Painel III – Diversidades em EDS: Ética, território e turismo – Norberto Santos (Univ....

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Chile, 1999 Norberto Santos CEGOT Universidade de Coimbra

Transcript of Painel III – Diversidades em EDS: Ética, território e turismo – Norberto Santos (Univ....

Chile, 1999

Norberto Santos CEGOT

Universidade de Coimbra

Educação Geográfica

• Saber pensar o espaço e intervir no meio – Educação Geográfica (EG)

– Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS)

• Dimensão “Espaço”

– fundamental

– agregadora das aprendizagens

– devendo por isso ser alvo de valorização

• 1. procurar o equilíbrio nas três esferas da sustentabilidade - ambiente, sociedade e economia;

• 2. reconhecer que a satisfação das necessidades locais muitas vezes tem efeitos e consequências internacionais;

• 3. ser transdisciplinar,

– nenhuma disciplina é dona da EDS,

– todas as disciplinas contribuem para a EDS

– variedade de técnicas pedagógicas promovem participação na aprendizagem

– capacidades de pensamento de ordem superior (PEC)

Características da EDS

Zygmunt Bauman Vida de consumo, Vida Líquida, Medo Líquido, Amor líquido

• esperar que os indivíduos encontrem e coloquem em prática soluções individuais para problemas produzidos pela sociedade é um erro.

• os problemas que enfrentamos nos territórios locais, como a crise financeira e climática, entre outros, são de origem global

– resoluções dos mesmos passam pela criação de uma agenda

política planetária

– instituições políticas globais eficazes e dotadas de recursos que lhes permitam enfrentá-los.

O carácter transdisciplinar da EG

EDS é uma articulação de saberes

EG é a orientação pedagógica fundamental na educação para a cidadania e promoção da literacia do território

Tecnologias de Informação Geográfica são plataformas de interação capazes de valorizar a formação de cidadãos espacialmente competentes

TIG EG

EDS

Ciência Geográfica (Campar e Gama, 2003)

• Era Moderna faz da geografia uma ciência europeia, por causa da sua importância na exploração e descoberta de novas terras.

• A necessidade da geografia para fazer a guerra (dominação, fronteiras conhecimento do espaço) faz dela uma Geografia dos Estados –Maiores.

• A importância da identidade nacional torna-a objeto de ensino e numa Geografia dos Professores.

• Planear e ordenar o espaço tornou-a num Geografia Aplicada.

• A necessidade do saber pensar o espaço torna-a numa Geografia Crítica. Cada vez mais presente no debate público ligado ao domínio do espaço.

• Cidadão geograficamente competente

• Capaz de dar valor à justiça espacial

• Competente na interpretação espacial: – Localização (absoluta/relativa)

– Escala

– Distância (tempo, custo, psicológica)

– Fluxos

– …

Espaço geográfico (Olivier Dollfus, 1976)

• Espaço Geográfico: – resulta de um passado histórico,

– da densidade demográfica,

– da organização social e económica

– dos recursos técnicos dos povos que habitam os diferentes lugares.

• O Espaço geográfico encontra-se impregnado de história porque

– o ordenamento do território é a expressão de uma política económica e das consequências sociais daí resultantes,

– os seus habitantes são consciencializados para serem os depositários de um património que é preciso utilizar de modo sustentável (Santos, 2012)

• O Turismo e a ética que o orienta

ESTATUTOS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE TURISMO (OMT)

Objectivo principal – promover e desenvolver o turismo – contribuir para a expansão económica,

– compreensão internacional (a perceção do OUTRO)

– a prosperidade (o desenvolvimento com mais valias para

os stakeholders locais)

– respeito universal e a observância dos direitos e liberdades humanas, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.

ESTATUTOS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE TURISMO (OMT)

2. A Organização presta especial atenção aos interesses dos países em vias de desenvolvimento no domínio do turismo. 3. (…) Relações de cooperação e participação com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), como organização participante e encarregada da execução do Programa.

Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas

• Fundado em 1965 com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento humano.

• Objetivos – desenvolvimento humano sustentável;

– Erradicação da pobreza;

– Proteção ambiental;

– Criação de emprego;

– Participação das mulheres;

– Cooperação internacional.

IDH

Desviar o foco do desenvolvimento da economia e da contabilidade de renda nacional para políticas centradas em pessoas

Expectativa de vida ao nascer Índice de educação Índice de Anos Médios de Estudo

Índice de Anos Esperados de Escolaridade

Índice de renda

World Economic

Forum

Código de Ética Mundial para o Turismo Artigo 1 º CONTRIBUIÇÃO DO TURISMO PARA O ENTENDIMENTO E RESPEITO MÚTUO ENTRE HOMENS E A SOCIEDADES

1. Espírito de tolerância e respeito à diversidade, às crenças religiosas, filosóficas e morais são, por sua vez, o fundamento e a consequência de um turismo responsável.

2. Atenção às tradições. IDENTIDADE/SINGULARIDADE

3. Hospitalidade das comunidades recetoras (autóctones e stakeholders) SATISFAÇÃO

Artigo 1 º

CONTRIBUIÇÃO DO TURISMO PARA O ENTENDIMENTO E RESPEITO MÚTUO ENTRE HOMENS E A SOCIEDADES

4. Segurança de turistas, seus bens, património cultural e natural e instalações turísticas. FIDELIZAÇÃO / INTEGRAÇÃO SOCIAL

5. Integração do turista nas práticas, normas e leis dos territórios que visitam, preservando o ambiente. DIREITOS /DEVERES

6. Responsabilidade do turista sobre obter informação sobre os países de destino (saúde e bem-estar incluídos). MARKETING MIX /NOVAS TECNOLOGIAS /SINALÉTICA

Artigo 2

O TURISMO, INSTRUMENTO DE DESENVOLVIMENTO PESSOAL E COLETIVO

1. Meio privilegiado de desenvolvimento individual e coletivo, fator de auto-educação, tolerância mútua e aprendizagem das legítimas diferenças entre os povos, culturas. 3D’s

Tolerância, pluralismo e conflito

Como é formado o espírito tolerante: Experiência turística autêntica em regiões remotas do mundo, tornada possível pela actual facilidade de viagens pelo mundo.

Cada vez mais pessoas estabelecem contactos e obtêm conhecimentos de outras culturas e modos de vida.

Para os que são obrigados a ficar em casa, os mass media modernos trazem diversidade às suas habitações, promovendo um nível significativo de indulgência através da diferença.

A vivência urbana surge mais associada à tolerância do que a vivência rural.

• Visitas a favelas (ROCINHA)

Artigo 2

O TURISMO, INSTRUMENTO DE DESENVOLVIMENTO PESSOAL E COLETIVO

2. Respeito pela igualdade entre homens e mulheres, promoção dos direitos humanos e em particular de populações mais vulneráveis, crianças, maiores de idade, as pessoas incapacitadas, as minorias étnicas e os povos autóctones.

3. Não exploração de qualquer ser humano.

4. Dar significado às deslocações por motivos religiosos, saúde, educação, intercâmbio cultural ou linguístico. GRANDES GRUPOS DE CLASSIFICAÇÃO DO TURISMO

Artigo 3

O TURISMO, FATOR DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

1. Proteção do ambiente e os recursos naturais (agentes turísticos)

2. As autoridades públicas nacionais, regionais e locais

1. preservarão os recursos naturais escassos e valiosos, em particular a água e a energia,

2. evitando, no que for possível, a produção de resíduos

3. Reduzir a sazonalidade para menor pressão sobre os recursos e o território. UM PROCESSO AMBÍGUO

4. Infraestruturas e equipamentos devem preservar ecossistemas e a diversidade biológica.

1. Limitação de atividade turísticas em áreas vulneráveis (desertos, regiões frias, alta montanha, florestas tropicais, zonas húmidas, habitats de pessoas e animais)

5. Turismo de natureza e ecoturismo são formas privilegiadas de turismo sustentável quando respeitem a capacidade de carga dos lugares turísticos.

Artigo 4

O TURISMO, FATOR DE APROVEITAMENTO E ENRIQUECIMENTO DO PATRIMÓNIO CULTURAL DA HUMANIDADE

1. Os recursos turísticos pertencem ao património comum da humanidade.

2. Atenção particular à proteção e à recuperação patrimónios e dos lugares de interesse histórico ou arqueológico, com estímulo ao acesso público. PATRIMONIALIZAÇÃO

3. Mais-valias da visitação devem reverter, em parte, para a manutenção, proteção e melhoria do património. DESENVOLVIMENTO LOCAL

4. Permitir a sobrevivência e o progresso da produção cultural e artesanal tradicional, assim como, do folclore evitando a normalização e o seu empobrecimento. IDENTIDADE E SINGULARIDADE

1. Fuga à mcdonalização/cocacolonização (processos de Globalização Cultural)

Artigo 5

O TURISMO, ATIVIDADE BENÉFICA PARA OS PAÍSES E AS COMUNIDADES DE DESTINO

1. Participação equitativa nos benefícios económicos, sociais e culturais (populações, comunidades locais e agentes turísticos) especialmente na criação direta e indireta de emprego que ocasionem. DESENVOLVIMENTO LOCAL

2. Melhoria do nível de vida da população das regiões visitadas, cuidado na conceção arquitetónica e contratação de recursos humanos locais. QUALIDADE DE VIDA

3. Especial atenção às áreas vulneráveis através da criação oportunidades de desenvolvimento das atividades económicas tradicionais. SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

4. Haverá estudos de impacto ambiental dos projetos de desenvolvimento turístico. SOCIEDADE PROGRAMADA (TOURAINE)

Artigo 6

OBRIGAÇÕES DOS AGENTES DO DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO

1. Facilitar aos turistas uma informação objetiva e autêntica sobre lugares de destino e sobre as condições de viagem, recepção e estada

2. Dar atenção à segurança, prevenção de acidentes, e as condições sanitárias e da higiene dos alimentos daqueles que buscam seus serviços (RISCO)

3. Contribuir para o pleno desenvolvimento cultural e espiritual dos turistas (a satisfação é um objetivo integral)

NS

Artigo 7

DIREITO AO TURISMO

1. A possibilidade de acesso direto e pessoal à descoberta das riquezas de nosso mundo, constituirá um direito igual para todos os habitantes de nosso planeta. IMPORTÂNCIA DA VIAGEM

2. Consequência do direito ao descanso e lazer, e em particular à limitação razoável da duração do tempo de trabalho e a férias anuais pagas, garantidas no art. 24 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e no art. 7 do Tratado Internacional de Direitos Económicos, Sociais e Culturais. (tempo livre/trabalho/descanso 8*8*8-24 horas do dia)

Jogos de mesa Jogos Jogos Televisão, rádio

Televisão, rádio Televisão, rádio Televisão, rádio Jogos

Leitura Leitura Leitura Audição de música

Audição de música Audição de música Audição de música Bricolagem e jardinagem

Bricolagem e jardinagem Bricolagem e jardinagem

Jogos ao ar livre Jogos Jogos Passeios a pé

Passeios a pé Passeios a pé Passeios a pé e bicicleta Jogos ao ar livre

Desportos Desportos Desportos Idas ao café

Idas ao café Idas ao café Idas ao café Idas ao cinema e teatro

Idas ao cinema Idas ao cinema e teatro Espectáculos

Passeios de curta

duração (a pé, bicicleta,

automóvel)

Passeios de curta

duração (a pé, bicicleta,

automóvel)

Passeios

Cinema e teatro Pequenas viagens Viagens de automóvel

Espectáculos(Ida ao campo, à

montanha, à praia)

(Campo, montanha,

praia, termas)

Saídas do ambiente de

vida quotidianaVisitas culturais

Viagens de turismo Viagens de turismo

Cruzeiros Estâncias termais

Desporto Regiões turísticas

Montanha, campo, praia Visitas culturais

Cruzeiros

Casa

Fora de

casa

Espaço de

alcance

imediato

Espaço de

alcance médio

Espaço de

alcance longo

Fim de dia Fim de semana Fim de ano (férias) Fim de vida (reforma)

Artigo 7

DIREITO AO TURISMO

3. Desenvolvimento do turismo social, em particular associativo, que permite o acesso da maioria dos cidadãos ao lazer e a férias.

4. Facilitação do turismo familiar, de jovens e estudantes, de pessoas idosas e das portadoras de deficiências. IMPORTÂNCIA DO TURISMO INTERNO

Artigo 9

DIREITO DOS TRABALHADORES E DOS EMPRESÁRIOS DO SETOR TURÍSTICO

5. As empresas multinacionais do setor turístico, não abusarão da posição dominante que podem ocupar. CONVERGÊNCIA

6. A colaboração e o estabelecimento de relações equilibradas entre empresas de países emissores e receptores contribuem para o desenvolvimento sustentável do turismo e a uma divisão equilibrada dos benefícios do seu crescimento

Quarta posição

CONVERGÊNCIA

• Implica, integra e articula espaço e sociedade reivindicando as dimensões:

– Territoriais,

– Sociais,

– Económicas,

– Políticas,

– Culturais,

– Em Síntese: SISTÉMICA

Mantero, 2013

Componentes e gestão do turismo Charles Goeldner e Brent Ritchie (2009)

FONTE: Moreira, 2013.

O turismo, não é necessariamente fator suficiente para o desenvolvimento local

Pode tornar-se, com a orientação certa, em organizador e criador de atividades que promovam realidades e potencialidades subestimadas.

Com base em atributos naturais e culturais do território, a prática social do turismo permite: qualidade de recursos de suporte para atividades geração de proveitos e benefícios, para visitantes e habitantes através do seu usufruto, da sua produção e do seu consumo.

O desenvolvimento resulta

da contribuição endógena, principalmente da comunidade local da endogeneização de ações extra exógenas.

Chile, 1999

Norberto Santos CEGOT

Universidade de Coimbra

• Agência Nacional Chequè-Vacance • (1982) (França)

– Realização de viagens pelo maior número possível de pessoas, especialmente às de menores rendimento

– Oferta de uma ampla rede de prestadores de serviços turísticos, capaz de responder com qualidade à procura

– Colaboração no processo de desenvolvimento do turismo das regiões.

– Promoção de bolsas de viagens para consumidores especiais: grupos sociais com precariedade económica, pessoas portadoras de deficiência, jovens e outros.

• Movimento financeiro gerado - bilhão de euros (apoio a 2,5 milhões de pessoas e beneficio de sete milhões de turistas)

• Envolvimento - mais de 21 mil organizações e 135 mil profissionais de turismo e outros relacionados ao lazer

http://www.letrasbrasileiras.com.br/