Pais & Filhos – Nº 299 Dezembro (2015)

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VESTIDOS PARA A FESTA MODA Só o instinto não chega N. 299 dezembro 2015 www.paisefilhos.pt PRESENTES INDESEJADOS Podemos recusar? CONSTIPAÇÕES Elas estão aí! SOS NATAL COMO “SOBREVIVER” AO STRESSE PARTO Leve as suas músicas preferidas EDUARDO SÁ “Para que serve o Pai Natal?” CARTA Gonçalo M. Tavares ao PAI NATAL FELIZES PARA SEMPRE? Sim, é possível! EPISIOTOMIA ESTIMULAR A GENEROSIDADE CASTIGOS BELEZA ROTEIRO LEITURAS LIFESTYLE Natal Ajude-os a acreditar na magia! mensal PVP continente 3.50€

Transcript of Pais & Filhos – Nº 299 Dezembro (2015)

  • VESTIDOS PARA A FESTA

    MODA

    S o instinto no chegaN. 299

    dezembro 2015

    www.paisefilhos.pt

    PRESENTES INDESEJADOSPodemos recusar?

    CONSTIPAESElas esto a!

    SOS NATALCOMO SOBREVIVER AO STRESSE

    PARTOLeve as suas msicaspreferidas

    EDUARDO SPara que serve

    o Pai Natal?

    CARTA

    Gonalo M.Tavares

    aoPAI NATAL

    FELIZES PARA SEMPRE?Sim, possvel!

    EPISIOTOMIA ESTIMULAR A GENEROSIDADE CASTIGOS BELEZA ROTEIRO LEITURAS LIFESTYLE

    Natal Ajude-os a acredita

    rna magia!

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    NATAL

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    LIFESTYLE90

    HISTRIA88

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    SHOPPING

    O Pai Natal existe! Aproveite sem stresse esta poca nica, com toda a magia

    edio 299

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    DiabetesUma questo de controlo

    TerrorComo explicar aos mais novos

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    Casais felizesTodos os segredos

    ConstipaesPodemos evitar?

    Moda NatalProntos para as festas

    BelezaMaquilhagem

    EntrevistaElla Woodward

    Msica no partoBanda sonora de afetos

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    CRNICAS: 12 Eduardo S 22 Mrio Cordeiro 28 Isabel Stilwell 30 Snia Morais Santos 44 Enrique Pinto-Coelho

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  • 4 Pais&filhos dezembro 2015

    editorial Amor em tempo de guerra

    A chegada do pinheiro, a escolha criteriosa das bolas e das fitas, a apanha do musgo para o pre-spio, o azevinho no jarro, a abbora partida aos gomos, o bacalhau de molho, os cartes de Boas Fes-tas e os papis de embrulho espalhados pela mesa tudo isto, mistura com um estra-nho frenesim de gente, luzes e cnticos an-tecipavam a grande Noite e impregnavam a casa de uma atmosfera especial. Um pouco estranha, de to inquietante, mas deliciosa.

    Para mim, era o ms mais desejado do ano. Por esta altura, j aquele nervoso miudinho me fazia gritar de alegria e estremer de comoo. Mas, com a carta ao Menino Jesus, vinham os pri-meiros receios e algumas interrogaes. Ser que me portei bem o suficiente para receber a boneca que fala? Como descer a viola pela chamin? Estarei a pedir demais? desta que vou ser penalizada por todos os pecados? Como que Ele, l do alto, vigia tudo e todos e nunca se engana no sapatinho? E como que me con-segue sempre devolver a carta?

    Um enigma que guardava com cautela e que, com o aproximar da data, se tornava cada vez mais presente... e perturbador. A ponto de me tirar o sono, por vezes a fala. Com o passar dos anos, o mistrio, cada vez menos obscuro, foi deslindado. Mas eu, talvez resistente ao quebrar do feitio, continuei a ignorar certos deslizes, a escrever cartas ao Menino Jesus e a pr o sapatinho na chamin. At hoje. Quem sabe na esperana de que o mistrio perdure e a magia nunca esmorea. Numa poca em que as crianas dominam tanta coisa, mas brincam to pouco e em que o Pai Natal est apenas distncia de um clique cabe a ns, pais, cultivar e propagar a magia.Num gesto altrusta ou numa bolacha para o Pai Natal. Porque, por mais presentes (programas ou atividades) que recebam, s a magia capaz de (n)os encantar... e dar poderes especiais.

    Na altura em que escrevo este texto, vou assis-tindo, ainda em estado de choque, aos contor-nos e efeitos assustadores da noite de terror que atingiu Paris (e, inevitavelmente, todos ns). Neste ms em que se celebra a festa da famlia e se apregoam valores como a paz, a amizade e a solidariedade , talvez seja bom parar, refletir.. e tentar novos rumos. E no desistirmos, mesmo desiludidos, impotentes ou revoltados, de combater o terror... com o amor. Todos os dias. Boas Festas!

    Alexandre Castro Caldas [diretor do Instituto de Cincias da Sade da Universidade Catlica]

    Paul Coleman[psiclogo e autor do livro Finding Peace When Your Heart is in Pieces]

    Numa poca em que o Pai Natal est distncia de um clique, cabe a ns, pais, cultivar e propagar a magia

    Helena Gatinho[diretora]

    Eles dizem...

    Foto: Isabel Saldanha

    preciso que os midos percebam que tm dentro da cabea um computador muito melhor do que qualquer outro.

    Os pais podem dizer: estes ataques so raros, os maus esto a ser apanhados e os adultos esto a fazer tudo para que no voltem a acontecer.

  • Cinco escovas extraO aspirador Becken Aquapower conta com cinco escovas extra, pensadas para facilitar cada processo de limpeza. Esta uma ajuda imprescindvel para a limpeza da casa e a sua manuteno extremamente simples.

    Oaspirador a gua da BECKEN Aquapower permite uma limpeza profunda da casa, mesmo para os aman-tes de animais, garantindo ainda a ex-tino dos elementos alergnios que se encontram nas mais pequenas partculas de p. A conjugao dos fi ltros de gua e HEPA a trabalhar simultaneamente, com uma potncia de 1600W, refl ete-se numa grande efi cincia de suco, eliminando as fontes de alergias que abundam em todas as casas. Sem saco, com fi ltragem e com re-curso a gua, o Aquapower permite a aspirao de lquidos e slidos. O aspirador da Becken utiliza um novo sistema de fi ltragem ciclnico, que cria um efeito giratrio, o que faz com que a gua no depsito circule no mesmo sen-tido da entrada do ar, impedindo que as partculas de p mais pequenas voltem a sair do aspirador e se mantenham no ar. O sistema ciclnico simples e inova-dor, reduzindo a quantidade de bolhas geradas nos ciclos de aspirao, o que faz com que as partculas mais pequenas sejam naturalmente retidas na gua. As poucas bolhas com micropartculas que

    permaneam so retidas pelo fi ltro HEPA.Pensado para todas as divises da casa, o aspirador Becken Aquapower inclui acessrios que permitem limpar as vrias divises das casas, independentemente da sujidade ser slida ou lquida. Inclui at um acessrio prprio para os pelos de animais. O depsito de gua facilmente removvel, a pega de transporte, a prote-o de borracha e o indicador do nvel de gua espelham a simplicidade deste aspirador, desenhado para proporcionar conforto no processo de limpeza.

    O sistema de encaixe criado para fechar o aspirador foi especialmente desenhado para ser fcil de desmontar e remover toda a gua e sujidade do seu interior. Lava-se facilmente e fi ca pronto a usar de novo. Finalmente, de realar o design moderno e ergonmico, especialmente desenvol-vido a pensar em si.

    O aspirador Becken Aquapower utiliza

    um novo sistema de fi ltragem ciclnico, para uma limpeza mais efi caz

    Cuida da casae da sua famlia

    uida da casada da casa

  • Notciasbloco de notas

    6 Pais&filhos dezembro 2015

    CARTAS EM VIAS de extino?As cartas e todas as formas de comunicao escrita de tipo manual podem j ser classificadas como uma espcie em vias de extino revelam os autores de um estudo realizado no Reino Unido junto de adolescentes. Na base do fenmeno est o domnio cada vez mais absoluto das mensagens de texto enviadas com recurso s novas tecnologias.Da amostra de mil jovens entre os 13 e os 19 anos inquiridos para este trabalho, cerca de um tero nunca escreveu uma carta ou mesmo um pequeno bilhete, enquanto um em cada dez afirma no utilizar lpis ou canetas fora do mbito escolar: tudo feito online e atravs de mensagens escritas, e-mail ou com o recurso s redes sociais.

    O que que faz de um homem um pai afetuoso e cuidador? Fatores biolgicos, emocionais e boas capacidades auditivas e visuais, garantem investigadores da Universidade do Michigan (EUA) que tm vindo a dedicar-se ao estudo do que chamam a equao do amor paterno.Ao ouvir e ver o seu beb a chorar, os nveis da hormona testosterona do pai baixam significativamente, descobriu a equipa norte- -americana. E isso significa que a habitual tendncia masculina para a competio e os instintos de sobrevivncia a todo o custo so substitudos, a nvel celular, por uma tendncia de empatia que beneficia a cria que, por algum motivo, est a mostrar sinais de tristeza ou desconforto.

    COMO NASCE o amor de pai?

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    A forma como as clulas reprodutoras masculinas se movem em especial o que distingue as mais fortes das mais fracas um dos campos de trabalho mais populares para a comunidade cientfica que se dedica a estudar as questes da fertilidade masculina. Agora, uma equipa da Universidade de Toronto (Canad) mostrou que os espermatozoides mais capazes no se limitam a nadar com movimentos de saca-rolhas, como se acreditava. Os campees da fertilidade tm tambm capacidade de se moverem como cobras, deslizando ao longo da parede do tero ou atravessando fluidos espessos. Isto permite--lhes moverem-se duas vezes mais depressa, ultrapassando todos os que no possuem a mesma tcnica. A descoberta poder abrir caminho a novos tratamentos contra a infertilidade masculina.

    Ser av obriga a redescobrir o mundo? o maior tratamento de rejuvenescimento imaginvel: de um dia para o outro comeamos a olhar para tudo nossa volta como se fosse a primeira vez. E a reparamos que h tanta coisa que tnhamos deixado de ver! Afinal os pombos tm cachecis, os avies voam (e isso um milagre), saltar nas poas d-nos um prazer incalculvel...

    O que lhe ensinaram a Carminho e a Madalena nestes cinco anos?Sinto que elas me ensinaram duas coisas essenciais: a importncia da cumplicidade e a dar valor a focar-nos completamente numa tarefa, tirando dela o maior dos prazeres. Quando estou a brincar com elas no penso em mais nada, envolvo-me a 100 por cento na brincadeira e esqueo completamente os emails, os artigos que tenho de escrever, etc., e isso tem-me proporcionado momentos nicos de pura felicidade.

    As avs tambm tm dvidas?As avs tm dvidas, mas confiam mais no seu banco de dados e no bom senso, seguras pela experincia que tm. E, sobretudo, sentem-se menos julgadas pelos outros, o que d uma margem de manobra maior. Mas h problemas novos que surgem com os netos, questes que nunca se puseram com os seus filhos, e a devem procurar respostas, nos livros, nas conversas, e claro junto dos pais da criana, que a conhecem melhor do que ningum.

    possvel ser av sem entrar em choque com os pais?Acho que no, at porque os pais so filhos, e os bons pais nunca deixam de tentar educar os filhos, por muito que eles cresam. Mas se construram uma relao de respeito e admirao ao longo da vida com eles, hbitos de dilogo e troca de ideias, os confrontos podem dar bons frutos! Afinal tm em comum o amor por aquela criana.

    Teresa Martins

    Ser av mudara forma de ver o mundo[Isabel Stilwell, escritora]

    Ser av embarcar alegremente numa viagem sem retorno. Dirio de uma Av-Galinha relata cinco anos desta fantstica descoberta.

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    ESPERMATOZOIDES CAMPEES MEXEM-SE COMO COBRAS

    Regras para uma boa sade oralA Associao Dentria Americana apresentou recentemente algumas recomendaes para garantir uma dentio saudvel, desde os primeiros dias. Nunca colocar guas aromatizadas, sumos ou refrigerantes no bibero. No colocar a chucha do beb na boca. Isto porque h transferncia de germes e bactrias adultas para o metabolismo infantil. Nunca embeber, mergulhar ou cobrir a chucha em doces. Antes do aparecimento dos primeiros dentes de leite, limpar as gengivas do beb, depois de cada

    refeio, com um pedao de tecido suave e hmido. At aos trs anos, escovar suavemente com uma escova e dentfrico apropriados (a quantidade no deve exceder o tamanho de uma ervilha). Supervisionar a lavagem at aos seis anos (s nessa altura a criana tem capacidade de usar a escova e o dentfrico de modo eficaz). No usar copos de beb depois do primeiro aniversrio. Nessa altura, o beb capaz de usar um copo normal, desde que no seja pesado, quebrvel e tenha uma quantidade moderada de lquido.

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  • bloco de notas

    8 Pais&filhos dezembro 2015

    YOGA CONTRA stresse infantil

    Brincar absorve totalmente as crianas, queima energia e recursos e, acima de tudo, tem uma influncia indelvel na sua personalidade. Ajuda-as a adquirir novas capacidades e a consolidar outras. A principal caracterstica da brincadeira o sentimento imediato de prazer: para as crianas, brincar instantaneamente gratificante e , portanto, algo que as atrai bastante.

    A brincadeira uma conceo multifacetada de liberdade, contradio, incoerncia, prazer. , pois, capaz de revelar os aspetos emocionais mais secretos da alma de uma criana. capaz de evidenciar os seus desejos, tendncias e aspetos contraditrios do seu carter e , por isso, algo que no devemos subestimar e a que devemos prestar muita ateno. Atribuir uma definio especfica e uma interpretao inequvoca brincadeira no , contudo, uma tarefa fcil, j que a forma de brincar de uma criana diversifica-se durante as diferentes fases de crescimento.

    Desde o nascimento, os brinquedos so uma importante forma de estimular o desenvolvimento sensorial da criana. Brinquedos fceis de agarrar, divertidos, coloridos e barulhentos so muito estimulantes para o seu desenvolvimento nesta fase. Dos seis meses em diante, os brinquedos tm a importante tarefa de permitir que os bebs se tornem mais conscientes das suas capacidades e comecem a controlar o seu comportamento sensrio-motor. medida que progridem, isto vai permitir-lhes imitar o comportamento dos adultos. Por outro lado, tornam-se tambm cada vez mais interessados no que as rodeia e desenvolvem a necessidade de se divertirem e aprenderem coisas novas. E, os brinquedos que eram inicialmente utilizados para estabelecer uma ligao com o mundo sua volta, agora transformam-se numa fonte de conhecimento essencial para o seu desenvolvimento.

    BRINCAR PARA CRESCER

    O observatrio Chicco acompanha o desenvolvimento da criana nos primeiros anos de vida, com a colaborao de mes, mdicos, especialistas em puericultura, associaes e creches, para propor produtos simples e seguros para cada fase do crescimento. www.chicco.pt

    B

    Programa comunitrio combate obesidade infantilJuntos Prevenimos a Obesidade Infantil: este o mote por detrs do programa comunitrio VIASANO, desenvolvido em Frana e posto em prtica em 19 cidades da Blgica, que pretende estimular uma mudana de comportamento sustentvel a longo prazo e prevenir a obesidade infantil. A metodologia funciona numa dupla perspetiva: dirigindo-se populao local atravs de tcnicas de marketing social, utilizando canais de comunicao locais, e dirigindo-se ao ambiente da comunidade em colaborao com agentes locais. Um estudo publicado na revista Pediatric Obesity avaliou os efeitos do VIASANO e concluiu que o programa permitiu reduzir a prevalncia de excesso de peso ou obesidade em 2,2 por cento. Os investigadores analisaram, ao longo de trs anos (entre 2007 e 2010), as mudanas da prevalncia do excesso de peso e obesidade em crianas de trs a quatro anos e de cinco a seis anos nas cidades piloto de Mouscron e Marche-en-Famenne, na Blgica.

    As crianas tambm precisam de relaxar: o stresse e a presso nos estudos podem causar sintomas de ansiedade prejudiciais ao seu desenvolvimento. O yoga uma das formas de combater estes malefcios e ganha cada vez mais adeptos, entre pais e filhos. So muitos os benefcios que se podem retirar da prtica de yoga desde os primeiros anos de vida. No s porque fortalece os msculos e melhora a flexibilidade, mas tambm porque estimula a coordenao, o tempo de reao e a memria, assegura Martha Tena, professora de yoga especializada em sesses para o pblico infantil. A especialista refere que esta prtica pode mesmo influenciar a capacidade da criana em resolver problemas e a pensar de forma criativa.

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  • 10 Pais&filhos dezembro 2015

    Neste Natal queremos ajud-lo(a) a evitar acidentes que podem acontecer em dias que deveriam ser apenas de paz e felicidade. Alguns podem ser to graves! Por isso siga as dicas da APSI: Enfeite a casa com uma rvore de Natal estvel que no possa cair sobre as crianas; Escolha enfeites adequados idade dos seus filhos ou netos, para que no corram risco de asfixia com peas pequenas ou que possam soltar-se. Coloque-os de preferncia fora do seu alcance para que no possam pux-los; Verifique que as luzes de enfeite esto em bom estado, sem fios descarnados ou em risco de sobreaquecimento e incndio. Apague-as sempre que saia de casa e noite; No enfeite a casa com velas; se o fizer ponha-as em lugares altos, longe de cortinas e produtos inflamveis. Guarde longe do alcance da criana os fsforos ou isqueiros; Escolha brinquedos para oferecer, adequados s diversas idades, e de boa qualidade. Compre numa loja de confiana para evitar brinquedos contrafeitos que podem esconder alguns riscos: corte, perfurao, entalo, asfixia, queimadura, choque eltrico Observe bem os brinquedos que oferecem s suas crianas; procure peas pequenas que possam aspirar ou engolir (menos de 32 mm ou 45 mm se forem esfricas), objetos cortantes, etc. Leia as instrues e utilize sempre os equipamentos de proteo recomendados.Passe esta informao aos seus familiares e amigos para que possam evitar acidentes ou apenas alguns sustos neste Natal.

    APSI Associao para a Promoo da Segurana Infantilwww.facebook.com/apsi.org.ptwww.apsi.org.pt | [email protected] | 21 884 41 00

    Natal sem acidentes

    DICAS DE SEGURANA

    Ter filhos aumenta a longevidade das mulheres que, em qualquer altura da vida, tm mais 20 por cento de possibilidades de se encontrarem bem de sade do que as que no so mes. Esta , pelo menos, a concluso a que chegaram investigadores britnicos do Kings College de Londres. O trabalho envolveu um megaestudo de mais de 320 mil mulheres, de dez pases europeus, durante um perodo de 13 anos. Durante o processo de investigao, os cientistas descobriram que as mes apresentavam menos risco de morte, em especial as que tiveram o primeiro filho antes dos 30 anos.

    TER FILHOSaumenta longevidade

    FAMLIA

    % dos alunos do 3 ciclo e secundrio so fumadores, diz um estudo da Universidade de Coimbra

    O nmero de famlias monoparentais em Portugal cresceu para o dobro no espao de duas dcadas, revelam dados do projeto GeoHealthS, um estudo do Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Territrio da Universidade de Coimbra. Os ltimos dados obtidos revelam um aumento de mais do dobro de famlias monoparentais entre 1991 e 2011, passando de uma mdia de 6,1 para 12,6 por cento. De acordo com o projeto, a monoparentalidade encontra-se associada a maior risco de privao de pobreza, principalmente nas mulheres, havendo vrios estudos que indicam um risco acrescido para a criana ao nvel da sade mental.

    FAMLIAS MONOPARENTAIS crescem para o dobro

    bloco de notas

    21%

    As Olisipadas esto de regresso a Lisboa. Trata--se de uma iniciativa organizada pela Cmara Municipal de Lisboa e pelas 24 freguesias da cidade, em parceria com os Comits Olmpico e Paralmpico de Portugal, as Associaes e

    Federaes desportivas, clubes da cidade e agrupamentos escolares. Com o grande objetivo de

    promover a prtica desportiva entre os mais novos, dos seis aos 14 anos, as Olisipadas, de acordo com Jorge Mximo, Vereador do Desporto da Cmara de Lisboa, tm a capacidade nica de abrir o desporto a milhares de jovens e, quem sabe, descobrir campees. As

    competies locais iro realizar-se at maio e os jogos terminaro em incios de junho, com uma grande festa do desporto para toda a famlia.

    Jogos esto de volta

    http://www.facebook.com/apsi.org.pthttp://www.apsi.org.ptmailto:[email protected]

  • crnica Porque sim no resposta

    12 Pais&filhos dezembro 2015

    Eduardo S[psiclogo]

    mau que se acredite no Pai Natal?No. indispensvel! verdade que Natal nos ajuda a esmerar para a ideia de famlia. Mas so os presentes que nos trazem para o deslumbramento de descobrir se estamos (ou no) no centro do Prespio para algum!O Pai Natal faz mal... ao Natal?No! Mal faz a luta entre consumismo e sagrada famlia que, s vezes, anda no ar, como se ou houvesse quem valorizasse o Natal e desprezasse os presentes ou quem se empanturrasse neles e ignorasse o Natal. Presentes demais no so presentes: so uma forma de algum nos achar to ausentes dentro de si que, cautela, ao dar-nos muitos, ao menos assim, sempre se arrisca a acertar no meio do nosso corao, quase sem querer, pelo menos, uma vez. Mas no trocar presentes uma forma de dizer: Se sabes que eu gosto de ti, no tenho a obrigao de te provar que te conheo!. O que no verdade: quanto maior for o amor mais ns temos de o provar. J o dinheiro, no Natal, no presente: uma forma de subornar a preguia de algum no nos dizer Amo-te!, num gesto s. Para que serve o Pai Natal?Serve para nos rebelarmos contra os dias onde o corao parece ter de bater, unicamente, dentro do peito. E para nos insubordinarmos contra a vida quando ela, vezes demais, no tem (como devia) a nossa cara. E para falarmos da falta que nos faz um mundo que sorria para ns. O Pai Natal serve para falarmos de esperana! E da f de termos algures num gro, mais ou menos perdido, do Universo algum que nos conhea, nos vire do avesso e, por isso, teime e teime e no desista de fazer de ns o melhor do mundo s para si.

    O Pai Natal existe, mesmo?Existe! E chega de fazermos de conta que o mundo se divide entre pessoas reais e personagens imaginrias. Tecnicamente (vamos dizer assim) essa distino tem sentido, claro. Mas acontece que s pessoas reais falta, muitas vezes, um enredo, um comboio de gestos que de to lmpidos e compreensveis se adivinhem. Mais um jeito s seu que as torne escutadoras e, por isso mesmo, adivinhonas e brincadoras. E tudo o resto que, de inventivo ou trapalho, nos eleva do cho, sem nunca sairmos do seu olhar, que nos segura. E, sendo assim, falta s pessoas reais um quase-nada de rodopio com que costurem o nosso corao e que faa com que ele possa ser tudo um balo colorido ou uma avenida de gente olhando por ns mas nunca, e em circunstncia alguma, mais um remendo. por isso que as personagens imaginrias tm, muitas vezes, o pato que falta s pessoas reais. Porque no sabendo o nosso nome, nem sendo possvel que se lhes toque, nos falam ao ouvido. E enternecem e nos comovem com quase-nada. E sendo to ntimas e delicadas, por mais que se no queira, sero reais. E sendo assim um ror de vezes, so (como no podia deixar de ser) dos nossos. Como alguns tios e mais algum (quem sabe?) nunca sero. por isso que, tal como elas, o Pai Natal no s existe como, sobretudo, faz parte da famlia.

    Chega de fazermos de conta que o mundo se divide entre pessoas reais e personagens imaginrias. O Pai Natal no s existe como, sobretudo, faz parte da famlia

    Para que serve o Pai Natal?

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    Mas, sendo assim, para que servem as pessoas, quando so reais e imaginrias, ao mesmo tempo?Para fazerem milagres! Porque h sempre um milagre quando duas pessoas acreditam naquilo que sentem e creem uma na outra, ao mesmo tempo.Falar s crianas do Pai Natal no serve, ento, para as levar ao engano?No! Por mais que as crianas sejam pequeninas, e dado que no veem a me e o pai a levantar voo a torto e a direito, no h forma delas acreditarem, realmente, que cento e quarenta quilos de Pai Natal, mais o peso do tren, uns pares de renas e uma tonelada de brinquedos levante voo... sem motor de arranque. Mas trazer mistrios para a vida das crianas ajuda-as a perceber que com eles, e pela forma como se desvendam, que se vai do estranho ao maravilhoso. E mais, ainda serve para lhes explicar que por convivermos com aquilo que vai alm de ns e que, de to exultante, nos torna, por vezes, quase minsculos, que o corao nos arrebata e ns crescemos.Ser que o Pai Natal das crianas e o Pai Natal dos pais so pessoas diferentes? claro que so! O das crianas uma forma delas darem a entender que o importante no so as

    prendas. Mas a distncia que separa um desejo do arrepio de algum o descobrir. Por mais que os pais, conta das asneiras que fazem, no sejam, muitas vezes, de confiar. A ponto de as crianas fazendo de conta que no reparam na letra do Pai Natal ser, estranhamente, parecida com a do pai ou da me escreverem cartas para o Pas do Natal, que uma forma de dizerem aos pais, sem magoar: Agora, orientem-se! Sim?.... J o Pai Natal dos pais um avozinho barrigudo de barbas brancas que vestisse ele como as pessoas reais, em vez de vermelho e quase seria uma forma de dizerem aos avs das crianas que est na altura de voltarem a ser escutadores, adivinhes e brincadores como, algures, no seu crescimento, j tero sido. E (j agora) mau que o Pai Natal, para a me, e o Pai Natal, para o pai, tenham listas diferentes de prendas que desejem dar?No. Mau ser que s tenham olhos para as prendas com que sonharam nas suas infncias e que nunca tiveram. E, mesmo assim, isso no seria, de todo, mau! Porque os presentes servem para sairmos do nosso mundo e sermos, ao mesmo tempo, pessoas reais e personagens imaginrias. No mundo das crianas, o pai e a me, quando vo a sufrgio, raramente ganham sem se coligarem. essa a magia de os ter a amar a quatro mos. Coisa que as pessoas reais, aquelas a quem falta magia, estranham e desconhecem. Mas tirando Deus, porque Deus, e as consegue, as maiorias absolutas s existem quando h um milagre. E at a elas teimam em ser fugazes e fugidias. E, vendo bem, mesmo considerando Deus, olhando ns para tantos meninos que parecem t-lO apanhado a jogar dados com o Universo, h sempre algum que da oposio. O que, tirando aquilo que se passa noutros pases que no so o do Natal redentor. Porque sempre que duas contradies tagarelam e se entremelam, logo uma convico apanha o jeito e zs: pe-se a falar. Ganhamos alguma coisa ao dizermos a um filho que o Pai Natal no existe?No. No ganhamos mesmo nada! Porque, dito assim, no existir o Pai Natal no quer dizer que se acabaram as prendas. Mas que deixaram de ser presentes e de estar presentes dentro de quem os ama. Porque um presente serve para algum nos dizer presente!, dum jeito talvez secreto e muito nosso. E, para alm de todos os nossos ais serem s seus, serve para percebermos que essa pessoa nos escuta e adivinha e nos comove. E faz da nossa vida o melhor dos seus presentes! E, sendo assim, quando de corao apertado abrimos um presente e, tremelicando, reconhecemos nele a nossa cara e o amor arrepiante com que ela se esmerou para se dar, como se nascssemos outra vez. E, ento sim, ao chegarmos com ele bem ao centro do Prespio, s a ser Natal.

    Um presente serve para algum nos dizer presente!, dum jeito secreto e muito nosso. E para percebermos que essa pessoa nos escuta e adivinha e nos comove

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  • 14 Pais&filhos dezembro 2015

    gravidez & parto Diabetes gestacional[texto] Teresa Martins [ fotografia] Fotolia

    uma questo de

    Tudo comea no prato: quando os nveis de acar no sangue obrigam a levantar a bandeira vermelha, cada refeio da grvida passa por um rigoroso escrutnio. preciso selecionar alimentos, cortar quantidades, combinar ingredientes, desdobrar refeies Tudo com conta, peso e medida, para garantir que a glicmia se man-tm em nveis aceitveis e inofensivos para a grvida e, sobretudo, para o beb.As grvidas com diabetes gestacional preci-sam de um plano personalizado e de acom-panhamento multidisciplinar: um trabalho entre o obstetra, o nutricionista e o endocri-nologista. preciso analisar o que comem, o que acontece quando comem determinado alimento, as horas a que o comeram preciso analisar tudo caso a caso, explica a nutricio-nista Daniela Seabra. Nesta equao entram diversas variveis, desde o tipo de alimento ingerido, quantidade ou ao intervalo entre refeies. Tudo conta. um jogo, diz a nutri-cionista, sublinhando que h grvidas cujos nveis so muito difceis de controlar. Por isso mesmo, apesar de no gostar da palavra proi-

    controlo uma complicao frequente e implica um intenso brao de ferro com os hidratos de carbono. Mas com autodisciplina e determinao, possvel controlar a grande maioria dos casos. Para bem do beb!

    MotivaoControlar a diabetes gestacional proteger e tratar o beb. Por isso, na grande maioria dos casos, as grvidas cumprem o plano risca

    bir, Daniela Seabra no deixa margem para manobras: Probo sim, tudo o que acar, logo na primeira consulta! Porque para algu-mas grvidas basta ingerir um bocadinho de acar e os valores disparam.Para perceber a importncia do controlo da diabetes gestacional preciso primeiro com-preender por que surge e que consequncias pode ter quer para a grvida quer para o beb.Na fase inicial da gravidez, o aumento das hormonas origina uma baixa de acar, pro-movendo a acumulao de gordura e aumento do apetite. medida que a gestao progride, os nveis de acar no sangue aps as refeies vo aumentando, enquanto a sensibilidade insulina diminui. Para que se mantenha um bom controlo do nvel de acar no sangue durante a gravidez, preciso que haja um au-mento suficiente da produo de insulina pela me para contrariar a queda na sensibilidade insulina. A diabetes gestacional ocorre quando a secreo de insulina no suficiente, explica a obstetra Sofia Serrano. As consequncias deste desequilbrio so co-nhecidas: Valores persistentemente elevados de acar no sangue da grvida podem origi-

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    Medir a gordura abdominal no primeiro trimestre da gravidez permite identificar as mulheres com maior risco de desenvolverem diabetes gestacional, revela um estudo publicado na revista Diabetes Care. Os investigadores do Hospital St. Michael em Toronto (Canad) analisaram perto de 500 mulheres com idades entre os 18 e os 42 anos e comprovaram que as grvidas

    que apresentavam maiores nveis de gordura abdominal foram as que desenvolveram, com mais frequncia, diabetes gestacional entre as 24 e as 28 semanas, independentemente do ndice de massa corporal. Por isso, defendem que a gordura abdominal deve ser um marcador a ter em conta na avaliao do risco de diabetes gestacional a partir de agora.

    Gordura abdominal prev risconar excessivo crescimento do feto (macrosso-mia) associado a problemas no parto (distcia de ombros, aumento da taxa de cesarianas, hipoxia perinatal, aumento dos partos instru-mentados) e aumentam a probabilidade da grvida, no futuro, desenvolver uma diabetes, adianta a especialista. Alm disso, acrescenta, a exposio diabetes no meio intrauterino est associado a um risco acrescido do filho ter excesso ponderal e obesidade no incio da infncia, maior risco de diabetes tipo 2 e aumento do risco cardiovascular.

    Rastreio universalA diabetes gestacional pode surgir em qual-quer mulher, mas existem alguns fatores de risco que obrigam a olhar para a grvida ainda com maior ateno: Idade igual ou superior a 30 anos, antecedentes familiares de diabetes tipo 2, obesidade, multiparidade (quatro ou mais partos), dois ou mais abortos espont-neos, morte perinatal anterior, macrossomia fetal, diabetes gestacional em gravidez prvia, enumera Sofia Serrano, chamando a ateno tambm para as alteraes do estilo de vida ocorridas nas ltimas dcadas. A mulher en-

    gravida mais tarde e tem excesso de peso ou obesa, situaes muitas vezes associadas a dfice de produo de insulina.Por tudo isto, fundamental diagnosticar atempadamente e declarar guerra a esta com-plicao. As atuais normas de vigilncia da gravidez emitidas pela Direo Geral da Sade indicam que, numa situao de baixo risco, deve ser feita pesquisa de glicmia em jejum na primeira consulta de vigilncia pr-natal e prova de tolerncia glicose oral (PTGO) s 24-28 semanas de gestao. O rastreio

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  • 16 Pais&filhos dezembro 2015

    universal fundamental para tentar que ge-raes futuras no tenham as complicaes decorrentes da diabetes, sublinha a obstetra.

    O poder das picadasO tratamento da diabetes gestacional passa, essencialmente, pela alterao do plano ali-mentar e pela autovigilncia glicmica ri-gorosa (implica que a grvida faa picadas

    regulares para saber o seu nvel de acar no sangue), refere Sofia Serrano, acrescentando que a ingesto de gua recomendada, as bebidas alcolicas desaconselhadas e o exer-ccio regular estimulado, preferencialmente a marcha e sobretudo aps as refeies. Daniela Seabra sublinha o poder das picadas: So importantssimas, porque as grvidas assus-tam-se com os valores depois das refeies e mudam. E mudar significa seguir o plano risca, sem cair em tentaes. Porque por mais pequenas que sejam, podem ter conse-quncias. Costumo dizer s minhas grvidas: Pode comer o bolo de chocolate no dia em que o beb nascer! Vingue-se nessa altura, mas agora estamos a tratar o beb, conta a nutricionista, referindo, no entanto, que na maioria dos casos a motivao nas grvidas muito grande. Apesar das proibies, Daniela Seabra escla-rece que h pequenos truques que facilitam na hora de escolher os alimentos: Substituir po branco por po de mistura, sempre! Comer fruta (pouca) com algumas nozes ou avels. O truque atrasar a absoro do acar, jun-tando gordura (fruta com nozes, po com pasta de azeitonas), para no criar picos. Se mesmo com as alteraes alimentares de-finidas no se conseguir manter os nveis de glicmia controlados (entre 60-90 mg/dl em jejum e entre 100-120 mg/dl uma hora aps incio das refeies) ento ser necessrio iniciar teraputica com insulina, que o tra-tamento preferencial, apesar de j existirem diversos estudos com antidiabticos orais, esclarece Sofia Serrano, referindo que a eco-grafia s 29-33 semanas, para avaliar o cres-cimento fetal, pode determinar o incio e/ou intensificao da teraputica com insulina.Com ou sem necessidade de insulina, as im-plicaes decorrentes da diabetes gestacio-nal nem sempre terminam com o parto. Nas primeiras seis a oito semanas aps o parto, a mulher deve fazer uma nova prova de ingesto de glicose (PTGO), para perceber se est ou no alterada e se tem diabetes ou diminuio da tolerncia glicose, lembra Sofia Serrano, esclarecendo que mesmo as mulheres que apresentem uma prova normal no ps-parto devem fazer determinaes da glicemia em jejum anualmente, pois tm um risco aumen-tado para desenvolverem diabetes.

    Comer fruta acompanhada por algumas nozes ou po com pasta de azeitona ajuda a retardar a absoro do acar

    gravidez & parto Diabetes gestacional

    Fazer mais refeies por dia, para evitar estar mais de duas/trs horas sem comer uma regra fundamental no controlo da diabetes gestacional. A nutricionista Daniela Seabra deixa uma sugesto de ementa para um dia.- Pequeno-almoo: iogurte natural com fruta (meia pea), flocos de aveia e quatro ou cinco nozes- Lanche meio da manh: uma fatia de po de mistura com pasta de azeitona

    - Almoo: sopa de legumes, carne ou peixe com muitos legumes e arroz ou massa (em pouca quantidade)- Lanche da tarde: fruta com nozes ou avels- Segundo lanche da tarde: uma fatia de po com queijo magro ou um iogurte- Jantar: sopa de legumes, carne ou peixe com muitos legumes e arroz ou massa (em pouca quantidade)- Ceia: iogurte natural com duas ou trs colheres de aveia

    Comer menos, mais vezes

  • gravidez & parto Msica[texto] Rosa Cordeiro [ilustrao] Rachel Caiano

    18 Pais&filhos dezembro 2015

    H mais um item para colocar na mala da maternidade: uma playlist musical. Ao promover o relaxamento, a msica diminui a ansiedade e ajuda a me a manter a calma e o controlo.

    Em casa, no hospital pblico ou na clnica privada, a msica uma tima ferramenta do parto. A ideia nem sequer nova: se retirarmos a tecnologia e olharmos para trs na histria, cantar fez sempre parte do ato de dar luz. E como ouvir msica de graa e perfeitamente compatvel com os mais diversos atos mdicos, vale a pena criar uma playlist pessoal. Uma vez iniciado o trabalho de parto, no h qualquer problema se mudar de ideias e decidir que a ltima coisa que lhe apetece msica, mas jogar na antecipao garante-lhe a opo.Um estudo realizado no ano passado no Reino Unido, pelo site de parentalidade www.bounty.com, revelou que quatro em cada cinco das recm-mams entrevistadas ouviu msica ao dar luz. A maioria testemunhou que isso as

    sonora

    ajudou a lidar com a dor e a manter o controlo nas fases finais do processo. O clssico de Diana Ross Aint no mountain high enough e Roar, de Katy Perry, foram as escolhas mais populares para a hora h, seguidas de Angels (Robbie Williams), Greatest day (Take That), Youre beautiful (James Blunt), Im every woman (Chaka Khan), Let it be (Beatles), Circle of Life (Elton John), Ave Maria (Bach a nica pea do gnero clssico a entrar no top dez) e

    banda

    do parto

    http://www.bounty.comhttp://www.bounty.com

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    ControloNo conseguimos prever como o parto vai evoluir, mas podemos escolher a banda sonorasonora

    Empire state of mind (Alicia Keys e Jay-Z). E a moda chegou tambm s celebridades. A duquesa Kate Middleton viveu o trabalho de parto ao som de Calvin Harris, Bruno Mars e Of Monsters and Men, e Mariah Carey deu luz os gmeos Moroccan e Monroe ao som do seu prprio xito We belong together. Curiosidades parte, a playlist perfeita para dar luz , claro, uma escolha pessoal. Os gos-tos musicais variam muito, mas a maioria de ns tem melodias favoritas, umas que nos do energia, outras que nos relaxam e outras que, simplesmente, nos deixam bem-dispostas e com vontade de danar. E qualquer uma delas pode ter utilidade no parto.

    Distrao que concentraA obstetra Elsa Milheiras refere que s h vantagens em ter msica durante a dilatao e o parto: descontrai, afasta a ateno dos dis-positivos mdicos e das atitudes do pessoal de sade, permitindo que a grvida se centre mais na naturalidade do processo e menos na dor e nos medos. E lana apenas um alerta: Temos de garantir que do agrado da grvida e de que est no volume adequado a cada caso. J Cristina Pincho, doula, relembra que no h receitas para todas as pessoas e que o ideal que a me esteja o mais relaxada possvel, pelo que, quando em conversa com as mes que acompanha percebe que a msica as ajuda a relaxar, por que no?, termina. Elsa Milheiras conta ainda que comum as suas grvidas pedirem para levar a sua prpria banda sonora, e que acede sempre, de muito bom grado. Muitas vezes sou eu que pergunto, nas ltimas consultas, se desejam alguma m-sica especfica, para que se preparem para a levar, caso no esteja disponvel na clnica, diz. Mas a verdade que muitas no fazem questo, bastando-lhes o rdio, enquanto outras escolhem cuidadosamente o que ouvir. Neste ltimo caso, refere, so temas com significado especial para a mulher ou para o casal. Quando o que toca rdio, conhece inmeros casos de mulheres que, no conseguindo lembrar-se da msica, telefonam para a estao de rdio a perguntar que msica estava a passar em de-terminado dia e hora, para poderem associar um tema e um cantor ao que estavam a ouvir

    do parto

    no momento do parto. E esta falta de memria comum. Afinal, um momento em que h muita coisa a acontecer. No estudo do Reino Unido que mencionmos, embora a maioria das mulheres entrevistadas tivesse dado luz ao som de msica, quase dois teros no conseguia lembrar-se que canes deram as boas-vindas ao seu beb. No , no entanto, o caso de Patrcia, que es-colheu criteriosamente o que ouvir nos seus trs partos: Adoro msica, e acho que consigo atribuir uma banda sonora a quase todos os momento importantes da minha vida, conta. Por isso, no nascimento dos meus filhos, no podia faltar. J tinha lido sobre os benefcios da msica no parto, mas foi mais por instinto do que por razes cientficas que fiz questo de incluir o CD na mala da maternidade. No primeiro parto procurei ter uma experincia romntica, tranquila, suave, um momento in-teiramente partilhado com o meu marido, por

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  • gravidez & parto Msica

    20 Pais&filhos dezembro 2015

    isso escolhi o lbum No need to argue, dos The Cranberries, que era igualmente a banda sonora do nosso namoro. E a Catarina j sabe que nas-ceu ao som da cano Ode to my family. No segundo parto, j sabia ao que ia, e ter o segundo filho implicava mais fora e coragem, pelo que percebi que precisava de algo mais forte e po-deroso. Escolhi Nina Simone, a minha cantora preferida, principalmente quando preciso de me conectar comigo prpria. Foi um parto rpido, intenso, fogoso, e ajudou-me muito gritar com ela I got life!. Na terceira gravidez conheci os Edward Sharpe and the Magnetic Zeros, que

    E porque o humor tambm relaxa, o site norte-americano BabyCenter (blogs.babycenter.com) pediu sugestes sua comunidade e elaborou uma lista hilariante para as diversas fases do parto, das primeiras contraes expulso:

    l All that she wants [is another baby] (Ace of Base)l Hurt so good (John Mellencamp)l Just breathe (Eddie Vedder)l Im coming out (Diana Ross)l Everybody hurts (REM)

    l Shout (Tears for Fears)l I will survive (Gloria Gaynor)l What have I done to deserve this (Pet Shop Boys)l I wanna be sedated (The Ramones)l Under pressure (Queen)l The drugs dont work (The Verve)l Help! (The Beatles)l Push it (Salt n Peppa)l You can do it [Put your back into it] (Ice Cube)l Break on through (The Doors)l The sweet escape (Gwen Stefani)

    Msica com humor

    so uma banda meio hippie, com muito boa onda, que me alegrou nos momentos mais complicados desses nove meses. Escolhi-os, por isso, para o parto, e quando apareceu todo o pessoal mdico, com as suas batas, ordens e ferramentas, eu s ouvia home, let me go home, home is wherever Im with you. E isso ajudou-me a conseguir ignor-los e a concentrar-me no trabalho de trazer mais um beb ao mundo. Rita Ferreira, por sua vez, decidiu ouvir msica no parto do segundo filho. Achei que era uma forma de tornar o ambiente mais acolhedor e mais prximo das minhas coisas, do meu prprio ambiente. Escolhi msicas que ouo habitualmente no meu dia-a-dia, mas todas num registo mais tranquilo, e coloquei-as numa playlist do iPod a que chamei parto, diz. De-pois o Tom trocou-lhe as voltas, e, umas boas horas depois de ter iniciado o trabalho de parto, deu entrada no hospital e o processo parou. Ficou sem contraes e com dilatao mnima, pelo que saiu para dar uma volta. No passou do parque de estacionamento, mas quando voltou a entrar j tinha a dilatao completa e estava em pleno perodo expulsivo, pelo que foi tudo muito apressado e nem se lembrou mais da msica. Hoje, confessa-nos: Hones-tamente, pensando no trabalho de parto e no parto, acho que no voltava a querer msica para nada. Aquilo um momento to animal e de tanta concentrao que acho que a msica me ia atrapalhar. Catarina Faria estava a viver em Londres quando a sua filha nasceu. Fui para um Birth Center, que uma espcie de hotel, onde dis-ponibilizam um quartinho todo bonito, onde o marido pode tambm dormir, e permitem que tenhas o beb numa pequena banheira/piscina, com msica relaxante que a grvida pode es-colher. Eu escolhi Stevie Wonder, porque tanto eu como o Ben [o marido] gostamos muito, e durante toda a gravidez demos a ouvir este som Victoria e ela reagia sempre com muito entusiasmo. Depois o parto complicou-se, e fui transferida para o labour centre, onde o ambiente muito hospitalar, e no h msica ou outras regalias. Portanto, o nosso Stevie Wonder tocou durante cerca de duas horas no trabalho de parto, mas a coisa complicou-se tanto e eu tinha tantas dores que nem ouvi o senhor em condies....Por c, Carolina Birr decidiu abraar um projeto musical do it yourself, e cantou durante todo o

    http://blogs.babycenter.com

  • trabalho de parto e parto do seu segundo filho. Enquanto procurava tcnicas que apaziguas-sem a dor, para ter um parto mais suave que o primeiro, encontrei online um vdeo inspirador de uma me que cantou e vocalizou durante o parto. Tive tambm a sorte de estar no hospital pblico que me deu total liberdade. Depois de me rebentarem as guas fui tomar um duche e estive mais ou menos uma hora debaixo de gua a cantar e a danar, muito concentrada no meu beb e no processo. E continuei a can-tar e a mexer-me enquanto foi possvel. Cantei msicas que nem sabia que sabia, outras que inventava, entoei sons ritmados e ooms Isso ajudou-me muito. Senti realmente que eu que dei luz a minha filha. Cantar fez com que me sentisse 100 por cento centrada, e deu-me uma sensao de poder, de controlo sobre o processo, afastando o medo e a fragilidade.

    Aprofundar os sonsQuem quiser explorar mais fundo esta relao da msica com o parto, a musicoterapia uma especializao cientfica que estuda e investiga o complexo som/ser humano, e uma das suas reas de atuao de suporte ao trabalho de parto. Rita Maia, da Associao Portuguesa de Musicoterapia, explica-nos que a musicote-rapia desenvolve um trabalho de acompanha-mento, utilizando vrias tcnicas de suporte ao trabalho de parto: Na fase de dilatao desenvolvido um momento de escuta musical, com msica construda propositadamente e em conjunto com a parturiente. Pretende-se o efeito de envelope sonoro no desenvolvimento de suporte emocional de promoo de segurana, proteo e bem-estar, e controlo da ansiedade, sem grande carga emocional. So tambm uti-lizadas tcnicas de visualizao positiva de promoo do bem-estar durante o parto, assim como tcnicas de condicionamento rtmico de suporte ao treino de padres respiratrios de preparao muscular, na preparao psicopro-filtica para o parto. Contudo, refere, todos estes elementos fazem parte de um processo com continuidade, que acompanha todo o pro-cesso pr e perinatal, abordando e integrando tcnicas de vinculao, de suporte emocional e de desenvolvimento de reciprocidade e ajusta-mento da comunicao e da relao pais-beb. Com maior ou menor preparao, os benefcios de ter uma banda sonora do parto so eviden-tes. A nossa msica faz do quarto do hospital

    o nosso quarto, bloqueia outras distraes e sons indesejados, ajuda-nos a mexer durante o trabalho de parto, diminui a perceo da dor, ajuda a regular os batimentos cardacos e a respirao, e a reduzir a ansiedade, levando a mam a sentir-se mais calma e no controlo da situao.

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    VariedadeO ideal que a playlist tenha vrios estilos, pois nunca se sabe o que vai apetecer ouvir na altura

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  • crnica A Seduo do SER

    22 Pais&filhos dezembro 2015

    O meu patro tem recebido milhares e milhares de cartas, de pedidos, de splicas, at. Algumas no so expresso de desejo ou de sonho, so mais uma intimao de tribunal, do gnero eu quero!. S falta, estou certo, trazer a coima que o meu patro, o Pai Natal, ter de pagar se no cumprir a lista de alguns tiranozinhos que por a andam. Mas, dado que os leitores so os representantes do Polo Norte nas vossas casas, resolvi colocar-vos uma pergunta to tola e evidente que at nem parece descabida: Haver brinquedos ideais? Eu, rena que me prezo de ser, com um vasto conhecimento do mundo das crianas e do jogo e brincadeira, arrisco-me a dizer: Tenho algumas dvidas. Ou muitas, at.Pensem nos objetivos do brincar: divertir, entreter, desenvolver a persistncia e a capacidade de criar e imaginar, criar competncias sociais e fsicas, gerir emoes, aprender a estar consigo prprio e com os outros, e desenvolver a motricidade e a coordenao motora e psquica. tambm importante saber os gostos, interesses, facilidades e dificuldades de cada criana, e cada uma delas tem o seu naipe de competncias, apetncias, gostos e ritmos. E, j agora, envio-vos umas dicas para poupar esforo, trabalho e at um rombo financeiro ao meu patro, que a crise no s a em Portugal:l A criana precisa mesmo de um presente ou esto a d-lo por sentimentos de culpa, para a compensar de alguma coisa?l Pensem se a criana vai gostar do presente, por representar algo de novo para explorar e conhecer.l Vejam se adequado a essa criana e no s crianas dessa idade, que podem ter muita coisa em comum mas no so ela.l No contribuam para o desperdcio no por trazerem carradas de coisas que vo ser mais amados, pelo contrrio, um mimo, uma histria, uma surpresa de afeto so presentes muito

    melhores. Estar presente isso ou de onde acham que vem a palavra?l Os brinquedos ocupam espao, acumulam p e as casas no so elsticas depois no se queixem da confuso e da desarrumao, nem invetivem a criana por estar a brincar.l Pensem no que l tem em casa e construam, imaginem, inventem e... brinquem. As crianas preferem inventar do que brinquedos ultra-elaborados.l A criatividade e a imaginao das crianas no podem ser castradas. Objetos mais toscos podem ser tudo, logo, como se lhe tivessem a dar uma carrada de brinquedos, sempre diferentes, sempre a desenvolverem-se eles, brinquedos, e a criana tambm e pouca eletrnica, por favor!l Ofeream brinquedos que deem criana o poder de lhe dar a forma e a funo que ela quer.l Preocupem-se com a segurana dos brinquedos mas isso no significa optar pelo mais caro. Pois . Era isto, sucintamente que vos queria dizer. Sejam frugais! Ajudem o Pai Natal, os duendes e, j agora, a equipa de renas que tem de transportar tudo para todas as casas. Ah, e no tentem, atravs dos presentes que do aos vossos filhos, mostrar sinais exteriores de riqueza, colmatar frustraes de quando vocs eram crianas ou arranjar coisas com as quais vocs gostariam de brincar agora. Se for o caso, comprem um brinquedo para vocs mesmos. Os adultos no devem estar proibidos de brincar, mesmo que no tenham nenhuma criana dentro de si.Feliz Natal, e perdoem o atrevimento desta humilde rena

    RodolfoPS: Para os mais velhos: livros, livros e livros

    Mrio Cordeiro[pediatra]

    da rena Rodolfo Um conselho

    Ol. Daqui escreve-vos o Rodolfo, esse mesmo, a famosssima rena do Pai Natal. Resolvi pegar na caneta e dirijo-me a vocs, pais, avs, educadores, tios, sobrinhos, padrinhos e afins

  • da rena Rodolfo

    Que a marca seguinte no mercad

    o

    AgoraAt

    Muitas coisas podem acordar o seu beb,mas uma fralda hmida no ser uma delas.

    Agora, at 2 vezes mais seco.

    Porque lhe est a nascer o primeiro denteou simplesmente porque tem saudades suas. H muitos motivos pelos quais o seu beb pode acordar de noite, mas com Dodot no serpor culpa de uma fralda hmida.Agora a Dodot at 2 vezes mais seco que a marca seguinte no mercado porque tem mais material absorvente. Para uma noite de sono seminterrupes.

  • 24 Pais&filhos dezembro 2015

    crianas Terrorismo[texto] Teresa Martins [ fotografia] Fotolia

    me, vem a a

    guerra?Como se explica o terrorismo s crianas? Com a verdade (doseada e adequada idade), sem detalhes nem dramas. Acima de tudo preciso garantir que se sintam seguras e amadas.

    O que vou dizer ao meu filho amanh quando ele acordar?, perguntava, incrdula, uma me francesa na noite dos ataques em Paris. Os terrveis acontecimentos dessa sexta-feira 13 no co-rao da Europa voltaram a levantar medos, angstias e muitas dvidas aos pais: como se explica a uma criana o que o terrorismo e,

    acima de tudo, porque que ele existe, porque acontecem os atentados? Como se pode apa-ziguar os seus medos e ansiedades perante cenrios aterradores at para os adultos?No um assunto fcil, mas ignor-lo no a melhor opo. Os constantes relatos na comunicao social de atentados terroristas e cenrios de guerra nas mais diversas partes do mundo levantam, naturalmente, muitas perguntas s crianas (para as quais nem sempre temos respostas). prefervel abor-d-las em casa, adequando as explicaes maturidade da criana, limitando a quanti-dade de informao e evitando pormenores desnecessrios. No comentar uma deciso errada. absolutamente necessrio dizer a verdade aos mais pequenos, mas uma ver-dade doseada e adaptada idade, sublinha

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    Evitar a TVAs crianas mais novas podem ficar impressionadas pelas imagens e sons e ter dificuldade em bloquear pensamentos perturbadores

    preciso adequar a informao criana, s suas caractersticas, idade, fase de desenvolvimento e maturidade emocional

    a psicloga Teresa Paula Marques. A regra , ento, simplificar, sobretudo no caso das crianas pequenas. E por muito que a vontade e instinto dos pais seja proteger ao mximo os filhos, nestes casos tapar-lhes os olhos no soluo. Vivemos num mundo marcado pelo 11 de setembro e, agora, pelo terror do Estado Islmico e preciso estar preparado para responder s dvidas das crianas, acalmar os seus receios e, acima de tudo, faz-las sentirem-se seguras e amadas.

    Tempo para falarO maior cuidado exatamente adequar a informao criana, s suas caractersticas, idade e fase de desenvolvimento e maturidade emocional, salienta Rita Castanheira Alves, psicloga infanto-juvenil, acrescentando que

    importante escolher o momento para falar sobre o sucedido (ter tempo, estar prximo da criana e num ambiente seguro e tran-quilo, evitar faz-lo em alturas em que no se conseguir ficar mais tempo com a criana).A idade e a personalidade da criana influen-ciam a sua reao s notcias que ouvem ou s imagens violentas que veem na televiso, por isso sempre importante adequar o di-logo a essas caractersticas. As crianas mais novas (entre os quatro e os seis anos) podem ser as mais impressionveis pelas imagens e sons que veem e ouvem, pois nesta idade natural que confundam os factos com as suas prprias fantasias e medos e podem ter mais dificuldade em bloquear pensamentos pertur-badores, explica a psicloga norte-americana Robin Goodman, que se tem desdobrado em conferncias e palestras em escolas depois dos atentados do 11 de setembro e da guerra no Iraque.

    As crianas em idade escolar, por outro lado, compreendem a diferena entre fantasia e realidade, mas podem no compreender que o que esto a ver na televiso muitas vezes repetido at exausto, ou seja, podem acreditar que os atos violentos continuam a ocorrer e que envolvem muito mais pessoas do que na realidade. Alm disso, sublinha, as imagens na televiso podem dar-lhes a sensao de que aquilo est a acontecer muito perto deles. E isso assustador. necessrio ter especial cuidado com as crianas dos seis aos 11 anos, cujo egocen-trismo faz com acreditem que qualquer coisa que acontea no mundo pode de seguida acon-tecer-lhes. Torna-se necessrio reforar o ca-rinho, para que se sintam seguras e amadas. Explicar, de forma simples, que estes ataques

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  • 26 Pais&filhos dezembro 2015

    so muito raros e que os senhores maus foram apanhados, e que os adultos esto a fazer o que podem para impedir que volte a aconte-cer, sugere Teresa Paula Marques. No caso dos adolescentes, sublinha, a conversa poder ser mais aprofundada. Torna-se importante explicar o que fazer em casos de emergncia, para onde se devem dirigir, caso acontea alguma coisa, e a quem devem ligar. Os ado-lescentes podem sentir-se revoltados e com vontade de agir, muitas vezes interessam-se pelas questes polticas que esto envolvidas nestes acontecimentos. So oportunidades que podem ser bem aproveitadas, lembra

    famlia tinha l estado nas ltimas frias da Pscoa e, por reconhecer os locais, a proxi-midade afetou mais. Vai acontecer c?, per-guntou, ansioso. Apesar das explicaes dos pais, que tentaram transmitir-lhe segurana e tranquilidade perante os acontecimentos, assegurando-lhe que Portugal um pas muito pacfico, Joo foi perentrio: J no quero viajar, no quero sair do meu pas!.Na segunda-feira depois dos ataques em Paris fez-se um minuto de silncio na escola do Tiago, seis anos. s 11h, todos os meninos do jardim-de-infncia e do 1 ciclo saram para o recreio e, em silncio, prestaram a sua homenagem s vtimas. Houve umas pessoas ms que mataram outras pessoas que no fizeram nada, explica, admitindo que ficou um bocado triste e, no momento, pensou em Nicolas, o amigo parisiense que tantas vezes visita a famlia. Mas depois fiquei contente porque era a hora do recreio e eu fui brincar com os meus amigos.

    Reforar a seguranaApesar das diferentes reaes das crianas perante os mesmos acontecimentos trgicos, o importante que os pais reforcem o sen-timento de segurana. Da que seja muito importante acalmarem-se antes de falarem com os filhos e explicarem que so situaes de exceo e que tudo est a ser feito para que no se repita, diz Teresa Paula Marques. difcil, claro, admite Rita Castanheira Alves. At para ns adultos, a eminncia do perigo e a insegurana so sentidos, mesmo que tentemos que assim no seja. Acima de tudo, defende, essencial explicar criana que h pessoas que tm profisses respon-sveis por garantir a nossa segurana, que nos protegem deste tipo de situaes e que o fizeram neste acontecimento para salvar as pessoas e o continuaro a fazer. Alm da segurana, Rita Castanheira Alves defende que estes so momentos ideais e essenciais para trabalhar com as crianas a solidarie-dade, a bondade, a ajuda e o respeito pelo prximo. Teresa Paula Marques acrescenta que importante tambm explicitar que a violncia no fruto de uma determinada religio, mas de pessoas que no sabem res-peitar as diferenas ou como reagir de forma correta quando se sentem ofendidas.

    Nestes momentos importante trabalhar com as crianas a solidariedade, a bondade, a ajuda e o respeito pelo prximo

    crianas Terrorismo

    - Incentive os seus filhos a falar e a fazer perguntas acerca das notcias que veem/ouvem e esteja atento aos seus pensamentos e sentimentos;- Seja rigoroso nas explicaes, mas evite entrar em detalhes e, sobretudo, dramatizar. Tente simplificar para no confundir ainda mais;- Relembre-lhes que vivem numa comunidade segura e que estes acontecimentos extremos no esto a acontecer na sua cidade, nem no seu pas;- Tente gerir as suas prprias

    emoes antes de dialogar com as crianas: elas vo sentir o seu medo e ansiedade.- Aproveite para reforar algumas regras de segurana- como nunca aceitar a boleia de um estranho. Preparar as crianas para eventos imprevistos ajuda-as a pensar de forma mais clara e reduz o risco de danos fsicos e emocionais. - D-lhes a oportunidade de participarem em eventos de solidariedade (ou at organizarem na prpria escola). importante que sintam que podem ajudar e ser teis na sua comunidade.

    Na hora de gerir informao e emoes

    Robin Goodman. A especialista sublinha ainda que preciso sempre ter em conta a personalidade e o temperamento da criana em causa: Algumas tm naturalmente mais tendncia para sentir medo e por isso ficam mais ansiosas (e at em pnico) perante uma situao de perigo.

    Reaes diferentesFoi o que aconteceu a Joo, oito anos, quando o pai lhe contou o que aconteceu em Paris. A

  • Estamos a preparar-nos para o Natal. J temos bolinhas encarnadas no azevinho do jar-dim, e passmos a fazer os nossos desenhos e pinturas em frente da lareira, mas o sinal mais evidente de que est ai porta um novo mundo pronto a nascer das palhinhas, foi a adoo absoluta e integral que fizemos da Marta. Adoo para o nosso bando, o bando de av e netas, bem entendido, porque todos ns a adoramos desde muito antes dela ter sequer posto os ps c fora. No , portanto, uma questo de amor que se trata, mas da lenta construo de uma sensao de pertena, de conhecimento mtuo, de memrias e laos que nos unem. De desejo de abrir a porta a um novo scio. A partir de agora, e fica aqui escrito, a Marta j pode ir connosco nas nossas aventuras, partilhar os passeios pelos campos, os nossos livros e msicas favoritas e, claro, os pequenos-almoos na cama, sob a gide de duas raposas pintadas na cabeceira que trocaram as galinhas da capoeira por torradas com manteiga. Para este estado de coisas contribuiu, obviamente, a confiana da Ana, que aos poucos, me foi deixando a Marta sozinha por mais tempo, escondendo o medo de que o seu querido, querido beb sentisse horrorosamente a sua falta (que na verdade sentiu), ensinando-me os truques para conseguir ador-mecer e sosseg-la, as suas msicas favoritas (no, nada que estivesse no meu reportrio de canes de embalar, a favorita dela o Je Vole, da Luanne), mas sobretudo permitindo que a Marta no s sorrisse ao longe para ns (o que faz quase desde que nasceu!), mas agora connosco. Neste pacote de truques mgicos, veio primeiro o pano, e depois a manduca, que descobri com um entusiasmo crescente. Do pano, tinha medo. Adorava a sensao do beb aconchegado, e o beb ainda mais, mas no conseguia deixar de a segurar contra mim, tal o receio de que tudo aquilo se desatasse. Alis, insistia que fosse sempre a Ana a cruzar e descruzar e a dar os ns, primeiro porque no os sabia fazer sozinha, e depois porque, de uma forma sub-reptcia, queria descartar-me da responsabilidade, julgo eu!

    A manduca j foi uma coisa diferente, uma porta aberta para passeios na rua, almoos em pastela-rias, trabalho ao computador e foi nela at que a Marta moderou umas Conversas Horizonte, com o Mrio Cordeiro, no Mapa.A Carmo e a Madalena sabem perfeitamente como se aperta e desaperta, os cliques de segurana, e a estrutura parece bem mais slida. Alm disso, mil vezes mais porttil e com menos danos para as costas do que os ovos com um beb de oito quilos l dentro. No foi um processo nada to linear como aquele que me ligou s gmeas, o jackpot de qualquer av, porque as mes no tm outro remdio seno partilh-las com o primeiro par de braos que estiver disponvel. Aqui foi preciso ver de fora e esperar. Assistir a uma pequena distncia a uma me que sabe perfeitamente o que quer para a filha, e j tem a maturidade e a experincia para chegar l sozinha. Agora, sim, foi provavelmente ser mais av, do que me, e quantas vezes perante novos hbitos ou teorias tive vontade de protestar que no via razes nenhumas para modernices. Mas agora a Marta faz parte do nosso bando. Quando se senta no cho, muito direitinha, no tira os olhos das irms mais velhas, e dobra o riso em gargalhadas contagiantes a cada macacada que fazem. E estende-me os braos, para depois partirmos as quatro juntas numa nova descoberta. Decididamente, este ano, a Marta o Menino Jesus.

    crnica Dirio de uma av galinha

    Fica aqui escrito: a Marta j pode ir connosco nas nossas aventuras, partilhar os passeios pelos campos, os nossos livros e msicas favoritas e, claro, os pequenos-almoos na cama

    Isabel Stilwell[jornalista] A Marta j faz parte

    do nosso bando

    28 Pais&filhos dezembro 2015

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    SniaMorais Santos[jornalista*]

    Novembro e dezembro so meses de emoes fortes. Novembro o ms do meu aniversrio, o ms em que o Manuel nasceu, o ms em que o Mateus tambm chegou nossa vida. Ainda mal acabmos a celebrao do nascimento de um e j estamos a fazer a festa do prximo. No toa que nos chamam a famlia sempre em festa. A seguir chega dezembro e a vez do Natal. Comeamos logo no dia 1 a fazer a rvore e depois todo um ms de jantares, compras, e preparativos para a grande noite.Este ano est tudo a ter um sabor ainda mais especial. No dia em que fiz 42 anos, o meu marido fez-me uma surpresa e quando cheguei ao restaurante onde supostamente amos jantar s os dois deparei-me com quarenta e tal amigos a gritarem Parabns! Amigos de infncia, de adolescncia, amigos herdados do Ricardo, amigos das corridas, amigos de sempre e amigos de agora que espero que fiquem para sempre. Foi uma emoo. E quando o humorista Manuel Marques entrou para contar a minha vida em menos de meia hora... ia tendo um chilique. Uma semana depois foi o primeiro aniversrio do Mateus. O meu bonequinho j tem um ano e, uma vez mais, fui tomada por aquela sensao de impossibilidade, de incredulidade, de choque pelo tempo que voa ao invs de passar devagarinho. Sempre senti isto mas com o Mateus o sentimento ainda mais avassalador. J tenho meninos crescidos, agora gostava que este ficasse mais tempo assim, pequenino, rechonchudo, amoroso. Um ano, j? Caramba.Preparei um jantar em casa apenas para os familiares mais chegados e, assim de repente, tinha 16 pessoas mesa a uma tera-feira, com jantar feito por mim e bolo de anos tambm (o clssico bolo de iogurte com chocolate por cima nunca me deixa ficar mal). O Mateus adorou e portou-se lindamente um beb que quase nunca se ouve chorar e que gosta muito de estar rodeado de gente (ou no tivesse nascido j rodeado por trs irmos).Trs dias a seguir ao aniversrio do Mateus foi a vez do Manuel. Catorze anos. Sim. Sou me de um rapaz de 14 anos e isso mais violento do que os meus prprios 42 anos. A festa do meu

    filho adolescente foi combinada entre mim e a namorada dele (ai, isto tudo to custoso...), e basicamente consistiu numa entrada em casa onde j o esperava um grupo de amigos para um jantar-surpresa.A juntar a todo este clima de festa, ainda tenho a felicidade de ter sido a escolhida para apresentar o programa Pais&filhos, que resulta da parceria entre esta revista que o leitor tem nas mos e a TVI24. Um programa semanal, aos sbados s 15h, que aborda temas que dizem respeito s crianas e aos adolescentes e a todos os que lidam com eles: pais, avs, educadores, mdicos, etc. O programa estreou no dia 7 de novembro com o tema do sono. A dificuldade de algumas crianas em dormir foi discutida por Filipa Sommerfeldt Fernandes, especialista em ritmos de sono, e o pediatra Mrio Cordeiro, convidados para a conversa. Acho que o programa , sem dvida, muito til para debater questes que preocupam os pais, e sinto-me muito feliz por fazer parte dele. Espero que gostem. E, de repente, estamos em dezembro e vem a o Natal e toda a alegria que esta festa da famlia traz consigo. Eu no digo que so dois meses em permanente festejo?

    Novembro o ms dos aniversrios: o meu, o do Manuel e o do Mateus. Ainda mal acabmos a celebrao de um e j estamos a fazer a festa do prximo. Depois, a vez do Natal...

    de emoes fortesDois meses

    30 Pais&filhos dezembro 2015

    crnica Quatro em Linha

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  • 32 Pais&filhos dezembro 2015

    natal Fantasia[texto] Sofia Teixeira [ilustrao] Marta Torro

    sim, o

    existe!Existe na imaginao dos seus filhos e isso bom para o desenvolvimento afetivo e cognitivo. Mas, nos tempos que correm, em que a crianas tm acesso a mais informao e mais cedo, ainda possvel acreditar no Pai Natal?

    O Pai Natal existe. Pelo menos para Simo, de seis anos. Tanto que o tio s vezes at lhe liga para o Polo Norte e fala com ele ao telefone, tanto que o v passar de fugida atravs da janela na noite de Natal e depois aparecem os presentes, tanto que em dezembro nas ruas e nos centros comerciais andam os seus ajudantes que se podem re-conhecer pela roupa de Pai Natal embora no sejam mesmo o Pai Natal verdadeiro. Para mais, o Pai Natal adivinha o que ele quer todos os anos. No, no h razo absolutamente ne-nhuma para duvidar da sua existncia. Este ano a me j lhe perguntou o que vai pedir ao Pai Natal, e Simo, ciente da necessidade de bom comportamento, ditou a sua prpria sentena: No vou pedir nada. No me ando a portar bem porque no durmo na minha cama, responde srio. No nada pedincho, diz a me, Cristiana Santos. Mas sei que com o aproximar do Natal e quando aparecerem os

    E a fantasia?Vivemos numa poca de hiper-realismo e imediatismo, que deixam pouco espao representaao mental. As crianas de hoje sabem muito, mas brincam e sonham pouco, considera a psicoterapeuta Alexandra Barros

    Pai Natalfolhetos das lojas comea a ver coisas e a di-zer que gosta. E no que o Pai Natal acerta sempre? Talvez este seja o ltimo Natal em que Simo desfruta desta fantasia. Cristiana desconfia que no vai demorar muito at que o filho perceba que o velhinho das barbas uma doce mentira. Este ano na escola, com o que dizem os mais velhos, acredito que comece a desconfiar que no existe. E na internet ainda no navega por-que ainda no escreve nem l, mas vai comear a ser diferente com a aquisio da leitura. Depois, acaba-se a magia. Na realidade, as duas fases o auge da fantasia e a aquisio da leitura cruzam-se por um perodo relativamente curto de tempo. A idade prpria da fantasia corresponde sobretudo ao perodo pr-escolar, estendendo-se depois um pouco aps a entrada para a escola, explica Joo Nuno Faria, psiclogo clnicoe responsvel pelo Ncleo de Interveno no Uso da Internet e das Telecomunicaes do PIN Progresso Infantil.

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  • 34 Pais&filhos dezembro 2015

    natal Fantasia

    - Arranje um Pai Natal de servio que passe em frente janela ou aparea na sala a distribuir os presentes. Tenha o cuidado de preparar os mais pequenos antes da sua entrada, caso contrrio, alguns ficam assustados.

    - Se abrir os presentes de manh prepare com as crianas um copo de leite e umas bolachas para a ceia

    do Pai Natal. Antes de se ir deitar, com as crianas j na cama, beba um pouco de leite e d uma dentada na bolacha. Deixe-os encontrar as provas da passagem do Pai Natal l por casa na manh seguinte.

    - Mostre-lhes vdeos ou animaes do Pai Natal. Ou deixe-os acompanhar a viagem do Pai Natal em sites como o NORAD Santa

    Tracker (www.noradsanta.org)

    - Pea criana para escolher um brinquedo para o Pai Natal levar para outro menino e deixe-o na rvore.

    - Ensaie com eles algumas canes de Natal e, na noite da consoada, deixe-os fazer uma atuao para a famlia.

    Dicas para alimentar a magia

    Uma infncia sem Pai Natal, sem fantasia, uma infncia a preto e branco

    Internet: fantasia vs realismoO Pai Natal existe?, perguntamos ns ao Google. E ele responde em 0,32 segundos com cerca de 693000 resultadosmuito diferentes. E isto que as crianas comeam a fazer, mal sabem teclar as primeiras letras. Um inqurito realizado no Reino Unido mostra que 54 por cento das crianas vai primeiro ao Google ou a outro motor de busca quando tem uma dvida, e apenas 26 por cento afirma que pergunta aos pais primeiro. Por isso impe-se a pergunta: ser que o mundo de hoje pode aniquilar a fantasia das crianas? Pode o Google ditar a morte pre-coce do Pai Natal no imaginrio das crianas? A psicoterapeuta Alexandra Barros no tem dvidas que, em muito, os tempos de hoje so pouco amigos da infncia e da fantasia. Vivemos numa poca de hiper-realismo e de imediatismo, que deixam pouco espao re-presentao mental. As crianas de hoje sabem muito, mas brincam e sonham pouco. Para a psicoterapeuta, estamos a criar adultos em ponto pequeno, mas sem os devidos recursos emocionais para lidar com esses conhecimentos e a internet, com todas as vantagens que trouxe, tem a sua quota-parte de culpa. Descobrir que o Pai Natal no existe est distncia de um clique nos motores de busca e, na minha opi-nio, uma infncia sem Pai Natal, sem fantasia, uma infncia a preto e branco.J Joo Nuno Faria defende que a questo pode ser olhada de dois polos contrrios: a internet, ao mesmo tempo que tem todo o potencial para acabar de forma factual com o mundo da fan-tasia, tem igualmente o poder de o potenciar. Se for para destruir o mito, pais e professores podero encontrar sites com explicaes ade-

    O Natal contagioso. E mesmo que no faa uma grande encenao natalcia, as crianas fantasiam naturalmente. Mas, se quiser dar um empurro, eis algumas dicas:

    http://www.noradsanta.org

  • www.paisefilhos.pt 35

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  • 36 Pais&filhos dezembro 2015

    natal Fantasia

    Perguntas! Prepare-seComo consegue o Pai Natal entregar, numa s noite, os presentes a todas as crianas do mundo?

    quadas etapa de desenvolvimento em que a criana est.Mas tm igualmente ao seu dis-por inmeros sites que podero maravilhar o mundo imaginrio das crianas, com efeitos e animaes a que ningum de geraes an-teriores teve acesso.Em casa de Alexandra Capelo isso que acon-tece. A filha, Anita, de seis anos, ainda acredita no Pai Natal, apesar de a irm mais velha, de

    dez, lhe ir dizendo que ele no existe. A me esfora-se para manter a magia mas tambm online que Anita encontra as provas da exis-tncia desta personagem que todos os anos lhe deixa uma prenda que deseja. Por enquanto, no acho que a internet contri-bua para ela desconfiar, pelo contrrio, como ainda no sabe ler a internet ajuda-a a acreditar. V s a magia. Com alguma ajuda da irm e da me, online, Anita maravilha-se com os jogos, histrias, desenhos animados e msicas do Pai Natal. Ele est ali, mesmo em frente aos seus olhos, como no acreditar nele? Ela ainda est na fase em que acredita em tudo o que v na televiso e na internet, conta Alexandra. De

    A internet tem potencial para acabar com o mundo da fantasia, mas tambm tem o poder de o potenciar

  • www.paisefilhos.pt 37

    Descobrir que o Pai Natal no existe no um trauma. O que traumatiza a impossibilidade de sonhar e de ser criana

    resto, esta me acha que hoje em dia bem mais fcil faz-los acreditar: H uma cumpli-cidade comercial muito grande que no havia no nosso tempo.No perodo pr-escolar as crianas tm pouca autonomia para realizar pesquisas na internet por si mesmas, com a entrada para a escola verifica-se um aumento na curiosidade e na capacidade de autonomamente pesquisar in-formao na internet, refere Joo Nuno Faria. Mas se tem receio que seja atravs da internet que ele descobre que no h Pai Natal, tranqui-lize-se: Sabe-se que a maior parte das buscas so feitas de modo a confirmar as crenas do indivduo e apenas uma pequena parte das pesquisas orientada com palavras que pro-curam desmentir os factos refere o psiclogo. Quer isso dizer que, ainda que acontea que essa resposta venha atravs do Google, se a criana j escreve porque j est na idade em que natural comear a desacreditar, e alm disso, j teria suspeitas e foi s procura da sua confirmao.

    Pai Natal supersnico?Depois de um perodo de certezas, vm as d-vidas: Como consegue o Pai Natal entregar numa s noite os presentes a todas as crianas do mundo? Esta uma das perguntas que si-naliza as primeiras desconfianas e marca a passagem para um pensamento mais racional e menos mgico. Bom, a cincia, ao longo dos tempos, tem feito os seus clculos sobre o tema: seriam precisas 360 mil renas para transpor-tar todos os brinquedos; aproveitando os fusos horrios, o Pai Natal teria cerca de 31 horas para a distribuio, o que daria uma mdia de mil visitas por segundo, o que, por sua vez, implicaria deslocar-se a qualquer coisa como mais de 1000 quilmetros por segundo. Est visto que quando o seu filho comear a apresentar dvidas, o raciocnio lgico no a melhor forma de lhe responder s questes! Nesta fase, a psicoterapeuta Alexandra Barros defende que os pais devem seguir a criana e sugere que lhe respondam com outras per-guntas: O que que tu achas?, O que que te disseram?, Se o Pai Natal no existe, quem ser que te d as prendas?, Como te ias sentir se soubesses que o Pai Natal no existe?. As respostas a estas questes, diz a psicote-rapeuta, ajudam os pais a perceber o nvel de proximidade com o real, o grau de compreenso

    e a maturidade emocional para lidar com o assunto. Quando conduzimos as descobertas deste modo, evitamos responder frente do que a criana est preparada para compreender, da-mos-lhe pistas para se aproximar da realidade e ajudamo-la a chegar sozinha s concluses.Mas nem sempre assim. Esta foi uma situao que Marta Farinha, me de ris, no teve de ajudar a filha a gerir. Alis, se algum teve de gerir alguma coisa inesperada no que toca esta fantasia infantil foi ela prpria. ris tem hoje dez anos e, no Natal em que tinha seis, uns dias antes de dia 24, Marta pergun-tou-lhe qual era o presente que ela desejava mais. Respondeu-me que sabia perfeitamente que no havia Pai Natal nenhum e que era eu e outros adultos que comprvamos os presentes! Marta ainda relembrou episdios da chegada do Pai Natal em anos anteriores, mas ris no se deixou abalar nas convices j firmadas. Explicou que percebia agora que era algum que ia bater janela l fora e que ainda no tinha dito nada porque achava muito divertido. Depois, pondo em campo todo o seu raciocnio lgico explicou as razes da sua descrena:

    impossvel apenas um senhor distribuir presen-tes s crianas do mundo inteiro, mesmo com um tren que voasse muito rpido. Ainda para mais sendo velhote: so pessoas mais lentas e com dores nas pernasO ideal que esta transio acontea, assim, por si. O desenvolvimento intelectual caracteri-zado por uma transio gradual do pensamento mgico para o raciocnio lgico, e a criana vai naturalmente concebendo a interferncia de fatores externos, mais prximos da realidade, explica Alexandra Barros. E em relao preocupao de muitos pais, especialista desdramatiza: Descobrir que o Pai Natal no existe pode trazer alguma de-siluso, mas no propriamente um trauma, at porque os desejos at aqui realizados por essa figura continuaro, de certa forma, a ser assegurados pelos pais. O que traumatiza a impossibilidade de sonhar e de ser criana!

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  • 42 Pais&filhos dezembro 2015

    natal Presentes indesejados[texto] Sofia Teixeira [ fotografia] Fotolia

    e se os paisno gostam dos

    O Natal das crianas. Por isso, no que toca a presentes, todos tentam agradar. O pior que, s vezes, os presentes que fazem as delcias das crianas so um inferno para os pais.

    longe de ter levado a mal a oferta que a sua amiga de longa data fez filha, e atribui-a a uma certa inexperincia. Quem no tem filhos, quando compra um presente para uma criana, mais facilmente se esquece de pensar que h brin-quedos que podem maar a pacincia aos pais. A amiga responsvel pela oferenda est agora a planear engravidar. Portanto, o tipo de brin-quedo que est guardado na minha lista para oferecer ao filho que h-de ter, ri Sandra.Menos graa achou Margarida quando h uns anos no Natal ofereceram ao filho Toms, na altura com apenas oito anos, o jogo de computa-dor Call of Dutty um jogo que recria batalhas histricas e envolve lutas corpo a corpo, com sons e grafismos ultra-realistas. Nada adepta de violncia, Margarida optou por no deixar que Toms jogasse. Ele ficou feliz da vida com a prenda, mas um jogo muito violento. Tive de o esconder porque no queria que ele tivesse acesso quilo.

    presentes?

    Logo na noite de Natal, Sandra Isidro percebeu que talvez aquele micro-fone com msica da Popota ainda lhe viesse a dar algumas dores de cabea. O som era estridente e o volume no era regulvel, lembra esta me. A filha, Margarida, de quatro anos, ficou encan-tada e, apesar do mar de presentes, recebeu-o com um entusiasmo proporcional ao barulho que o brinquedo fazia. Quando, uns dias depois, Sandra acordou de manh cedo, sobressaltada com um barulho, e descobriu Margarida a meio do seu quarto de microfone na mo, confirmou que o brinquedo lhe ia dar gua pelas barbas. Soluo: de vez em quando, em alturas de menos pacincia, o brinquedo desaparecia tempora-riamente para parte incerta. Entretanto, para algum alvio dos pais, avariou-se.Sandra est

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    Para grandes males, grandes remdiosMas afinal, o que fazer em casos deste? Quando um tio oferece criana, sem perguntar antes, a Playstation que ele pediu e qual j tinha respon-dido no? Ou quando a av lhe d uma bateria que j sabe que lhe vai roubar o sossego nos prximos tempos? Deve impedir-se a criana de usar um presente de Natal com o qual no se concorda ou o melhor ceder? O psicoterapeuta Nuno Cristiano de Sousa de-fende que, por muito doloroso que seja para os pais retirar criana uma prenda desadequada, um mal necessrio que ter efeitos positivos a curto prazo. Mesmo que a criana tenha uma reao de choro e queixa, os pais devem assumir a responsabilidade de ser firmes, defende. Ou seja, deve dar-se espao criana para mos-trar o seu desagrado e para refilar, mas no se deve considerar que para ela isso ser um trauma, basta explicar a razo pela qual se to-mou a deciso. O psicoterapeuta defende ainda que, em muito casos, a explicao pode passar por dizer que a prenda ainda no pode ser utilizada, porque para crianas mais velhas, mas que quando ela tiver idade suficiente os pais a devolvem. H apenas uma coisa que os pais no devem fa-zer: reagir abruptamente com quem presenteou a criana, sobretudo frente dela. Por um lado, porque mesmo que o presente seja desadequado, a oferta no ter sido feita com m inteno. Por outro, porque uma reao abrupta pode

    provocar na criana vrias reaes negativas, como a sensao de que quem deu a prenda uma pessoa m, que os pais so pessoas vio-lentas, ou at de que ela prpria m por ter desejado algo proibido. Em relao a quem deu o presente, o psicoterapeuta de opinio que se deve transmitir que no se concorda e explicar porqu, mas calmamente e no em frente da criana.

    Sensibilidade e bom sensoRita Dias, me de dois rapazes, com 13 e sete anos, reconhece que foi neste aspeto mais per-missiva com o primeiro filho do que com o se-gundo. Quando o mais velho tinha apenas cinco, recebeu pelo Natal uma Playstation, oferecida pelos avs. Como os primos tinham, os avs acharam que ele tambm devia ter, conta Rita. Na altura, apesar de achar muito cedo, acabou por ceder e deix-lo brincar com ela. Resignou-se e acho que se estava dado, estava dado. Mas essa e outras experincias fizeram-na sentir que no estava a beneficiar o filho em nada. Acho que ter tido algumas coisas antes do tempo, fez com que no as soubesse aproveitar na altura e, quando chegou o momento certo de as gozar, j tinham perdido o interesse. Por isso, com o mais novo, j no foi assim. Alm de s agora, com sete anos, ter sido autorizado a comear a jogar um pouco com a Playstation do irmo mais velho, quando no ano passado os tios se preparavam para lhe oferecer um tablet no Na-tal, Rita considerou que era cedo demais e no autorizou o presente.Diferentes pais tm diferentes opinies e prin-cpios em relao educao das crianas, pelo que no h regras universais. Assim, no ha-vendo propriamente uma etiqueta no que toca oferta de presentes a crianas, deve imperar o bom senso. Quando h uma relao prxima com a famlia, quem oferece ter naturalmente a capacidade de intuir o que poder ser adequado para a criana, portanto no se deve ter medo de ser espontneo na escolha, defende Nuno Cristiano de Sousa. No entanto, o psicoterapeuta tambm deixa uma regra de bom senso muito til em caso de dvida: perguntar sempre aos pais. E, acima de tudo, tratar o assunto previamente, entre adultos: No se deve prometer criana uma prenda especfica, porque caso os pais no concordem podem passar pelos maus da fita que proibiram a prenda do amigo bom!

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  • 38 Pais&filhos dezembro 2015

    natal Preparativos[texto] Ana Sofia Rodrigues [ fotografia] Fotolia

  • www.paisefilhos.pt 39

    Em Inglaterra, especialistas em se-paraes judiciais j apelidaram a primeira segunda-feira de janeiro de Dia D ou Dia do Divrcio, devido avalanche de pedidos que ocor-rem nessa semana, em especial por parte das mulheres. A culpa? A festa de Natal! A terapeuta sexual inglesa, Pam Spurr, at criou um programa chamado 12 days of Sexmas (um intraduzvel trocadilho com Christmas), que defende que o casal deve ter 12 dias de sexo criativo at ao dia 25 de dezembro, como forma de preveno de conflitos. Brincadeiras parte, todos j sentimos

    SOSO Natal pode ser fonte de grande ansiedade e stresse. Com tantos fogos para apagar, preciso organizar-se e centrar-se no essencial. Saiba como.

    que a poca natalcia pode ser mais stressante que gratificante A Pais&filhos falou com alguns especialistas e deixa-lhe algumas dicas para um Natal mais feliz.

    Baixar as expectativasDesde pequenos, vendem-nos o Natal como sendo uma poca maravilhosa, de paz e amor. E que, se nos portarmos bem, ainda recebemos presentes! S que tambm verdade que pode ser uma altura de birras, constipaes, stresse e frustraes. Por isso, o meu conselho bai-

    xar as expectativas. Mesmo!, aconselha Magda Gomes Dias, coach e formadora nas reas com-portamentais. Para que tudo corra melhor, importante esquecer os modelos perfeitos e ter bem presente que embora seja a celebrao da famlia e uma poca supostamente mgica, tambm uma altura do ano em que nada como nos filmes. E no faz mal. O mais natural que isso acontea. Os prprios rituais familiares vo se alterando com o tempo. Os rituais no devem ser estticos ou rgidos. As famlias vo adaptando-os, at considerando as fases de vida, as idades, a sade, as deslocaes

    que os vrios ncleos da famlia esto a viver. H famlias em que vo variando a casa onde acontece o Natal, outras que passam a celebrar num hotel, outras que deixam de ter oferta de prendas, outras que vo mudando a prpria comida das principais refeies., desmistifica a psicloga e terapeuta familiar Catarina Rivero. Por isso, aproveite ao mximo o seu Natal e no entre em comparaes.

    Planear e anteciparDeixar tudo para o fim aumenta a ansiedade, faz--nos ultrapassar os oramentos e leva-nos a tomar

    Natal

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  • 40 Pais&filhos dezembro 2015

    decises por impulso, que se tornam por vezes irracionais. O conjunto de coisas a preparar enorme: a decorao da casa, a compra das prendas, as atividades para os filhos em tempo de frias, a ceia de Natal, receber visitas em casa. Para que tudo corra bem, essencial planear e comear o mais cedo possvel a preparar o Natal, aconselha Lgia Noia, formadora e consultora em organizao. Para tal, sugere trs passos: 1. identificar quais as grandes reas que precisa organizar; 2. fazer trs