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Revista do Panathlon Distrito Brasil

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PANATHLETISMO

O panathletismo é um movimento internacional de ami-gos e voluntários a serviço do desenvolvimento da ati-

vidade física, da educação física e do desporto, na sua parte ética, cultural e social, que surgiu em Veneza, Itália, no ano de 1951, em reuniões do Rotary, daquela cidade.

Desenvolve trabalhos culturais em prol do resgate da memó-ria esportiva de uma comunidade, aprimora os conhecimentos sobre o combate às drogas, ao tabagismo, ao doping, ao racis-mo e a tudo que degrade o ser humano, através de palestras, debates, congressos,etc.

Debate-se a ética na escola, no trânsito, em casa, no esporte, nos clubes, nas entidades dirigentes, na política e nas diversas profissões.

Seus membros envolvem-se em atividades sociais nas diver-sas faixas etárias, auxiliando entidades como asilos , creches, escolinhas desportivas, APAES e outras entidades congêne-res.

A palavra PANATHLON vem do grego e quer dizer “todos os esportes”, seu lema é “Ludis Iungit” o esporte une e, tem como um de seus objetivos, a aplicação do “ Fair Play” jogo limpo.

Nesta segunda edição, apresenta em sua capa, o primeiro mar-co panathlético do mundo, concebido na cidade de Cosmópo-lis, estado de São Paulo. Apresenta artigos variados, passando da osteoporose para educação física e educação desportiva, o esporte para deficientes, administração, Olimpíadas, planeja-mento olímpico, ética no desporto, integridade no desporto, etc, além das atividades executadas por vários clubes.

Precisamos nos fortalecer, a união faz a força e, para isso, necessitamos sair do papel, arregaçarmos as mangas e nos lan-çarmos ao trabalho em prol de nossos objetivos.

Sem muito esforço e dedicação não conseguiremos mudar nada, nem a nós mesmo, condirá o próximo que está desiludi-do com tudo e com pouca motivação para fazer algo pela sua comunidade.

Cada clube Panathlon, cada panathleta, tem o dever e a obri-gação de fazer a sua parte e mais alguma coisa, procurando trazer novos elementos para o nosso movimento, assim como expandirmos com a fundação de novos clubes pelo nosso es-tado e pelo nosso país.

Editorial

Presidente dos ClubesPanathlon Internacional – Presidente- Giacomo SantiniPast President – Enrico PrandiVice Pres. Internacional – Sebastião Alberto Corrêa de CarvalhoSecretário Geral – Leo BozzoMembros de Honra - Antonio Spallino / Jean Presset / Henrique NicoliniDistrito Brasil – Presidente – Wiliam Saad Abdulnur

Presidentes dos Clubes Brasileiros

Bebedouro – Edson K. SakomuraCampos do Jordão – Marcos Luiz de Souza MelloCosmópolis – Ricardo AlvesCruzeiro – Luiz Flavio de OliveiraCubatão – Carlos Alberto CruzItapira – Vladen VieiraJuiz de Fora – Juarez de Carvalho VenâncioJundiaí – Julio Cesar Lamarca

Mococa – Marcos Donizetti MachadoMogi Mirim – Ricardo Antonio MartinianoPiracicaba – João Francisco Rodrigues GodoyPorto Alegre – Carlos Guilherme PinheiroRecife – Fortunato Russo SobrinhoRibeirão Preto – Ayres José PereiraSanta Barbara D’Oeste – Americana – Denis ModeneseSanto André – Roberto Nasser Turcão BartoliSantos – Wagner Bessa TeixeiraSão José dos Campos – Kátia Rieira MachadoSão Paulo – Aristides Almeida RochaSorocaba – Pedro Roberto Pereira de SouzaTaubaté – Rinaldo GobboUbatuba – José Luiz Bittencour Junior

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Já temos uma revista para chamar de nossa! O Pa-nathlon volta a “falar português”! Esta não é ape-

nas “mais uma” revista: é a NOSSA, decidida por nós, na memorável Assembléia Distrital de Juiz de Fora, em abril deste ano.

Não busquem, neste pioneiro número, perfeição de editores experientes, pois não somos fazedores de re-vista, somos apenas Panathletas, lutando pelo ideal de servir através da atividade física e desportiva. Somos amadores na arte de escrever, nem mesmo sabíamos bem como é feita a composição de uma revista.

Mas, além de festejarmos a operosidade do dinâmico Presidente do Distrito Brasil, Professor Wiliam Saad Abdulnur, encaremos a nossa responsabilidade de ali-mentar os números que devem vir em seguida.

Colaboremos com os textos que haveremos de pu-blicar: cada clube brasileiro deve estar presente com suas ações na comunidade, com suas intervenções junto aos poderes locais em favor da causa desporti-va, ou ao menos com os seus aniversariantes de cada trimestre.

Mostrem a revista aos seus amigos desportistas para que se interessem pelos temas do Panathlon: talvez alguns deles possam vir a integrar o nosso movimen-to. Mostrem-na também aos seus amigos empresários para que, por valor irrisório, desejem postar a logo-marca de sua empresa em nossos espaços de publici-dade, pela satisfação de participar ativamente da defe-sa da ética e do fair play.

Nossa revista, que, nesta edição inaugural, só teve patrocinadores de Taubaté, merece ter logomarcas de todas as cidades onde existe Panathlon.

Mas, acima de tudo, a revista é a ferramenta mais im-portante para a expansão do nosso movimento. Além do aspecto material da captação de anunciantes, há o lado da contribuição com artigos, que devem ser redi-gidos pelos Panathletas. Sem textos produzidos pelos Panathletas, não haverá revista. Esta é a condição defi-nida na Assembléia Distrital de Juiz de Fora.

Parabéns ao Presidente Wiliam por ter transformado em realidade o que era apenas um sonho. O Brasil, em vez de limitar-se às lamentações, passou à ação, criou o seu órgão de divulgação.

É uma atitude de muita dignidade, própria de quem acredita no Panathlon e de quem decidiu arregaçar as mangas, para expandir e consolidar, definitivamente, o nosso abnegado movimento.

(*) Vice-Presidente do Panathlon InternationalDelegado para as Américas

Mais que uma revista.

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RIO 2016

C ontinuaremos obtendo medalhas no Voleibol de Praia e de Quadra, Futebol, Atletismo, Na-

tação, Ginástica, Judô, Box, Hipismo, Pentathlon e a Vela, com possibilidades do Basquetebol e Handebol. As demais modalidades olímpicas obrigatoriamente estarão disputando as Olimpíadas do Rio, pelo fato de ser a Sede do Evento, mas sem nenhuma perspectiva de bons resultados .

O Brasil equivocadamente não desenvolveu políticas publicas competentes voltadas para a massificação do desporto visando RIO 2016. O Programa Nacional Segundo Tempo com oito anos de execução não iden-tificou um único atleta com potencialidade esportiva.

OLIMPÍADAS 2020

PROBLEMAS E SOLUÇÕES PERTINENTESPROJETOS E PROGRAMAS DE MASSIFICA-

ÇÃO DO ESPORTE

1. RECURSOS HUMANOS

O desenvolvimento e a orientação técnico pedagógi-ca das aulas de educação física na Escola tem a inter-venção profissional do professor licenciado da área, legalmente habilitando e capacitado com inúmeras deficiências na fundamentação teórica e prática das modalidades esportivas.

Esta deficiência é de responsabilidade das institui-

ções formadoras dos referidos profissionais (CUR-SOS SUPERIORES DE EDUCAÇÂO FÍSICA).

As diretrizes curriculares dos licenciados em educa-

ção física, encaminhado pelo Ministério da Educação, aprovado e regulamentado pelo CONSELHO NA-CIONAL DE EDUCAÇÃO estabelece em média uma cargas horárias de 30 a 45 horas das modali-dades esportivas num curso de quatro anos, tornado praticamente inviável o conhecimento adequado do futuro profissional de educação física trabalhar o Es-porte na Escola.

2. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR (hoje em fase terminal)

SOLUÇÃO:

- Construir, manter e equipar nas escolas instalações compatíveis com o Esporte.

- Elaborar proposta curricular do ensino da educa-ção física na escola priorizando atividades esportivas.

- Democratizar e massificar estas práticas esportivas mediante processos pedagógicos da iniciação e aper-feiçoamento esportivo.

- Estabelecer os horários das aulas de educação física fora da grade curricular.

- Sistematizar Jogos na Escola .

- Institucionalizar os CLUBES ESCOLARES.

Londres é passado...Rio e 2020 é futuro.

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- Dinamizar capacitações dos profissionais de edu-cação física na área da administração esportiva e dos Esportes.

- Identificar talentos escolares e encaminhar aos Cen-tros Poli Esportivo para iniciar o processo de aperfei-çoamento técnico e alto rendimento.

3. CENTROS POLI ESPORTIVOS

SOLUÇÃO:

- Identificar Centros Poli Esportivos existentes, re-formulando, mantendo e equipando.

- Construir novos Centros Poli Esportivos.

- As escolas que não possuam infra-estrutura des-portiva, centralizar as aulas de educação física nestes centros.

- Local de treinamento esportivo dos talentos identi-ficados nas Escolas.

- Estabelecer mecanismo de encaminhamento des-ses atletas escolares para clubes, federações e confe-derações.

4. SISTEMA ESPORTIVO NACIONAL

SOLUÇÃO:

- Reformular o Sistema Esportivo Nacional/Gestão do Sistema.

- Incorporar a Educação Física / Desporto Escolar no Ministério dos Esportes.

- Institucionalizar Nacionalmente Políticas Públicas do ESPORTE NA ESCOLA

5. FONTE DE RECURSOS:

- Loterias da Caixa Econômica Federal com percen-tual que viabilize recursos para o ESPORTE NA ES-COLA.

- Estimular a iniciativa Privada (Lei incentivo ao Es-porte/Piva) direcionado para ESCOLA.

CONCLUSÃO:

Estas são propostas tem como objetivo estimular, dinamizar e massificar o ESPORTE NA ESCOLA, mediante as seguintes METAS:

- Identificar futuros atletas com potencialidades de alto rendimentos para as Olimpíadas de 2020.

- Rever a formação do profissional educação física.

- Reformular a educação física na escola

- Construir e equipar Escolas com infra-estrutura esportiva.

- Construir e manter os Centros Poli Esportivos.

- Incorporar a educação física e o desporto no Minis-tério do Esporte.

- Institucionalizar Políticas Públicas no Esporte Prof Jose Pinto Lapa-CREF-PE G390

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P or incrível que pareça o “PLANO DO BALAN-ÇO ORÇAMENTÁRIO” funciona como o

motor de arranque do Clube. Não é por acaso que o Regulamento Interno do Panathlon Club Taubaté inicia com o seguinte item:

A – De acordo com o artigo 16, parágrafo I, do es-tatuto, será elaborado anualmente o Plano do Balanço Orçamental o qual, após aprovado, somente poderá ser alterado com o consentimento do Conselho Di-retivo.

No Manual do Presidente, na seção “ADMINIS-TRAÇÃO” encontramos novamente a seguinte reco-mendação:

A administração financeira do clube é a base do seu correto funcionamento. É fundamental elaborar uma boa previsão orçamentária e garantir uma correta ad-ministração. É essencial contar com um bom tesourei-ro que, por sua vez, seja um bom organizador.

O funcionamento normal do clube baseia-se no pa-gamento da correta cota de afiliação dos associados e sua cobertura, dentro dos prazos determinados. Os associados, portanto, devem pagar a cota mensal nos prazos estabelecidos.

ORÇAMENTO/BALANÇO

A base do orçamento/balanço é representada nor-malmente pelos custos inerentes a cinco setores:

1. cota de filiação ao Panathlon International;2. despesas administrativas;3. atividades de serviço;

4. convívio;5. contribuição ao Distrito.

1 - Cota de filiação ao Panathlon International: calcular o custo da cota (Euros 18, atualmente, consi-derando o cambio de R$ 2,6 por 1 Euro, resulta apro-ximadamente em R$ 47,00) por associado e por ano.

2 – Despesas administrativas: considerar as des-pesas de comunicação (correspondência, telefone, fax, e-mail, correio, almoxarifado, formulários, papel tim-brado, etc.); representação (presentes, brindes, bandei-ras, letreiros, visitas, participação em eventos panath-léticos nacionais e internacionais, visitas aos outros clubes, etc.).

3 – Atividades de serviço: são subordinadas ao planejamento anual do clube relativo às atividades de serviço.

4 – Convívio: é a maior despesa. O gasto orçado de uma reunião de convívio mensal deveria ser multipli-cado por 12 (não importa se o clube realiza somente 10 convívios, que é o mínimo previsto pelo Estatu-to).

5 – Contribuição para o Distrito: este valor foi de-terminado em Assembléia Distrital (Euros 12, atual-mente, considerando o cambio de R$ 2,6 por 1 Euro, resulta aproximadamente em R$ 31,00) por associado e por ano.

A soma de todas estas quantias, incrementada de 10% de reserva indicará o custo mensal da cota social entre os associados pagantes (não incluir aqueles que

AdministraçãoO motor de arranque do clube

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são isentos). Não cometam o erro de estipular uma cota diferente, separando o custo do convívio e cobri-lo somente com quem participa. Participar das reuni-ões de convívio é um dever estatutário.

Um orçamento/balanço preparado deste modo, uni-do a um sério controle da receita, dará ao clube a tran-qüilidade econômica necessária para o bom desempe-nho de suas tarefas panathléticas.

Se a administração do seu clube for feita de maneira diferente, procure fazê-la deste modo (quem já fez, ficou satisfeito).

Uma vez que iniciamos o nosso artigo com o exem-plo do Regulamento Interno do Panathlon Club Tau-baté, nós permitam concluir com o “PLANO DO BA-LANÇO ORÇAMENTÁRIO DO PANATHLON CLUB TAUBATÉ” elaborado para o ano de 2012, o qual poderá servir de modelo para os clubes que ainda não o tenham desenvolvido.

PLANO DO BALANÇO ORÇAMENTÁRIOPARA O ANO DE 2012

DESPESAS:

- Taxa Panathlon International (Euros 18 x R$ 2,60 = R$ 46,80)

(28 x R$ 46,80) R$ 1.310,40

- Taxa Panathlon Distrito Brasil (Euros 12 x R$ 2,60 = R$ 31,20)

(28 x R$ 31,20) R$ 873,60

- Visitas simples (quatro) a Panathlon Clubes.Somente despesas com combustível e pedágio

(04 x R$ 60,00) R$ 240,00

- Visita com Hotel (uma) a Congresso (4 Assoc.).Somente despesas de Hotel, combust. e pedágio.

(04 x R$ 150,00) R$ 600,00

- Despesas Bancarias

(12 x R$ 22,50) R$ 270,00

- Despesas Administrativas. (10 x R$ 30,00) R$ 300,00

- Material para homenagens. (02 x R$ 200,00) R$ 400,00

- Despesas com Palestrante de outra cidade.

(uma palestra). Combustível, Hotel. (01 x R$ 226,00) R$ 226,00

- Despesas com visitas, na participação da fundação de Panathlon Clubes (6 visitas)

(06 x R$ 70,00) R$ 420,00

- Custo dos Jantares de Convívios. (bebida excluída) (30 media de freqüência x R$ 20,00 = R$ 600,00).

(10 x R$ 600,00) R$ 6.000,00 ________________Total Despesas R$ 10.640,00

RECEITA:

Mensalidades Associados, efetivos em 31/12/2011

(28 x R$ 25,00 = R$ 700,00 x 08) R$ 5.600,00

Mensalidades Associados, efetivos em 31/12/2011(28 x R$ 40,00 = R$1.120,00 x 02) R$ 2.240,00

Mensalidades Associados em avaliação e adaptação:(10 x R$ 25,00 = R$ 250,00 x 08) R$ 2.000,00

Mensalidades Associados em avaliação e adaptação:(10 x R$ 40,00 = R$ 400,00 x 02) R$ 800,00 ___________Total Receitas R$ 10.640,00

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Os temas abordados na Conferência do Pana-thlon International, em Avignon (1995), de

riquíssimo conteúdo científico, constituíram-se em grande fonte de pesquisa para professores, treinado-res, acadêmicos de Educação Física e Esportiva, Me-dicina, Fisioterapia, dirigentes e, principalmente pais.

Todos nós sabemos o quanto se torna difícil divor-ciar a ambição da razão.

Não raro, as crianças são “estimuladas” à prática des-portiva e submetidas a treinamentos intensivos preco-cemente, na maioria dos casos, senão sempre, levados pela vaidade dos pais, que trazendo na lembrança a frustração de não terem sido, quando jovens, campe-ões, veem a possibilidade de se projetar através do su-cesso dos filhos (subir ao pódio).

Outro fator, responsável pela instabilidade das enti-dades dirigentes, com conseqüências desastrosas para o desporto, reside no reduzido número de compe-tentes administradores esportivos. Muitos são pais de atletas, que desaparecem quando os filhos abandonam a prática esportiva, outros estão mais interessados em fazer de seus cargos trampolim para disputas políti-cas, preocupando-se com a realização de mega-even-tos que possam levar multidões às praças esportivas, pouco importando o valor e a qualidade dos eventos programados.

Professores, se mal preparados, também se tornam um fator negativo, pois, se a aprendizagem não se der de forma correta, as deficiências, uma vez sedimenta-das, serão certamente obstáculos futuros para o pro-gresso técnico em busca da performance.

Grande é a responsabilidade dos técnicos e treina-dores, normalmente admirados e considerados ídolos pelos comandados. Mas, como em qualquer outra área, existem os maus profissionais que, mais preocupados com as manchetes e com o “envelope” no fim do mês, exageram no volume das cargas de treinamento, pon-do em risco a saúde dos atletas.

A importância da colaboração dos poderes públicos, a todos os níveis, e dos órgãos não governamentais especializados, e neles se inclui o Panathlon Club, ao desenvolvimento do desporto é evidenciada na Car-ta Internacional da Educação Física e do Desporto, proclamada na Conferência Geral das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.

Os problemas do treinamento intensivo precoce, so-bejamente debatido no Congresso do Panathlon Inter-national em Avignon, em 1995, resultaram na “Carta dos Direitos da Criança no Esporte”, certamente, um verdadeiro “TRATADO” em defesa da integridade da criança e do jovem durante a aprendizagem, o aperfei-çoamento e o treinamento desportivo.

Por tudo o que se deduz desse documento, entende-mos a necessidade de uma reformulação na maneira de se trabalhar as aulas de Educação Física nos estabe-lecimentos de ensino, bem como o trabalho realizado nos Centros Municipais de Iniciação Esportiva, insti-tuições que, sem dúvida, podem voltar a ser o gran-de celeiro de futuros atletas, fugindo à falsa idéia de que dar uma bola para jogarem, possa ser chamado de Aula.

Sugerimos para o Planejamento Escolar das aulas de Educação Física nas Escolas e também, para os Cen-

Educação Física eEducação Esportiva.

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INTRODUÇÃO

Muito antes do reconhecimento oficial do defi-ciente como atleta, pelo Comitê Olímpico In-

ternacional (COI), apesar das seqüelas da poliomielite, fui praticante do esporte amador. Contudo, professor titular da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, ouvi de um colega acadêmico, com um misto de tristeza e indignação, uma extemporânea ma-nifestação no sentido de que, as pessoas portadoras de qualquer deficiência física, seja motora, sensorial ou mental jamais deveriam dedicar-se ao desporto, prin-cipalmente de competição.

A particular discussão com o amigo fez-me recor-dar a experiência pessoal, vivenciada ainda no período da impuberdade, quando encontrei em duas ativida-des amadoras, o teatro e o esporte, as práticas básicas destinadas ao encontro da razão de viver, superando minhas mazelas, vencendo complexos e permitindo minha completa inserção no contexto da sociedade.

À época desprovido de recursos econômicos, finan-ceiros e materiais, impossibilitado de dispor de um tra-tamento físico adequado e de ser acompanhado por uma necessária assistência psicológica, foi no seio do esporte, convivendo com outros jovens atletas, pra-ticantes do futebol, na várzea do bairro da periferia onde morava, na escola e no trabalho é que atuando como goleiro, dando raquetadas no tênis de mesa, e mais adiante exercitando o judô, que gradativamente conquistei espaços, aumentei o meu mundo entorno, firmando-me como cidadão, enfim engajando-me ple-namente na sociedade.

Foi o esporte, portanto, o lenitivo terapêutico, a for-ma de lazer e o fator de saúde e também de cultura, que me proporcionou uma infância e juventude mais felizes, servindo como elemento minimizador de mi-nhas vicissitudes. Tenho absoluta convicção que de outra maneira, meu caminhar em direção ao futuro teria sido muito mais difícil, talvez impossível.

tros Municipais de Iniciação Esportiva:

a) Em um primeiro momento, a Educação Motora, proporcionando à criança, o conhecimento de seu corpo, o desenvolvendo das habilidades básicas, como o equilíbrio, noção de espaço e tempo, lateralidade, agilidade, correr, saltar, lançar, etc., através de ativida-des lúdicas;

b) Em um segundo momento, a Educação Esportiva, oferecendo oportunidades à criança, de se familiarizar com o maior número de modalidades esportivas, com

O esporte para deficientes

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um trabalho detalhado dos fundamentos de cada mo-dalidade, levando em conta, sempre, a idade da crian-ça, respeitando os períodos de seu desenvolvimento.

O encaminhamento para a prática desportiva, no mo-mento certo (idade) para cada modalidade, atendendo à manifestação da vontade e vocação da criança e não determinação dos pais ou treinador, virá a seguir.

( * ) Panathleta, Professor Universitário e ex-Técnico de Natação.

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Necessário é também esclarecer que infelizmente até o presente, as pessoas que são portadoras de alguma deficiência, sofrem devido à uma distorção conceitual, sendo adjetivadas com o termo handicap.

O vocábulo de origem irlandesa, provém da época em que mercadores de cavalos utilizavam um boné, no qual obviamente com as mãos depositavam o dinheiro da transação. Ao findar o negócio vinha a exclama-ção hand in cap (mão no boné).Em sentido figurado o vocábulo passou a ter conotação de desvantagem, por exemplo, fazer a prova com o handicap de tempo a se estudar. O termo depois foi utilizado em corri-das ciclísticas, no jogo de golfe, pólo a cavalo, corridas náuticas, o rating.

A palavra handicap, assim como aconteceu em outros países foi incorporada ao idioma português trazendo seus vários significados, incluindo a equiparação de probabilidades de uma diferença quantificável (peso, altura, distância etc.). Entretanto, por não ser o seu uso compatível quando se trata de esportes disputados em equipe, passou a ser por muito tempo uma forma de referência oficial, ou uma designação compulsoria-mente atribuída àqueles praticantes de alguma moda-lidade desportiva portadores de alguma deficiência ou invalidez, o que acabou por se tornar um uma forma pejorativa, ou de discriminação, induzindo à atitudes pouco amistosas e pré conceituosas.

Procurando eliminar essa distorção, ainda na déca-da dos anos 50 do século XX, a Organização Mun-dial da Saúde, baseada em fatores correlacionados à deficiência, inabilidade e desvantagem, elaborou uma classificação hierarquizando o grau da anomalia esta-belecendo categorias em ordem decrescente das limi-tações advindas do defeito físico, sensorial ou mental. Assim à primeira categoria estão enquadrados os que apresentam as maiores limitações à prática de determi-nada disciplina esportiva, e assim sucessivamente até a categoria final, a qual engloba os mais habilitados.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) a partir de 1956 reconheceu oficialmente os deficientes como atletas praticantes, institucionalizando os Jogos para

Adulto, continuei ainda que anonimamente, ligado ao esporte dedicando-me a escrever, historiar e acom-panhar os feitos de atletas, ações de dirigentes e rela-tos de cronistas. Por essa razão, embora, tendo uma modesta carreira, mas um profundo ideal desportivo, fui aceito para integrar na categoria “literatura espor-tiva” o Panathlon Club São Paulo, sodalício de amigos do esporte, a serviço da difusão da ética e do fair play e da preservação da memória desportiva.

Mais do que medalhas e troféus, o esportista deve ser destaque pelo equilíbrio, pela vida correta em comu-nidade, pela sadia competitividade, subindo ou não ao pódio, mas sempre numa atitude de congraçamento procurando contribuir à união de povos, raças e na-ções diversas. O que importa não é a competição, é como se joga o jogo.

Reside no contexto antes explicitado, o verdadeiro sentido das atividades físicas e desportivas, incluindo aquelas destinadas aos portadores de alguma deficiên-cia. Mas há ainda outras considerações que servem à corroboração da importância de alguma prática físico-desportiva. Hipócrates, cognominado pai da medici-na, na Grécia Antiga indicava a atividade física com finalidades terapêutica e reabilitadora. Não por acaso já no ano 48 a.C. foram realizadas as primeiras compe-tições para deficientes físicos.

Essas digressões servem para mostrar o quanto es-tava equivocado meu colega da Universidade, ao afir-mar serem impróprios os jogos para deficientes. Nes-se momento lembrei também o dissabor que passei nos idos de 1949, então com 13 anos, ao ser retirado de um desfile no dia da Pátria, 7 de setembro, exa-tamente quando me preparava para adentrar na pista de atletismo do Estádio Municipal do Pacaembu, hoje Paulo Machado de Carvalho, onde a multidão vibrava de civismo. A explicação para uma tal atitude é de que o público poderia chocar-se, ou interpretar como uma imposição autoritária, pelo fato de apresentar seqüe-la na perna direita. Na verdade houve à época, talvez inadvertidamente, uma discriminação.

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Paraplégicos, atitude depois ampliada para outros ti-pos de deficiência na disputa dos Jogos Paraolímpicos. O “para” referia-se aos jogos que eram disputados em paralelo aos Jogos Olímpicos, conotação atualmente em desuso.

Enfim, propiciar a prática desportiva ao deficiente constitui instrumento básico para a integração em so-ciedade e redução da marginalização. A superação a que se impõe um atleta deficiente é que faz a grandeza do esporte, seja em países desenvolvidos ou em de-senvolvimento, e vários são os exemplos individuais ou em equipe.

OS JOGOS PARAOLÍMPICOS

O movimento para que as pessoas portadoras de de-ficiência pudessem se dedicar à prática esportiva, de modo organizado e institucional, surgiu na Inglaterra com a realização dos “parallel games” (jogos parale-los) logo ao início do ano de 1946, após o término da segunda grande guerra mundial. A esse tempo o mé-dico Ludwig Guttman, voluntário que trabalhava em um hospital de feridos e mutilados no conflito, para amenizar um pouco o estado de espírito dos pacien-tes, organizou os Jogos Internacionais de Cadeira de Rodas disputados no Hospital de Stocke Mandeville. Mais adiante inseriu-se no programa também a nata-ção que já era antes praticada como terapia aos doen-tes atacados pelo vírus da poliomielite.

O êxito e a evolução de tal iniciativa foi tanto, que outras disciplinas esportivas foram sendo acrescenta-das nos programas: corridas de 100, 200, 400 e 800 metros, maratona, “slalon”, corrida com barreiras, lançamentos de peso, disco, martelo, arco e flecha, tiro ao alvo, halterofilismo, boliche. Esse torneio ainda é disputado, sendo um dos mais importantes no circuito internacional da classe.

A partir de 1956, o COI, como assinalado, reco-nheceu os deficientes como atletas e desde 1960, em Roma, Itália instituiu os Jogos Paraolímpicos, realiza-

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dos na ocasião dos Jogos Olímpicos tradicionais. As Paraolimpíadas foram às vezes disputadas concomi-tantemente aos Jogos Olímpicos e atualmente, por questões operacionais ocorrem imediatamente após a realização daqueles.

Nos Jogos Olímpicos do México, 1968 os Jogos Pa-raolímpicos aconteceram em Tel-Aviv, Israel, e nos de Moscou, 1980 a Paraolimpíada foi na Holanda.

A partir de 1982 foi criado um Comitê Internacio-nal de Coordenação (CIC) que regulamenta e orga-niza mundialmente os esportes para deficientes. Este Comitê também passou, desde 1988 (Jogos de Seul, Coréia) a coordenar a participação dos deficientes nos Jogos Paraolímpicos.

Em 1984, Los Angeles, Estados Unidos, os Jogos Paraolímpicos tiveram duas sedes: Nova Iorque, EUA e Aylesburg, Inglaterra.

OS DEFICIENTES E O PARAESPORTE NO BRASIL

A história brasileira de jogos para deficientes começa com a introdução de atividades para paraplégicos, em 1958 quando o médico Robson Sampaio de Almeida fundou e dirigiu, na cidade do Rio de Janeiro o “Clube do Otimismo”. A iniciativa difundiu-se rapidamente e logo se promoveu uma primeira competição interesta-dual envolvendo Rio de Janeiro e São Paulo, disputan-do uma partida de basquete em cadeira de rodas.

A partir de então diversas outras modalidades espor-tivas com características excepcionais tiveram extra-ordinária aceitação, não demorando a firmar-se como esporte institucionalizado. Os vários acontecimentos desportivos relacionados em exíguo período de tempo são suficientes para atestar a evolução brasileira desse segmento do esporte.

Assim uma sucinta cronologia aponta que: Em junho de 1975, realizaram-se os primeiros jogos nacionais de

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tetônicas, quer por falta de iniciativas nesta área, cons-titui um bloqueio ao direito individual e uma limitação das oportunidades de desenvolvimento geral, de inte-gração social e do pleno exercício da cidadania.

Vários artigos da Constituição referem-se aos defi-cientes assinalando que são direitos sociais a outorga da educação, saúde, trabalho, lazer, segurança, pro-teção e assistência aos desamparados. No Capítulo I, Dos Princípios Fundamentais, Artigo 3º, inciso IV, a carta magna explicita a obrigatoriedade da promoção do bem para todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discrimi-nação. Assim também no Capítulo II, Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, Artigo VI, refere-se ao direito de lazer incluindo a prática desportiva.

O Artigo 217 da Constituição Federal assinala: “é dever do Estado fomentar práticas esportivas formais e não formais como direito de cada um, incentivando o lazer como forma de promoção social”. No Artigo 227 está explicito: “o Estado promoverá a criação de programas de prevenção e atendimento especializados para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como a integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilidade do acesso aos bens e serviços”.

A Lei Federal 8672/93 de 06 de julho, 1993 esta-belece em seu artigo 50 a exigência da elaboração de projetos de prática desportiva para pessoas portadoras de deficiência.

Importante é salientar também que as Constituições de vários Estados brasileiros, e com destaque para São Paulo, obviamente seguindo a constituição do país tra-zem explicitas as exigências de proteção e facilidades aos deficientes, incluindo a prática esportiva.

Em São Paulo a Constituição promulgada a 5 de ou-tubro de 1989, no Capitulo III referente à Educação, Cultura, Esportes e Lazer é taxativa ao condenar qual-quer tratamento desigual por motivo de convicção fi-

paraplégicos na Escola Naval do Rio de Janeiro; nessa ocasião foi criada a Associação Nacional de Desportos para Excepcionais; os jogos de basquete em cadeira de rodas vem sendo realizados desde 1973; existem téc-nicos em todo o território nacional especializados na orientação dos atletas portadores de deficiências físi-cas, sensoriais e psíquicas, possibilitando ao deficiente a oportunidade de mostrar o seu potencial na realiza-ção de certos exercícios compatíveis com o grau de sua limitação, assim como fazem as pessoas normais; existe estabelecido pelo governo federal um Programa de Desportos Para Pessoas Portadoras de Deficiência; foi criado a partir da Coordenadoria Nacional o Co-mitê Paraolímpico Brasileiro.

Na trajetória histórica dos Jogos Paraolímpicos, desde a primeira participação do Brasil, em 1972 , na cidade de Heidelberg (Alemanha), onde não subiu ao pódio, houve uma excelente evolução, com atle-tas medalhistas de ouro, prata e bronze em diversas modalidades, bem como forma alcançados recordes mundiais e olímpicos.

O panorama e a perspectiva nacionais, indicam ha-ver excelente potencial desportivo paraolímpico, haja vista as estatísticas oficiais que ao final da década dos anos 90 do século XX, estimavam que 10 % da po-pulação brasileira eram portadores de algum tipo de deficiência o que representa um contingente ao redor de 15 milhões de cidadãos. Tendo em conta que cada uma dessas pessoas deve pertencer a uma família é possível pensar que o problema acaba por ser maximi-zado atingindo direta ou indiretamente 40 milhões de habitantes. Infelizmente apenas uma pequena parcela dessas pessoas deve receber qualquer tipo de assistên-cia especializada, e assim quantos talentos devem estar sendo perdidos.

Todavia é preciso fazer valer a lei e no que no que se relaciona ao esporte e o deficiente nota-se que, a Constituição Federal do Brasil é enfática ao estabe-lecer que toda pessoa tem direito ao lazer e à prática esportiva. Limitar o acesso da pessoa portadora de deficiência a estas atividades, quer por barreiras arqui-

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losófica, política ou religiosa, bem como a quaisquer preconceitos de classe, raça ou sexo.

A Seção III específica Dos Esportes e Lazer nos Ar-tigos 264, 266, (inciso V) e 267 são contemplados os portadores de deficiências. Por esse diploma legal o Estado deve apoiar e incentivar as práticas esportivas e não formais como direito de todos, devendo haver a adequação dos locais já existentes e a previsão de medidas necessárias quando da construção de novos espaços, e tendo em vista a prática de esportes e ativi-dades de lazer por parte dos portadores de deficiên-cias. O Artigo 278 obriga o Poder Público à promoção de programas especiais, admitindo a participação de entidades não governamentais e, no Artigo 281 o Es-tado se obriga o propiciar por meio de financiamen-tos, aos portadores de deficiências, a aquisição dos equipamentos que se destinam ao uso pessoal e que permitam a correção, diminuição e superação de suas limitações, segundo as condições a serem estabeleci-das em lei.

A AÇÃO PANTHLÉTICA

Em um mundo globalizado, ávido de consumismo e destruição de culturas regionais, não só os jovens, mas grande parcela da sociedade, vaga na tentativa de desvencilhar-se dessa avassaladora e angustiante si-tuação. A pergunta é: “Como exigir dos jovens que apenas com suas próprias forças possam recuperar o sentido dessa responsabilidade para com o futuro, à vista do que ocorreu no passado e do que acontece no presente?”.

No fulcro dessa questão pensa-se, está a formidá-vel e profunda missão e a responsabilidade do movi-mento panathlético mundial. O Panathlon surgido, em 1951 na cidade de Veneza em uma reunião de amigos, difundiu-se pela Europa e Américas e imediatamente deu apoio ao Manifesto sobre o Fair Play, exposto pelo Comitê Internacional do Fair Play (CIFP) da UNES-CO, transcrito no Boletim nº 2/76 da Federation In-ternacionale d’Education Physique (FIEP).

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Nesse sentido o Panathlon Club São Paulo, do Dis-trito Brasil, acompanhando a filosofia e ideais do mo-vimento panathlético em prol do esporte, apresenta em sua carta de princípios dentre outras as seguintes finalidades:

- a afirmação dos ideais esportivos, e de seus valores morais, como instrumento da solidariedade entre os homens e os povos;

- apoiar todas as atividades visando a estimular, di-fundir e desenvolver os esportes e atividades correla-tas ao esporte em geral, sem interferir na organização esportiva nem nos atos de direção.

Portanto, a ação panathlética que abarca os vários segmentos desportivos, não poderia deixar de voltar-se também ao esporte destinado aos deficientes, e de fato não tem sido outra a postura de seus membros.

Interessante é ressaltar que mesmo no esporte para deficientes destinado à promoção da reabilitação e inserção das pessoas portadoras de defeitos na socie-dade, quando se trata de competições de alto rendi-mento, muitas vezes são esquecidos os princípios da ética e do fair play, e nesse caso também o movimento panathletico tem sua função.

O Panathlon no esporte para deficientes tem atuado objetivamente contribuindo para a difusão da prática, realizando palestras, apoiando eventos e apresentan-do moções às autoridades. Alguns clubes do Distrito Brasil tem promovido e apoiado competições espe-cialmente destinadas a pessoas portadoras de deficiên-cias físicas, motoras, sensoriais ou mentais. Por outro lado muitos de seus membros são responsáveis por programas de reabilitação ou minimização de seqüelas deixadas por doenças ou acidentes. Na verdade nos 22 clubes que integram o Distrito Brasil há várias iniciati-vas envolvendo esportes para deficientes.

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Planejamento OlímpicoMais do que a estrutura, precisamos pensarno fator humano. Por que não encampar a lutapela inclusão do futsal nas olimpíadas?

Após os Jogos Olímpicos realizados em Londres, muitas lições podem ser tiradas, alguns erros de-

vem ser repensados e não mais repetidos. Durante os Jogos, em um dos programas que faziam a cobertura das competições, pude ver a entrevista do Sr. Marcus Vinícius Freire coordenador do COB (Comitê Olím-pico Brasileiro) que na oportunidade discorreu sobre a estrutura que o COB montou em Londres para os atletas brasileiros. Segundo ele, uma estrutura nunca vista por nenhum atleta brasileiro, uma estrutura de ponta, onde só os países de primeiro mundo têm.

Bom, acredito e faço parte do coro que diz que de-vemos sim ter boa estrutura de trabalho e excelentes condições de treinamento, principalmente na reta final de preparação, apesar de que a bem da verdade quem foi para Londres e lá estava deveria sim já estar em plenas condições de disputa e é ai que gostaria de fazer minhas considerações.

Principalmente no atletismo, esporte de base, onde se distribuem medalhas em 24 provas no masculino e 23 provas no feminino, se triplicarmos estes números teremos 141 medalhas entre ouro, prata e bronze sen-do distribuídas, ou seja, um numero bem significativo e que pode mudar tudo no quadro geral de medalhas. Basta para isto ver situações de países como Etiópia, Quênia, Jamaica, que com algumas conquistas acabam se colocando a frente do nosso país.

Para termos uma ideia do valor destas medalhas do atletismo nos Jogos, basta ver o trabalho e o pensa-mento da Rússia, por exemplo. A Rússia levou para

Londres 109 atletas tendo como objetivo de tentar conquistar pelo menos 19 medalhas.

Por estar envolvido com o atletismo a vários anos, tanto como atleta e hoje também como técnico, gosta-ria de tecer algumas considerações para que possamos pensar e analisar os fatos. Na minha visão acredito que houve alguns erros no planejamento, execução dos trabalhos e convocação de nossos atletas para a modalidade de atletismo. O COI (Comitê Olímpico Internacional) estipulou um índice para que os atletas que o atingissem tivessem direito a disputar os Jogos. O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) juntamente com a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), não utilizou o índice do COI, mas estipulou um índice ainda mais alto, ou seja, acima do índice do COI. Nos-sos atletas tiveram que fazer um esforço ainda maior. Talvez com o intuito de fazer nossos atletas melhora-rem suas marcas, talvez conseguir com estes atletas se sentissem mais confiantes para enfrentar as disputas olímpicas, ou mesmo para tentar diminuir o numero de participantes, pois como veremos mais adiante o Brasil levou bem menos atletas principalmente com relação a Pequim 2008.

Considero que ao elevar os índices, as exigências fi-zeram nossos atletas atingirem o pico de resultados (suas melhores marcas) bem antes dos Jogos, como efeito nossos atletas do atletismo já chegaram a Lon-dres em plena queda de resultados e pudemos ver isto em diversas provas e nas queixas dos próprios atletas que alegavam não estarem conseguindo repetir suas marcas nem nos treinos dias antes das provas em Lon-dres. Nossos atletas fizeram marcas bem abaixo dos

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um alto grau de exigência para alcançar resultados em nível mundial. Como tantas outras modalidades no Brasil, o apoio e patrocínio só chegam quando estes atletas já são consagrados. Assim necessitados mudar o foco de nossos trabalhos, Confederação, Federações e entidades que trabalham pelo bem do esporte devem começar a sensibilizar os empresários e investir na base, mas para isto sem sombra de duvidas, estas em-presas necessitam ter um “retorno”, seja de imagem, de credibilidade, segurança, confiabilidade. Aplicar o investimento nos trabalhos de formação de talentos, nas escolas, este é o grande segredo do futuro trabalho Olímpico. Dar continuidade com boas provas e com-petições e para aqueles atletas que vão se destacando, dar condições de participarem de provas internacio-nais e intercâmbios com os melhores atletas em suas provas específicas.

Aproveito o momento para encampar uma ideia que talvez possamos estar entrando na mesma luta, com o objetivo de sensibilizar o COI. Porque não termos o FUTSAL na grade dos Jogos Olímpicos. São milhares de atletas e milhares de praticantes, os campeonatos são emocionantes com disputas acirradas. É pratica-do por homens, mulheres e também paradesportiva-mente. O Futsal é praticado em 147 países nos cinco continentes. Talvez fosse muito interessante que o Pa-nathlon também começasse uma linha de discussão a respeito dos esportes olímpicos e com a troca de ideias auxiliasse o COI na sua formação de ideias e entrada de novas modalidades. Sei que são entidades com características próprias, mas que podem se auxi-liar e crescerem em conjunto.

resultados que tinham feito até no Troféu Brasil, pro-va uma semana antes de viajarem para Londres.

Entendo que com um índice tão elevado, não res-tou margem para trabalhar com um pouco de folga e, além disto, outro erro foi cometido. Talvez na ânsia de montar uma boa estrutura, mas diminuir custos, os índices serviram para se diminuir também a delegação. Mas se vamos ser sede, temos que trabalhar nossos atletas, dar condições de disputas principalmente in-ternacional e estar em uma Olímpiada é uma experiên-cia ímpar para um atleta. Talvez com um índice menor como o já exigido pelo COI poderíamos ter mais 6 ou 8 atletas representando o Brasil e ganhando mais experiência e elevando o nível técnico brasileiro.

As características de disputas em uma Olimpíada são bem diferentes, recordes até acontecem, mas a grande maioria entra nos Jogos para ganharem uma medalha Olímpica, assim em muitas provas as marcas não são tão elevadas e a luta se resume ao pódio. Se nossos atletas tivessem uma margem para trabalharem, talvez conseguissem chegar a mais finais e quem sabe pelo fato de estarem em uma final, a motivação, o entusias-mo não os levassem a terem uma chance de também estarem num pódio olímpico.

Hoje falam que os órgãos responsáveis acham que nossos técnicos não têm tanta capacidade assim para comandarem um time olímpico e cogitam trazerem técnicos de fora. Mas trazerem estes técnicos e darem a eles todas as condições, materiais e estrutura, coisas que não são dadas aos nossos técnicos é simplesmen-te elevar os gastos e simplesmente não investir verda-deiramente em nossos talentos. Logo talvez passem a ideia de importarem também atletas para competirem pelo Brasil.

Nossos atletas são esforçados, dedicados e em sua maioria ou quase a totalidade vindo de situações di-fíceis, com extrema dificuldade para se alimentar, treinar e se manter em uma das modalidades que tem

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Rio 2016 - Do períodode caça ao da agricultura

Simultaneamente com uma organização exemplar, que não nos envergonhe na comparação com

Londres, o Brasil vai ter de cuidar do desempenho téc-nico das equipes que representarão o nosso país nas várias arenas de competição.

Em artigos anteriores já dissemos que participações brasileiras nas diversas modalidades do programa olímpico não correspondem à nossa potencialidade econômica ou à nossa densidade demográfica. Repetir a mesma performance dos Jogos anteriores corres-ponderia a uma grande desilusão para toda a popula-ção nacional. Temos, portanto, duas frentes para com-bater na batalha que durará até 2016: a da organização e a técnica.

Por força de regulamento, não precisaremos nos sub-meter a índices para a classificação de nossos atletas. Os brasileiros terão presença automática no total das vagas das modalidades em disputa. É verdade que, em alguns esportes pouco praticados no país, precisamos nos empenhar para aprimorar o nosso desempenho para não sermos o “cavaleiro da triste figura”.

Trabalho e trabalho

Para que este êxito na parte técnica ocorra e tenha como conseqüência a “felicidade geral da nação”, é preciso trabalho, trabalho e trabalho. Usando uma

imagem criada por Kanichi Sato, um técnico de nata-ção, mas antes de tudo um profundo filósofo, o Brasil, no preparo de uma equipe de âmbito nacional, “preci-sa passar do período da caça para o da agricultura”.

Todos os que freqüentaram as escolas sabem que, nas etapas percorridas pela civilização, pela evolução da humanidade o homem atravessou vários períodos para garantir a sua sobrevivência. No da caça, o ser hu-mano, para subsistir, caçava os animais que encontrava em sua região, comia os frutos silvestres, alimentava-se do que a natureza oferecia. Ele estava, obviamente, sujeito à escassez de mantimentos conforme a oferta da natureza ao seu redor.

Já no período da agricultura, ele passou a subsistir graças ao que plantava e aos animais que criava. Não dependia mais dos caprichos da natureza silvestre.

Também no esporte

Esta comparação também é válida na área do esporte. Não há um trabalho sistemático amplo para a forma-ção de nossos competidores para eventos de equipes nacionais, para os Jogos Olímpicos ou campeonatos mundiais. Eles são simplesmente “colhidos” por di-rigentes de federações e confederações. É o caso das nossas medalhas de ouro e de prata do pugilismo e judô: gente nascida longe dos centros de grande tradi-

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a detalhá-lo. O leitor deve considerar o artigo de hoje somente como um quadro sinótico.

Paralímpicos

No próximo dia 29 de agosto começam os Jogos Pa-ralímpicos. A delegação brasileira costuma destacar-se neste evento pelo carinho de nossas entidades para com os esportistas com necessidades especiais.

O universo do esporte deve abranger todos os seg-mentos, sendo o esporte paralímpico um dos de maior retorno social, pelos benefícios físicos e psicológicos que proporciona aos seus praticantes.

A nossa delegação retorna da Paralimpíada no pró-ximo dia 11 de setembro, e o Governador Geraldo Alckmin e a Dra. Linamara Battistella, Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, re-ceberão no Palácio dos Bandeirantes, às 11 horas, os paralímpicos paulistas que são apoiados pelo governo estadual com recursos daquela Secretaria.

ção esportiva, ou como no caso de nossa futebolista Marta, originária do sertão e que se tornou a melhor do mundo.

O tiro de partida para este trabalho já foi dado e re-conhecemos que quatro anos é um tempo exíguo para se formar um medalhista olímpico, mas em algumas modalidades pode ser suficiente para colocar um bra-sileiro no pódio. O importante é que nossos dirigentes saibam que é preciso trabalhar, plantar, e não somente esticar o braço e colher o fruto que a natureza está ofertando esporádica e espontaneamente.

A mudança do período da caça para o da agricultura não terá efeitos somente para os Jogos Olímpicos do Rio em 2016. Ela vai ser de uma valia permanente. Na realidade, se mantida, equivalerá a uma reciclagem do Brasil no “ranking” das potências olímpicas, o que, como já dissemos, atualmente não é motivo de orgu-lho nacional.

Em que consiste

Este plano consiste numa prospecção de talentos en-tre toda a população brasileira, realizando um intenso trabalho de base que não deixe uma instalação espor-tiva inativa em um período sequer.

Consiste em mobilizar clubes, federações, escolas de todos os níveis, programas sócio-esportivos de empre-sas, corporações militares e em realizar competições massivas. Da largura da base quantitativa depende a altura do vértice qualitativo. Ninguém chega ao topo de uma escada sem pisar no primeiro degrau e, certa-mente, o degrau mais alto é o padrão olímpico.

Este tema é muito amplo e, certamente, voltaremos

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A osteoporose e uma doença mundial que afeta mulheres após a menopausa, eventualmente

homens também podem ser atingidos por essa pato-logia, que tem aumentado nos últimos conforme tem aumentado à expectativa de vida. Caracteriza-se por perda da massa óssea, tornando o osso susceptível a fraturas.

As fraturas representam um custo de saúde elevado, com gastos aproximados de U$ 10 bilhões por ano, de-correntes dessa patologia, há de se considerar o custo social, dependências físicas e psíquicas devidas a essa doença. Estatisticamente conforme a literatura, uma fratura do fêmur proximal representa sobrevida para 18 a 24 meses, não estão sendo consideradas outras patologias decorrentes da inatividade pós- fratura.

A osteoporose é uma doença metabólica gene-ralizada, caracterizada por menor aposição óssea devido à insuficiência osteoblástica (células de for-mação óssea), com redução da massa óssea por uni-dade de volume e de etiologia multifatorial. Esse fator é importante, ele que predispõe as fraturas.

O aumento da expectativa de vida tem pro-porcionado o aparecimento de outras pato-logias, desconhecidas em épocas anteriores. Doença cada vez mais diagnosticada em mulheres e homens de todo o mundo. A deficiência dos es-teróides sexuais na gênese da osteoporose, prin-cipalmente a da menopausa, são citadas na lite-ratura como fator causal, mas outros fatores são concorrentes para o aparecimento dessa patolo-gia, a falta de atividade física é um desses fatores. OCARINO (2006) em um estudo de revisão do efeito da atividade física no osso normal e na prevenção e

tratamento da osteoporose verificaram entre alguns autores algumas contradições sobre o que é melhor como atividade física (intensidade, quantidade e frequ-ência), mas o consenso sobre os benefícios da ativida-de física não deixa dúvida na literatura especializada.

Há ainda a comprovação de que, em humanos, exer-cícios físicos, desenvolvidos nas fases de crescimento e de desenvolvimento, determinam ganho de 7 a 8% de massa óssea no indivíduo adulto, reduzindo subs-tancialmente os riscos de fratura na idade avançada.

De acordo com os estudos de KARAM (1999), apresentam resultados de melhor densidade óssea em ex-atletas mulheres, pós-menopausa, praticantes de voleibol do que o grupo controle não praticante de atividade física, estando de acordo com resultados de outros autores. Confirma-se com esse resultado a hi-pótese do esporte como uma forma de prevenir oste-oporose e consequentemente as fraturas.

Deve ser lembrado que ocorre a melhora de outros sistemas corporais como força muscular, capacidade respiratória e circulatória, hormonal e também do equi-líbrio, proporcionando uma maior estabilidade corpo-ral e independência física, com isso diminuindo o risco de quedas, dependência de medicamentos entre outras. SIQUEIRA (2009), pesquisando a relação entre a prática da atividade física na adolescência com a pre-valência de osteoporose na idade adulta, encontrou resultados em que a pratica da atividade física na adolescência reduz significantemente o risco de os-teoporose, na vida adulta independente da atividade praticada. Todavia há de se ter cuidado com atividades intensas em atletas mulheres, para que o excesso de exercício não prejudique o nível de gordura, impor-

Osteoporose e aAtividade Física

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Quanto às medidas preventivas, a responsabilidade do tratamento deve ser divida entre os pacientes, na mudança dos hábitos de alcoolismo, tabagismo, ali-mentar, evitar o sedentarismo com o comprometi-mento de uma atividade física regular. Aos médicos cabe informar adequadamente o paciente sobre as medidas preventivas, diagnosticas e propor o melhor tratamento. Quanto às autoridades governamentais, facilitar o acesso aos exames diagnósticos comple-mentares necessários, patrocinar educação continua-da aos pacientes sobre fatores de risco da osteopo-rose, arquitetura e urbanização da cidade, além dos espaços adequados para a prática de atividade física. Em razão das complicações da doença e do custo so-cial e econômico elevado e considerando que a Edu-cação Física também faz parte do sistema de saúde, entendemos a importância de estarmos somando os conhecimentos acadêmicos à prevenção e melhoria da qualidade de vida as pessoas que por razão da própria longevidade estarão propensas a adquirir tal patologia.

A atividade física é um recurso fundamental, acessí-vel e bem justificada.

tante para produção do estrógeno e de toda função hormonal decorrente.

A tríade da mulher atleta pode ser prejudicial aos os-sos, atenção com as corredoras. As bailarinas também, pois estão mais sujeitas aos distúrbios menstruais. Trabalhos científicos descrevem que adolescentes que desenvolvem o hábito da pratica da atividade nessa idade serão adultos mais comprometidos com a ati-vidade física.

Fatores predisponentes como os distúrbios hormo-nais, má nutrição, neoplasias malignas, terapias com anticonvulsivantes, alcoolismo, tabagismo, anorexia nervos, senilidade, não exposição ao sol, imobilização prolongada, sedentarismo etc., são facilitadores para favorecer o aparecimento da patologia.

A doença é diagnosticada através do exame cli-nico do paciente e através de exames de imagem, densitometria óssea como exemplo e laboratoriais. Tratando-se de um problema de saúde pública, devido às restrições ao paciente e ao maior gasto do sistema de saúde torna-se importante o diagnóstico precoce e as medidas de prevenção, evitando-se assim as com-plicações decorrentes dessa doença.

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A Ética no Desporto

Ética, segundo o dicionário Michaelis, mais pre-cisamente em sua segunda definição, é o “Con-

junto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão (...)”. Sua origem vem da Antiguidade, do grego-clássico ethos , vinculada à filosofia, sendo que atribuía valor ao ato de um in-divíduo, de forma bastante maniqueísta, sopesando as ações em boas ou más. Hodiernamente, com res-

quícios de outrora, são princípios fundamentados no senso comum e que tem como escopo sustentar ações consideradas positivas, isto é, que contribuem para o bem da sociedade.

Nas palavras do ilustre Dr. Vinicius Augusto de Sá Vieira , “A palavra ‘ética’ é oriunda do grego-clássico ethos, que traz o sentimento da valoração da moral no

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ato de um indivíduo, é como uma filosofia que foca o bem em reação ao mal, ou seja, o arbítrio daquilo que é correto. Ela surge como um pilar de referência dentro de outros princípios pelo qual a sociedade e o indivíduo regulam seus atos de acordo com os valores sociais e culturais.”.

De forma simplista, trata-se de um instituto por meio do qual são materializadas normas que nem sempre encontram correspondência no ordenamento jurí-dico positivado e, bem por isso, traduz valores tidos como valiosos pela sociedade. Daí porque se falar que os preceitos éticos muitas vezes se modificam com o decurso do tempo, exatamente por transparecerem ideais costumeiramente adotados pela sociedade, que igualmente se modifica.

Nesse diapasão, sendo o desporto um dos ramos inerentes à sociedade, cabe destacar de forma exem-plificativa o campo de incidência da ética neste respec-tivo contexto. Valendo-se, ainda, das sábias lições do já citado autor, “No direito desportivo não poderia ser diferente, visto que ele disciplina em sua autonomia de direito, um regime de princípios típicos do despor-to e seus seguimentos derivativos, isso porque, cada vez mais, o desporto sofre com interesses mutáveis de valores comerciais de uma sociedade totalmente con-sumidora, é aí que se tem a dificuldade de se prevale-cer valores éticos. Então, o Direito Desportivo como disciplina, vem para agregar valores éticos e auxiliar concatenado com a normatização desportiva a manu-tenção da ética e o bom andamento do desporto.” .

O Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), especificamente no Título IX, Capítulo V, nomeado como “Das Infrações Contra a Ética Desportiva”, abarca diversos artigos por meio dos quais se busca nortear a conduta desportiva sob uma perspectiva jus-desportiva, respeitando-se a especificidade do despor-to e suas principais características, tal como a compe-titividade.

Outra vertente bastante questionada sob os parâme-tros éticos é a administração desportiva pelas Entida-des de Administração do Desporto e Entidades de Prática Desportiva. Tanto assim o é que o periódico “Valor Econômico”, em sua edição veiculada aos 06 de agosto próximo passado, trouxe matéria acerca de estudo que vem sendo realizado para calcar a proposi-tura de uma Lei de Responsabilidade Fiscal no Espor-te, cujo escopo é criar e aplicar normas para sanear as finanças dos clubes de futebol brasileiros. É reflexo do chamado fair play financeiro.

Mesmo porque, o panorama brasileiro mostra-se pouco diferente ao do âmbito internacional. Ainda que se pinte um cenário mais favorável e otimista nos países europeus com grandes campeonatos nacionais, a bem da verdade, o amadorismo e a antiética não são características exclusivas do desporto brasileiro.

Vale trazer à baila, então, entendimento do Professor Luís Fernando Marin , que adentra o tema também com supedâneo na boa-fé objetiva: “A ideia segundo a qual boa-fé, honestidade e ética devam permear as relações esportivas não é nova e ganhou, da comu-nidade internacional desportiva, postulado e termino-logia próprias, através de importantíssimo princípio que rege todo o movimento esportivo organizado. É o chamado fair-play, (...).”.

Conclui-se, portanto, ser o desporto somente mais um dos campos nos quais a ética se mostra presente e necessária, uma vez que agrega às respectivas legis-lações conceitos, parâmetros e diretrizes capazes de salvaguardar, ou ao menos regular, o atingimento da finalidade desportiva de maneira escorreita.

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“Integridade e ética no Esporte:a evolução das regras e normatizações esportivase sua contribuição para a integridade e a ética noesporte – uma breve reflexão”

Certamente, a busca por essa condição a que o título desta reflexão propõe, deve ser um desa-

fio incessante para todos que militam no esporte. E diria mais, especialmente daqueles que integram e, por condição e escolha defendem, e devem defender, as diretrizes e fundamentos do Panathlon Club em todo mundo.

Desafio este que surge na construção das regras do jogo preliminar que, em sua evolução, redundou na criação de um novo esporte ou, como preferem al-guns, em uma nova modalidade esportiva, e que pos-teriormente se estende em sua prática em nível de competição ou mesmo do lazer.

A preocupação primeira para essa busca, seja no pro-cesso de criação de um esporte (como é o caso do Quimbol em Piracicaba-SP) ou na atualização e modi-ficações constantes, esta contida na (re)elaboração das regras de cada modalidade.

Não imagino, nem seria ingênuo em pensar, que pos-samos resolver todas as preocupações deste tema ape-nas com uma discussão e reflexão das regras de cada modalidade esportiva, mas certamente, e não tenho dúvidas e defendo esta medida, as regras e normatiza-ções tem grande importância nesse processo.

Destaco que existe uma diferença entre as regras de uma modalidade e a regulamentação de sua prática e dos campeonatos que surgem de sua prática siste-mática, o que coloca cada modalidade na condição e “status” de esporte. Mas, nesta reflexão, peço que en-tendam como regras todas as possibilidades de nor-

matização da pratica de uma determinada modalidade esportiva .

Quem já não se deparou discutindo com os amigos o que fazer, mediante tantas possibilidades tecnológicas da atualidade, com relação às limitações humanas no momento de se julgar a condição de impedimento de um jogador na modalidade de futebol ? A menos que você tenha alguma resistência com relação ao tema fu-tebol, todos já tiveram ao menos algum pensamento neste sentido. Que nos digam os corintianos em re-cente (agosto – 2012) jogo de futebol onde não foram marcados 3 impedimentos consecutivos no mesmo lance.

As regras buscam garantir a igualdade entre os ad-versários, a condição ética na pratica do esporte, a jus-tiça que se impõe como condição primária ao se diver-tir com um jogo, ao se praticar um esporte. Há entre todos que praticam o esporte, todos esportistas, uma condição ou sensação de indignação quando a regra é burlada. Mas antes há, da mesma forma, uma condi-ção ou uma sensação de resignação quando a regra ou regulamento, acabam, pela sua própria ineficiência (a quem devemos recorrer neste caso ?!!) criando uma condição favorável que permite, aos que se julgam os “senhores dos anéis” ou os “deuses do esporte”, manipulá-lo. Quem assistiu algumas lutas de boxe nas recentes olimpíadas talvez tenha tido este sentimento (vide Reuters 17/08/12 e UOL 09/08/12). Inclusive vimos lutas onde tivemos vários “assaltos”, desculpem o trocadilho (rs). Que tal incluir a revisão por vídeo como no levantamento olímpico, no boxe?

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Nesse sentido, defendo que a preocupação primeira (não a única obviamente), deve ser sempre uma dis-cussão das regras e regulamentos de cada modalidade esportiva, visando garantir ao máximo a sensação de justiça, igualdade e ética entre os praticantes, para que tenhamos a sensação de que sempre “vença o me-lhor”, respeitando-se as regras estabelecidas.

Certamente algumas modalidades (por meio de seus

dirigentes e atletas) já tem se atentado para essa si-tuação, e buscado sua evolução para a condição de “esporte integro” se assim me permitem classificar as modalidades que possibilitam essa sensação aos aficio-nados de um esporte.

A constante evolução das regras esportivas nessa

diretriz, até o uso das novas tecnologias no esporte, tem colocado algumas modalidades (ao meu ver) na condição de esportes íntegros, pelo menos até onde possamos visualizar e compreender sua prática. Pois é claro, não me refiro aqui, nem quero entrar nessa discussão neste artigo, aos escândalos que inclusive colocam equipes de referência mundial na condição de suspensas de campeonatos por irregularidades abo-mináveis contra a ética do esporte (vide os escândalos e até prisões nos campeonatos italianos).

Certamente, a evolução nas regras esportivas, mes-

mo que atingindo talvez seu perfeccionismo (entendo sempre temporário) em certas modalidades, associa-das a uma normatização eficiente e cada vez mais sem “brechas” para manipulações dos regulamentos das competições de cada modalidade, não vai garantir a total integridade no esporte, pois sempre teremos um aspecto subjetivo envolvido onde a participação do homem dará margem para possibilidades de desvirtu-amento da ética esportiva.

Nesse universo iremos encontrar manipulações de

resultados pela parcialidade da intervenção dos árbi-tros, da dedicação, ou não, dos atletas, onde já vimos equipes suspensas pela “entrega” comprovada de re-sultados em campeonatos de elite mundial ; o uso de doping e seu mascaramento que cada vez mais dificul-ta a sua identificação ; fatores externos que primam

pelo absurdo com ameaças até de morte a jogadores, técnicos e outros integrantes das equipes ; enfim, onde houver a possibilidade de intervenção do homem, ha-verá a possibilidade de corrupção, manipulações e mau uso das tecnologias e substâncias químicas . In-felizmente !!

Mas, é claro, não podemos desacreditar no ser huma-

no e na possibilidade de sua intervenção ética e moral na prática esportiva, caso contrário , estaríamos aca-bando com a paixão pelo esporte no mundo todo, e não é isso que queremos, ao contrário.

Assim, temos que sempre trabalhar com os aspectos educacionais e crer na formação de atletas, esportistas, árbitros e dirigentes cada vez mais éticos e compro-metidos com a moralidade no meio esportivo.

Mas, voltando ao cerne da abordagem, nossa ênfa-

se nesta reflexão é buscar mecanismos que, cada vez mais, diminuam a possibilidade de manipulação huma-na no processo da prática e da competição esportiva, e ai defendo que as mudanças, evoluções e correções nas regras e normatizações do esporte, são excelentes caminhos para buscar a sonhada integridade no es-porte.

Exemplos simples de utilização da tecnologia no

esporte, diminuem ou quase exterminam, com erros crassos e absurdos como dúvidas se uma bola foi fora ou dentro da quadra ou na linha ; se um atleta cometeu uma transgressão nas regras ; se a bola tocou ou não um jogador antes de sair do campo de jogo ; ou se este utilizou partes do corpo que a regra não permite para se beneficiar em uma jogada (que digam os Irlandeses sobre o jogador Henry da França em uma eliminatória de Copa do Mundo) ; enfim, a tecnologia associada ao esporte e impregnando suas regras cada vez mais, pode contribuir significativamente com a integridade no esporte.

O uso, por exemplo, de câmeras nas linhas deli-

mitadoras da quadra de tênis, garante a exatidão da avaliação final do árbitro ; os coletes eletrônicos no taekwondo; o uso das câmeras no futebol americano

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possibilita praticamente uma arbitragem quase sem er-ros e consequentemente que garanta o legítimo ven-cedor.

Se as regras, normas, e tecnologias, impedem cada vez mais as manipulações, o espaço para os “esportis-tas” (não podemos chamá-los assim pois o termo es-portista já pressupõe uma ética condicional) sem ética e espírito esportivo, se restringirá significativamente a ponto de cada vez mais se afastarem dessa valiosa ma-nifestação cultural da humanidade que nos encanta, nos move e nos cativa, chamada ESPORTE.

Em nossa cidade, há alguns anos, fizemos uma expe-

riência interessante no futebol, chamada Futebol Evo-lução, onde com apenas algumas alterações simples nas regras da modalidade do futebol, conseguimos grandes avanços na proteção dos atletas (em especial os mais talentosos) e na garantia de se obter o real e meritório vencedor em uma disputa esportiva.

Essa experiência limitava o número de faltas que um

atleta e a equipes podem cometer, sob possibilidade de penalizações. No caso da equipe atingir o limite de faltas a adversária tinha um tiro livre direto bem pró-ximo de sua área de gol ; jogadores faltosos eram ex-cluídos da partida ao atingir determinado número de faltas ; essas, entre outras regras, que de maneira bem

simples garantiam alguns aspectos do que buscamos com relação a integridade no esporte, em particular no que tange a buscar que a equipe que tem méritos e talento, seja a real vencedora de uma disputa.

Tenho o entendimento que, o grau de resistência

de uma modalidade esportiva (entenda-se seus diri-gentes) em se negar a permitir ou buscar alterações e avanços em suas regras e normatizações, é direta-mente proporcional a possibilidade de manipulação dos resultados em suas competições, deixando ai uma margem de subjetividades que levam a dúvidas e des-confianças em cada vitória de um atleta ou equipe, e em cada campeão que levanta uma taça ou recebe uma medalha.

Concluindo, nossa luta para que as modalidades mais

conservadoras e tradicionalistas evoluam em suas re-gras, e o nosso elogio àquelas que estão fazendo esse processo ininterrupto, é uma forma muito prática para que busquemos, senão a plena ética e integridade no esporte, mas pelo menos o alento que teremos um pouco mais de justiça, menos violência , mais morali-dade e credibilidade no esporte e na sua prática.

Seja nas finais de uma “Champions League”, nas Olimpíadas e Paralimpíadas, na Copa do Mundo, ou mesmo em nossos momentos de lazer.

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