PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

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PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira Gama Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. RIO DE JANEIRO FEVEREIRO DE 2014

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PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO

Jaqueline de Oliveira Gama

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Elétrica da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

RIO DE JANEIRO

FEVEREIRO DE 2014

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PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO

Jaqueline de Oliveira Gama

PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

ELETRICISTA.

Examinada por:

__________________________________

Prof. Jorge Luiz do Nascimento, Dr. Eng.

(Orientador)

__________________________________

Prof. Sergio Sami Hazan, Ph.D

__________________________________

Júlio César Ferreira de Carvalho, M. Sc

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

FEVEREIRO DE 2014

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Gama, Jaqueline de Oliveira

Painel Fotovoltaico de Baixo Custo/ Jaqueline de Oliveira Gama. –

Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2014.

xii, 66 p.:Il.; 29,7 cm.

Orientador: Jorge Luiz do Nascimento

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Elétrica, 2014.

Referências Bibliográficas: p.63-66

1. Geração de Energia Solar Fotovoltaica. I. Nascimento, Jorge Luiz

do. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,

Curso de Engenharia Elétrica. III. Título.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me abençoado em toda minha trajetória

e me dado força em todos os momentos. E a Nossa Senhora que intercedeu por mim em

todas as horas.

Aos meus pais, dedico todo esse trabalho, por sonharem comigo e terem feito o

possível e o impossível para que pudesse chegar até aqui. Sem vocês nada disso seria

possível. Obrigada pelo amor incondicional, apoio, compreensão e paciência em todos

os momentos.

À minha irmã, pela parceria nessa jornada e na vida. Obrigada pelas palavras de

incentivo e pelo apoio, inclusive na revisão deste trabalho.

Ao meu orientador Jorge Luiz, pelo carinho e paciência com que sempre

buscava conduzir o projeto, mostrando sempre sua experiência com simplicidade.

Lembrarei com saudade das conversas e conselhos.

Aos professores do Departamento de Engenharia Elétrica pela dedicação com

que transmitem seu conhecimento. E aos demais funcionários, sempre atenciosos para

resolver os nossos problemas.

Dedico também aos meus queridos amigos, que me acompanharam e

incentivaram durante todo curso. O carinho de vocês foi fundamental.

“Entrega teu caminho ao Senhor, confia Nele e Ele o fará.” Sl 37,5

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RESUMO

A necessidade de tornar a matriz energética mais limpa tem impulsionado o

desenvolvimento das fontes alternativas. A obtenção de energia de forma sustentável é

um dos benefícios deste tipo de geração, no entanto altos custos, em alguns casos, são

empecilhos para o aumento da participação como fonte de energia elétrica.

A energia solar fotovoltaica ainda possui custo de geração bastante alto, em

relação a tipos convencionais, devido principalmente ao preço dos painéis solares. Isto

porque o processo de manufatura dos mesmos ainda é bastante alto, embora estímulos

para utilização de energia fotovoltaica venham contribuindo para a redução nestes

custos.

No presente trabalho é apresentado o processo de fabricação do painel

fotovoltaico comercial e mostra a montagem sustentável de um módulo com o objetivo

de reduzir os custos do mesmo. Ao fim são apresentados os resultados dos ensaios que

comprovam que o protótipo apresenta características compatíveis com os módulos

tradicionais.

Palavras-chave: Energia, Solar, Fotovoltaica, Fontes Renováveis, Geração de Energia.

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ABSTRACT

The need to make the cleanest energy matrix has driven the development of

alternative sources. Obtaining energy sustainably is one of the benefits of this type of

generation, however high costs in some cases are obstacles to increased participation as

a source of electricity.

Solar PV still has fairly high cost of generation compared to conventional types,

mainly due to the price of solar panels. This is because the process of their manufacture

is still quite high, although incentives for use of photovoltaic energy will contribute to

reducing these costs.

In this paper we present the manufacturing process of commercial photovoltaic

panel and shows the sustainable mount a module in order to reduce its cost. After the

test results that demonstrate that the prototype features compatible with the features

traditional modules are presented.

Keywords: Energy, Solar, Photovoltaic, Renewable Source, Energy generation.

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vii

“Não, não pares! É graça divina começar bem.

Graça maior prosseguir na caminhada certa, manter

o ritmo... Mas a graça das graças é não desistir,

podendo ou não, embora aos pedaços chegar até o

fim!”

DOM HÉLDER CÂMARA

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1

1.1 Objetivo .................................................................................................................................. 2

2 PANORAMA DAS FONTES RENOVÁVEIS....................................................................... 4

2.1 FONTES RENOVÁVEIS ..................................................................................................... 4

2.1.1Biomassa e Biogás ............................................................................................................... 4

2.1.2 Pequenas Centrais Hidroelétricas (PCH)......................................................................... 6

2.1.3 Energia Eólica ..................................................................................................................... 8

2.1.4 Energia Solar ...................................................................................................................... 9

2.1.4.1 Energia Termo Solar ....................................................................................................... 10

2.1.4.2 Energia Fotovoltaica....................................................................................................... 11

2.2 Fontes Renováveis: incentivos para expansão .................................................................. 12

3 ENERGIA SOLAR: HISTÓRIA E ESTADO DA ARTE .................................................. 19

4 CARACTERÍSTICAS DA CÉLULA FOTOVOLTAICA ................................................. 22

4.1 Estrutura Atômica.............................................................................................................. 22

4.2 Modelo da Célula Fotovoltaica ........................................................................................... 28

5 MOTIVAÇÃO E PROPOSTA PARA REDUÇÃO DE CUSTOS ..................................... 33

5.1 Desenvolvimento Técnico ................................................................................................... 40

5.1.1 Localização da instalação .................................................................................................. 41

5.1.2 Cálculo do consumo de carga ............................................................................................ 42

5.1.3 Especificações do Sistema Fotovoltaico ............................................................................ 42

5.2 Proposta ................................................................................................................................ 47

5.3 Ensaios .................................................................................................................................. 49

6 PAINEL CONVENCIONAL E PROTÓTIPO .................................................................... 53

7 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 60

REFERÊNCIA ......................................................................................................................... 62

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1-Sistema de conversão em usina termelétrica à biomassa [2] ....................................... 5

Figura 2.2 Sistema de conversão do biogás [1] ............................................................................. 6

Figura 2.3 Sistema de PCH [4]...................................................................................................... 7

Figura 2.4 Evolução global da capacidade instalada de painéis fotovoltaicos entre 2000-2012

[44] .............................................................................................................................................. 15

Figura 2.5 Crescimento da Matriz Energética brasileira no período de 2010 a 2020 [10] .......... 17

Figura 3.1 Gerald Pearson, Daryl Chapin, Calvin Fuller e a primeira célula solar, no Bell ....... 20

Figura 4.1 - Ligação covalente composta por semicondutores [13] ............................................ 23

Figura 4.2 Retículo cristalino formado pelo silício [13] ............................................................. 23

Figura 4.3 Semicondutor. A lacuna de energia entre a banda de valência cheia e a de condução é

muito pequena, de modo que alguns elétrons podem ser excitados nas temperaturas ambientes

até a banda de condução, deixando buracos na banda de valência. [Elaboração Própria] .......... 24

Figura 4.4 - Sensibilidade ao Espectro de Luz [14] .................................................................... 25

Figura 4.5 - Diagrama representando um conjunto de átomos de silício, e uma impureza

pentavalente central, gerando um elétron livre. [Elaboração Própria] ........................................ 26

Figura 4.6 - Diagrama representando um conjunto de átomos de silício, apresentando um átomo

central trivalente, gerando uma lacuna na rede. .......................................................................... 27

Figura 4.7 - Célula fotovoltaica elementar [Elaboração Própria] ................................................ 27

Figura 4.8 - Característica I-V da célula de um diodo de silício [Elaboração Própria]............... 27

Figura 4.9 - Célula fotovoltaica e modelo equivalente ideal alimentando uma carga Z ............. 27

Figura 4.10 Efeito da intensidade luminosa na curva I-V [16] ................................................... 30

Figura 4.11 Influência da resistência em paralelo (Rp) na curva I-V [36] .................................. 32

Figura 4.12 Influência da resistência em série (Rs) na curva I-V [36] ............................... 32

Figura 4.13 Influência da resistência em paralelo (Rp) na curva I-V [36] .................................. 32

Figura 5.1 – Gráfico da evolução dos preços do Módulo Fotovoltaico no período de 2001 a 2011

[37] .............................................................................................................................................. 38

Figura 5.2 – Gráfico da evolução de preços de Módulos e Sistemas fotovoltaicos no período de

2001 a 20115 [37] ........................................................................................................................ 38

Figura 5.3 Sistemas Fotovoltaico para configuração isolada [43] .............................................. 40

Figura 5.4 Curva de Consumo da Carga durante o ano [39] ....................................................... 40

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Figura 5.5 Diagrama de blocos e conexões de ensaio conforme norma IEC 904-3 [42] ............ 50

Figura 6.1 Soldagem automática [17] ......................................................................................... 54

Figura 6.2 (a) Terminal positivo da célula. (b) Terminal negativo da célula [Elaboração Própria]

..................................................................................................................................................... 56

Figura 6.3 Processo de soldagem de célula fotovoltaica [Elaboração Própria]........................... 57

Figura 6.4 Camada posterior já soldada [Elaboração Própria] .................................................... 57

Figura 6.5 Interligação entre parte frontal e posterior, soldadas [Elaboração Própria] ............... 58

Figura 6.6 Células Interligadas em série [Elaboração Própria] ................................................... 59

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1 - Evolução da Produção de Energia Elétrica a partir de Fontes Renováveis na UE .. 14

Tabela 2.2 - Evolução da Produção de Energia Elétrica a partir de Fontes Renováveis no Brasil

..................................................................................................................................................... 14

Tabela 2.3 Participação das Fontes de Geração no Brasil (%) .................................................... 18

Tabela 5.1 - Custo de investimento em sistemas fotovoltaicos - Referência Internacional

(US$/kWp) .................................................................................................................................. 34

Tabela 5.2 - Eficiência Típica dos módulos comerciais .............................................................. 34

Tabela 5.3 – Indicativo de preços para sistemas instalados em 2011 (US$/W) [8] ................... 37

Tabela 5.4 – Valores típicos de implantação de usinas geradoras de energia ............................. 39

Tabela 5.5 - Radiação média diária na região do Rio de Janeiro (Santa Cruz) [38] ................... 41

Tabela 5.6 - Consumo mensal de energia em kWh na residência [39] ....................................... 42

Tabela 5.7 - Especificações da Bateria Selecionada ................................................................... 44

Tabela 5.8 - Especificações do Módulo ...................................................................................... 45

Tabela 5.9 - Especificações do Inversor ..................................................................................... 46

Tabela 5.10 - Especificação Controlador de Carga ..................................................................... 46

Tabela 5.11 - Orçamento do Sistema Fotovoltaico ..................................................................... 47

Tabela 5.12 - Comparação de custo entre as alternativas de protótipo ....................................... 48

Tabela 5.13 - Orçamento do Sistema Fotovoltaico com módulos alternativos ........................... 49

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SIMBOLOGIA

I0 Corrente de saturação do diodo

ICC Corrente de Curto-circuito

ID Corrente de Descarga

IL Corrente de Carga

IOC Corrente a Vazio

k Constante de Boltzmann (k=1,38x10-23

m2kgs

-2K

-1)

m Fator de idealidade do diodo (diodo ideal: m = 1; diodo real: m>1);

MPPT Maximum Power Point

q Carga do elétron (q=1,6x10-19

C)

RP Resistência em paralelo

RS Resistência em série

T Temperatura absoluta da célula em K (0oC = 273,15K)

V Tensão aos terminais da célula

VOC Tensão a Vazio

VT Potencial térmico VT = KT/q

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1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas a extensa utilização de combustíveis fósseis como fonte

energética tem sido questionada, seja pela característica não renovável, o que

encaminha à escassez em longo prazo ou pela questão ambiental a que este tipo de fonte

vem sendo associado. A necessidade de buscar outras soluções para compor e

diversificar a matriz energética mundial levou ao aumento pela pesquisa e

desenvolvimento das fontes alternativas. O desafio, no entanto, foi tornar tais

tecnologias a preço competitivo no mercado, de tal sorte que pudessem efetivamente

ganhar espaço na matriz energética como fonte de geração de energia elétrica e assim

torná-la mais limpa.

Nesse contexto, ocorreu o desenvolvimento da energia solar fotovoltaica. O

domínio sobre a geração de energia através da radiação solar, já era conhecido há

bastante tempo, contudo, o alto custo para fabricação da célula e sua baixa eficiência,

impediam que este tipo de energia fosse realmente viável. No entanto, os incentivos

governamentais contribuíram para o aumento da produção de painéis, o que afetou

positivamente o custo da fabricação dos mesmos. Em decorrência disso, houve uma

expansão nas áreas de pesquisa em energia fotovoltaica, que contribuiu para o

surgimento de outros tipos de células, com menor custo, porém com menor eficiência,

na tentativa de torna a energia fotovoltaica mais competitiva. Hoje já é possível

encontrar células com valor de cerca de US$2,00/W, comparado aos preços da década

de 1950, que segundo a U.S Energy Information Administration, de aproximadamente

US$80/W, que mostra que o avanço da geração por energia solar contribuiu para a

diminuição dos custos de fabricação.

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Os painéis fotovoltaicos podem ser utilizados conectados à rede ou em sistemas

isolados. No entanto esse último é o mais aplicado, porque embora seja alto seu custo de

instalação, mostra-se vantajoso comparado aos custos da extensão das redes, por em

geral serem aplicados em regiões de difícil acesso para instalação e manutenção de

linhas de transmissão.

1.1 Objetivo

O presente trabalho tem por objetivo discutir sobre os progressos e obstáculos

para a aplicação dos módulos fotovoltaicos. A partir da análise do desenvolvimento das

fontes renováveis, percebe-se que a energia solar fotovoltaica ainda não apresenta a

expansão compatível com sua capacidade de exploração. Isso porque o custo da

implantação do sistema ainda é elevado – principalmente dos módulos fotovoltaicos –

se comparado às demais renováveis. Em vista disso, buscou-se uma alternativa de

redução de custo, focando no principal gargalo para implantação do sistema, o painel

fotovoltaico. Para isso foi desenvolvido um módulo fotovoltaico utilizando células de

silício – por apresentar maior rendimento – porém propondo possível uma possível

redução de custos do processo através de substituições de itens da fabricação por

materiais reutilizados. Dessa forma, também poderiam ser fabricados por comunidades

carentes como forma de geração de renda e disseminação da tecnologia.

No Capítulo 2, apresenta-se um panorama das fontes alternativas mostrando suas

vantagens e desvantagens; e o motivo do crescimento de desenvolvimento comparando

com a energia solar. No Capítulo 3 mostra-se à evolução das células fotovoltaicas,

expondo os motivos que levaram à redução de custo.

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3

No Capítulo 4 há a descrição da modelagem da célula solar, mostrando as curvas

características e os parâmetros da mesma. Já no Capítulo 5 apresenta-se o protótipo do

painel fotovoltaico sustentável, com os ensaios realizados e onde se expõe uma

comparação entre um sistema fotovoltaico orçado com painel convencional e outro com

o painel sustentável, enfocando suas vantagens e desvantagens. E no Capítulo 6 é

apresentado o processo de fabricação do painel fotovoltaico de baixo custo.

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2 PANORAMA DAS FONTES RENOVÁVEIS

Os recursos utilizados para geração de energia podem ser classificados de duas

formas: não renováveis, onde se enquadram aqueles que apresentam risco de extinção

ou são consumidos com maior rapidez do que a natureza consegue repô-los, como no

caso dos materiais radioativos e do petróleo, com seus derivados. No outro grupo se

enquadram os recursos renováveis cuja utilização não agride ao meio ambiente e a

matéria prima é inesgotável, neste grupo estão sol, vento, água, material orgânico.

Dentre as principais fontes capazes de gerar energia elétrica destacam-se:

2.1 Fontes Alternativas

2.1.1 Biomassa e Biogás

A biomassa é obtida pelo processamento dos resíduos das plantações de soja,

arroz, milho ou cana-de-açúcar. Qualquer matéria orgânica que possa ser transformada

em energia mecânica, térmica ou elétrica é classificada como biomassa. De acordo com

a origem pode ser: florestal (madeira, principalmente), agrícola (soja, arroz e cana de

açúcar, entre outras) e rejeitos urbanos e industriais (sólidos, como o lixo) que são

armazenados nos pátios de biomassa onde passam por um processo de trituração e

secagem como mostra a Figura 2.1. Em seguida são levados a caldeira onde sua queima

gerará energia mecânica suficiente para acionar a turbina do gerador e produzir energia

elétrica.

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Figura 2.1-Sistema de conversão em usina termelétrica à biomassa [2]

Um dos processos mais comuns de obtenção de biomassa é o biogás, uma

mistura resultante da fermentação anaeróbia de material orgânico encontrado em

resíduos animais e vegetais, lodo de esgoto, lixo ou efluentes industriais, como vinhaça

(resíduo pastoso resultante da destilação da cana-de-açúcar), restos de matadouros,

curtumes e fábricas de alimentos. No caso do biogás a energia química contida em suas

moléculas é convertida em energia mecânica por um processo de combustão controlada

na estação de compressão e queimador. Essa energia mecânica ativa um gerador que a

converte em energia elétrica conforme ilustrado na Figura 2.2.

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Figura 2.2 Sistema de conversão do biogás [1]

Vantagens:

Pode ser produzido em meios rurais, em que pode contribuir para redução com

custo de energia elétrica das mesmas.

Redução da emissão dos gases de efeito estufa.

Desvantagens:

A quantidade de energia produzida não é constante, não podendo ser utilizada

como principal fonte de energia.

Alto período para recuperação do investimento.

2.1.2 Pequenas Centrais Hidroelétricas (PCH)

De acordo com a ANEEL [2], PCH (Pequena Central Hidrelétrica) é toda usina

hidrelétrica de pequeno porte cuja capacidade instalada seja superior a 1 MW e inferior

a 30 MW. Além disso, a área do reservatório deve ser inferior a 3 km² [4].

Uma PCH típica normalmente opera a fio d'água, isto é, não possui reservatório.

Com isso, em ocasiões de estiagem a vazão disponível pode ser menor que a capacidade

das turbinas, causando ociosidade. Em outras situações, as vazões são maiores que a

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capacidade de turbinar das máquinas, permitindo a passagem da água pelo vertedouro.

Por esse motivo, o custo da energia elétrica produzida pelas PCHs é maior que o de uma

Usina Hidrelétrica de Energia (UHE), onde o reservatório pode ser operado de forma a

diminuir a ociosidade ou os desperdícios de água.

Entretanto as PCHs são instalações que resultam em menores impactos

ambientais e se prestam à geração descentralizada. Este tipo de hidrelétrica é utilizado,

principalmente, em rios de pequeno e médio porte que possuam desníveis significativos

durante seu percurso, gerando potência hidráulica suficiente para girar as turbinas. As

PCHs são dispensadas ainda de remunerar municípios e estados pelo uso dos recursos

hídricos. Na Figura 2.3 encontra-se a demonstração genérica de uma PCH:

Figura 2.3 - Sistema de PCH [4]

Vantagens:

Padrão de financiamento bem definido;

Preço competitivo.

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A construção só depende da aprovação da ANEEL, portanto a construção é mais

rápida e com menor impacto social;

Operam a fio d’água: menor impacto ambiental [3].

Desvantagens:

A burocracia para liberação ambiental, embora simplificado, ainda é um entrave

que pode causar atrasos.

As PCHs são boas opções para complementar a necessidade por energia, mas

não podem ser usadas como base da matriz energética.

São prejudicadas com os mesmos problemas regulatórios do restante do sistema

elétrico [4].

2.1.3 Energia Eólica

A energia eólica tem-se firmado como uma grande alternativa na composição da

matriz energética de diversos países. No Brasil, essa fonte de energia tem se mostrado

uma excelente solução na busca de formas alternativas de geração de energia para a

região Nordeste. É uma abundante fonte de energia renovável, limpa e com grande

disponibilidade. A utilização desta fonte de energia para a geração de eletricidade, em

escala comercial, teve início em 1992 e, através de conhecimentos da indústria

aeronáutica, os equipamentos para geração eólica evoluíram rapidamente em termos de

ideias e conceitos preliminares para produtos de alta tecnologia. Atualmente, a indústria

de turbinas eólicas vem acumulando crescimento anual acima de 30% e movimentando

cerca de dois bilhões de dólares em vendas por ano [6].

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Vantagem:

Regime de vento intenso no período de seca;

Complementar ao parque hídrico;

Baixo tempo de construção [7].

Desvantagens:

Apesar de precisar de pouco espaço, pode ser incompatível com outras

instalações nas proximidades, já que a turbulência que provoca reduz a

produtividade de outros geradores no mesmo alinhamento do vento.

O vento é instável, apesar de se saber que sopra mais durante a noite (período de

menor consumo energético) e no inverno, é difícil prever exatamente quando

começa e quando para.

Mesmo quando existe vento, é preciso que seja estável e que atinja no mínimo a

velocidade de arranque do aerogerador.

Maior altitude da torre permite melhor rendimento, mas dificulta o acesso para

reparos.

2.1.4 Energia Solar

Energia solar é a designação dada a todo tipo de captação de energia luminosa,

energia térmica (e suas combinações) proveniente do sol e posterior transformação

dessa energia captada em alguma forma utilizável pelo homem, seja diretamente para

aquecimento de água ou ainda como energia elétrica ou energia térmica.

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2.1.4.1 Energia termo solar

Este tipo de energia está relacionado ao aquecimento de líquidos ou gases pela

absorção dos raios solares. Geralmente empregada para o aquecimento de água para uso

em chuveiros ou gases para secagem de grãos ou uso em turbinas, esta técnica utiliza

um coletor solar que irá captar a energia e um reservatório isolado termicamente onde o

líquido ou gás será acondicionado. O coletor pode ser classificado em dois tipos: coletor

concentrador, que usa dispositivos para concentrar a radiação solar, ou coletor plano.

Vantagens:

Aquecimento de água substituindo o chuveiro elétrico impacta na

redução da conta de energia;

Estufas solares podem ser empregadas em desidratação de frutas com

baixo custo, por exemplo, contribuindo para a redução de desperdício de

alimentos;

Fogões solares podem substituir fogões a lenha e a GLP que provocam

impacto econômico, ambiental e a saúde do usuário.

Desvantagens:

Custo dos concentradores;

Como estão suscetíveis as condições meteorológicas, não pode ser a

única fonte de aquecimento.

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2.1.4.2 Energia fotovoltaica

Esta forma de energia visa à conversão da energia solar em energia elétrica

através de células fotovoltaicas. As células fotovoltaicas mais comuns são feitas de

silício que passa por um processo de dopagem para adquirir as características

necessárias. A associação de várias células fotovoltaicas e sua ligação a uma bateria (em

sistemas com armazenamento) gera a energia elétrica que abastecerá o sistema, por um

período, mesmo sem a presença de sol. As células de silício são as mais tradicionais,

mas também as mais caras por conta do custo da etapa de purificação do silício. No

entanto, já existem outros tipos de células fotovoltaicas, como as tecnologias de filme

fino e híbridas; que apresentam menor custo, mas em contra partida apresentam menor

eficiência.

Vantagens:

É possível geração de energia em sistemas isolados ou conectados à rede;

Não emite gases do efeito estufa;

Não há necessidade de gerador;

Não provoca ruído, como no caso da energia eólica;

Manutenção de fácil acesso.

Desvantagens:

É necessária uma área grande, no caso de usinas solares, que permita a

orientação dos painéis sem o risco de sombreamento, que diminui a

produção.

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Instabilidade na produção devido a condições climáticas, o que pode ser

contornado com o uso de baterias.

Alto investimento inicial.

Essas fontes de energia, chamadas de energia renováveis, têm ganho cada vez

mais espaço na matriz energética mundial, crescendo também a importância em seus

desenvolvimentos. Isto porque nas últimas décadas houve um enfoque maior na relação

entre a geração de energia elétrica e seus impactos ambientais, mas principalmente em

buscar alternativas que diminuam a dependência do petróleo. Neste contexto a energia

solar ganhou grande destaque por sua enorme potencialidade ainda pouco explorada. No

próximo tópico, será apresentado o cenário econômico que levou a incentivos de

desenvolvimento da energia fotovoltaica que vem acarretando na diminuição dos preços

da implantação da mesma.

2.2 Fontes Renováveis: incentivos para expansão

Questionamentos a respeito da escassez dos recursos não renováveis que

respondem a uma larga fatia da matriz energética mundial têm sido levantados.

Algumas afirmações ratificam a abundância de recursos energéticos e que algumas

fontes sozinhas poderiam suprir a demanda mundial de energia, apontando para o

carvão, nuclear, solar, ventos, marés como fontes inesgotáveis. De fato desde a década

de 80, já havia estudos a cerca dos impactos dos gases do efeito estufa, mas foi no início

da década de 90 que o IPCC (Intergovernmental Panelon Climate Change) –

estabelecido em 1988 pela Organização de Meteorologia Mundial (OMM) e Programa

de Nações Unidas para o Meio Ambiente – lançou seu primeiro estudo sobre mudanças

climáticas que indicavam duas tendências principais: o aumento da temperatura global

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fugia dos padrões conhecidos e a concentração de gases do efeito estufa extrapolava o

padrão histórico conhecido.

Os impactos dessa situação seriam mais negativos que positivos. No entanto, na

época a ligação entre ação humana e elevação de temperatura, e a concentração de gases

de efeito estufa já era considerada uma hipótese possível, porém cercada de dúvidas

pela comunidade científica em geral, tanto que o IPCC classificou como 50% a

probabilidade de tal associação. Desde então, os seguintes relatórios só aumentaram a

porcentagem desta relação, chegando a 95% no relatório de 2007 [7].

O Relatório Stern (2006)1 definiu que se nenhuma medida fosse tomada em

relação às emissões de gases de efeito estufa, o total dos custos das alterações climáticas

era equivalente à perda anual de, no mínimo, 5% do PIB global. Se fosse considerada

uma série de impactos mais amplos, o custo poderia aumentar para 20% ou mais do

PIB. Por outro lado, a adoção de medidas para redução das emissões de gases, buscando

mantê-las próximas dos níveis existentes, seria aproximadamente 1% do PIB global.

Em virtude dessas projeções começou um estímulo a expansão da participação

das fontes alternativas na matriz energética. A União Europeia, em 2001, reconheceu a

necessidade de oficialmente promover as fontes de energias renováveis, considerando

os pontos estratégicos para proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável, através

de decreto que previa estabelecer como meta para a Europa a produção de 22% da

energia elétrica consumida a partir de fontes renováveis. Embora a projeção fosse

tímida, houve um aumento da participação na Europa, que passou de 13% em 1991 para

22% em 2010. A Tabela 2.1 apresenta a evolução da produção de energia elétrica a

1

Relatório Stern (2006) é um estudo encomendado pelo governo Britânico sobre os efeitos na economia mundial das alterações climáticas nos

próximos 50 anos.

Page 26: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

14

partir de diversas fontes de energia renováveis na UE15, no período de 2002 a 2011 e a

Tabela 2.2 mostra os números no cenário brasileiro.

Tabela 2.1 Evolução da Produção de Energia Elétrica a partir de Fontes Renováveis na UE

Geração de Energia Elétrica na União Europeia (GWh) [8]

2002 2006 2011

Solar Fotovoltaica 282 2.493 44.972

Hidroelétrica 315.035 309.285 306.126

Energia Eólica 36.317 82.301 179.015

Energia das Marés 536 519 534

Tabela 2.2 Evolução da Produção de Energia Elétrica a partir de Fontes Renováveis no Brasil

Geração de Energia Elétrica na Brasil (GWh) [10]

2003 2006 2011

Solar Fotovoltaica 0,02 0,02 0,02

Hidroelétrica 305.616 348.805 428.333

Energia Eólica 61 237 2.705

Nuclear 14 14 15

Percebe-se então que a necessidade de buscar novas fontes de energia vem

crescendo e que a energia renovável apresenta maior confiabilidade. A energia solar

fotovoltaica apresentou forte crescimento entre os países da União Europeia, como

mostra a Figura 2.4, resultado dos incentivos para aplicação e geração de eletricidade

Page 27: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

15

através do sol, o que impulsionou também a queda nos custos de instalação das mesmas.

Observa-se que, comparado a outras regiões do mundo, os investimentos neste tipo de

energia foram muitos maiores na Europa, chegando a ser mais de 60% da capacidade

instalada no mundo em 2012. Isso mostra o quanto a UE tem investido na energia

fotovoltaica e que a confiabilidade da mesma vem crescendo.

Figura 2.4 Evolução global da capacidade instalada de painéis fotovoltaicos entre 2000-2012 [44]

No Brasil, no entanto, para o mesmo período não houve grande crescimento

neste setor, visto que uma faixa pouco representativa de energia foi gerada, em

comparação com outras fontes que tiveram grande projeção. A maior parte dos

investimentos em energia fotovoltaica foi realizada em sistemas isolados, segundo a

EPE (Empresa de Pesquisas Energéticas), devido aos custos, priorizou-se a expansão

das PCHs, eólica e biomassa.

Page 28: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

16

No que se refere ao Brasil a composição da matriz energética é bem distinta

comparada ao cenário mundial, de acordo com o Balanço Nacional de Energia, para a

geração de energia elétrica mais de 80% da matriz é renovável, com 75% de hidráulica

(em 2011), cenário diferente comparado à produção mundial que detém 18,2% da

matriz proveniente de fontes alternativas, onde 16,3% são oriundas de hidroelétricas.

Incentivos governamentais como Programa de Incentivo às Fontes Alternativas

de Energia Elétrica – PROINFA ajudaram a inserir novos recursos para geração de

energia. Tal iniciativa tem como objetivos principais a diversificação das fontes de

forma a aumentar a segurança no abastecimento e valorizar as características e

potencialidades regionais e locais, com criação de emprego, capacitação e formação de

mão de obra, além da redução das emissões de gases de efeito estufa. Para isso,

estabeleceram como meta, em uma primeira fase, a implantação de 3.300 MW de

capacidade instalada de centrais eólicas, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas

(PCH), igualmente divididas entre as referidas fontes.

No Plano Decenal de Energia 20202 percebe-se que a participação das fontes

alternativas (sendo as consideradas neste caso: eólica, PCHs, biomassa oriunda do

bagaço da cana de açúcar) tendem a ter uma projeção maior para o período de estudo. A

Figura 2.5 extraída do mesmo retrata a expansão da capacidade hidrotérmica por tipo de

fonte que deverá ser de 171 GW até o final de 2020. [10]

2Plano Decenal de Energia (PDE) é o estudo sobre o planejamento energético do Brasil publicado pela

Empresa de Pesquisa Energética (EPE) projetado no horizonte de dez anos.

Page 29: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

17

Figura 2.5 Crescimento da Matriz Energética brasileira no período de 2010 a 2020 [10]

O resultado da expansão das fontes renováveis, mostrado na Figura 2.5 é

consequência dos empreendimentos do PROINFA, que projeta um crescimento de 137

empreendimentos, sendo: 62 pequenas centrais hidrelétricas (PCH), 21 usinas

termelétricas a biomassa (BIO) e 54 usinas eólicas (EOL). Observa-se que a maior parte

dos empreendimentos foi prevista para a região Sudeste e Centro-Oeste, próxima aos

grandes centros e de maior facilidade de interligação ao SIN (Sistema Interligado

Nacional).

Pelo estudo, espera-se que a participação das fontes alternativas passe de 8%

(2010) para 16% em 2020, conforme a Tabela 2.3, reflexo das entradas, principalmente,

das PCHs e do aumento da geração eólica. É interessante observar que com a entrada

cada vez maior dessas fontes, pode-se observar que haverá uma estagnação na

participação das termoelétricas, o que reforça a confiabilidade da geração renovável.

Page 30: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

18

Tabela 2.3 Participação das Fontes de Geração no Brasil (%) [10]

2010 2014 2020

Hidroelétrica 71,7 67 67

Termoelétrica 12,8 19 15

Nuclear 1,9 1 2

PCH, Eólica e

Biomassa 7,4 13 16

Embora o PROINFA incentive a implantação de Fontes Alternativas, foi em

outro programa que a energia solar ganhou maior destaque, no Programa de

Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios (PRODEEM) o qual tinha uma

projeção social voltada para a utilização de fontes alternativas em regiões fora da rede

de distribuição, seguindo a tendência mundial [10], que entre 2000 e 2001, teve taxa de

crescimento para energia fotovoltaica de 40%, superando 300 MW de produção de

módulos fotovoltaicos por ano.

Page 31: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

19

3 ENERGIA SOLAR: HISTÓRIA E ESTADO DA ARTE

O efeito fotovoltaico foi observado pela primeira vez em 1839 por Edmond

Becquerel que verificou que placas metálicas, de platina ou prata, mergulhadas em um

eletrólito, produziam uma pequena diferença de potencial quando expostas à luz. Mais

tarde, em 1877, dois inventores norte americanos, W. G. Adams e R. E. Day utilizaram

as propriedades fotocondutoras do selênio para desenvolver o primeiro dispositivo

sólido de produção de eletricidade por exposição à luz. Tratava-se de um filme de

selênio depositado num substrato de ferro e com um segundo filme de ouro,

semitransparente, que servia de contato frontal. Apesar da baixa eficiência de

conversão, da ordem de 0,5%, nos finais do século XIX o engenheiro alemão Werner

Siemens comercializou células de selênio como fotômetros para máquinas fotográficas.

A história da energia fotovoltaica teve seu início com a explicação do efeito

fotoelétrico por Albert Einstein em 1905, o surgimento da mecânica quântica e, em

particular, a teoria de bandas e a física dos semicondutores, assim como as técnicas de

purificação e dopagem associadas ao desenvolvimento do transistor de silício.

O engenheiro do Bell Laboratories (Bell Labs), Daryl Chapin (Figura 3.1),

estudava soluções para substituir as baterias que mantinham a rede telefônica remotas

em funcionamento. Em seus estudos, Chapin, havia realizado testes com células solares

de selênio, já conhecidas naquela época por seus resultados muito ruins, com eficiência

máxima inferior a 1%. Porém Gerald Pearson, ao realizar testes com células solares de

silício, verificou que a eficiência de conversão era de cerca de 4%.

Page 32: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

20

Figura 3.1 Gerald Pearson, Daryl Chapin, Calvin Fuller e a primeira célula solar, no Bell

A história da primeira célula solar, como é conhecida hoje, começou em março

de 1953 quando Calvin Fuller desenvolveu um processo de difusão para introduzir

impurezas em cristais de silício, de modo a controlar as suas propriedades elétricas (um

processo chamado “dopagem”). Fuller produziu uma barra de silício dopado com uma

pequena concentração de gálio, que o torna condutor, sendo silício do tipo P. Seguindo

as instruções de Fuller, o físico Gerald Pearson, mergulhou esta barra de silício dopado

num banho quente de lítio, criando assim na superfície da barra uma zona com excesso

de elétrons livres, chamados silício do tipo N. Na região onde o silício tipo N fica em

contato com o silício tipo P, a junção P-N, surge um campo elétrico permanente.

No entanto, rapidamente se compreendeu que o custo das células solares era

muito elevado, e que a sua utilização só podia ser economicamente competitiva em

aplicações muito especiais, como, por exemplo, para produzir eletricidade no espaço.

Mas, se o desenvolvimento das células solares nos anos sessenta foi, sobretudo,

motivado pela corrida ao espaço, o que levou a células mais eficientes, mas não

necessariamente mais econômicas, foi nessa década que surgiram as primeiras

aplicações terrestres. Esta situação viria a mudar de figura quando, em 1973, o preço do

Page 33: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

21

petróleo quadruplicou.

O pânico criado pela crise petrolífera de 1973 levou a um súbito investimento

em programas de investigação para reduzir o custo de produção das células solares.

Algumas das tecnologias financiadas por estes programas revolucionaram as ideias

sobre o processamento das células solares.

É o caso da utilização de novos materiais, em particular o silício policristalino

(em vez de cristais únicos de silício, monocristais, muito mais caros de produzir) ou de

métodos de produção de silício diretamente em fita (eliminando o processo de corte dos

lingotes de silício, e todos os custos associados). Outra inovação particularmente

importante do ponto de vista de redução de custo foi a deposição de contatos por

serigrafia em vez das técnicas tradicionais: a fotolitografia e a deposição por evaporação

em vácuo. O resultado de todos estes avanços foi a redução do custo da eletricidade

solar de 80 US$/Wp para cerca de 12 US$/Wp em menos de uma década.

Do ponto de vista da eficiência de conversão das células solares, a barreira dos

20% de eficiência foi pela primeira vez ultrapassada pelas células de silício

monocristalino da Universidade de New South Wales. A equipe de Dick Swanson

atingiu os 25% de eficiência em células com concentrador.

Foi do resultado de iniciativas de estímulo ao mercado fotovoltaico, como por

exemplo, a lei das tarifas garantidas na Alemanha, que resultou o crescimento

exponencial do mercado da eletricidade solar verificado no final dos anos noventa e

princípios deste século: em 1999 o total acumulado de painéis solares atingia o patamar

do primeiro GW, para, três anos depois, o total acumulado seria já o dobro.

Page 34: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

22

4 CARACTERÍSTICAS DA CÉLULA FOTOVOLTAICA

4.1 Estrutura Atômica

A célula solar é a pedra angular para a geração da energia solar. O efeito

responsável pela geração da energia consiste na excitação de um material semicondutor

pela radiação solar. Dessa forma há o aparecimento de uma diferença de potencial nos

terminais do material, o chamado efeito fotovoltaico.

Os materiais classificados como semicondutores são elementos que têm como

característica possuir em sua camada de valência quatro elétrons a baixa temperatura e

que, para serem quimicamente estáveis, necessitam de oito elétrons. Para isso realiza a

chamada ligação covalente. Na ligação covalente (Figura 4.1), cada átomo compartilha

um elétron com o átomo vizinho, o que lhe dá um total de oito elétrons na camada de

valência, adquirindo estabilidade química para formar o sólido. Os elétrons

compartilhados não passam a fazer parte efetivamente do átomo central, portanto,

eletricamente falando, cada átomo ainda continua com quatro elétrons na camada de

valência e quatorze no total (no caso do Silício), ou seja, eletricamente neutro. A

camada de condução, no entanto, é totalmente vazia.

Page 35: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

23

Figura 4.1 - Ligação covalente composta por semicondutores [13]

Os átomos de silício se distribuem no sólido formando uma estrutura cúbica,

onde os átomos ocupam os vértices do cubo. Esta estrutura cúbica é normalmente

chamada cristal. É por isso que o sólido de silício é conhecido como cristal de silício.

(Figura 4.2)

Figura 4.2 Retículo cristalino formado pelo silício [13]

Se um elétron da camada de valência receber energia externa como luz, e esta

for maior que a força de atração exercida pelo núcleo, o elétron irá para a chamada

banda de condução. Uma vez na banda de condução, o elétron está livre para se deslocar

pelo cristal, sendo o mesmo chamado de elétron livre. Ao ir para a banda de condução,

o elétron deixa um vazio que é chamado de lacuna. Entretanto entre as duas camadas,

existe uma faixa de energia que o elétron precisa receber para chegar à camada de

Page 36: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

24

condução – chamada banda proibida, cujo valor é 1eV (1,60 x 10-19

J) e que, é o valor

de energia que o elétron deve absorver para sair da camada de valência para a de

condução, recebendo o nome de fóton (Figura 4.3).

Figura 4.3 Semicondutor. A lacuna de energia entre a banda de valência cheia e a de condução é

muito pequena, de modo que alguns elétrons podem ser excitados nas temperaturas ambientes até a

banda de condução, deixando buracos na banda de valência. [Elaboração Própria]

O aumento da temperatura melhora a condutividade dos semicondutores devido

à excitação térmica de elétrons da banda de valência para a banda de condução. A

radiação solar não absorvida é, em grande parte, visível. Para o funcionamento das

células solares a faixa de comprimento de onda é entre 390 a 1.100 nm (Figura 4.4), o

que corresponde ao comprimento de onda do visível ao infravermelho ou, em termos de

energia, de 1,1 a 3,1 eV3. Como visto, cada material apresenta uma zona de

sensibilidade à radiação (Figura 4.4). Os materiais semicondutores que apresentam a

banda proibida dentro dessa faixa, como o Silício, Arsenieto de Gálio, Telureto de

Cádmio, Disseleneto de Cobre-Índio-Gálio, entre outros, são os possíveis candidatos

para serem utilizados como camada ativa, ou seja, a camada doadora de elétrons, nestes

dispositivos. A energia da banda proibida está relacionada diretamente com as

características da célula, ou seja, quanto menor a banda, maior a energia que pode ser

absorvida e assim um maior número de portadores (maior a corrente). Da mesma forma,

3E=hc/λ, onde E: energia, h: Constante de Plank, c: velocidade da luz e λ: comprimento de onda.

Page 37: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

25

quanto maior a banda proibida do material, maior também será a tensão de circuito

aberto, pois a energia da banda está relacionada com a magnitude do campo embutido

da junção, o qual determina a máxima tensão que a célula pode produzir. Logo, a

melhor relação entre tensão e corrente é obtida em materiais cuja banda se situa entre 1

e 1,8 eV [14].

Figura 4.4 - Sensibilidade ao Espectro de Luz4 [14]

Semicondutores puros não garantem o funcionamento da célula fotovoltaica.

Para isso, é feito o processo de dopagem do material. O processo de dopagem consiste

em introduzir impurezas ao semicondutor puro, a fim de garantir a troca de elétrons.

São realizados dois processos de dopagem, a primeira é a chamada dopagem do

tipo N que consiste em um semicondutor que recebeu átomos pentavalentes, ou seja,

átomos que possuem cinco elétrons na camada de valência. Como é o caso do Silício

(Si) que tem número atômico 14. Sua distribuição eletrônica é 2,8,4; o que significa que

possui quatro elétrons na camada de valência e necessita de quatro elétrons para tornar-

4Espectro AM 1.5 (833 W/m

2)

Page 38: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

26

se quimicamente estável. O Fósforo é então utilizado para essa dopagem, cujo número

atômico é 15, e apresenta distribuição eletrônica 2, 8, 5; o que significa que fica com um

elétron em excesso na ligação com o átomo de silício (Figura 4.5).

Figura 4.5 - Diagrama representando um conjunto de átomos de silício, e uma impureza

pentavalente central, gerando um elétron livre [Elaboração Própria]

A segunda dopagem é a chamada dopagem do tipo P obtida através da injeção

de átomos trivalentes no cristal puro. Para essa dopagem utiliza-se o Boro, que tem

distribuição eletrônica 2,3; significa que possui três elétrons de valência e ao ser

adicionado quimicamente ao Si, fica com um elétron desemparelhado – o que significa

uma lacuna, como ilustrado na Figura 4.6.

P Si Si

Si

Si

Page 39: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

27

Figura 4.6 - Diagrama representando um conjunto de átomos de silício, apresentando um átomo

central trivalente, gerando uma lacuna na rede [Elaboração Própria]

Desta forma obtemos junção SiP chamada junção (-), pois existe um excesso de

elétrons desemparelhados. E uma junção SiB, junção (+), pois existe um déficit de

elétrons. O fato de haver duas camadas estabelece uma diferença de potencial que fará

com que os elétrons livres se movam gerando um campo elétrico. Neste processo, são

utilizados materiais semicondutores como o silício, o arsenieto de gálio, telurieto de

cádmio ou disselenieto de cobre e índio. A célula de silício cristalino é a mais usual.

Na presença de luz sobre a célula fotovoltaica, os fótons que a integram chocam-

se com os elétrons da estrutura de silício, dando-lhes energia e consequentemente

transformando-os em condutores. Devido ao campo elétrico gerado na junção P-N, os

elétrons são orientados e fluem da camada P para a camada N (Figura 4.7).

Figura 4.7 - Célula fotovoltaica elementar [Elaboração Própria]

Silício tipo p

Silício tipo n

++++

-----

B Si Si

Si

Si

Page 40: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

28

4.2 Modelo da Célula Fotovoltaica

A junção P-N assemelha-se a um diodo, pois a utilização de uma diferença de

potencial com o potencial positivo aplicado no material do tipo P diminui a barreira de

potencial e possibilita que a corrente atravesse a interface, enquanto que a aplicação de

uma diferença de potencial inversa aumenta a barreira de potencial e não possibilita a

passagem de corrente. A Figura 4.8 ilustra a curva característica de um diodo de silício.

Figura 4.8 - Característica I-V da célula de um diodo de silício [Elaboração Própria]

O modelo de célula não é nada mais, nada menos que uma fonte de corrente,

cuja expressão da corrente que atinge a carga é dada pela equação (4.1)

1)( 0

TmV

V

SDS eIIIIAI (4.1)

Onde

I0: representa a corrente de saturação do diodo e m representa o fator de idealidade do

diodo, entre 1 e 2.

I

VD

Zona de Condução Zona de Bloqueio

0,7

Page 41: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

29

q

kTVVT )( (4.2)

k: constante de Boltzmann (k=1,38x10-23

m2kgs

-2K

-1)

T: temperatura (em K)

q: carga do elétron (q=1,6x10-19

C)

O comportamento da célula, quando não está na presença de luz, pode ser

representado pelo circuito equivalente de um diodo e corresponde à curva I-V.

Figura 4.9 - Célula fotovoltaica e modelo equivalente ideal alimentando uma carga Z

A expressão (4.3) indica qual a variação da corrente ID que circula através de um

diodo quando aplicada uma diferença de potencial aos terminais deste igual a V (Figura

4.9), é a chamada Equação de Shockley

10

TmV

V

D eII (4.3)

Em que

I0: é a corrente inversa máxima de saturação do diodo;

ID

I

Z IS V

Page 42: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

30

V: é tensão aos terminais da célula;

m: é o fator de idealidade do diodo (diodo ideal: m = 1; diodo real: m>1);

VT: é designado por potencial térmico (Equação 4.2);

T: é a temperatura absoluta da célula em K (0oC = 273,15K);

q: é a carga elétrica do elétron (q=1,6x10-19

C).

Ao ser iluminada, surgirá uma corrente elétrica (IS) gerada pela absorção dos

fótons que será proporcional a radiação solar. Quanto maior a intensidade da incidência

luminosa sobre a célula fotovoltaica, maior o deslocamento da curva I-V sobre o seu

eixo de referência com mostrado na Figura 4.10.

Figura 4.10 Efeito da intensidade luminosa na curva I-V [16]

Os dois parâmetros alcançados da interceptação da curva com o sistema de eixos

para uma dada radiação e temperatura, permitem descrever uma célula fotovoltaica de

uma determinada área e designam-se por corrente de curto-circuito, ICC (V=0) em que

ICC= IS (4.5)

Page 43: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

31

A tensão máxima nos terminais da célula por tensão em circuito aberto é VOC (I=0), em

que

(4. 6)

Em resumo pode-se afirmar que a célula se comporta como diodo quando

escurecida, havendo condução no 1o quadrante e quando sob radiação solar comporta-se

como fonte de corrente. No entanto no modelo real da célula (Figura 4.11), são

consideradas também as perdas RP e RS detalhadas a seguir.

Figura 4.11 - Modelo real de célula fotovoltaica [Elaboração Própria]

- Resistência em série (RS): esta é a resistência da própria célula, composta pela

resistência elétrica do material e a resistência dos contatos metálicos, denominadas de

perdas por efeito Joule.

- Resistência em paralelo (RP): resistência do processo de fabricação e

caracteriza as correntes parasitas que circulam na célula devido, principalmente, a

pequenas imperfeições na estrutura do material.

Estas resistências são responsáveis pelo rebaixamento da curva característica da

célula solar, logo quanto mais elevado RS e mais baixo RP provocam a redução na

corrente de curto-circuito ICC (Figura 4.12) e na tensão de circuito aberto VOC (Figura

4.13). A corrente é determinada através da expressão (4.7):

Page 44: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

32

P

SV

IRV

SPDSR

IRVeIIIIIAI T

S

1)( 0 (4.7)

Figura 4.12 Influência da resistência em série (Rs) na curva I-V [36]

Figura 4.13 Influência da resistência em paralelo (Rp) na curva I-V [36]

Page 45: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

33

5 MOTIVAÇÃO E PROPOSTA PARA REDUÇÃO DE CUSTOS

Como dito anteriormente, o custo de implantação de sistema fotovoltaico é ainda

um entrave para a expansão do uso desse tipo de energia. Medidas governamentais, no

entanto, visam estimular um maior desenvolvimento do mercado para a energia solar.

De acordo com o estudo da EPE [11], através de referências internacionais, o custo de

investimento em sistemas fotovoltaicos pode ser decomposto em três principais itens: os

painéis solares, o inversor e a estrutura – que engloba as estruturas mecânicas de

sustentação, equipamentos elétricos auxiliares, cabos e conexões para instalação e

montagem. Por causa dos incentivos de produção, os painéis solares têm apresentado

constante redução de preços para os módulos de silício cristalino e também as células de

filme fino. Atualmente o custo do sistema fotovoltaico é 60% dos painéis solares, cerca

de 10% referente ao inversor e o restante à estrutura.

Para análise de custo do sistema fotovoltaico foram adotados os valores

encontrados na Tabela 5.1, para estimativa de custo no mercado internacional, onde se

pode perceber que o custo do módulo representa a maior parte do investimento

fotovoltaico.

Page 46: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

34

Tabela 5.1 - Custo de investimento em sistemas fotovoltaicos - Referência Internacional (US$/kWp)

[11]

Potência Painéis Inversores

Instalações e

Montagem

Total

Residencial (4-6kWp) 2,23 0,57 0,7 3,50

Residencial (8-10kWp) 2,02 0,50 0,63 3,15

Comercial (100kWp) 1,74 0,42 0,54 2,70

Industrial (>1000kWp) 1,60 0,30 0,48 2,38

Nota: Preço com impostos nos seus mercados de origem. [11]

Para tornar a energia solar mais competitiva comparada a outras fontes, é

necessário investir em pesquisas que reduzam o preço do módulo fotovoltaico. Nesse

sentido, estudos têm sido feitos buscando novos tipos de célula que sejam de custo mais

baixo e que apresentem boa eficiência, como apresentado Tabela 5.2, porém, apesar do

maior preço, as células de silício cristalino apresentam maior eficiência.

Tabela 5.2 Eficiência Típica dos módulos comerciais [16]

Tecnologia Eficiência Área/kWp

Sil

ício

Cri

stali

no

Monocristalino 13 a 19 % ~7m2

Policristalino 11 a 15% ~8m2

Fil

mes

Fin

os

Silício Amorfo (a-Si) 4 a 8 % ~15m2

Telureto de Cádmio (Cd-Te) 10 a 11% ~10m2

Disseleneto de Cobre-Indio-

Gálio (CIGS)

7 a 12% ~10m2

Page 47: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

35

Uma das vantagens da geração fotovoltaica é a possibilidade de aplicação em

larga ou pequena escala. Isso permite a implementação de sistemas de energia em

localidades afastadas da rede como regiões rurais, populações ribeirinhas e pequenos

vilarejos. Em casos como este, o custo da construção de linhas de transmissão para

fornecer energia elétrica pode ser muito alto e mesmo inviável. A opção pela energia

solar é uma alternativa viável, pois pode ser implantada em sistemas isolados.

Comparando-se as fontes de geração de energia, em geral, as fontes alternativas

apresentam preço mais elevado do que o sistema convencional centralizado de

fornecimento de energia. No entanto, alguns pontos podem reduzir o custo da

transmissão de energia, visto que em geral, a carga encontra-se próximo a ponto de

geração.

Para produzir energia, recursos fósseis necessitam ser extraídos dos poços de

petróleo, transportados até as refinarias onde são preparados para queima, levados às

usinas termelétricas e após a geração de energia, seus resíduos são eliminados. A

utilização das máquinas rotativas, gerador e turbina, necessitam de uma rotina de

manutenção mais complexa devido ao desgaste das peças móveis. A energia solar, em

contra partida, não necessita ser extraída, nem refinada ou transportada para o local de

geração, por ser próximo à carga, evitando custos de transmissão em alta tensão.

Outras questões, porém, permeiam a implantação das fontes alternativas, em

especial, da energia solar; a geração solar fotovoltaica permite a expansão da geração

distribuída, o que diminui o interesse de grandes empresas responsáveis pela geração e

distribuição a quererem investir neste tipo de recurso. Assim, a produção fica sujeita, a

pequenos produtores, o que não alavanca a produção em larga escala de painéis

fotovoltaicos e consequentemente dificulta a redução dos preços e custos de fabricação

dos mesmos. Para incentivar esses produtores, um bom exemplo foi a iniciativa do

Page 48: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

36

governo alemão de aprovar a lei de Energias Renováveis (Erneuerbare Energie Gesetz,

EEG), que exige que operadores de energia elétrica paguem um valor mais elevado aos

fornecedores de energia solar do que aos fornecedores de energia tradicional, uma

forma de estimular a geração solar.

O custo dos sistemas fotovoltaicos varia muito e dependem de diversos fatores,

incluindo o tamanho do sistema, localização, tipo de conexão (isolado ou conectado a

rede), especificações técnicas e a extensão até a carga refletem no preço final de todos

os componentes. Em média, os preços para sistemas isolados, também conhecidos como

sistemas com armazenamento, são praticamente o dobro dos de sistemas conectados a

rede. Isso é atribuído ao fato da necessidade de baterias para armazenamento e os

equipamentos associados.

Em 2011, os preços mais baixos para sistemas fora da rede, independente do tipo

de aplicação, tipicamente variavam entre 3,7 US$/W a 7,2 US$/W, de acordo com o

país. A Tabela 5.3 reporta a média de preços para alguns países, baseado na pesquisa da

European Statistics [8], mostra que os valores variam de acordo com o país e aplicação

do projeto. Os preços para sistemas conectados a rede, em 2011, também variaram,

como mostrado na mesma tabela, cerca de 3,6 US$/W foi a média dos preços que

reduziu aproximadamente 17% em relação ao ano anterior. Preços de 2 US$/W

chegaram a ser relatados, porém estes preços podem variar de acordo com a natureza

das construções, o grau de integração com a instalação, de inovação e o tipo de

fabricação dos módulos também influenciam bastante.

Page 49: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

37

Tabela 5.3 – Indicativo de preços para sistemas instalados em 2011 (US$/W) [8]

PAÍS SISTEMAS ISOLADOS CONECTADOS A REDE

<1kW >1kW < 10 kW >10 kW

China - - 2,7 2,7

França - - 3,9 2,8-3,6

Suíça 6,9 4,9 4,3 3,9

Estados Unidos - - 6,1 3,6-4,8

Israel 7,0 7,0 3,5 3,0

Alemanha - - 2,8-3,5 2,5

Austrália 6,2-15,5 7,2-20,6 3,1-4,1 2,6-4,1

Itália 6,9-9,7 - 4,2-4,7 2,6-4,2

Japão - - 6,5 6,5

Em média, o custo com os módulos fotovoltaicos em 2011 foram responsáveis

por 50% dos preços mais baixos apresentados nos sistemas conectados à rede. O preço

médio do módulo nos países relatados foi próximo de 1,38 US$/W, uma queda de 50%

em relação a 2010, seguindo o declínio de 20% relatado no ano anterior. A Figura 5.5

exemplifica a evolução dos preços normalizados para painéis fotovoltaicos de acordo

com a inflação. Na Figura 5.4 podem-se observar os preços reais para sistemas e

módulos no mesmo período.

Page 50: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

38

Figura 5.3 – Gráfico da evolução dos preços do Módulo Fotovoltaico no período de 2001 a 20115

[37]

Figura 5.4 – Gráfico da evolução de preços de Módulos e Sistemas fotovoltaicos no período de 2001

a 20115 [37]

5 Identificação dos países não informada pela fonte.

Page 51: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

39

Considerando-se o valor de 3,7 US$/W mostram que os valores da energia solar

não são competitivos em relação a outras fontes de energia, como mostra Tabela 5.4,

muito embora, conforme dados relatados pelo Photovoltaic Power System Programme

(PVPS) da International Energy Agency (IEC), esses valores têm reduzido a cada ano.

Tabela 5.4 – Valores típicos de implantação de usinas geradoras de energia [2]

Tipo de Geração Custo de Implantação

ANEEL (US$/W)

Custo de Implantação

CESP/IMT (US$/W)

Termelétrica a Diesel 0,40 a 0,50 0,35 a 0,50

Termelétrica a gás 0,40 a 0,65 0,35 a 0,50

Termelétrica a Vapor 0,80 a 1,00 -

Termelétrica ciclo

combinado

0,80 a 1,00 -

Pequenas Centrais

Hidrelétricas (PCHs)

1,00 -

Geração Eólica 1,20 a 1,50 1,00

Células fotovoltaicas - 3,7 a 7,2

Motivado por essa dificuldade de competitividade dos painéis solares foi

desenvolvido um protótipo com o intuito de criar uma linha de fabricação sustentável

que reduzisse o custo final do módulo utilizando materiais reutilizáveis da construção

civil. A proposta é que fosse possível a montagem desses módulos pelas comunidades

de baixa renda onde possam, além de reduzir os gastos com conta de luz, gerar renda

para essa população.

Page 52: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

40

Com base nessa ideia, será apresentada no próximo tópico uma comparação de

custos para um sistema fotovoltaico residencial utilizando painéis disponíveis no

mercado e outro com o painel de baixo custo, apontando a viabilidade do mesmo. Por

fim nos resultados dos ensaios realizados no módulo obtêm-se os parâmetros do mesmo.

5.1 Desenvolvimento Técnico

Neste tópico, será realizado o dimensionamento do sistema fotovoltaico e em

seguida o orçamento do mesmo. O sistema é composto por arranjo fotovoltaico que

representa o conjunto de módulos necessários para abastecer a carga; controlador de

carga que tem a função proteger o banco de baterias de sobrecarga e descargas

profundas; o inversor utilizado para transformar de corrente contínua fornecida pelos

painéis solares para corrente alternada solicitada pelas cargas e o banco de baterias que

tem por função armazenar energia para suprir a carga em períodos em que a radiação é

insuficiente (Figura 5.3).

Figura 5.3 Sistema Fotovoltaico para configuração isolada [43]

Page 53: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

41

5.1.1 Localização da instalação

O local de implantação da residência é em Marechal Hermes, localizada na zona

oeste do Rio de Janeiro. As coordenadas geométricas são 22° 51’ 39’’ S e 43° 22’

16’’W. Com estes dados a insolação correspondente durante o ano é obtido na base de

dados do SunData tendo a região mais próxima a região do Rio de Janeiro (Santa Cruz)

(Tabela 5.5).

Tabela 5.5 - Radiação média diária na região do Rio de Janeiro (Santa Cruz) [38]

Radiação Diária média mensal (kWh/m2.dia)

Ângulo Inclinação

JAN

FE

V

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SE

T

OU

T

NO

V

DE

Z

ME

DIA

Plano

Horizontal 0° C 5,86 5,67 5,22 4,06 3,83 3,22 3,78 4,06 4,22 4,86 5,28 5,61 4,64 2,64

Ângulo

igual a

latitude 23° N 5,29 5,41 5,38 4,56 4,76 4,14 4,85 4,76 4,47 4,74 4,85 5,00 4,85 1,27

Maior

média

anual 20° N 5,39 5,48 5,39 4,53 4,67 4,05 4,74 4,70 4,46 4,79 4,93 5,11 4,85 1,43

Maior

mínimo

mensal 34° N 4,83 5,07 5,23 4,62 4,99 4,40 5,15 4,90 4,41 4,50 4,47 4,55 4,76 0,82

A instalação dos painéis é feita com uma inclinação para evitar acúmulo de água

da chuva. Essa inclinação corresponde ao ângulo de latitude da localidade, neste caso

23°. A partir das informações acima se observa que, para radiação máxima de 1.000

W/m2, o tempo de insolação a sol pleno é de HSP é 4,85 horas, ou seja, o período em que

o painel está exposto a maior nível de radiação durante o dia.

Page 54: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

42

5.1.2 Cálculo do consumo de carga

O fornecimento de energia deve ser suficiente para abastecer a carga composta

de iluminação interna, televisão, geladeira e computador. Os dados da Tabela 5.6

mostram o consumo da residência durante o ano (Figura 5.4).

Tabela 5.6 - Consumo mensal de energia em kWh na residência [39]

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

215 195 232 197 209 160 157 163 176 170 148 152

Figura 5.4 - Curva de Consumo da Carga durante o ano [39]

O consumo máximo diário de energia da residência é estabelecido por:

diakWhdias

mêskWhCdiário /73,7

30

/232

Page 55: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

43

5.1.3 Especificações do Sistema Fotovoltaico

5.1.3.1 Especificações do Banco de Baterias

O banco de baterias deve ser dimensionado de modo que possa suprir a carga em

dias consecutivos que o arranjo fotovoltaico não esteja gerando energia. De acordo com

o SIGFI, o sistema deve ter autonomia por 48 horas. Seguindo esta orientação o sistema

projetado para abastecer o sistema durante dois dias.

O principal tipo de baterias utilizado em sistemas fotovoltaicos é de chumbo-

ácido aberta, em que a profundidade de descarga máxima permitida é de 80% da

capacidade nominal da bateria. Foi adotado o valor de 24 V para a tensão nominal do

sistema fotovoltaico.

kAhV

kWh

V

CC

PH

diadiabateria 32,0

24

73,7/

Dimensionamento de baterias em paralelo:

kAhkAh

Cbateria 8,08,0

232,0

Realizando a escolha da bateria com capacidade de 115 Ah (100 horas), a

quantidade de baterias.

bateriasAh

kAh

elecionadadaBateriaSCapacidade

NecessáriaCapacidadeNPAR 7

115

8,0

Como a tensão da bateria é de 12 V o número de baterias deve ser duplicado para

atender a tensão do sistema, portanto para manter a autonomia são necessárias 14

baterias. As especificações do banco de baterias para este sistema encontram-se na

Tabela 5.7.

Page 56: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

44

Tabela 5.7 Especificações da Bateria Selecionada

Características Técnicas

Bateria Estacionária Freedom DF2000 105Ah/115Ah

Capacidade @25°C 94 Ah (10h); 105Ah (20h); 115Ah (100h)

Profundidade de Descarga Máxima 20 %

Observa-se que a bateria apresenta capacidades diferentes para a mesma especificação,

isso porque a capacidade nominal está relacionada à corrente que a bateria é capaz de fornecer

por determinado período.

5.1.3.2 Especificações do Arranjo Fotovoltaico

Para o dimensionamento do arranjo fotovoltaico é considerado o nível de

radiação da localidade onde será instalado o painel, no caso, o Rio de Janeiro onde a

temperatura média é de 32°C e deve ser considerado o fator de correção de eficiência do

painel. Para determinar o número médio de horas de insolação igual a 1.000W/m2, neste

caso projetaremos para condição de sol pleno na região durante o ano, com inclinação

de 23°, desta forma as demais serão também atendidas (Tabela 5.8).

horasmkWh

mkWhSP 85,4

/1

/85,42

2

Para atender a demanda do mês de referência, o sistema fotovoltaico deve

fornecer uma potência de:

kWhoras

kWhP 6,1

85,4

73,7

Page 57: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

45

Corrigindo a potência pelo fator de correção obtém-se a potência real

demandada pelo sistema:

kWkW

PR 28,0

6,1

Dimensionando o arranjo para utilização de módulos com potência 240 W, na

mesma faixa do protótipo, teremos a necessidade de utilizar 8 painéis.

Tabela 5.8 Especificações do Módulo

Características Técnicas

Painel Solar Fotovoltaico Policristalino de

240WMartifer Solar – Mprime M240 3R

VOC 37,23 V

ICC 8,47 A

VMP 29,55 V

IMP 8,13 A

PMAX 240 Wp

Tipo de Célula Silício Policristalino

Condição Padrão de Teste: Radiação 1000W/m2; Temperatura da Célula: 25°C; Massa de Ar:1,5.

5.1.3.3 Especificação do Inversor

O inversor deve ser escolhido de acordo com as tensões de entrada e saída do

sistema, neste caso respectivamente, 24 V e 127 V; e a potência demandada, 1,5 kW.

Para essa especificação, foi escolhido o Inversor de Energia Profissional de 3000W

Wagan Tech ProLine cujos dados técnicos estão na Tabela 5.9.

Page 58: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

46

Tabela 5.9 - Especificações do Inversor [40]

Características Técnicas

Tensão CA nominal 120 V

Tensão de entrada CC 24 V

Potência de Saída Máxima 3 kW

Frequência 60 Hz

Forma de Onda Saída Senoidal

5.1.3.4 Especificação do Controlador de Carga

O controlador de carga tem a função de proteger a bateria de cargas e descargas

excessiva e facilitar a máxima transferência de potência do arranjo fotovoltaico para a

bateria. A especificação do mesmo deve atender as características da bateria, a tensão e

a corrente do sistema. Para este projeto foi selecionado o Controlador de Carga de 60A

(12/24V) com timer programável EPSOLAR – VS6024N especificado na Tabela 5.10.

Tabela 5.10 Especificação Controlador de Carga [41]

Características Técnicas

Tensão Nominal 12/24 V

Corrente máxima de carga 60 A

5.1.3.5 Levantamento de Custo do Sistema Fotovoltaico Convencional

Realizando um levantamento orçamentário dos itens do sistema fotovoltaico de

forma a atender o dimensionamento, obtemos um custo médio de R$16.464,00, com

módulos convencionais disponíveis no mercado. A seguir, analisaremos a variação do

Page 59: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

47

preço do sistema, apresentada na Tabela 5.11, ao utilizarmos o painel sustentável e será

discutida a viabilidade deste projeto.

Tabela 5.11 - Orçamento do Sistema Fotovoltaico [45] e [46]

Custo do Sistema Fotovoltaico

Arranjo Fotovoltaico

(8 painéis de 240W) R$ 8.592,00

Banco de Baterias R$ 7.406,00

Inversor R$ 1.499,00

Controlador de Carga R$ 1.099,00

Total R$ 18.596,00

5.2 Proposta

A proposta do módulo alternativo é a fabricação dos painéis como fontes de

renda para comunidades de baixo poder aquisitivo e que seja utilizado em regiões

carentes onde o custo de energia fornecido pela concessionária seja elevado. Neste caso,

o processo de manufatura usaria materiais reciclados em lugar de alguns componentes

do painel. A Tabela 5.12 lista o custo do painel, comparando a quantidade pela qual

foram comprados os itens do painel.

Page 60: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

48

Tabela 5.12 Comparação de custo entre as alternativas de protótipo

Material Preço a

varejo

Preço no

atacado

Substituindo por

reciclados

Célula Fotovoltaica Silício

Policristalino

(1,8W/ 3,6A/0,5V) R$ 5,50 R$ 0,54 R$ 0,54

Caneta Fluxo para célula solar R$ 13,00 R$ 13,00 R$ 13,00

Fita De Estanho Para Células

Solares TabWire 50 m R$ 75,00 R$ 22,00 R$ 22,00

Fita para barramento R$ 4,00 R$ 1,80 R$ 1,80

Conector para painel solar R$ 29,00 R$ 29,00 R$ 29,00

Vidro R$ 100,00 R$ 100,00

R$ 50,00*

*(Substituindo

vidro traseiro por

madeira)

Cola de Silicone R$ 10,00 R$ 4,00 R$ 4,00

Moldura R$ 93,00 R$ 93,00

Substituição por

PVC

Total R$ 423,00 R$ 282,52 R$139,52

Baseados em preços de mercado disponíveis [45] e [46]

Observa-se que, com base nos preços disponíveis no mercado, há a possibilidade

de reduzir o custo de fabricação do painel de forma que seja viável a construção de

painéis de forma sustentável. Sendo então a potência gerada pelo painel correspondente

a 32,4W, o custo para gerar 1 W é 13,06 R$/W no máximo (ou seja, para itens de

varejo) e 4,31 R$/W no mínimo (para produção comunitária em larga escala),

comparando este valor com equivalente encontrado comercialmente para módulos na

mesma faixa, 12,20 R$/W6 percebe-se que o protótipo consegue ser economicamente

viável.

6Cálculos baseados na média de preços para painéis fotovoltaicos de 30W nas seguintes

fontes:minhacasasolar.lojavirtualfc.com.br/ e http://www.neosolar.com.br/loja/

Page 61: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

49

No caso do uso residencial destes painéis, retornando ao estudo de caso, a

aplicação do protótipo seria capaz de reduzir o custo final da implantação do sistema,

conforme mostra a Tabela 5.13.

Tabela 5.13 - Orçamento do Sistema Fotovoltaico com módulos alternativos [45] e [46]

Custo do Sistema Fotovoltaico

Arranjo Fotovoltaico

(58 painéis de 32 W) R$ 8.092,16

Banco de Baterias R$ 7.406,00

Inversor R$ 1.499,00

Controlador de Carga R$ 1.099,00

Total R$ 18.096,16

5.3 Ensaios

A determinação das características fotoelétricas dos módulos de silício cristalino

para aplicações terrestres é estabelecida pela Norma Internacional IEC 61215 (1993).

Basicamente, o procedimento baseia-se no registro da curva I-V e a temperatura da

amostra e o registro da corrente de curto-circuito e temperatura de desvio padrão,

concomitantemente, e depois na correção dos valores obtidos, para as condições

desejadas. O esquema de testes, com as devidas conexões está ilustrado na Figura 5.5. É

medida, primeiramente, a corrente de curto-circuito (V=0) e tensão de circuito aberto

(I=0). Em seguida, é inserida uma carga variável nos terminais do módulo a fim de

variar a corrente de saída, deste modo obtém-se os valores correspondentes de tensão e

corrente para diversos pontos.

Page 62: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

50

Figura 5.5 Diagrama de blocos e conexões de ensaio conforme norma IEC 904-3 [42]

5.3.1 Resultados dos Ensaios

Os ensaios realizados utilizando procedimentos laboratoriais, ou seja, usando

iluminação artificial para simular a luz solar; no caso, um refletor de lâmpada

fluorescente compacta com potência de 42W e 2860 lumens. Para carga variável, foi

utilizado um reostato em série com uma resistência de 1. Os resultados das medições

encontram-se nos Gráfico 5.1 e Gráfico 5.2 experimentais de I-V e P-V:

Page 63: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

51

Gráfico 5.1 Curva Experimental de I-V

Gráfico 5.2 Curva Experimental P-V

Observa-se que através das curvas levantadas, o protótipo do painel fotovoltaico

experimental encontra-se dentro das especificações desejadas, assim como os painéis

comerciais. De acordo com os resultados obtidos, os parâmetros deste painel são:

Page 64: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

52

Corrente de curto-circuito (ICC) igual a 8,56 A, tensão de circuito aberto (VOC) igual a

1,792 V. Para os pontos de máxima potência (PMP) fornecida pelo módulo foi de 8,4 W

para tensão correspondente (VMP) 1,35 V.

Page 65: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

53

6 PAINEL CONVENCIONAL E PROTÓTIPO

6.1 Painel Convencional

A maioria dos módulos convencionais encontrados no mercado é constituída por

36 células solares de silício. A potência do módulo, sob condições padrão, é variável

desde 10 a 290 W. Em consequência, o dispositivo varia de 0,2 a 1,5 m2. Na montagem

dos módulos tradicionais, após serem soldadas, as células são encapsuladas com a

finalidade de serem isoladas do exterior e protegidas das intempéries, bem como para

darem rigidez ao módulo. O módulo é constituído pelas seguintes camadas: vidro de

alta transparência e temperado, acetato de etilvinilacetato (EVA), células solares, EVA e

filme de fluoreto de polivinila (Tedlar) ou vidro. A seguir, é colocada a moldura de

alumínio, para dar o acabamento e facilitar a instalação. A durabilidade dos módulos é

superior a 30 anos e atualmente está determinada pela degradação dos materiais usados

no encapsulamento, ou seja, a durabilidade das células solares cristalino é bastante

superior.

Para os módulos convencionais a etapa de fabricação tem início com a limpeza

do vidro seguido de uma inspeção (automática e visual). Em seguida, é feito o primeiro

encapsulamento do vidro com aplicação do EVA. A próxima etapa é a inspeção das

células visual com objetivo de detectar possíveis imperfeições e danos nas mesmas.

Em seguida acontece o processo de soldagem automatizado (Figura 6.1) com

fios de cobre muito finos (0,05 mm) de forma a permitir uma ligação flexível. As

fileiras de células soldadas são alinhadas sobre o vidro.

Page 66: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

54

Figura 6.1- Soldagem automática [17]

Após todas as fileiras estarem devidamente colocadas, é feita a soldagem das

interconexões. Depois disso, ocorre o segundo encapsulamento do material com nova

camada de EVA fotovoltaica sob a parte traseira das células.

Subsequente inicia-se o processo de preparação para o encapsulamento com a

etapa de laminação. Antes de concluir este processo, porém, é realizado um teste de

eletroluminescência que permite uma análise rigorosa e profunda do módulo

fotovoltaico, uma vez que permite ver defeitos invisíveis a olho nu, como micro-

fissuras, problemas nas células, problemas na soldagem, efeitos da umidade.

No processo de laminação haverá o aquecimento a 145 °C do conjunto vidro,

EVA e células de forma a uni-los permanentemente. Em seguida, aplica-se uma

camada de fita adesiva em torno do painel que receberá a moldura de alumínio. Segue

então a aplicação da caixa de junção na parte posterior do painel, nela encontram-se os

terminais de ligação, bem como o diodo de by-pass, utilizados para proteger o módulo

de danos ocasionados por sombras parciais, evitando que este atue como receptor.

Page 67: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

55

Por fim é realizado um teste de funcionamento elétrico e medidas onde são

inspecionadas a corrente de curto-circuito e a tensão de circuito aberto.

6.1.1 Protótipo

O protótipo foi construído utilizando-se células fotovoltaicas de silício

monocristalino, com tensão de 0,5V, dimensões 156x156mm, eficiência de 19%,

contendo três barramentos e vida útil esperada de mais de 25 anos se protegida da

umidade.

A solda foi realizada com fitas recobertas de estanho, e que também ocorreu

com as interligações entre as fileiras. A moldura foi construída por tubos de PVC de 20

mm unindo os dois vidros do painel. Com o intuito de aumentar a vedação e assim a

durabilidade do mesmo, substituiu-se o EVA fotovoltaico pela cola de silicone ao redor

do vidro e em seguida a inserção de fita metálica isolante. Foi inserido por fim um

conector na parte traseira do módulo, que permite a conexão entre os terminais positivo

e negativo, para ligações externas. Além de possuir um diodo que impede a inversão de

corrente.

Page 68: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

56

6.1.2 Montagem do Protótipo

Inicialmente, o projeto do painel foi idealizado de forma a obter a maior

potência possível e que o painel fosse de fácil manuseio. Com células de 0,5V cada,

projetou-se um painel com 18 células, totalizando uma tensão do painel de 4V.

As células solares possuem o polo positivo na parte inferior e o polo negativo na

parte superior (Figura 6.2), dessa forma as células devem ser soldadas em série para que

se possa obter a tensão desejada nos terminais do conjunto. As ligações a um circuito

externo podem ser feitas de diversas formas. Podem ser colocadas em um suporte com

contatos de mola que pressionam a parte da frente e de trás, podendo as conexões ser

soldadas, porém a forma mais comum, e que foi utilizada neste protótipo, é através da

soldagem por meio de fios condutores. As células foram conectadas em série de modo a

aumentar a tensão de saída.

Figura 6.2 - (a) Terminal positivo da célula. (b) Terminal negativo da célula [Elaboração Própria]

A soldagem foi feita com fita de solda e caneta de fluxo para célula fotovoltaica,

necessária para melhor fixação da solda na célula. As células solares utilizadas foram de

silício monocristalino. As partes posterior e frontal possuem ranhuras com material

metálico onde é feita a soldagem entre a célula e a fita de solda, que composta por

estanho, material condutor para que seja possível a condução de corrente elétrica pelas

+ -

Page 69: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

57

células (Figura 6.3). Em seguida, coloca-se a fita estanhada sob a ranhura, na posição

em que se deseja fixar para então iniciar o processo de solda.

Figura 6.3 - Processo de soldagem de célula fotovoltaica [Elaboração Própria]

O mesmo processo é repetido nas outras duas ranhuras conforme pode ser visto

na Figura 6.4. Isso é feito para que haja contatos redundantes. Assim, o módulo não

falhará se uma ou duas soldas se partirem.

Figura 6.4 - Camada posterior já soldada [Elaboração Própria]

Na parte da frente deve ser feito o mesmo processo de soldagem. É necessário

lembrar que a medida das tiras deve ser o dobro da medida da célula para que seja

possível fazer a ligação entre as células e distanciar a fita de solda das margens da célula

e assim prevenir do risco de colocar em curto a célula no processo de soldagem.

Page 70: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

58

As células são então ligadas em série, soldando o terminal positivo (parte

posterior) com o terminal negativo (parte frontal) em cada fileira que é composta de

duas células, de acordo com o projeto (Figura 6.5).

Figura 6.5 - Interligação entre parte frontal e posterior, soldadas [Elaboração Própria]

Depois de finalizar essa etapa, montando as fileiras, realizam-se as

interconexões das mesmas, conectando-se as extremidades de cada fileira com a

seguinte de forma que fiquem em série, ou seja, terminais positivos são conectados com

o negativo da fileira seguinte (Figura 6.6).

Page 71: PAINEL FOTOVOLTAICO DE BAIXO CUSTO Jaqueline de Oliveira ...

59

Os painéis solares comercializados no mercado são constituídos pelas seguintes

camadas: vidro, EVA fotovoltaico, células solares, outra camada de EVA fotovoltaico e

tedlar. O EVA fotovoltaico tem como função proteger as células de degradação causada

pela exposição ao tempo que podem causar como ferrugem nos contatos. Isso é

necessário, já que a ferrugem pode gerar caminhos para correntes indesejadas, criando

perdas no painel. Para este painel, o uso do EVA fotovoltaico não seria viável, isto

porque o EVA é um filme opaco que se torna translúcido ao ser fundido. Para esse

procedimento, no entanto, é necessário o uso de uma máquina para prensar o conjunto e

fundir o filme, o que não estava disponível. Isso, no entanto pode contribuir

negativamente para o tempo de vida útil do mesmo.

Em seguida, construiu-se a moldura. Para isso optou-se por utilizar tubos de

PVC, pela disponibilidade de conseguir este tipo de material em rejeitos de construção

civil, contribuindo para a sustentabilidade do painel e diminuindo o custo, visto que os

painéis convencionais são moldurados de alumínio que aumenta o valor de fabricação

do painel. Como o módulo ficará exposto à ação do tempo, com intuito de contornar

este problema, aplicou-se uma camada de esmalte sintético no tubo de PVC, para

permitir maior durabilidade. Há ainda outro problema a ser solucionado, que era

impedir a entrada de umidade no módulo, que pode danificar as células e a solda, por

isso utilizamos cola de silicone em torno na junção entre o vidro e a moldura.

Figura 6.6 - Células Interligadas em série [Elaboração Própria]

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7 CONCLUSÃO

Neste trabalho foram apresentados o desenvolvimento e uma discussão sobre a

fabricação de painéis fotovoltaicos sustentáveis, como forma de reduzir o custo do

sistema fotovoltaico abordando as etapas de fabricação das células até ao término do

módulo. Foi apresentado o cenário mundial das aplicações das fontes alternativas, e a

comparação entre a energia solar e as demais fontes. Embora a energia solar seja uma

das formas mais limpas e acessíveis de energia, os custos desta tecnologia ainda são um

dos fortes impedimentos para que a mesma consiga competir no mercado com as outras

fontes de energia.

Apresentaram-se os tipos de células disponíveis no mercado bem como suas

respectivas eficiências, que visam reduzir o custo do painel de forma a tornar a geração

de energia solar mais acessível, visto que este é o maior desafio da geração fotovoltaica.

No entanto, os incentivos governamentais iniciados em diversos países culminaram na

redução dos custos de produção dos módulos, o que possibilitou a inserção desta fonte

na matriz energética mundial. Mostraram-se ainda linhas de estudo para redução de

custo substituindo a célula de silício.

No capítulo 5 foram apontadas as principais barreiras para o crescimento da

geração solar, mostrando o resultado de algumas medidas que estão sendo decisivos

para o desenvolvimento e o aumento da exploração dessa energia. Apresentou-se a

proposta do painel solar sustentável, que visa reduzir os custos da fabricação aplicando

materiais que possam ser reutilizados da construção civil, como vidro, canos de PVC,

de forma que a fabricação do módulo se torne mais acessível. Essa seria uma alternativa

para estimular a fabricação de painéis e aumentar os incentivos à aplicação de energia

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solar fotovoltaica como geração de energia elétrica em sistemas isolados e ligados à

rede. Em seguida foi elaborado um dimensionamento comparativo de um sistema

fotovoltaico, em que um utilizava painel convencional e o outro o protótipo, de forma a

apontar a viabilidade econômica.

Isso mostra que a energia solar fotovoltaica é uma opção de geração de energia

para sistemas isolados, se os incentivos para a redução dos arranjos continuarem. E

pode também se tornar competitiva em relação às demais fontes alternativas se os

módulos – que representam a maior parte do custo do sistema fotovoltaico –

mantiverem o declínio. No entanto, é importante salientar que as pesquisas a cerca da

fabricação dos painéis, em relação à durabilidade, processo de fabricação e eficiência

devem ser também ampliadas, além das células, para colaborar com a redução do custo

do painel.

O incentivo a pesquisa em fontes alternativas faz com que as mesmas possam se

tornar competitivas com as fontes não renováveis, de forma que possam dividir espaço

na matriz energética mundial, assim tornando-a mais limpa e diversificada. Além da

possibilidade de ampliar a geração de energia em sistemas distantes da rede, o que seria

inviável através de linhas de transmissão.

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