OUTUBRO 2012

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E D I T O R I A L ÓRGÃO DA FUNDAÇÃO CHRISTIANO ROSA DISTRIBUIÇÃO GRATUITA PIQUETE, OUTUBRO/2012 - ANO XV - N o 189 O ESTAFETA Foto Arquivo Pró-Memória Após campanha eleitoral que priorizou a ética e a competência, a candidata Teca Gouvêa, da coligação “Piquete para Todos”, elegeu-se, no último dia 7 de outubro, prefeita de Piquete. Durante a campanha, auxiliada pelos candidatos a vereador de sua coligação, Teca Gouvêa percorreu o muni- cípio de ponta a ponta. Apresentou para os eleitores seu programa de governo e sua disposição para o trabalho aliados a conhecimento e preparo técnico para estar à frente da administração municipal. Nos dias que antecederam ao pleito eleitoral, por onde se andava na cidade, o nome Teca Gouvêa era citado como sinô- nimo de mudança, determinação, ho- nestidade e transparência. Ao término das apurações do dia 7 de outubro seu nome foi sufragado em todas as seções eleitorais, vencendo nas urnas e confirmando as expectativas do eleitorado. A explicação para esse fenômeno é simples: o eleitor votou pela mudança, contra o continuísmo mofado de antigos políticos e contra práticas administrativas ultrapassadas, que nas campanhas eleitorais se utilizam do vale-tudo contribuindo para o atraso em que se encontra o município. Hoje, o eleitor quer que esteja à frente do governo um técnico capacitado que gerencie o mu- nicípio e o transforme num lugar melhor para todos. A exemplo do que vem ocor- rendo por todo o país, o eleitor está atento a todos os tipos de denúncia e prática de corrupção, desvios e enriquecimento ilícito, e a pessoas que buscam o poder para benefício próprio. Teca Gouvêa herdará um município com dívidas e convênios bloqueados por falta de pagamento. Para romper com a situação crítica do município elaborou um programa de governo enxuto, mas exequível, que foi aprovado pelas urnas. Os munícipes enxergaram em Teca Gouvêa compromisso com a administração e seriedade com a coisa pública. Com seu programa, priorizará, entre outros, a saúde, valorizando o Sistema Único de Saúde (SUS), fortalecendo o Programa de Saúde da Família (PSF) e promovendo um programa de atenção especial à saúde da mulher, da criança e do idoso. Visando à formação de um novo cidadão, voltará seus olhos para a educação. Buscará implantar o período integral nas escolas da rede municipal, visando a melhorar as condições de aprendizagem, recursos humanos e materiais. Em todos os setores da administração pública, a prefeita eleita sinaliza que valorizará e fortalecerá o funcionalismo público municipal, com o qual pretende trabalhar para a consecução do lema com que foi eleita – “Piquete para Todos”. A eleição da primeira Prefeita de Piquete No dia 7 de outubro, Piquete viven- ciou um fato que ficará marcado em sua história. Após 121 anos de emancipação política, pela primeira vez uma mulher estará à frente da administração muni- cipal como gestora. De maneira democrática, Teca Gou- vêa foi eleita prefeita de Piquete com 47,5% dos votos válidos. De maneira discreta, sem grandes alardes e com recursos próprios, Teca Gouvêa fez uma campanha tranquila, durante a qual procurou, transparente e eticamente, apresentar aos eleitores sua proposta de governo e mostrar que é possível administrar o município com respeito pelo dinheiro público. Por outro lado, foi alvo de calúnias e mentiras que visavam a macular sua imagem e cur- riculum. No entanto, Teca seguiu firme em sua campanha. Apesar de pequena na estatura, mostrou-se gigante em coragem, determinação, garra, conhe- cimento e caráter. Ousada e firme na tomada de deci- sões, mostrou-se, ainda, uma mulher de atitude e preparada intelectualmente para ser prefeita de Piquete. Com esses predicados ganhou o respeito e a confiança do eleitor: o resultado foi dado pelas urnas. Logo após a apuração, foi ovacio- nada pela população de Piquete, que saiu às ruas para saudá-la. No semblante dos eleitores que com ela comemoravam a vitória, estavam estampadas a alegria e a certeza de que dias melhores che- garão para os piquetenses. A Praça da Bandeira e adjacências ficaram pequenas para acomodar as milhares de pessoas que para lá se dirigiram. A eleição de Teca Gouvêa é o resultado de um trabalho sério e ho- nesto. O apoio popular é a força que a fará seguir em frente, efetivando as mudanças administrativas e políticas que Piquete espera e merece. A Fundação Christiano Rosa para- beniza, com orgulho, a prefeita eleita, arquiteta Teca Gouvêa, presidente de seu Conselho Curador. A prefeita eleita, Teca Gouvêa, juntamente com seu vice, Dr. Hamilton Leite, obtiveram 47,5% dos votos válidos. Teca, presidente do Conselho Curador da Fundação Christiano Rosa, será a primeira mulher a assumir o cargo máximo do Executivo municipal.

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Edicão histórica em que O ESTAFETA homenageia sua Presidente do Conselho Curador, a Prefeita eleita de Piquete, Teca Gouvêa.

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E D I T O R I A L

ÓRGÃO DA FUNDAÇÃO CHRISTIANO ROSA

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA PIQUETE, OUTUBRO/2012 - ANO XV - No 189

O ESTAFETAFoto Arquivo Pró-Memória

Após campanha eleitoral que priorizoua ética e a competência, a candidata TecaGouvêa, da coligação “Piquete para Todos”,elegeu-se, no último dia 7 de outubro,prefeita de Piquete. Durante a campanha,auxiliada pelos candidatos a vereador de suacoligação, Teca Gouvêa percorreu o muni-cípio de ponta a ponta. Apresentou para oseleitores seu programa de governo e suadisposição para o trabalho aliados aconhecimento e preparo técnico para estarà frente da administração municipal.

Nos dias que antecederam ao pleitoeleitoral, por onde se andava na cidade, onome Teca Gouvêa era citado como sinô-nimo de mudança, determinação, ho-nestidade e transparência. Ao término dasapurações do dia 7 de outubro seu nomefoi sufragado em todas as seções eleitorais,vencendo nas urnas e confirmando asexpectativas do eleitorado. A explicaçãopara esse fenômeno é simples: o eleitorvotou pela mudança, contra o continuísmomofado de antigos políticos e contrapráticas administrativas ultrapassadas, quenas campanhas eleitorais se utilizam dovale-tudo contribuindo para o atraso emque se encontra o município. Hoje, o eleitorquer que esteja à frente do governo umtécnico capacitado que gerencie o mu-nicípio e o transforme num lugar melhorpara todos. A exemplo do que vem ocor-

rendo por todo o país, o eleitor está atentoa todos os tipos de denúncia e prática decorrupção, desvios e enriquecimento ilícito,e a pessoas que buscam o poder parabenefício próprio.

Teca Gouvêa herdará um município comdívidas e convênios bloqueados por faltade pagamento. Para romper com a situaçãocrítica do município elaborou um programade governo enxuto, mas exequível, que foiaprovado pelas urnas.

Os munícipes enxergaram em TecaGouvêa compromisso com a administraçãoe seriedade com a coisa pública. Com seuprograma, priorizará, entre outros, a saúde,valorizando o Sistema Único de Saúde(SUS), fortalecendo o Programa de Saúdeda Família (PSF) e promovendo um programade atenção especial à saúde da mulher, dacriança e do idoso.

Visando à formação de um novo cidadão,voltará seus olhos para a educação. Buscaráimplantar o período integral nas escolas darede municipal, visando a melhorar ascondições de aprendizagem, recursoshumanos e materiais.

Em todos os setores da administraçãopública, a prefeita eleita sinaliza quevalorizará e fortalecerá o funcionalismopúblico municipal, com o qual pretendetrabalhar para a consecução do lema comque foi eleita – “Piquete para Todos”.

A eleição da primeira Prefeita de Piquete

No dia 7 de outubro, Piquete viven-ciou um fato que ficará marcado em suahistória. Após 121 anos de emancipaçãopolítica, pela primeira vez uma mulherestará à frente da administração muni-cipal como gestora.

De maneira democrática, Teca Gou-vêa foi eleita prefeita de Piquete com47,5% dos votos válidos. De maneiradiscreta, sem grandes alardes e comrecursos próprios, Teca Gouvêa fez umacampanha tranquila, durante a qualprocurou, transparente e eticamente,apresentar aos eleitores sua proposta degoverno e mostrar que é possíveladministrar o município com respeitopelo dinheiro público. Por outro lado,foi alvo de calúnias e mentiras quevisavam a macular sua imagem e cur-riculum. No entanto, Teca seguiu firmeem sua campanha. Apesar de pequenana estatura, mostrou-se gigante emcoragem, determinação, garra, conhe-cimento e caráter.

Ousada e firme na tomada de deci-sões, mostrou-se, ainda, uma mulher deatitude e preparada intelectualmentepara ser prefeita de Piquete. Com essespredicados ganhou o respeito e aconfiança do eleitor: o resultado foidado pelas urnas.

Logo após a apuração, foi ovacio-nada pela população de Piquete, quesaiu às ruas para saudá-la. No semblantedos eleitores que com ela comemoravama vitória, estavam estampadas a alegriae a certeza de que dias melhores che-garão para os piquetenses.

A Praça da Bandeira e adjacênciasficaram pequenas para acomodar asmilhares de pessoas que para lá sedirigiram.

A eleição de Teca Gouvêa é oresultado de um trabalho sério e ho-nesto. O apoio popular é a força que afará seguir em frente, efetivando asmudanças administrativas e políticasque Piquete espera e merece.

A Fundação Christiano Rosa para-beniza, com orgulho, a prefeita eleita,arquiteta Teca Gouvêa, presidente deseu Conselho Curador.

A prefeita eleita, Teca Gouvêa, juntamente com seu vice, Dr. Hamilton Leite, obtiveram 47,5% dosvotos válidos. Teca, presidente do Conselho Curador da Fundação Christiano Rosa, será a primeiramulher a assumir o cargo máximo do Executivo municipal.

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Imagem - Memória Fotos Arquivo Pró-Memória

A Redação não se responsabiliza pelos artigos assinados.

Diretor Geral:Antônio Carlos Monteiro ChavesJornalista Responsável:Rosi Masiero - Mtd-20.925-86Revisor: Francisco Máximo Ferreira NettoRedação:Rua Coronel Pederneiras, 204

Tels.: (12) 3156-1192 / 3156-1207Correspondência:Caixa Postal no 10 - Piquete SP

Editoração: Marcos R. Rodrigues Ramos

Laurentino Gonçalves Dias Jr.

Tiragem: 1000 exemplares

O ESTAFETA

Fundado em fevereiro / 1997

Em 1952, por aviso ministerial, foi criadoo Centro Social da Fábrica PresidenteVargas. Objetivava proporcionar aosservidores civis e militares da Fábricaassistência social nos setores da educação,da saúde, de alimentação, comercial erecreativo. Procurava, assim, aumentar obem-estar da coletividade e desenvolver oslaços de solidariedade e camaradagem. Asobras do Centro Social estendiam-se aosfamiliares dos servidores que viviam àssuas expensas, inclusive agregados.

Os diversos benefícios oferecidos pelaFábrica foram disponibilizados ao longo dediferentes épocas e a criação do CentroSocial foi apenas uma forma de agregá-los.Dentre esses trabalhos havia o “Depar-tamento de Assistência à Recreação”, quecompreendia o Círculo Militar da Estrela, oGrêmio General Carneiro, o Grêmio Duquede Caxias, a Divisão de Desportos, Caça eExcursões, a Divisão de Cinema e Teatro,Bandas e Conjuntos Musicais, CentroHípico e o Recreio São Caetano, na “Onça”,no Alto da Mantiqueira. Dentre essasinstituições, uma que se sobressaiu foi oGrêmio General Carneiro, que teve comopatrono o general José Gomes Carneiro,diretor da Fábrica entre 1935 e 1940. Foidurante sua administração que essa agre-miação foi criada. Instalada junto ao CineGlória, à rua Major Carlos Ribeiro, alifuncionou até setembro de 1945, quando ogeneral Waldemar Brito de Aquino inau-gurou o Cine Estrela do Norte e, anexo aele, o clube social que seria a sede definitiva

do Grêmio General Carneiro.A finalidade desse Grêmio era congregar

em círculo social as famílias dos sargentos,mestres e assalariados da FPV, procurando,com comodidade, o desenvolvimento famili-ar, proporcionando o estreitamento cada vezmaior dos laços de união e camaradagem,indispensáveis à vida em sociedade. OGrêmio General Carneiro era administradopor uma diretoria composta por presidente,vice-presidente, secretário, tesoureiro,bibliotecário, almoxarife, diretor de festas,diretor de esportes, orador oficial, depar-tamento feminino e comissão fiscal. Osrecursos financeiros provinham das mensali-dades, serviços de bar e outros lucrativose, ainda, do auxílio distribuído aos círculospela Fábrica. Quem conheceu e vivenciouesse Grêmio pode constatar sua organizaçãoe a diversidade de promoções oferecidas aseus associados: festas, bailes, excursões,filmes, teatros, gincanas, jogos, compe-tições esportivas e outros... A presençamaciça dos sócios evidencia o primor e orequinte com que eram organizados osdiversos eventos.

Todas as promoções causavam agitaçãona cidade. É sempre bom lembrar que, aomesmo tempo, tanto o Círculo Militar daEstrela quanto o Grêmio Duque de Caxias(Elefante Branco) também promoviameventos para seus associados.

Marcaram época os inúmeros e famososbailes promovidos por essas instituições,abrilhantados quase sempre pelos con-juntos musicais da Fábrica – Jazz Bands e

Orquestra, cujos repertórios e excelência dosmúsicos extrapolavam os limites do muni-cípio. As festas juninas, os bailes deformatura das escolas do DepartamentoEducacional da Fábrica, as coroações dasrainhas da primavera, dos estudantes, doCarnaval ficaram na memória de muitos...Para esses eventos, os sócios se vestiam arigor ou a caráter... Havia bom gosto nadecoração e esmero na organização, retra-tando trabalhos em equipe. Ao longo dotempo, uma diretoria tentava superar a outranuma saudável concorrência em que osganhadores eram os sócios...

Quem dançou ao som dos músicos daFPV reconhece, certamente, sua qualidade.Aliás, Piquete contou sempre com exce-lentes conjuntos musicais; que o digam osmembros do grupo “Amigos de Piquete ,Turma do Carneiro”...

O Grêmio General Carneiro

Quem conheceu o Grêmio General Carneiro pode constatar sua organização e a diversidade de promoções oferecidas a seus associados: festas, bailes,excursões, filmes, teatros, gincanas, jogos, competições esportivas e outros... A presença maciça dos sócios evidencia o primor e o requinte com que eramorganizados os diversos eventos. Foto do final da década de 1940.

O ESTAFETA

GENTE DA CIDADEGENTE DA CIDADE

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Maria Goulart

Fui buscar na história e nas técnicas demotivação uma explicação que acredito sersensata, saudável e curiosa sobre o resul-tado da eleição municipal de 7 de outubro.Isso porquê vou me inspirar na luta travadapela legendária e mitológica ave Fênix e pelaintrépida águia. Pela mitologia, a ave Fênixsempre que a julgavam derrotada e ani-quilada, encontrava forças sobrenaturais erenascia das cinzas. E, assim, se apresentavaeterna e dava continuidade às suas açõesdestruidoras. A outra ave, a águia, temcomportamento muito diferente. Percebe oenfraquecimento de suas forças, recolhe-seao alto de uma montanha e dá início a umprocesso de autoflagelação. Esse processoserá a técnica para sua sobrevivência e umanova vida. Superando a autoflagelação deforma esplendorosa, altiva, alça voo e vivepor muito mais tempo.

Esses comportamentos se identificamcom o resultado de eleição para prefeito dePiquete. De um lado, forças retrógradas que,de forma desastrosa, aniquilaram adminis-trativamente o município e desejavam, a todocusto, reunir forças para a retomada dopoder. Assim, dariam continuidade à sangriaem nossa cidade. Felizmente, a águia,recolhida em seu refúgio, lutou bravamente,sensibilizou a sociedade piquetense, que,pela primeira vez na história da cidade,elegeu uma mulher para o cargo máximo doExecutivo. As cinzas da legendária Fênixforam dispersadas e só mesmo um enormecataclisma poderia reagrupá-las. E, ainda queisso aconteça, o que levará muito tempo, aave derrotada certamente nascerá genetica-mente modificada e, quem sabe, tenha ahumildade de se espelhar na luta heroica daáguia para um novo e diferente renascimento.

O país mudou. Novas regras. Novasnormas e leis que exigem transparência, serie-dade, respeito ao cidadão e responsabilidadecom os parcos e necessários recursos pú-blicos. Que como a águia, forças renovadase fortalecidas coloquem nossa Piquete noeixo do desenvolvimento econômico, social,com justiça. Parabéns e sucesso à prefeitaeleita, Teca Gouvêa. Quanto à nova Câmara,fica difícil fazer qualquer especulação faceàs enormes diferenças técnicas, culturais epolíticas entre os eleitos. Dessa feita, vamosdar tempo ao tempo... Como no folclóricoditado mineiro: canja de galinha e repousonão fazem mal a ninguém.

Celso Colombo

Fênix morta,Águia viva

Ponto de Vista

Seriedade e equilíbrio pontuam suamaneira de falar. Com voz pausada, desfilade maneira saborosa inúmeras lembrançasarmazenadas na memória. Mineira de Ita-jubá, filha de Emília e Joaquim Goulart, Mariaé a mais velha dos oito filhos do casal.Nasceu em 19 de março de 1927. Aindamenina, mudou-se para Piquete. O pai veiotrabalhar na Fábrica. A família residiu, porlongo tempo, à rua Coronel José Mariano,próximo à Praça Marechal Mallet. Neste localficava o Hotel das Palmeiras, de propriedadede Dona Maria Eufrázia e sua filha, Lili Couto.Nele trabalhavam dona Rosa Paulino e suafilha Zezé, Geraldina e Maria Geralda. Aolado do hotel, residia a família Schommller,dona Martinha Guimarães com seus filhosLeonor, Adília e Décio, Armando e MariaLeite de Castro com os filhos Clélia, ChicoMáximo e Zé Armando. No caminho para oItabaquara, Maria Biteba... Foram seusvizinhos, ainda, dona Cota e Zé Lemes,Joaquim Sacristão, Maria José Silva, SerafimMoreira e dona Letícia, Benedito e EvaChaves... No Largo do Coreto havia a CasaParoquial, cujo padre, à época, era o “semprebravo” Septímio Ramos Arantes.

Os filhos dessas famílias foram seuscompanheiros de traquinagem. “Fui umamenina muito arteira...”, afirma. No antigoGrupo Escolar foi aluna das professorasLeonor Guimarães, Palmira e Milita Brito.Seus colegas foram Célia Moreira, MariinhaMota, Heroína, Didi Pagode... “Turmaboa...”, suspira.

Refere-se à sua infância como muitofeliz e marcante... Conta que, após ocatecismo, ela e os amigos desciamcorrendo o morro da Matriz para pegar otrem que subia para a Fábrica: “era umafesta... íamos até o Portão da Limeira,desembarcávamos e esperávamos até queele voltasse...”. Cita também o Cine Glória,que frequentava de vez em quando...

Menina, foi uma “carregadeira de al-moço” para operários da Fábrica... “Éramosmuitas as carregadeiras”, conta. Recorda-se de Nhá Zefa, irmã de Dona Miquelina,que levava à cabeça uma cesta enorme cheia

de marmitas. “Era tanto peso, que ela andavaarcada”, ressalta, sorrindo.

Já adolescente, trabalhou nas casas deAdir Corrêa e Paulo Lódi e, mais tarde, deEva Chaves.

A família de Maria Gourlart mudou-sedo Piquete antigo para a região em que seriaconstruído o hospital, à margem direita doribeirão Benfica. Novos vizinhos... Novasamizades... Nessa época conheceu oitajubense Romeu de Faria, que, assim comoseu pai, veio trabalhar na Fábrica. Namo-raram por um ano e meio e, em 1945,casaram-se. Em 1946 nasceu sua primeirafilha. Em 1950, com 23 anos, teve trigêmeos.“Foi uma surpresa pra mim e novidade nacidade!”. As crianças nasceram na materni-dade, no prédio que hoje é o Forum. “Até oDr. Tibúrcio, que me atendeu depois doparto, feito pela parteira Maria José, sesurpreendeu...”. Só um dos trigêmeoschegou à idade adulta, conta. Dona Mariae seu Romeu tiveram 11 filhos.

Após o nascimento dos trigêmeos, afamília se mudou para a Vila Duque, onderesidiu por cerca de 25 anos. “A Vila Duqueera muito movimentada... Havia os alunosdo Jardim da Infância, da Escola Normal,do Curso de Aplicação... Todos unifor-mizados, era bonito de se ver”.

O marido, Romeu, morto em 2001, écitado com muito carinho: uma pessoamarcante, muito religioso, católico fervo-roso... Membro da Irmandade de SãoBenedito, nas festas religiosas, carregavasolenemente a cruz processional.

“Meus tempos de infância, apesarde terem sido de muita alegria, forammuito difíceis... É muito bom recordar,mas sem saudosismos... Como o tempopassa! Hoje a vida é mais fácil, oacesso às necessidades é muito maissimples...”

Em 1975, compraram, ela e o marido,a casa em que reside até hoje. O tempopassa, inexoravelmente, mas pessoascomo Dona Maria são inesquecíveis,pois, com sua memória e bom humorcolaboram para manter viva a história.

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A questão educacional tem mobilizadoos espíritos, com veemência. Na atualidadeestá entre as mais discutidas desde que apresidente Dilma Rousseff, ao tomar possedo cargo, anunciou o interesse e a neces-sidade em atender ao setor. Foi de suapreocupação considerar o papel da educa-ção no processo organizativo de seugoverno como função prioritária, paralela-mente à da valorização dos professores.

Mas, no Brasil, o sistema educacionalsofre vários entravamentos, e dois dosmais destacados podem ser considerados:as dificuldades dos professores de dife-rentes níveis de formação, alguns bastantedeficitários quanto ao processo formativoe informativo propriamente dito, frutos deprogramações alienadas de nossa realidadegeográfica e cultural; e o outro, a falta deverdadeira sintonia com a função profis-sional de profeassor, muitas vezes cau-datária de escolhas equivocadas e ou,realizadas por exclusão das demais.

É comum que os modelos de ação sejamcopiados de outras experiências conquantoressonâncias de modelos bem estruturadose recebidos. Mas fadadas ao fracasso, poiso improviso dificulta muito as relações entreos objetivos e os fins a alcançar. Um bomplanejamento educacional depende damaturação de experiências já praticadas emmodelos de bases estruturais semelhantes,baseados na análise ponto a ponto dosresultados. Segundo meu ponto de vista,esse planejamento não pode ter vínculoscom ações preconcebidas e carregadas dehomogeneidades, pois, analiticamente, cadacaso é um, e como tal deve ser tratado. Dátrabalho. A recorrência inicial deve ser dada

Aos professores, os jardins

necessidade da preservação do bem comume do patrimônio biológico da humanidade.Sem deixar de produzir, atendendo aosapelos vocacionais, e não apenas os domercado. Sem, entretanto, perder a realidadedos fluxos do tempo no qual se vive. Poisquem pensa apenas em resultados imediatosnão planta árvores, dado que estas levammuitos anos para crescer e produzir frutos edar sombra. Os professores sabem que sãocomo jardineiros que, com amor e paciênciaprojetam o futuro.

Portanto, aos professores cabe terdeterminação, vontade, humildade e propó-sito para agir, além da alegria da açãoantecipada pelos fins a atingir. Discernirentre as estratégias as que servem aoeducando para atingir um modelo concate-nado ao país no qual se insere dinâmico e àsociedade na qual vive. Tudo para que omundo do trabalho não se oponha, vitorioso,ao mundo da escola. Para que o educandopermaneça na escola o tempo necessário.Consta de estatística recente que mais de 3milhões de crianças e adolescentes estãofora da escola. Preocupada com essesíndices, a presidente Dilma propõe modificaro ensino médio valorizando as conquistastecnológicas e da informática, ou seja, emfazer a escola adequar-se aos novos meiosde comunicação, e, portanto, às solicitaçõesdo mercado. Muito mais do que tudo isso, épreciso que o professor tenha fé no tra-balho, que finque as raízes – sem raízes nãohá força, que reconheça sua importância enão esmoreça em cultivar seus jardins,apesar das floradas afastadas de seussentidos. Educa-se para sempre.

Dóli de Castro Ferreira

Fotos Arquivo Pró-Memória

ao mundo da atualidade representado emsua especificidade – é daí que poderá serelaborado um diagnóstico, o qual reclamaexperiência e exige entrega. Vivemos amulticulturalidade amplamente dimensio-nada.

E o ensino não pode estar fora dessecenário presente em que o passado seencontra com o futuro projetivo paratrabalhar o hoje, em vistas ao amanhã. Osfrutos dos acertos ou erros aparecemposteriormente, e é deles que depende, nãosó a autoafirmação pessoal, como profis-sional, e mesmo nacional. Não se podeestar longe das realidades. Arranjos espú-rios não resolvem, nem soluções buscadasa curto prazo. Mas estas têm urgências. Daío professor ser desafiado a todo momento.

Educar significa contribuir para amudança de comportamento e moldar formasprivilegiadas de pensamento fundamen-tadas em conhecimento e em análisessignificativas na busca do verdadeiro,evitadas as razões preconceituosas ou aogosto de modas consumistas a serviço dosque praticam o engodo da satisfação deinteresses imediatos. Há educação quandoo sujeito do processo incorpora, em caráterduradouro, o objeto formativo, ou seja,quando o propósito planejado é alcançado.Por exemplo, a aquisição de hábitos saudá-veis para a vida social: respeito mútuo e aosmais velhos, sem preconceitos de raça ouetnia, cor, cultura, sexo, e da condiçãosocioeconômica. E também respeito aoambiente em que se vive, reconhecendo a

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“Oh! Eu que pensava que o bombardeioera o que havia de pior. Como é horrívelviver em uma cidade ocupada!”

Isto dizia uma senhora francesa durantea Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).

Depois das bombas de Hiroshima eNagasaki, os poderosos já inundarampaíses minúsculos produzindo chuva, jálançaram artefatos incendiários (napalm)ou desfolhantes (agente laranja).

Notícias de atrocidades na Ásia e naÁfrica são veiculadas ininterruptamente.

Será que o coração do homem só resolveseus enigmas nos conflitos? Será que a paznão é propícia para o equacionamento deproblemas?

Estamos ainda no período eleitoral. Ascidades com maior número de eleitores têmmais uma oportunidade para aperfeiçoar aescolha.

Lastimável foi o elevado número devotos brancos e nulos no primeiro turno.

A imperfeição é a inseparável compa-nhia do homem.

Uma nova geração está aprendendo avotar. É hora de fazer ver que as instituiçõesbrasileiras estão cumprindo suas funções,errando aqui, acertando ali, sempre cami-nhando para melhor.

O voto branco é descaso. O voto nuloé desprezo.

Não levar em conta ou desmerecer oesforço dos brasileiros que dedicam suasvidas para aperfeiçoar a democracia é, nomínimo, ser injusto. Ou distraído.

A política é uma vocação como outra

qualquer. Mas sempre vai ser preciso tomarcuidado com os aventureiros, os que usama política para polir a própria imagem eenredar-se na volúpia do poder.

O verdadeiro político sabe que osbenefícios e os sacrifícios têm de serrepartidos entre todos.

Zombar das instituições é um mauexemplo para quem está ingressando nacidadania plena, que implica direitos edeveres.

Qualquer atitude que possa desesta-bilizar as instituições ou comprometer aordem nacional, produzir desconfiança emalguma parcela da população vem revestidade alto grau de responsabilidade.

O verdadeiro político é o homem doacordo, da negociação. O prepotente, ovaidoso jamais serão bons políticos.

Cauteloso, o bom político jamais colo-cará em risco a paz nacional.

Certa vez, atrapalhada com questõessemânticas, fiz uma consulta: qual o verda-deiro significado da expressão ForçasArmadas nos Quartéis?

A resposta foi: “Forças Armadas exer-cendo suas atribuições de tempo de paz” –questões relativas à guarda do patrimônio,às unidades portuárias, às fronteiras, aoespaço aéreo estão neste rol; além disso, oExército abre estradas, constrói pontes,ferrovias e canais; acrescentem-se, ainda,as solicitações da ONU (Organização dasNações Unidas).

O homem nasce para ajudar a construiro mundo, para acrescentar.

A guerra não acrescenta. Desfigura apassagem da humanidade no Planeta.

A paz deve ser o grande compromissodos implantadores de políticas.

Forças Armadas de bom nível são umitem necessário.

Mas a grande população do mundo nãoconseguiria mais superar a destruição ouo envenenamento de represas de águadestinada ao uso doméstico. A dificuldadena produção e transporte de alimentosagravaria a fome que já se instalou mesmoem tempo de paz.

No plano interno, o aperfeiçoamentodas instituições através de leis cada vezmelhores deve ser a única preocupação,de modo que a menor brecha para a atuaçãode aventureiros seja definitivamentelacrada.

No plano externo, uma diplomaciainteligente e cautelosa que aconselhesempre os contendores ao arbitramento edenuncie à exaustão os interesses escusosde países que comerciam armas e sevangloriam de seus poderosos arsenais.

Temos a Constituição de 88.A Constituição Cidadã já foi testada, já

produziu bons frutos.Está sendo aperfeiçoada com muito

cuidado, com as instituições funcionandoa contento.

Só o voto pode manter o Estado deDireito.

Que as novas gerações aprendamconosco a votar bem.

Abigayl Lea da Silva

Brancos e nulos

Estava a passeio. Caminhandoentre os livros expostos de váriasmaneiras naquela livraria. Um deleschamou minha atenção, seja pelovermelho brilhante da capa, seja pelonome que muitos conhecemos. Ovolume de muitas páginas era umabiografia e seu título era “Mao”(aquele mesmo, Tse Tung).

A conversa boa naquele local tãoprazeroso, onde realmente gosto deestar, fluiu nas mais diversas dire-ções em razão do título daquele livro.Inevitavelmente me levou a divagarsobre as revoluções que nossomundo já viveu e infelizmente aindavive.

Falamos de várias lutas das quaistivemos e temos notícias, apesar dasdistâncias, dos idiomas diferentes, apesarda manipulação dos fatos que alguns paísesainda teimam em fazer para maquiar açõescontrárias aos direitos humanos e aorespeito pelo próximo.

Minha reflexão foi-se alargando, fui melembrando também do horror vivido pelospovos de diversos países: Ruanda, SerraLeoa, Somália, Etiópia, países africanos emgeral expostos à fome extrema e ao avilta-mento do valor do ser humano; Vietnã,Camboja, Sérvia, Bósnia, países árabes quefazem suas revoluções em nome de uma oude outra religião.

Para mim, todas essas revoluções,invariavelmente, com o passar do tempo, sedistanciam dos objetivos e dos ideaisoriginários que motivaram um levante, umaoposição ao regime opressor vigente.Principalmente, a forma como os antigos

revolucionários que lutaram e levaram tantosa lutar também por um objetivo maior setransforma ao longo do tempo. Passam delibertadores do povo a traidores e persegui-dores desse mesmo povo.

De fato, a história recente nos mostraque os que se levantaram contra um regimedesumano e opressor e então eram tidoscomo libertadores desses povos, ao tomaremo poder passaram de libertadores e heróis aperseguidores da sua própria gente, agindoda mesma forma ou até de forma mais cruel,com mais brutalidade, pois já estavamcorrompidos. Seus ideais se transmudaramem afirmação pessoal, em satisfação de suaspróprias convicções ou caprichos e suaperpetuação no poder, em detrimento daproteção dos que um dia juraram defender,libertar e cuidar.

Disso tudo, cheguei à triste e amargaconclusão de que em toda revolução, nas

quais surgem os idolatrados “salva-dores da pátria”, os libertadores, osjusticeiros, quem paga por todos osequívocos, quem sofre as nefastasconsequências dessas ações é opovo, oprimido e escravo de umsistema, faminto, acuado, entregue àprópria sorte por quem se proclamavaseu libertador.

A nossa revolução não é a dasarmas, nem a das guerras, ela é vividacivilizadamente a cada dois anos; é arevolução da escolha, já que pelonosso voto os resultados das urnasmudam (ou não) os candidatos emlibertadores, reformadores e condu-tores da vida da população.

Depois de alguns meses de em-bate nas campanhas, não são os candidatosque tomam o poder para si, somos nós queos conduzimos para esse poder em razãodas propostas e compromissos de cada umcom as necessidades de cada grupo social.

Desejo que a revolução da escolha, tãopacificamente praticada, nos conduza peloscaminhos corretos, e espero que haja paratodos o progresso, a paz e a concretizaçãodas mudanças, tão necessárias, e que ocondutor por excelência dessa revoluçãofaça jus ao mandato que lhe foi outorgadopelos cidadãos.

Para que daqui a pouco ninguém tenhaque dar um “Ultimatum” a esses escolhidose dizer aos condutores eleitos, como disseÁlvaro de Campos: “E fora tu, imperialistadas sucatas, Charlatão da sinceridade, etu, da juba socialista, e tu, qualquer outro.Ultimatum a todos eles. E a todos que sejamcomo eles todos!”. Eunice Ferreira

Foto Arquivo Pró-Memória

A revolução da escolha

O ESTAFETA

Edival da Silva Castro

Página 6 Piquete, setembro de 2012

Crônicas Pitorescas

Palmyro Masiero

Entreguismo...Vai ter fé assim...

Santo Hilário maravilhoso, cativante,acolhedor.

Nas suas águas tranquilas lavam-se astristezas, as dores e as divergências.

Os turistas que aqui vêm misturam-secom seus habitantes e o lugarejo torna-semais simples, movimentado e doce.

Santo Hilário dos contos, causos eestórias infindas.

Lá em cima, no topo da colina, na entradado lugarejo, fica o armazém do Toizinho.Homem simpático, humilde, alegre. Verda-deiro anfitrião. De boné com aba pra trás,risonho e contador de causos, procuradissipar as mágoas dos que por lá passam.

Há tempos, pra ser agradável aos seusfregueses, acompanhava-os a tomar as maisdiversas bebidas. E isso não era bom proseu negócio.

Certo dia, nosso amigo tomou umas pramais e desceu a colina.

Foi encontrado no jardim de umaresidência ajoelhado perante duas esta-tuetas.

– Ei! Ei, Toizinho! O que você estáfazendo aí?

De olhar parado e semblante cansado,respondeu:

– Tô rezando, uai! Não tá vendo?– Que rezando o quê, Toizinho! Você está

ajoelhado perante duas estatuetas!– Que nada! São santinhos milagrosos...

Eles vão fazer com que eu pare de beber;você vai ver!

– Tá bom, Toizinho!E lá ficou nosso amigo, ajoelhado e de

mãos postas rezando para os anões Feliz eDengoso!

Passaram-se alguns meses e voltei aSanto Hilário. Como de costume, parei noarmazém do amigo.

– Olá, Toizinho! Como vai?Bem disposto, de boné ao contrário,

sorriso largo, ficou contente com a minhachegada.

– Eu tô bem, uai. E você?– Tudo em cima! Abre uma gelada pra

nós dois!– Vou abrir só pra você. Eu parei.– Parou?!– Parei mesmo! Só vou beber na outra

encarnação!– Ah! Então os santinhos são de fato

milagrosos?– E como são! São dois santinhos que

passaram pra minha devoção!Agora, feliz e bem dengoso, Toizinho

começou a dar as novidades do nossoquerido lugarejo.

Gargalhadas fizeram-se ouvir pela colinaabaixo.

Cá com os meus botões, pensei: vai terfé assim...

Casos de homônimos geralmente infer-nizam a vida daqueles de mesmo nome. É oque acontece, por exemplo, com um conhe-cido, bem conceituado na praça comocomerciante que volta e meia se vê na relaçãode títulos em protesto. Engole aborrecimentoe lança grana pra colocar anúncio em jornais,dizendo que o nome do protestado é igualao dele, mas não é ele; que quem deve éaquele não ele, ele cujo RG é... Essa loucurade tentar estrelar ovo em cima de grelha.

Também questiúnculas menores, comofalecimento; cara vivo jurando que nãomorreu, mas um desconhecido com idênticonome – coisa que chateia parentes e amigos,que se sentem lesados em seus sentimentospelas lágrimas vertidas por defunto in-cógnito.

Interessante que, apesar da quantidadede situações diversas oriundas da homo-nímia, cada pessoa carrega uma maçarocade documentos com números personali-zados, ou seja, exclusivamente dela. Cadadocumento, um número. O diabo é queninguém conhece ninguém por nenhum dosnúmeros que o sujeito é na abundantepapelada numérica que leva pra provar quenão é fajuto. Mesmo o próprio, quandomuito, sabe o RG e, alguns, o CPF.

Existem aí razões diversas: vaidade,orgulho, machismo, ego em expoente,homenagem quando processado o registropor terceiros etc. Os “Filho”, “Júnior”,“Segundo” não causam grandes embaraçosno rol das embrulhadas. Todavia, o batiza-dinho com o nome do pai conduz um ônusbrabo pra burro! Se o pai é um periféricodos preceitos impostos pela sociedade, orebento o será sempre o filho “daquele”...Identicamente, se o progenitor é um figurãodestacado no círculos dos altos padrõeséticos, o filhote continuará sendo filho“daquele...”. Invertendo as posições, se ofilho for destaque, o coroa despersonaliza-se e passa a ser simplesmente o “Pai de...”.

Em resumo: um é comido pelo outro ou ooutro é comido pelo um... No campo dasartes, pseudônimo resolve.

Na maioria dos casos dos Filho, Júnior,Segundo, em casa e mesmo nos diferentesgrupos, eles ou têm apelidos ou são chama-dos por esse pós-nome. Mas, quando pai efilho são chamados da mesma forma, no larou fora dele, os fatos às vezes debulham:

O pai chama-se André. O filho, comofilho, obviamente também é André. Vai daíserem conhecidos pelo mesmo prenome. OAndré, pai, é classe média (?). Tem sua casa,seu emprego, seu carro e rema a canoa norio do dia-a-dia, com a mulher, o André Filhoe a Maria das Dores, frutos. O André, filho,não trabalha. Estuda!? O bicho na dele,sacamé, na onda: ajeitadão com algumagrana no bolso (descolada do André pai),gatas mil mijando no seu telhado, bate-pontode todo barzinho da noite, com a cordatoda... Ou quase... Tem carteira de motorista,não tem carro... E isso pesa, negão!

O André, pai, só deixava o carango como André, filho, após muita abobrinhadescascada ou na apresentação de umajamanta de motivos plausíveis.

O telefone tocou na casa:– Alô!– Alô. É o André?– Sim!– Cara, aqui é o Zeca. Vê se dá uma

enrolada no coroa, pega o carango... Transeiduas meninas pra gente curtir um embalolegal num sítio aqui perto...

– O negócio é enganar o coroa...– Isso, cara... Dá uma engrupida no velho

e vem de carro ali pelas oito.– Pode deixar que eu dou o recado!– Quem tá falando?– O coroa, o velho, ou o André pai, se

achar melhor.Impulso telefônico muito mais dedo-

durante que de certa época...- Clic!

“Um professor é a personificada consciência do

aluno; confirma-o nas suas dúvidas; explica-

lhes o motivo de sua insatisfação e lhe estimula

a vontade de melhorar.”

Salve 15 de outubro,

Dia do Professor!

Thomas Mann

O ESTAFETAPiquete, outubro de 2012 Página 7

Mr. Borgia foi um excelente professor deinglês que tivemos em nosso gloriosoGinásio da Fábrica Presidente Vargas, lá nadécada de 40. Aprendi com ele o inglês quepude deslanchar em minhas leituras nesseidioma. Rigoroso e competente, se nosafigurava como um carrasco, um déspota e,sendo italiano, logo depois da SegundaGuerra Mundial (1939-1945) parecia-nos umfascista moldado pelas ideias de BenitoMussolini.

Os alunos tremiam à sua chegada na salade aula. Lembro-me bem dele: um tipo claro,notadamente europeu, vestido sempre deroupas claras e a pronúncia do inglêsbritânico bem determinada, a nos cobrarestudo, dedicação e completa vigilância.

Mais tarde, perguntei ao professorLuttgardes, então diretor da instituiçãoeducacional, onde o havia encontrado parao trazer a Piquete e a sua esposa, igualmenteboa professora de francês e latim, DonaMaria Del Pilar, espanhola de olhos claros egestos finos, mas seguidora fiel do maridomachista. Atitudes típicas dos meados doséculo passado numa escola que, influen-ciada pelo idealismo e a noção de disciplinados militares Waldemar Brito de Aquino eJosé Pompeu Monte e suas patentes,manifestava-se, para nossa glória, comopioneira na área valeparaibana de ensino.Hoje, depois de toda a experiência acumu-lada, as viagens que fiz e os contatos quetive, posso concluir que nossa instituiçãoeducacional foi das mais modernas e efici-

A tribute to mr. BorgiaUm tributo a mr. Borgia

entes. Experimentamos as técnicas pedagó-gicas mais avançadas que atualmente fazemo apanágio das grandes escolas de nívelmédio. Área que bem conheço em todas assuas modalidades por ter trabalhado naescola pública, no supletivo e nas escolas,assim chamadas de elite, pelas propostas eprogramas pedagógicos bem equipadoscom bibliotecas e laboratórios. Nossa escolana Piquete dessa época nada fica a dever.Tivemos excelentes professores, tornamo-nos extremamente exigentes com a quali-dade e a forma daqueles que eventualmentesucediam aos considerados melhores, eportanto, paradigmáticos.

Aos bons professores devo minhaformação e minha base. É um orgulhoregistrar essa observação após já percorrerum longo caminho e muitas experiências.

Mas a propósito de quê despontou estetributo? Foi quando, matéria de memória,corporificou-se em minha mente a lembrançade ter recebido de presente de meu pai, aocompletar quinze anos de idade, o romance“E o vento levou” da autora norte-americanaMargaret Mitchel mas, claro, traduzido emportuguês, porque até ali eu só tinha o cursoprimário.

Em seguida, entrei no ginásio. Sim,tardiamente, mas a tempo. Muito bom. Era oque eu desejava. Pois foi lá que aprendi oinglês básico a que me referi. O tempopassou. Com a morte de meu pai, aoprovidenciar a mudança de minha mãe paraminha companhia em São Paulo, meus livros

foram vendidos em grande parte. Entretanto,havia separado alguns num caixote nume-rado para serem preservados, e entre eles, oromance citado com a dedicatória bonita demeu pai, e uma capa especial, que receberapara ser comemorativo, com o meu nomegravado. Num golpe de sorte muito lamen-tado, o caixote extraviou-se e nunca mais oencontrei, não sem ter feito esforços nessesentido.

Pois bem, muitos anos passados, encon-trei um exemplar da obra comemorativo desua publicação há 75 anos numa ediçãopaperback de maio de 2011. No original eminglês, com prefácio de Pat Conroy, eprocedente da editora Scribner, New York,ramificação da prestigiada Simon &Schuster. A fotografia da autora ilustra apresente edição. Reencontrei assim, ScarlettO’Hara e demais protagonistas de umcapítulo importante da literatura dos EstadosUnidos, que agora sim, leio em correnteinglês. Lembrei-me, por isso, de fazer umtributo a Mr. Borgia.

Dóli de Castro FerreiraNota: Margaret Mitchel é dada como uma

das mais remarcantes primeiras autoras pelas mais

influentes fontes da imprensa norte-americana.

Recebeu por esta obra “Gone with the Wind” o

Pulitzer Prize (1937), o mais prestigiado dos

prêmios do setor editorial dos Estados Unidos, e

que em 1939, foi transformado em um dos mais

populares filmes de todos os tempos. Um

belíssimo trabalho da história política e social

dos norte-americanos.

No dia 11 de outubro, data em que secompletaram cinquenta anos do início dostrabalhos do Concílio Vaticano II, ocorreuna cidade do Vaticano uma comoventecelebração comemorativa na qual o PapaBento XVI abriu a 13ª Assembleia GeralOrdinária do Sínodo dos Bispos, com otema “A nova evangelização para a trans-missão da fé.” O Papa propôs, para toda aIgreja, na mesma celebração, o ano da fé,que será encerrado em outubro de 2013,com o qual se intenciona fortalecer ascomunidades cristãs no conhecimento dadoutrina e na experiência espiritual por meiode celebrações especiais. Há uma grandepreocupação da Igreja com o fato de umavançado processo chamado por BentoXVI de desertificação espiritual estarocorrendo em todo o mundo.

O enfraquecimento do cristianismo nomundo é um processo que vem ocorrendoao longo da história. Quando o Papa JoãoXXIII inaugurou o Concílio Vaticano II,cinquenta anos atrás, já se dizia que a Igrejanecessitava de um “aggiornamento,”palavra italiana que significa atualização.Hoje, num mundo que se transformaconstantemente, a Igreja precisa estar emconstante diálogo com as culturas que vãotomando novas configurações e contornosa cada dia: isto é uma condição para que afé cristã não pareça obsoleta às pessoas

de nosso tempo.Atualizar a tradição cristã não significa

abrir mão do essencial, mas ter coragem dese despojar de ideias, costumes e práticasque foram surgindo ao longo da história docristianismo e que não possuem maissentido hoje. Existem muitos elementos nocristianismo atual que estão na contramãodo bom senso, isto faz com que a fé pareçacoisa de gente pouco instruída, ou depessoas presas ao passado, a um mundoque não existe mais. Os cristãos precisamredescobrir os princípios fundamentais docristianismo, dos quais não se pode abdicare continuar a pertencer à tradição iniciadapor Jesus de Nazaré e levada adiante porseus discípulos. Ainda hoje gastamos muitotempo refletindo sobre questões doutrinaiscomplexas, tratados teológicos e reflexõesfilosóficas que, embora sejam importantespara fundamentar a vida de fé, não deveriamser o cerne da experiência cristã. As maisimportantes doutrinas cristãs não sãoconceituais e não dependem de um pensa-mento acadêmico e erudito. São coisas muitosimples ensinadas por Jesus e pelas pri-meiras comunidades, como a benevolência,a justiça, a igualdade entre as pessoas, oamor ao próximo, a busca da reconciliação eda harmonia, o cuidado com os maisvulneráveis e pobres, o zelo pela criação, aintegridade de vida, a confiança no amor

paterno de Deus que provê a seus filhos efilhas o pão de que necessitam a cada dia,os protege e consola.

Penso que mais que uma crise de fé,entendida como acreditar em doutrinas eformulações teológicas, o cristianismoatual padece de uma crise de adesão aCristo, no seguimento de sua prática e nasua experiência religiosa de amor, fidelidadee confiança em Deus, que nos ensinou achamar de Pai.

A fé é um dom de Deus, despertadopela proclamação da Palavra, não mera-mente por meio de pregações verbais. Aspessoas estão fartas de tanto falatório,sobretudo nos meios de comunicação. Aproclamação da Palavra à qual me refiro é otestemunho de vida cristã. Se existe nomundo um processo de desertificaçãoespiritual, uma das mais relevantes causasé que antes existe uma grave crise naqualidade de vida cristã das pessoas de fé,uma crise de testemunho, de prática cristã.

O cristianismo só terá lugar no mundoatual se os cristãos guardarem na própriavivência a prática de Jesus, que continuasendo uma boa nova, e crerem em Deuscom a simplicidade e a ternura com queJesus nos ensinou a crer. Assim aconteceráuma nova evangelização e a fé serátransmitida às futuras gerações.

Pe. Fabrício Beckmann

A fé é um dom de Deus

O ESTAFETA Piquete, outubro de 2012Página 8

O ESTAFETA, órgão informativo daFundação Christiano Rosa, sempre semanteve distante da política partidária. Sualinha editorial em períodos eleitorais, bemcomo o conteúdo de textos assinados ounão, foi sempre o de chamar os cidadãospara que participassem do processo demo-crático de nosso país, para que votassem,sempre após cautelosa avaliação, emeleitores capacitados e íntegros.

Nas três últimas eleições, a presidentedo Conselho Curador da Fundação Chris-tiano Rosa, a arquiteta e urbanista TecaGouvêa, foi candidata à prefeita de Piquete.O ESTAFETA, em nenhuma de suas edições,publicou artigo algum que favorecesse Tecaou denegrisse os demais candidatos. Pormeio de seus articulistas, porém, cobrou,sempre, a elaboração de projetos pelo Exe-cutivo e a atuação efetiva dos vereadores.

Neste ano, Teca Gouvêa saiu vitoriosadas urnas. Os eleitores de Piquete deramprova de que querem mudança na forma deadministração: os candidatos Teca Gouvêae Xeroso, respectivamente prefeita eleita esegundo lugar nas eleições, somaramexatamente 6mil votos, ou 68,1% dos votosválidos. Um significativo número de elei-tores mostrou, portanto, que aspira por umapolítica nova, com transparência, semresquícios da política pequena, sem resul-tados perenes, que vinha sendo praticadaem Piquete.

Desta forma, a direção editorial de OESTAFETA julgou pertinente registrar avitória de Teca Gouvêa e de seu vice, Dr.Hamilton Leite.

Esta eleição já é um marco histórico dePiquete, uma vez que Teca Gouvêa é aprimeira mulher a ser eleita para o cargomáximo do Poder Executivo municipal. OESTAFETA está certo de que reflete aconfiança dos membros da FundaçãoChristiano Rosa, de que Teca aplicará emseu mandato os mesmos princípios quenortearam sua vida pessoal e profissional:seriedade, honestidade, perseverança ebusca permanente pela excelência. É fiador,ainda, do caráter desta mulher que conduziutrês campanhas de maneira limpa, semataques pessoais, divulgando seu projetode governo, apresentando seu currículo e

seus compromissos com os piquetenses.“Quero ser eleita para mostrar que

Piquete é uma cidade perfeitamente adminis-trável, desde que o seja por meio de trabalhoárduo, sério e compromissado com o bem-estar da população”. Esta afirmativa ouvide Teca Gouvêa já há algum tempo. “Comprojetos bem elaborados, honestidade notrato dos recursos do município, estou certade que farei o melhor para minha cidade”,complementou.

Acredito piamente no trabalho de TecaGouvêa. Venho colaborando com a Funda-ção Christiano Rosa há cerca de 14 anos.Nesse tempo todo, pude conhecer a serie-dade desta que hoje é uma das maisimportantes instituições do Vale do Paraíbae do estado de São Paulo. Muito destavultuosidade deve-se ao empenho de TecaGouvêa, que proporcionou diversos proje-tos de extrema importância para a sustenta-bilidade de Piquete e de nossa região. Semprebusquei absorver parte da riqueza de culturae de sucesso profissional que se concentramna FCR. Tenho certeza de que muito do quedepreendi da observação dos trabalhos daFCR têm influência em meu sucesso profis-sional. E o sucesso e o desenvolvimentochegarão para Piquete por meio de TecaGouvêa.

O ESTAFETA sente-se extremamenteseguro em comprometer-se com a imparcia-lidade ao longo da administração TecaGouvêa, pois conhece seus valores, suaintegridade, sua capacidade analítica eexecutiva, que, somados, lhe permitirão fazerhistória à frente da Cidade Paisagem.

Laurentino Gonçalves Dias Jr.

Eleições 2012: Piquete elege o novo, a esperança de mudanças...

Piquete: Eleições 2012

Prefeito: Votos

Teca Gouvêa (PT) 3.739

Xeroso (PSDB) 2.261

Joaquim (PTB) 2.151

Hugo Soares (PMDB) 655

Vereadores eleitos: Votos

Moita do PT (PT) 267

Fátima do Cariri (PSD) 247

Cidinha do PSF (PT) 222

Rodrigo Nunes (PHS) 212

Negão (PPS) 211

Heloízio dos Marins (PTB) 208

Fernando (PR) 205

Carlos da Saúde (DEM) 204

Caco (PR) 197

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