PANORAMA DO COOPERATIVISMO NO BRASIL: censo, · PDF fileexplicado pela queda no número...

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Informações Econômicas, SP, v.38, n.8, ago. 2008. PANORAMA DO COOPERATIVISMO NO BRASIL: censo, exportações e faturamento 1 Evandro Scheidt Ninaut 2 Marcos Antonio Matos 3 1 - INTRODUÇÃO 123 Segundo Morato e Costa (2001), a coo- perativa é uma das formas avançadas de organi- zação da sociedade civil, pois proporciona o de- senvolvimento sócio-econômico aos seus inte- grantes e à comunidade e resgata a cidadania por meio da participação, do exercício da demo- cracia, da liberdade e autonomia. As cooperativas apresentam duas di- mensões, a econômica e a social, com foco no associado e na comunidade (BIALOSKORSKI NETO, 2002). Dessa forma, a consolidação do sistema cooperativista no Brasil tem papel signifi- cativo no desenvolvimento da sociedade, pois promove, dentre outros benefícios, acesso a crédi- to, saúde, educação, moradia, e ao mercado de trabalho, com responsabilidades sociais e ambien- tais (OCB, 2004). O cooperativismo brasileiro é represen- tado pela Organização das Cooperativas Brasilei- ras (OCB), órgão máximo de representação. Os principais objetivos da OCB estão relacionados à promoção, fomento e defesa do cooperativismo brasileiro, em todas as instâncias políticas e insti- tucionais. Somado aos objetivos, destaca-se o seu comprometimento com a preservação e o aprimo- ramento do sistema, o incentivo e a orientação das organizações cooperativas (FUNDACE, 2006). O movimento cooperativista brasileiro é diversificado, dividido em 13 ramos de atividades distintas, sendo eles: Agropecuário; Educacional; Crédito; Saúde; Infra-estrutura; Habitacional; Trans- porte; Turismo e lazer; Produção; Especial; Mineral; Consumo; Trabalho. Segundo Braga e Reis (2002) e Bialoskorski Neto (2001) há uma forte correlação entre a presença de cooperativas e os índices de 1 Registrado no CCTC, IE-22/2008. 2 Economista, Gerente de Mercados da Organização das Coope- rativas Brasileiras (OCB) (e-mail: [email protected]. coop.br). 3 Engenheiro Agrônomo, Mestre, Técnico de Mercados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) (e-mail: [email protected]). educação e desigualdade na posse da terra, con- cluindo que esse tipo de organização é importante para promover a distribuição de renda e o estoque de capital social, destacando-se a agricultura. O cooperativismo possui importância significativa na economia brasileira, sendo um sis- tema capaz de alinhar o desenvolvimento humano ao sustentável, devido aos seus princípios univer- sais de origem e de evolução (MATOS e NINAUT, 2007). Considerando-se a influência econômica do cooperativismo no Brasil, os estudos para a sua análise quantitativa se tornam relevantes. Este ar- tigo tem o objetivo de avaliar a participação das cooperativas na economia brasileira e, para tanto, foram selecionados indicadores para a análise do sistema, sendo eles: 1) Números de Cooperativismo: censo das coo- perativas, associados e empregos diretos, se- gundo os dados oficiais da OCB. 2) Faturamento das Cooperativas: por meio dos dados oficiais da OCB, determinou-se o fatu- ramento das cooperativas com a consideração dos ramos e dos anos de observação. 3) Exportações Diretas: evolução das exportações diretas do cooperativismo a partir dos dados da Secretaria de Comércio Exterior/MDIC (2008). 4) Tendências e Correlações: análise das proje- ções de crescimento e das interações obser- vadas entre os indicadores. Para as projeções de crescimento das variáveis exportações e faturamento e da avalia- ção das correlações entre elas, realizou-se a análi- se de regressão com a inclusão de testes para o cálculo do coeficiente de correlação, utilizando-se o sistema estatístico SAS ® (2001). Após a quantifi- cação do grau de associação entre as variáveis, obtiveram-se as equações de regressão, com a análise de variância pelo teste F em nível de signi- ficância de 1%. 2 - RESULTADOS Os resultados foram apresentados se-

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Informações Econômicas, SP, v.38, n.8, ago. 2008.

PANORAMA DO COOPERATIVISMO NO BRASIL: censo, exportações e faturamento1

Evandro Scheidt Ninaut2

Marcos Antonio Matos3

1 - INTRODUÇÃO 123 Segundo Morato e Costa (2001), a coo-perativa é uma das formas avançadas de organi-zação da sociedade civil, pois proporciona o de-senvolvimento sócio-econômico aos seus inte-grantes e à comunidade e resgata a cidadania por meio da participação, do exercício da demo-cracia, da liberdade e autonomia. As cooperativas apresentam duas di-mensões, a econômica e a social, com foco no associado e na comunidade (BIALOSKORSKI NETO, 2002). Dessa forma, a consolidação do sistema cooperativista no Brasil tem papel signifi-cativo no desenvolvimento da sociedade, pois promove, dentre outros benefícios, acesso a crédi-to, saúde, educação, moradia, e ao mercado de trabalho, com responsabilidades sociais e ambien-tais (OCB, 2004). O cooperativismo brasileiro é represen-tado pela Organização das Cooperativas Brasilei-ras (OCB), órgão máximo de representação. Os principais objetivos da OCB estão relacionados à promoção, fomento e defesa do cooperativismo brasileiro, em todas as instâncias políticas e insti-tucionais. Somado aos objetivos, destaca-se o seu comprometimento com a preservação e o aprimo-ramento do sistema, o incentivo e a orientação das organizações cooperativas (FUNDACE, 2006). O movimento cooperativista brasileiro é diversificado, dividido em 13 ramos de atividades distintas, sendo eles: Agropecuário; Educacional; Crédito; Saúde; Infra-estrutura; Habitacional; Trans-porte; Turismo e lazer; Produção; Especial; Mineral; Consumo; Trabalho. Segundo Braga e Reis (2002) e Bialoskorski Neto (2001) há uma forte correlação entre a presença de cooperativas e os índices de

1Registrado no CCTC, IE-22/2008. 2Economista, Gerente de Mercados da Organização das Coope-rativas Brasileiras (OCB) (e-mail: [email protected]. coop.br). 3Engenheiro Agrônomo, Mestre, Técnico de Mercados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) (e-mail: [email protected]).

educação e desigualdade na posse da terra, con-cluindo que esse tipo de organização é importante para promover a distribuição de renda e o estoque de capital social, destacando-se a agricultura. O cooperativismo possui importância significativa na economia brasileira, sendo um sis-tema capaz de alinhar o desenvolvimento humano ao sustentável, devido aos seus princípios univer-sais de origem e de evolução (MATOS e NINAUT, 2007). Considerando-se a influência econômica do cooperativismo no Brasil, os estudos para a sua análise quantitativa se tornam relevantes. Este ar-tigo tem o objetivo de avaliar a participação das cooperativas na economia brasileira e, para tanto, foram selecionados indicadores para a análise do sistema, sendo eles: 1) Números de Cooperativismo: censo das coo-

perativas, associados e empregos diretos, se-gundo os dados oficiais da OCB.

2) Faturamento das Cooperativas: por meio dos dados oficiais da OCB, determinou-se o fatu-ramento das cooperativas com a consideração dos ramos e dos anos de observação.

3) Exportações Diretas: evolução das exportações diretas do cooperativismo a partir dos dados da Secretaria de Comércio Exterior/MDIC (2008).

4) Tendências e Correlações: análise das proje-ções de crescimento e das interações obser-vadas entre os indicadores.

Para as projeções de crescimento das variáveis exportações e faturamento e da avalia-ção das correlações entre elas, realizou-se a análi-se de regressão com a inclusão de testes para o cálculo do coeficiente de correlação, utilizando-se o sistema estatístico SAS® (2001). Após a quantifi-cação do grau de associação entre as variáveis, obtiveram-se as equações de regressão, com a análise de variância pelo teste F em nível de signi-ficância de 1%. 2 - RESULTADOS Os resultados foram apresentados se-

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gundo a seqüência observada na metodologia do estudo, incluindo o censo do cooperativismo, fa-turamento, exportação e as correlações e proje-ções. 2.1 - Censo do Cooperativismo O censo do cooperativismo engloba o número de cooperativas, de associados e em-pregados diretos, segundo os dados obtidos no ano de 2007, bem como as evoluções observa-das nos últimos anos. A figura 1 apresenta o número de coo-perativas no Brasil em 2007, considerando-se os ramos do cooperativismo e as suas participações no censo. No ano de 2007 foram observadas 7.672 cooperativas filiadas ao sistema OCB, com destaque para o ramo trabalho, agropecuário, crédito, transporte e saúde, pois juntos represen-tam 83,19% do total de cooperativas. Os ramos trabalho e agropecuário apresentaram 1.826 e 1.544 cooperativas, respectivamente, seguidos pelo crédito, com 1.148 cooperativas (Figura 1). Na figura 2 é mostrada a evolução do número total de cooperativas no Brasil, no inter-valo considerado entre os anos de 2000 e 2007. No período analisado, o número total de coopera-tivas cresceu 29,97%, passando de 5.903 coope-rativas para 7.672. Avaliando-se os dois últimos anos, o número de cooperativas no Brasil mos-trou uma evolução de 0,91%. Observa-se, ainda, uma redução no número de cooperativas em 2003 e 2004, fato explicado pela queda no número de cooperativas do ramo agropecuário devido à crise da agricultu-ra brasileira ocorrida nesses anos. Tal fato está associado à redução das cotações das principais commodities agropecuárias e à elevação do en-dividamento rural no Brasil. O número de associados das coopera-tivas brasileiras e a freqüência acumulada de representação são apresentados na figura 3. Em 2007 o número de associados das cooperativas brasileiras foi de 7,69 milhões. O ramo crédito mostrou liderança den-tre os ramos, com um total de 2,85 milhões de associados e participação de 37,09% dos asso-ciados das cooperativas no Brasil. O ramo con-sumo figura na seqüência, apresentando um total de 2,47 milhões de associados. Os dois ramos

citados representam 69,20% do total de associa-dos das cooperativas brasileiras em 2007. O ramo agropecuário mostrou uma participação de 11,44% do total e 879,65 mil associados no Brasil em 2007 (Figura 3). A figura 4 apresenta a evolução do nú-mero de associados das cooperativas brasileiras, considerando-se o intervalo compreendido entre os anos 2000 e 2007. O número de associados no Brasil mostrou um crescimento de 65,35% no período, passando de 4,65 milhões em 2000 para 7,69 milhões no ano de 2007. Destaca-se que o cres-cimento foi contínuo no período visualizado, com uma taxa anual de evolução de 9,34%. O número de empregados diretos e a freqüência acumulada de participação dos ramos do cooperativismo para o ano de 2007 são apre-sentados na figura 5. O cooperativismo empregou 250,96 mil funcionários em 2007, sendo o ramo agropecuá-rio o principal representante, com um total de 139,61 mil funcionários e participação de 55,63% no total. Os ramos de saúde e crédito emprega-ram, respectivamente, 41,46 e 37,27 mil funcio-nários em 2007. Os três ramos descritos (agro-pecuário, saúde e crédito) representaram 87,00% do total empregado pelo cooperativismo no Brasil (Figura 5). Na figura 6 é observada a evolução do número de empregados diretos nas cooperativas brasileiras, entre os anos 2000 e 2007. O número de empregados diretos apre-sentou um crescimento de 48,15% no intervalo analisado, passando de 169,39 mil empregados em 2000 para 250,96 mil em 2007. Consideran-do-se os dois últimos anos (2006 e 2007), a evo-lução foi de 14,90% (Figura 6). 2.2 - Exportações das Cooperativas O desempenho das exportações dire-tas das cooperativas brasileiras foi avaliado con-siderando-se importantes fatores macroeconômi-cos. Dentre os fatores, destacou-se o comporta-mento das exportações das cooperativas frente às oscilações da cotação do dólar ao longo dos anos de observação, conforme é observado na figura 7. Ressalta-se que o ramo agropecuário apresenta liderança nas exportações das coope-rativas, portanto, são observados principalmente

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945 919

381 337208

364

1.148

0200400600800

1.0001.2001.4001.6001.8002.000

Trabalho

AgropecuárioCrédito

TransporteSaúde

Habitacional

Educacional

Produção

Demais ramos

Ramos do cooperativismo

Núm

ero

de c

oope

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as

0102030405060708090100

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a (%

)

Número de cooperativas Frequência acumulada

Figura 1 - Censo das Cooperativas Brasileiras com a Consideração dos Ramos e a Freqüência Acumulada, 2007. Fonte: OCB (2008).

5.903

7.026

7.5497.355

7.136

7.518 7.603 7.672

5.0005.2505.5005.7506.0006.2506.5006.7507.0007.2507.5007.7508.000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007Período analisado (anos)

Núm

ero

de c

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rativ

as

Figura 2 - Evolução do Número de Cooperativas no Brasil, 2000 e 2007. Fonte: OCB (2008).

2.8512.468

880628

335 24699 88 93

0300600900

1.2001.5001.8002.1002.4002.7003.000

CréditoConsumo

Agropecuário

Infra - estruturaTrabalho

SaúdeHabitacional

Transporte

Demais ramos

Ramos do cooperativismo

Núm

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es)

0102030405060708090100

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)

Número de cooperativas Frequência acumulada

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Figura 3 - Número de Associados das Cooperativas Brasileiras com a Consideração dos Ramos e a Freqüência Acumula-

da, 2007. Fonte: OCB (2008).

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4.649 4.7795.259

5.7636.160

6.791

7.393 7.688

3.0003.4003.8004.2004.6005.0005.4005.8006.2006.6007.0007.4007.800

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007Período analisado (anos)

Núm

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ssoc

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s (m

ilhar

es)

Figura 4 - Evolução do Número de Associados das Cooperativas no Brasil, entre 2000 e 2007. Fonte: OCB (2008).

41.46437.266

6.682 8.984 5.867 5.363 5.727

139.608

015.00030.00045.00060.00075.00090.000

105.000120.000135.000150.000

Agrope

cuári

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Saúde

Crédito

Trabalh

o

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Infra

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Demais

ramos

Ramos do cooperativismo

Núm

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0102030405060708090100

Freq

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cum

ulad

a (%

)

Número de cooperativas Frequência acumulada

Figura 5 - Número de Empregados das Cooperativas Brasileiras com a Consideração dos Ramos e a Freqüência Acumula-da, 2007.

Fonte: OCB (2008).

175.412 171.395182.026

195.100 199.680

218.415

250.961

169.393

80.000

100.000

120.000

140.000

160.000

180.000

200.000

220.000

240.000

260.000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Período analisado (anos)

Núm

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mpr

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os d

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s

Figura 6 - Evolução do Número de Empregados Diretos das Cooperativas no Brasil, entre 2000 e 2007. Fonte: OCB (2008).

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1.303,84

2.002,712.253,82

2.832,493.301,21

1,952,18

2,44

2,933,07

0

500

1.000

1.500

2.000

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3.000

3.500

2003 2004 2005 2006 2007Período analisado

Val

ores

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dos

(US

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ilhão

)

1,21,41,61,82,02,22,42,62,83,03,2

Dól

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S$.

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)

Exportações (US$ milhão) Valor do dólar à venda

Figura 7 - Evolução das Exportações Diretas das Cooperativas Brasileiras com a Consideração das Cotações do Dólar Comercial à Venda, 2003 a 2007.

Fonte: OCB (2008). os produtos primários desse setor na pauta.

Para a análise, foi utilizada a série do dólar comercial à venda disponibilizada pelo CE-PEA (2008) corrigindo-se as cotações pela IPA (índice de Preço no Atacado). As exportações diretas das cooperati-vas, no acumulado de janeiro a dezembro de 2007, somaram US$3,30 bilhões, enquanto em 2006, foram US$2,83 bilhões. A variação entre os anos de 2006 e 2007 demonstra um crescimento de 16,50% no total exportado, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Mi-nistério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Ressalta-se que foram observadas 185 cooperativas exportadoras no ano de 2007. Os valores exportados e a cotação do dólar apresentaram tendências inversas de com-portamento, pois, mesmo com os desafios impos-tos para a exportação da produção, destacando-se a valorização do real de 36,58% entre 2003 e 2007 (cotação média do dólar em 2003: 3,07; cotação média de 2007: 1,95), as cooperativas apresenta-ram receitas cambiais crescentes, com participa-ção significativa nas exportações brasileiras. É importante ainda destacar que, embo-ra não seja observada a influência direta do câm-bio na redução da evolução das exportações, as cooperativas deixaram de faturar montantes signi-ficativamente superiores na moeda brasileira (caso a taxa de câmbio estivesse acima dos patamares observados no ano de 2007) (Figura 7). Em relação ao quantum exportado pelas cooperativas, no acumulado de janeiro a dezem-bro de 2007, atingiu-se o montante de 8,12 mi-

lhões de toneladas, enquanto em 2006 foram embarcados 7,53 milhões, apresentando um au-mento de 7,84% (Figura 8). De acordo com os dados analisados nas figuras 7 e 8, os valores exportados mostraram um incremento de 14,50%, enquanto as quantidades comercializadas, 7,84%. Isso se deve ao aquecimento dos preços das commodities como os produtos do complexo soja, milho, trigo e as carnes, principalmente. A figura 9 apresenta as taxas de cresci-mento dos valores monetários exportados no Bra-sil e nas cooperativas, no período compreendido entre 2004 e 2007. As variações observadas nas exporta-ções das cooperativas foram superiores em rela-ção às médias brasileiras em 2004 e em 2006. No ano de 2005, o crescimento das exportações bra-sileiras foi de 22,63% e das cooperativas, 12,54%. Analisando-se o ano de 2007, foram observados incrementos semelhantes na evolução das expor-tações. As exportações totais brasileiras, em 2007, somaram US$160,65 bilhões representando um aumento de 16,6% em relação ao acumulado de janeiro a dezembro de 2006, contra 16,5% das cooperativas (Figura 9). O estudo do direcionamento das vendas externas diretas das cooperativas brasileiras é de fundamental relevância para a determinação dos mercados conquistados, bem como os mercados potenciais de crescimento. Observa-se na figura 10 a participação dos países importadores de produtos das cooperativas no ano de 2007. Os Países Baixos destacaram-se nas

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5.340,52

7.193,196.516,06

7.527,598.118,01

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7,84

01.0002.0003.0004.0005.0006.0007.0008.0009.000

2003 2004 2005 2006 2007Período analisado

Qua

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(mil

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-10-505101520253035

Var

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(%)

Exportações (mil t) Variações observadas

Figura 8 - Evolução das Exportações das Cooperativas Brasileiras, 2003 a 2007. Fonte: OCB (2008).

32,0

53,6

22,6

12,516,5

25,7

16,6 16,5

0,0

10,0

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30,0

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Taxa

de

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porta

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(%)

2004 2005 2006 2007Período analisado

Brasil Cooperativas Figura 9 - Evolução das Taxas de Crescimento das Exportações Diretas das Cooperativas e da Média Geral Brasileira,

2004 a 2007. Fonte: OCB (2008).

China(8,87%)

Japão(5,03%)

Demais países(43,86%)

Países Baixos(10,78%)

Arábia Saudita(4,85% Rússia

(5,45%)

Alemanha(8,26%)

Emirados Árabes(7,32%)

Estados Unidos(5,58%)

Figura 10 - Participação de Países nas Exportações das Cooperativas Brasileiras em 2007. Fonte: OCB (2008).

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rasil importações dos produtos comercializados pelas

cooperativas, representando 10,78% do total das exportações no ano de 2007. China, Alemanha e Emirados Árabes aparecem na seqüência, com participações de 8,87%, 8,26% e 7,32%, respec-tivamente. Os Estados Unidos foram os primeiros colocados em 2006, com uma participação de 11,23%. Em 2007, o país está na sexta posição, com um total de 5,58% das exportações das coo-perativas, resultado de uma redução de 42,13% nos valores das vendas externas. Destaca-se que a redução citada configura-se como desafio a ser superado, uma vez que aquele país destaca-se no comércio internacional e está consolidado como o maior mercado importador para os demais países. A redução da participação dos Estados Unidos nas exportações das cooperativas brasileiras pode representar um desalinhamento com as tendên-cias do comércio internacional. Ainda se deve ressaltar a representa-ção de 43,86% dos demais países, o que de-monstra a pulverização das exportações para aproximadamente 20 países importadores, in-cluindo Espanha, Canadá, Reino Unido, Bélgica, França, Itália e países Africanos e Latino-Ame-ricanos (Figura 10). Para a análise da competitividade das cooperativas brasileiras frente ao mercado inter-nacional torna-se necessário o detalhamento dos produtos exportados e o grau de agregação de valor. A figura 11 apresenta a participação percentual dos produtos exportados em função dos montantes obtidos, fixando-se o ano de 2007. O complexo sucroalcooleiro, que cor-responde aos açúcares e o álcool etílico, e o complexo soja, que engloba o grão, o óleo e o farelo, apresentaram preponderância sobre os demais itens. Para o setor sucroalcooleiro a parti-cipação nos valores obtidos com as vendas ex-ternas foi de 32,79% e para o complexo soja, 25,91%. Dessa forma, os produtos citados são considerados os principais produtos da pauta. Em relação ao complexo soja, tradi-cional produto exportado pelas cooperativas, as elevações nas cotações internacionais da com-modity pressionaram os preços dos produtos e subprodutos, como o óleo e o farelo. A elevação nas cotações relatadas a partir do segundo se-mestre de 2007 pode ser explicada devido à

utilização de milho para a produção de etanol nos Estados Unidos, como uma projeção da utilização de 120 milhões de toneladas do cereal na safra 2008/09 para esse fim. Como conse-qüência, foi observada uma redução da área plantada para as commodities, com destaque para a soja. Analisando-se os produtos do comple-xo soja, os grãos representam 58,31% do total, seguido pelo farelo (29,26%) e pelo óleo (12,43%). A isenção do ICMS sobre produtos pri-mários e semi-elaborados exportados, além do aumento dos custos do processamento da soja no mercado interno (entre produtores e esmaga-doras), justificou o crescimento das exportações de grãos de soja, em detrimento ao farelo e ao óleo, produtos obtidos a partir da industrialização da oleaginosa. Em relação ao complexo sucroalcoolei-ro, os açúcares possuem destaque, com uma participação de 70,33% nesse setor e de 23,06% no total exportado. O álcool tem uma parcela de 29,67% no setor sucroalcooleiro e de 9,73% no total comercializado pelas cooperativas, respecti-vamente. As carnes e o café figuram na seqüên-cia, com representações de 17,76% e 8,32%, respectivamente (Figura 11). Analisando-se a par-ticipação dos tipos de carnes, as aves represen-taram 68,82% das vendas externas das cooperati-vas em 2007, caracterizada como principal produto dessa natureza. As carnes suína e bovina apre-sentaram participação de 26,81% e de 4,37%, respectivamente. O detalhamento dos produtos exporta-dos pelas cooperativas brasileiras é apresentado na tabela 1. O setor sucroalcooleiro mostrou maior importância dentre os produtos exportados pelas cooperativas, atingindo um total de US$1.082,53 milhões, uma redução de 7,31% em relação a 2006. Em 2006, os açúcares lideraram a pauta, com um total de US$800,37 milhões, passando para US$761,36 milhões em 2007, fato associa-do à redução da sua cotação no cenário interna-cional. Outro produto desse setor é o álcool etíli-co, que apresentou oscilação nos valores expor-tados pelas cooperativas. Para esse produto, o mercado encontra-se em um período de ajuste na oferta e na demanda, o que afetou as suas cotações no mercado. Contudo, considerando-se as projeções devido às preocupações ambien-

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Complexo soja(25,91%)

Trigo(0,56%) Outros

(6,51%)Setor

sucroalcooleiro(32,79%)

Leite e laticínios(2,68%)Algodão

(1,08%)

Carnes(17,76%)

Milho(4,40%)

Café(8,32%)

Figura 11 - Participação dos Produtos Exportados pelas Cooperativas Brasileiras em 2007. Fonte: OCB (2008). TABELA 1 - Produtos Exportados pelas Cooperativas, Considerando-se os Valores Totais, 2003 a 2007

(US$1.000) Produto 2003 2004 2005 2006 2007

Setor sucroalcooleiro 274.947,47 411.022,85 698.041,73 1.167.921,19 1.082.546,81Complexo soja 581.620,92 850.024,03 633.468,40 615.927,46 855.181,24Carnes 248.864,94 366.561,88 520.193,80 519.628,24 662.716,81Café 82.664,92 133.813,31 202.616,85 206.140,97 274.666,01Milho 72.914,45 86.757,27 18.156,00 129.395,10 145.229,63Algodão 6.389,54 13.011,70 75.979,39 43.119,76 35.551,86Trigo 4.687,38 83.273,60 8.017,00 25.603,43 18.401,09Outros 31.749,89 58.137,14 97.345,89 124.750,23 226.918,57Total cooperativas 1.303.839,50 2.002.601,78 2.253.819,05 2.832.486,37 3.301.212,01

Fonte: OCB (2008). tais, associados às porcentagens de misturas de combustíveis renováveis exigidas nos Estados Unidos, União Européia, Brasil e em diversos outros países, o produto brasileiro de procedên-cia das cooperativas tem vantagens competitivas, podendo se consolidar nos mercados tradicionais e, concomitantemente, alcançar àqueles poten-ciais (Tabela 1). Nos anos de 2005 e 2006, as exporta-ções do complexo soja mostraram reduções, o que é explicado pela crise da agricultura no Brasil devido à queda nos preços, que afetou as expor-tações das cooperativas do ramo agropecuário. Em 2007 foi observada a recuperação dos níveis do ano de 2004, devido à valorização das com-modities no cenário internacional. As carnes mostraram crescimento contí-nuo no período analisado, passando de US$248,86 milhões em 2003 para US$662,72 milhões em 2007, crescimento de 166,30%. Outros produtos que apresentaram elevações nos valores exporta-

dos em 2007 foram café (US$274,67 milhões) e milho (US$145,23 milhões). No caso do café, o crescimento foi contínuo, passando de US$82,66 milhões em 2003 para US$274,67 milhões em 2007, elevação de 232,26% no intervalo estudado. Para milho, o crescimento foi acelerado, com exce-ção do ano de 2005, época de crise para o agro-negócio brasileiro. Os produtos selecionados na tabela 1, sem considerar a categoria outros, apresentam uma exportação total de US$2.997,90 milhões, representando 90,81% do total exportado pelas cooperativas. Considerando-se o ano de 2006, a participação foi de 95,96%. As exportações das cooperativas têm como origem os estados do Brasil (Figura 12). Considerando-se em 2007, o Estado de São Paulo mostrou maior participação, apesar de uma concentração no setor sucroalcooleiro, com um total exportado de US$1.073,09 milhões, ou seja, 32,51% do total. As cooperativas do

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rasil Estado do Paraná, segundo maior exportador,

possuem uma exportação total de US$1.052,91 milhões, participação de 31,89%. No Estado de Minas Gerais as exporta-ções foram de US$356,98 milhões, participação de 10,81%. As cooperativas desse estado mostra-ram a maior taxa de evolução das vendas ex-ternas, passando de US$209,94 milhões em 2006, para US$356,98 milhões, crescimento de 70,04%. Os três estados citados somados re-presentaram 75,21% dos valores e 79,45% das quantidades exportadas pelas cooperativas brasi-leiras no ano de 2007 (Figura 12).

2.3 - Faturamento das Cooperativas A evolução do faturamento das coope-rativas brasileiras é apresentada na figura 13. O faturamento das cooperativas brasi-leiras mostrou crescimento de 75,50% no interva-lo estudado, passando de US$23,38 bilhões em 2002 para US$41,02 bilhões no ano de 2007. Considerando-se os dois últimos períodos (2006 e 2007), a evolução foi de 6,15% (Figura 13). Destaca-se que o crescimento do faturamento das cooperativas não foi contínuo, com retrações observadas no ano de 2005, período de crise

356,98251,22 248,89

61,49 96,99

1.073,09

70,1589,48

1.052,91

0100200300400500600700800900

1.0001.100

São P

aulo

Paraná

Minas G

erais

Santa

Catarin

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Rio Gran

de do

Sul

Mato G

rosso

do Sul

Goiás

Mato G

rosso

Demais

Esta

dos

Estados exportadores

Val

or e

xpor

tado

(US

$ m

ilhão

)

05001.0001.5002.0002.5003.0003.5004.000

Qua

ntid

ade

expo

rtada

(mil

t)

Valor (US$) Quantidades (mil t)

Figura 12 - Estados Brasileiros de Origem das Exportações das Cooperativas em 2007. Fonte: OCB (2008).

23.375,00

31.693,1836.920,45 34.625,00

38.647,7341.023,35

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

45.000Faturamento das

cooperativas (US$ milhão)

2002 2003 2004 2005 2006 2007Intervalo analisado

Faturamento das cooperativas

Figura 13 - Evolução do Faturamento das Cooperativas Brasileiras nos Anos de 2002 a 2007. Fonte: OCB (2008).

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para a agricultura brasileira. Na figura 14 são observados os fatu-ramentos das cooperativas brasileiras em 2007 nos principais estados federativos. O Paraná apresentou maior faturamen-to no ano de 2007, com um montante total de US$10,51 bilhões e participação de 25,62% do total faturado pelas cooperativas no Brasil. O Estado de São Paulo figura na seqüência, com um faturamento de US$8,71 bilhões e represen-tação de 21,23% do total. O Estado de Minas Gerais ocupou a terceira posição, mostrando um faturamento de US$7,88 bilhões, o que corresponde a uma par-cela de 19,21% do total faturado pelas cooperati-vas. O Rio Grande do Sul visualizou um fatura-mento de US$5,48 bilhões, com participação de 13,35% do montante total (Figura 14). Os estados analisados representam 79,40% do faturamento total das cooperativas brasileiras, o que corresponde ao faturamento de US$32,57 bilhões no ano de 2007. 2.4 - Projeções e Correlações entre Variáveis A partir dos dados obtidos de exporta-ções e de faturamento, projetaram-se as tendên-cias de crescimento para essas duas variáveis ao longo dos anos simulados. A figura 15 apresenta análise de regressão para as exportações diretas das cooperativas brasileiras. Segundo a análise, o modelo polinomial de segundo grau representa o comportamento das oscilações das exporta-ções diretas das cooperativas, segundo o interva-lo de confiança de 90,64%. A análise de regressão para o fatura-mento das cooperativas brasileiras é observada na figura 16. Segundo os dados, houve correla-ção significativa entre as variáveis anos de anali-se e faturamento do setor, conforme se visualiza no coeficiente de correlação (R2). Dessa forma, o modelo linear explica o comportamento dos da-dos em um intervalo de confiança de 82,65%. A partir da análise realizada nas figuras 15 e 16, considerando-se os modelos de regres-são obtidos, foram calculados os valores espera-dos para o faturamento e para as exportações diretas das cooperativas brasileiras e as respecti-vas taxas de evolução, conforme é observado na tabela 2. De acordo com as projeções encontra-

das, as exportações diretas das cooperativas bra-sileiras apresentarão evoluções significativas, pas-sando de US$4,27 bilhões em 2010 para US$19,62 bilhões em 2030. Analisando-se o faturamento das cooperativas, a evolução será de 106,57%, pas-sando de US$57,27 bilhões em 2010 para US$118,30 bilhões em 2030 (Tabela 2). Para a verificação do cenário, considerou-se que o de-sempenho será a continuidade daquele observado a partir dos intervalos de dados visualizados nas figuras 15 e 16. Dessa forma, as cooperativas brasileiras se consolidarão na economia brasileira e no mercado internacional, com taxas de cresci-mento das exportações e de faturamento do setor acima do projetado para a média esperada para o Brasil. Destaca-se que diversos fatores devem ser analisados, como as estratégias de comercializa-ção nos mercados tradicionais e abertura de opor-tunidades naqueles países potenciais. Foi realizada a análise da correlação entre as variáveis exportações diretas e fatura-mento das cooperativas brasileiras, podendo ser observada na figura 17. As variáveis avaliadas apresentaram uma correlação estatisticamente significativa, conforme o modelo polinomial obtido que explica o comportamento da interação com intervalo de confiança de 86,53%. A equação encontrada indica que uma elevação em US$1,00 nas exportações diretas das cooperativas (eixo das abscissas) propor-ciona um aumento de US$18,69 no faturamento do setor (eixo das ordenadas). A correlação visualizada pode ser explicada pela importância da conquista de mercados internacionais, sejam tradicionais ou não tradicionais, considerando-se as vantagens competitivas do cooperativismo e a possibilidade da agregação de valor (Figura 17). 3 - CONCLUSÕES Como conclusões, um cenário otimista está sendo estruturado, com destaque para as cooperativas ligadas ao agronegócio, principal-mente os grãos, devido à demanda aquecida no setor sucroalcooleiro, em função da agroenergia e das preocupações ambientais, e no setor cafe-eiro, sendo o Brasil o maior produtor, exportador e, dentro de alguns anos, consumidor de café no mundo.

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rasil

Rio Grande do Sul(13,35%)

Demais estados(1,94%)

Paraná(25,62%)

Minas Gerais(19,21%)

Santa Catarina(11,18%)

São Paulo(21,23%)

Centro-Oeste(7,48%)

Figura 14 - Faturamento das Cooperativas nos Estados Brasileiros em 2007. Fonte: OCB (2008).

y = 14,926x2 - 157,74x + 1001,4R2 = 0,9064

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008Período analisado (anos)

Exp

orta

ção

das

coop

erat

ivas

( U

S$ m

ilhão

)

Exportações das cooperativas Figura 15 - Exportações Diretas das Cooperativas Brasileiras e Modelo de Regressão Obtido, 1988 a 2008. Fonte: OCB (2008).

y = 3051,7x + 23700R2 = 0,8265

20.00022.50025.00027.50030.00032.50035.00037.50040.00042.50045.000

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007Período analisado (anos)

Fatu

ram

ento

das

coo

pera

tivas

(U

S$

milh

ão)

Figura 16 - Faturamento das Cooperativas Brasileiras e Modelo de Regressão Obtido, 2001 a 2007. Fonte: OCB (2008).

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TABELA 2 - Evolução Projetada das Exportações Diretas e do Faturamento das Cooperativas Brasilei-ras, 2010 a 2030

Exportações diretas Faturamento do setor Ano Valor

(US$ milhão) Taxa de crescimento

(%)Valor

(US$ milhão) Taxa de crescimento

(%)

2010 4.271,23 11,90 57.268,70 5,632015 6.990,14 63,66 72.527,20 26,642020 10.455,35 49,57 87.785,70 21,042025 14.666,86 40,28 103.044,20 17,382030 19.624,67 33,80 118.302,70 14,81Fonte: OCB (2008).

y = -0,0028x2 + 18,7x + 8894,2R2 = 0,8653

22.000,0

24.000,0

26.000,0

28.000,0

30.000,0

32.000,0

34.000,0

36.000,0

38.000,0

40.000,0

42.000,0

750 1.000 1.250 1.500 1.750 2.000 2.250 2.500 2.750 3.000 3.250 3.500

Exportações das cooperativas (US$ milhão)

Fatu

ram

ento

das

coo

pera

tivas

(US

$ m

ilhão

)

Figura 17 - Faturamento e Exportações Diretas das Cooperativas Brasileiras e Análise de Correlação das Variáveis. Fonte: OCB (2008). A elevação nos preços das commo- dities, como soja e milho, e aumento das ven-das de carnes promoverão oportunidades para as cooperativas exportarem seus produtos, aumentando o faturamento do setor. Nesse sentido, as atenções estão voltadas para as variações cambiais e para o momento de in-certezas que pairam sobre os investidores in-

ternacionais, devido a uma eventual desacele-ração da economia norte-americana e japone-sa. Segundo as projeções realizadas, o cooperativismo se consolidará como grande força da economia brasileira, por meio do desenvolvi-mento sustentável e da geração de emprego e renda para os associados.

LITERATURA CITADA BIALOSKORSKI NETO, S. Cooperative development: changes in brazilian social economy and institutional environ-ment. Review of Internacional Cooperation, v. 94, p. 59-65, 2001. ______. Estratégias e cooperativas agropecuárias: um ensaio analítico. In: AGRONEGÓCIO Cooperativo: reestrutu-ração e estratégias. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa/DER, 2002. 305 p. BRAGA, M. J.; REIS, B. dos S. (Orgs.). Agronegócio cooperativo: reestruturação e estratégias. In: AGRONEGÓCIO Cooperativo: reestruturação e estratégias. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa/DER, 2002. 305 p. CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - CEPEA. Mercado agropecuário. Universi-dade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Disponível em: <www.cepea.usp.br>. Acesso em: 29 jan. 2008.

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rasil FUNDAÇÃO PARA PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E ECONOMIA -

FUNDACE. Os impactos da abertura comercial e dos acordos internacionais sobre as cooperativas brasilei-ras. Ribeirão Preto, SP. 2006. 195 p. Disponível em: www.fundace.org.br/cooperativismo/projetos_pesquisa_ impac-tos_abertura_inter.pdf>. Acesso em: 21 fev. 2008. MATOS, M. A.; NINAUT, E. S. O cooperativismo frente às perspectivas econômicas. INFOTEC: Informativo Técnico do Sistema OCB, n. 2, 2007. 9 p. Disponível em: <http://www.brasilcooperativo.coop.br>. Acesso em: 20 fev. 2008. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO - MDIC/SECRETARIA DO COMÉRCIO EX-TERIOR - SECEX. Indicadores estatísticos: balança comercial do cooperativismo. Disponível em: <www.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: 31 jan. 2008. MORATO, A. F.; COSTA, A. Avaliação e estratégia na formação educacional cooperativista. In: COOPERATIVISMO na era da globalização. Goiânia, GO: UNIMED - Federação dos estados de Goiás e Tocantins, 2001. 446 p. ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS - OCB. O cooperativismo brasileiro: uma história. Brasília, DF: Versão Br Comunicação e Marketing, 2004. 150 p. ______. O portal do cooperativismo. Biblioteca: INFOTEC - Informativo Técnico da OCB. Disponível em: <http://www.brasilcooperativo.coop.br/site/servicos/biblioteca.asp?CodPastaPai=2>. Acesso em: 25 maio 2008. SAS INSTITUTE. SAS/STAT guide for personal computers. 8. ed. Cary, 2001. 943 p.

PANORAMA DO COOPERATIVISMO NO BRASIL:

censo, exportações e faturamento RESUMO: O cooperativismo possui importância significativa na economia brasileira, conside-rando-se os seus princípios universais de origem. Nesse contexto, os estudos para a análise quantitativa do cooperativismo se tornam importantes. Este artigo tem o objetivo de avaliar a participação das coope-rativas na economia brasileira. Para tanto, selecionaram-se indicadores para o censo, o faturamento e as exportações do cooperativismo, englobando-se a análise das correlações entre as variáveis. Segundo os resultados obtidos em 2007, as exportações foram de U$3,30 bilhões e o faturamento, US$41,02 bi-lhões. Considerando-se a liderança das cooperativas do ramo agropecuário nas exportações, a elevação nos preços das commodities promoveram oportunidades para as cooperativas. Palavra-chave: cooperativas, indicadores, economia, desenvolvimento.

OVERVIEW OF COOPERATIVISM IN BRAZIL: census, exports and billing

ABSTRACT: Cooperativism plays an important role in Brazilian economy, particularly in consider-ing its universal principles of origin and evolution. Within this context, studies concentrated on quantitative analyses of cooperatives have become important. For this reason, this article aims to analyze the partici-pation of cooperatives in the Brazilian economy. To achieve this aim, indicators for the census, billing and exports data on cooperativism were selected, and analysis of correlation between the variables included. According to the results obtained in 2007, exports reached US$3.30 billion and billing US$41.02 billion. Considering the leadership of agricultural cooperatives in exports, it is concluded that increased commo-dity prices developed opportunities for cooperatives. Key-words: cooperatives, indicators, economics, development, Brazil. Recebido em 05/03/2008. Liberado para publicação em 27/05/2008.