P2 Estudo Dirigido 3
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Universidade Federal FluminenseEscola de Serviço Social
Departamento de Serviço Social de Niterói
Karina Avelar da Silva
Estudo Dirigido 2
NITERÓI
2015.1
![Page 2: P2 Estudo Dirigido 3](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022082822/5695d3af1a28ab9b029ed09d/html5/thumbnails/2.jpg)
Estudo Dirigido
• Segundo Neves, há um grande incentivo por parte do Estado no que se
refere aos diversos organismos da sociedade civil e por empresas visando
soluções de problemas individuais ou coletivos. Explique as causas e os efeitos
desse processo.
Devido a mundialização do capital e grande crise do petróleo, não se consegue
mais dar conta de sustentar uma política de incentivo de créditos, taxas de juros
controladas, promoção de direitos aos/as trabalhadores/as, superprodução (produção
em massa) isto devido ao fato que, segundo abordam alguns pensadores neoliberais,
causa o endividamento público e dificulta a realização da mercadoria em inter-
concorrência mundial, além de promover o endividamento do fundo público, citando
aqui o Estado e os Sindicatos como responsáveis pela má gestão e por pressionarem
melhores condições de trabalho e vida para os/as trabalhadores/as, respectivamente.
Surgem necessidades de reorganização da produtividade e lucratividade que vise
desonerar os custos da produção e custos tributários que se tiveram no período de 30
anos com o Estado de bem estar social.
Apesar de avaliar que esta representou uma crise estrutural os ideólogos do
capital apresentavam-na como uma crise fiscal do Estado, mediante sua incapacidade
de gestão da ordem social. Necessita-se de uma contra-reforma do Estado, modificar a
gestão estatal, destruir os sindicatos, ao mesmo tempo promover uma reestruturação
do capital atendendo as demandas do novo cenário capitalista, que necessitava de
mão-de-obra barata, sem fortalecimento de sindicatos, uma acumulação flexível e
financeirização do capital. Capaz assim de suprir a uma política macroeconomica para
suprir as necessidades do capitalismo (fiscais, creditícias, sociais, de trabalho).
Uma nova pedagogia hegemônica, como utiliza Neves (xxx) torna-se necessária,
mudar os padrões de politização das sociedades contemporâneas, reinventar a
democracia (Terceira Via). Como promoção para a transição de uma forma de pensar o
funcionamento do modo de produção e as forças produtivas do “Estado de Bem-Estar
Social” para a “Sociedade de Bem-Estar” (neoliberalismo).
Para isso, retirar o caráter de classe, ou melhor, colocando no contexto histórico,
fragmentar a classe trabalhadora para que se organize sem consciência de seus
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papéis no modo de produção, nas suas instâncias econômico, político e sociais,
consequentemente individualizando os sujeitos sociais para que buscassem soluções
individuais ou grupais para seus problemas coletivos.
Como podemos perceber desde já a nova pedagogia da hegemonia usava-se de
mecanismos ideo-políticos para restringir a consciência da classe trabalhadora, a partir
daí aparelhos privados passam a englobar a luta da classe trabalhadora, como
parceiros. Entretanto, o novo projeto de sociedade defendido pela classe trabalhadora
mediante o projeto socialista, é escamoteado em detrimento da “nova sociedade de
Bem – Estar” executando políticas sociais de um capitalismo reformado, tendo como
estratégia de desenvolvimento as diretrizes que um Estado deveria seguir em função
da macroeconomia, possibilitando o dinheiro se reproduzir por ele próprio. Além disso,
reproduzindo a ideia de capitalismo humanizado.
O Estado, para além de gerir a nação internacionalizando as ações dos
organismos internacionais para a implementação de uma nova política social, estimula
as organizações dos grupos de interesses extra-econômicos que não agregam o
debate de classes antagônicas, garantindo com suas lutas direitos provisórios e
estabilização da hegemonia burguesa, haja vista que desvia a atenção dos segmentos
da classe dominante e suas formas de exploração e expropriação aos quais são
submetidas.
Como podemos perceber o Estado assume a função de conformar as massas
populares aos novos padrões de sociabilidade, reduzindo suas ações a serviços
compensatórios aprofundando as desigualdades sociais. A construção de um novo
homem coletivo parte do preceito da responsabilidade social, a filantropização da
questão social. Tais características gerida pelo Estado, mas também reafirmadas no
ambiente do trabalho, donde, como já esmiuçado parágrafos acima, o trabalhador
passa de militante por direitos trabalhistas e sociais, a voluntário nos projetos de
caridade da empresa.
• Responda sob a análise de Chossudovsky, qual o papel da reestruturação
da economia mundial sob a orientação das instituições financeiras internacionais
(Banco Mundial e FMI)?
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A aplicação do PAE's, principalmente em países em desenvolvimento, devedores,
favorece a internacionalização da polítca macroeconômica sob controle direto do FMI e
BM, atuando em nome de interesses financeiros. Tais aorganismos passam a tutelar a
reorganização economica dos países, estabelece-se um governo paralelo pelas IFI's e
para que se promova a coersão da população subalternizada promove-se o reforço da
segurança interna com repressão política e econômica.
"O ajuste estrtutural promove instituições falsas e uma democracia parlamentar fictícia,
que, por sua vez, patrocina o processo da reestruturação economica".
Por estarem endividadas, as nações são obrigadas a atender as condicionalidades
estabelecidas pelas IFI's, redirecionando suas políticas de modo a atender ao plano
macroeconomico de acordo com os interesses dos credores. Não podem lançar-se
com uma economia nacional independente, devem concordar com as reformas de
ajuste estrutural. Sendo que o emprestimo não necessariamente seria destinado ao
investimento nacional, mas sim a importação de commodities.
Exigem-se a partir das negociações da divida e/ou novos empréstimos, orientações nos
planos de governos coomo prova de que se cumprirá as reformas economicas e
mediante a tal postura inclusão na política macroeconômica e consequentemente
getsão da dívida.
Em alguns países torna-se obrigado a seguir termos do acordo a partir de um
"Documento de Prioridade Políticas" ao qual explicita Chossudovsky:
"Há nesse contexto uma clara divisão de tarefas entre as duas organizações irmãs. O
FMI cuida das negociações políticas-chaves relacionadas com a taxa de câmbio e o
déficit orçamentário, enquanto o Banco mundial fica muito mais envolvido com o
processo de reforma efetiva través de suas agências de âmbito nacional e de suas
numerosas missões técnicas."
Ao FMI cabe o desenvolvimento economico do país, supervisionar se os países estão
cumprindo metas, ao BM cabe estruturar a reestruturação do capital, analisando e
dando corpo as "revisões dos gastos públicos" (RGP), supervisionar as privatizações, e
participar das instâncias deliberativas da saúde, educação transporte, etc.
Com isso, pretende-se estabilizar a economia seguida por reformas estruturais, onde
as reformas economicas são financiadas pelo BM "consiste em medidas pertinentes a
liberalização do comércio, à desregulamentação do sistema bancário, à privatização de
empresas estatais, à reforma fiscal, à privatização das terras cultiváveis, à 'diminuição
da pobreza' e ao 'bom governo'".
Nestas reformas estão incluídas, liberalização do comércio, eliminar cotas de
importação, reduzir e unificar as tarifas. Privatização de empresas estatais sempre
![Page 5: P2 Estudo Dirigido 3](https://reader036.fdocumentos.tips/reader036/viewer/2022082822/5695d3af1a28ab9b029ed09d/html5/thumbnails/5.jpg)
vinculada as negociações da dívida externa que garante controle de parte ou
apropriação das empresas a um custo muito baixo, privatizaçao da terra emitindo
títulos e a concentração de terras cultiváveis para um pequeno grupo de proprietários
que "engolem" os pequenos produtores. Reforma fiscal "a introdução de um imposto
sobre o valor agregado ou sobre as vendas, e de mudanças na estrutura da taxação
direta implicam sempre uma carga tributária maior para os grupos de baixa e média
rendas", para além disso, pequenos produtores são incluídos em cadastramento para
fins de taxação, enquanto o capital estrangeiro transita gozando de isenções de
impostos, com a finalidade de atrair investimentos externos.
Outro aspecto da reforma é a perda de controle sobre a política monetária do país por
parte do Banco Central, ficando esta determinadas pelo livre comércio, pelos bancos
comerciais. Aumenta-se com isso as taxas de juros que influencia nos preços
domésticos e com a desvalorização da moeda eleva-se ainda mais com uma
consequente dolarização dos preços. Mediante tais condicionamentos os bancos
comerciais não são capazes de oferecer créditos a taxas razoáveis. "As IFI's exigirão
também a privatização dos bancos estatais de desenvolvimento e a
desregulamentação do sistema bancário comercial".
O comércio ilícito tende a ser facilitado, com a facilidade e velocidade nas transações
pode-se facilmente realizar "dinheiro sujo", oferece-se mediante a tais condições a
facilidade para lavagem de grandes quantias de dinheiro.
Outro aspecto relevante se dá nos parâmetros elaborados de "redução sustentável da
pobreza" que promovem cortes nos orçamentos do setor social e redireciona as
despesas para programas desenvolvidos por organizações extra-economicas, os
projetos são de cunho filantrópico como forma de aliviar as inquietações sociais.
Em suma, as soluções apresentadas para a crise ao invés de diminuir a dívida
promove ainda mais endividamento e a globalização da pobreza.
• De acordo com Chossudovsky, quais são os objetivos do discurso moral e
ético do "capitalismo sustentável" e da "diminuição da pobreza" para a ofensiva
neoliberal?
Com o paradigma de estabilização da economia e de ajuste estrutural impostos pelo
FMI e BM com a missão de combate a pobreza e proteção ao meio ambiente, vemos
respostas opostas, constante pauperização de milhares de pessoas e a destruição do
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meio ambiente mediante cortes de gastos sociais, políticas de desenvolvimento
economico com patrocínio em projetos para construção de hidelétricas e
agroindustriais.
Apropria-se, o dogma neo-liberal, a partir daí incorporando discursos de
sustentabilidade e diminuição da pobreza, sustentados por estudiosos a-críticos do
movimento da economia de mercado global. Uma contra-ideologia que não promove a
discussão com o rompimento do modelo neo-liberal, mas desenvolve-se paralelamente
financiada pelas organizações mundiais. Das quais manipulam as estatísticas, que
representam a pobreza como minoritária, e da sustentabilidade como saída para
manter a produção e consumo, preservando o meio ambiente, transferindo muita das
vezes a responsabilidade para o indivíduo ou grupos deles, que precisam reprensar
suas atitudes frente a questão ambiental, enquanto os megaprojetos de transformação
do meio ambiente e significativos impactos ambientais permanecem a todo vapor.
Cria-se uma aparência de discurso crítico, mas que não debate com a estrutura do
sistema, sendo apenas um aparato de humanização da ordem de mercado, com
respostas aparêntes de transformação social, que na verdade revelam-se enquanto
"dimensões sociais de ajuste", como coloca Chossudovsky.
• Druck e Filgueiras analisam a política social focalizada do governo Lula, a
partir da análise dxs autorxs explique a relação que existe na atual política de
combate à pobreza e a política de "ajuste fiscal".
Nos países da América Latina não se estabelece plenamente as políticas sociais
universais, os poucos direitos sociais conquistados são substituídos pelas políticas de
"combate a pobreza", diretrizes ditadas pelo Banco Mundial. Tais políticas são
denominadas por Druck e Filgueiras como "Política Focalizada", que retira o caráter
universalista dos direitos, passando a avaliar os atributos pessoais e morais de quem
as recebe.
Como podemos perceber, uma política que fragmenta as expressões da questão social,
nasce junto as reformas liberais com a função de compensar os estragos produzidos
pelo modelo liberal em países periféricos. A pobreza nesta percepção assume um
conceito restrito, seu contingente às necessidades são reduzidos a medida dos
recursos a serem disponibilizados, visto que torna-se necessário o pagamento da
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divida pública, adequar a política de combate a pobreza ao ajuste fiscal.
Os cidadãos são transformados em consumidores tutelados, com a transferência
direta de renda, se encaixando neste programa de acordo com os critérios,
fragmentados, de cada governo e do tamanho do ajuste fiscal. Tal política nega o
direito das políticas sociais universais, divide os/as trabalhadores/as em níveis de
pobreza, aos quais os mais miseráveis dentre estes são beneficiários de políticas
incompletas e limitadas. Nessa perspectivas vemos a disputa entre capital e trabalho
deslocar-se para o âmbito interno da classe trabalhadora promovendo disputas entre
seus diversos segmentos.
No Brasil, adota-se o ajuste fiscal permanente, no segundo governo de FHC e durante
governo Lula, onde a política social assume seu caráter de política social focalizada,
voltada para os miseráveis que passam a participar de programas de complementação
de renda. Tal política como colocam o autor e autora supracitados, articula-se de forma
funcional ao neoliberalismo e a política macroeconômica estabelecida, a contra-face
dos enormes superávits primários.
Com a lógica de que o Estado deve dirigir suas ações aos mais pobres e miseráveis,
os demais ficam a mercê da lógica de mercado para suprir suas necessidades, não
fazendo uso dos precários serviços ofertados pelo Estado. Assim, os recursos que
deveriam ser destinados a universalização de direitos, são liberados para o pagamento
da dívida pública, através da obtenção do superávit primário. Transfere-se a renda do
conjunto da sociedade para o setor financeiro. Vemos daí uma maior fragmentação da
classe trabalhadora, mediante a adoção da política focalizada, articulada a
precarização e flexibilização do trabalho em detrimento a retirada de direitos.
Mesmo que estas políticas focalizadas, monetariamente reduzam as carências das
populações a que se destinam não deixam de estar inseridas numa lógica regressiva e
conservadora para hegemonia do capitalismo no capital financeiro. No Brasil vemos, no
governo Lula, gastos mais expressivos com a assistência social, direcionados
principalmente para o Bolsa Família, do que para gastos sociais que trariam maior
impacto estrutural no combate as desigualdades e a pobreza - saúde, educação,
habitação, etc. Estas políticas adotadas durante o governo Lula, para além do já
mencionado no discorrer do texto, também assumiu função de amortecer as tensões
sociais no processo do projeto liberal.
O Bolsa família, assim como os programas de micro-crédito dirigidos a determinados
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setores probres da sociedade, não conseguem se manter de forma permanente e
estrutural na competição intercapitalista, respectivamente, a renda transferida por não
constituir um direito social, podendo ser restituída mediante os interesses de cada
governo, ou pela política de ajuste fiscal, os micro-créditos oferecidos são dirigidos
para atividades precárias não conseguindo o/a beneficiário/a se sustentar.