Palestra no ZDAY 2014

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Palestra no ZDAY LISBOA em 23.03.2014.

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Nesta palestra vou apresentar um projeto que estou a divulgar desde 2010 o qual denominei de Modelo Cooperativo Familiar. Trata-se dum novo modelo económico que tem como objetivo colocar a humanidade a cooperar em vez de competir. As palavras “modelo económico” podem dar a entender que é algo megalómano ou complicado mas na realidade é algo muito simples. E para começar vou fazer uma afirmação que poderá ser considerada polémica, que é a seguinte: a sobrevivência da vasta maioria da humanidade depende de executarmos ou não este modelo específico. E passo a explicar porquê. É bastante comum ouvir dizer ao público em geral e aos ativistas que não existe uma única solução, que existem várias, que o que importa é que caminhem na direção correta e que cada um faça o seu melhor no seu campo de atuação. Por outro lado também é frequente ouvir dizer que “estão muitos a lutar mas está cada um no seu galho”, que “cada um tem o seu projetozinho” e que “precisavam unir-se para terem força”. São duas visões opostas mas que tem origem no mesmo problema.

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E o problema está descrito nesta frase: "Tudo o que o homem não conhece não existe para ele. Por isso o mundo tem, para cada um, o tamanho que abrange o seu conhecimento."Como todos temos níveis de conhecimento diferentes temos também diferentes visões do mundo. E eu tive a felicidade de conhecer esta frase na mesma altura em que vi os meus primeiros documentários (entre os quais os do MZ) e que me fizeram perceber que havia mais caminhos para além da esquerda e da direita apresentados pelos meios de comunicação. E aí eu percebi que antes de agir o mais importante era obter o máximo de conhecimento para alargar o meu mundo o máximo possível. Conhecer bem os problemas e conhecer as soluções que as mentes mais brilhantes certamente já deviam ter pensado e defendido.

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E por isso durante 3 anos gastei cerca de 6 horas por dia a conhecer, a ver documentários, a ler livros e a analisar as partilhas de outros ativistas. E é isso que todos deveríamos fazer. A união só pode acontecer quando existir uma base de conhecimento comum. Aliás, se todos alargassem o seu conhecimento o máximo possível a união aconteceria de certeza absoluta. E digo de certeza absoluta porque todos os conteúdos que analisei até hoje, sem excepção, todas as mentes mais brilhantes, nas áreas mais diversas, chegam todos á mesma conclusão:

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a humanidade prejudica-se com a competição, a humanidade prospera com a cooperação. Poderia aqui apresentar citações sem fim com essa conclusão mas partilho apenas as palavras dum cientista bastante conhecido: "O que vemos neste exato momento é a COMPETIÇÃO e destruição mútuas, as guerras, a luta por sobrevivência e as pessoas destruindo o planeta para conseguirem alguns pedaços dele. Cada um desses movimentos é destrutivo não só para o planeta, mas para a civilização humana, pois a civilização humana PROSPERARÁ ATRAVÉS DA COOPERAÇÃO e MORRERÁ ATRAVÉS DA COMPETIÇÃO. Se você pensar a partir dessas verdades, você vai acabar chegando... na extinção que está diante de nós.“Por isso a única solução só pode ser aquela que coloque a humanidade a cooperar. Qualquer solução que não tenha como objetivo colocar todo o planeta a cooperar será sempre uma solução incompleta.

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E o problema principal das soluções incompletas, além da sua ineficácia, é que são morosas e tempo é um luxo que não dispomos. Porque no campo dos problemas também todos os conteúdos que analisei até hoje concordam no mesmo ponto: a atual civilização predadora de recursos naturais já entrou na fase de colapso e portanto avizinham-se tempos muito perigosos. Claro que todos terminam com a habitual mensagem de esperança, mas neste momento tudo aponta que seja a mesma esperança que tinha o povo mais rico da Alemanha nos comboios a caminho de Auschwitz. Não devemos encarar o futuro com otimismo, nem com pessimismo, mas com realismo. Realismo é conhecer a realidade, alargar ao máximo o nosso conhecimento, conhecer bem como funciona a sociedade e conhecer a história pois como dizia Confúcio “Se queres prever o futuro, estuda o passado.” Por isso este mundo caótico que aparenta ser tão complicado tem, quando analisado a fundo, uma única solução muito simples. Este facto facilita muito o nosso trabalho porque só precisamos despender tempo a analisar as soluções que sejam um plano que tenha como objetivo final colocar toda a humanidade a cooperar. Eu idealizei o MCF e sei que ele é o caminho indicado porque é algo extremamente simples e porque se baseia em projetos cooperativos que felizmente já existem por esse mundo fora, já bastante experimentados e que já afetam positivamente a vida de milhões de pessoas. No fundo ele apenas pega no Cooperativismo do Século 20 e adapta-o ao conhecimento do Século 21.

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MODELO COOPERATIVO FAMILIAR (MCF)O manual para a construção duma sociedade que considere todos os seres humanos como iguais, que funcione como uma FAMÍLIA

global, utilizando um Modelo económico COOPERATIVO em substituição do atual Modelo nocivamente COMPETITIVO.

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O MCF por definição é um manual para a construção duma sociedade que considere todos os seres humanos como iguais, que funcione como uma FAMÍLIA global, utilizando um Modelo económico COOPERATIVO em substituição do atual Modelo nocivamente COMPETITIVO. É como se dessemos a cada pessoa um manual com 5 regras muito simples e que ela deverá tentar executar na sua comunidade. Trata-se de ir criando cooperativas sociais para que todas as relações comerciais da comunidade sejam efetuadas através do MCF até que toda a comunidade no fundo seja uma cooperativa. O planeta é apenas a soma de milhões de comunidades locais por isso quanto mais pessoas executarem o plano na sua comunidade mais depressa o mundo estará a cooperar.Vou então passar a apresentar as 5 regras e falar um pouco sobre os projetos que já existem hoje e que já se baseiam em cada regra.

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Mas como introdução vou pegar num excerto do Documentário “Crossroads” e fazer minhas as palavras de grandes pensadores e cientistas que em 7 minutos resumem muito bem tanto a encruzilhada em que nos encontramos como a solução para sairmos dela, e que por isso é a melhor introdução que já encontrei até hoje para o projeto MCF.

http://www.youtube.com/watch?v=eAn3wiPiPbM

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1. Não tem empréstimos bancários nem aluguer de instalações.

RECURSOS APENAS PARA QUEM TRABALHA!

Nº de Famílias

Rendimento Mensal Se distribuído em recursos:

1.500.000 440,00 € Renaul Clio Comercial (1 m3)500.000 839,00 € Renault Kangoo (2,30 m3),

1.000.000 1.466,00 € Renault Traffic (5 m3) 300.000 3.744,00 € Renault Master (10 m3) 15.000 12.500,00 € IVECO (35 m3)

879 > 18.000,00 € Camião TIR

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A 1ª regra é que a empresa não pode ter custos com JUROS ou ALUGUERES. E aqui vou começar por salientar 2 pontos:O 1º é que as pessoas olham para o dinheiro como números quando deveriam olhar para ele como recursos. Porque se houver dinheiro mas não houver recursos para comprar o dinheiro não vale nada. E se eu olhar para o dinheiro como recursos vejo que: se eu comparar o Presidente da EDP que ganhou 100 mil euros por mês com as centenas de milhares de pessoas que ganham o SMN eu veria que as pessoas do SMN levantariam os seus recursos com um Renault Clio comercial enquanto que o Presidente da EDP precisaria de 3 camiões TIR para receber os seus recursos. Um quadro intuitivamente insano mas algo normal na cultura dominante.

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1. Não tem empréstimos bancários nem aluguer de instalações.

RECURSOS APENAS PARA QUEM TRABALHA!

Nº de Famílias

Rendimento Mensal Se distribuído em recursos:

1.500.000 440,00 € Renaul Clio Comercial (1 m3)500.000 839,00 € Renault Kangoo (2,30 m3),

1.000.000 1.466,00 € Renault Traffic (5 m3) 300.000 3.744,00 € Renault Master (10 m3) 15.000 12.500,00 € IVECO (35 m3)

879 > 18.000,00 € Camião TIR

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O 2º ponto é algo também muito simples e intuitivo mas também completamente oposto ao pensamento dominante. As pessoas deviam mentalizar-se deste facto muito simples: Todos os recursos / dinheiro que alguém obtenha sem trabalhar são obtidos a partir do trabalho de alguém, e isso tem um nome: escravatura. O resultado monetário da escravatura tradicional é exatamente o mesmo: o escravo trabalha e os recursos obtidos pelo seu trabalho são entregues ao seu dono.E se olharmos o mundo á luz deste facto verificamos que escravizar ou explorar os outros é o objetivo (e num sistema competitivo tem de ser) de todas as pessoas e existem inúmeros mecanismos para o fazer: juros, alugueres, lucros, dividendos, royaltis de patentes, reformas, salários elevados, etc, etc

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1. Não tem empréstimos bancários nem aluguer de instalações.

RECURSOS APENAS PARA QUEM TRABALHA!

Nº de Famílias

Rendimento Mensal Se distribuído em recursos:

1.500.000 440,00 € Renaul Clio Comercial (1 m3)500.000 839,00 € Renault Kangoo (2,30 m3),

1.000.000 1.466,00 € Renault Traffic (5 m3) 300.000 3.744,00 € Renault Master (10 m3) 15.000 12.500,00 € IVECO (35 m3)

879 > 18.000,00 € Camião TIR

• Bancos sem juros www.novacomunidade.org/jak-portugal Banca Islâmica

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Focando-nos apenas no juro, que é provavelmente o mecanismo mais nocivo á face da terra, o JURO é um mecanismo muito simples: quem tem poucos recursos paga a quem tem muitos recursos. Como é um mecanismo que aumenta a desigualdade, não admira que ele seja proibido por grandes religiões como a Islâmica, as Testemunhas de Jeová e durante muitos séculos foi mesmo proibido pela Igreja Católica. O sistema bancário nos Países Islâmicos não utiliza o juro por esse motivo, e mesmo na Europa existe um Banco que também não o utiliza que é o Banco JAK da Suécia. O Banco JAK é uma cooperativa de crédito com cerca de 40 mil membros mas cujo conceito não se conseguiu difundir porque quem lá deposita o seu dinheiro acaba por perder dinheiro. Isso acontece porque como a pessoa não recebe juros acaba por ser prejudicada por outro mecanismo escravizador invisível que é a inflação. As pessoas pensam que a inflação é um fenómeno natural como o tempo, mas a inflação é um imposto escondido sobre os mais pobres que funciona através da manipulação da quantidade de dinheiro posta a circular na economia. Alguém disse certa vez que "Ter banqueiros a tomar conta do sistema monetário é a mesma coisa que ter pedófilos a tomar conta dum infantário" e é realmente verdade. O sistema monetário está viciado duma forma tão eficaz, que as próprias vítimas desconhecem o seu funcionamento, e até o defendem como é este caso dos juros. Neste caso dos juros isso acontece porque uma grande percentagem de pessoas como não tem empréstimos e tem algum dinheiro a render tem a sensação que estão a ganhar dinheiro com esse mecanismo. Essas pessoas não sabem que cerca de 30% do valor que pagam pelos bens e serviços que adquirem é composto por rendimentos de capitais como os juros que estão incorporados no preço final dos produtos. O que resulta na prática que cerca de 80% da população mais pobre paga juros aos 10% mais ricos. São os escravos e os Senhores. Como disse Johan Goethe “Ninguém é mais escravo do que aquele que falsamente se acredita livre.”

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1. Não tem empréstimos bancários nem aluguer de instalações.

RECURSOS APENAS PARA QUEM TRABALHA! • Bancos sem juros www.novacomunidade.org/jak-portugal Banca Islâmica

Nº de Famílias

Rendimento Mensal Se distribuído em recursos:

1.500.000 440,00 € Renaul Clio Comercial (1 m3)500.000 839,00 € Renault Kangoo (2,30 m3),

1.000.000 1.466,00 € Renault Traffic (5 m3) 300.000 3.744,00 € Renault Master (10 m3) 15.000 12.500,00 € IVECO (35 m3)

879 > 18.000,00 € Camião TIR

•Moedas Alternativas www.novacomunidade.org/moedas-alternativas• Banca (semi) Ética (ou Social)

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Como esta regra incide sobre os resultados perversos do sistema monetário não posso deixar de divulgar mais 2 conceitos:1º São as Moedas Alternativas. Existem pelo mundo fora inúmeras moedas alternativas a funcionar e embora não atuem na origem do problema, tem no entanto algumas funções importantes:• Alertam a população para o problema do atual sistema monetário;• Educam os participantes através do exemplo e da prática sobre as regras básicas dum sistema monetário justo;• Permitem a satisfação de utilizar um dinheiro limpo que não explora nem empobrece ninguém nem alimenta exploradores;• Permitem realizar transações de bens e serviços sem precisar do dinheiro oficial;• E preparam a comunidade para continuar a realizar as trocas básicas necessárias à vida comunitária no caso de acontecer um colapso do sistema financeiro como tem acontecido regularmente na história. 2º São os Bancos éticos. Eu classifico-os como semi-éticos pois também usam o juro. São bancos tradicionais mas que não tem como objetivo o lucro e que tentam aplicar princípios éticos nas suas operações bancárias: não investem em fundos especulativos, não financiam empresas poluidoras ou de armamentos, são completamente transparentes e apenas financiam projetos com impacto social positivo.

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2. Lucros só podem ser aplicados no desenvolvimento da Rede

FIM DA GANÂNCIA INERENTE Á COMPETIÇÃO POR RECURSOS!

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A 2ª regra é que OS LUCROS SÓ PODEM SER APLICADOS NO DESENVOLVIMENTO DA EMPRESA OU ELIMINADOS PELA BAIXA DE PREÇOS. Este mecanismo do lucro é o principal causador dos problemas do mundo porque as empresas, e não podemos esquecer que 51 das 100 maiores unidades económicas do mundo são empresas e as restantes 49 são países, as empresas passam a ter como objetivo principal o lucro e não o bem-estar das pessoas ou o desenvolvimento humano. E isso não acontece porque os seus funcionários são maus ou egoístas mas é apenas um resultado secundário das regras do jogo competitivo. (Sobre este assunto aconselho a visualização do documentário “A CORPORAÇÃO” pois explica muito bem como as empresas tem as mesmas características da definição médica oficial de psicopatia.)Vou referir 4 projetos que já aplicam esta regra:

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2. Lucros só podem ser aplicados no desenvolvimento da Rede

FIM DA GANÂNCIA INERENTE Á COMPETIÇÃO POR RECURSOS!

• EMPRESAS SOCIAIS (Yunus)

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O 1º é o conceito de Empresa Social criado por Mohamed Yunus. Para quem não conheça, Yunus e o Banco Gramen (criado por ele em 1976) ganharam o premio nobel pela criação do microcrédito, um conceito que retirou milhões de pessoas da pobreza no Bangladesh. Mas nos últimos anos ele dedicou-se a algo mais importante. Vou citar as suas palavras no seu livro “A Empresa Social”: "Avancei do microcrédito para um conceito muito mais alargado. Este novo conceito trará uma mudança fundamental à arquitetura da nossa economia capitalista, aproximando-a de um enquadramento completo e satisfatório ao libertá-la das falhas básicas que conduzem á pobreza e a outros males sociais e ambientais: trata-se do conceito de empresa social.“ (fim de citação)Este conceito é neste aspeto o que há de mais parecido com o MCF e destaco duas regras das Empresas Sociais:1ª Os investidores só podem reaver a quantia que investiram. Ou seja quem investir mil euros numa empresa social poderá reaver mil euros - nem mais um cêntimo. Nem sequer é levada em conta a inflação.2ª regra: Quando a quantia investida for reembolsada, o lucro fica na empresa, para a sua expansão ou melhoramento.Exemplos de empresas sociais no Bangladesh:• A Grameen Phone é uma empresa de telecomunicações lançada em 1996 e em meados de 2009 tornou-se a maior empresa tributada no Bangladeche, com mais de vinte e cinco milhões de assinantes. • A Grameen Danone é uma empresa de produtos lácteos com uma produção mensal de mais de 100 Toneladas.• A Grameen Shakti (Grameen Energia) tornou-se a empresa de sistemas domésticos de energia solar de mais rápido crescimento no mundo. Como as duas principais empresas de energia e telecomunicações do Bangladesh são empresas sociais, eu fiz um pequeno exercício calculando o que pouparia cada português se apenas a Portugal Telecom e a EDP fossem Empresas Sociais: cada português pouparia por ano mais de 230 Euros. Uma família de 4 pessoas como a minha pouparia mais de 900 Euros. Sem levar em conta alugueres, salários milionários e outras mordomias, apenas lucros e juros. Isto apenas em duas empresas…

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2. Lucros só podem ser aplicados no desenvolvimento da Rede

FIM DA GANÂNCIA INERENTE Á COMPETIÇÃO POR RECURSOS!

• EMPRESAS SOCIAIS (Yunus)

• COOPERATIVAS

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O 2º conceito são as Cooperativas. O código Cooperativo define-as como "pessoas coletivas autónomas que através da cooperação visam, sem fins lucrativos, a satisfação das necessidades e aspirações económicas, sociais ou culturais dos seus membros." No Cooperativismo existem vários sectores, e sectores como Cooperativas de Produção e Cooperativas de Consumo tem regras diferentes. Focando o sector do Consumo, na Suíça metade da população é sócia de duas redes de supermercados, a Migros e a Coop, que detêm em conjunto 50% do comércio a retalho. Por exemplo um hipermercado tradicional como o Continente ou Lidl distribuem aos acionistas muitos milhões em lucros e outros milhões em salários aos gestores. Uma cooperativa como a Migros não distribui lucros (ou seja abate-os nos preços) e o salário mais alto do Grupo Cooperativo Mondragon (e aqui estamos a falar do 7º maior grupo empresarial de Espanha com mais de 80 mil trabalhadores e um volume de negócios de 13 mil milhões de Euros) o salário mais alto da Mondragon apenas pode ser 6 vezes superior ao salário mais baixo (e na década de 80 em que ela tinha praticamente o mesmo tamanho que tem hoje, apenas podia ser 3 vezes maior). Era como o Presidente da EDP, o Belmiro de Azevedo ou o Espirito Santo ganharem 1500 ou 3000 Euros por mês. Ou seja, num mundo onde os gestores chegam a ter salários 400 vezes superiores seria uma autêntica revolução…

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2. Lucros só podem ser aplicados no desenvolvimento da Rede

FIM DA GANÂNCIA INERENTE Á COMPETIÇÃO POR RECURSOS!

• EMPRESAS SOCIAIS (Yunus)

• COOPERATIVAS

• Mutualismo

• Empresas de Comunhão

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O 3º conceito é o Mutualismo. O mutualismo é um sistema privado de proteção social, muito parecido com o cooperativismo, onde o lucro também é distribuído pelos associados através da baixa de preços. O 4º conceito são as Empresas de Comunhão. Este conceito foi criado em 1991 no Brasil por Chiara Lubich (que é a fundadora do Movimento religioso dos Focolares) e atualmente existem no mundo cerca de 750 empresas. As Empresas de Comunhão são empresas tradicionais mas que colocam em comum todos os lucros da empresa segundo três finalidades de igual importância: 1/3 para a ajuda aos pobres normalmente através da criação de postos de trabalho; 1/3 para o desenvolvimento da empresa e 1/3 para a formação cultural.

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3. Salário Geral igual para todos os trabalhadores de toda a Rede. (As exceções são aprovadas democraticamente (1) pela Assembleia de toda a Rede)

RECURSOS REPARTIDOS IGUALMENTE ENTRE TODOS! • Banco do Tempo• Democracia Direta (1)

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A 3ª regra é ter salário iguais. O motivo é imitar o funcionamento duma família. É imaginar que a nossa família alargada vive numa ilha, onde cada membro tem a sua função, agricultura, pescas, tecelagem, etc e copiar o modelo que essa família utilizaria para distribuir recursos, roupas, alimentação, habitação, etc. No nosso site estão mencionadas várias empresas que já utilizam essa regra, e um projeto internacional que também utiliza esse conceito é o Banco do Tempo. No Banco do Tempo a moeda é a hora por isso todos os serviços têm o mesmo valor: por cada hora de trabalho que o Membro dá á comunidade, recebe uma hora de trabalho da comunidade. Independentemente do tipo de trabalho que se executa. Não há serviços mais valiosos que outros.Na empresa MCF poderá haver exceções a esta regra mas essas exceções terão de ser aprovadas pela Assembleia Geral onde participam todos os trabalhadores da Cooperativa, ou seja por toda a “família”. Nas Cooperativas as decisões são tomadas nas Assembleias Gerais através do método de Democracia Direta onde todos se podem expressar e onde cada cooperante tem um voto. Por isso, e á semelhança do que deveria acontecer na sociedade, não é aconselhado que as cooperativas tenham um número demasiado alto de cooperantes exatamente para que o topo da hierarquia coordenativa nunca esteja muito afastado da base. Esta regra no fundo é uma copia da regra nº2 da inexistência de lucros nas empresas. Porque embora normalmente o lucro seja associado às empresas, ele também existe entre cidadãos. Se concordarmos que todos os seres humanos devem ter um direito equitativo aos recursos terrestres, e imaginando que os humanos apenas precisariam de laranjas e se a terra tivesse uma capacidade de produção de 10 laranjas por pessoa, então se alguém quisesse ter 12 laranjas alguém teria de ficar só com 8. Ou seja alguém tinha um lucro ou enriquecia á custa de alguém que teve um prejuízo ou empobrecia. E aí a competição continua eternamente a existir, onde cada individuo ou grupo apresenta mil argumentos pelos quais se consideram merecedores de mais laranjas. Daí que também haja necessidade de eliminar a busca de lucro mesmo entre os cidadãos.

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3. Salário Geral igual para todos os trabalhadores de toda a Rede. (As exceções são aprovadas democraticamente (1) pela Assembleia de toda a Rede)

RECURSOS REPARTIDOS IGUALMENTE ENTRE TODOS! • Banco do Tempo• Democracia Direta (1)

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Para terminar esta regra não posso deixar de partilhar aquele que é para mim o livro mais importante do meu mundo que é o livro "O ESPIRITO DA IGUALDADE". Esse livro foi escrito por dois Professores Universitários Britânicos e é o resultado de vários anos de investigação sobre a relação direta entre as desigualdades de rendimento e os problemas sociais. E no seu capítulo final apontam formas alternativas para a construção duma sociedade mais justa e apresentam como alternativa principal o sistema Cooperativo. Faço uma breve citação:“Como forma de transformar as nossas sociedades, as empresas controladas pelos trabalhadores (Cooperativas) apresentam a vantagem de poderem coexistir lado a lado com estruturas empresariais convencionais. Podem coexistir novas e velhas formas empresariais: a transformação da sociedade pode começar desde já, poderemos assim embarcar numa transformação fundamental da nossa sociedade por via de uma transição ordeira, fazendo crescer a nova sociedade a partir da velha. (…) À medida que o sector das empresas controladas pelos trabalhadores se alargasse, as normas e os valores das pessoas relativamente às taxas de remuneração apropriada para diferentes trabalhos, e que diferenciais são aceitáveis, acabariam por mudar e deixaria de existir no sector privado um patronato incrivelmente rico que convida a comparações e leva as pessoas a pensar que tais salários poderiam ser justificados. Talvez esteja na altura de rejeitarmos um mundo onde as pessoas encaram a maximização dos lucros pessoais como um objetivo louvável na vida.”

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4. Valor máximo do Salário Geral definido pelos clientes (na 1ª fase)

QUANTIDADE INDIVIDUAL LIMITADA AOS RECURSOS PRODUZIDOS E DISPONIVEIS!

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A 4ª regra é que o valor do Salário Geral é definido pelos Clientes. Esta é apenas uma regra inicial de segurança e para adaptar o salário a regiões com diferentes custos de vida. No entanto este método já é utilizado de certa forma em todos os países democráticos, onde os eleitores (equivalentes a clientes) definem os salários dos trabalhadores públicos.

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5. Integração progressiva de Redes MCF até haver apenas uma Rede MCF.

COMUNIDADE(s) COM UM OBJETIVO COMUM: COOPERAR

Rede MCF

Sapataria

Super

Banco

Restaurante

PadariaFarmácia

Oficina

Combustíveis

Mediadoras

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A regra nº 5 é as empresas irem-se integrando em redes onde obviamente todas as empresas da rede utilizam as mesmas 5 regras. Esta ultima regra coloca tecnicamente as pessoas a darem as mãos, começando localmente e alargando a rede até que progressivamente toda a freguesia, todo o concelho, todo o distrito, todo o país e finalmente todo o planeta seja apenas uma rede cooperativa social gigante. No mundo já existem muitas comunidades cooperativas, o MCF apenas lhes dá um objetivo global e impede-as de competirem umas com as outras. Faz o que Torkom, que é um dos professores espirituais mais admirados do século vinte, diz no seu livro A PSICOLOGIA DA COOPERAÇÃO E CONSCIÊNCIA GRUPAL: “A ciência da cooperação deve ser ensinada para as pessoas desde sua infância e trazida até a vida adulta. Deve ser claro para todos que cooperação é uma ciência que pode substituir a psicologia das disputas, antagonismos, luta, guerra e derramamento de sangue. A vida mudará drasticamente quando as pessoas aprenderem como cooperar. A cooperação não pode continuar através da imposição, força ou técnicas totalitárias. As pessoas devem ter uma visão, entendê-la e olhar meios de realizá-la. Os indivíduos devem formar grupos e esses devem formar grupos maiores, até que todos os grupos se tornem uma humanidade, tendo desenvolvido uma consciência global. Essa é a maneira como a dor, sofrimento e destruição podem ser eliminados de nosso planeta no futuro. Todos os recursos do globo podem, então, ser usados para guiar a humanidade para um estado ainda mais elevado de consciência.”

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Vou terminar a apresentação com uma brincadeira, vou apresentar o spot publicitário para as primeiras cooperativas MCF e para isso pedi a ajuda dum ativista mundialmente conhecido e que vai proferir as palavras finais desta apresentação resumindo muito bem tanto a situação perigosa em que a humanidade se encontra bem como a solução prática de adaptarmos o modelo económico que utilizamos. Obrigado.

http://www.youtube.com/watch?v=AlfiXGlkW8Q