P-498 - A Volta Do Takerer - Clark Darlton

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  • 7/30/2019 P-498 - A Volta Do Takerer - Clark Darlton

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    A VOLTA

    DO TAKERER

    AutorCLAK DARLTON

    TraduoAYRES CARLOS DE SOUZA

    Reviso

    GAETA(De acordo, dentro do possvel, com o Acordo Ortogrfico vlido desde 01/01/2009)

    (P-498)

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    Na Terra e nos outros mundos do Imprio Solar, oscalendrios registram meados de julho do ano 3.438. Destemodo, Perry Rhodan e seus 8.000 companheiros da Marco

    Polo permanecem h cerca de um ano na NGC 4594, ouGruelfin, a galxia natal dos cappins.

    Durante este tempo aconteceu muita coisa tanto emGruelfin como na galxia da Humanidade. Ali, uma frotasinistra, consistindo de dezenas de milhares de grandes navesrobs (Coletores) e centenas de milhares de unidadesmenores (Vassalos) aproxima-se cada vez mais do SistemaSolar.

    Vascalo, o comandante-em-chefe dessa gigantesca frotainvasora, no se deixa desconcertar nem mesmo com pesadasbaixas afinal de contas os seus robs no temem a morte.

    E Reginald Bell, Julian Tifflor e Galbraith Deighton, os trs

    homens que comandam a defesa do Sistema Solar, no tmmos a medir, para dar cumprimento sua difcil tarefa.O plano de Vascalo, de conquistar o Sistema Solar de

    surpresa, entrementes fracassou. A invaso de Tit acabousendo um fracasso para Vascalo e seu exrcito. E o prprioVascalo teve que abandonar a lua de Saturno, numa

    pedotransferncia, para salvar-se.Mas Vascalo tem determinados planos, e no pode se

    dar ao luxo de deixar morrer o seu pseudocorpo deixadopara trs. Por isso, os habitantes de Tit vivenciam A Volta

    do Takerer...

    = = = = = = = Personagens Principais: = = = = = = =

    Vascalo Um pedotransferidor, que quer salvar seupseudocorpo deixado para trs.

    ReginaldBell, Julian Tifflor e GalbraithDeighton Osdefensores do Sistema Solar.

    Pultor Comandante da Frota Invasora de Gruelfin.

    Dr. Burgalow e Dr. Stranger Dois cientistas queconcedem refgio a um adversrio.

    86.104 Comandante de uma nave pos-bi.

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    Aquela coisa gelatinosa, trmula, encontrava-se numa gruta.Era uma gruta escura, coalhada de pedaos de rocha, cheia de gases venenosos demetano e nuvens de amonaco, que desalojavam cada vez mais o escasso resto deoxignio.

    Isso pouco importava no momento, quela coisa gelatinosa, pois era rodeada de umtraje espacial de presso certa, e a reserva de oxignio existente ainda era suficiente paramais de cinquenta horas.

    Mas este no era o nico motivo por que aquela criatura informe no achavaimportante se o ar respirvel chegasse ou no. que ela no sabia raciocinar.

    A substncia gelatinosa era tudo que tinha sobrado do takerer-mutante Vascalo, o

    Torto, depois que ele fizera uma ousada pedotransferncia. Ela era a nica possibilidadede escapar do inferno da lua de Saturno, na qual suas foras de combate tiveram que sesubmeter a uma pesada derrota contra os terranos.

    Ele conhecia muito bem o Comandante Pultor. No foi difcil para ele goniometr--lo, mesmo numa distncia inconcebvel, ajustar-se a ele pessoalmente e depoisexecutar a pedotransferncia.

    O seu pseudocorpo ele deixou para trs em Tit, seguramente dentro de umacaverna rochosa e no seu traje espacial, cujo abastecimento de ar ainda era suficiente paracerca de cinquenta e uma horas.

    At ento Vascalo teria que encontrar uma sada, caso no quisesse perder para

    sempre o seu corpo original. Ento ele teria que ficar para sempre no corpo de Pultor, umpensamento que nem lhe parecia to absurdo. Pois Pultor, ao contrrio de Vascalo, eraum homem de estatura imponente.

    Porm houve os acontecimentos que convenceram Vascalo, que nem sempre umexterior perfeito era suficiente para ter-se sucesso ou mesmo para guindar-se a soberanoabsoluto de um reino estelar.

    Acontecimentos que neste instante tinham lugar h trinta e dois milhes de anos-luzde distncia, numa galxia estranha, que se chamava Gruelfin.

    Acontecimentos que tudo modificaram...

    * * *A cerca de dezesseis anos-luz de distncia da Terra, reuniram-se aqueles complexos

    esquisitos e bizarros de uma galxia estranha, cujo objetivo era destruir o Imprio Solar.Alguns deles eram muito pequenos e davam a impresso de serem pouco importantes,mas quem os conhecia sabia muito bem que no seu interior eram abrigados os perigososVassalos-robs que, sem considerao para consigo mesmos, atacavam qualqueradversrio e o destruam, se antes no fossem destrudos eles mesmos.

    Outros Coletores assim se chamavam os bizarros complexos eram maiores,alguns deles at chegavam a ter o tamanho de uma lua mdia. A sua fora de combate erainconcebvel, pois eles podiam lanar milhares de mquinas mortferas pr-programadas,

    que atacavam qualquer adversrio, sem considerao.E havia tambm milhares destes gigantescos Coletores.

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    Todos eles esperavam pela ltima ordem, de avanarem definitivamente em direoao Sol, para vibrar o golpe de morte ao centro do poder terrano, a Terra.

    As tropas do Tachkar venceriam.Elas tinham que vencer!Disso tambm estava convencido Vascalo, um dos mais fiis servidores do Tachkar,

    a quem ele estava disposto a servir at as ltimas consequncias.No momento, entretanto, ele era Pultor e no Vascalo pelo menos exteriormente.Ele era o comandante dos Coletores que se concentravam para o ataque ao Sistema Solardos terranos. Ningum sabia que Pultor na realidade tinha sido assumido por Vascaloque, deste modo, tambm dominava totalmente a conscincia do comandante.

    Enquanto ele esperava pelo reforo anunciado de mais noventa mil Coletores, a suaestao de rdio-dakkar recebeu um comunicado de sua distante galxia natal.

    Era aquele comunicado mencionado, que informava sobre os ltimosacontecimentos em Gruelfin. Era um comunicado que destrua todos os planos originaisdo ambicioso mutante, mas que, em certo sentido, se modificaria em seu prprio favor, se

    ele fosse suficientemente hbil, para aproveitar-se da situao em sua vantagem.Como Comandante Pultor, ele estava sentado na espaosa central de comando doColetor do tamanho de uma lua, quando o comunicado de alarme chegou. Com o rosto

    plido de susto, ele foi-lhe entregue por um oficial takerer, que naturalmente noimaginava quem ele era realmente.

    Acaba de chegar, comandante.Pultor-Vascalo acenou-lhe.

    Deixe-me sozinho.Ele esperou at que a porta se fechou, e s ento leu toda a mensagem.Tambm ele ficou plido.

    O comunicado informava que Pentshypon-Kala 896, um jucla do cl dos Murra,assassinara o Tachkar Ginkorash, assumindo o poder no reino estelar takerer.Com isto o velho Tachkar no existia mais, e Vascalo tinha sido um primo desse

    Tachkar. Ele inclusive j se vira como sucessor deste. Mas agora um jucla era o novoTachkar...

    Isso era monstruoso e inconcebvel!E tudo isso acontecia num momento em que a batalha decisiva contra os odiados

    terranos era iminente.No!Vascalo era um pensador rpido e j depois de poucos minutos a sua deciso estava

    tomada. E tambm tinha um plano como tornar o seu plano realidade. Diversos fatores seentrelaavam tudo dependia apenas de manter-se a sequncia correta, dar-lhe ateno,e agir correspondentemente.

    Os fatos eram:O seu pseudocorpo de Vascalo estava em Tit, numa gruta rochosa e ainda

    tinha ar respirvel por cinquenta e uma horas. Se at ento ele no voltasse a este corpo--medusa gelatinoso, ele morreria. Com isso, Vascalo perderia por todos os tempos o seu

    prprio corpo, e teria que permanecer no de Pultor, caso ele no preferisse procurar umnovo para si.

    Mas a chance de tornar-se o Tachkar, ele somente teria como o Vascalo legtimo

    e se voltasse vitorioso sobre os terranos. A luta aqui tinha que ser terminadavitoriosamente.

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    O povo diablico dos juclas tinha que ser dizimado sem considerao depois de suavolta.

    Ele ainda possua cerca de quarenta mil Coletores. Com os noventa mil dosesperados as primeiras formaes estavam justamente chegando portanto seformava um total de cento e trinta mil. Uma fora de combate inconcebvel, que mesmo o

    Imprio Solar no tinha como enfrentar em p de igualdade esperava Pultor-Vascalo.Chegado a este ponto de suas reflexes, o mutante lembrou-se novamente do seuproblema mais urgente seu corpo, que ele deixara para trs na lua Tit, a uma distnciade dezesseis anos-luz. O problema no era de chegar at ele, para assumi-lo novamente,mas o fato de que Pultor, durante este tempo, novamente seria ele mesmo. A suaconscincia e sua prpria vontade estariam novamente livres e capazes de agir. Isso erainevitvel. Vascalo decidiu deixar uma mensagem ao seu velho amigo, para explicar- -lhetudo. Isso facilitaria mais tarde uma assuno talvez necessria e alm do mais a faria

    parecer lgica.Antes de executar a transferncia de volta, ele recebeu novas notcias da central de

    radiocomunicaes. O Imprio Solar, diziam as mensagens, recebiam constantementereforos de outros povos desta galxia. De todas as direes chegavam formaes defrotas, que se colocavam sob o comando do terrano Reginald Bell, que junto com JulianTifflor e um certo Galbraith Deighton, dirigia a batalha defensiva contra os invasores.

    Portanto esses terranos e seus aliados se mantinham coesos! Este era um fato queVascalo at agora mantivera em dvida. Os comunicados, entretanto pareciam confirm--lo.

    E da! Ele certamente tambm conseguiria estar acima disso! Primeiramente elequis gravar uma mensagem a Pultor acusticamente, mas depois decidiu-se a deixar-lheuma carta pessoal, que ele naturalmente escreveu com a prpria caligrafia de Pultor. Ele o

    lacrou, depois colocou-o em cima da mesa de controles. Quando Pultor voltasse a si, ele odescobriria imediatamente, ainda antes que algum pusesse os ps na central de comando.Depois que isso aconteceu Vascalo concentrou-se no seu corpo gelatinoso e transferiuo seu esprito numa distncia de dezesseis anos-luz.

    * * *

    Pultor estava sentado na sua poltrona e abriu os olhos lentamente. Parecia-lhe queadormecera e que agora estava acordando de um sono horrvel, do qual nada mais sabia.Muito devagar ele chegou conscincia de que deveria ter sido outra coisa, que o deixarato sonolento. Um forte pedotransferidor o assumira a um tempo no determinado e

    acabara de abandon-lo novamente. Esta era a nica explicao para o seu estado.Ele ficou sentado bem quieto e refletiu.Por que algum o havia assumido? Um olhar para as telas de vdeo o convenceram

    que l fora nada se modificara, na situao. As formaes de Coletores estavam paradas,sem serem molestadas no espao e esperavam por sua ordem para entrarem em ao. As

    primeiras formaes dos Coletores, antes dirigidos erradamente, surgiram no Universonormal, vindos do espao linear, e comunicavam a sua prontido de combate. Tudocoisas pelas quais Pultor no precisava se preocupar. Isso era rotina que seussubordinados resolveriam sozinhos.

    Por que ento...?

    O seu olhar caiu no envelope fechado, sobrescrito com sua prpria caligrafia eendereado a ele.

    No havia dvida!

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    Aquele que o assumira temporariamente lhe deixara uma mensagem. No haviaoutra explicao, pois Pultor no se lembrava de jamais ter endereado uma carta a simesmo.

    Ele abriu o envelope e retirou a mensagem.E leu:

    Caro amigo Pultor!Eu no tinha outra escolha, se no quisesse ser morto na lua solar Tit.

    Nossa gente ali sofreu uma derrota, que ns vamos ter que vingar. Eu tive quefugir e por sorte voc estava por perto.

    Acredite-me, eu agi apenas em perigo de vida, e era minha inteno deabandonar voc novamente o mais depressa possvel E eu fao isso logo,apesar de me encontrar em grande perigo, quando volto para o meu corpo emTit. Fao isso para provar-lhe minha amizade. E fao mais ainda, Pultor:Com a presente eu passo a voc o comando de todos os Coletores e nomeio-o

    Comandante-em-Chefe das foras de combate invasoras, enquanto eu estiverausente. Peo-lhe, entretanto, para no agir irrefletidamente, mas para sertaticamente cuidadoso e esperto. J sofremos baixas o suficiente. Quandoameaar um perigo real, no hesite em recuar com os Coletores para oespao-linear. Eu mesmo logo aparecerei, logo que conseguir pr a mim e aomeu corpo em segurana.

    Mais uma coisa o Tachkar est morto, acabei de receber a notciaainda h pouco. Visto sob o ponto de vista legal eu sou o seu sucessor. Eutenho certeza que voc me ajudar a punir os assassinos, para que eu possaassumir a herana do Tachkar. Voc sabe que eu lhe serei grato por isso.

    E agora at breve, meu caro amigo. Procure agir como eu aconselhei ecomo espero de voc.Vascalo.

    Umpost-scriptum ainda solicitava a Pultor que escutasse uma gravao das ltimasnotcias, para que ele ficasse informado sobre o que entrementes acontecera em Gruelfin.

    Mais tarde Pultor ficou sentado, meio abstrado e imvel, na sua poltronaconfortvel, vendo como os Coletores se reuniam para a continuao do voo na direodo Sistema Solar. Ele escutara as mensagens. Os acontecimentos em Gruelfin o haviamdeixado abalado, mas ele tambm j imaginava suas consequncias lgicas. A Terra tinha

    que ser batida antes que Vascalo pudesse regressar a Gruelfin. Ento ele se tornaria onovo Tachkar e ele, Pultor, seu mais ntimo colaborador.

    Estas, sem dvida, eram perspectivas bem tentadoras, que por alguns momentos ofizeram esquecer-se da situao precria em que todos se encontravam. Ningum queriaessa guerra, mas o Tachkar morto a ordenara. Mas hoje Pultor j estava no ponto em quetambm ele queria esta guerra. Os terranos tinham destrudo Takera, o principal planetado reino takerer. Ele comeou a odi-los.

    A uma certa distncia, apareceram algumas unidades da Frota Solar. Pultor agiuimediatamente, mandando alguns Coletores ao seu encontro. Ele mesmo manteve-se naretaguarda com a fora principal. Somente quando surgiram cada vez mais naves de

    combate terranas, ele ordenou um curto voo linear na direo do Sol.Ali devia realizar-se a prxima concentrao.

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    * * *

    Reginald Bell e o Marechal-Solar Julian Tifflor, comandante da frota natal,encontraram-se na base de apoio Pluto, para uma curta discusso da situao.

    Nos dias e semanas passados Bell parecia ter ficado um pouco mais magro. Comsua corpulncia normal isso praticamente no chamou a ateno, mas quem o conhecesse

    bem, notaria que tinha diminudo alguns quilos.Tifflor, ao contrrio, parecia dar-se bem com toda a agitao, at mesmo

    fisicamente. Ele apenas se mostrou preocupado com as ltimas notcias de Gruelfin, queMarceile ainda conseguira captar, antes de ser ferida gravemente em Tit.

    Parecia haver dificuldades com a Marco Polo por l. A partida planejada para aviagem de regresso Via-Lctea tinha sido adiada. A isso se juntavam os problemas

    polticos e o assassinato do Tachkar.E depois aqui a invaso dos Coletores e pedotransferidores.A situao em Tit era sria, ainda que os invasores tivessem sofrido uma derrota

    sensvel, no tendo alcanado o objetivo pretendido. Mesmo assim, ainda se lutavaencarniadamente.

    E ento, Julian, como esto as coisas?Tifflor colocou ambas as mos espalmadas sobre os mapas que estavam espalhados

    sobre a mesa. difcil de dizer, Bell. J nos foi possvel destruir dezenas de milhares de

    Vassalos lanados pelos Coletores, mas s vezes tm-se a impresso que esses robs socapazes de se reproduzir. Nossas perdas prprias tambm no so pequenas. Eu me

    preparo para uma dura batalha defensiva aqui e em nosso prprio sistema solar. Se osColetores conseguirem destruir nossos fortes defensivos e penetrar no sistema, a Terra

    estar em grande perigo.Bell anuiu. Isso est claro para mim, Julian. Mas ns temos reservas! Ns conseguimos

    vencer os perigosos pedotransferidores, portanto no vamos nos deixar vencer por robs.S lamentvel que Corello e Balton Wyt no conseguiram agarrar esse Torto. Eu achoque Vascalo uma figura-chave futura no jogo intergalctico.

    Tit no grande... Grande demais, para esconder-se no mesmo. Certo, as instalaes energticas j

    no funcionam, a atmosfera de oxignio dissipou-se, as possibilidades de esconder-sediminuem, mas ainda so suficientes. Como que podemos achar um takerer se ele se

    mantm quieto e no tm a ideia suicida de pedotransferir-se para dentro de outro serhumano? Vascalo sabe que isso no teria mais sentido. Ele seria descoberto e mortoimediatamente.

    Tit vai ser evacuada? O processo j est em andamento, Julian. Mas milhares de pedotransferidores

    ainda se encontram na lua. Enquanto estiverem l, podem colocar-se em relativasegurana a qualquer tempo, goniometrando qualquer pessoa, assumindo-a, sempre que amesma no use uma faixa-dakkar. Naturalmente ainda existe o perigo de seremdescobertos, atravs do Ressonador-Hollbeyn, mas esse um risco que eles tm quecorrer. Em outras palavras Tit ter que ser limpa definitivamente dos transferidores.

    Bem, isso claro. Mas quanto a meu relatrio, Bell. O senhor naturalmente jest informado, mas eu gostaria de repeti-lo mais uma vez. Acabaram de chegar reforose a cada hora recebemos novas notcias sobre a chegada de formaes de frotas de auxlio

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    de povos galcticos. Entre eles eu gostaria de salientar especialmente os acnidas, quecolocaram frotas inteiras sobre o comando solar. E justamente deles ns provavelmentenunca teramos esperado uma ajuda dessas.

    No exatamente desinteressada, essa ajuda. interrompeu Bell e sorriu o seusorriso largo. Eles tm medo, simplesmente medo. Eles ainda preferem a ns, terranos,

    que a esses Coletores e os sinistros pedotransferidores. Por isso eles nos ajudam. Pois seo fazem, em primeira linha tambm esto ajudando a si mesmos. Concordo, mas isso no muda nada no fato de que, neste momento, termos que

    ser agradecidos pela sua ajuda. Ainda gostaria de mencionar os Saltadores e as fortesunidades da Unio Central Galctica. Tambm a Federao Normon, o antigo ImprioDabrifa, no de se desprezar.

    Eu acho filosofou Bell que isto, no geral, um desenvolvimento bastantesatisfatrio. A Terra est em perigo, e metade da Via-Lctea vem correndo em seusocorro. O que antigamente acontecia em mnimo, agora acontece no mximo.

    Um desenvolvimento lgico. concordou Tifflor. At mesmo os

    Superpesados vieram, assim como ertrusianos e seres pertencentes a outras raas, com asquais tivemos contato. Descobrimos mercadores galcticos, que bordaram suasgigantescas naves cargueiras com canhes e se jogaram, voluntrios, nas linhas de frente. comovente a sua preocupao com o bem-estar da Terra, que at ento nada lhessignificava.

    Se no fosse o Imprio Solar, todos apenas teriam desvantagens disso, todoscomo esto a, Julian. Mesmo assim sou agradecido pela sua ajuda. No me entenda mal.Eu apenas procuro deixar claros os motivos, para que o senhor no se entregue a iluses.

    Isso eu no fao, com certeza. riu Tifflor, para imediatamente ficar srionovamente. Para mim decide o estgio atual de nossa fora de combate, e esta acaba

    de aumentar consideravelmente com a chegada dessa ajuda. Os motivos para mim noimportam. Concorda, Bell? Naturalmente, concordo, Julian. Segure o front natal, eu vou me ocupar mais

    uma vez com Tit e depois com os Coletores. Ns vamos dar conta do recado, Bell.O Marechal-de-Estado levantou-se.

    Naturalmente que vamos dar conta do recado! confirmou ele. QuandoRhodan voltar, ele vai encontrar um curral limpo.

    * * *

    A massa gelatinosa dentro do traje espacial comeou a tomar forma.Na caverna em Tit nada se modificara. Os gases venenosos continuavam saindo

    das fendas do cho como vapores expulsando a atmosfera respirvel de oxignio. Osescudos de proteo energticos que tiveram que ser erguidos devido pouca gravidadede Tit, tinham rudo h muito tempo. Desimpedida, a atmosfera venenosa ou no

    pde escapar para o espao. A presso na superfcie baixou para zero.O traje espacial era, ao mesmo tempo, um traje de combate. Ele se assemelhava de

    certo modo at com os trajes de combate terranos e possua uma aparelhagem de voo quefuncionava muito bem. Somente a aparelhagem de regenerao de oxignio tinha falhadototalmente. Este, alis, era o motivo por que Vascalo no podia deixar sozinho o seu

    pseudocorpo. O ar armazenado nas duas garrafas de oxignio era suficiente apenas paraumas quarenta e oito horas ainda.

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    Cada vez mais ntidos ficavam os contornos do corpo, que comeou a se formardentro do traje, e logo podia reconhecer-se tambm o rosto.

    Ele pertencia novamente a Vascalo, o Torto. Ele ganhara de volta o seu corpoverdadeiro ou melhor, ao contrrio seu contedo espiritual hexadimensional tinharegressado ao seu corpo original.

    Por alguns minutos ele ficou deitado, imvel, no cho, depois ergueu-se lentamente.Aqui, por enquanto ele estava em segurana, mas era uma segurana enganadora. Quandoa pequena proviso de ar respirvel estivesse gasta, ele sufocaria. Ou ento aqueles doismutantes muito hbeis o descobririam. Eles j tinham dado muito trabalho, e ele notinha nenhuma vontade de cruzar com eles novamente.

    Quarenta e oito horas!Ele teria que abandonar a lua sem que algum pudesse seguir o seu rastro.

    Naturalmente uma nova pedotransferncia seria muito simples, mas ele precisava do seucorpo. No era -toa que o chamava de o Torto. A sua corcunda, se era possvelchamar-se aquela corcova deste modo, era a sua marca registrada. Com ela ele teria que

    voltar, como vitorioso, para Gruelfin, se quisesse tornar-se Tachkar.Ele levantou-se e se espichou. Depois ligou o receptor do seu rdio, para informar--se sobre o que estava acontecendo do lado de fora. Antes de deixar a caverna ele

    precisava conhecer a situao.Os sinais de rdio entravam claros e ntidos, apesar de variedade e nas mais diversas

    frequncias. Precisou de tempo e pacincia para separ-los e isolar aqueles que para elefossem interessantes.

    De qualquer modo, ele ficou sabendo do mais importante.Os combates continuavam, renhidos, em Tit. As formaes restantes dos

    pedotransferidores tinham-se reunido e lutavam com a valentia do desespero contra a

    destruio. Apesar de ser sem sentido, um ou outro continuava tentando assumir o corpode uma criatura humana, para, deste modo, pr-se em segurana. Mas isso sempreacabava em runa certa. Os novos aparelhos imediatamente seguiam-lhe o rastro,descobriam o pseudocorpo abandonado, bem como a criatura assumida. O pseudocorpoera destrudo, logo que o pedotransferidor fugia de volta para ele, quando era ameaadodentro da criatura assumida, por algum dos terranos.

    Vascalo comeou a imaginar as dificuldades que ainda tinha diante de si. Se umacaso no viesse em seu auxlio, ele estava perdido.

    Precisava encontrar algum que levasse a ele e o seu corpo para longe de Tit.No havia qualquer outra possibilidade.

    Decidido, ele pegou a sua arma de raios energticos e dirigiu-se para a sada dacaverna...

    * * *

    O Dr. Burgalow j morava h duas dcadas em Tit, fazendo aqui, junto com suamulher Sona e seu assistente Dr. Stranger, experimentos geolgicos e biolgicos. Umaequipe de colaboradores de cientistas escolhidos estava sua disposio, desde que ogoverno terrano reconhecera o valor de suas pesquisas e o contratara.

    E agora acontecia essa invaso.H horas as ltimas estaes energticas tinham deixado de funcionar. A atmosfera

    escapava, gases venenosos se atiravam atrs e expulsavam o ltimo resto de oxignio.Todos os aparelhos de calefao deixaram de funcionar. O frio do espao sideral penetrou

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    nos fortes ou nas cpulas residenciais, das quais algumas ficavam pouco abaixo dasuperfcie.

    Nesta os habitantes de Tit tinham se refugiado, enquanto l fora, em condiescsmicas, a luta contra os invasores continuava.

    Eles tiveram que colocar os trajes de presso.

    Quanto tempo isso ainda vai continuar? perguntou Sona Burgalow,desesperada. Ela estava deitada, completamente exausta, num sof. O regenerador de ardo seu traje espacial trabalhava sem problemas. Eu no aguento mais esta espera.

    Voc tem que aguentar! Burgalow enfiou uma bateria no monitor de vdeo,pois as outras ligaes de corrente estavam mortas. Ainda temos ligao com a frota ecom os comandos de desembarque. A coisa nem parece to ruim quanto voc acha. Almdisso, todos ns portamos a faixa-dakkar. Nenhum takerer poder nos assumir.

    Mas este aperto terrvel! No posso me lavar, no posso comer satisfatoriamente,a gente fica to indefeso...

    Vamos ter que conviver com isso. impossvel encher a cpula com as reservas

    existentes de oxignio, para que pudssemos tirar estes trajes desconfortveis. Sim, eusei, a calefao! Ela o problema principal. Bem, se ns pudssemos desistir dela, atmesmo uma renovao de ar seria possvel. Somente as duas coisas ao mesmo tempo no possvel.

    Neste caso, prefiro ar e liberdade de movimentos!Burgalow lanou um olhar interrogativo para o seu assistente.

    O que est querendo dizer, Stranger? Nada. Eu naturalmente tambm preferia andar por aqui de pijama, mas receio

    que est frio demais para isso. Mesmo se conseguirmos nos criar uma atmosfera?

    Sim, mesmo ento. A no ser que... Ele hesitou por um instante, depoiscontinuou: A no ser que busquemos, l fora e no laboratrio, um pouco de lenha.Naturalmente, lenha para um fogo! Isso seria algo inteiramente novo!

    O Dr. Burgalow encontrou o olhar de sua mulher. E ento, concorda? Ns ligamos as baterias de emergncia, criamos uma

    atmosfera para a cpula, podemos tirar os trajes desconfortveis e sentimos um poucode frio.

    Concordo. disse Sona Burgalow, sem entusiasmo.Os aparelhos trabalhavam sem problemas, mas a sua capacidade era limitada. A

    energia bastava para a renovao de ar e em caso emergencial tambm para colocar a

    aparelhagem de rdio em funcionamento com o seu monitor de vdeo, mas no mais paraa calefao.

    Quando eles despiram os trajes espaciais logo sentiram o frio glacial.O Dr. Stranger enfiou o seu imediatamente outra vez.

    Eu vou juntar lenha. disse ele, um pouco zombeteiro. Pode ser que mandamos alguns objetos de pesquisa importantes pela ventilao,

    mas mais importante no morrermos congelados. Talvez a sua esposa, entrementes,possa deixar preparados alguns vveres congelados. Eu no aguento mais osconcentrados.

    Burgalow olhou atrs dele, at que ele desapareceu no corredor de ligao da eclusa

    de ar. Esta podia tambm ser manipulada mecanicamente, de modo que nenhuma energiaera gasta, quando Stranger quisesse sair para a superfcie.

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    A cpula de Burgalow ficava vinte metros abaixo da superfcie rochosa de Tit.Perto dos recintos residenciais encontravam-se os laboratrios e os distribuidores para asuplementao energtica, que agora tinha terminado totalmente. Um outro corredorlevava para o alto at a eclusa de ar e dali para a superfcie propriamente dita.

    Stranger parou por um instante diante da porta para o laboratrio. Depois decidiu-se

    a ir buscar o material combustvel na superfcie diretamente. As amostras de plantas nolaboratrio podiam servir de reserva, caso ficasse totalmente impossvel pr os ps nasuperfcie.

    A eclusa funcionou sem problemas. Stranger girou a roda manual, e depois aescotilha externa abriu-se. Ao contrrio de antes, no havia mais atmosfera em Tit, pelomenos nenhuma digna de meno, e sobretudo nenhuma respirvel. De qualquer modo a

    pouca gravidade ainda era suficiente para segurar por algum tempo os gases venenososque saam do interior da lua na superfcie, antes que escapassem para o vcuo.

    Stranger viu um quadro fantasmagrico.O cu era negro e fazia com que as estrelas sobressassem ainda mais claramente, de

    uma maneira to brilhante como jamais vira antes. O distante Sol, uma estrela grande eclara, estava logo acima do horizonte. De uma fenda no cho, que ficava bem perto,saam nuvens de vapor esverdeado para o alto, espalhando-se rapidamente. Elasdespertavam a impresso de que ainda havia uma atmosfera em Tit, mas isso erasomente uma iluso perigosa.

    Stranger ligou o receptor.Muito perto dali no havia mais nenhum combate. Isso naturalmente era

    extremamente tranquilizante para ele. Ele fechou a escotilha e dirigiu-se, para o bosqueantigo, que em tempos melhores plantara aqui sob a proteo da atmosfera artificial. Asrvores tinham necessitado de calefao artificial pelos sis atmicos, para crescerem,

    mas a pouca gravidade tinha compensado um pouco a luz solar deficiente. Tinha havidorvores grandes e fortes em Tit.E elas existiam ainda agora, mas estavam mortas, congeladas e no tinham mais

    qualquer capacidade de crescimento.Somente agora Stranger notou que estava nevando.Era uma neve de oxignio, fina, parecendo poeira, que descia do cu negro sem

    nuvens. A atmosfera de oxignio restante caa como neve sobre Tit.Ele sentiu um arrepio de frio, quando pensou nas temperaturas que eram necessrias

    para um fenmeno desses. Regulou a calefao do seu traje espacial, enquantocontinuava caminhando para o bosque.

    As rvores menores puderam ser derrubadas com um pontap. Elas simplesmenteestilhaavam, conforme Stranger previra. Ele partiu-as em pedaos transportveis,levando-as de volta para a eclusa. Por cinco vezes ele fez este caminho, depois tinhareunido o que, em sua opinio, era lenha suficiente para aquecer a cpula residencial porcento e quatro horas.

    Sona Burgalow j tinha tudo preparado.Diretamente sob o duto de ventilao, que sugava o ar servido, guiando-o para a

    aparelhagem de regenerao, ela tinha montado um fogo primitivo. A lenha, molhada daneve de oxignio, queimou facilmente e bem. Quando as chamas subiram em labaredas,as trs criaturas humanas tiveram uma sensao ilusria de abrigo. Eles se acreditaram

    seguros contra todos os perigos, e sobretudo sentiram alvio, por poderem tirar aquelestrajes espaciais desconfortveis.

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    Isso no maravilhoso, um fogo? Sona Burgalow empurrou as latas deconserva para mais perto do fogo, desistindo conscientemente da aparelhagem deaquecimento, nos fundos de cada lata. Nossos antepassados deviam ter se sentidoassim, quando o primeiro raio lhes presenteou o fogo.

    Prometeu. disse o Dr. Stranger, solenemente, segurando as mos por cima do

    fogo.O Dr. Burgalow no podia deixar passar isso em branco. Tolice! retrucou ele. Ns sabemos que no foi Prometeu, pelo menos no

    foi aquele Prometeu de que nos fala a lenda. Foram astronautas naufragados na terra, napr-histria, e que ali ficaram. Eles se misturaram com as criaturas humanas e mais tardeforam adorados como deuses. Ns conhecemos a histria...

    Sim, eu a conheo. interrompeu-o o Dr. Stranger. Alis, eu falei ssimbolicamente. Desculpe-me.

    Burgalow deu-se por satisfeito e no tocou mais no assunto.Depois de terem comido ele dedicou-se novamente tela de vdeo, para se informar

    sobre a situao. Ele j no contava mais seriamente em ser apanhado e evacuado para aTerra, pois os comandos de desembarque terranos conseguiam vencer os invasores semsofrerem muitas baixas. A batalha naturalmente ainda no tinha terminado, mas j estava

    praticamente decidida. Mais tranquilizadoras, entretanto, eram as notcias vindas daTerra.

    A gigantesca frota dos Coletores preparava-se para o ataque decisivo. Ela j forabatida uma vez, obrigada a recuar, e tinha sofrido muitas baixas, mas agora ele receberaum enorme reforo. A fora dos atacantes tinha dobrado.

    Por sorte, tambm as foras de combate terranas.Burgalow desligou.

    Ele foi at sua mulher e sentou-se ao seu lado. Tudo que podemos fazer esperar. disse ele, resignado. Esperar pelo quevai acontecer daqui para a frente. Ns temos o que comer, bastante ar para respirar, e no

    precisamos sentir frio. Mais do que isto no necessrio. O perigo maior j passou.Sua mulher e o Dr. Stranger esperavam, como ele, que sua esperana se

    concretizasse.Eles tinham esperana, mas no acreditavam nisso seriamente...

    * * *

    A sada da caverna estava fechada com entulho.

    Vascalo estava preso, se no conseguisse aluir, com sua arma de raios energticos,um corredor atravs das massas de rochas. Em si mesmo, isso no era um problema, seele no soubesse que os terranos tinham aparelhos de rastreamento muito sensveis, comos quais podiam determinar qualquer radiao de energia, at mesmo a grandesdistncias. Em sua vantagem, entretanto, ele tinha as macias paredes de rocha, que oescudavam do mundo exterior. Elas no deixavam passar qualquer radiao de energia eimpediriam uma goniometria.

    Vascalo colocou de lado todas as dvidas, quando lanou um olhar para o medidorde presso no seu capacete. Ele no tinha mais muito tempo para realizar o seu plano, doqual ainda no sabia exatamente que forma teria. Uma coisa entretanto era certa: na

    caverna ele no podia ficar.Ele ligou a arma de raios energticos e dirigiu o claro feixe de calor para as rochas

    diante de si, que fechavam a sada. As rochas comearam a fundir imediatamente. Uma

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    torrente lquida de fogo encontrou uma calhaestreita e depois uma fenda na qualdesapareceu. O traje de combate de Vascaloaguentou o calor sem problemas.

    Ele s conseguiu progredir lentamente,

    pois rochas que caam o colocaram repetidasvezes em perigo. Elas formavam novosobstculos, que ele tinha que remover.

    Depois de dez metros, obtidos a muitocusto, ele viu, atravs de uma fenda, a

    primeira fraca luz das estrelas. De agora emdiante ele tinha que continuar maiscautelosamente com a arma de raios, paraque apenas um mnimo de energia rastrevelfosse utilizada. As ltimas rochas ele

    removeu at mesmo com as mos, o que,com a pouca gravidade, no lhe foiparticularmente difcil. E ento a superfciede Tit estava diante dele. primeira vistaela parecia morta e vazia e absolutamenteincapaz de gerar uma vida inteligente.Antigamente este certamente tinha sido ocaso e agora isso acontecia novamente,num desenvolvimento s avessas. No meio,entretanto, ficara um tempo, em que os

    terranos tinham conseguido reformar um meio ambiente hostil aos seus desejos,tornando-o habitvel.Vascalo aumentou a recepo do seu aparelho de rdio. Aqui fora, no mais atrs

    dos paredes rochosos que o impediam, os sinais vinham claros e ntidos. Ele tambmescutou as ondas dos terranos e se informou.

    As coisas no pareciam boas para ele. O resto final de poucos pedotransferidoreslutavam apenas ainda por suas vidas, e esperavam para serem buscados pelos Coletores.Eles j sabiam o quanto era insensato tentar assumir um terrano, mesmo se este no fosse

    portador de uma faixa-dakkar. Eles se contentavam em formar tropas de choque e atacaras povoaes terranas que ficavam, muito espalhadas, acima ou abaixo da superfcie.

    Geralmente tratava-se de grupos cientficos, ocupados com experimentos diversos.Os invasores confiavam em que os terranos preferiam no destruir a lua

    inteiramente, e por isso no ousavam mais o emprego de armas pesadas. O decorrer atagora, da miniguerra, parecia confirmar as suas suposies.

    As mensagens de rdio faziam concluir que o campo das lutas mais prximas ficavaa cerca de vinte quilmetros a leste da caverna.

    Vascalo era praticamente indiferente ao destino dos pedotransferidoressobreviventes. Eles tinham falhado, portanto podiam morrer. Para ele agora somente o

    prprio destino era importante, a sobrevivncia, a vitria sobre a Terra e o saudvelregresso para Gruelfin, onde esperava por ele uma outra tarefa, talvez ainda mais difcil.

    Mas ela no seria realmente to difcil, se ele levasse consigo a notcia da vitria.Ele examinou, mais uma vez, a aparelhagem energtica do seu traje de combate. Ela

    trabalhava sem problemas, com exceo da renovao de ar, que tinha falhado

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    totalmente. Ele colocara um novo magazine na pistola de raios. Portanto no estavaindefeso, caso o atacassem. Ele tambm podia voar e deixar grandes distncias atrs desi, especialmente aqui, onde a fora da gravidade era muito pequena. Mas isso ele noqueria utilizar, enquanto fosse possvel, pois a aparelhagem de voo irradiava uma parteconsidervel de energia suprflua, que podia ser rastreada e goniometrada por bons

    rastreadores.Ele deu um impulso forte da rocha onde se encontrava, pairando por um trechogrande, antes de pousar suavemente. Deste modo, lhe era fcil movimentar-se semarriscar-se a emitir radiaes traioeiras. Certamente levaria algum tempo para que odescobrissem.

    Muitas vezes ele tinha que desviar-se de fendas grandes e pequenas, que tinhamsido criadas depois do escapamento da atmosfera, e com a consequente queda da presso.Vapores venenosos saam por elas, mas isso pouco o incomodava. Ele ainda possua a suareserva de oxignio, e esta era bastante para outras quarenta e cinco horas ainda.

    Diante dele estavam as montanhas. direita delas encontravam-se tropas terrestres

    terranas que tinham cercado um grupo de pedotransferidores. Para Vascalo estava claroque a sua gente seria derrotada, pois cada terrano entrementes usava uma faixa-dakkar, oque os colocava em clara superioridade. Eles no podiam fugir e no podiam assumirningum. Talvez eles o tentassem com ele, caso o goniometrassem em base de sextadimenso, mas esta tentativa daria em nada. Ele era muito mais forte que eles.

    Ele se manteve esquerda.Aqui ele no conseguia rastrear nem terranos nem takerers. Ele tinha que atravessar

    a montanha, mas se constantemente sasse do caminho do perigo, tambm no alcanariao seu objetivo. E o seu objetivo, em primeira linha, seria o de capturar um aparelho deoxignio, ou uma cpsula de reserva. Somente ento ele teria tempo para procurar por um

    corpo adequado, que ele poderia assumir e obrigar a salvar o seu prprio pseudocorpo.A soluo mais favorvel seria o comandante de uma nave espacial terrana.Mas isso, caso existisse, seria do outro lado da montanha.Ele conseguia progredir rapidamente e afastava-se cada vez mais do front, conforme

    podia determinar graas s poucas mensagens de rdio escutadas. Mas havia muitoslugares onde tambm se lutava, e frequentemente ele tinha que fazer uso do seugoniometrador de rdio, para determinar a direo e a distncia.

    Quando ele descobriu um passo estreito e quis modificar a direo, de repentecaptou sinais muito fortes. O seu diminuto tradutor traduziu imediatamente os smbolosterranos para sua prpria lngua.

    Imvel, ele ficou parado diante do vale atrs da proteo de um rochedo, escutando.Vascalo era suficientemente inteligente para farejar uma chance quando esta lhe eraoferecida. E esta aqui, ele tinha certeza, era claramente uma chance!

    Cientistas terranos!De qualquer modo, no eram soldados, no eram combatentes. Simplesmente

    inofensivos cientistas, que tinham que cumprir uma tarefa aqui, nesta lua desolada, e queagora, com estes acontecimentos imprevisveis, tinham sido colocados em situao muitodifcil.

    Se eles viviam, tinham ar respirvel!E ar era do que ele precisava.

    Por isso sua deciso foi lgica: ele precisava encontrar o local onde se encontravaestes cientistas e obrig-los a pr oxignio suficiente sua disposio, para que pudesseganhar tempo. Tempo, para colocar o seu plano em ao.

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    O contato de rdio entre os cientistas e um posto de comando militar desconhecidofoi muito curto. Os homens de cincia pediam ajuda, os militares a negavam. Enquantoainda existissem ar, vveres e calor, no se podia dar qualquer apoio.

    Com isso a ligao foi interrompida.Isso queria dizer que eles tambm tinham pouco ar respirvel. Vascalo

    conseguira descobrir isso.Mas eles teriam que lhe dar algum. Vascalo no queria mat-los, mas queriaoxignio!

    Talvez houvesse um acordo.Os instrumentos de rastreamento e os goniometradores indicaram a Vascalo a

    direo e a distncia. Os cientistas terranos se encontravam a cerca de vinte quilmetros asudoeste, do outro lado da montanha. Portanto ele teria que atravess-la. Ele sentiu poucavontade de continuar com saltos perigosos, que podiam muito bem terminar em algum

    barranco ou num rochedo pontudo como agulha. Se, entretanto, ele ligasse a aparelhagemde voo, existia a possibilidade de ser descoberto.

    Por alguns minutos ele ficou parado na plancie diante da serra de montanhas epesou suas chances. O grande intercmbio de mensagens de rdio, de certo modo,diminua o perigo, de que ele fosse rastreado imediatamente. Se ele se apressasse, e semantivesse bem junto da superfcie, talvez at nem o notassem. Ele ganharia tempo e nose exporia aos perigos dessa natureza hostil.

    Sim, ele o arriscaria. Tempo era vida.Com um gesto treinado ele ligou a aparelhagem, imediatamente o solo rochoso

    fugiu-lhe por baixo dos ps, e rapidamente ele ganhou altura. Manteve-se em voo diretopara o passo. direita e esquerda ele tinha a cobertura dos altos paredes do vale, quetambm refletiam a maior parte de suas radiaes energticas.

    Em menos de trs minutos tinha atravessado a montanha, deixando para trs quaseoito quilmetros. O terreno que tinha diante de si diferenciava-se bastante daquele dooutro lado da montanha. Aqui tinha havido florestas e plantaes, que depois doescapamento da atmosfera imediatamente tinham congelado. O frio espacial vindo doCosmo ou melhor, a absoluta falta de qualquer temperatura tinha congeladotroncos, galhos e at mesmo as folhas das rvores.

    Vascalo manteve-se pouco acima das copas das rvores, at que descobriu, muitoadiante de si, a pequena cpula da colnia cientfica. Imediatamente pousou e desligou aaparelhagem. Ele se encontrava numa pequena depresso do terreno e portanto em boacobertura, quanto viso. A cpula ficava a menos de dois quilmetros, e a no ser por

    poucas nuvens esfarrapadas de metano a visibilidade era clara.Vascalo verificou o trfego de rdio. Nada. Somente os comunicados militares

    sobre a situao de todas as partes da lua. A estao cientfica silenciava.O Sol pequeno, mas muito vivo, dava luz suficiente para jogar sombras. Vascalo

    tinha que ser cauteloso. Se ele fosse descoberto prematuramente, o comunicado de alertaseria imediatamente irradiado para toda Tit. Um comando de caa especial no teria

    problemas para encontr-lo rapidamente. Ele sabia que ento no haveria complacnciacom ele.

    Durante quase duas horas Vascalo observou a cpula, depois um olhar para omedidor de presso lembrou-lhe que j estava na hora. Ele ainda tinha ar respirvel para

    pouco mais de quarenta horas.A duzentos metros da cpula um bloco rochoso sobressaa por entre a plantao

    congelada. Vascalo cuidou para que o bloco constantemente ficasse entre ele e a cpula,

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    enquanto cuidadosamente se esgueirava para o seu objetivo. Ele respirou aliviado,quando chegou proteo sem ser visto, apesar do trecho mais difcil do caminho aindaestar sua frente.

    Justamente no momento em que se decidiu a avanar para a cpula, ele viu umamovimentao ali. Uma escotilha abriu-se. Para fora veio uma figura em traje espacial,

    aparentemente desarmada. Ela trazia um objeto na mo, uma espcie de faca de gumelargo. Na outra mo mantinha um saco.Um homem Vascalo verificou na figura um homem de nome Dr. Stranger, cujo

    esprito, entretanto, logo o repeliu, graas faixa-dakkar que usava dirigiu-se at ogrupo de rvores mais prximo e ali comeou a cortar galhos com a faca e enfi-los nosaco.

    Trezentos metros, mais ou menos, mas se ele deixasse a cpula direita, o homemestava cortado dela. Ele teria que declarar-se pronto para uma negociao, ou entomorreria.

    Vascalo deu alguns saltos largos, baixos, e pousou entre a cpula e o terrano. O Dr.

    Stranger o viu quando j era tarde demais. No traje espacial ele reconheceu umpedotransferidor.Ele abaixou a faca e olhou na direo do inimigo. Este evidentemente no tinha a

    inteno de mat-lo imediatamente, caso contrrio j o teria feito. Lentamente eleencaminhou-se para ele. Por trs do estranho ficava a entrada para a cpula. O Dr.Stranger esperava que o Dr. Burgalow agora o estivesse observando, refletindo num meio

    para salv-lo.O estranho o esperou.A mo com a arma energtica estava dirigida para baixo, desatentamente. O rosto

    podia ser reconhecido claramente atrs da viseira transparente. Stranger tinha ligado a

    aparelhagem de rdio, mas teve que resintonizar a frequncia, at escutar o que oestranho lhe dizia: ...no morrer, se me ajudar. Est me compreendendo, afinal? Vou usar o

    tradutor.O Dr. Stranger anuiu sem querer.

    Eu o compreendo. O que quer de mim? Sua ajuda, como j disse. Eu preciso de oxignio.Stranger riu, amargo.

    Este tambm est em falta entre ns, acredite-me. No podemos falar sobre isso, ainda assim?

    Naturalmente que podemos. Quem o senhor? Um takerer. O nome indiferente. Quer dizer um takerer importante. presumiu Stranger. Muito bem, venha

    comigo. Vou lev-lo para dentro da cpula. Se lhe vamos dar oxignio ou no, dependedo Dr. Burgalow, o meu chefe.

    De qualquer modo, gostaria de dar-lhe o conselho de me ajudarem, afirmouVascalo, e deixou o Dr. Stranger ir na frente, que apesar de tudo no abandonou o seusaco com lenha cortada.

    Diante da escotilha da eclusa eles pararam. Stranger manipulou o mecanismo deabertura e anuiu para o seu hspede forado. Vascalo entrou na eclusa, Stranger o seguiu.

    A escotilha fechou-se. O ar jorrou para dentro e ento os dois homens tiraram seuscapacetes. O tradutor funcionava apenas nas conversas de rdio, portanto eles deixaramos aparelhos ligados para se entenderem.

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    A cpula residencial fica mais abaixo, venha. Ns pudemos recompor aatmosfera dentro da cpula, mas tivemos que desistir da calefao. Est muito frio.

    Falta de energia? Correto. Mas estamos aguentando.Quando puseram os ps no recinto aquecido, j estavam sendo esperados pelo Dr.

    Burgalow, que tinha seguido os acontecimentos na tela de vdeo. O aparelho de rdioligado revelou que ele tambm controlava o intercmbio verbal. Portanto estavainformado.

    Vascalo agora dirigiu a arma de raios para o Sr. Stranger, que ficara parado suafrente.

    No vai acontecer nada, se forem sensatos. Caso contrrio, primeiramente terque morrer um homem. Eu me encontro em situao de emergncia e necessito deoxignio. Minha proviso no vai para mais de quarenta horas apenas.

    Burgalow ficara sentado. Sua mulher Sona ele mandara ainda em tempo sair dacpula. Ela esperaria no quarto de dormir.

    Oxignio...? Ele tambm pouco entre ns, mas estamos dispostos a lhe dar umaparte do mesmo, se encontrar uma possibilidade de que ns o coloquemos de formacomprimida em suas garrafas. Ns somos uma estao de experincias biolgicas, sisso. No possumos praticamente nenhum objeto de equipamento tcnico. Burgalowsuspirou. Guarde logo essa sua arma energtica. Ela est me dando nos nervos.

    Vascalo abaixou a arma. A calma dos terranos o deixava pasmo. Eles no tinhammedo da morte ou estavam preparando um truque com o qual tencionavam logr-lo?

    Burgalow imaginou o que ele estaria pensando, e disse: No, no se preocupe, no pretendemos fazer nada contra o senhor. Vamos

    ajud-lo, ainda que no seja um terrano. Isso no tem nada a ver com traio, mas com

    uma qualidade que ns qualificamos de ser humano. Tambm ajudamos um inimigo,quando ele est em perigo. Ns contamos com que ele, caso contrrio, se comporte domesmo modo conosco.

    Vascalo enfiou a arma no seu cinturo. Acha que seja possvel encher de oxignio minhas garrafas, vazias at a metade? duvidoso, porque nos faltam os correspondentes aparelhos de compresso. A

    instalao de regenerao naturalmente cria novo oxignio, mas sob presso normal. Issono ser suficiente para um reenchimento.

    Os senhores tm garrafas nos seus trajes. Para emergncias. Correto. Espero que as conexes sirvam.

    O Dr. Stranger estava parado de modo que Vascalo pudesse convencer-sepessoalmente. Elas no serviam. De qualquer modo, no momento ele no perdia nada doprecioso ar respirvel. Ele tinha aberto o capacete e respirava o ar da cpula residencial.

    Sou-lhes grato pela sua boa vontade. disse ele, e sentou-se quando Burgalowofereceu-lhe uma poltrona. Stranger, entrementes, despiu o seu traje espacial. Mascertamente existe uma outra coisa que o senhor poder fazer por mim.

    Est com fome, sede? Obrigado, eu tenho provises de comida e de gua. Mas, pelo que vejo o senhor

    dispe de uma excelente instalao de rdio. A que distncia fica o espaoporto maisprximo? Eu preciso de uma pequena nave para pr-me em segurana com a mesma.

    Decidido, Burgalow sacudiu a cabea: Sinto muitssimo, mas neste sentido o senhor no deve contar com o meu apoio.

    Eu no posso cometer uma traio, e isso eu faria se liberasse segredos militares.

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    Trata-se de minha vida. Ns lhe damos auxlio imediato. Mais do que isto no deve nos pedir.Vascalo olhou fixamente para o fogo de labaredas muito vivas, no fogo primitivo.

    Ali queimavam os resultados dos experimentos de um penoso trabalho, que talvez tenhase estendido por dcadas. Eles queimavam porque era preciso poupar energia. Energia

    que sempre existia superfluamente e que neste momento estava ainda sendodesperdiada, em grandes quantidades, para fins de guerra. Para mim no serviria de muita coisa, se eu os matasse. disse Vascalo,

    pensativo. Matar nunca serve para nada. disse o Dr. Burgalow, firme. O que,

    portanto, podemos fazer pelo senhor para ajud-lo, sem irmos contra nossas leis e nossosdeveres? Se esperar aqui, at que por acaso acontea uma oportunidade adequada para osenhor, muito bem, isso seria aceitvel, apesar de j estarmos indo contra osregulamentos. Ns ajudamos um inimigo, o mantemos escondido e no comunicamos asua presena. Eu me responsabilizaria por isso, porque no olho a guerra como um

    absoluto. Ns lhe damos de comer, ar suficiente para respirar, para que possa poupar oseu prprio. Porm mais do que isso, o senhor precisa compreender, no podemos fazer.Vascalo j h muito tempo tinha desistido da ideia de matar os terranos para ajudar

    a si mesmo a seguir o seu caminho. Com isso ele no teria alcanado nada, ao contrrio.Deste modo, ao que parecia no momento, os dois cientistas terranos pelo menos notentavam prejudic-lo. Eles no davam informaes, mas tambm no o denunciavam. Ecertamente ele ficaria sabendo atravs deles, quando uma nave terrana adequada estivessenas proximidades. Ele apenas teria que dar um jeito para que eles lhe revelassem isto,sem dar-se conta. Ele compreendia as suas ponderaes.

    E contra suas intenes originais, ele as reconhecia.

    Mas ainda havia uma pergunta que ele queria fazer, apesar de no contar com quelhe dessem uma resposta honesta. Se eu no possusse a minha arma, o senhor agiria e pensaria do mesmo modo?Burgalow refletiu por um minuto.

    Naturalmente. Na realidade o senhor nunca nos ameaou seriamente. Alm domais, o senhor no ganharia nada, se nos matasse.

    Isso soava lgico. timo. disse Vascalo. Ento vou esperar aqui, com seu consentimento, at

    que se me oferea uma oportunidade para a fuga. Com isso poupo ar respirvel, pelo quelhe sou agradecido. Que sentido teria vagar sem planejamento pela sua lua, at que eu

    encontrasse esta oportunidade? Por favor, no se deixe estorvar no seu trabalho.Burgalow sorriu.

    Trabalho? Nosso nico trabalho agora o de sobreviver. Estamos em guerra!Vascalo retribuiu o sorriso.

    Sim, guerra! A minha comea somente quando tivermos ganho esta aqui.Desta vez o Dr. Burgalow no deu resposta.

    * * *

    Pultor, comandante dos Coletores, logo pde sentir os efeitos dos reforos quetinham vindo em ajuda dos terranos. A quatorze anos-luz da Terra ele foi forado mais

    uma vez a fazer com que sua frota mergulhasse no espao linear. Ele ordenou uma etapade muitos anos-luz. Entre Vega e o Sol os Coletores voltaram novamente ao Universoeinsteiniano.

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    Uma pausa para respirar, pela qual Pultor estava agradecido.As notcias que suas estaes de rdio captavam eram muito poucas. Vascalo no

    chamara mais. Ele teria conseguido reassumir novamente o seu corpo, ou forasurpreendido e morto ao faz-lo?

    Todos os noventa mil Coletores tinham chegado entrementes, mas apesar dessa

    opressiva superioridade, os terranos e seus aliados continuavam atacando, causandofantsticas baixas entre os enxames de Vassalos. A maioria dos Coletores j no possuamais Vassalos e seguiam o grosso da frota com hangares vazios.

    De qualquer modo, Pultor podia verificar com satisfao que tambm os terranos eseus aliados tinham sofrido baixas. Como segundo ponto a seu favor, tinha o fato de que,apesar das aparentes retiradas, ele se aproximava cada vez mais do Sistema Solar.

    A distncia entre os fronts tinha sido abreviada dos trinta e dois anos-luz anteriorespara os cerca de dez anos-luz neste momento.

    A deciso era iminente.Pultor dava muito valor a dar uma vitria ao futuro Tachkar. Como seu ntimo e

    melhor amigo ele logo seria o homem mais poderoso no Reino Takerer, talvez at o chefeda polcia secreta.Mas primeiramente era preciso vencer os terranos.Mais dez anos-luz!A primeira formao de pequenas naves globulares foi avistada e anunciada pelas

    centrais de rastreamento. Vascalo ordenou que trs Coletores lanassem seus Vassalos.Milhares de mquinas de combate, pilotadas por robs, tomaram curso em cima doadversrio. Comearam a atirar com todo o seu armamento, ainda antes de teremalcanado os mesmos.

    Para elas era indiferente se elas mesmas seriam destrudas ou no.

    Esta era a sua fora.* * *

    Enquanto o Marechal-Solar Julian Tifflor colocava a frota natal estacionada noSistema Solar no mais alto grau de alerta, o Marechal-de-Estado Reginald Bell tentoudeter os atacantes.

    Tempo isso ele sabia era tudo! Quanto mais ele podia adiar a deciso, ou seja,a luta pelo Sistema Solar, mais vantajosa ela acabaria para a Terra. Depois dos ltimosacontecimentos, dificilmente poderia esperar-se que os takerers recebessem reforos. ATerra, ao contrrio, recebia constantes reforos dos povos da galxia natal, que tinham

    reconhecido o perigo da invaso.Depois de um curto combate, a quatorze anos-luz de distncia do Sol, os Coletores

    desapareceram mais uma vez no espao-linear, onde no eram possveis quaisquer aesde combate. Mas os sensores de semiespao dos terranos perseguiram os Coletores eVassalos que fugiram para o espao linear, e verificaram que eles mergulharam de voltaao Universo normal, em pouco menos de quatro anos-luz de distncia.

    Reginald Bell ordenou a perseguio.Demorou s poucos minutos at que os computadores tivessem calculado a rota. Os

    dados foram transmitidos pelo rdio a todas as unidades. As naves voaram unitariamentee no em formaes. Como os dados eram idnticos, todos rematerializaram novamente

    nas formaes originais.Os Coletores e Vassalos j os esperavam. Pultor ordenou o ataque. Reginald Bell

    respondeu com o contra-ataque.

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    Por enquanto nada estava decidido.

    * * *

    Depois que Vascalo passara quatro horas na cpula residencial dos cientistasterranos, ele comeou a ver que deste modo no progrediria. No lhe restava outra

    possibilidade a no ser obrigar Burgalow e Stranger, de arma na mo, a lhe colocar aestao de rdio disposio. Eles naturalmente recebiam correntemente comunicados do

    fronte tambm no impediam que ele tambm as escutasse, mas logo que o transmissorde uma nave partindo ou pousando era captado, eles modificavam a frequncia.

    E uma nave to prxima era a nica coisa que podia ajudar Vascalo.Os comunicados do front lentamente se formaram para constituir um quadro

    abrangente da situao em Tit. Os pedotransferidores lutavam apenas ainda pelas suasvidas, inutilmente eles esperavam que viessem suas prprias naves, para libert-los de suasituao aflitiva. Toda assuno de um terrano tinha sido ilusria. A faixa-dakkar e osoutros aparelhos sensores os tinham degradado a seres viventes normais, a quem a

    capacidade da pedotransferncia j no serviam de nada.Vascalo no podia fazer nada para ajud-los. Ele tinha que pensar em si mesmo

    agora. Isso no era importante apenas para a sua prpria vida, mas tambm para acontinuao do Reino Takerer. Este fato sozinho justificava sua maneira de agir.

    Uma hora mais tarde ele foi dominado pelo cansao, que cada vez ficava mais forte.Ele adormeceu, mas no foi um sono profundo, nem relaxante, mas apenas um dormitar.Repetidas vezes abria os olhos por alguns segundos, para certificar-se de que os doiscientistas no estavam pensando em domin-lo. Mas entrementes Stranger assumira aguarda junto aparelhagem de rdio, e Burgalow estava deitado num sof largo e dormia.

    Vascalo o invejava profundamente. Burgalow podia dormir calmamente, sem o

    medo constante de ser surpreendido. J daqui a uma hora ele acordaria lpido e relaxado,podendo render o seu colega.

    Stranger olhou para ele. Durma tambm, estranho. O senhor tem minha palavra, que no vou explorar o

    seu sono indefeso. O senhor nosso hspede. Como posso saber que vai cumprir a sua palavra? Nunca poder sab-lo, no antes de nos deixar. O senhor simplesmente tem que

    confiar em ns. Alis, para mim teria sido fcil, entrementes, informar o posto militarmais prximo pelo rdio, e codificado, sobre sua presena. E eu no fiz nada disso.

    Vascalo procurou olh-lo nos olhos, mas no encontrou nada de suspeito.

    Talvez esteja falando a verdade. Preciso acreditar-lhe. Estou com muito sono.Com a mo direita ele segurou firmemente a coronha de sua arma energtica metida

    no cinturo, espichou-se mais comodamente e fechou os olhos. O Dr. Stranger olhou-opor algum tempo. Via-se que ele mantinha uma luta renhida consigo mesmo, masfinalmente chegou concluso de no quebrar sua palavra, que ele havia dado ao inimigomortal de sua raa. O estrangeiro procurara abrigo com eles e se conduzira de maneiraleal. De qualquer modo ele no poderia fugir ao seu destino.

    Os impulsos mecnicos de chamada de uma nave pos-bi de repente saram do alto--falante. No primeiro momento Stranger quis desligar, mas depois de um olhar para otakerer adormecido, ele apenas diminuiu o som.

    Alm do mais, uma nave pos-bi no ajudaria o takerer em nada. As naves no eramtripuladas e eram apenas controladas por um crebro de plasma, que ficava na central decomando embaixo de uma cpula.

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    Box-86.104 era a designao da astronave dos pos-bi, que se aproximava de Tit epor isso pedia maiores instrues. Ela pertencia a uma formao da frota natal solar etinha, conforme seus robs de manuteno tinham verificado, um erro na instalao denavegao. Para que este pudesse ser eliminado a nave precisava pousar. O fato de queTit no tinha mais atmosfera, no tinha a menor importncia para isso.

    O Dr. Stranger seguiu o trfego de rdio entre o crebro de plasma e as foras decombate terranas estacionadas em Tit. No tinham nada contra um pouso, se esteocorresse em local bastante afastado do campo dos combates ainda em andamento. Um

    pouco mais tarde passaram as coordenadas. O crebro de plasma confirmou.Depois a ligao de rdio foi interrompida.

    Novos comunicados chamaram a ateno de Stranger, de modo que logo esqueceu anave dos pos-bi. As coordenadas do pouso, entretanto, ele anotara e verificara que setratava de um grande vale num altiplano em direo norte, a uma distncia exata de vintequilmetros.

    Depois de meia hora o Dr. Burgalow acordou. Com algum espanto ele registrou que

    o seu hspede ainda dormia, depois levantou-se e foi ver como estava a sua mulher. Aovoltar, Stranger informou-lhe dos ltimos acontecimentos em Tit e depois deitou-se.Burgalow assumiu a guarda.

    Depois de algum tempo Vascalo abriu os olhos. Ele convenceu-se de que Strangeradormecera profundamente. Espichou-se e bocejou. Lentamente levantou-se e foi atBurgalow, que o observava, desconfiado.

    E ento, est se sentindo relaxado? Certamente agora estar sentindo fome esede. L do outro lado encontrar as provises. Por favor, sirva-se. E pode me trazerdepois uma lata de suco de laranja.

    Se pelo menos eu soubesse o que so laranjas. disse Vascalo, e riu.

    Eles se alimentaram, depois Vascalo sentou-se perto de Burgalow, diante dainstalao de rdio.Suas mos brincaram com o bilhete no qual Stranger escrevera as coordenadas de

    pouso da nave pos-bi. Ele memorizou muito bem os nmeros e as letras. Comoexperiente comandante de astronaves ele sabia exatamente que processo os terranosusavam para dividir a superfcie de um corpo celeste. Alm disso, ele podia imaginarmuito bem a correspondente rede de coordenadas de um objeto globular.

    Depois colocou o bilhete de lado, fingindo ach-lo extremamente insignificante edesinteressante. Burgalow viu aquilo com grande satisfao. Ele j estava ficandoreceoso de que o estranho pudesse ter ficado desconfiado, apesar de no poder imaginar o

    que algum queria com uma nave pos-bi. O crebro de plasma no aceitaria qualquerordem.

    Vascalo estudou o mapa de Tit, que fora colocado acima da mesa. Ele fingiu estarprocurando a prpria posio. Na realidade ele j descobrira a mesma h muito tempo.Ele encontrou o vale no altiplano no qual a nave pos-bi devia pousar.

    Duzentos quilmetros!Se ele dividisse o trecho corretamente, usando o ar respirvel com parcimnia,

    conseguiria chegar at l, sem perder um tempo precioso. Neste caso lhe restavamreservas suficientes para uma investigao e uma assuno.

    Pois ele precisava assumir o comandante que, como estrangeiro, certamente no

    usava uma faixa-dakkar. Com a nave, ele encontraria Pultor e assim colocaria emsegurana o seu precioso corpo.

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    Eu tenho que me decidir a fazer alguma coisa. disse ele e apontou para omapa. Esconderijos h por toda parte e uma nave eu tambm ainda vou encontrar.Totalmente sem a sua colaborao, mas eu lhe seria muito agradecido por uma garantia.

    Que garantia? perguntou Burgalow. D-me uma dianteira, antes de fazer uma comunicao s suas autoridades. Caso

    contrrio no tenho nenhuma chance. O senhor tem nossa palavra que nem mencionaremos este incidente. Alis, issotambm melhor para ns. O senhor entende...?

    Sim, eu compreendo. Visto deste modo eu tenho uma certa garantia de quesilenciaro. Os senhores me ajudaram, sem que eu os ameaasse; poderiam interpretarisso erradamente.

    O Dr. Burgalow anuiu, confirmando. Quando pretende partir? Ele apontou para a instalao de rdio. No esto

    acontecendo lutas nas proximidades, e a mais prxima base de apoio militar est a umadistncia de setenta quilmetros daqui. O planeta Saturno est do outro lado da lua,

    portanto est relativamente escuro. Certamente no ser encontrado to depressa. Vai me deixar l em cima? O Dr. Stranger far isso por mim. preciso que algum fique sempre junto ao

    aparelho.Stranger resmungou de m vontade, quando foi acordado.

    A lenha certamente ainda no foi toda queimada! Ele viu Vascalo, que seaprontava para a partida, e entendeu. Est querendo nos deixar?

    Se o senhor tivesse a gentileza de me deixar l em cima.O Dr. Stranger tambm se vestiu. Vascalo agradeceu a Burgalow seu

    comportamento leal, depois seguiu Stranger. Pouco depois os dois se encontravam diante

    da eclusa, na luz difusa das estrelas. Desejo-lhe boa sorte. disse o cientista e apontou para o norte. Talvez osenhor experimente uma vez essa direo?

    Vascalo olhou para o norte. Sim, eu vou tentar. Mais uma vez muito obrigado por tudo. No nos foi possvel fazer muita coisa pelo senhor. Fizeram mais por mim do que o senhor imagina. Adeus.Stranger olhou atrs do estrangeiro, que deu-se um impulso vigoroso e velejou num

    voo sinuoso para o norte. Ao pousar ele virou-se mais uma vez e acenou. O salto seguintelevou-o por cima de uma colina baixa, que o escondeu dos olhos de Stranger.

    Diante dele ficava o longo caminho para o vale do altiplano.

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    Vascalo desistiu de fazer uso da aparelhagem de voo. To perto do objetivo, ele noqueria mais correr o menor risco. Se ele pudesse surpreender o comandante da nave pos--bi mentalmente (Vascalo no tinha a menor ideia do que ou quem era um pos-bi), nadamais estava no caminho de sua prxima pedoassuno temporria. Ele o obrigaria ao

    pouso, assumiria o seu corpo, fazendo com que o mesmo fosse cuidado, e depoisprocuraria Pultor e a frota de Coletores no corpo do comandante pos-bi.

    Depois de quatro horas ele tinha deixado a metade do trecho atrs de si. Uma vezteve que desviar-se de uma patrulha terrana que estava passando um pente-fino num valeatrs de outro, procura de pedotransferidores sobreviventes. Ele enfiou-se numa gruta eno foi descoberto. Por uma hora ele esperou ali, depois as mensagens de rdio

    revelaram-lhe que tinham desistido da busca, retirando-se para a base de apoio distante.Vascalo reencetou o caminho. Ele ainda tinha ar respirvel para trinta e cinco horas.Mais que suficiente para um trecho de cem quilmetros, se no se contava com uma

    parada. Com esta, entretanto, ele tinha que contar sem falta, pois mesmo se conseguisse aassuno rapidamente, ainda teria que pousar a nave, para guardar seguramente o seu

    prprio corpo, que ele tinha que deixar para trs em Tit.Sinais de rdio o informaram que mais uma vez uma patrulha estava procurando por

    pedotransferidores em fuga, alguns quilmetros ao norte. Vascalo subiu na cumeada, queo separava do local dos acontecimentos, e escondeu-se numa depresso baixa, no alto.

    Estava suficientemente claro para reconhecer os terranos. Eles varreram o terreno,

    de orientao difcil, mas apenas encontraram pedotransferidores mortos. S muitoraramente Vascalo viu o relampejar de uma arma de raios energticos, que lhe revelava ofim de um takerer. Finalmente, depois de uma espera de duas horas, sem atividade, osterranos subiram nos seus planadores e desapareceram em direo do leste.

    Vascalo ainda ficou deitado por algum tempo. Ele ainda tinha ar para trinta horas.Tivera uma ideia que pensava imediatamente transformar em realidade. Os

    pedotransferidores mortos no precisavam mais de ar para respirar, mas talvez possusseainda garrafas de ar comprimido ainda cheias ou at mesmo regeneradores de oxigniofuncionando sem problemas, que ele poderia trocar por suas garrafas quase vazias ou peloregenerador defeituoso.

    Com um nico salto Vascalo conseguia descer para o fundo do vale. Suavementeele pousou perto de algumas fendas perigosas, das quais saam vapores venenosos. Nomuito longe dali ele descobriu o primeiro morto.

    Era um oficial dos pedotransferidores que no mostrava nenhum ferimento visvel.Ao que parecia o seu traje de presso e os sistemas vitais ligados a ele ainda estavam emordem. Vascalo abaixou-se e examinou a mochila das costas do morto, que continha aaparelhagem de regenerao. Decidindo rapidamente, ele desafivelou-a, colocando-a nocho, pois assim ele poderia, sem perda de tempo, ergu-la e ajust-la s suas costas. Ele

    pelo menos queria tentar trocar os aparelhos que se encontravam na mochila, pelos seusprprios. Inclusive as garrafas de ar respirvel comprimido.

    Por longo tempo ele ficou ajoelhado ao lado do morto, respirando fundo, repetidasvezes. Ele sabia que tinha que reter a respirao por bastante tempo.

    Depois ps-se ao trabalho.

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    Numa pressa louca ele soltou os contatos que ligavam a sua mochila com o traje,colocou-a no cho e levantou a do morto. E exatamente neste segundo ele teve noo deque estava tentando uma coisa totalmente impossvel, pois tinha esquecido acircunstncia que lhe proporcionara sua capacidade e seus dons, e com eles suanotoriedade. No era -toa que o chamavam de o Torto!

    Sua prpria mochila era uma confeco especial que somente se ajustava s suascostas. Portanto nenhuma mochila normal poderia ser conectada ao seu traje. Asconexes no se ajustavam, e a mochila normal era chata demais para ajustar-se ao seuformato de corpo muito especial.

    Quando Vascalo lembrou-se disso, quase fora tarde demais. Seus pulmesameaavam arrebentar, e cuidadosamente ele deixou escapar um pouco de ar. Depois

    jogou longe a mochila estranha e afivelou novamente a sua prpria s costas. Grato, elerespirou algumas vezes profundamente, antes de refletir novamente.

    As garrafas de oxignio...?No, elas tambm no o ajudariam. Suas conexes tambm no se ajustavam, e a

    presso dentro delas tambm no era maior que a presso dentro de suas prpriasgarrafas. Portanto no se podia pensar em efetuar um reabastecimento.Os regeneradores de oxignio, quase novos de fbrica, estavam ali, diante dele,

    inteis, e ele no podia vestir nem um nico deles. Ao contrrio ele apenas estavaperdendo um tempo precioso.

    Com ar respirvel agora apenas para vinte e oito horas ainda, ele ps-se novamentea caminho.

    Neste instante ele conseguiu goniometrar o comandante da nave pos-bi que estavapousando, e rastre-lo corretamente.

    * * *A Box-86.104 continuou se aproximando mais da lua de Saturno, Tit.Tratava-se de uma nave espacial de combate dos pos-bi, relativamente pequena, que

    se parecia muito a um cubo irregular. Dos lados media pouco mais de cem metros. Portoda parte podiam ver-se os tubos dos canhes energticos, que agora, pouco a pouco,sumiam nos seus envoltrios.

    O comandante uma diminuta estaca do Plasma Central do Mundo dos CemSis repousava sob a cpula metlica na central de comando da nave. Daqui ele a

    pilotava e dava suas instrues, que imediatamente eram seguidas pelos robs einstrumentos robticos que se encontravam a bordo, sendo limpamente executadas.

    O Comandante 86.104, por sua vez, recebera suas instrues do Plasma Central,inclusive a ordem severa de seguir todas as ordens dos terranos, colocando-se sob ocomando da Frota Solar.

    E ento aconteceu essa coisa com o defeito no sistema de navegao.Um pouso em Tit parecia a melhor soluo, pois o adversrio ainda estava a dez

    anos-luz de distncia e se aproximava s muito lentamente do Sistema Solar.As coordenadas estavam corretas.86.104 descobriu nas telas de vdeo o vale protegido no meio de um altiplano. A

    montanha circular oferecia cobertura de visibilidade para todos os lados. Os combatestinham mudado de localizao, e os informes diziam que nesta regio j no havia mais

    nenhum pedotransferidor vivo.

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    O Comandante 86.104 no temia um pedotransferidor. Naturalmente ele ainda notivera nenhuma experincia prtica com este tipo de criatura, mas ele no podia imaginarque alguma criatura conseguisse subjug-lo psiquicamente.

    A pequena nave espacial fragmentria pousou.O Comandante 86.104 deu ordem para que os reparos fossem iniciados

    imediatamente.* * *

    A distncia era de noventa quilmetros.O ar respirvel ainda era suficiente para vinte e oito horas.Mesmo assim Vascalo deixou-se tempo, pois ele precisava goniometrar-se para

    dentro do consciente do comandante pos-bi. Era uma conscincia extremamentecomplexa e por isso mesmo complicada, que no era fcil de se assumir. Ele tinha certezade que o conseguiria, mas isso no seria uma simples luta mental. E era questionvelsaber-se se ele poderia manter-se por muito tempo.

    Uma coisa, entretanto, estava certa: O comandante da nave pos-bi no possua umafaixa-dakkar.

    Vascalo foi forado a desviar-se para um outro caminho, quando a cerca dequarenta quilmetros antes do local do pouso, o rdio revelou-lhe que exatamente suafrente sete pedotransferidores haviam sido cercados por tropas terrestres dos terranos, queestavam atirando neles. Ele perdeu preciosas sete horas, e quando ainda tinha vinte e umahoras de ar respirvel, os mutantes Ribald Corello e Balton Wyt o descobriram, com seussensores.

    Vascalo somente o percebeu quando j era quase tarde demais para ele. Sentiu ospensamentos, cautelosamente tateantes, do hipnossugestor, que o estudava

    cuidadosamente, para poder no momento adequado surpreend-lo e obrig-lo a aceitar asua vontade.

    E isso certamente Corello teria conseguido, se Vascalo estivesse despreparado.Deste modo, porm, o pedotransferidor tinha sido avisado e ergueu um bloqueio dedefesa psquica, que Corello no conseguiu transpor.

    O telecineta Balton Wyt tinha experincia suficiente com pedotransferidores.Depois de um pouso de emergncia num distante planeta ele tinha sido treinado para serum telecineta excepcional, pela Cidade. Mais tarde ele tornou-se testemunha de umaestao de pedogoniometria. Com a ajuda de seus novos dons ele conseguiu fazer abortara primeira tentativa de invaso, estabelecer contato com a Frota Solar e destruir a

    pedoestao goniometradora.Mas Balton Wyt somente conseguiria agarrar Vascalo quando este estivesse ao

    alcance de sua vista.Vascalo sabia disso, e quando sentiu as primeiras tentativas tateantes do

    hipnossugestor, mudou a direo do seu voo imediatamente. Ele se movimentou paralonge dos dois mutantes, mas no conseguiu evitar que eles o goniometrassem mesmoassim. O bloqueio dos pensamentos impedia que o seu consciente fosse assumido porCorello.

    De qualquer maneira ele no podia impedir que as modificaes de rota constantesde Vascalo, depois de algum tempo, sempre eram notadas por Corello. Os dois mutantes

    ficaram aferrados no rastro do fugitivo, porm s se aproximavam muito pouco dele.Vascalo conseguiu manter uma dianteira pelo menos por enquanto.

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    Quando ainda estava a dez quilmetros de distncia da nave pos-bi pousada, elemodificou pela dcima vez a direo, para enganar e confundir os perseguidores. Elesno deviam imaginar que o seu objetivo era a astronave pousada. A oeste do vale chatodo altiplano havia uma montanha com fendas escabrosas e milhares de grutas e cavernas,que poderiam oferecer segurana e proteo a todo um exrcito.

    Exatamente entre esta montanha e os perseguidores, vinte pedotransferidorestinham encontrado um esconderijo, no qual se julgavam seguros. Tratava-se de umdesfiladeiro cheio de vapores venenosos entre os dois espiges da montanha.

    Vascalo no se preocupou com seus companheiros de raa, pois ele j ficarasabendo, pelo rdio, que um comando dos terranos estava a caminho para liquidar com osadversrios. Sempre levando em considerao que as radiaes de pensamentos dos

    pedotransferidores se sobrepunham aos seus prprios, ele penetrou mais profundamentena montanha e procurou um esconderijo adequado. Se seu raciocnio estivesse certo, porenquanto ele se livrara dos seus perseguidores. A questo era apenas de quanto tempo eleteria que esperar, at que eles desistissem de sua procura.

    Ele agora ainda tinha ar para quinze horas.* * *

    O Tenente Farrel Hook levou a mo cuidadosamente para a sua faixa-dakkar, queenvolvia a sua cabea como uma fina testeira. Ela estava firme. Nenhum pedotransferidorseria capaz de assumi-lo, nem a ele nem aos seus homens, todos eles equipados com esteaparelho de proteo.

    O planador pousara na plancie diante da serra de montanhas.Ao todo eles eram vinte e cinco homens bem equipados, que j tinham muitas

    misses de comando atrs de si. Alguns deles j estavam estacionados h muito tempo

    em Tit, e conheciam a lua muito bem. Eles podiam adivinhar onde o grupo dospedotransferidores estava escondido.

    J no havia mais muito desses grupos. Uma vez que se tratava da sobrevivncia daHumanidade, os terranos tinham agido duramente. Desta vez no havia nenhumacomplacncia com adversrios que pretendiam dominar toda uma galxia.

    Complacncia significaria suicdio.Suicdio para milhares de civilizaes e sistemas solares.Farrel Hook observou as escalas dos aparelhos de rastreamento que estavam

    embutidos no seu traje de combate. Eles captavam a menor radiao energtica a grandedistncia, registrando-as e mostrando a direo e a distncia.

    Os pedotransferidores estavam escondidos na montanha, a trs quilmetros dedistncia.

    Depois de um rpido descanso o tenente deu a ordem de partida. Eles desistiram dosaparelhos de voo, para no chamar a ateno dos pedotransferidores para si. Usando cadarochedo com cobertura, eles avanaram atravs da plancie na direo da montanha ealcanaram os primeiros rochedos alcantilados depois de pouco menos de uma hora.

    Os pedotransferidores deviam estar metidos no vale que comeava exatamente suafrente. Ele era estreito e tinha pouca visibilidade, cheio de nuvens verde-amareladas querapidamente escapavam para o alto, mas que eram constantemente renovadas.

    Hook deu suas instrues. Os homens se dividiram. Os pedotransferidores tambm

    possuam detectores de energia de grande capacidade, e sabiam com toda a certeza queestavam sendo perseguidos. Eles agiriam correspondentemente. Eles no tinham maisnada a perder, exceto a vida.

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    Eles se comportariam como robs sem considerao por sua prpria existncia.Vinte pedotransferidores contra vinte e cinco terranos!Hook foi o primeiro a ousar atravessar o trecho sem cobertura, que se estendia

    diante deles. Em mais de cem metros, no se via nenhum bloco rochoso que pudesseservir de proteo contra os mortferos raios energticos. Tambm no havia depresses

    no terreno, nem fendas no muito profundas, nas quais poderia ser possvel jogar-se, se otiroteio comeasse. Cem metros de terreno livre, depois viam-se novamente grandesblocos isolados de lava, atrs das dos quais era possvel encontrar proteo. Hookconseguiu se aproximar cinquenta metros, e ento os pedotransferidores revelaram sua

    presena. Trs ou quatro feixes fortemente reunidos de armas energticas vieram dediversas direes, no o acertando por muito pouco, e fazendo com que o terreno emvolta dele evaporasse. Enquanto corria, ele ligou a sua aparelhagem de voo do traje decombate e voou, s poucos metros acima do cho, na direo dos blocos de lava.

    Ainda antes que ele pudesse alcan-los, um tiro energtico acertou a sua mochila.O mesmo danificou apenas o aparelho de voo, nada mais. Hook caiu ao cho, mas a

    pouca gravidade cuidou para que ele velejasse adiante e aterrissasse um pouco duramenteem cima do pedregulho solto. Com um salto enorme ele colocou-se em segurana.Os instrumentos mostravam que nem a alimentao de oxignio nem os aparelhos

    de rdio tinham sido danificados. Ele entendeu-se com a sua gente. Eles deviam, porenquanto, permanecer em cobertura, e comunicar-lhe de onde os tiros energticos tinham

    partido.Ele ficou deitado, muito quieto. Um pouco mais tarde os seus especialistas em

    rastreamento lhe passaram exatamente as posies dos atiradores inimigos que haviamatirado nele. Quando da descrio eles tinham que levar em considerao o ngulo deviso modificado, com o qual Hook via as salincias das rochas e as cavernas. Mas ento

    ele mesmo descobriu o primeiro indcio de um pedotransferidor ou seja, um p.O takerer estava deitado atrs de um bloco de pedra, a cerca de cinquenta metros dedistncia. Evidentemente ele presumia que tinha o adversrio exatamente sua frente, noque ele tinha razo. Porm ele provavelmente esquecera de que Hook agora estava emsituao de modificar cuidadosamente a sua prpria posio, sem com isso serdescoberto.

    Ele matou o pedotransferidor a trinta metros de distncia, com um nico tiro deraios certeiros. Segundos mais tarde foi um inferno. Enquanto os terranos, com seusaparelhos de voo e com a maior acelerao, atravessaram a plancie sem cobertura, portoda parte por entre as cavernas rochosas e nos pequenos vales relampejava. Os

    pedotransferidores agora no se esforavam mais para manter o seu esconderijo emsegredo. Eles sabiam que haviam sido descobertos e para eles no havia mais qualqueroutra possibilidade a no ser defender-se com todos os meios.

    No primeiro assalto morreram seis terranos. As baixas dos pedotransferidores, porenquanto, eram desconhecidas.

    O Tenente Hook dirigiu os seus homens pelo rdio para uma cobertura segura, poisele reconhecera o quanto outros ataques seriam insensatos, se no fossem planejados emtodos os seus detalhes. As armas do adversrio tinham o mesmo peso de combate, e comodefensores eles se encontravam em posies mais vantajosas. Talvez fosse possvelchamar apoio para c, mas Hook ainda hesitava com esta deciso. Ele sabia que todas as

    foras em Tit eram necessrias para caar urgentemente os pedotransferidoressobreviventes e liquid-los. Era preciso impedir que uma s dessas criaturas perigosasatingisse a Terra. Pois ainda havia muitos seres humanos que ainda no portavam faixas-

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    -dakkar, e antes que se descobrisse um assumido, este poderia ter causado danosinimaginveis.

    Mesmo assim ele utilizou a pausa de fogo que se fizera, para informar o altocomando de Tit pelo rdio, de sua situao, concluindo, entretanto, que em qualquercircunstncia ele iria tentar acabar sozinho com o adversrio.

    Pouco depois Balton Wyt chamou pelo rdio. Tenente Hook? Do outro lado! Quem chama? O mutante Balton Wyt. Meus instrumentos de rastreamento mostram uma

    diferena de dez quilmetros entre o senhor e eu. O senhor est com contato direto com oinimigo?

    Ns estamos metidos no meio de cerca de vinte pedotransferidores. O senhorest sozinho?

    Corello est comigo. Estamos perseguindo um nico pedotransferidor com donsexcepcionais. O senhor sabe se ele est entre os seus adversrios?

    Isso eu no posso dizer, Balton Wyt. De qualquer modo eu no pude constatarnada sobre capacidades excepcionais. Estamos enfrentando um grupo que se escondiaaqui. s isso.

    Precisam de apoio?Desta vez Hook hesitou com a resposta. Depois disse:

    Ns no pedimos nenhum, mas se o senhor por acaso est nas proximidades eder uma passada aqui, eu naturalmente lhe seria muito agradecido. O senhor sabe,naturalmente, como a coisa, quando se est metido numa entalada.

    Se sei! Muito bem, irradie de vez em quando um sinal de goniometria. Vamosnos apressar.

    Mas tenham cuidado. Pode contar com isso.O Tenente Hook sentiu-se aliviado. Os dois mutantes valiam tanto quanto todo um

    regimento. Corello no levando em conta seus outros dons era capaz de forar a suavontade aos pedotransferidores. E Balton Wyt conseguia mistur-los telecineticamente detal maneira que eles poderiam ser dominados facilmente. Ele ordenou aos seus homensque se mantivessem quietos, at que chegasse o prometido reforo. A ideia de que ele noos pedira diretamente o acalmou um pouco. Apesar de sua inteligncia, Hook eraexcessivamente ambicioso.

    Os pedotransferidores continuaram quietos. Eles estavam deitados, bem espalhados

    isoladamente nos seus esconderijos e esperavam por uma segunda chance de matar um oumais terranos. Eles tinham interrompido o trfego de rdio. Hook desistiu de encontrar,atravs de sua escuta, a posio exata deles.

    De qualquer modo ele captou os sinais de pouso da nave pos-bi e os goniometrou. Anave pousou a cerca de vinte quilmetros de distncia, num altiplano protegido, depois osseus sinais de rdio tambm emudeceram.

    Um pos-bi em Tit...?Hook estava um pouco surpreso com este fato, mas ento se lembrou de que os

    pos--bis estavam entre os mais fiis aliados da Terra, e certamente tinham corrido para cpara trazer reforos. Talvez o Marechal-Solar Tifflor tambm contasse com que os

    pedotransferidores trouxessem novos grupos para Tit, e j estava se prevenindo.O que quer que fosse ele, Hook, tinha outro problema. Ele estava metido numa

    entalada. Ele e o resto do seu grupo.

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    Pouco mais tarde Balton Wyt chamou novamente.Os dois mutantes tinham encontrado um esconderijo adequado um pouco mais

    elevado, de onde eles tinham uma vista de todo o vale. Mais do que isso eles noprecisavam para intervir nos acontecimentos.

    Preste muita ateno, tenente! disse Wyt, depois de uma curta discusso sobre

    a situao pelo rdio. Ns vamos enxotar os adversrios diretamente para os seusbraos. O mtodo pode parecer pouco leal, mas no temos alternativa, se quisermossobreviver. Trate de agir correspondentemente, e fique, sempre, em cobertura. Entendeutudo?

    Estamos esperando. retrucou Hook. Mais uma coisa. disse Wyt, continuando a conversa, como se estivessem

    parados num campo de golfe. Ns perdemos, conforme j mencionamos, o rastro dopedotransferidor excepcionalmente capaz. Talvez ele se encontre entre os seusadversrios, ou talvez tambm no. Pode muito bem ser que ele tenha sidosuficientemente esperto para fazer com que suas radiaes mentais fossem sobrepostas

    pelas dos outros pedotransferidores. Se isto for assim, ento ele somente pode encontrar--se numa direo que, vista de ns, significa um prolongamento da linha que liga nossolugar de estada com o dos takerers. S por esta razo o senhor precisa destruir osadversrios. Eles no devem mais dar emisses de si, para que ns provavelmente

    possamos novamente farejar a caa importante. Isso tambm est claro, tenente? Est claro, Sir. timo, ento vamos comear. E agora prestem ateno...!Hook j tinha ouvido muita coisa a respeito dos dois mutantes que tinham sido

    indicados juntos para Tit, mas o que ele vivenciou agora estava muito acima de toda asua expectativa. A menos de cinquenta metros de distncia do seu prprio esconderijo,

    um pedotransferidor levantou-se de repente, e com a arma empunhada pronta para atirar,encaminhou-se na direo do front dos terranos. Hook j tinha erguido a sua arma deimpulsos para matar o adversrio, mas depois deixou-a cair novamente.

    Era-lhe impossvel atirar num adversrio que no se defendia.Os seus homens deviam sentir-se do mesmo modo, pois no aconteceu nada, alm

    dos takerers virem com toda calma caminhando para as posies dos terranos, como seestivessem num passeio.

    Hook podia imaginar o que os outros takerers estariam pensando, os que ainda noestivessem influenciados por Corello. Eles deviam achar que aqueles valentes estavammalucos.

    Corello, de qualquer modo, conhecia os terranos e sabia que eles jamais matavamum adversrio indefeso. At mesmo na guerra valia a lei da autodefesa, e se tambmfosse vlido em Tit, com relao aos pedotransferidores, parecia pouco leal matar umadversrio influenciado. Quando o pedotransferidor de repente estava no meio do terrenosem qualquer cobertura, Corello saiu de dentro dele para assumir um outro.

    Hook notou aquilo quase tarde demais.O pedotransferidor somente estava afastado dele uns dez metros ainda, quando de

    repente parou, olhou em volta horrorizado, descobriu trs ou quatro terranos bemprximos, olhando para as bocas de suas armas. Na frao de um segundo ele levantou aarma de raios e atirou sem qualquer planejamento em cima do adversrio.

    Ele morreu na luta.Se os outros quisessem ou no, todos morreram do mesmo modo.

  • 7/30/2019 P-498 - A Volta Do Takerer - Clark Darlton

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    Levou meia hora, depois no havia mais um s pedotransferidor vivo no vale. OTenente Hook e seus dezoito homens restantes requisitaram um planador, que devialev--los de volta ao quartel de comando.

    Corello e Balton Wyt, entretanto, tentaram encontrar novamente o rastro deVascalo.

    Mas nada conseguiram.* * *

    Vascalo aproveitara a oportunidade. Aprovisionado de ar para respirar para spoucas horas ainda, ele penetrara cautelosamente para o norte e depois para o nordeste,sempre cuidando para interpor entre si e os perseguidores os pedotransferidoressobreviventes. Finalmente ele alcanou o paredo circular que envolvia a depresso dovale no altiplano.

    Tratava-se, sem sombra de dvida, da cratera de um vulco extinto, que devido aantigos ventos e chuvas havia sido praticamente aplainada. Para Vascalo no foi difcil

    trepar por cima do paredo de duzentos metros de altura. Desta vez ele desistiudefinit