório de 2019 da Kunan e da Universidad Científica del Sur, a maioria dos empreendedores sociais no Peru não mensuraram nenhum impacto. Entretanto, esses empreendedores entendem a importância de medir a dimensão do impacto e enxergam outras colaborações com a comunidade acadêmica como uma valiosa oportunidade.47 Na Colômbia, houve uma difusão e aumento da compreensão do Impact Reporting and Investment Standards (IRIS) como uma importante ferramenta.48

+ Contratos de impacto social e ambiental (Social and environmental impact bonds) emergiram como um mecanismo inovador de financiamento com o potencial de movimentar capital significativo em direção ao impacto; porém, esta ferramenta deve ser implantada de forma muito focada.49 Em 2019 o Chile fez a sua primeira investida no mercado de títulos verdes, conforme o governo pretendia diversificar a energia do país e caminhar em direção a soluções mais verdes. A primeira negociação de títulos verdes foi feita em 2019,50 sinalizando uma transformação no mercado capaz de criar oportunidades no futuro. Outros mercados Latino-Americanos implementaram estratégias voltadas para PMEs do setor de energia, como fez o México sob a extensão de seu Comitê Nacional do Desenvolvimento de Mercado de Green Bond.51

+ Investimentos do exterior têm conduzido a atividade de capital de risco no Peru e na Colômbia. O Peru teve um ano recorde em 2019 no investimento de startups, com US$11.3 milhões distribuídos, um aumento de 24% com relação aos anos anteriores; a maior parte desse aumento é oriunda de recursos externos.52 A Colômbia tem escolhido uma rota similar, já que programas do governo estão conseguindo incentivar capital internacional para atingir mais startups colombianas. A Colômbia teve o segundo maior índice de investimentos de VCs na América Latina em 2018, sendo em sua maioria composto por capital externo.53

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América Latina

BRASIL

54 Mari, A. (2020). “The Brazil Tech and Innovation Roundup: VC Investment Reaches New High.” Forbes.55 Veiga,M. G.,McCahery,J. A.(2019).“The Financing of Small and Medium-Sized Enterprises: An Analysis of the Financing Gap in Brazil.” European Business Organization Law Review.56 Menezes,F. Z.(2020).“What Latin America’s startup ecosystem will look like in 2020.” Latin America Business Stories.57 (2019). “2019 Fintech100: Leading Global fintech innovators.” KPMG.58 A Taxa de Oportunidade Percebida é definida como “a porcentagem da população de 18 a 64 anos que enxerga boas oportunidades para começar uma empresa na região onde vivem”.

Este é um indicador definido e coletado pelo Consórcio GEM.59 Global Entrepreneurship Monitor Custom Data Tables.60 (2019). “Brazil’s Recent Law Changes Aim to Boost Foreign Investment.” Biz Latin Hub.61 OECD. (2019). “Financing SMEs and Entrepreneurs 2019: An OECD Scoreboard.”OECDPublishing,Paris.https://doi. org/10.1787/fin_sme_ent-2019-en62 Ibid63 VC investment reaches new high - Forbes

Em 2019, o Brasil superou incertezas entre a comunidade investidora após a eleição presidencial de 2018 e teve um progresso contínuo em seu ecossistema de empreendedorismo. O Brasil produziu diversas startups reconhecidas globalmente e quase triplicou seu mercado de venture capital desde 2017.54 Porém, este progresso é frágil, já que o Brasil tem sido um dos países mais afetados pela COVID-19. Os desafios de saúde, sociais e econômicos da pandemia somam-se às barreiras existentes de crescimento, incluindo uma disparidade notável na concentração e disponibilidade de recursos e a dependência de empresas de empréstimos que são historicamente hostis com empreendedores.55

+ Em 2019, pelo menos cinco empresas brasileiras atingiram o status de unicórnio56 e quatro foram listadas na FinTech100 da KPMG, destacando o crescente número de empresas que utilizam a tecnologia para remodelar a indústria de serviços financeiros.57 As FinTechs estão no centro do crescimento econômico no Brasil, juntamente com os cuidados com a saúde, conforme as empresas dentro desses setores buscam escalar para fora do país.

+ A taxa de oportunidade percebida58 aumentou para 46% e a atividade total de empreendedorismo para 23%, comparados com 31% e 18% respectivamente em 2018.59 Adicionalmente, o governo colocou em vigor uma nova legislação em 2019 diminuindo a carga burocrática ao iniciar um novo negócio.60

+ O mercado de private capital do Brasil cresceu em 2019, com seu crescimento contido nos anos anteriores possivelmente devido a regulamentações restritivas direcionadas aos investidores.61 Revisões a essas leis começaram em 2016 e continuaram em 2017, resultando em mais proteções para o investidor anjo e melhora no compartilhamento de informações;62 o último item se mostrou crucial para o relacionamento bem-sucedido entre investidor e empresa investida. Nos últimos dois anos, o tamanho do mercado de venture capital triplicou, de US$905 milhões em 2017 para US$2.7 bilhões em 2019.63

+ De acordo com um sumário de dados de 2019 compilado a partir da Global Accelerator Learning Initiative (GALI) que examinou startups brasileiras que se inscreveram para programas de aceleração, as empresas em geral não reportaram dívidas no momento da inscrição e buscavam a aceleração com a intenção de construir redes de contato. Ambas descobertas refletem a falta de opções de financiamento e a necessidade de encontrar outros recursos para fechar essa lacuna.

+ Em 2019, o Brasil teve um ano recorde de investimentos, com as empresas brasileiras recebendo 58% do capital privado e capital de risco implantado na América Latina, a maior participação em relação a outros países da região. [1] Somente no mercado de capital de risco, os investidores fizeram 222 transações, totalizando US $ 2,5 bilhões. Além disso, o Brasil viu 47 saídas em 2019, tornando-o o mercado de saída mais ativo na região. [2]

PANORAMA DO SETOR DE PEQUENAS EMPRESAS EM CRESCIMENTO24

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América Latina

AMÉRICA CENTRAL & MÉXICO

64 A Total Eayl-Stage Entrepreneurial Activity (TEA) é definida pelo Global Entrepreneurship Monitor como a “porcentagem da população entre 18 a 64 anos que é empresário nascente ou proprietário-gerente de um novo negócio” GEM Consortium

65 (2019). “Economy Profile: Guatemala.” Global Entrepremeneurship Monitor.66 (2019). “Why is Latin American Center of Entrepreneurship in Costa Rica.” Biz Latin Hub.67 Ibid.68 Ibid.69 (2018). “Mexican banks struggle to plug SME funding gap.” Accion.70 Edwards, B. (2018). “Mexican banks struggle to plug SME funding gap.” Euromoney.71 74 NEED72 (2020). “Industry Data & Analysis: Update on Latin American PE & VC.” LAVCA.73 Ibid.74 “Primer Bono Social de Género en América Latina.” Banistmo.75 ILU Women’s Empowerment Fund: A Joint Venture of Deetken Impact and Pro Mujer.” Pro Mujer.

A região da América Central e o México permaneceu como um importante centro de atividade de formação de negócios em 2019, com a taxa total de atividade empreendedora (TEA) para alguns países atingindo um quarto da população adulta.64 Entretanto, este nível geral de empreendedorismo possui pouca relação com o total de atividade de investimento voltada para o crescimento: o México presenciou 10% em TEA, mas acumulou o maior nível de atividade de investimento na região, enquanto que economias da América Central como a Guatemala tiveram 25% TEA, mas uma atividade de Private Equity (PE)/VC extremamente limitada. Isso é provavelmente uma reflexão dos altos níveis do chamado “empreendedorismo de necessidade” ao invés de um empreendedorismo com base em crescimento na América Central; por exemplo, mais da metade de toda atividade empreendedora na Guatemala em 2019 estava associada com necessidade.65 Conforme a pandemia da COVID-19 avança, o ecossistema de empreendedorismo da região enfrenta um alto risco de ficar para trás do progresso visto no ano passado. + Na América Central, a Costa Rica foi considerada em 2019 o melhor destino para empreendedores. Em uma região

marcada pela instabilidade política e econômica, a Costa Rica tem a muito tempo se destacado com uma “mão de obra capacitada, panorama político estável e indústrias favoráveis” que atraíram investidores e empreendedores do mundo todo. Na verdade, expatriados fizeram parte de 9% da população, tornando essa a região mais atraente da América Latina.66

+ A América Central atingiu pouca atividade de investidores PE/VC se comparada a outras regiões da América Latina em 2019. Dos investimentos realizados na América Latina em 2019, apenas cerca de 1% dos dólares investidos e 1% das negociações foram direcionadas à América Central e o Caribe combinados.67 Entretanto, visto que 2019 foi o ano recorde em distribuição de capital de risco na América Latina, este 1% correspondeu a mais de US$100 milhões, embora concentrado em apenas seis transações.68

+ PMEs continuaram a ser o principal motor econômico no México. O setor de PME está fortificado pelo tamanho absoluto da economia e é responsável por aproximadamente “nove de cada 10 negócios no México”.69 Contudo, a esfera de PMEs foi marcada por ambas a informalidade e empresas menores individuais,70 o que dificultou para os bancos oferecer seus serviços a eles; com relação a esse ponto, em 2019 apenas um terço das PMEs acessaram financiamento por meio de bancos.71

+ O México continuou a receber atenção de fundos de private equity e venture capital. Enquanto o Brasil permaneceu como o mercado dominante na América Latina, o México o seguiu de perto em diversas áreas, sendo o “segundo maior mercado para exits em 2019” com 18 no total e retornos totalizando US$982 milhões. Também houve uma quantidade considerável de atividade de investimento de participações privadas e venture capital em 2019, com 15 transações totalizando US$1.1 bilhões, altamente focada no setor de FinTechs.72 Apesar disso, esse momentum não pôde ser conferido na obtenção de fundos entre os veículos de investimento, que viu uma desaceleração ao ser comparada com os dois anos anteriores.73

+ Novas iniciativas financeiras lançadas em 2019 têm como objetivo empoderar SGBs lideradas por mulheres. A Banistmo, uma subsidiária da BanColombia e a segunda instituição financeira no Panamá, emitiu contratos de impacto de gênero (gender impact bonds) por US$ 50 milhões por cinco anos. A IDB Invest estruturou a operação além de adquirir 100% do bônus. O objetivo dos fundos coletados através dessa emissão é financiar PMEs conduzidas por mulheres.74 O Ilu Women’s Empowerment Fund foi lançado ao longo de 2019. Esse fundo é uma joint venture entre Deetken Impact, uma gestora Canadense de ativos de impacto e a Pro Mujer. A Ilu Women’s Empowerment Fund investe em um portfólio diversificado de negócios de alto impacto que promovem a mulher na liderança e governança, produtos e serviços que vão ao encontro das necessidades de mulheres e meninas, cadeias de valores sensíveis a gênero e igualdade no ambiente de trabalho.75

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Ásia

LESTE E SUDESTE DA ÁSIA

76 (2019). “Global Startup Ecosystem Report 2019.” Startup Genome.77 Chen, J. (2018). “2019 will be a pivotal year for Southeast Asian tech startups.” TNW.78 Carandang, B. (2019). “How fintech is setting Southeast Asia’s SMEs free.” World Economic Forum.79 (2019). “SMEs will push Southeast Asian digital finance market to $60 billion by 2025.” Tech Collective.80 (2020). “SMEs in a New Decade, New Economy.” Bloomberg Media Group.81 Ibid.82 Sedov, S. (2019). “4 Trends Shaping the Future of the P2P Lending Regulation in Southeast Asia.” Entrepreneur Asia Pacific.83 (2020). “Thailand Tech Startup Ecosystem Report 2019.” TechSauce.84 (2019). “Mastercard Index of Women Entrepreneurs 2019.” Mastercard85 Halim, D. (2020). “Women entrepreneurs needed – stat!” World Bank Blogs (excluindo a América do Norte)

De acordo com a Startup Genome de 2019, sete dos doze ecossistemas “challengers” de startups (aqueles atualmente fora do top 30, mas crescendo rapidamente) estão localizados na região da Ásia-Pacífico76 Porém, embora empreendedores nesses ecossistemas possuam diversas vantagens, como o acesso a mercados diversos e relativa facilidade em expandir internacionalmente,77 outros desafios significativos ainda existem. A crise da COVID-19, que se espalhou inicialmente no Sudeste da Ásia, mas foi de certa forma contida, permanece uma grande ameaça ao dinamismo dos ecossistemas da região conforme as organizações do setor avaliam o restante de 2020 e além.

+ Capital de risco do tipo Semente e Pré-Semente são uma necessidade urgente ao redor do Sudeste Asiático. Na região, mais de 30% das PMEs não possuem acesso a dívidas ou linhas de créditos. Este problema é exemplificado nas Filipinas, onde “uma quantidade impressionante de 50% das PMEs não possui acesso a empréstimos formais”.78

+ FinTechs estão remodelando o panorama financeiro para PMEs na região. Enquanto a maioria da população do Sudeste da Ásia ainda não possui uma conta bancária, uma parcela significativa possui smartphones, se mostrando uma opção promissora na busca pela inclusão financeira.79 Em fevereiro de 2020, a Bloomberg notou que atualmente menos de 30% dos proprietários usam “financiamentos não-tradicionais” como crowdfunding e empréstimos peer-to-peer, prevendo que “nos próximos 1-3 anos, 58% deles vão recorrer a fontes de financiamento não tradicionais”.80

+ Governos estão tendo dificuldades para regulamentar novas plataformas de financiamento, em particular, o empréstimo peer-to-peer (P2P). As leis atuais não atendem adequadamente muitas atividades financeiras relativamente novas, levando algumas plataformas de serviço financeiro a serem multadas.81 Porém, governos estão começando a acompanhar; por exemplo, a Índia e a Tailândia implementaram padrões para monitorar esses novos modelos e o Vietnã está desenvolvendo a devida legislação este ano.82

+ Embora tenham sido feito algumas melhorias, pipeline continua sendo um problema fundamental para investidores na região. Por exemplo, investidores na Tailândia acharam difícil descobrir novas startups devido a contração no número de aceleradoras e grandes corporações desenvolvendo startups internamente.83

+ Igualdade de gênero continuou a ser uma prioridade para região em 2019 e este foco produziu resultados. Em 2019, países do Leste e Sudeste da Ásia lideraram os principais indicadores do Índice de Mulheres Empreendedoras da Mastercard, destacando a habilidade feminina em “prosperar como líderes empresariais” e obter um alto nível de acesso a serviços financeiros e suporte a PMEs.84 Essas condições resultaram nas mulheres representando 47% dos principais proprietários de pequenas, médias e grandes empresas, atrás apenas da América Latina com 50%.85

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Ásia

ÍNDIA

86 Papadopoulos, A. (2019). “Most Startup Friendly Countries In The World, 2019.” CEO World Magazine.87 Chandaliya, S. (2019). “The Indian Startup Ecosystem: A Global Perspective.” The Pangean.88 Rajan, P. (2019). “The startup ecosystem in India is scaling new heights. Here’s why.” YourStory.89 Dutta, S., Lanvin, B., Wunsch-Vincent, S. (2019). “Global Innovation Index 2019.” Cornell University, INSEAD, World Intellectual Property Organization.90 (2019). “Budget 2019: Social stock exchanges to be introduced in India.” Business Standard.91 SalmanS. H.(2019).“Startups get major boost in Budget 2019.” LiveMint.92 Pandit, V., Tamhane, T. (2017). “Impact investing finds its place in India.” McKinsey & Company.93 Ravi, S., Gustafsson-Wright, E., Sharma, P., Boggild-Jones, I. (2019). “The Promise of Impact Investing in India.” Bookings India.94 Naranjo, E. (2019). “The Changing Landscape of Development Finance in India.” USAID.95 (2020). “India Philantrhopy Report 2020.” Bain & Company.; (2019). “India’s Private Giving: Unpacking Domestic Philanthropy and Corporate Social Responsibility.” OECD.96 (2020). “COVID-19 Implications for SGBs: Emerging evidence in India from the entrepreneurial ecosystem” ANDE India Chapter.

Em 2019, a Índia foi classificada como o quinto país mais amigável às startups,86 o que pode ser amplamente atribuído ao recente foco do setor público em estimular um forte ecossistema de empreendedorismo através de iniciativas direcionadas.87 Apesar de um momento favorável, com sete empresas atingindo o status de unicórnio em 2019,88 o ecossistema ficou para trás em outras áreas críticas. Por exemplo, o país ficou em 52º no Índice de Inovação Global,89 e ainda existem certas barreiras regulatórias que atrasaram novos negócios.

+ O governo Indiano anunciou sua intenção de estabelecer uma bolsa de valores social para facilitar o processo de obtenção de fundos através de empresas sociais. Isso iniciou uma discussão sobre a necessidade de padronizar os indicadores de empresas existentes e entender IMM para garantir maiores retornos sociais e financeiros.90 Esse anúncio foi seguido da iniciativa Stand Up India, um programa “lançado em 2016 para apoiar o empreendedorismo entre mulheres e segmentos marginalizados da sociedade”, sendo estendido até 2025.91 Essas iniciativas apontam para apoios maiores e a canalização de recursos financeiros e não financeiros para empreendedores e SGBs do país.

+ O apetite por investimentos de impacto na Índia continua a crescer, com um relatório da McKinsey prevendo que a demanda da Índia por capital com propósito vai crescer para quase $8 bilhões em 2025. 92 Educação e saúde emergem como os principais setores onde investidores de impacto têm aplicado capital, com serviços financeiros logo atrás.93 Profissionais de desenvolvimento financeiro continuam a explorar títulos de impacto, notas de sucesso social e outros mecanismos de financiamento que compõem o conceito de ‘finança mista’ (blended finance) para catalisar capital em direção ao desenvolvimento sustentável.94

+ Existe uma necessidade crescente para melhorar a mensuração e a coordenação entre as fontes de recursos filantrópicos, para auxiliar de forma colaborativa e medir o impacto dos fundos distribuídos.95 Apesar da desaceleração de fundos externos nos últimos anos, o financiamento privado cresceu com uma taxa anual de 15% entre 2014 e 2018, enquanto o público aumentou cerca de 10% ao ano. Essas iniciativas parecem desconectadas entre si, com filantropia e a responsabilidade social corporativa (CSR) concentradas em certas áreas e iniciativas sobrepondo-se no escopo e no setor.

+ A crise da COVID-19 está ameaçando as SGBs e outros intermediários na Índia. Dois em cada dez membros da ANDE avaliam seu risco de fechar as portas como alto, e 40% das SGBs na Índia já suspenderam temporariamente suas operações. Para diversos players do ecossistema sobreviverem, será crucial a digitalização de serviços e a criação de acesso a fundos diretos e flexíveis para SGBs.96

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África Subsaariana

ÁFRICA ORIENTAL

97 Karanja, M. (2019). “The Ethiopia tech ecosystem: A sleeping giant is waking up!” GSMA.98 Bright, J. (2019). “Ethiopia’s bid to become an African startup hub hinges on connectivity.” TechCrunch.99 Kazeem, Y. (2020). “Startup funding in Africa broke more records in 2019.” Quartz Africa.100 Shapshak, T. (2020). “African Startups Raised $1.34 Billion in 2019.” Forbes.101 Kazeem, Y. (2020). “Startup funding in Africa broke more records in 2019.” Quartz Africa.102 (2020). “Doing Business 2020.” World Bank.103 Towett, L. (2019). “Access To Funding Gets Easier For Rwanda’s Enterprising SMEs.” Wee Tracker.104 Mtambalike,J. R.(2018).“What you need to know about Tanzania Innovation Ecosystem. Why are we the fastest?” Medium.105 Mgonja, M. (2019). “East Africa’s thriving tech ecosystem.” Wamda.106 Mtambalike,J. R.(2018).“What you need to know about Tanzania Innovation Ecosystem. Why are we the fastest?” Medium.107 (2018). “Why Small Medium Enterprises In Uganda Feel Neglected Despite Struggling to Survive.” EABW News.108 Nabwire, I. (2019). “Banks are willing to finance small businesses.” Daily Monitor.109 (2018). “Why Small Medium Enterprises In Uganda Feel Neglected Despite Struggling to Survive.” EABW News.

A atividade empreendedora e de financiamento da África Oriental permaneceu altamente focada no Quênia em 2019, um dos três maiores hubs de empreendedorismo e investimento tech no continente. Entretanto, outros ecossistemas continuaram a amadurecer, com diversos governos implementando políticas amistosas para SGB com o objetivo de fortalecer a atividade empreendedora. Conforme o impacto da COVID-19 testa as estruturas sociais e econômicas da região, resta saber como os ecossistemas manterão seus ganhos de 2019.

+ Apesar de ser o segundo país mais populoso do continente, a Etiópia ainda está para alcançar seu potencial como um centro de atividade empreendedora. Entretanto, muitos atores locais acreditam que ela possui todos os ingredientes para ser um dos principais hubs Africanos de tecnologia: fortes programas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) em universidades, a ascensão de pelo menos nove hubs locais de incubação, e o crescente suporte do governo, especialmente através do afrouxamento de regulamentações relacionadas ao dinheiro móvel.97 Esse suporte do governo é importante, pois uma das maiores barreiras é a instabilidade da conexão de internet, primariamente controlada por uma empresa de telefonia estatal.98

+ Startups quenianas correspondem a 32% dos investimentos de VC na África em 2019, a segunda maior contribuição no continente, atrás da Nigéria com 49.5%.99 Isso representou um aumento de fundos de quase 300% se comparado com o ano anterior,100 e consistente com um ano recorde para a captação de recursos para startups na África. Entretanto, o fato de que Nigéria e Quênia receberam a maior quantidade de investimento em 2019, e que todos os setores mais beneficiados possuem uma vertical tecnológica101 mostra que esta atividade permanece bem concentrada dentro de tech hubs, uma tendência difícil de mudar mediante à COVID-19.

+ O governo de Ruanda implementou iniciativas que beneficiam diretamente as PMEs. Em 2019, a Ruanda implementou uma reforma política permitindo que novas PMEs atrasassem o pagamento de impostos comerciais por dois anos.102 Esta iniciativa e um foco maior no apoio às PMEs não são nenhuma novidade, já que o ministério do comércio caracteriza 98% dos negócios no país como PMEs.103

+ Enquanto o ecossistema Tanzaniano de startups ainda está atrás de gigantes econômicos como o Quênia, um ecossistema voltado para a inovação, tecnologia, mulheres e empreendedorismo jovem está surgindo.104 Dar es Salaam ainda era o hub de empreendedorismo mais conhecido no país em 2019, tendo hospedado o World Business Angels Investment Forum em 2018105 e comportando a maioria dos recursos de empreendedorismo. Entretanto, novos recursos voltados a empreendedores surgiram em outras cidades também,106 Arusha em particular, um sinal encorajador em direção a uma cultura empreendedora no país.

+ Para as PMEs da Uganda, a sobrevivência continuou a ser uma das principais dificuldades em 2019.107 80% das startups ugandesas usaram seus próprios fundos para financiar suas operações, uma estratégia insustentável e um forte contraste de seus vizinhos Quenianos.108 Além disso, muitos empreendedores ugandeses têm expressado insatisfação com a falta de oportunidades de aprimoramento de habilidades, que são críticas não somente para a sobrevivência, mas para crescimento significativo.109

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África Subsaariana

ÁFRICA DO SUL

110 Plecher, H. (2019). “South Africa: Unemployment rate from 1999 to 2019.” Statista.111 Ansara, D., Endres, R., Mothibatsela, B. (2019). “Open for business? How SMMEs in South Africa can thrive.” Fin24112 (2019). “Economic transformation, inclusive growth, and competitiveness: Towards an Economic Strategy for South Africa.” Economic Policy, National Treasury.113 Vuba, S. (2019). “The missed opportunity: SMMEs in the South African economy.” Mail & Guardian.114 Ibid.115 Ansara, D., Endres, R., Mothibatsela, B. (2019). “Open for business? How SMMEs in South Africa can thrive.” Fin24116 (2020). “African Private Equity Industry Survey.” African Venture Capital and Private Equity Association.117 (2019). “ADDRESS BY THE MINISTER OF SMALL BUSINESS DEVELOPMENT.” Ministry of Small Business Development, Republic of South Africa.

A África do Sul foi a segunda maior economia na África Subsaariana em 2019, apesar dos desafios significantes, incluindo uma taxa de desemprego de 27%,110 a maior em uma década. Empreendedores locais possuem altas taxas de falência, com os negócios que sobrevivem geralmente enfrentando baixas receitas e crescimento de talento.111 O governo permanece um agente importante na tentativa de lidar com esses desafios, reconhecendo as PMEs como uma ferramenta essencial no crescimento da economia e revertendo declínios econômicos recentes. Entretanto, muitos desses esforços sobrepõem-se entre si e são descoordenados.112 Novas medidas estão apenas começando a serem implementadas e os resultados ainda não foram notados. Esses problemas serão misturados conforme o país passa por incertezas em 2020 devido à pandemia da COVID-19.

+ Conforme o desemprego se manteve alto, as PMEs foram consideradas como uma potencial solução: O Plano de Desenvolvimento Nacional do governo menciona as PMEs como agentes críticos no desenvolvimento econômico nos próximos anos, declarando especificamente que tais negócios podem compor de 60-80% de crescimento do PIB em 2030 e gerar 90% dos 11 milhões de novos postos de trabalho previstos.113 Porém, em 2019 as PMEs lutaram para sobreviver; na verdade, mais de dois terços dos novos negócios faliram em seus primeiros dois anos de operação.114 As PMEs na África do Sul enfrentam desafios por causa do “limitado poder de barganha, restrições no fluxo de caixa, lacunas significativas na busca por talento e ter que operar em um ambiente com muitos impostos.”115

+ A falta de acesso a capital tem sido uma restrição expressiva para as PMEs na África do Sul. Embora o governo e outros financiadores tenham tentado resolver esse problema por meio de vários investimentos e iniciativas, “muitos se sobrepõem e faltam escala e expertise”, resultando em uma experiência ineficiente de financiamento para os negócios. Além disso, a África do Sul era vista por investidores como um mercado menos atraente quando comparado a outros no continente, caindo para a 7ª posição nas opções mais populares na África em 2019 (de 4ª em 2018), entre os pesquisados pela African Venture Capital Association (AVCA).116 Isso devido, provavelmente, a restrições de pipeline, já que uma alta taxa de falência limitou a quantidade de investimentos viáveis e as sobreviventes não alcançaram receitas satisfatórias.

+ O presidente da África do Sul se comprometeu a prestar assistência ao problema das startups com o acesso ao financiamento por meio de um modelo misto. Este modelo “abrange uma mistura de concessões e empréstimos com o objetivo de diminuir o custo de capital para tomadores de crédito, aumentar o acesso e melhorar as chances de sobrevivência e sustentabilidade, especialmente para negócios early-stage que necessitam de menores quantias de um capital mais tolerante.”117 O objetivo primário dessa assistência é garantir que as PMEs possam contribuir com as duas principais metas do governo: expandir a economia a uma velocidade maior que o crescimento populacional, e empregar dois milhões de jovens nos próximos dez anos.

+ O ecossistema empreendedor de Durban está amadurecendo, mas ainda restam lacunas. Uma análise da ANDE identificou quase 150 programas de apoio aos empreendedores em Durban, criando um forte ecossistema de apoio. Aproximadamente dois terços dessas iniciativas estão direcionadas às SGBs early-stage, ou os “strivers”. Entretanto, embora muitos desses programas ofereçam suporte não financeiro, stakeholders locais identificaram o capital early-stage como uma lacuna contínua para ajudar essas startups a crescer.

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África Subsaariana

ÁFRICA OCIDENTAL

118 (2020). “African Private Equity Industry Survey.” African Venture Capital and Private Equity Association.119 (2019). “Nigeria and Ghana Impact Investing and Policy Landscape.” Impact Investors’ Foundation, Ford Foundation, Dalberg.120 (2019). “Nigeria and Ghana Impact Investing and Policy Landscape.” Impact Investors’ Foundation, Ford Foundation, Dalberg.121 (2020). “Doing Business 2020.” World Bank.122 (2019). “Nigeria and Ghana Impact Investing and Policy Landscape.” Impact Investors’ Foundation, Ford Foundation, Dalberg.123 “National Entrepreneurship & Innovation Programme.” Government of Ghana Initiative.124 Awosanya, Y. (2020). “Nigerian startups raised $377m in 2019, more than twice the value of 2018.” TechPoint Africa.125 Kazeem, Y. (2019). “Angel investors are bridging the widening funding gap between Anglophone and Francophone Africa.” Quartz Africa.126 Ndiomewese, I. (2019). “Investment in Francophone West African SMEs receives a €12.5m equity boost from African Development Bank.“ TechPoint Africa.127 (2019). “Nigeria and Ghana Impact Investing and Policy Landscape.” Impact Investors’ Foundation, Ford Foundation, Dalberg.

A África Ocidental continuou a desenvolver um forte ecossistema empreendedor, exibindo um dos maiores hubs de tecnologia do continente, e se posicionando como uma região atrativa para investimentos de PE na África.118 Porém, o crescimento na região não esteve distribuído de forma igualitária. A Nigéria continua a dominar a atividade empreendedora da região e presencia crescimento no fluxo de transações;119 outros países não alcançaram essas tendências positivas. À medida que as consequências da pandemia da COVID-19 abalam as economias dessa área, é certo que empreendedores enfrentarão barreiras maiores em 2020.

+ O tamanho do mercado da Nigéria continuou a crescer em 2019, mas ainda não está claro o grau de sustentabilidade desse crescimento perante às limitações contínuas e à crise de COVID-19. A dificuldade de se fazer negócio permanece alta; isso tem sido descrito como “apenas um custo para acessar um mercado significativo obrigatório na África Ocidental.”120 Esse ambiente pouco convidativo persiste apesar de muitas melhorias em políticas públicas com relação a iniciar um negócio, o acesso à energia elétrica, comércio externo, entre outros em 2018 e 2019.121 A Nigéria ainda ficou posicionada em 131º lugar no Ease of Doing Business Index conforme iniciou-se a crise da COVID-19 em 2020.

+ O ecossistema empreendedor de Gana tem crescido de forma lenta. Isso é especialmente verdadeiro para o investimento de impacto, que atingiu seu ápice com relação ao capital implementado em 2010.122 Contudo, a implantação do governo de um Plano Nacional de Empreendedorismo e Inovação representa um esforço direcionado ao estímulo do ecossistema através de serviços de desenvolvimento das empresas, incubação e recursos financeiros para jovens startups.123

+ Uma injeção de €12.5 milhões em equity para PMEs de alto crescimento na África Ocidental Francesa teve como objetivo lidar com a desigualdade de atenção de investimento na região. Essa desigualdade foi melhor ilustrada pelas tendências divergentes entre dois ecossistemas: na Nigéria, as startups captaram US$377 milhões em 2019, mais que o dobro da quantia de 2018,124 enquanto a África Ocidental Francesa sentiu uma queda na captação de recursos no mesmo período.125 Instituições de desenvolvimento concentraram-se especialmente nos países em desenvolvimento da região, incluindo a contribuição de €12.5 milhões do Banco Africano de Desenvolvimento para o Adiwale Fund 1, um fundo de PE focado em PMEs de alto crescimento na África Ocidental Francesa.126

+ Instituições financeiras de desenvolvimento (DFIs) investiram fortemente na região em 2019, através de fundos de investimentos diretos e indiretos. Em 2019, 81% das transações de investimento em Gana e Nigéria vieram de DFIs,127 mostrando que embora alguns investidores estejam interessados na região, a comunidade de desenvolvimento continua a dominar o mercado.

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METHODOLOGYPART 2: ANDE IN 2019

METODOLOGIA

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A ANÁLISE DE APOIO FILANTRÓPICO USANDO DADOS DA CRS NA OCDE

Os dados apresentados na seção de Financiamento e Apoio Filantrópico são provenientes da análise da ANDE no Sistema de Relação de Credores da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), um banco de dados de recursos designados e despesas realizadas por países doadores e instituições multilaterais em 2017 em dólares americanos (US$).

Para desenvolver uma estimativa, a ANDE buscou no banco de dados palavras-chave e códigos que mais se relacionam com o setor de SGB, especificamente:

+ SME purpose code 32130 - Código de finalidade de PME 32130

+ Entrepreneur(s) - Empreendedor(es)

+ Entrepreneurship - Empreendedorismo

+ entrepreneurial - empreendedora

+ SME - PME

+ small and medium sized business - pequeno e médio negócio

+ small business – pequena empresa

+ social enterprise - negócio social

+ small enterprise – pequena empresa

+ petite entreprise – pequena empresa

+ small and growing business – pequenas empresas em crescimento

Qualquer desembolso correspondente a um ou mais termos acima foi caracterizado como “relacionado a PME”. Nós agregamos os valores de desembolsos para todos os doadores no banco de dados e incluímos assistência externa de desenvolvimento e outros fluxos oficiais. Ao trabalhar com esse banco de dados existente, a ANDE provavelmente subestima o apoio de doadores para o empreendedorismo e PMEs, mas optamos por correr o risco de usar valores menores para garantir que nenhuma despesa fosse incluída de forma errônea. Essa metodologia foi refinada em 2017 para incluir mais termos relacionados a PMEs e para remover “startup” dos critérios de busca, já que estava falsamente categorizando algumas despesas.

Como parte da estratégia atualizada de 2019 da ANDE, também incluímos análise de gênero e marcadores ambientais, que foram adicionadas ao banco de dados CRS da OCDE começando em 1998, com revisões/adições desde esse período. Esses marcadores estão distribuídos em uma escala de 0-2, que a OCDE classifica da seguinte forma:

NÃO DIRECIONADO (0 PONTO): O projeto/programa foi avaliado de acordo com o marcador, mas não foi encontrado um direcionamento [à área de impacto].

SIGNIFICANTE (1 PONTO): [A área de impacto] é um objetivo importante e deliberado, mas não o principal motivo para seguir com o projeto/programa.

PRINCIPAL (2 PONTOS): [A área de impacto] é o principal objetivo do projeto/programa e é fundamental em seu design e resultados esperados. O projeto/programa não seria levado adiante sem este objetivo.

A análise da ANDE leva em consideração atividades de doadores relacionadas a PMEs que pontuaram 1 ou 2. Para mais informações sobre o marcador de igualdade de gênero, por favor, visite esse artigo da OCDE.

PANORAMA DO SETOR DE PEQUENAS EMPRESAS EM CRESCIMENTO32

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A análise da ANDE também incorpora atividades de doadores relacionados a PMEs que pontuaram 1 ou 2 para qualquer marcador relativos ao clima/meio ambiente. Existem cinco marcadores de clima/meio ambiente: adaptação ao clima, mitigação de clima, ambiental, biodiversidade e desertificação. Para mais informações sobre esses marcadores, por favor, visite esse artigo da OCDE.

Análise de Veículo de Investimento

A ANDE identificou veículos de investimento lançados em 2019 através de pesquisa secundária liderada por uma consultoria externa. A pesquisa secundária combina informações de membros atuais da ANDE e dados públicos de fundos. Os fundos qualificados para a inclusão nessa relação de dados seguem três critérios: o objeto do investimento incluiu países na condição de mercados emergentes; os tamanhos das transações foram de US$20,000 a US$2 milhões; e o foco não foi exclusivamente em instituições de micro finanças. Por causa da natureza privada das informações, a ANDE assume que sua pesquisa nesse tópico não é exaustiva e possui muitas lacunas de informações. Ao invés disso, essa pesquisa analisa uma amostra de informações de veículos de investimento lançados todo ano para oferecer insights gerais para o ecossistema.

Análise de Pesquisa de Impacto

A Pesquisa Anual de Impacto da ANDE foi desenvolvida para coletar dados sobre o impacto dos membros da ANDE no ano anterior. A pesquisa de 2019 foi realizada de janeiro a fevereiro de 2020 e 145 organizações filiadas completaram a pesquisa, representando 53% dos membros da ANDE. Gostaríamos de fazer um agradecimento especial aos membros que se colocaram à disposição para participar da pesquisa e informar os insights deste relatório.

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RESOURCES

RECURSOS

PANORAMA DO SETOR DE PEQUENAS EMPRESAS EM CRESCIMENTO34

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