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ARTIGO CIENTÍFICO Percepção dos Consumidores de Serviços de Beleza em Relação às normas de Biossegurança Utilizadas em Estabelecimentos de Beleza em Itajaí/SC. Eni Marilza Maia de Souza 1 - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Paloma Marchi 2 - Acadêmica do Curso de Cosmetoloogia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina Janine Maria Pereira Ramos Bettega 3 Orientadora; Professora do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Contatos 1 [email protected] 2 [email protected] 3 [email protected] br RESUMO Atualmente, percebe-se uma exigência cada vez maior dos consumidores dos serviços de Cosmetologia e Estética com relação à qualidade dos serviços prestados, sendo de fundamental importância neste contexto a observação das normas e condutas de Biossegurança. Tanto profissionais quanto consumidores dos serviços de beleza, seja em salões, clínicas de estética, spas e afins, estão vulneráveis a uma série de riscos, que podem ser físicos, químicos e biológicos, inerentes aos procedimentos que envolvem as atividades desta área. A falta de conscientização e até mesmo de conhecimento sobre as condutas necessárias para evitar contaminações em estabelecimentos de beleza, aumenta o risco de contágio. As medidas de higiene, assepsia, esterilização e desinfecção adequadas dos materiais utilizados durante a realização das atividades da área de Cosmetologia e Estética são indispensáveis. Dentre estas medidas inclui-se o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e coletiva (EPC’s), a higienização das mãos sempre antes e depois de cada procedimento, a correta limpeza, desinfecção ou esterilização dos materiais utilizados e o gerenciamento correto de resíduos gerados. Este trabalho tem como objetivo apresentar informações sobre a percepção dos freqüentadores de estabelecimentos de beleza sobre as condutas e normas de Biossegurança e seus diversos aspectos, através da aplicação de um questionário que foi distribuído em estabelecimentos de beleza na cidade de Itajaí/SC. De acordo com a pesquisa realizada observou- se que os clientes que frequentam os salões não tem conhecimento a respeito das funções de Biossegurança. Palavras-chaves: Biossegurança. Conscientização do consumidor. Cosmetologia e Estética.

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ARTIGO CIENTÍFICO Percepção dos Consumidores de Serviços de Beleza em Relação às normas de

Biossegurança Utilizadas em Estabelecimentos de Beleza em Itajaí/SC.

Eni Marilza Maia de Souza1 - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Paloma Marchi2 - Acadêmica do Curso de Cosmetoloogia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina Janine Maria Pereira Ramos Bettega3 – Orientadora; Professora do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Contatos [email protected] [email protected] 3 [email protected] br

RESUMO Atualmente, percebe-se uma exigência cada vez maior dos consumidores dos serviços de Cosmetologia e Estética com relação à qualidade dos serviços prestados, sendo de fundamental importância neste contexto a observação das normas e condutas de Biossegurança. Tanto profissionais quanto consumidores dos serviços de beleza, seja em salões, clínicas de estética, spas e afins, estão vulneráveis a uma série de riscos, que podem ser físicos, químicos e biológicos, inerentes aos procedimentos que envolvem as atividades desta área. A falta de conscientização e até mesmo de conhecimento sobre as condutas necessárias para evitar contaminações em estabelecimentos de beleza, aumenta o risco de contágio. As medidas de higiene, assepsia, esterilização e desinfecção adequadas dos materiais utilizados durante a realização das atividades da área de Cosmetologia e Estética são indispensáveis. Dentre estas medidas inclui-se o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e coletiva (EPC’s), a higienização das mãos sempre antes e depois de cada procedimento, a correta limpeza, desinfecção ou esterilização dos materiais utilizados e o gerenciamento correto de resíduos gerados. Este trabalho tem como objetivo apresentar informações sobre a percepção dos freqüentadores de estabelecimentos de beleza sobre as condutas e normas de Biossegurança e seus diversos aspectos, através da aplicação de um questionário que foi distribuído em estabelecimentos de beleza na cidade de Itajaí/SC. De acordo com a pesquisa realizada observou-se que os clientes que frequentam os salões não tem conhecimento a respeito das funções de Biossegurança. Palavras-chaves: Biossegurança. Conscientização do consumidor. Cosmetologia e Estética.

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INTRODUÇÃO

A preocupação com a beleza e a juventude é responsável pela formação de um grande

público que procura constantemente os serviços de Cosmetologia e Estética. Este público, que

atinge diversas faixas etárias, sexos e raças, vem se tornando cada vez mais exigente e informado.

Surge, em conseqüência disso, a necessidade da formação de profissionais capacitados e

especializados, cuja atuação profissional seja fundamentada em princípios científicos e éticos; um

profissional preparado, atento às novas tendências e munido de conhecimentos científicos,

abandonando o empirismo que há algum tempo atrás era tão comum nesta área. A Biossegurança,

segundo Hinrichsen (2004, p.4), consiste no conjunto de ações voltadas para a prevenção,

minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino,

desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços que possam comprometer a saúde do

homem, dos animais, do meio ambiente, ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Os

profissionais e consumidores dos serviços de beleza, devem estar cientes que estão vulneráveis a

uma série de riscos, que podem ser físicos, químicos e biológicos, inerentes aos procedimentos

que envolvem essas atividades.

Esses riscos, por sua vez, podem ser eliminados ou minimizados através de condutas

guiadas por normas de Biossegurança, que abrangem uma série de cuidados, incluindo limpeza

do estabelecimento e mobiliários, desinfecção e assepsia de utensílios, esterilização dos artigos,

uso de equipamentos de proteção coletiva (EPC’s) e equipamentos de proteção individual

(EPI’s), descarte correto de material contaminado; também a higienização e assepsia das mãos do

profissional.

O profissional de beleza e estética deve ter em mente que possui forte influência sobre

seus clientes, fornecedores, funcionários e parceiros. Com seu comportamento ajuda a construir

padrões de conduta e influencia o ambiente a sua volta. Tais ações fortalecem o espírito de

cidadania e agregam valor à profissão de Estética frente à sociedade, o que irá se refletir em

aumento de oportunidades de mercado. As práticas exercidas nos estabelecimentos de beleza

envolvem riscos de infecções ameaçadores à saúde, tanto para os clientes, quanto aos

profissionais. Portanto, deve-se salientar a importância das normas de Biossegurança.

Sendo assim, este trabalho destaca a necessidade do profissional obter maiores

informações sobre a percepção e observação de seus clientes com relação a diversos aspectos de

Biossegurança. O objetivo desta pesquisa é analisar o nível de conhecimento que os

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consumidores de serviços de beleza possuem em relação às normas de Biossegurança na cidade

de Itajaí/SC, compilando dados estatísticos que podem servir de fonte de pesquisa bibliográfica

na área de Cosmetologia e Estética. A partir das informações obtidas, foi elaborado um folheto

contendo algumas diretrizes de Biossegurança aplicáveis aos estabelecimentos e aos

freqüentadores destes estabelecimentos.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Um dos principais objetivos da Política Nacional de Relações de Consumo é proteger a

saúde e a segurança dos consumidores, sendo este objetivo um direito básico do consumidor:

“Art. 6º -são direitos básicos do consumidor: 1- a proteção da vida, saúde e segurança contra os

riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos

ou nocivos (...)”.

Biossegurança no estabelecimento

Em qualquer estabelecimento de beleza deve haver uma estrutura que assegure o

desenvolvimento correto das atividades ali desenvolvidas e que vise a segurança e saúde tanto

para o cliente, quanto ao profissional.

Conforme Resolução n.50 de 21/02/2002 da ANVISA, todos os estabelecimentos deverão

possuir em suas dependências pisos e paredes de superfície lisa, composta de material compacto,

impermeável e lavável, além possuir instalações devidamente conservadas e asseadas. Deve-se,

ainda, haver um planejamento adequado sobre a disposição dos mobiliários a fim de manter uma

boa circulação, limpeza e manutenção. Os mobiliários devem ser feitos de material impermeável

à água e resistente a ação de desinfetantes. A iluminação precisa ser adequada para todas as

atividades, sendo recomendável um bom grau de claridade no nível das superfícies de trabalho,

enviando-se reflexos e/ou luz ofuscante.

Limpeza e desinfecção do ambiente de trabalho

A limpeza e desinfecção do ambiente devem estar de acordo com as normas de

Biossegurança, visando sempre o bem estar da relação profissional-cliente. O sucesso de um

processo de limpeza e/ou desinfecção do ambiente, incluindo chão, pisos, paredes, bancadas,

móveis e equipamentos depende de uma variedade de fatores relativos à natureza, estrutura

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fisiológica e antigenicidade dos microrganismos, bem como da estrutura química, concentração,

tempo de exposição e mecanismo de ação antimicrobiana dos agentes químicos utilizados. Os

microrganismos variam quanto à susceptibilidade aos agentes químicos, em função de diversos

fatores acima mencionados (GUNDALINI, 1997). Um número considerável de agentes químicos

é utilizado nos estabelecimentos de saúde e beleza, sendo os mais utilizados: etanol 70%,

hipoclorito de sódio em concentrações de 1 a 5% e clorhexidine a 2%. Entretanto não existe um

desinfetante que atenda a todas as necessidades desejadas. Na escolha do desinfetante deve-se

levar em consideração aspectos como: ação, toxidade, estabilidade, finalidade e natureza do

material a ser tratado (NESTER et al, 1998).

Segundo Teixeira e Valle (1996, p. 139), desinfecção é um processo que diminui o

número de microrganismos patogênicos de seres inanimados, mas não necessariamente os

esporos, tornando-os livres da maioria das formas microbianas patogênicas. A atividade

antimicrobiana é diretamente relacionada ao número de microrganismos presentes. Quanto maior

a carga, maior o tempo de exposição necessário para destruí-la. Assim, uma limpeza prévia

escrupulosa, visando reduzir o número de microrganismos, é de grande interesse para o processo

de desinfecção.

Limpeza, desinfecção e esterilização de artigos em estabelecimentos de beleza

O consumidor de serviços de beleza deve estar consciente da existência de uma série de

riscos físicos, químicos e biológicos a que pode estar sujeito, caso o profissional da área da

beleza não tenha cuidados de prevenção básicos, como higiene, assepsia e esterilização dos

artigos utilizados em sua profissão. Relacionando as doenças patogênicas que podem ser

ocasionadas por contaminação direta do profissional e do cliente, destacam-se as micoses (de

pele e anexos cutâneos), hepatite (B e C), AIDS, além de outras doenças.

A limpeza dos artigos e utensílios antes da desinfecção e/ou esterilização é de suma

importância para a eficácia dos últimos processos. A limpeza consiste na remoção da sujidade de

qualquer superfície, diminuindo a quantidade de microrganismos existentes, e deve ser realizada

em água corrente, com detergente e ação mecânica ( RAZABONI, 2004).

De acordo com o Ministério da Saúde (2004, p. 11), os artigos podem ser classificados da

seguinte maneira:

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- ARTIGOS CRÍTICOS: São artigos destinados à penetração através da pele e mucosas

adjacentes. Fica indicado sempre a esterilização com todas as etapas que incluem este processo.

- ARTIGOS SEMI-CRÍTICOS: São os que tem contato com pele ou mucosa íntegras, mas que

para garantir seu múltiplo uso devem passar pelo reprocessamento na forma de desinfecção de

alto nível ou esterilização.

- ARTIGOS NÃO-CRITICOS: Os artigos destinados ao contato com a pele íntegra. Devem ser

desinfetados, dependendo do uso a que se destinam ou do último uso realizado.

Esterilização, segundo Razaboni (2004), é um processo que elimina todos os

microrganismos: esporos, bactérias, vírus, fungos e protozoários. A esterilização refere-se à

completa eliminação de patógenos, agentes biológicos com capacidade de reprodução ou

potencial infeccioso.

A desinfecção é feita por desinfetantes e antissépticos, enquanto a esterilização pode ser

realizada através do calor seco (estufa ou forno Pasteur) ou de calor úmido (autoclave)

(RAZABONI, 2004). O calor úmido utiliza a temperatura de 121 a 132 °C sob pressão, em tempo

de 15 a 30 minutos e tem como vantagem o fácil manuseio, enquanto que o calor seco utiliza a

temperatura de 170 °C por 1 hora ou 2 horas a 160 °C – sem interrupções durante o processo.

Em estabelecimentos de beleza, artigos como alicates, espátulas, palitos de inox, tesouras

e pinças devem ser esterilizados, seguindo rigorosamente o processo, evitando assim o risco de

contaminação tanto para o profissional quanto aos clientes. Outros artigos como pentes, escovas

entre outros, devem ser submetidos aos processos de limpeza e desinfecção através de produtos

específicos.

Limpeza e assepsia das mãos

Outro processo importantíssimo dentro das condutas de Biossegurança é a higienização

das mãos. Oppermann e Pires (2003, p.9) citam que a lavagem rotineira das mãos com água e

sabão, elimina além da sujidade visível ou não, a maioria dos microrganismos que se aderem à

pele durante o desenvolvimento de atividades, mesmo estando a mão enluvada. A lavagem das

mãos é a principal medida de bloqueio da transmissão de germes. Devemos lavar as mãos

sempre, antes de iniciarmos uma atividade e logo após seu término [...].

Utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e Proteção Coletiva (EPC’s)

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Os consumidores dos serviços de beleza devem estar cientes e exigir que todo o

profissional da área faça uso de EPIs durante alguns procedimentos específicos como: limpeza de

pele, depilação, manicura (o) e pedicura (o), podologia, aplicação de produtos cosméticos,

quando estão expostos a uma grande variedade de microrganismos que podem causar doenças

infecto-contagiosas e também quando manuseiam produtos tóxicos como amônia e outros.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego em sua Norma Regulamentadora 6 – da

portaria 3.214/1978, é considerado Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo dispositivo

ou produto, de uso individual utilizado pelo profissional, destinado à proteção de riscos

suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde do profissional e do cliente. Estas barreiras

protetoras evitam o contato direto com microrganismos e matéria orgânica. São exemplos de

EPIs: luvas, gorros, aventais, óculos de proteção e máscaras.

- Gorro: o uso do gorro oferece uma barreira mecânica para a possibilidade de contaminação dos

cabelos, através de secreções que possam espirrar, além de evitar que microrganismos possam

colonizar os cabelos do profissional. Guandalini et al (1997,p.13) citam que os gorros devem ser

descartados em lixo contaminado, devendo ser trocados em atendimentos sempre que houver

necessidade devido ao suor e as sujidades.

- Avental: fornece uma barreira de proteção e reduz a oportunidade de transmissão de

microrganismos. Previne a contaminação da roupa dos profissionais, protegendo a pele da

exposição a fluidos como sangue, exsudatos e secreções orgânicas. Devem, ser trocados sempre

que houver sujidade e contaminação visível. Seu uso deve ser restrito ao local de trabalho e nunca

guardado com objetos pessoais.

- Máscara: a máscara representa uma importante forma de proteção das mucosas da boca e do

nariz contra ingestão ou inalação de microrganismos e alguns tipos de produtos químicos. A

máscara representa uma das importantes medidas de proteção individual, pois protege a vias

superiores contra microrganismos presente durante a fala , tosse ou espirros.

- Óculos de Proteção: segundo Guandalini et al (1997, p.17), os óculos de proteção devem ser

usados para evitar que o sangue, exsudatos (como pus ou secreções como a saliva) e partículas

atinjam os olhos do profissional durante o atendimento, visto que os olhos possuem menor

barreira de proteção que a pele. Os óculos devem ser fechados lateralmente, lavados e

desinfetados.

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- Luvas: sua utilização é uma medida de proteção tanto para o profissional quanto ao cliente,

sempre que houver a possibilidade de contato com sangue, secreções, mucosas e tecidos. Devem

ser trocadas a cada cliente. De acordo com Guandalini et al (1997, p.18) as luvas servem como

barreira mecânica para as mãos, sendo consideradas como uma “segunda pele”. As mãos devem

ser lavadas antes e após calçar as luvas, que devem ser descartadas a cada procedimento em lixo

contaminado.

Na realização de determinados procedimentos em estabelecimentos de beleza, como

estética facial, a alta rotatividade no atendimento e o contato profissional-cliente muito próximo e

prolongado, fazem com que o risco de exposição do esteticista a microrganismos provenientes do

cliente e vice-versa, ocorra por meio de secreções como a saliva; fluídos como sangue, exsudatos

provenientes da extração de acnes ou por meio de lesões na pele, seja aumentado

(SHMIDLIN,2005). Portanto, em procedimentos como este, a maioria dos EPIs citados devem

ser utilizados.

Os kits de primeiros socorros devem estar disponíveis em todos os setores e constar de

material necessário para tratamentos de pequenos ferimentos na pele ocorridos na área de

trabalho. Os funcionários devem ser treinados para a utilização, visando sempre a proteção contra

uma possível emergência.

Os extintores de incêndio nos estabelecimentos de beleza devem estar visíveis, bem

sinalizados, em local acessível a todos e com sua carga hidrostática válida. Extintores de incêndio

para produtos químicos (extinores PQS de pó), eletricidade (extintores a gás CO2) e para papéis

(extintores de água comprimida).

Gerenciamento de Resíduos

A preocupação com o descarte de resíduos gerados em estabelecimentos de beleza, como

o lixo tóxico (lixo químico), o lixo contaminado com fluídos orgânicos (lixo biológico), o lixo

comum e o lixo reciclável, também faz parte das condutas e normas de Biossegurança.

A ANVISA, através da RDC 306 (2004), dispõe sobre o Regulamento Técnico para o

gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Este gerenciamento constitui em um conjunto de

procedimentos planejados e implementados a partir de bases científicas, técnicas e normativas

legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos gerados, estabelecer um

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encaminhamento seguro de forma eficiente, visando a proteção dos trabalhadores e do meio

ambiente.

A manejo dos resíduos é entendido como a ação de gerenciar os mesmos em aspectos

intra e extra estabelecimento, desde a geração até a disposição final, incluindo as seguintes

etapas: segregação, acondicionamento, identificação, transporte e destino final (tratamento do

resíduo).

Os resíduos gerados estão classificados nos seguintes grupos:

- Grupo A: resíduos biológicos resultantes de atividades que envolvam microrganismos vivos ou

atenuados, ou secreções e material biológico, como algodões, gazes, lençóis, cabelos, ceras e

outros materiais. Este tipo de resíduo deve ser acondicionado em saco constituído de material

resistente a ruptura, a punctura e vazamento, impermeável, respeitando os limites de peso de cada

saco, sendo proibido o esvaziamento e reaproveitamento, utilizando-se de símbolo e frase Risco

biológico.

- Grupo B: resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar riscos à saúde pública

ou ao meio ambiente, dependendo de suas característica de inflamabilidade, corrosividade,

reatividade e toxidade. Este material deve ser acondicionado em saco constituído de material

resistente a ruptura, a punctura e vazamento, impermeável, respeitando os limites de peso de cada

saco, sendo proibido o esvaziamento e reaproveitamento, utilizando-se de símbolo e frase Risco

químico.

- Grupo D: são resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou

ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. Devem ser separados em

sacos de lixo normal, impermeáveis e obedecendo a capacidade máxima de preenchimento

estabelecido pelo fabricante. Não precisam necessariamente ser identificados, mas se for o caso

devem ser identificados utlizando-se o código de cores e suas correspondentes nomeações,

baseadas na Resolução CONAMA nº 275/2001, e símbolos de tipo de material reciclável: azul

(papel), amarelo (metais), verde (vidros), vermelho ( plástico) e marrom (orgânicos).

- Grupo E: resíduos perfuro-cortantes ou escarnificantes. Ex. agulhas, lâminas de barbear, bisturi

(podológico). As agulhas descartáveis devem ser desprezadas imediatamente após seu uso, sendo

proibido reencapá-las ou proceder a sua retirada manual. Devem ser acondicionadas em

recipientes constituídos de material rígido e resistente. A sua identificação deve ser com o

símbolo internacional de risco biológico, acrescido da inscrição pérfuro-cortante.

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METODOLOGIA

Este trabalho constitui-se em uma pesquisa bibliográfica associada a um levantamento de

dados sobre o conhecimento dos consumidores dos serviços de beleza, em relação às normas de

Biossegurança. O trabalho utilizará como metodologia um estudo quantitativo, cujos dados serão

coletados a partir da aplicação de um questionário.

O questionário aplicado é do tipo fechado, sendo constituído de 12 questões sobre

diversos tópicos de Biossegurança em Cosmetologia e Estética a serem observados pelos

consumidores de serviços de beleza (anexo 1). Após preenchimento do questionário, os

participantes receberam um folheto informativo, que foi repassado como contra-partida. Este

folheto (anexo 2) contém informações claras e concisas sobre as questões abordadas no

questionário, como uma forma de conscientização da população que busca este tipo de serviço.

O universo da pesquisa envolve os clientes de cinco salões de beleza situados em

Itajaí/SC, devidamente cadastrados nos órgãos públicos, como prefeitura e ANVISA e que

mostraram interesse em participar deste trabalho. Em média, circulam cento e setenta clientes ao

mês em cada um dos cinco salões, totalizando 850 clientes.

A amostra foi composta a partir deste universo, com margem de erro de cinco por cento, o

que remete a um total de duzentos e setenta e dois questionários, sendo cinqüenta e quatro para

cada estabelecimento. Não foi feita comparação entre as respostas obtidas entre os clientes dos

cinco salões, devido à homogeneidade do público-alvo. Somente foram incluídos na análise os

questionários legíveis e preenchidos em sua totalidade.

A análise dos dados foi realizada através do programa Excel 5.0/95, com a elaboração de

gráficos e tabelas que permitiram apresentar de forma clara e sucinta os resultados obtidos. Após

analisadas, as questões propostas no questionário foram discutidas com base em literatura

científica, normas técnicas e resoluções.

Para Martins e Danaire (1990) citados por Labes (1998). “A estatística é uma parte da

matemática aplicada que fornece métodos para a coleta, a organização, a descrição, a análise e a

interpretação de dados quantitativos e a utilização destes dados para a tomada de decisões”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Do universo teórico de 850 consumidores que circulam em 5 salões credenciados em

Itajaí/SC, com uma margem de erro de 5%, totalizaram-se 272 questionários, sendo 54 para cada

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estabelecimento. Houve uma perda de 135 questionários, o que se deveu ao preenchimento

incorreto ou incompleto, chegando-se ao número final de 137 questionários que puderam ser

trabalhados.

De acordo com as respostas obtidas nos questionários aplicados, observou-se que 51%

dos entrevistados não conhecem o significado das normas de Biossegurança (tabela 1).

Biossegurança, segundo Cruz (2003) consiste em um conjunto de ações voltadas para a

prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção,

ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, as quais possam comprometer a

saúde do homem, dos animais e das plantas, do ambiente ou da qualidade dos trabalhos

envolvidos. Porém, ao deparar-se com a segunda questão do questionário (anexo 1), a qual

menciona aspectos como limpeza, desinfecção e esterilização, uso de materiais descartáveis,

utilização de EPIs pelos profissionais da área da beleza, 98% dos consumidores afirmam que se

preocupam com esses aspectos. Isto significa que os entrevistados se preocupam com esses itens,

mas não relacionam-nos com as normas de Biossegurança. Os profissionais da área devem

orientar melhor seus clientes sobre a adoção de normas de Biossegurança em seus

estabelecimentos, mostrando e explicando as medidas adotadas.

Quanto às medidas de Biossegurança adotadas nos estabelecimentos de beleza, 92% dos

entrevistados (n=126) responderam que observam se o local é ventilado, 96% (n=131)

responderam que observam se o local é iluminado e 82.% observam os revestimentos de pisos e

paredes. A RDC 50 (2002) preconiza que os estabelecimentos da área da saúde devem ser bem

iluminados, ventilados e construídos com materiais lisos e resistentes a produtos químicos

desinfetantes. O público-alvo demonstrou estar atento a essas questões básicas de Biossegurança.

Com relação à limpeza e sanitização do ambiente, item imprescindível aos

estabelecimentos de beleza, 99% (n=136) dos entrevistados observam a limpeza do chão, 96%

(n=132) observam a limpeza dos banheiros, 98% (n=134) responderam que observam a limpeza

das bancadas e 93% (n=128) observam a limpeza dos equipamentos mobiliários em geral. O

sucesso de um processo de limpeza e/ou desinfecção do ambiente, incluindo chão, pisos, paredes,

bancadas, móveis e equipamentos depende de uma variedade de fatores relativos à natureza,

estrutura fisiológica e antigenicidade dos microrganismos, bem como da estrutura química,

concentração, tempo de exposição e mecanismo de ação antimicrobiana dos agentes químicos

utilizados (GUNDALINI, 1997).

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Quanto ao uso de materiais descartáveis utilizados pelos profissionais, 74% (n=101)

observam o descarte de algodões e gazes, 60% (n=82) observam o descarte das lixas, 58% (n=80)

observam o descarte de palitos, 71% (n=97) observam o descarte de protetores de bacias para

mãos e pés, 45% (n=61) observam o descarte de lençóis e 63% (n=86) observam o descarte de

ceras de depilação, demonstrando, ainda uma relativa falta de atenção dos consumidores com

relação à utilização de utensílios descartáveis pelos profissionais.

A questão relacionada à utilização de métodos de esterilização de artigos críticos como

alicates, pinças e espátulas, 72% (n=107) dos entrevistados afirmam ter conhecimento destes

métodos, enquanto que 28% (n=30) não conhecem. Estes artigos críticos devem ser

rigorosamente limpos e esterilizados nos estabelecimentos de beleza, a fim de evitar propagação

de microrganismos e infecções tanto em clientes quanto em profissionais. Segundo Razaboni

(2004), esterilização é um processo que elimina todos os microrganismos: esporos, bactérias,

vírus, fungos e protozoários, podendo utilizar calor seco (estufa ou forno Pasteur) ou de calor

úmido (autoclave).

A higienização rotineira das mãos do profissional antes e depois dos procedimentos é um

processo simples e barato, que evita a propagação de contaminação cruzada, mas é neglicenciado

pela maioria dos profissionais da área da beleza. Durante a pesquisa, 80% (n=110) dos

entrevistados observam a higienização das mãos dos profissionais antes e depois de cada

procedimento, sendo que 20% (n=27) não observam, sendo um percentual ainda elevado de não

observância deste procedimento.

A utilização de EPIs pelos profissionais da área da beleza constitui uma barreira protetora

capaz de evitar o contato direto com microrganismos e matéria orgânica, protegendo os

profissionais e clientes durante o tratamento estético. Algumas atividades da área da beleza

requerem o uso de EPIs, como manicura (o), pedicura (o) e podologia, estética facial, depilação,

entre outros. Entre os 137 entrevistados, 57% (n=78) observam o uso de máscara pelos

profissionais, 82% (n=112) observam o uso de jalecos, 76% (n=104) observam o uso de luvas e

34% (n=46) observam o uso de gorros.

Quanto ao uso de equipamentos de proteção coletiva, 50% (n=69), observam a presença

de extintores de incêndio, e 32% (n=44) observam a existência de kits de primeiro socorros nos

estabelecimentos. Apesar de ser um item obrigatório nos estabelecimentos de beleza, a presença

de extintores nos estabelecimentos é pouco observada pelos clientes.

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Os estabelecimentos de beleza são geradores de diversos tipos de resíduos, tais como

resíduos químicos (frascos de tinturas, alisantes capilares e outros), resíduos biológicos, como

ceras usadas, EPIs, lençóis, algodões e gazes contaminadas com material orgânico; resíduos

recicláveis, além de resíduos pérfuro-cortantes, como agulhas e navalhas. Segundo a RDC 306

(2003), todo estabelecimento gerador é responsável pela segregação, armazenamento,

identificação e descarte adequados dos resíduos. Dos consumidores entrevistados 29% (n=40),

afirmam que observam a separação do lixo químico, 26% (n=36), observam a separação do lixo

biológico, 30% (n=41) observam a separação do lixo reciclável e 28% (n=38) observam a

separação do lixo pérfuro-cortante. Esta pesquisa comprova o descaso da população consumidora

de serviços da beleza quanto ao destino do lixo gerado.

De uma forma geral, os entrevistados demonstraram que se interessam e observam pela

maioria dos itens relacionados à Biossegurança nos estabelecimentos de beleza, como a

preocupação com a ventilação, iluminação e revestimento do estabelecimento, limpeza e

sanitização do ambiente, uso de artigos descartáveis, observação dos métodos de esterilização de

artigos, utilização de EPIs. Outras questões de Biossegurança são pouco observadas pelos

consumidores, como o gerenciamento de resíduos e utilização de EPCs.

Tabela 1. Resultados obtidos em entrevista aos consumidores de estabelecimentos de beleza em

Itajaí/SC sobre a percepção na utilização de requisitos de Biossegurança nestes estabelecimentos.

GERAL

SIM (%) NÃO (%)

Conhecimento sobre o significado das normas de Biossegurança 51 49

Preocupação com itens como limpeza, desinfecção e esterilização, uso de materiais descartáveis, utilização de jalecos, luvas e outros Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) pelos profissionais da área da beleza

98 2

ESTABELECIMENTO

Ventilação 92 8

Iluminação 96 4

Revestimento de pisos e paredes 82 18

LIMPEZA E SANITIZAÇÃO DO AMBIENTE

Chão 99 1

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Banheiros 96 4

Bancadas 98 2

Equipamentos e mobiliário em geral 93 7

DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO DE ARTIGOS

Observação no uso de artigos descartáveis:

Lixas

Palitos

Protetores de bacias para pés e mãos

Lençóis

Algodões e gazes

Ceras de depilação

60

58

71

45

74

63

40

42

29

55

26

37

Conhecimento dos métodos de esterilização de artigos críticos 72 28

UTILIZAÇÃO DE EPIs e EPCs

Observação da higienização das mãos do profissional 80 20

Observação do uso de EPIs pelo profissional

Máscaras

Jaleco

Luvas

Gorros

57

82

76

34

43

18

24

66

Observação do uso de EPCs no estabelecimento

Extintores de incêndio

Kits de primeiros socorros

50

32

50

68

GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS

Químico (frascos de produtos químicos como: tinturas, alisantes capilares) 29 71

Biológico (ceras usadas, EPI’s, lençóis, algodões e gazes contaminadas com

material biológico).

26 74

Reciclável 30 70

Pérfuro-cortante (agulhas e navalhas) 28 72

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Encontrou-se resistência por parte de alguns estabelecimentos de Itajaí em participar da

pesquisa, provavelmente por se sentirem ameaçados pelo não cumprimento de normas e condutas

de Biossegurança. Dificuldades também foram encontradas no preenchimento dos questionários:

muitos não foram respondidos em sua totalidade, e, em outros, encontraram-se respostas

contraditórias, invalidando muitos questionários.�

Durante a realização deste trabalho de pesquisa, percebeu-se a preocupação dos

consumidores de serviços da beleza com relação a diversos aspectos relacionados à

Biossegurança, embora aproximadamente metade dos entrevistados não saibam o significado do

termo Biossegurança. �

A maioria dos consumidores de serviços de beleza demonstrou observar aspectos

relacionados à iluminação, ventilação, revestimento de pisos, paredes e mobiliários, à limpeza e

sanitização do estabelecimento, higienização das mãos do profissional e demonstraram conhecer

os métodos de esterilização, porém, constatou-se que a maioria dos freqüentadores não estavam

atentos ao uso de produtos descartáveis pelo estabelecimento, principalmente lixas de unha,

palitos e lençóis descartáveis. Também ocorreu a inobservância da utilização de EPIs pelos

profissionais, especialmente gorros e máscaras. Quanto à utilização de EPCs, como extintores de

incêndio e Kits de primeiros socorros, percebeu-se negligência por parte dos entrevistados. O

resultado obtido durante a pesquisa com relação ao gerenciamento de resíduos gerados nos

estabelecimentos de beleza comprova o descaso dos consumidores com o comprometimento do

profissional da beleza com relação à separação, identificação e descarte do lixo produzido. �

Estes resultados não devem, porém, desencorajar o profissional da beleza quanto à adoção

de normas de Biossegurança. Ao contrário, o profissional deve implantar e seguir estas condutas

em seu estabelecimento, divulgando e esclarecendo as dúvidas do consumidor. O profissional

deve mostrar e explicar as medidas que adota em seu estabelecimento, utilizando-as como um

diferencial. A prática de conscientização do consumidor com relação às condutas de

Biossegurança agrega valor às atividades realizadas pelo profissional desta área, pois o trabalho

realizado dentro dos padrões de higiene demonstra capacitação, conhecimento e profissionalismo. �

Esta pesquisa demonstrou que o consumidor ainda não possui “olhos críticos” para

perceber todas as medidas que devem ser adotadas nos estabelecimentos de beleza, sendo, ainda,

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facilmente seduzido por um “lay-out” bonito e moderno e pela comodidade do atendimento

domiciliar, que, com certeza não adota todas as normas necessárias, como esterilização de artigos

críticos.�

Além de segurança aos profissionais e clientes, um estabelecimento que adota as normas

de Biossegurança deve ser reconhecido pelo consumidor e este deve estar ciente do valor

agregado a este serviço. Entretanto, ainda há um longo caminho a ser trilhado, tanto por

profissionais quanto por clientes para que a implantação das normas de Biossegurança seja

implantada de fato nos estabelecimentos de beleza e para que o consumidor destes serviços

realmente dê o devido valor aos estabelecimentos que adotam essas condutas.�

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REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS

ANVISA – Regulamento técnico para gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, RDC 306,07/12/2004. ANVISA - Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físico de estabelecimentos assistenciais de saúde. RDC nº 50, de 21/02/2002. GUNDALINI, L. S. et al. Como controlar a infecção na odontologia. Londrina: Gnatus, 1997. HINRICHSEN, S.L.Biossegurança e controle de infecções. São Paulo: MEDSI, p.4, 2004. LABES; E.M. Questionário: do planejamento à Aplicação na pesquisa. Chapecó: Grifos,1998. MINISTÉRIO DA SAÚDE – Coordenação de controle de infecção Hospitalar. Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde. 2. ed. Brasília, 2004. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de exposição Ocupacional - Recomendações para atendimento e acompanhamento de exposição ocupacional e material biológico: HIV e Hepatites B e C. Brasília, 2004. Disponível em: http://www.aids.gov.br/data/documentos/storedDocuments/%7BB8F5DAF-23AE-4891-AD36-1903553A3174%7B9475AA3B-8D39-451F-96B1-61E3043837788%7D/manual_acidentes%final.pdf. Acessado em 24/08/2007. MINISTÉRIO DO TRABALHO E DO EMPREGO. NR 06 – Equipamentos de Proteção Individual – EPI. Disponível em: http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_06.pdf . Acessado em: 24/08/2007. MINISTÉRIO DO TRABALHO E DO EMPREGO. NR 23 –Proteção contra Incêndios (123.000-0). Disponível em: http://wwww.mte.gov.br/legislação/normas_regulamentadoras/nr_23.asp> Acessado em: 24/08/2007. NESTER, E.W. et al. Microbiology: a Human Perspective. 2ed. Bostons, Massachusetts: McGraw-Hill,1998. OPPERMANN,C.M; PIRES,L.C. Manual de Biossegurança para Services de Saúde, Porto Alegre: PMPA/SMS/GGVS,2003. RAZABONI; A.M. Biossegurança. São Paulo. Disponível em: <http:www.forp.usp.br/restauradora/dentistica/temas/biossegurança/biossegurança.pdf. acesso em 21 de Agosto de 2007. SHMIDLIN, K. C. S. Biossegurança na Estética: Equipamentos de proteção Individual – EPI’s. Revista Personalitê. São Paulo, Ano VIII, n.44, p.80-101, Dez.2005/Jan.2006.

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VALLE, S.;TEIXEIRA,P. Biossegurança: Uma abordagem Multidisciplinar. 1ª ed. Rio de Janeiro: Fiocruz,1996.

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ANEXOS

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QUESTIONÁRIO

Você tem conhecimento sobre o significado das normas de Biossegurança? SIM ( ) NÃO ( ) Você se preocupa com itens como limpeza, desinfeção e esterilização, uso de materiais descartáveis, utilização de jalecos, luvas e outros Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) pelos profissionais da área da beleza? SIM ( ) NÃO ( ) Você consumidor de serviços de Cosmetologia e Estética, ao freqüentar esses estabelecimentos observa: COM RELAÇÃO AO ESTABELECIMENTO Se o local é ventilado? SIM ( ) NÃO ( ) O local é iluminado? SIM ( ) NÃO ( ) Os pisos e paredes são revestidos e laváveis? SIM ( ) NÃO ( ) COM RELAÇÃO À LIMPEZA E SANITIZAÇÃO DO AMBIENTE Você observa a limpeza do ambiente: Chão SIM ( ) NÃO ( ) Banheiros SIM ( ) NÃO ( ) Bancadas SIM ( ) NÃO ( ) Equipamentos Imobiliários em geral SIM ( ) NÃO ( ) COM RELAÇÃO À ASSEPSIA, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO DOS ARTIGOS Você tem conhecimento quanto ao material utilizado pelos profissionais, se são descartáveis? Quais? SIM ( ) NÃO ( ) ( ) Lixas ( ) Palitos ( ) Protetores de bacias para pés e mãos ( ) Lençóis ( ) Algodões e gazes ( ) Ceras de depilação Você conhece os métodos de esterilização utilizado para objetos como alicates, pinças, espátulas? SIM ( ) NÃO ( )

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QUANTO À UTILIZAÇÃO DE EPI’s E EPC’s Você observa a higienização das mãos do profissional antes e depois de qualquer procedimento? SIM ( ) NÃO ( ) Você observa o uso de equipamentos de proteção individual ( EPI’s) nesses estabelecimentos? Quais? Máscara SIM ( ) NÃO ( ) Jaleco SIM ( ) NÃO ( ) Luvas SIM ( ) NÃO ( ) Gorros SIM ( ) NÃO ( ) Você observa equipamento de proteção coletiva (EPC’s) no local? Extintores SIM ( ) NÃO ( ) Primeiros socorros SIM ( ) NÃO ( ) COM RELAÇÃO AO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS Você observa no local a separação do lixo? SIM ( ) NÃO ( )--------------- ( ) Químico (frascos de produtos químicos como: tinturas, alisantes capilares). ( ) Biológico (ceras usadas, EPI’s, lençóis, algodões e gazes contaminadas com material biológico). ( ) Reciclável ( ) Perfuro-cortante ( Agulhas e navalhas)

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Modelo de folheto informativo distribuído aos participantes da pesquisa. Você participou de uma pesquisa realizada pelas acadêmicas Paloma e Eni do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí intitulado - “Percepção dos Consumidores de Serviços de Beleza em Relação às normas de Biossegurança Utilizadas em Estabelecimentos de Beleza em Itajaí/SC”.

A preocupação da saúde dos profissionais-clientes na área de cosmetologia e estética é muito grande, por isso deve haver a a observação mais atenta e enfocada nas normas de biossegrança. A Biossegurança, consiste no conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços que possam comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente, ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. A qualidade dos serviços prestados evidencia a necessidade da padronização das atividades realizadas em centros de tecnologia em beleza, sendo os consumidores destes serviços devem saber que as condutas dentro de normas de Biossegurança asseguram ao profissional-cliente a prática correta de suas atividades, minimizando os riscos químicos, físicos e de contaminação biológica. Estes devem ser os cuidados observados nos estabelecimentos:

• Área: O local deve ser bem iluminado e ventilado. Os pisos e paredes devem ser revestidos de material resistente e lavável. Deve haver um local para a preparação das químicas. Os sanitários devem ser separados para os clientes e funcionários.

• limpeza do ambiente O consumidor deve perceber o ambiente limpo e agradável, principalmente sanitários, bancadas, equipamentos, chão e mobiliários em geral.

• Gerenciamento de Resíduos: Observe se o estabelecimento tem a preocupação em separar, identificar e descartar corretamente os resíduos gerados, especialmente resíduos químicos ( frascos de produtos químicos como: tinturas, alisantes capilares), e biológicos (ceras usadas, EPI’s, lençóis, algodões e gazes contaminadas com material biológico) e recicláveis.

• A assepsia, desinfecção e esterilização dos artigos:

- As toalhas devem ser de uso individual ( para cada cliente), e devem estar perfeitamente limpas, e de preferência desinfetadas - Materiais perfuro-cortantes, como alicates espátulas, pinças e outros devem apresentar-se estéreis, de preferência em estufa (170 ºC por uma hora) ou autoclave (121 ºC por 15 minutos, a 1atm). Proucure saber qual é o método de esterilização utilizado pelo estabelecimento de beleza que você freqüenta! - Os lençóis que cobrem as macas devem ser trocados a cada cliente. De preferência, devem ser descartáveis. - Alguns artigos de uso individual devem ser descartáveis: lixas e palitos de unha, algodões e gazes, protetores para bacias de manicuro e pedicuro, ceras de depilação. - As escovas e pentes de cabelo e os pincéis de maquiagem e “tinturas” devem estar limpos e desinfetados a cada utilização.

• A utilização de EPI (Equipamento de Proteção Individual) e EPC (Equipamento de Proteção Coletiva):

A higienização das mãos do profissional é fundamental antes de qualquer procedimento. Observe se o profissional faz uso dos seguintes EPI’s: -Jaleco - Luvas (em procedimentos de manicuro-pedicuro, na aplicação de produtos químicos como tinturas e alisantes, ácidos e outros, em procedimentos faciais e depilação) - Máscara e óculos de proteção: ( em procedimentos que envolvem produtos químicos como alisantes e tinturas e proximidades cliente-profissional, como maquiagem e estética facial). - Gorros: Os cabelos são fontes de contaminação, por isso alguns procedimentos requerem seu uso. Quanto aos EPC’s, observe se o estabelecimento é provido de extintores de incêncio e “Kit” de primeiros socorros. ). Em ambientes que utilizam muitos equipamentos elétricos devem existir em maior numero os extintores de CO2. os mesmo devem estar guardados em local livre, devidamente sinalizado.

��O estabelecimento que se preocupa com o meio ambiente, é um estabelecimento confiável!

AGRADECEMOS A TODOS OS CONSUMIDORES DOS SERVIÇOS DE BELEZA QUE PARTICIPARAM E CONTRIBUÍRAM COM ESTA PESQUISA. COLOCAMO-NOS A DISPOSIÇÃO DOS SENHORES PARA QUAISQUER DÚVIDAS OU ESCLARECIMENTOS. BALNEÁRIO CAMBORIÚ/SC – 2007