P a n d e m i a T e m p o s d e€¦ · usuári@s que demandam um cuidado regular e próximo da...
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Tempos dePandemia
C R I A N D O E R E C R I A N D OA Ç Õ E S D E C U I D A D O À S
C R I A N Ç A S EA D O L E S C E N T E S
U S U Á R I @ S D E S E R V I Ç O SD E S A Ú D E M E N T A L
A b r i l / 2 0 2 0
Diante da pandemia do novoCoronavírus – Covid-19, algumasmedidas voltadas à segurança e aocontrole de sua disseminação* têmsido adotadas, modificando a dinâmicade trabalho dos equipamentos desaúde mental como, por exemplo, dosCentros de Atenção PsicossocialInfantojuvenis - CAPSij. Este cenário tem impactadosignificativamente no cuidado que éofertado pelos equipamentos, de formaque os trabalhadores da saúde mentaltêm sido mobilizados a adotardiferentes recursos e ferramentas detrabalho (pessoais, coletivas,estruturais e operacionais), visandoefetivar e potencializar suas ações. Além disso, sabemos que as condiçõesde acesso à tecnologia e ambientevirtual d@s usuári@s e profissionaisvariam a depender do contexto,convocando a atenção psicossocialinfantojuvenil a construir modoscriativos de cuidado neste momentoem que certo distanciamento énecessário.
Este material, construído pelo Laboratório de Terapia Ocupacional e Saúde Mental - LaFollia, em parceria com dois CASPij de Campinas-SP (EspaçoCriativo e Carretel), tem como objetivocontribuir com o cuidado oferecido àscrianças e aos adolescentes em sofrimentopsíquico, bem como às suas famílias, nosserviços de saúde mental, considerandotambém a saúde mental da própria equipe.Isso porque, no processo de construção denovas formas de cuidado impostas pelapandemia, os profissionais encontram-sefrente ao desafio de pensar em estratégiasque, mesmo num cenário de adversidades,sejam produtoras de sentido, tanto para seus cotidianos pessoais e processos de trabalho, quanto para a população atendida em diferentes realidadespsicossociais.
Primeiramente, ressalta-seque os desafios durante a
pandemia são inúmeros, e queno caso de populações mais
vulneráveis, como as criançase adolescentes em sofrimento
psíquico, as fragilidades edificuldades relativas aosofrimento tendem a se
intensificar. Isso demandarádas equipes de saúde mentalum trabalho ativo e contínuo.
É importante que as ações do CAPSijpossam apoiar e fortalecer a saúde
do próprio trabalhador, valorizandoespaços de suporte e trocas, de
compartilhamento das durezas docotidiano, considerando as
habilidades pessoais e específicas decada profissional no planejamento e
execução das ações. Assim, preservar espaços e
encontros da equipe sãofundamentais, mesmo que emquantidade de profissionais e
tempo reduzidos. As discussõesdiárias são importantes para o
gerenciamento do cotidiano noenfrentamento da pandemia e da
gravidade dos casos acompanhadospelos serviços.
Nesse sentido, podem serprivilegiados também os canais deinformação e trocas virtuais entre a
equipe. Tudo isso vislumbra tornar ocuidado com a população
infantojuvenil possível, criativo epotente.
A saúde mental é um trabalho vivo,ativo e contínuo!
Como se fazer presente mesmoestando longe?
A seguir, estão elencadasalgumas ideias/sugestões que
poderão contribuir para oplanejamento do cuidado àscrianças e adolescentes em
sofrimento psíquico durante operíodo de isolamento social e
quarentena.
Sistematizar, por meio de listasou planilhas, @s usuári@s em
acompanhamento, assim como asinformações importantes
relativas a cada caso;
Planejar com a equipe e oterritório de referência as ações epossibilidades de cuidado nesse
momento.
Organização e sistematizaçãodas ações, usuári@s e famílias
acompanhadas pelo serviço
Elencar, junto aos profissionaisde referência, @s usuári@s que
precisam de acompanhamentoregular presencial, os que têmindicação de monitoramento
telefônico/virtual e os quenecessitam de visitasdomiciliares devido à
vulnerabilidade social;
A partir dessa organização,construir uma agenda diária para
organizar os atendimentospresenciais no serviço, os
atendimentos domiciliares, asretiradas de medicamentos e o
monitoramentotelefônico/virtual;
Caso seja possível, conte com oapoio do transporte institucional
para as ações externas.
Organização e sistematizaçãodas ações, usuári@s e famíliasacompanhadas pelo serviço
Esta modalidade está voltada aosusuári@s que demandam umcuidado regular e próximo da
equipe. Para tanto, recomenda-sea utilização de um chip paraleloao de uso pessoal ou a utilizaçãode um número institucional para
que não haja exposição doprofissional;
Essa forma de contato éinteressante, uma vez que mantéma aproximação d@s usuári@s comos profissionais e com o serviço.As videochamadas, por exemplo,
podem trazer algumafamiliaridade com o contexto do
serviço antes da pandemia, aoutilizar um determinado setting
onde ocorria um grupo,atendimento, ou deixando visívelalgum brinquedo, música, entre
outros.
Acompanhamento emonitoramento via ligação
telefônica ou vídeo-chamada
Na ausência de aportetecnológico ou dificuldade no
acesso a meios de comunicaçãovirtual com as famílias e usuári@s,as ligações telefônicas podem ser
uma opção;
Quando possível, manter oshorários dos atendimentos
semanais via telefone e/ou criargrupos específicos em aplicativos
de mensagem para sustentar aproximidade dos integrantes do
grupo e da equipe.
Acompanhamento emonitoramento via ligação
telefônica ou vídeo-chamada
Pode-se sistematizar plantõespresenciais de atenção à crise;rever diariamente os fluxos e
protocolos e conversar sobre ocuidado à crise antes dela ocorrer;
Em casos de manejo de crise, osprofissionais devem estar
paramentados com máscara,óculos, luvas e avental;
As famílias podem procurar peloserviço para compartilhar o
cotidiano, devido as dificuldadesvivenciadas. Nesse período, há um
aumento das questões deviolência doméstica e dos
conflitos familiares.
Manutenção dos atendimentospresenciais de casos mais
graves, situações de crise ouprocura familiaR; construção
de novas propostas
Ter espaços de acolhimento destasangústias, bem como fortalecer as
potencialidades de cada famíliamostrando que pode ser um
momento possível para novasconstruções de relações, rotinas e
convivência familiar, é fundamental;
Estabelecer plantões no serviço erotinas de entrega e retirada de
receitas médicas;
Confeccionar máscaras para asfamílias e orientá-las sobre o
manuseio e higienização pode seruma excelente estratégia de cuidado;
Organizar um fluxograma no serviço:demarcar os locais de lavagem das
mãos, oferta de máscaras, local para aretirada de medicação, entrega de
receitas e necessidade de manter asportas abertas.
Manutenção dos atendimentospresenciais de casos mais
graves, situações de crise ouprocura familiar; construção
de novas propostas
Os profissionais envolvidos noacolhimento podem ser
responsáveis pelo plantão telefônicoe avaliação das necessidades
demandadas;
Sugere-se realizar agendamento dosatendimentos prioritariamente por
telefone, mas, em caso de acesso porlivre demanda, manter o fluxograma
de cuidado e proteção.
aCOLHIMENTO
Visitas domiciliares podem ser umaalternativa, devido à dificuldade deacesso das famílias ao serviço. Mas,
estas devem ocorrer em caráterexcepcional e, adotando as medidas
de segurança;
Além do acolhimento e orientação,é possível o empréstimo de
brinquedos às crianças (higienizaradequadamente), como uma forma
de manter o vínculo.
Realização de visitasdomiciliares em casos de vulnerabilidade social
Essa articulação pode se dar portelefone, e-mail, aplicativos de
mensagem e utilização de sistemasonline como, por exemplo, reuniões
por videoconferência, planilhascompartilhadas;
É importante o compartilhamento ea corresponsabilização dos casos
com os demais serviços dereferência como CREAS, CRAS,Conselho Tutelar, entre outros;
Essas ações intersetoriais sãofundamentais também para orientar
@s usuári@s e familiares sobrequestões sociais e garantia de
direitos.
Articulação com outrosequipamentos e parceiros
intersetoriais
Objetivam abordar assuntos deinteresse d@s usuári@s em geral;
Pensar nas atividades em andamentonos serviços, anteriores à pandemia,e propor vídeos que resgatem esse
processo;
Produzir vídeos direcionados a faixasetárias distintas com diferentes
objetivos - contação de história,artesanato, desafios, atividades
físicas;
Sugerir, a partir disso, que as famíliasdeem retorno aos profissionais/
serviço por meio do envio de vídeos,fotos ou mensagens para que possa
haver manutenção de interaçãoentre equipe e usuários.
Criação de vídeos ourealização de lives viaredes sociais do serviço
Manter uma comunicaçãoabrangente no que diz respeito a
informes gerais sobre ofuncionamento do serviço e
assuntos de interesse;
Canais coletivos também podemcontribuir para a manutenção dosgrupos terapêuticos já existentesnos serviços e de comunicação
entre as famílias.
Materiais informativos para orientações
Canais coletivos deacolhimento e apoio às
famílias: grupos virtuais demensagens, reuniões por vídeo-
chamadas
Confecção (ou levantamento demateriais já existentes) de cartilhas
e materiais informativosconfiáveis para orientação às
famílias.
Nesse momento, pode sernecessário a manutenção dos
atendimentos presenciais, já quepode acontecer desta população
acessar o serviço de formaespontânea ou em momentos de
crise. Os adolescentes podemdemonstrar grande dificuldade depermanecer em quarentena e nomanejo de conflitos familiares,além do aumento dos quadros
ansiosos e das tentativas desuicídio;
Perante esta realidade, tambémse faz necessário o fortalecimentodos canais de comunicação com
este público, por exemplo, pormeio de recursos tecnológicoscomo whatsapp, videos, mídias
sociais, etc.
Apoio aos adolescentes ecanais coletivos: grupos
virtuais de mensagem,divulgação de materiais,videochamadas, lives...
É importante reforçar que essemomento é muito novo e difícil
para tod@s. Estamos enfrentandodificuldades em vários níveis, tantono âmbito do trabalho, quanto da
vida pessoal. As rotinas foraminterrompidas e estamos fazendo omelhor que podemos frente a esta
nova realidade que nos foi imposta.Por isso, vale sermos gentis e
compreensíveis com nós mesm@senquanto sujeitos, profissionais da
rede de cuidado, e também comnoss@s colegas de equipe.
Junt@s seremos mais criativ@s e
potentes!
Referências: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemid=875 https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6138:covid-19-oms-atualiza-guia-com-recomendacoes-sobre-uso-de-mascaras&Itemid=812 https://coronavirus.saude.gov.br/
* Medidas de segurança e controlede disseminação propostas pelaOrganização Mundial da Saúde(OMS), Ministério da Saúde.
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