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4 JANEIROFEVEREIROMARÇO2013 CENTRAIS
Nasceu no dia 23 de Julhode 1976 na República da Ín-dia.Ainda muito criança ficouórfão de pai e mãe.
Foi então adotado por umcasal, sendo o pai Portuguêse a mãe Indiana. Com elescresceu e deles recebeu a me-lhor educação possível. Maistarde vieram para Portugal.Porém, poucos anos vividosem Lisboa, o pai sofreu umdesastre que foi fatal. Ficoude seguida a viver só com amãe, a dona Manuelinha, aqual continuou a educá-lo omelhor possível. Mas a sortedo Aires continuou a ser-lhemadrasta… e com uma ado-lescência muito complicada,quase de súbito morre-lhe amãe!.. O Aires fica só nomundo, a viver num bairro
também muito problemático.Conhecidos os factos reais
o serviço social da Assem-bleia da República encami-nhou o rapaz para a Obra doArdina, quase com 17 anosde idade,transportando comele traumas difíceis de ultra-passar.
Chegado à Obra do Ardinaacompanhado pela Assisten-te Social Ana Paula, foi rece-bido pelo director da Insti-tuição,que de imediato o pôsà vontade e o rapaz come-çou por relatar a sua compli-cada história de vida e os seussonhos; num “discurso” queparecia não ter fim, o que le-vou Alexandre Martins a su-por que a sua adaptação seriamuito difícil e a sua continui-dade de curta duração.
Mas em breve as suas qua-lidades e os seus desejos,vieram ao de cima.
Vamos, então, conhecer opercurso da vida do Airesnum diálogo aberto e franco.
O Ardina (OA) – Passadostantos anos e com estudos anivél superior, estamos napresença do Aires ou do Sr.Dr.Aires?
Aires (A) – Para vós, ami-gos que me acompanharame muito me ajudaram na Obrado Ardina, serei sempre o Ai-res.Estejam à vontade.Podem--me tratar como vos aprover.
(OA) – Pois bem Aires,diz-nos então, quantos anosestiveste no Ardina?
(A) – Estive no Ardinacerca de 8 anos.
(OA) – Sentes que foi útila tua caminhada na Instituição?
(A) – Sim, sem dúvida,porque estou como estou,sou como sou,por ter come-çado o meu percurso ver-dadeiro na Obra do Ardina.
(OA) – Disseste “estoucomo estou”… Então comoestás?
(A) – Eu evolui como serhumano, adquirindo “ferra-mentas” que me auxiliaramna minha vida pessoal e pro-fissional e até artística.
(OA) – Fizeste referência“sou como sou” então como és?
(A) – Aprendi a ser soli-
dário durante toda a minhacaminhada na instituição.Aoajudarem-me a mim, directaou indirectamente acabavapor ajudar os outros.
O estar na obra do Ardinadeu-me a ideia da profissãoque hoje tenho.O sentimen-to de solidariedade.De amore de inter-ajuda, fizeram demim o que sou hoje,por issosem dúvida nenhuma, que aObra do Ardina faz parte daminha base e dos meus ali-cerces. Para mim tudo co-meçou na Obra do Ardina, aqual refiro muitas vezes.
(OA) – Poderás citar-nosalguns aspectos que conside-ras importantes para aquiloque és?
(A) – Tirei o meu curso deinformática no Ardina, ocurso de Artes Gráficas, can-tei no Grupo Coral, partici-pei em várias festas, e o maisimportante de tudo, foi-medada a hipótese dos estudosaté ao 9.º ano e de seguida aorientação para o ensinosecundário.
(OA) – A experiência quetivemos a teu respeito nocampo académico foi exce-lente. Eras trabalhador emuito interessado na aquisi-ção de conhecimentos…
Então como lhe destecontinuidade?
(A) – Após o ensino se-cundário ingressei na univer-
sidade, faculdade de Psicolo-gia.
(OA) – E porque optastepor este curso?
(A) – Eu comecei porgostar de psicologia, devidoao acompanhamento que osjovens da Instituição tinham,principalmente através do Psi-cólogo Dr. José Luís Botas,assim como era útil para mim,também queria e quero serútil para os outros.
(OA) – Sentes que o tensconseguido?
(A) – Sim… Apesar decontinuar ainda os meus es-tudos académicos, sinto quedirecta ou indirectamentetenho ajudado muitas pes-soas que se têm cruzado naminha vida.
(OA) – Aires, estás a com-pletar o teu doutoramento.Em que se baseia o estudoque fazes?
(A) – O meu doutora-mento é na área das Ciên-cias Sociais e Humanos comespecialização em Psicologiae baseia-se em uma novaperturbação alimentar.
(OA) – Tens tido sucesso?(A) – Apesar das dificulda-
des encontradas, a investi-gação tem sido muito inter-essante nos aspectos teóri-cos e práticos. È importanterealçar o papel fulcral da mi-nha orientadora, Dra. RaquelSilva.
(OA) – Então, Sr. Dr.Aires,muitos parabéns pela luta tra-vada em formação nos teusanos de vida. Parabéns e vo-tos de muitas FELICIDADES.Porem, consta-nos que ou-tros interesses fazem parteda tua vida.
Estamos ansiosos por saber.(A) – A par da minha in-
vestigação constante, tambémcolaboro voluntariamentenuma organização não lucra-tiva chamada:
“Universo da Música” quetem como objectivo apoiaros artistas da comunidadePortuguesa através da divul-gação dos respectivos trabalhos,na nossa página da internet,www.universodamusica.nete redes sociais como o “face-book”.
(OA) – Que bom ouvir oteu entusiasmo, o teu esfor-ço lutador é de louvar.
A Obra do Ardina está fe-liz por ti. És um exemplo aseguir… Que Deus te Ajude.
(A) – Eu tenho a obra doArdina no coração, estougrato a todos que me ajuda-ram a subir os degraus difí-ceis que tenho percorrido.
Obrigado! Muito Obrigado…Estarei grato toda a vida à
Obra do Ardina e principal-mente ao seu director Ale-xandre Martins e sua esposaDra. Maria dos Anjos.
O Ardina
Antes, Depois e… AgoraEu sou o Vânio, NASCI EM Lis-
boa em 07/04/1994.– Antes,Quero dizer, o tempo que vivi
como interno na Obra do Ardina,onde fui acolhido com 9 anos deidade. Durante 7 anos fui apoiadoe ajudado em tudo que precisavana minha idade. Recebi formaçãoescolar até ao 9.º ano incompleto,tirei um curso profissional.
Fiz grandes amizades com osadultos que trabalhavam na Insti-tuição e com os colegas.
Recebi formação religiosa, fuibaptizado e fiz a 1.º comunhão.
Recebi formação desportiva.Pratiquei, fiz natação e aprendi umaarte marcial chamada capoeira.
Saia em fins-de-semana para casade um tio e para estar com a minhamãe e alguns dos meus irmãos.Também dava passeios com osmeus colegas, passávamos as fé-rias em Martim Joanes (Cadaval),onde muito nos divertíamos.
Íamos à Serra de Montejunto, àpraia da Areia Branca, fazíamosmuitos jogos e praticávamos na-tação na piscina do Cadaval enoutra piscina no Bombarral.
Nas férias, todos os dias reunía-mos depois do jantar com os mo-nitores e o Sr. Director.Tínhamosde avaliar os nossos comporta-mentos e o que fazíamos durantecada dia.
Cantávamos, dançávamos, fazía-mos peças de teatro com muitaalegria e éramos muito felizes. Osquartos de dormir eram arrumadospor nós e recebíamos prémiospela arrumação que fazíamos.
Nos fins-de-semana cheguei a iralgumas vezes com a Dra.Maria dosAnjos Santareno e alguns colegasa diversas terras. Levávamos osjornais “O Ardina”, que distribuía-mos às pessoas para angariaçãode fundos…
– DepoisAos 16 anos, foi uma injustiça
eu sair da Obra do Ardina ondeestive muito bem e era bem com-portado.
Depois completei o 9.º ano,mas não pude estudar mais devi-do à minha vida sem condições.
– Agora…Hoje tenho 18 anos.Gostaria de arranjar um traba-
lhinho e estudar à noite, para po-der ajudar a minha mãe que muitoprecisa de mim e os meus irmãosmais novos, pois que não temospai.
Sei que sou bem-educado, tra-balhador e honesto.Mas preciso detrabalhar e de estudar. Se alguémme quiser ajudar eu agradeço epode fazê-lo através do jornal OArdina e também pode contactar-me directa ou indirectamentepelos telemóveis:
966 710 515 ou 966 355 335
Muito ObrigadoVânio Craveiro
…”Sei que sou bem-educado,
trabalhador e honesto.
Mas preciso de trabalhar
e de estudar.”…
…”estou como estou, sou como sou, por ter começado o meu percurso verdadeiro na Obra do Ardina.”…
Aires da Costa BarrosUm exemplo a seguir