Outros Lugares - Renata Marquez
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7/23/2019 Outros Lugares - Renata Marquez
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Comecemos remexendo o interior opaco do Museu: a sua reserva tcnica,
local que guarda um acervo de cerca de 1.500 obras, e onde est um
trabalho de Frederico Morais intitulado Memria da Paisagem (da srie A nova
crtica). Sabemos que a reserva tcnica no um salo de exposies e no se
abre visitao pblica embora oferea, nas entranhas cotidianas do Museu,
uma experincia instigante e reveladora. Ali, algumas obras que em outros
tempos questionaram a supremacia dos museus como lugares privilegiados da
produo e exibio artstica finalmente descansam, cmplices da histria da
arte e suas contradies.
Originalmente constitudo por slides e udio, o trabalho Memria
da Paisagemfoi produzido em 1970 e remasterizado em vdeo pelo autor em
2011, para a exposio Pas Paisagem1. Crtico, curador e artista, Frederico
Morais apresentou dois grupos de imagens alternando-os: slidesda cidadedo Rio de Janeiro e slidesdo interior do MAM-RJ com obras escultricas de
Jos Resende, Luiz Paulo Baravelli, Carlos Fajardo e Frederico Nasser que
haviam sido feitas com materiais facilmente encontrveis nas ruas da cidade.
Dentre a apresentao das imagens se podia ler a legenda: Um programa de
atividades para o novo Museu de Arte Moderna: promover visitas guiadas ao
vasto salo de exposies da cidade: canteiros de obras, ruas, praias, jardins
pblicos, favelas.
Um dilogo preciso se impunha como um impasse a ser resolvido
na relao entre museu e cidade. No seu conjunto, os slidessintetizavam os
deslocamentos do olhar entre o museu e a cidade, a arte e a vida, a escultura
e a paisagem, redefinindo a noo esttica de paisagem como atividade deacesso irrestrito, natureza precria e memria transitria. Especialmente em
Belo Horizonte, Frederico Morais organizou, tambm em 1970, dois eventos
emblemticos: Objeto e Participao e Do Corpo Terra2, ocasio em que
percebeu a necessria mutao da categoria de escultura para a de objeto.
O objeto passou a ser visto, a partir das ideias de Hlio Oiticica, como uma
ao no ambiente dentro do qual os objetos existem como sinais e no
simplesmente como obras.3
Concomitante s experincias de obras in situem vrias partes do
mundo, Morais escreveu sobre a experincia brasileira no contexto da ditadura
militar: O grande salo de exposies no era o museu ou a galeria de arte,
Renata MarquezOutros lugares
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Ines Linke e Louise Ganz no lote, demarcando os canteiros de MuseuCampestre.< Ines Linke e Louise Ganz almoando no lote, em fase preparatria de MuseuCampestre.