OU ELES OU ÀS ESCURAS

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Opinião Sociedade Política Economia Caderno do Estudante Internacional Cultura Desporto Nº 07 | Quinta-feira 2 de Agosto 2012 |GrÁtIS Semanário Ano I Director Geral Evaristo Mulaza ENCONtrE EMPrEGO hOjE nos classificados do NG Págs. 34 e 35 Proibida a venda! Este jornal é GRÁTIS OU ELES OU ÀS ESCURAS São perigosos, caros e barulhentos, mas não se pode passar sem eles. Os GERADORES substituem as constantes faltas de electricidade. Os médicos alertam que podem provocar problemas de saúde. Os bombeiros queixam-se do mau uso que, por vezes, causa incêndios. A população não tem alternativas. Págs 4 e 5 O empresário sugere que os jovens tenham coragem de romper e que façam os seus próprios negócios. Págs. 18 e 19 Economia Augusto Kapaia na luta contra a preguiça Todos prometem o Céu Os programas dos partidos estão feitos. Prioridade à juventude, ao ensino e ao combate à pobreza são notas dominantes. Págs. 14 e 15 Política Aline Frazão é uma das maiores promessas da música angolana. Já realizou um sonho: actuar em Luanda. pág. 39 Promessa angolana Cultura Espírito olímpico João Ntyambi e Herlander Coimbra recordam os momentos que passaram nos Jogos Olímpicos. Págs. 44 e 45 Desporto As cadeias de Luanda cheiram mal, têm droga a circular e os presos arriscam-se a sair… doentes. É a viagem pelas condições das prisões mais do que lotadas. Págs 8 e 9 Um inferno com grades É difícil chegar ao novo ‘campus’ universitário. Não há transportes. Quem parte do centro de Luanda gasta 800 kwanzas por dia. Alguns alunos já desistiram de frequentar as aulas num local tão longínquo. Pág. 27 Tão longe e tão caro

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Opinião • Sociedade • Política • Economia • Caderno do Estudante • Internacional • Cultura • Desporto

Nº 07 | Quinta-feira 2 de Agosto 2012 |GrÁtISSemanário Ano IDirector Geral Evaristo Mulaza

ENCONtrE EMPrEGO hOjE

nos classificados do ngPágs. 34 e 35

Proibida a venda! Este jornal é GRÁTIS

OU ELES OU ÀS ESCURASSão perigosos, caros e barulhentos, mas não se pode passar sem eles. Os GERADORES substituem as constantes faltas de electricidade. Os médicos alertam que podem provocar problemas de saúde. Os bombeiros queixam-se do mau uso que, por vezes, causa incêndios. A população não tem alternativas.Págs 4 e 5

O empresário sugere que os jovens tenham coragem de romper

e que façam os seus próprios negócios.

Págs. 18 e 19

Economia

Augusto Kapaia na luta contra a preguiça

Todos prometem o CéuOs programas dos partidos estão feitos. Prioridade à juventude, ao ensino e ao combate à pobreza são notas dominantes. Págs. 14 e 15

Política

Aline Frazão é uma das maiores promessas da

música angolana. Já realizou um sonho:

actuar em Luanda.pág. 39

Promessa angolanaCultura

Espírito olímpicoJoão Ntyambi e Herlander

Coimbra recordam os momentos que

passaram nos Jogos Olímpicos.

Págs. 44 e 45

Desporto

As cadeias de Luanda cheiram mal, têm droga a circular e os presos arriscam-se a sair… doentes. É a viagem pelas condições das prisões mais do que lotadas. Págs 8 e 9

Um inferno com grades

É difícil chegar ao novo ‘campus’ universitário. Não há transportes. Quem parte do centro de Luanda gasta 800 kwanzas por dia. Alguns alunos já desistiram de frequentar as aulas num local tão longínquo. Pág. 27

Tão longe e tão caro

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Director Geral: Evaristo MulazaDirectora Geral Adjunta: Geralda Embaló

Editor Executivo: Emídio Fernando, redacção: André Kivuandinga, António Miguel, Edno Pimentel, José Zangui, Raimundo Ngunza, Ricardo António, Waldney Oliveira, Valdimiro Dias e Maria Amélia dos Santos (estagiária) Fotografia: Mário Mujetes e Santos Samuesseca (estagiário); Paginação: Armindo Dalas, Pedro de Oliveira; Correspondentes: Luís Morais

(Huíla), Simeão Mundula (Huambo); José Honório (Benguela); Produção gráfica: Notiforma SA, Propriedade e Distribuição: GEM Angola Global Media, Lda; tiragem: 50.000; Nº de registo do MCS: 644/B/2012 GEM ANGOLA GLOBAL MEDIA, LDA Administração: Geralda Embaló e Evaristo Mulaza Departamento Administrativo: Argentina Santos,

Jessy Ferrão, Nelson Manuel e Valdimir de Almeida Comerciais: Neusa Capita e Manuela Conceição; Nº de Contribuinte: 5401180721; Nº de registo estatístico: 92/82 de 18/10/82 tel.: 927596835 Endereço: Rua Fernão Mendes Lopes, nº 35, Alvalade, Luanda/Angola, Telefones: +244 222 320510, 222 320511, Fax: 222 320514

FIChA tÉCNICA

As eleições chegam em Agosto e com elas recorda-se o fim da era das ideologias partidárias. Hoje, nem com a mais refinada lupa, o cidadão será capaz de distinguir a proposta de governo de qualquer par-tido, pela sua matriz ideológica. No nosso caso, há duas razões que podem explicar isso.

Primeiro, colocam-se as razões de natureza histórica. Apesar de ter abraçado o multipartidaris-mo há duas décadas, o país viu-se imediatamente impossibilitado de concretizar eleições periódicas. A guerra, ao impedir a instauração de uma cultura de prática eleitoral, criou rupturas que ditaram o esquecimento das ideologias partidárias com efei-to na forma como os seus defensores se apresen-tam hoje. Segundo, coloca-se o chamado realismo político, que se manifesta de várias formas. Um sinal que evidencia a opção pelo realismo político são as mudanças de partidos a que se vai assist-indo, protagonizadas por políticos de relevo nas suas organizações de origem.

Embora, no nosso caso, cheguem a ser vistas, em certa medida, como atentados à democracia, porque instigadas pelo realismo económico, as mudanças de partidos não são de longe um fenó-meno angolano e ocorrem, aliás, em países com culturas democráticas sólidas, mesmo à porta de eleições.

Nos Estados Unidos, é conhecido, por exemplo, o caso de Michael Bloomberg, o famoso milionário e proprietário da plataforma de media com o seu nome. Depois de uma vida inteira de dedicação ao Partido Democrático, Bloomberg mudou-se em 2001 para o Partido Republicano, para concorrer a presidente da câmara de Nova Iorque.

Em África, houve um caso mais extremo. O partido do ‘apartheid’ da África do Sul anunciou, em 2004, a fusão com o seu principal rival histórico, o Congresso Nacional Africano de Nelson Man-dela. Quer Bloomberg quer o antigo rival do ANC cederam, sobretudo, por realismo político. O au-tarca de Nova Iorque percebeu, por exemplo, que teria mais possibilidades em ganhar as eleições, se tivesse passado para o outro lado da barricada. Passou e ganhou, deixando para trás as ideologias democratas. No caso do Novo Partido Nacional a fusão acabou por ser a saída para a sobrevivência política, depois de uma queda nas eleições que o reduziu a uma insignificante representatividade de 1,6%. Mais uma vez, neste caso, o realismo so-brepôs-se às ideologias.

É um pouco o que vai acontecendo em An-gola. As mudanças, antes de tudo, traduzem a salvaguarda de um imperativo: a sobrevivência política ou económica.

Há um número mítico que domina a sociedade angolana. Um relógio único, pequeno, mas que termina ao décimo minuto, não completando a rotação normal. É um tempo virtual que está na boca de toda a gente.

Não há problema, dificuldade ou simples tarefa que não seja resolvida ou cumprida em “dez minutos”. Ir, ali ao banco, é apenas em “dez minutos”, mas demora-se mais de duas horas; a falta de combustível no gerador é coisa que se resolve em “dez minutos”, mas é bem capaz de demorar mais de uma hora; comprar qualquer coisa que faça falta em casa – ou num escritório – é uma árdua tarefa resolúvel em “dez minutos”; mas, por vezes, fica-se sema-nas à espera; sair do escritório ou de uma empresa, em horário de serviço, só para ir em “dez minutos” resolver qualquer assunto é uma desculpa ba-nal, rotineira, mas essa viagem pode demorar horas ou durar até ao dia seguinte.

Pois é esse número mítico e irreal que domina grande parte de se estar na vida em Angola. Um eterno “malembe-malembe” facilitado por quem deve ex-igir e não o faz; perdoado em empresas que estão directamente em competição para buscar clientes; e, sobretudo, uma táctica usada para quem prefere preguiçar-se pelas esquinas em vez de dar o máximo para que também obten-ha o máximo.

Desculpam-se os ‘dez minutos’ com os aspectos culturais, as influências negativas deixadas pelo colonialismo português, pela vontade de entregar a nossa a vida ao Estado ou a alguém que mande em nós. Mas a forma como An-gola está a correr e a crescer já não pode perdoar que haja muitos ‘dez minutos’. Sob pena de o país ficar eternamente ‘dez minutos’ atrás dos outros. Mudar isso passa por cada um de nós.

Dez minutos

E agora pergunto eu...

Falta energia há seis meses Excesso de sinais de trânsito

Geralda EmbalóDirectora Geral Adjunta

Aqui no meu espacinho, na semana passada, questionava-me sobre se o medo da insta-bilidade política seria justifi-cado ou não. Sendo que este é um espaço mais de perguntas do que de respostas, fica a per-gunta no ar, e, esta semana, continuando a temática que à luz do momento especial que vive o país, se justifica inteira-mente, pergunto-me ‘quem beneficiaria com uma instabi-lidade nesta terra abençoada’?

Com ‘abençoada’ não que-ro dizer que tudo está bem, ou que todos os angolanos estão felizes (como de resto a nos-sa querida televisão pública vai mostrando). Há por esta grande Angola muita gente revoltada com a pobreza que ainda se vive. É um facto. No ano passado, fui disso mesmo testemunha, aquando de uma visita à família, nas zonas mais recônditas do Namibe, onde nem BUE nem programa de desenvolvimento rural nen-hum chega com suficiente ex-pressão. Se é verdade que já se fez muito, é diametralmente verdadeiro que muito ainda há por fazer.

Dito isto, e voltando à questão desta semana, temos, para efeitos de uma avaliação compreensiva, que olhar para factos. Em apenas 10 anos,

Estou descontente com o comportamento do presidente da Comissão de Moradores do Bairro São da Barra, no Sambizanga. O bairro tinha energia regular fornecida por um Posto de Transformação do Estado, vulgo PT, mas em Fevereiro, o presidente da Comissão de Moradores, acompanhado de alguns fun-cionários da EDEL, removeu o mesmo e levou para destino incerto. De lá para cá, a zona do Banga Wé encontra-se às

Angola saltou do estatuto de país africano em guerra (mais um no rol vergonhoso), para o estatuto de país que mais cresce no mundo. Impressio-nante!

É verdade que esse cresci-mento económico ainda não se transferiu completamente para a esfera social e ainda não produziu os efeitos es-perados na vida de todos os angolanos.

Mas é impossível negar que já o fez para muitos. Ul-trapassa o ridículo considerar que os mil milhões de dólares em investimento estrangeiro, registado só na primeira meta-de deste ano (segundo Maria Luísa Abrantes, presidente da ANIP), se possam circun-screver a uns poucos, sem benefício algum para o povo e para o país. O mesmo se pode dizer da crescente cedência de

crédito por parte das várias in-stituições bancárias da praça. Esse investimento, tal como os milhares que vem sendo feitos, vão sem dúvida gerar emprego, que por sua vez, melhora o acesso à educação e saúde, e, cria um efeito posi-tivo, multiplicador e transfor-macional no dia-a-dia e nas perspectivas de futuro de mil-hares de famílias angolanas. É facto também!

E se olharmos para percur-sos como o do entrevistado do Nova Gazeta desta semana, podemos acreditar que de fac-to esse crescimento económi-co há muito deixou de ser ap-enas nominal, para se tornar em palpável realidade de um país com a distinção de o fazer em apenas 10 anitos!

Sabendo nós, e mesmo os que de entre nós ainda não foram tocados por dito de-

senvolvimento económico, que a instabilidade política (e social por arrasto) em nada mais se traduz que não puro simples e concen-trado atraso, mais uma vez pergunto eu... a quem pode a instabilidade interessar?

Com poços de petróleo a serem descobertos um atrás do outro, (ainda em Maio foi anunciada uma nova descoberta capaz de pro-duzir cinco mil barris dia), a resposta talvez mereça um olhar ao passado histórico. Ao nosso e ao de tantos out-ros países ricos em petróleo ou recursos igualmente apetitosos... Será que a res-posta não reside na percep-ção quem mais lucrou com a guerra civil que o país viveu? Mais uma vez agora pergunto eu...

escuras e todas diligências feitas junto da administração comunal do Ngola Kiluanji resultaram em nada. O presidente da Comissão de Moradores gaba-se que não vai repor a energia nesta zona porque alega que todos moradores são da oposição. Gostaria que a EDEL tomasse nota deste caso.Isabel Gaspar, Bairro São Pedro da barra

Carta ao Director envie a sua para: [email protected]

circulação Não obstante isto, nós mora-dores constatamos que nalgu-mas ruas há uma excessiva colocação do sinal de trânsito de sentido proibido, sem que se ofereça alternativa aos con-dutores que estão impedidos de estacionarem de frente as suas respectivas casas. Espero que a administração solucione brevemente esta situação.Manuel Mwanz Kitonga , Rangel

Sou morador há dois anos no bairro C 7, no Rangel, em Luanda, nas imediações do Centro Recreativo Kilamba. Escrevo esta carta para saudar a iniciativa da administração local de colocar sinais de trân-sito, facto que veio contrapor a anarquia na circulação do trânsito, sobretudo em ruas estreitas, onde o tráfego se procedia nos dois sentidos. Além disso, por falta de quin-tais, os moradores estacionam nos dois sentidos da via, facto que dificultava ainda mais a

Frases

“Penso que contribuir nos trabalhos de outros colegas é uma forma de passarmos a nossa experiência no sentido de a nossa cultura não se perder”

Matias Damásio, musico

“Sou péssima cozinheira” Micaela reis, ex-miss angola e

actriz de teatro

“Por se tratar de uma arte deve que deve ser feita com amor, não se deve

fazer a literatura como o trampolim para atingir

outra posição social, pois, assim, não somos honestos

com a literatura ”.josé Luís Mendonça, escritor

“Quem diz que o Girabola é amador está completamente enganado. Grande parte dos jogadores, para não afirmar na totalidade, só joga futebol onde retiram o seu rendimento”.

Carlos Alonso “Kaly”, futebolista do 1º Agosto.

“Nós ainda não entendemos o que são tecnologias verdes, queremos dizer que as tecnologias verdes já começaram em Angola, começou aqui no Lobito, quando encontramos o Lobito limpo”.

Fátima jardim, ministra do Ambiente

“Sou solteiro ocupado” Madruga

Yoyo, kudurista

OpiniãoEditorial

Emídio Fernando Editor Executivo

Evaristo MulazaDirector Geral

Uma questão de sobrevivência

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sa” China. Embora pouco vi-síveis, há também angolanos a venderem geradores, mas não o fazem em lojas. Os nacionais preferem vender nos merca-dos paralelos (vulgo praças).

Nos subúrbios, as pessoas não precisam de andar muito

para encontrar a solução do “problema EDEL”: as lojas de geradores estão praticamente à porta de casa e crescem como cogumelos. Geralmente abrem às oito horas e fecham às 18 horas, de segunda a sábado, mas algumas ainda se

Sociedade SociedadeSociedade Sociedade

Geradores que nos safamFalta de energia continua a obrigar a população a procurar alternativas

É o som que mais domina em Luanda. De noite ou de dia, ouve-se e sente-se: o barulho dos geradores. Além de produzirem energia, estas máquinas podem provocar problemas de saúde e de segurança, mas são úteis. Se não fossem os geradores não haveria energia em casa.

Por António Miguel

Fotos Mário Mujetes

Nós até temos

energia da EDEL, mas falha muito.

Às vezes, ficamos semanas

sem luz, aí recorro ao meu gerador

’’

“Não temos luz, vamos ligar o gerador” ou “a luz foi, vamos comprar combustível para ligar o gerador”. Estas são seguramente das expressões mais ouvidas em Luanda e é a “nova ordem energética” pro-vocada pela falta de electrici-dade distribuída pela Empresa de Distribuição de Energia de Luanda (EDEL), nos bairros da capital, especialmente, nos musseques.

Por isso, o negócio dos geradores de energia eléctrica soma e segue, sendo os vende-dores os que mais motivos têm para sorrir. Por enquanto, o mercado é completamente dominado por estrangeiros, maioritariamente, oeste-afri-canos. Os aparelhos produ-tores de luz são quase todos importados da “toda podero-

Com o negócio dos geradores, crescem os comerciantes e surgem os “técnicos” que reparam máquinas. Um deles é João Armando, que passou de rouboteiro (pes-soa que ganha a vida, carregando cargas nas praças) para reparador de gerador. “Foi mesmo por curiosidade. Em 2010,, tinha um ‘Fofandô’ em casa que quando estragava, tentava reparar e dava certo. Mas tarde, comecei a arranjar dos meus amigos, agora arranjo os geradores das minhas vizinhas”.

A venda de gasolina e de gasóleo nos musseques é também inspirada no negócio dos geradores. É cada vez mais notável a comercialização deste produto por pessoas não autorizadas e em lugares impróprios. Em muitos casos, os vende-dores armazenam o combustível em casa. Utentes de geradores são os grandes clientes. Um gerador ‘caseiro’ pode consumir, em média, cerca de 15 mil kwanzas por semana.

rISCOS ELEvADOSO mau uso de geradores é também apontado como uma das principais causas de incêndio. “Infelizmente é uma situação que nos preocupa, porque há cada vez mais gente a adquirir geradores”, refere o porta-voz do Serviço Nacional de Bombeiros que alerta que há mais crianças a “manusear” esses geradores.

Outro aspecto prejudica o do uso gerador tem a ver com a saúde. Maria Tati, médica da Direcção Nacional de Saúde Pública, avisa que há riscos sérios, sobretudo, por causa do barulho e o fumo e não tem dúvidas que “a poluição dos geradores até pode fazer aparecer doenças que até já foram eliminadas”.

Danos colaterais

encontram abertas até aos do-mingos. Por sinal, o comércio vai “tão bem”, que muitos dos estrageiros fazem também das lojas os seus dormitórios para poupar o dinheiro das rendas.

Os preços de geradores, normalmente os usados em casa e portanto de menor con-sumo, variam entre os 20 mil a cem mil kwanzas (equivalente a 200 a mil dólares). Depen-dem do tamanho e da capaci-dade das máquinas. São várias as marcas, mas a Elemax e a Honda são as mais procuradas. “Por semana podemos vender três a quatro geradores. Os que custam 300 dólares são os mais procurados”, conta Josefina Kangombe, gerente de um armazém no bairro da Fubú.

“Damos garantia de três meses. Se dentro deste tempo o gerador tiver uma avaria, o cliente volta à loja e verifi-camos. Se a avaria for de fá-brica nós responsabilizamos e podemos trocar o artigo, mas se for um problema provo-cado pelo cliente, não assumi-mos a culpa”, esclarece.

José Pascoal, vendedor numa loja no bairro do Katin-tom, conta que os geradores de 20 mil kwanzas são os mais concorridos no seu local de tra-balho. “São mais procurados porque são os mais baratos. Nós aqui cobramos vinte mil kwanzas, mas nos armazéns do ‘Hoji ya Henda’, custa 15 mil kwanzas. São os chamados Fofandó”, explica.

Grande parte das lojas, que se expandem nos bairros, são uma filial. No bairro Hoji ya Henda, estão instaladas as sedes do badalado comércio. Pelo menos, nos armazéns-sede, às sextas-feiras “não há geradores”. A explicação é simples: a maior parte dos donos professa religiões muçulmanas, sendo este dia da semana, reservado ao des-canso.

COMPRAR LUz E ‘MAKAS’ Os geradores resolvem o problema dos utentes, mas podem provocar também outras “makas”. Uma dos maiores é sentida no corpo e o outra no bolso. O barulho e o fumo afectam a saúde, sem esquecer o dinheiro que se gasta para o combustível e para o concerto em casos de avaria.

Joaquina Salvador, mora-dora da Fubú, em dois anos, comprou três geradores, de-pois de uma sucessiva série de ‘azares’: “Actualmente é quase impossível viver sem energia e quando cheguei neste bairro não havia luz, por isso, optei pelo gerador. Em 2010 comprei um de 700 dólares, mal fez um ano es-tragou. Os técnicos mexeram, mas não conseguiram concer-tar. No início de 2011, com-prei outro, de 300 dólares,

demorou apenas seis meses. Este ano, tive que comprar um outro que estou a uti-lizar”.

Um outro morador, mas do bairro Gamek, Manuel Bernardo, gaba-se de ter o seu gerador “impecável”, mas lamenta o que gasta para mantê-lo sempre ligado. “Nós até temos energia da EDEL, mas falha muito. Às vezes, ficamos semanas sem luz, aí recorro ao meu gera-dor. Só que por semana chego a gastar dois mil kwanzas de combustível e também é um incómodo o barulho que faz”, lamenta.

Já Madalena Branco, mo-radora do bairro ‘Terra Ver-melha’, apesar de reconhecer que os geradores são “nega-tivos”, mostra-se conformada por falta de opção. “Prat-icamente não dá para con-tar muito com a energia da EDEL. Antes de ter gerador, os meus frescos foram para o lixo, porque ficámos sem luz da EDEL, quase um mês. Por isso, comprei um gerador, mas também é uma dor de cabeça. Às vezes para arran-car é uma maka. Tenho que estar sempre a chamar o técni-co. É só aguentar”, consola-se, no momento em que puxa a manivela para pôr a máquina a funcionar.

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Angola participa na Sema-na do Aleitamento Mater-no, que se celebra em todo o mundo, e que decorre de 1 a 10 de Agosto. O ob-jetivo é chamar a atenção para a alimentação dos bebés e faz parte de uma estratégia global lançada em 2002, pela Organi-zação Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Cri-ança (UNICEF), que de-fine diversas metas para a melhoria das práticas ali-mentares e a consequente redução da malnutrição e pobreza.

A campanha, em An-gola, é coordenada pelo Ministério da Saúde e pretende alcançar o pon-

A Cruz Vermelha de Angola (CVA) lançou, em Luanda, o programa de formação de técnicos para os serviços de primeiros socorros.

A prioridade estratégica da formação recai sobre a prestação de serviços de apoio às áreas de saúde e pre-paração para desastres, onde

to quatro dos Objectivos do Milénio (redução da mortalidade em menores de cinco anos). A vice-ministra da Saúde, Evelize Freitas, reconhece que o país “precisa de redobrar os esforços”, apesar de ter “progredido satisfatoria-mente”.

O Ministério da Saúde lançou um repto às ad-ministrações municipais e unidades sanitárias, assim como à sociedade civil e sos órgãos de Comuni-cação Social, para que es-tejam mais envolvidos no desenvolvimento do pro-grama de actividades, a ser cumprido nesta semana e que visam a promoção do aleitamento materno.

se inserem os primeiros so-corros.

A CVA ainda tem como objectivo formar especialistas nas empresas e comunidades que assegurem a assistência, apoio, levantamento, eventu-al encaminhamento e trans-porte de doentes ou vítimas de acidentes aos hospitais.

As doenças respiratórias, como gripes, bronquites, pneumonia e tosses, são as que provocam mais interna-mentos nas diferentes uni-dades sanitárias no Cunene.

O director provincial da Saúde, Elautério Hivilikwa, explicou à Angop que são resultados das mudanças

climáticas principalmente nesta época do ano. De acordo com dados oficiais, estão in-ternadas 14.201 pessoas com doenças respiratórias.

De acordo com Elautério Hivilikwa, em 2007, a malária e a sida eram as que provoca-vam mais internamentos, mas o panorama alterou-se.

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Leite materno em campanha

Cruz Vermelha quer adequar primeiros socorros

Ministério participa na semana dedicada à alimentação de bebés

Doenças respiratórias lideram internamentos

Cunene

Estação fer-roviária do Kuxi

Menongue.

A entrada em circulação do comboio no troço que liga as três províncias Namibe, à Huíla e ao Kuando-Kubango está prevista, para este mês, com a novidade de vir equ-ipada com fibra óptica que permite a ligação pela inter-net em todo o percurso. O presidente do Conselho da Administração dos Camin-hos-de-Ferro de Moçâmedes, CFM, Daniel Quipaxe, ga-rante que, quando o comboio entrar em funcionamento, serão admitidos 700 jovens para trabalhar na empresa.

Mais 16 estações fer-roviárias foram inauguradas na Huíla e Kuando-Kuban-go, pelo ministro dos Trans-portes, Augusto da Silva Tomás. Na Huíla, foram aber-tas as estações de Mapunda, Arimba, Chanja, Tuntum,

Dongo, Carvalhais, Jamba, Tontunhe, Tetchacaia, Tcha-mutete, Caseta 37, Colui e Caseta 39. Enquanto em Menongue, capital Kuando-Kubango, há duas novas: Canone e Cuchi.

Eusébio de Brito Teixeira, governador do Kuando-Kubango, está convencido que os caminhos-de-ferro de

Comboio e net numa única linha

Novas 16 estações e fibra óptica está prevista para breve

Cerca de 700 jovens do Namibe, Huíla e Kuando-Kubango serão contratados nos caminhos-de-ferro de Moçâmedes. Além de novas estações, que ligam três províncias, toda a linha vai ter acesso à internet.

Por André Kivuandinga

Fotos Mário Mujetes

Estão a ser feitos trabalhos

para instalação do cabo de fibra

óptica.

Moçâmedes “representam para a nossa província uma mais-valia que despoletarão o desenvolvimento económi-co e social e vai influenciar na melhoria da qualidade da vida das populações”.

Ao longo de 900 quilómet-ros de carris percorridos pelo comboio experimental, estão a ser feitos trabalhos para instalação do cabo de fibra óptica que permitirá os pas-sageiros a ter acesso a Inter-net e telemóvel durante toda a viagem.

Apesar da ambição do projecto, a viagem inaugural sofreu alguns percalços. No trajecto, o comboio não re-sistiu ao andamento: parou a meio, com uma avaria, du-rante uma meia hora. Andou a seguir mais uns quilómet-ros, mas depois voltou a pa-rar, obrigando a comitiva a re-gressar ao Lubango de carro.

No total, foram construí-das 56 estações com serviços administrativos, salas de espera, bilheteiras e restau-rantes.

Os preços dos bilhetes ainda não estão definidos. O CFM criou uma equipa que está efectuar estudos sobre a frequência da circulação do comboio, de passageiros, de transporte de combustíveis e de outro tipo de mercadoria. Mas Daniel Quipaxe prom-ete, no entanto, estabelecer preços mais acessíveis.

É a terceira vez, num es-paço de duas semanas, que o Ministério dos Transportes inaugura um conjunto de es-tações ferroviárias, na Huíla, Namibe, Kuando-Kubango, Benguela, Malange e Kwan-za-Norte.

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Sociedade | Quinta-feira 2 de Agosto 2012 Quinta-feira 2 de Agosto 2012 | SociedadeSociedade Sociedade

Relatos de cidadãos que “viveram” nas cadeias con-tradizem a teoria de que as cadeias angolanas promovem a reeducação. Quem vive – ou viveu – numa cadeia garante que é uma miragem falar de formação profissional, que facilite a inserção social dos reclusos. Chamam aquilo “um inferno” em que um preso “fica maduro que nem um to-mate”.

Domingos Fernandes, 32 anos, já passou por duas ca-deias de Luanda (na central de Luanda e na de Viana). Em dois anos, assistiu a quase tudo: “A diarreia ou a sarna são, geralmente, os primei-ros sintomas, na primeira semana, de quem vai parar numa das cadeias de Luanda, porque a água é turva e a co-mida mal cozida”. Mingo, como também é conhecido, entende que a superlotação já é vista como se fosse normal. As celas foram concebidas

“Um dia parece um ano”vida na cadeia contada por quem lá viveu Sociólogo alerta

Por António Miguel

Por © Shutterstock

Abuso sexual entre reclusos

“Vi gente a morrer”

Condições desumanas provocam morte nas prisões

Cadeias devem reeducar

Domingos Fernandes jura que, nas duas cadeias em que esteve preso, assistiu a vários abusos sexuais entre reclusos. Os abu-sados são geralmente os que não recebem visitas: “Lá há muitos presos que estão em situação de abandono familiar e não recebem visita de nin-guém. Estes passam mal”. “ Aqueles que recebiam sempre alimentação dos familiares corrompem os que não têm nada. Eles dizem mesmo; epá, estás mal, vou arranjar-te umas de bobo (um pacote de bolacha), mas vais me dar umas confirmas. O outro, como quase sempre não tem comida, aceita a bola-cha e é abusado sexual-mente. Lá a vida é assim”, lamenta, recorrendo à gíria utilizada entre os muros das prisões.

A rebelião perpetuada por presos, em Outubro de 2007, na CCL, foi um dos momentos mais marcantes vividos pelo ex-presidiário Domingos Fernandes.

Naquela insurreição houve tiroteios e ele garante que viu “presos a serem balead-os”. “Foi a primeira vez que assisti alguém a morrer”, desabafa, acrescentado que

Os Serviços Prisionais são o órgão encarregue do controlo da execução de penas e medidas de segurança impostas pelos tribunais aos in-divíduos que tenham sido conde-

nados. É a obrigação dos serviços promover a reeducação, para serem reinseridos na sociedade, bem fazer o acompanhamento dos prazos de prisão preventiva.

Antigos reclusos chamam “inferno” às cadeias em que um preso “fica maduro que nem um tomate”. Falam em sobrelotação, contam que até há quem durma às portas das casas de banho e queixam-se de problemas de saúde provocados pela água e comida.

A água é turva e a comida é

mal cozida

’’

foi por consequência daquela confusão que foi transferido para a cadeia de Viana.

Domingos Fernandes encontra motivos para essa rebelião nas “más condições

de vida dos presos”, na “falta de respeito dos guardas” em que eles, “por tudo e por nada, davam-nos berros com ofensas morais”.

casernas inundadas e de ver gente a dormir em frente dos quartos de banhos. “Um dia passa a ser como se fosse um mês e um mês como se fosse um ano. Agora imagine anos e anos…”.

DROGA E DINhEIROEm 2010, Diogo Ribeiro, de 36 anos, também experimen-tou a mesma amargura e ag-ora compara a vida na cadeia “com o inferno”. Assegura que entra droga “como a liam-ba e a maconha a 500 dólares o quilo” e que “há gajos ricos, condenados que são colabora-dores da polícia”. Na cadeia, “uma chamada telefónica cus-ta mil kwanzas”. Diogo Ribei-ro garante que os “telefones são dos guardas, mas quem gere o negócio são alguns con-denados” e recorda-se de ter visto “um pastor, também ele detido, com 12 mil dólares”.

Conhecedor da vida pri-sional, não tem dúvidas que “nem o recreio é bom”: “Há um intervalo de 15 minutos, mas isso não é todos os dias. Também, é só para apanhar um vento, porque dentro você fica maduro que nem to-mate”. O recreio, esclarece, ex-iste apenas quando há visitas de governantes: “Nos metiam a jogar um futebolzinho para dar entender que as coisas es-tão bem. Mandam esfregar até as paredes”.

Diogo Ribeiro, que foi acu-sado de desvio de um milhão de kwanzas da empresa em que trabalhava, conseguiu livrar-se do “inferno” depois dos familiares terem contrata-do um advogado que provou a sua inocência. Domingos Fernandes também esteve preso, entre 2006 a 2008, por burla financeira. Agora trabal-ha como técnico de informáti-ca e promete fazer tudo para não voltar a uma cadeia. Am-bos contradizem a ideia que as cadeias promovem a reedu-cação e que “é uma miragem falar de formação”, que facilite a inserção social.

Angola tem actualmente 19.876 reclusos, que pesam cerca de 144 milhões de dólares, aos cofres do Estado. Na Comarca de Luanda, há cerca de 2000 reclusos, mas apenas 200 foram condena-dos, enquanto os restantes ainda não conhecem a sen-tença.

para duas pessoas, mas são aí “entulhados” dez a 15 reclu-sos. Ele próprio viveu numa caserna com 200 presos. Dor-mia no chão e esta tão super-lotado que quando alguém “se levanta para ir ao quarto de banho, ao regressar não dá conta do lugar em que estava a dormir”.

Ainda é com emoção que Domingos Fernandes se lem-bra das condições na cadeia: “as sanitas ficam constante-mente entupidas e vários reclusos defecam no chão, sem esquecer a raridade da água”. Recorda-se de ver “as

As condições desuma-nas que se verificam nas cadeias tornam o recluso “selvagem ao invés de reeducá-lo”, alerta o so-ciólogo e professor uni-versitário Lukumbo Nzato zola.

De acordo com o espe-cialista, os serviços prisio-nais “violam os direitos humanos”: “Aquelas pés-simas condições provocam constrangimentos, do ponto de vista psíquico e não só, que podem re-sultar na morte do preso. Este indivíduo, por exemplo, pode ter sido condenado a uma pena de um ano, mas acaba por perder aí a vida, como consequência de situações desumanas que encontra na

prisão”, alerta o sociólogo. A sobrelotação das ca-

deias é um dos factores que contribui para as péssimas condições, mas o Governo promete acabar com esta situação em 2014. O Minis-tério do Interior elaborou um plano de expansão das infraestruturas prisionais, denomidado ‘Novo Rumo, Novas Oportunidades”. O plano, apresentado a semana passada, prevê triplicar praticamente a capacidade do sistema prisional, atingindo os

30 mil lugares com a construção de

novos estabel-ecimentos e a ampliação dos actuais.

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| Quinta-feira 2 de Agosto 2012 Quinta-feira 2 de Agosto 2012 | Sociedade

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Livro gratuito explica como se vota

Um livro em banda desenhada, cuja protagonista da história é a ‘família Ngunza’, é um dos meios que a Comissão Nacion-al Eleitoral (CNE) encontrou para explicar a utilidade do voto e o que o que está em causa nas eleições de 31 de Agosto. O pequeno livro está a ser distribuído, gratuitamente, em todo o país. Em apenas 18 páginas, em linguagem simples e através

de diálogos em família, dos mais velhos aos mais novos, a CNE lembra as eleições de 2008, e diferencia-as das deste ano; recorda, em poucas palavras, o que a actual Constituição de-termina para eleições; e incentiva toda a gente a ir votar. O ‘Nova Gazeta’ reproduz aqui parte deste pequeno livro ex-plicativo.

Eleições em banda desenhada

Sociedade

O Direito à NacionalidadePedro Salvador, 36 anos de idade, nasceu no Cunene. Segundo soube pelos pais já falecidos, tinha sido reg-istado, mas devido à guerra, a família emigrou para a Namíbia. Fora do país, per-deu toda documentação. De regresso a Angola, diz ter tentado regularizar-me, mas não conseguiu porque os arquivos antigos foram destruídos.

À luz da lei, a nacionali-dade angolana pode ser de origem ou adquirida. Ela estabelece as condições de atribuição, aquisição, perda e reaquisição da nacionali-dade. É cidadão angolano o filho de pai ou mãe de na-cionalidade angolana nas-cido em Angola; o filho de pai ou mãe de nacionalidade

angolana nascido no es-trangeiro.

Pode ser concedida aos filhos menores, ou inca-pazes, de pai ou mãe que adquire a na-cionalidade angola-na e que tal solicite podendo aqueles optar por outra nacionalidade quando at-ingirem a idade adulta.

Abrange tam-bém o indivíduo nascido em Angola quando não pos-sua outra nacionalidade; o indivíduo nascido em ter-ritório angolano filho de pais desconhecidos, de na-cionalidade desconhecida; o estrangeiro casado com nacional, por mais de cinco

EsPAço CidAdAniA - Conheça os seus direitos e deveres

Os cidadãos que precisem de recorrer à nacionalidade angolana, devem contactar a conservatória do registo civil mais próxima da sua residência.

Como Contactar...

naquelas ocasiões em que o Ministério da Justiça realiza as chamadas campanhas de registo gratuito para de adultos.

Todos angolanos ar-riscam-se a perder a nacion-alidade quando os actos e factos mostram-se contrários aos que, nos termos da mes-ma lei, lhes deram origem.

anos, podendo mantê-la ain-da que, mais tarde, se registe a anulação do casamento

Os pais de crianças que ainda não estejam reg-istadas devem dirigir-se à conservatória do reg-isto civil para solicitar a emissão de uma certidão narrativa completa de registo de nascimento, seguido da cédula pes-soal.

Mas os pais devem estar munidos dos seus respectivos bilhetes de identidade, o mesmo

documento de que a criança por registar estará habilitado a tratar na idade adulta.

Os adultos não registados até ao momento por vários motivos devem dar os mes-mos passos, principalmente,

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| Quinta-feira 2 de Agosto 2012 Quinta-feira 2 de Agosto 2012 | PolíticaPolítica

Os focos de corrupção, que

ainda perduram, resultam das

fragilidades que as instituições públicas ainda apresentam.

Devem esperar pelos resultados do processo de

modernização que o governo está a

implementar.

“Se nos concentrarmos no fenómeno da corrupção e olharmos para o país que temos, vamos concluir rapidamente que estamos muito mal. Nas escolas e em todas instituições públicas assistimos à pouca vergonha de Angola.

Julgo que a corrupção está nitidamente ligada à mente do angolano. Do topo à base, a situação tende a piorar cada vez mais. Com uma mente corrupta, estamos a projectar um país de gente vazia e cheia de contrariedades ao desenvolvimento.

Vivemos numa sociedade em que dar uma ‘gasosa’ ao professor, ou ao funcionário da repartição comunal, municipal ou provincial, passou a ser algo normal; onde a prestação de serviços por parte do servidor público

se transformou numa espécie de favor do que obrigação.

A corrupção anda à velocidade de cruzeiro e os que podem detê-la parecem apoiá-la pelo silêncio que adoptaram.

As diferenças que notamos, entre a existência de várias leis contra corrupção, mas que não se efectivam na prática, dão-me a ideia de estarmos diante da institucionalização desse fenómeno.

Estamos todos fartos de vermos membros do Governo a apossarem-se do dinheiro que a todos nós pertence para contas particulares. Estamos diante de um problema reconhecido, aliás, pelo próprio Presidente da República quando afirma que, depois da guerra, a corrupção passou a ser “a maior desgraça dos angolanos”.

“Estamos todos de acordo de que em Angola existe a corrupção. Aliás, não conheço nenhum país onde esse fenómeno não exista. Mas precisamos de separar as coisas. Não podemos propalar nos quatro cantos do mundo de que Angola elege a corrupção como ‘modus operandi’ das suas instituições. Isso não é verdade.

O que acho é que os actos de corrupção que ainda se verificam têm lugar naquelas instituições onde a organização e modernização da sua capacidade operacional é ténue; onde a burocracia e os actos administrativos se afiguram complicados.

Contudo, à medida que o Estado vai reorganizando e modernizando as instituições, as fontes de corrupção vão desaparecer paulatinamente de forma natural. E temos exemplos: há alguns

anos nas Alfândegas registava-se uma série de irregularidades desde a fuga ao fisco e outros factores que se podiam traduzir em actos de corrupção. Hoje essa situação já não se coloca por força dos investimentos públicos focados na modernização desses serviços.

Outro exemplo vem-nos dos Serviços de Migração e Estrangeiros (SME).Ontem a emissão de um passaporte era ‘um deus nos acuda’, dando espaço fértil para as ditas ‘gasosas’. Hoje os moldes de operacionalidade do SME registam melhorias substanciais.

O que a mim parece fundamental é que, ao processo de substituir das tecnologias velhas pelas novas, deve-se aliar a formação do homem para moldar o comportamento na sua relação com o público”.

Corrupção: eterna ou com fim à vista

raúl Tati, teólogo e defensor cívico

josé Ribeiro, Demógrafo

A sociedade está doente por

força da corrupção que não só está

generalizada como também tem o cunho institucional.

Parece-me que as pessoas estão distraídas, mas

isto vai de mal a pior…

“ “

’’ ’’

“A corrupção tem os dias contados”

A corrupção em Angola está institucionalizada ou simplesmente generalizada? Há quem defenda as duas perspectivas, mas há aquelas que não defendem nem a primeira e muito menos a segunda visão e até entendem que o fenómeno tem os dias contados.

“A corrupção está a aumentar”

tELEvISãO (tPA)

5 MINutOS DIÁrIOS

FuMA 20H00 20h05

CPO 20H05 20H10

ND 20H10 20H15

PAPOD 20H15 20H20

CASA-CE 20H20 20H25

uNItA 20H25 20H30

FNLA 20H30 20H35

PrS 20H35 20H40

MPLA 20H40 20H45

tempos de antena atribuídos

Campanha eleitoral em marchaA campanha eleitoral em Angola para as eleições de 31 de Agosto arrancou oficialmente no dia 31 de Julho. Antes do início da campanha, a Comissão Nacional Eleitoral sorteou a ordem dos tempos de antena que serão emitidas pelos órgãos públicos: a Rádio Nacional de Angola e a Televisão Publica de Angola.

A lei eleitoral atribui a cada partido cinco minutos diários, na TPA, entre as 20 e as 20.45. Enquanto que na rádio, 10 minutos de tempo antena, a ser emitido a partir das 15 horas.

No quadro ao lado, pode-se conferir o posicionamento das listas partidárias na RNA e TPA.

rÁDIO

10 MINutOS DIÁrIOS

FNLA 15H00 15h10

CPO 15H10 15H20

PAPOD 15H20 15H30

FuMA 15H30 15h40

CASA-CE 15H40 15H50

MPLA 15H50 16H00

PrS 16H00 16H10

uNItA 16H10 16H20

ND 16H20 16H30

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Política

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Distribuir melhor o aumento da qualidade de ensino em todo o sistema de educação, aliado à expansão das infra-estruturas escolares, são as metas preconizadas pelo MPLA no domínio da Educação. o MPLA promete o ingresso de 200 mil novos estudantes no ensino superior, bem como enviar seis mil novos estudantes para o exterior, além de pretender reforçar a formação de médicos passando dos cem anuais para 500 a partir de 2014. o MPLA defende a reinserção socioprofissional de 185 mil desmobilizados, incluindo os de necessidades especiais, o acesso a 50 mil jovens ao crédito bonificado e a criação de 50 incubadoras de negócios. Estabelece prioridade na contratação de mão-de-obra juvenil nos programas de construção, bem como promete facilitar a integração dos jovens no mercado de emprego. o MPLA dá o nome do programa ‘Angola crescer mais e a distribuir melhor”. o enfoque é o combate à pobreza, o aumento da qualidade de vida e a transformação dos recursos naturais em riquezas reais. o programa assenta ainda em cinco eixos fundamentais de actuação que passam pela consolidação da paz, o reforço da democracia e a preservação da unidade e coesão nacional. Maior inserção da juventude na vida activa, apoiar o empresariado nacional, bem como o reforço da inserção competitiva de Angola no contexto internacional fazem igualmente parte dos eixos do programa. no domínio macroeconómico, o MPLA predispõe-se a atingir uma taxa média anual de crescimento sete por cento, bem como alcançar uma taxa de desemprego inferior a 20 por cento e uma taxa de emprego superior a 90 por cento. Além disso defende uma inflação até nove por cento. Aprofundar a reforma do sistema nacional de saúde, garantir o acesso universal e a utilização dos serviços de saúde, o fortalecimento do sistema tendo o município como centro das actividades são acções que se destacam.

De olho na EducaçãoA Convergência Ampla de salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CAsA-CE), nova coligação formada este ano, preconiza como prioridade a Educação, com particular ênfase no combate ao analfabetismo. “Pretendemos acabar com o analfabetismo durante o mandato de cinco anos, criar um ensino sustentável” promete André Gaspar Mendes de Carvalho, coordenador geral da campanha.

o Partido de Renovação social (PRs) reitera no seu programa a pretensão de um Estado federado, transformando as 18 províncias em Estados, dotados das assembleias provinciais que teriam tarefa de legislar matérias de âmbito locais, assegura o porta-voz da terceira forca política, Joaquim nafoia. segundo eles, o sistema político proposto trará solução para os problemas de Cabinda, Lundas, detentoras de recursos bastante significativos para o orçamento, petróleo e diamante, porem a braços com movimentos que reivindicam maior autonomia na gestão daqueles territórios.

o programa projecta que os Estados deverão remeter para união 50 por cento das receitas arrecadadas, retendo outra parte para suportar toda a actividade da administração local.

Angola federal

Melhor salário mínimo

Dar a terra aos cidadãos

A pensar nos sindicatos A Nova Democracia União Eleitoral (ND) elege como ‘cavalo de batalha’ a elevação do nível de vida dos angolanos através da subida do salário mínimo nacional. De acordo com o seu director de campanha, Laíz Eduardo, a sua organização prima pelo resgate do espírito que norteou os angolanos a lutar pela independência.

A ND – que escolheu Namibe como palco no arranque da campanha eleitoral de 31 de Agosto – propõe ainda um governo que lute pelo desenvolvimento através da potenciação das micro, pequenas e médias empresas. De 44 páginas, o manifesto eleitoral, com o lema “ND – o caminho seguro para o futuro de Angola”, compromete-se a tirar o povo da miséria por intermédio da assunção de políticas viradas para a agricultura.

O programa de governo da FNLA fundamenta-se no slogan ‘liberdade e terra’ e atribui grande relevância a aspectos económicos com intuito “conferir a dignidade a todos os angolanos”, disse, o porta-voz do partido, Fernando Pedro. A FNLA defende, como prioridade, a restauração do direito da terra aos cidadãos, por entender que é uma das formas de combate à pobreza, além de preconizar a promoção do empreendedorismo nacional de forma a incentivar e potenciar os jovens detentores de pequenos negócios. Na educação, maior investimento nas infra-estruturas e acesso gratuito até 12ª classe constituem prioridade do partido. “O apoio à actividade de investigação e desenvolvimento que não existe no país terá também um grande pendor no nosso programa, sobretudo nas áreas produtivas como agricultura, pescas, etc”, garante Fernando Pedro. Na vertente social, defende a revisão do salário da função pública, incluindo o salário mínimo nacional, assegurando que “há condições para que se pague 70 mil Kwanzas”, bem como não desarma da velha ideia de instituir o subsídio de desemprego.

Caso seja eleito Presidente da Republica, o líder do PAPOD, Artur Quixona Finda, pretende trabalhar na aplicação e investimento sustentável para o desenvolvimento económico e social, “visando o progresso social”, além de apoiar e desenvolver o “sindicalismo, a fim de servir de equilíbrio entre a entidade empregadora e o emprego na elevação da produção”.

Artur Quixona Finda considera a família e ter paz, perdão, reconciliação e desenvolvimento, como imprescindíveis para uma “coabitação saudável”.

Combate à pobrezaA UniTA, o maior partido da oposição, sob o lema ‘Unidos pela mudança’, estabelece pontos prioritários da governação: o líder compromete-se a ser presidente de todos os angolanos,

respeitando a pluralidade cultural, religiosa e partidária, e promete prescindir do vínculo com o partido; propõe-se integrar os angolanos

mais competentes e qualificados das mais diversas áreas do saber num novo governo; estabelece cinco programas de emergência nacional, ligados ao emprego, habitação, saúde, educação e segurança social. Para a juventude, propõe adoptar medidas que visem a melhoria da condição de vida que garanta o acesso à educação, à formação técnicoprofissional; quer facilitar o acesso ao primeiro emprego; propõe a criação de bolsas de estudos internas e externas, bem como instituir o cartão-jovem que facilite

a compra de livros, o ingresso na universidade e à habitação com juros bonificados. o combate

à pobreza assume o maior destaque no programa da UniTA, propõe-se aplicar um

programa nacional, a quem pretende alocar igual verba do orçamento destinado à segurança e à defesa.

na vertente económica, a diversificação da economia constitui a sexta prioridade, A UniTA preconiza investimentos massivos na educação e saúde, bem como na criação de empregos em todo território nacional. Pretende institucionalizar o salário mínimo de 50 mil kwanzas. A última prioridade é a defesa

do Estado, na qual consagra eleições directas e separadas para

Presidente da República, deputados da Assembleia nacional e os autarcas,

além de preconizar delegar competências aos governos provinciais, com a criação de

autarquias locais.

Mais qualidade A Frente Unida para a Mudança de Angola (FUMA) defende a mudança como “apanágio” de uma “melhor governação e melhoramento da qualidade de vida”.

de acordo com o líder da coligação, António Muachicungo, o programa propõe uma mudança de vida que possa alcançar maiores

benefícios no crescimento e desenvolvimento sustentável”. A defesa das conquistas que o país já alcançou , como a soberania nacional, a independência e a paz, é um objectivo

igualmente gizado pela coligação de cinco partidos (PndA, PELA, PRE, PFdA e PRsd).

| Quinta-feira 2 de Agosto 2012 Quinta-feira 2 de Agosto 2012 | PolíticaPolítica

Programas para todos os gostos

Partidos posicionam-se para a corrida eleitoral de 31 de Agosto

Está aberta a batalha programática entre os concorrentes às eleições gerais de 31 de Agosto. Os partidos já apresentaram os respectivos programas de governo. Os documentos reúnem as primordiais directrizes políticas e as propostas de cada um deles. A juventude é uma das principais preocupações.

Por Valdimiro Dias

Política

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Economia| Quinta-feira 2 de Agosto 2012

Economia o Banco Millénnium Angola obteve, em 2011, resultados líquidos em 44 milhões de dólares e concedeu no mesmo período, crédito bruto no valor de 644, 3 milhões de dólares.

Em seis meses já foram superados os valores do ano passado

Aumentaram, este ano, os investimentos estrangeiros em Angola, de acordo com dados da Agência Nacional de Investimentos Privados. A presidente, Maria Luísa Abrantes, está preocupada com as empresas ilegais.

Angola capta mais investimentos

Os contratos de investimen-tos privados em Angola ul-trapassaram, em seis meses deste ano, os mil milhões de dólares, superando assim os 800 mil milhões de dólares, registados o ano passado.

A informação foi divul-gada pela presidente da Agência Nacional de Inves-timentos Privados (Anip), Maria Luísa Abrantes, du-rante a sessão de assinatura

de cinco contratos de investi-mentos privados. Os maiores investimentos estrangeiros, registados pela ANIP, são provenientes de Portugal, China, Espanha e Alemanha e, na sua maioria, são di-rigidos à indústria e à con-strução civil, especialmente, na produção de materiais.

De acordo com os dados da ANIP, os investimentos chineses têm hoje um “peso

Maria Luísa Abrantes lembrou que Angola dá preferência a algumas áreas de investimentos, como a indústria, que “traz mais-valias”.

Apesar destes inves-timentos, Maria Luísa Abrantes alertou para a ile-galidade nalgumas empresas estrangeiras possam estar a cair, por operarem em sem passar pela ANIP: “São em-presas contratadas por ango-lanos, mas, uma vez termi-nado o acordo vão operando à margem da lei. A única forma de sair dessa situação passa pela sua formalização na ANIP”.

A presidente da agência de investimentos lembrou que essas empresas podem cair na alçada dos Serviços de Migração e Estrangeiro (SME) e qe podem ficar sem possibilidades de impor-tarem bens por “estarem il-egais”.

Os cinco contratos foram assinados entre a ANIP e as empresas Movicel Telecomu-nicações, Roman Consulto-ria, Float Numbers Angola, Trivision Investment e a Politérmica, todas sediadas em Luanda, e estão avalia-dos em mais de 313 milhões dólares.

ISENçõES Actualmente, o valor mín-imo para se investir em Angola é de um milhão de dólares. A legislação prevê incentivos para os investi-dores estrangeiros e nacion-ais, sendo que, alguns deles, passam pela isenção de im-postos. Quem fizer inves-timentos no Huambo, Bié, Moxico, Kwando-Kubango, Cunene e Zaire fica isento de pagamentos de impostos so-bre aplicação de capitais por um período de 15 anos. Para aplicações feitas no Kwanza-Norte, Kwanza-Sul, Bengo e Uíge, há isenções sobre o mesmo imposto por um período de 12 anos, e oito anos para quem investir em Cabinda, Benguela e Huíla.

considerável em relação aos demais países.”

A União Europeia é ac-tualmente o terceiro maior parceiro comercial de An-gola, tendo as exportações europeias duplicado desde 2005, e é também o seu maior doador de ajuda pública ao desenvolvimento, com um programa no valor de quase 300 milhões de dólares entre 2008 e 2013.

Os investimentos chineses têm

hoje um “peso considerável” em relação aos outros países.

Em Agosto, o organiza

Iº debate nacional com as organizações juvenis partidárias

Que têm os partidos para oferecer à juventude?

Fotos: Mário Mujetes

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| Quinta-feira 2 de Agosto 2012 Quinta-feira 2 de Agosto 2012 | EconomiaEconomia

Entrevista a Agostinho Kapaia, empresário

Com apenas 33 anos, Agostinho Kapaia lidera o grupo OPAIA que fundou há 10 anos. Começou do quase zero até conseguir erguer uma estrutura que tem quatro accionistas angolanos e já pensa em saltar fron-teiras. Nesta entrevista, o jovem empresário crítica a preguiça dos jo-vens e desafia-os a serem empreendedores.

“Não se pode ficar sentado, à espera”

NOVA GAzETA (NG): Está à frente de um grupo empresarial, com participação em vários sectores. Como é que entrou no mundo dos negócios?Agostinho Kapaia (AK): Em 2002, eu e o meu primo de-cidimos fazer o negócio da venda de material informáti-co, comprávamos em Luan-da e íamos revender noutras províncias. Para o primeiro negócio pedimos empresta-do cinco mil dólares, com os quais comprámos o material nas organizações Chana para montar um projecto no Namibe. Éramos téc-nicos de informática, tínhamos alguma for-mação e prestávamos serviços nalgumas empresas onde ganhávamos um salário irrisório. Depois de 15 dias já não

Perfil

Agostinho Kapaia nasceu no huambo e cresceu entre Lubango e Luanda. É formado em economia pela Universidade Católica de Angola e tem uma pós-graduação em gestão empresarial pela Universidade Nova de Lisboa, Reconhece ter sido difícil fazer a formação em Lisboa porque teve de deixar o emprego, mas considera que “valeu a pena”. hoje, já reconhecido como empresário de sucesso, recomenda, aos candidatos a entrar no mundo de negócios, que leiam os livros de Bill Gates.

Por José Zangui

Fotos Santos Samuesseca

vale muito. Mas não custa nada!

tínhamos dinheiro para pa-gar a faculdade nem outras necessidades. Isso levou-nos a pensar noutras fontes de rendimento.

NG: Foi difícil entrar no mundo dos negócios, naquela altura onde as iniciativas de crédito eram quase nulas? AK: A maior dificuldade é as pessoas não acreditarem. Tínhamos projectos, ideias, mas as pessoas não acreditavam em nós porque pensavam que iamos esbanjar o dinheiro. Mas nós tínhamos uma determinação e firmeza porque sentíamos que havia um vazio de técnicos de informática. O meu curso custou 100 dólares, pago do meu primeiro salário, e daí para frente foi apenas acreditar. Posso dizer que tudo começou

com 100 dólares.

NG: Começou praticamente sem dinheiro, hoje considera-se um empresário de sucesso, onde está o segredo?AK: O segredo, como muitos livros escrevem, consiste na fé. A gente tem de acreditar e posso assegurar que o nosso grupo não é o único. Tenho estado a passar esta men-sagem aos jovens, aliás, há jovens que aconselhei e que

hoje são em-presári-

negócios é preciso dinheiro. Antes de mais é preciso ter iniciativa, ideia, criatividade, porque há pessoas que têm dinheiro e não sabem fazer negócios. Há pessoas que já receberam créditos de 10 mil dólares e que os desperdiçar-am.

NG: Quais são as suas ambições empresariais?AK: Pessoalmente quero continuar a liderar o grupo Opaia, por considerar ser ainda muito novo, quero manter a minha posição de empresário de sucesso e levar a bandeira de Angola com a expansão do Grupo. NG: Qual é a visão que tem do país, dez anos depois do fim da guerra?AK: É um país que está num bom momento, estamos a passar um momento históri-co, por sermos um dos pou-cos países do mundo que mais cresce. Há um desafio macroeconómico que é baix-ar a inflação a um dígito. Por-tanto a minha visão é de que Angola é um país do futuro. É verdade que nem tudo vai bem, há muita coisa por fazer, mas cabe a cada um de nós dar a sua contribuição.

NG: Sente que os jovens têm dado a sua contribuição para o país que se deseja?AK: Bem, noto ainda aquilo a que considero de conflito de geração, os mais velhos não acreditam nos jovens, estes por sua vez reclamam mais oportunidades. Mas não se pode ficar sentado à espera. É preciso tomar iniciativas. Há jovens que montam ar condi-cionado, trabalham por conta própria, e é assim cada um da sua forma deve dar o seu contributo. O maior prob-lema, às vezes, é a preguiça. Há uns que preferem ficar em casa alegando que os salários são miseráveis. E todos que-rem ser chefes.

os. Tudo tem muito a ver com a determinação. A primeira coisa é gostar do que quere-mos fazer.Infelizmente, em Angola, há um problema cultural: a maior parte dos jovens uni-versitários quer trabalhar no Ministério das Finanças, no BNA ou na Sonangol. Não há espírito de negócio e, às vezes, quem faz negócios são tidos como candongueiros. Todo mundo quer ser chefe.

NG: E como deve ser invertida esta mentalidade?AK: Os jovens angolanos têm oportunidades impares. Primeiro porque estão num país em que há condições claras de crescimento. As condições macroeconómicas permitem montar negócios. Segundo, porque o Governo está a desenvolver um pro-jecto para lançar e fomentar o empresariado nacional. Está a ser criada uma série de di-plomas de apoio à juventude com acesso ao crédito. Um dos exemplos é a criação do BUE. Há uma visão do Gov-erno de apoiar a juventude e lembro-me de um discurso do Presidente da República em que diz que a economia real tem de estar nas mãos

dos angolanos.

NG: Se há condições então o que falta aos

jovens?AK: Penso que fal-

ta mais agressivi-dade, porque

nem sempre para fazer

O maior problema é a preguiça. Há uns que preferem

ficar em casa alegando que os salários são miseráveis. E todos querem

ser chefes.

’’

Em 1995, Agostinho Kapaia fez um curso de informática no valor de 100 dólares. Depois do

Agostinho Kapaia garan-te que o grupo quer par-ticipar na reconstrução nacional e empregar de forma directa ou indirec-ta jovens e aplica uma política de estágios em que alunos de diferentes universidades e institutos médios fazem estágios nas empresas do grupo.

De 100 dólares a empresário

Opaia Grupo quer transpor fronteiras

certificado começou a dar aulas de informática, apenas com 17 anos de idade. Já qualificado como técnico

de informática, ele e o primo prestaram serviço nalgumas empresas, onde ganhavam um “salário irrisório”. Como ainda estudavam, decidiram en-contrar outras fontes para sustentar os estudos. Foi assim que em 2002 come-çaram a comprar material informático em Luanda para os revender noutras províncias. “O momento era fértil”, lembra o jovem empresário 10 anos depois. Começaram com cinco mil dólares iniciais graças a um empréstimo.

a Opaia tem uma partici-pação de 30 por cento na escola técnica superior de administração pública, que prevê arrancar em 2013.O grupo pretende criar uma rede de 20 hotéis, sendo que o primeiro será inaugurado na cidade do huambo no próximo mês. O processo de recruta-mento do pessoal está em marcha. Outra área de in-teresse do grupo é o sector financeiro.

Neste momento, tem 70 estagiários, 250 funcionários e, ainda este ano, conta con-tratar mais 100. Chegar ao Brasil e Moçambique consta dos planos de expansão do grupo.Com uma estrutura de quatro accionistas nacionais, o grupo está ainda ligado ao combate à pobreza. Tem projectos em energias re-nováveis, água, construção, consultoria. Na educação,

Projecto de energia do

grupo Opaia.

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| Quinta-feira 2 de Agosto 2012 Economia

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Sonangol lança cartão para empresas

Emprestados 148 milhões de dólares

Kwanza-Norte

Luena

Gasolina pré-paga

Banco Sol apoia microcrétido

BUE contrata 156 jovens

Kora-Angola vai construir 425 casas no Moxico

GLOSSáRIO ECONóMICO

EMIS: Empresa Interbancária de Serviços. Responsável em Angola pelos ATM-multicaixa.

CEO: Chief Executive Office (em inglês). Em português equivale a Presidente do Conselho de Administração (PCA). É o cargo que está na hierarquia operacional da empresa.

Empreendedor: Aquele que detecta oportunidades e cria negócios, assumindo riscos.

Linha de crédito: São limites de crédito, do tipo empréstimos, concedidos a pessoas físicas ou jurídicas, oferecidas por instituições bancárias ou financeiras.As linhas de crédito têm seus limites estipulados por meio da análise de renda.

Foi apresentado oficialmente, pela Sonangalp, o primeiro cartão de combustíveis, no mercado angolano, designado ‘Sonangalp Frota’. A utilização deste cartão é restrita às estações de serviço da marca.

O ‘Sonangalp Frota’, que resulta de uma parceria com o Banco Keve e que assenta na plataforma da EMIS (empresa interbancária de serviços), destina-se essencialmente a clientes empresariais, permitindo-lhes optimizar a gestão das suas frotas e administrar de forma mais segura e eficiente as suas despesas de transporte.

É um cartão pré-pago que, além de flexibilidade de gestão, permite assegurar que os limites de consumo estabelecidos

não sejam ultrapassados e que os condutores dos veículos não necessitem de transportar dinheiro. As transacções efectuadas com cada cartão são igualmente controladas através do telemóvel, por SMS, e de um extracto de conta a ele associado.

Os cartões podem ser personalizados com os dados pretendidos como a matrícula da viatura e o nome do titu-lar do cartão ou do condutor, sendo possível às empresas, de forma interactiva e através da plataforma do banco na Internet, proceder a carregamentos adicionais, aumentar ou diminuir o saldo, consultar transacções e desactivar o cartão.

O Banco Sol disponibilizou, no primeiro semestre deste ano, cerca de 148 milhões dólares em microcrédito. Segundo o presi-dente do Conselho de Adminis-tração do banco, Coutinho Nobre Miguel, a instituição tem uma estratégia mensal de conceder um milhão de dólares às micro, pequenas e médias empresas.

O Banco Sol tem o crédito agrícola de investimento, de campanha, bem como financiamen-tos aos programas “Angola Investe” e “Empreendedoris-mo na comunidade”.

Os Balcões Único do Empreendedor (BUE), que vão ser abertos em10 municípios, seleccion-aram mais 156 jovens do Kwanza-Norte. Os futuros funcionários do BUE deverão dar apoio às actividades das micro, pequenas e médias empresas.

Os 156 já foram submetidos a vários semi-nários e formação. Aprenderam, por exemplo, a lei do funcionamento dos Balcões Único do Empreendedor, o fluxo de funcionamento dos serviços, técnicas de atendimento, bem como ética e deontologia profissional.

Nos balcões do BUE, é possível tratar com facilidade de vários documentos num único local, desde o bilhete de identidade, cartão de contribuinte, abertura de conta bancária, criação de uma empresa, entre outros serviços.

A Kora-Angola assinou um contrato com a empresa Soconstruções para a construção de 425 fogos habitacionais e 48 espaços comer-ciais do projecto horizonte, em Luena-Moxi-co.

As obras terão início em Agosto e prevê-se que estejam concluídas no primeiro trimes-tre de 2013. O projecto contempla moradias geminadas de um e dois pisos e ainda aparta-mentos de quatro andares sem elevador, com quatro moradores por piso. As casas são de tipologia T3 e possuem 100 m2 de área bruta, cada uma.

Em parceria com o governo, através do Programa Nacional de habitação - “Meu Sonho, Minha Casa”, a Kora-Angola é respon-sável pela construção e comercialização de 40 mil fogos em seis províncias.

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Este jornal está nas mãos do futuro de Angola.A sua marca pode estar lá também.

O primeiro jornal gratuito de Angola tem um alvo muito especial: estudantes universitários, os seus professores, todos os que trabalham para a multiplicação do Conhecimento nesta nossa renovada Nação. Os líderes de amanhã, em resumo.O seu negócio, os seus produtos, as suas marcas, tudo pode ter lugar reservado nesta montra privilegiada; anunciar no Nova Gazeta é uma aposta ganha; hoje e amanhã.Ligue hoje mesmo o 927596835 e veja

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Economia

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| Quinta-feira 2 de Agosto 2012

O Kero pretende alargar o seu cariz comercial para o social, estando mais próximo das comunidades onde tem lojas. O primeiro passo foi dado com o compromisso de apadrin-har 500 crianças de cinco centros de acolhimento que estejam em regime de internato. São no total 500,

Cinco lares de acolhimento vão receber alimentos

Kero apoia criançasnum âmbito de um progra-ma que a rede denominou ‘Kero Kandengue’.

Cada loja Kero entrega ao centro de acolhimento que estiver mais próximo, produtos frescos não ven-didos nos dias regulares de actividade do supermer-cado.

O Instituto Nacional da Criança (INAC) forneceu uma lista de 16 centros e deste foram seleccionados cinco: centro Mamã Muxi-ma, Casa da Crainça Obra Caridade Santa Isabel, Centro Programa Criança Feliz, Centro de Acolhi-mento Arnaldo Janssen e o Lar Bakhitas.

Segundo a directora de comunicação e marketing do Kero, Isabel Capacho,

A rede de supermercados Kero vai apoiar 500 crianças internadas em lares. Muitas delas foram abandonadas, acusadas de serem feiticeiras.

Por José Zangui

Fotos Mário Mujetes

“o número poderá crescer para 800 com a abertura de dois hipermercados nos próximos centros, um em Viana e outro no Lobito, em Benguela.

O Lar Bakhitas alberga, 600 crianças, dos três aos 18 anos de idade, das quais apenas 58 são internas, acusadas de feitiçaria e que foram trazidas pelo INAC ou por missionários que as encontram a serem mal-tratadas.

Cada loja Kero entrega ao centro de acolhimento que estiver mais próximo, produtos frescos.

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Caderno do Estudante

Caderno do Estudante

DemasiaDo longe para quem estuDa

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Sem rampas Malanje universitária

aula do profEssor A economia explica como a sociedade se move. É uma das lições deste caderno. Pág. 31

CurIosIdadEs Aves e polvo têm consciência. O número de telemóveis já é superior ao número de habitantes Pág. 26

O ‘campus’ universitário de Luanda não tem acessos para deficientes, apesar de ter vários pisos.

Deverá estar pronta a primeira universidade privada de Malanje.

Alunos desistem de frequentAr As AulAs por cAusA dA distânciA

Quinta-feira 2 de agosto 2012

Os alunos de Luanda, que frequentam o ‘campus’ da Universidade Agostinho Neto, não têm alternativas: estudar lá só indo de táxi. Uns pagam 800 kwanzas por dia, em várias viagens, entre o ‘campus’ e o centro da cidade. Já há registos de desistências. Os alunos pedem mais transportes colectivos que lhes facilite a vida.

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Caderno do Estudante

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Campus universitário fica longe

nenhum”, lamenta Cláudio Guerra, estudante do curso de engenharia. “Conta-se pe-los dedos da mão, o número de aulas que se vão registan-do em cada sala, curso ou pe-ríodo”, continua o estudante, morador do Morro Bento. Já Alexandre Chicomo, que

distância provoca desistência de professores e estudantes

Os autocarros públicos não andam por aquelas bandas. Há estudantes a pagarem 800 kwanzas/dia só de táxis para poderem frequentar as aulas

Por António Miguel

Fotos Mário Mujetes

gasta 600 kwanzas/dia para chegar à universidade, apela às direcções das operadoras de transportes públicos, para porem a circular autocarros naquelas paragens.

“Vivo na Samba e todos os dias gasto 600 kwanzas para chegar aqui. Quantos os táxis

Professores e estudantes queixam-se da longa distân-cia que têm de percorrer até chegar ao campus da Uni-versidade Agostinho Neto, no Camama. Inaugurado em Novembro do ano passado pelo Presidente Eduardo dos Santos, o campus dista cerca de 20 quilómetros do centro de Luanda.

A falta de transportes pú-blicos nas imediações torna o caminho ainda mais longo e consequentemente, regis-tam-se desistências de estu-dantes e até de estudantes. “Se os professores, que têm carro, estão a desistir, imagi-ne nós que temos de depen-der de táxis. É um problema tanto para nós, os estudan-tes, como para os professo-res. Assim não vamos a lado

encurtam as vias gasto 800 kwanzas. Por isso, pelo me-nos a TCUL, que é do Estado, tem de pôr aqui autocarros. Há colegas até a desistir por falta de dinheiro para pagar táxis”, conta Alexandre Chi-como que não tem dúvidas que vai haver “mais desistên-cias”.

Outra distância que abor-recia os estudantes, logo depois do arranque do ano académico, era a percorrida entre os portões do ‘campus’ até às salas de aulas (mais de

um quilómetro). Este “embaraço” deixou de

existir depois da direc-ção da universidade ter

adquirido autocarros com o único objecti-vo de transportar os

alunos dos portões até ao interior do

‘campus’. O reitor da

U n i v e r s i d a -de Agostinho Neto, Orlando da Mata, recusou

fazer qualquer co-mentário ao NG. A Cidade Univer-

Sem rampaS para defiCienteS Os estudantes portadores de deficiência física, além das dificuldades de transporte, debatem-se com o problema de falta de rampas nos diferentes pavilhões da cidade universitária.Katyo, de 22 anos. morador na Samba é apenas um exemplo. O estudan-te, inscrito no segundo ano de curso de matemática, anda sobre cadeira de rodas. O jovem não hesita em desabafar as “angústias” que vive no ‘campus’: “Estou constantemente a pedir aos colegas que me aju-dem a subir e a descer as escadas. Às vezes que sinto vergonha, porque penso que estou a incomodar, mas não tenho ou-tra escolha”.Os refeitórios são subterrâneos, sendo as escadas a única via para se chegar aquele espaço. A par da fome, este facto configura-se como mais um pro-blema paras os estudantes que têm as mesmas limitações que o Katyo. “Não consigo entender que um campus universitário, que se diz moder-no, não tenha rampas para portadores de deficiência nem elevadores. Mesmo para comer, temos que pedir aos colegas para ir comprar a nossa comida no refeitório”, lamenta o jovem estudante.

enSino alargado

Pelo menos dez anos fo-ram necessários para a construção da primeira fase da também chamada cidade universitária do Camama. As obras come-çaram em 2001 e em No-vembro de 2011, o Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, inaugurou os primeiros pavilhões. A parte já inaugurada, que ocupa uma área de dois mil hectares, cus-tou aos cofres do Estado 200 milhões de dólares. Nesta primeira, fase es-tão concluídos o núcleo central do campus, que alberga a reitoria, a bi-blioteca central, quatro departamentos das ciên-cias básicas, nomeada-mente Química, Física, Matemática e Ciências da Computação.O projecto prevê, a partir do próximo ano, a cons-trução paulatina de inter-natos para cerca de 13 mil estudantes e cinco mil re-sidências para docentes e funcionários da uni-versidade.Serão também construídas as infra-es-truturas, que vão albergar as Faculdades de Medici-na, Agronomia, Ciências da Educação, Ciências Sociais,Arquitectura e Belas Artes, e Direito.

sitária alberga, numa pri-meira fase, estudantes dos cursos de Matemática, Física, Química, Ciência da Compu-tação e Geografia, ligados à Faculdade de Ciências e das diferentes especialidades da Faculdades de Engenharia.

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| Quinta-feira 2 de Agosto 2012

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Caderno do EstudanteCaderno do Estudante

Geologia

encontra-do reser-vatório de água na namí-bia

Geocientistas descobriram no subsolo do norte da Namí-bia, fronteira com Angola, um aquífero de 2.800 km² que po-derá suprir essa região do país africano por 400 anos mesmo com as taxas de consumo ac-tuais.O novo reservatório natural hidrosférico foi baptizado de “Ohangwena 2”e possui águas com 10 mil anos que são tão limpas quanto as fon-tes actuais. A alta pressão das águas vai facilitar e a extrac-ção. Isso pode ter grande im-pacto no desenvolvimento do país – o mais seco da África subsaariana - e no combate às mudanças do clima.

A Google apresentou, em São Francisco, nos Estados Unidos, a primeira geração de um par de óculos futuristas com câmara e internet integradas, estando a sua comercialização prevista para daqui a dois anos.

O co-fundador da Google, Sergey Brin, apresentou o plano de lançamento dos óculos numa conferência anual com os criadores de aplicações para aparelhos informáticos. Pára-quedistas fizeram uma demonstração do novo produto da Google, ao filmarem com os óculos e transmitirem, em directo, o seu voo e aterragem no telhado do Centro de Convenções de São Francisco.

Os “Google Glass Explorer” estão equipados com uma câmara, um microfone, mini-ecrãs nas lentes para ler mensagens de texto ou correio electrónico e poderão ligar-se à internet sem fios ou por bluetooth. Os óculos custarão cerca de 1.500 dólares e estarão à venda a partir de 2013. A intenção da Google é conhecer primeiro a opinião dos técnicos do

sector sobre este dispositivo para depois avançar com uma versão comercial.

Jovens de Malanje vão poder contar, em breve, com a primeira instituição privada de ensino superior. A Universidade Privada de Malanje (UPRIMA) já começou a ser erguida e tem a conclusão prevista

para Outubro deste ano. Terá, numa primeira fase, 28 salas, biblioteca, laboratórios e outros departamentos.

De acordo com o presidente do conselho de administração, Marco Fonseca, “é desejo da

instituição que a biblioteca tenha 20 mil livros”, pelo que já começou a comprar parte deles.

Marco Fonseca revelou que os investimentos feitos com as obras rondam os 3,5 mil milhões kwanzas.

e contam trabalhar com professores angolanos, portugueses e cubanos. A UPRIMA vai ministrar, numa primeira fase, Direito, Engenharia Civil, Gestão e Agronomia. As obras estão a cargo do Grupo Freimar.

O ‘australopicus nelsonmandelai’ é o pica-pau mais antigo do mundo e a sua origem foi descoberta por pesquisadores franceses e alemães durante umas escavações na África do Sul, que resolveram atribuir-lhe um nome homenageando Nelson Mandela. O pica-pau não é a primeira homenagem do tipo que o maior nome do combate

ao apartheid --também primeiro presidente negro do país e vencedor do Nobel da Paz-- recebe. Nelson Mandela já dá nome a espécies de aranha, a uma partícula nuclear, um cachorro, a uma árvore, vários subgrupos de flores, diversos cavalos de corrida e um apartamento numa série de televisão.

O pica-pau recém baptizado, porém,

não é um bicho qualquer. Trata-se da espécie de pica-pau mais antiga já registada no continente africano. Acredita-se que o ‘australopicus nelsonmandelai’ tenha vivido há cerca de cinco milhões de anos. A espécie é parente de outros tipos de pica-pau que vivem actualmente na América e na Eurásia, mas é ‘familiar’ das de África.

Em malanjE: nascE a primEira univErsidadE privada

google lança óculos com câmara e internetUma campanha de alfabeti-zação denominada “Angola Alfabetizada, Angola em Mar-cha” foi lançada, recentemen-te, no Huambo, pelo ministro da Educação, Pinda Simão. A campanha tem por objectivo diminuir os índices de analfa-betismo para menos de 25 por cento em 2017, e atingir a sua erradicação em 2025.

Pinda Simão reconhece que “o Governo não tem estado sozinho e conta com o apoio da sociedade civil neste desíg-nio nacional”, sendo que “o alfabetismo é factor de desen-volvimento e contribui para a correcção das assimetrias entre homens e mulheres e nos meios urbanos e rurais”.

lançada campanha de alfabetização

Um grupo de professores angolanos par-ticipou numa formação no Quénia, que resultou a elaboração de manuais de Ma-temática, Física, Química, Biologia e Peda-gogia.

O vice-ministro da Educação, Narciso Benedito, admite a “utilização desses ma-nuais, como material de apoio ao professor, em todas as escolas do ensino secundário”. “Durante a avaliação os resultados da im-plementação da primeira fase do projecto,

notou-se a necessidade de uma apreciação regular, com o apoio dos diferentes servi-ços do Ministério da Educação, para tornar possível a sua expansão”, referiu.

“Assim, estaremos a contribuir para uma melhor aprendizagem dos jovens es-tudantes, apetrechando-os com conheci-mentos de matemática e de ciências, que contribuirão para consolidar os seus co-nhecimentos, com um impacto positivo so-bre o desenvolvimento do país”.

Educação

no HuamboTecnologia

professores elaboram manuais escolares

nElson mandEla: HomEnagEm antropológica

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Caderno do EstudanteCaderno do Estudante

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Segundo um relatório do Banco Mundial, o número de telemóveis deverá, em breve, ultrapassar o número da população global. Ac-tualmente, quase três quartos dos habitantes do planeta têm um. No mundo, o número de assinaturas passou de menos de mil milhões em 2000 para mais de seis mil milhões actualmente, dos quais cinco mil mi-lhões nos países em vias de desen-volvimento. Ter vários telemóveis é

cada vez mais corriqueiro, o que su-gere que o número vai rapidamente ultrapassar o da população mun-dial”, acrescenta o relatório, assegu-rando que “o telemóvel está a ganhar novas funções nos países em desen-volvimento”. Centenas das 30 mil milhões de aplicações descarrega-das em 2011 permitem transformar os telemóveis em “carteiras-móvel”, assumindo o lugar dos meios de pa-gamento tradicionais. Alguns países

em desenvolvimento usam os tele-móveis para “melhorar” os serviços prestados pela administração. Um exemplo é a aplicação baptizada Job Match, lançada nos territórios pales-tinianos que facilita a procura de em-pregos. Estima-se que a revolução móvel esteja apenas no início e que deverá propagar-se graças à queda dos preços dos telemóveis e ao aper-feiçoamento da redes de banda larga em todo o mundo.

Telecomunições

mais te-lemóveis dos que pessoas

Um grupo de neurocientistas afir-ma no Manifesto Cambridge sobre a Consciência em Animais Não-Humanos, lançado na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, que alguns mamíferos e aves têm con-sciência. Philip Low, neurocientista da Universidade Stanford e do In-stituto de Tecnologia de Massachu-setts e proponente do manifesto, disse que “nas últimas duas déca-das, houve um grande progresso na neurobiologia, graças às novas tec-nologias que permitem testar velhas hipóteses”. Um conjunto de evidên-cias convergentes indica que ani-mais não-humanos, como mamífer-os, aves e polvos, possuem as bases anatómicas, químicas e fisiológicas dos estados conscientes, juntamente com a capacidade de exibir compor-tamentos intencionais e emocionais.

A ausência de um

neocórtex (área cerebral mais re-cente e desenvolvida em humanos) não parece impedir um organismo de experimentar estados afectivos. O peso da evidência, portanto, in-dica que os seres humanos não são únicos a ter bases neurológicas que geram consciência. Philip Low garante que, enquanto cientistas, “sentem que têm um de-ver profissional e moral de relatar essas observações para o público”.

Em Fevereiro, autoridades ucra-nianas descobriram ossos e outros tecidos humanos amontoados em caixas refrigeradas num miniau-tocarro. Entre as partes de corpos, encontraram envelopes cheios de dinheiro e relatórios de autópsia em inglês. Os documentos apreen-didos indicavam que os corpos eram destinados a uma fábrica na Alemanha pertencente RTI Biolog-ics, uma empresa norte-americana de produtos médicos, com sede na Florida.A RTI faz parte de um negócio crescente de empresas que trans-formam restos mortais em tudo, de implantes dentários a material para reduzir rugas. À medida que a indústria cresceu, essas práticas despertaram preocupações sobre como os tecidos são obtidos e com que grau de detalhe as famílias

dos doadores e os pacientes trans-plantados são informados sobre as realidades e os riscos do negócio. Só nos EUA, o maior mercado e o maior fornecedor, estima-se que dois milhões de produtos deriva-dos de tecidos humanos sejam ven-didos a cada ano, um número que duplicou na última década.

Cadáveres dão lucros milionários Biologia

aves e polvos têm consciência

Curiosidades científicas

saúde

resistência preocupa especialistas

Cármen dos Santos, Instituto Nacional de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (INAAES)

Os estudantes são o objecto de trabalho das instituições do ensino

superior, como tal, há a necessidade de serem

incrementadas políticas que lhes forneçam mais capacidade e garantam melhor atendimento e

oferta de serviços

’’

Um estudo revela que, durante um período de oito anos, a resistência ao vírus da sida, na África Oriental aumentou de um para 7,3 por cento na população seropositiva, um crescimento anual de 27 por cento. No Sul de África, o aumento foi de 14 por cento ao ano. Durante a 19ª Conferência Internacional da Sida, ocorrida recentemente em Washington, nos Estados Unidos, apresentaram-se dados de Janeiro de 2001 a Julho de 2011 de 26.000 pessoas, em que os principais problemas aparecem nas regiões Oriental e Sul de África. Esta

resistência do vírus VIH-1 está associada aos fármacos utilizados na primeira linha de combate contra a sida, que controlam o número de vírus e diminuem a hipótese de contágio da doença. Em países como a Inglaterra ou os Estados Unidos, a resistência do vírus aos fármacos atinge cerca de 10% da população seropositiva. No entanto, “na África subsaariana existem menos opções de tratamento disponíveis. Se surgem resistências aos fármacos não costuma haver uma terapia alternativa”. Daí que “se precisa de investigar mais a causa desta resistência e de uma acção urgente para apoiar o acesso diário a terapias alternativas para as pessoas”, referem os especialistas.

Quinta-feira 2 de Agosto 2012 | | Quinta-feira 2 de Agosto 2012

Para mais esclarecimentos, consulte uma gramática da língua portuguesa.

econonima para entender o mundo

Aula do professor

Nos tempos de hoje de crise global, aprender, ou-vir e falar de economia é fundamental para com-preender os noticiários e melhorar administrar as finanças pessoais. En-tender os conceitos de economia, inflação, re-cessão, expansão, desem-prego, imposto, juros e outros tantos podem lev-ar-nos a interagir melhor com a realidade económi-ca e financeira do país e do mundo.

Nesta primeira aula de economia, vamos tentar entender o conceito de economia e seus funda-mentos. Uma definição interessante de economia: é o estudo da forma como

as sociedades utilizam recursos escassos para produzir bens com valor e como os distribuem entre pessoas diferentes. Aqui residem duas ideias-chave: que os bens são escassos e que os recur-sos devem ser usados de forma eficiente.

A essência da ciên-cia económica é com-preender a realidade da escassez e, de seguida, prescrever como a socie-dade deve organizar-se de modo ao uso eficiente dos recursos. A ciência económica destaca dois grandes ramos: a microe-conomia e a macroecono-mia; a primeira dedica-se ao estudo do comporta-

mento das entidades in-dividuais como os merca-dos, empresas e famílias. A macroeconomia encar-rega-se do estudo do de-sempenho global da eco-nomia, destaca a inflação, desemprego, taxas de ju-ros e outras variáveis.

“O nível geral do Índice de Preços no Con-sumidor (IPC) da cidade de Luanda registou uma variação de 0,65% entre o mês de Abril e Maio de 2012”, segundo a nota de imprensa do Instituto Nacional de Estatística (INE). A evolução do IPC revela uma questão mac-roeconómica e que tem sido um verdadeiro “cal-canhar de Aquiles” para a

economia angolana. Mas convém lembrar que esta questão macroeconómica está intrinsecamente rela-cionada a aspectos dos mercados e logo a uma questão de microecono-mia.

Porquê é importante acompanhar a evolução dos preços? Porque per-mite melhorar a adminis-tração dos recursos escas-sos perante a necessidade de eficiência dos mesmos recursos. Isto é, qualquer pessoa precisa prestar atenção à inflação para reduzir ao máximo o im-pacto desta sobre as suas finanças pessoas perante as suas necessidades mais prementes.

valdimiro Dias, professor

“Elas dão-se muito bem. Nem parecem inrevais”

Jovem senhora em conversa

num shopping

“Não posso ter inreval”Não que eu goste de ouvir conversas alheias, mas, às vezes, as pessoas falam tão alto, que… pronto. Acabo ouvindo.E foi o que aconteceu. Passeava por um desses shoppings com a minha nené ao colo. En-quanto esperava para ser atendido, porque estava cheio de fome, duas jovens senhoras conversavam. Dentre muitas coisas que ouvi, algo viria a dar corpo a esta aula.Uma delas: “Eu não me importo. Ele quando vai, demora, mas não esquece o caminho de casa”.A outra: “O meu marido já sabe que não pode ter outra. Não gosto de ter inreval”.É compreensível a posição quer de uma quer de outra. Afinal, quem não quer um parceiro à inteira disposição, só para si e para mais ninguém? Mas se analisarmos profunda-mente, as “outras” nem sempre têm culpa. Porque ser rival pode não ser opção de muitas, mas “inreval”… não sei. Até porque “inreval não existe na língua portuguesa.Na verdade, o que a moça não quer é ter uma RIVAL. É normal que ela não queira dispu-tar o seu marido com outras. Não se trata de ser má, mas do seguinte:RIVAL é um adjectivo de dois géneros que significa “alguém que aspira àquilo a que outra pessoa aspira”. Por exemplo, o grande RIVAL do Petro é o D’Agosto, porque ambos COMPETEM e CONCORREM para o mesmo fim: ser o número 1 do futebol em Angola. A palavra RIVAL provém do latim (rivãle) e significa “concorrente”,

“competidor”, “adversário”, ou seja, “pessoa que disputa algo (ou alguém) com outra pessoa”.Portanto, nas frases das amigas, o correcto seria dizer: “O meu marido não pode ter outra. Não gosto de ter rival”e “Elas dão-se muito bem. Nem parecem rivais”.

PrOFESSOr FErrãO

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Caderno do Estudante

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Investir no Presente. Conquistar o Futuro.

| Quinta-feira 2 de Agosto 2012

Opinião • Sociedade • Política • Economia • Caderno do Estudante • Internacional • Cultura • Desporto

Nº 07 | Quinta-feira 2 de Agosto 2012 |GrÁtISSemanário Ano IDirector Geral Evaristo Mulaza

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Proibida a venda! Este jornal é GRÁTIS

OU ELES OU ÀS ESCURASSão perigosos, caros e barulhentos, mas não se pode passar sem eles. Os GERADORES substituem as constantes faltas de electricidade. Os médicos alertam que podem provocar problemas de saúde. Os bombeiros queixam-se do mau uso que, por vezes, causa incêndios. A população não tem alternativas.Págs 4 e 5

O empresário sugere que os jovens tenham coragem de romper

e que façam os seus próprios negócios.

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Economia

Augusto Kapaia na luta contra a preguiça

Todos prometem o CéuOs programas dos partidos estão feitos. Prioridade à juventude, ao ensino e ao combate à pobreza são notas dominantes. Págs. 14 e 15

Política

Aline Frazão é uma das maiores promessas da

música angolana. Já realizou um sonho:

actuar em Luanda.pág. 39

Promessa angolanaCultura

Espírito olímpicoJoão Ntyambi e Herlander

Coimbra recordam os momentos que

passaram nos Jogos Olímpicos.

Págs. 44 e 45

Desporto

As cadeias de Luanda cheiram mal, têm droga a circular e os presos arriscam-se a sair… doentes. É a viagem pelas condições das prisões mais do que lotadas. Págs 8 e 9

Um inferno com grades

É difícil chegar ao novo ‘campus’ universitário. Não há transportes. Quem parte do centro de Luanda gasta 800 kwanzas por dia. Alguns alunos já desistiram de frequentar as aulas num local tão longínquo. Pág. 27

Tão longe e tão caro

Nova_Gazeta_07.indd 1 31/07/12 00:33

adiciona o NG aos teus amigos Pergunta da semana: O que acha da venda de remédios nas ruas?

Nesta edição, perguntámos aos amigos no facebook o que pensam da venda de medicamentos nas ruas. Escolhemos alguns dos muitos comentários que chegaram à nossa página. Desta vez, lançamos mais uma questão: o que pensa sobre o programa do Governo de atribuição de bolsas de estudo?

26 Gosto

12 Partilhas

Recomendado

1 Foto do nosso leitor no FB

Marinho Judith:Acho que é muito normal, porque ajuda as pessoas mais carentes. Nem todos têm dinheiro suficiente para se dirigirem às farmácias e não só, também há bairros que não têm um posto farmacêutico, então a solução é comprar mesmo na rua.

Divambuka Apascoal Daniel:Temos que saber que as coisas sobre saúde são muito importantes. Tem que se punir os vendedores ambulantes de remédios, visto que os medicamentos vendidos nas ruas representam perigo para as populações.

Eugénia Canzela:Não aconselho ninguém a comprar medicamentos na rua, mas não podemos negar que muitas vezes os preços dos medicamentos nas farmácias são muito altos. Há ainda muita gente que não tem a possibilidade de os comprar, como alternativa compram na rua. A ideia seria baixar o preço exagerado dos medicamentos para que todos possam ter acesso, até a camada mais baixa.

Trisia Neto: A venda de medicamentos na rua é um acto ilegal, visto que, para comercializá-los, há a necessidade de uma autorização do Ministério da Saúde, que dita as regras de segurança, conservação e higiene para a venda de remédios. Os remédios precisam de lugares e temperaturas adequados para sua conservação, coisa que nas ruas e nos mercados informais não há. A compra destes pode colocar em risco a saúde.

Gerson Cassoma: A saúde é o bem mais precioso que o homem tem. Todo o esforço deve ser envidado no sentido de se precaver dos males que possam perigá-la. O meu apelo é dirigido às autoridades de direito que intensifiquem a fiscalização e que sejam responsabilizados todos quantos enveredam para esta prática.

Caderno do Estudante7 Gosto 22 pessoas debateram o assunto

Nova Gazeta

Cissa Jericota Escola: UJPA

Estudante

Leonard Ferrao Escola: UIA

Estudante

Nilsa Cruz

Supervisora Comercial

Adão Emanuel Filipe

Jornalista

Graciela Dos Santos

Cabeleireira

Amigos do NG no Facebook

“Os nossos pais amam-nos porque somos seus filhos, é um facto inalterável. Nos momentos de sucesso, isso pode parecer irrelevante, mas nas ocasiões

de fracasso, oferecem um consolo e uma segurança que não se encontram em qualquer outro lugar.”

Bertrand Russell

| Quinta-feira 2 de Agosto 2012

Page 18: OU ELES OU ÀS ESCURAS

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| Quinta-feira 28 de junho 2012

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Page 19: OU ELES OU ÀS ESCURAS

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CulturaInternacionalInternacional

36

O papa Bento XVI foi informado sobre os resultados das duas investigações abertas sobre o escândalo causado pela divulgação de documentos secretos do pontífice, conhecido como ‘Vatileaks’ e pediu que a magistratura do Vaticano trabalhasse com cuidado.

De acordo com um comunicado da Santa Sé, o Papa interrompeu as férias em Castel Gandolfo, para receber a comissão de cardeais responsável pela investigação sobre a fuga de informações confidenciais, assim como aos juízes que investigam o caso.

Em declarações à

imprensa, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, explicou que, entre 6 e 7 de Agosto, será concluída a fase probatória contra

Gabriele, acusado de “roubo agravado”, e será possível saber

se será aberto um julgamento ou se ele será libertado sem acusações.

Gabriele, detido em 23 de Maio, está em prisão

domiciliária desde 22 de Junho, e, de acordo

com a imprensa italiana, o ex-mordomo, que era conhecido como ‘Paoletto’, escreveu uma carta ao Papa pedindo perdão

pelos erros.

Cabo Verde Vaticano

O Parlamento cabo-verdiano voltou a aprovar o diploma sobre o regime jurídico-tributário da taxa ecológica vetado no dia 10 deste mês pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca. O diploma, devolvido ao parlamento, tinha sido aprovado com 37 votos do PAICV, contra 28 do MpD na oposição, enquanto os dois deputados da UCID não votaram.

A 10 deste mês o Presidente cabo-verdiano exerceu, pela primeira vez no seu mandato, o poder de veto e “chumbou” o diploma alegando que a nova lei, que substitui a de 1995, retira às autarquias a possibilidade de receber as receitas provenientes da cobrança da taxa ecológica que passariam para o Fundo do Ambiente. Em comunicado, uma semana depois, o Governo afirmou não constatar qualquer inconstitucionalidade na lei da Taxa Ecológica e acusou Jorge Fonseca de ter exercido um “veto político” para reenviar o diploma ao Parlamento.

Diploma ecológico divide políticos

Papa pede cuidado aos juízes do caso Vatileaks

áfrica do Sul

Cuba

Condenado racista que tentou matar Mandela

Raúl Castro teme revoltas internas

Mali

Nigéria

O presidente interino do Mali, Dioncounda Traoré, está de regresso ao país, depois de ter sido vítima de uma grave agressão que o obrigou a passar várias semanas em França, em tratamento médico.

Os EUA e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) saudaram o regresso de Traoré, que tem como principal tarefa a constituição de um governo de união nacional. O presidente tem um prazo até ao fim deste mês para conseguir a formação de um governo que possa lançar uma ofensiva contra os islamitas que ocupam o Norte do país.

O norte está ocupado pelas milícias tuaregues ligadas à Aqmi, a Al-Qaeda para o Magrebe Islâmico. Estas forças dominam por completo a cidade de Tombouctou e o norte do Mali há quatro meses.

A cidade nigeriana de BenueState registou recentemente uma morte insólita: OronkoOnoja morreu vítima de uma paragem cardio-respiratória, depois de fazer sexo com cinco das seis mulheres que possuía, noticiou o jornal DailyNews.

O nigeriano regressava de uma festa de madrugada quando foi surpreendido, no quarto da esposa mais nova, pelas outras cinco mulheres que o ameaçaram com facas e paus se ela não obedecesse aos desejos sexuais de todas.

Onoja não teve escolha e foi obrigado a fazer sexo com uma de cada vez numa escala que obedeceu à ordem crescente de idade de cada uma.

O homem ainda tentou resistir, mas não conseguiu, tendo sofrido uma paragem cardio-respiratória em pleno sexo com a quinta mulher.

“O meu marido parou de respirar. Elas saíram do quarto a rir. Quando viram que eu não conseguia reanimá-lo fugiram”, explicou a esposa mais nova. De acordo com as autoridades, duas das mulheres estão presas e as outras fugiram.

Traoré com duros desafios

Sexo a seis mata

O líder do grupo Boeremag, que esteve na origem dos ataques à bomba em Soweto, autor de um projecto para expulsar os negros na África do Sul e matar quem se opusesse, foi condenado por traição.

Entre os seus planos, Mike du Toit arquitectou matar Nelson Mandela, o primeiro presidente negro da África do Sul.

A Suprema Corte em Pretória condenou ainda Du Toit por ter organizado nove atentados à bomba contra a favela de Soweto, a maior de Joanesburgo, em 2000. Du Toit é a primeira pessoa condenada por traição na África do Sul

desde o fim do apartheid, em 1994. O tribunal anunciou o veredicto

contra Du Toit, um antigo académico, depois de um julgamento de nove anos.

O presidente de Cuba, Raul Castro, denunciou a existência “pequenos grupos” opositores de querer “provocar em Cuba o mesmo que ocorreu na Líbia e na Síria.

Raul Castro discursou na ilha de Guantánamo (perto da base militar norte-americana) para assinalar o 59º aniversário da invasão ao Quartel Moncada que provocou a queda da ditadura de Fulgêncio Baptista, e permitiu a ascenção ao poder de Fidel Castro.

Na comemoração da acção armada revolucionária, o presidente cubano desafiou Washington a ter um diálogo “em igualdade de condições”, um dia depois de os Estados Unidos terem exigido uma investigação “a fundo e transparente” sobre as circunstâncias da morte do opositor OswaldoPayá, num acidente de viação no domingo passado.

Contudo, Raúl Castro não fez referência à morte dessa figura da oposição que morreu depois que o

carro em que viajava bateu numa árvore (segundo a versão oficial), um desastre que tem sido questionado pelos seus filhos.

| Quinta-feira 2 de Agosto 2012 Quinta-feira 2 de Agosto 2012 |

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| Quinta-feira 2 de Agosto 2012 Cultura

“Cantar em Luanda foi um sonho”É uma das ‘estrelas’ em ascensão da música angolana. Já brilhou nos palcos de Espanha (onde vive) e de Portugal e actuou, pela primeira vez, em Angola, no Luanda Jazz Festival. Canta desde os nove anos. Aos 24, tem opiniões firmes sobre o que a rodeia e sabe para onde quer ir na vida artística. Lançou recentemente o CD, ‘Clave Bantu’.

Pensa regressar a Luanda?Sim, vou regressar, mas ainda não sei quando. Quero voltar com um projecto concreto de vida. Mas sinto que preciso aprender um pouco mais lá fora e aqui..

Como correu o Festival de Jazz?Foi uma oportunidade de ouro. Lancei o meu disco em Dezembro, um dos meus pla-nos era lançá-lo também aqui em Luanda. Recebi o convite da organização e não poderia ser melhor: ser uma cantora angolana em início de carreira e estar no festival, partilhar cartaz com artistas que

admiro, cantar no cine Atlân-tico, em Luanda, e na “minha casa” são verdadeiras condi-ções para a realização de um sonho.

A reacção do público foi a esperada?Não esperava nada. Nem melhor e muito menos pior. Fiz o melhor que podia fazer naquele concerto: ser since-ra e dar de tudo o que tinha. Depois do concerto falei com algumas pessoas e o feedback foi positivo. Recebi muito ca-rinho.

Como define o seu estilo musical?Na etiqueta é o ‘worldmusic’que vem da mú-sica de raiz, nesse caso afri-cana, não só angolana como cabo-verdiana. Faço uma mistura desses ritmos e, ou-tras como a bossa nova, jazz e o fado. Faço-o sem receio,

Aline Frazão, cantora

Por Waldney Oliveira

PErFIL

Nome completo: Analine dos Santos FrazãoIdade: 24 anosAniversário: 17 JunhoNatural de LuandaCartão postal: LubangoCidade de sonho: Cape townreferências musicais: Alfie Gerrard, Tom Jobim, Chico Buarque, Miriam MakebaSabe cozinhar: adoro e sou vegetarianaum prato: Lasanhaum líder: Nelson Mandela

porque não tenho pretensão de pertencer a um género. Es-crevo sobre o que me preocu-pa em todos os sentidos, não só físico, mas também critico. A nível político e social, tento transmitir esse tipo de mensa-gem

Já pensou baptizar o estilo?Não sou muito boa a dar no-mes às coisas, acho que iria fracassar. Em Madrid, houve um programador que ousou dar uma etiqueta e sugeriu o AfroBossa. Achei interessante, mas não é completo.

Porquê ‘Clave Bantu’?‘Clave Bantu’ é o título da mi-nha terceira música. Escrevi

depois de ter ouvido um programa de rá-

dio em Madrid sobre a música do Congo e de Angola. E explicava que o ‘Clave Bantu’ é um

padrão rítmico, um estilo dessa zona, que foi evoluin-

do até a América Latina que deu o samba, a rumba e ou-

tras. Escrevi uma música que fala dessas raízes.

Teve alguma influência específica?Estudei na Escola Por-tuguesa de Luanda onde comecei a cantar, com um grupo de pro-fessores, em especial Jorge da Purificação. Cantávamos fado, música brasileira e cabo-verdiana, italia-na, latino-americana, bossa-nova e jazz, nas

várias línguas, até aos meus 15 anos. Isso deu-me uma gran-de visão.

Mas também toca?Aprendi a tocar entre amigos. Fui autodidata. Gostava de bossa-nova, que é muito mais guitarra e voz. Procurava ci-fras na internet. A bossa-nova deu-me as bases harmónicas.

Tem referências angolanas?Tenho muitas: Filipe Muken-ga, Paulo Flores, André Min-gas, Lurdes Van-Dunen, Be-lita Palma. O N’Gola Ritmos é a base da nossa música, faz parte de um movimento in-teressante de recuperação da música popular.

Como está a nossa música?Falta uma maior internaciona-lização. Cabo-Verde tem uma representação mundial, bem diversa, com a Lura, Mayra Andrade, Sara Tavares e uma nova geração. Nós só temos o Bonga, Valdemar Bastos e pouco mais. Nem sequer o Paulo Flores tem uma projec-ção internacional como me-rece. Deve haver uma maior preocupação de internaciona-lizar a música angolana.

ATENTA E PREOCUPADA

Vai votar?Sim, vou votar. Ainda não sei em quem votar, porque ainda não tive contacto com todos os programas. Já li um, mas prefiro não comentar.

O que acha do actual contexto sociopolítico?Tenho mantido contactos com pessoas que vivem aqui e acompanham as mudan-ças, que por sinal estão a ser muito rápidas. Mas sou muito exigente. Há prioridades que para mim não estão a ser cum-pridas, como na educação, na distribuição de recursos. Não fico contente de estar num hotel de cinco estrelas, quan-do cruzando o muro está o musseque sem saneamento básico. Angola tem de ser para todos os angolanos.

Mas existem melhorias?Em certos sectores as coisas estão a melhorar, sinto mais abertura. As pessoas estão mais à vontade a dar opiniões.

Temos de ter vontade de cons-truir realmente uma demo-cracia, em que os angolanos sejam cidadãos participativos. Mas não podemos esperar isso, enquanto as pessoas não tiverem acesso ao mais básico. Ainda falta muito de estrutura básica, não podemos estar a dar passos mais acima, quan-do a base ainda precisa de ser reforçada. As pessoas preci-sam de ter um trabalho está-vel e acesso à saúde. Não po-demos exigir que sejam mais participativas, quando estão preocupadas com o básico. As zungueiras querem “safar” o dia e, se calhar, nem têm uma opinião sobre política.

Crê que há oportunidades para os jovens em Angola?Tenho que ter muito cuidado a responder a essa pergunta porque não vivo aqui. Não posso responder de uma for-ma segura. Mas o que vejo nas ruas não me dá muito bons sinais. Vejo jovens da minha idade a secar ao sol, e isso não parece uma boa oportunida-de, quando deviam estar a estudar.

Vejo jovens da minha idade a secar ao sol, e isso não

parece uma boa oportunidade,

quando deviam estar a estudar.

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| Quinta-feira 2 de Agosto 2012 Cultura

A rumba de Ricardo LemvoNo rescaldo do Luanda International Jazz Festival (LIJF), o angolano Ricardo Lemvo era um músico satisfeito: por actuar, de novo, em Angola, no meio de artistas de renome. Agora já pensa em fazer uma tournée pelas províncias. Até lá, prepara o próximo álbum com músicas cantadas em português, mas também em duas línguas nacionais.

Luanda acolheu, no fim--de-semana passado, a 4.ª edição do maior festival da música jazz de Ango-la, o Luanda International Jazz Festival (LIJF), que teve a participação de “estrelas” da música nacional e interna-cional, como Cassandra Wil-son, Macus Miller e Abdulah Ibrahim, entre outros. A pró-xima edição já está a ser pre-parada com a certeza que não acontecerá no Cine Atlântico, como aconteceu nestas qua-tro edições.

Entre o alinhamento dos artistas nacionais, constava o músico Ricardo Lemvo, radicado há quase quatro décadas nos Estados Unidos da América, que apresentou entre outras, três músicas iné-ditas do seu próximo disco, a ser lançado em Setembro. Conhecido pelos sucessos “Abariaco” e “Ya Valeria”, o músico, que pretende traba-lhar com artistas angolanos, prometre incluir no próximo álbum músicas nos estilos sal-sa, kizomba, semba e sukussi, cantadas nas línguas nacio-

Músico angolano, radicado nos EUA, já pensa em voltar

Por Waldney Oliveira

Fotos Mário Mujetes

Ricardo Lemvo nasceu a 3 de Setembro de 1957, no antigo zaire, hoje República Democrática do Congo, mas é de origem angolana de M’Banza-Congo. As suas músicas são influenciadas pela combinação de salsa cubana com os ritmos africanos, a rumba e soukous. Lemvo mudou-se para os EUA aos 15 anos para continuar a suas formação. Graduou-se pela California State University. É bacharel em ciências políticas. Em 1990, formou a banda ‘Máquina Louca’. Para a divulgação e internacionalização das músicas participa em tournées anuais em festivais que promovem a ‘woldmusic’.

DISCOGrAFIA

1996 - Tata Masamba1998 - Mambo Yo Yo2000 - São Salvador2003 - Ay Valeria2007 - Isabela2009 - Retrospectiva

nais kimbundo e kikongo, e ainda em português, espa-nhol e lingala.

Apesar de não ter conta-do com a participação vocal de nenhum artista angolano, Ricardo Lemvo vai ter no seu disco letras escritas feitas pelo radialista Adão Filipe e pelo músico Kiaku Kadaf. O músi-co que conta no seu currícu-lo com várias apresentações internacionais entre quais na Europa ocidental, Israel, Austrália, Améri-ca, México e Cuba, pre-tende, com a sua ban-da, fazer

De África para o mundo

uma tournée por Angola, na apresentação do seu próximo disco.

“Já andei por várias cida-des no mundo. Um dos meus sonhos é trazer para aqui a minha banda e fazer uma tournée pelas várias provín-cias de Angola”, realça o mú-sico, que tem as suas letras fo-calizadas essencialmente no amor e na vida quotidiana.

Com seis discos editados, Ricardo Lemvo formou-se

ciências políticas e come-çou a cantar nos anos 1990, nos EUA, onde formou a sua banda.

Aponta os artistas Sa-manguana, Ngola Rit-

mos, Carlos Lamarti-ne e Bonga como as suas referências na-cionais. Só depois de ter concluído a formação univer-sitária é que se decidiu dedicar--se integralmen-

te à música, mas fê-lo

sem avisar

a mãe, com “medo de repre-sálias”. O gosto pela música começou muito cedo influen-ciado pela música africana e cubana, que ouvia em casa de um vizinho, ainda na cidade natal, Kimpesse (Repúbli-

ca Democrática do Congo). Filho de pais angolanos, Ri-cardo Lemvo realizou o seu primeiro espectáculo em An-gola, em 2005, que para si, a par de um outro realizado na Bélgica, “foram os mais im-portantes da minha carreira”.

Ricardo Lemvo actuou no cine Tropical, em Luanda, ao lado da cantora cabo-verdia-na Cesária Évora. Na Bélgica, actuou com vários cantores africanos, entre eles, Salif Kei-ta.

Antes de se estrear no Festival de Jazz, Lemvo par-ticipou num ‘workshop’, organizado pelo Elinga Tea-tro. Partilhou o palco com os “cassules” do grupo infantil ‘Kudissanga Batuque’ e acon-selhou os jovens, candidatos a músicos, “a serem determi-nados e que sigam o sonho. É preciso ter amor pela carreira e acima de tudo profissiona-lismo”.

Um dos meus sonhos é trazer para aqui a minha banda e fazer uma tournée por Angola.

’’

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Cultura

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A cidade não tem espaços de lazer. Divertir-se é quase uma miragem. Só existe uma discoteca e até o jardim está… seco.

Para quem viva no Namibe, sobretudo jovens, encon-trar espaços de diversão é um trabalho inglório. Com uma extensão de mais de 58 quilómetros quadrados e uma população estimada em cerca de 85 mil pessoas, sendo a maioria jovem, a província tem apenas uma discoteca, um jardim no centro da capi-tal que de verde já pouco tem.

Quem quiser relaxar, terá de se deslocar até à cidade do Lubango, percorrendo 225 quilómetros. Ou terá se esper-ar que os promotores de es-pectáculos da capital da Huíla se desloquem até ao Namibe. Para os que quiserem beber uma cerveja, aproveitando a brisa do mar, podem deslocar-se a marginal, mas só encon-tram oito roulottes e alguns restaurantes.

A alternativa passa pelas festas do quintal, como conta a jovem Tânia Costa, que ga-rante que é a única maneira de haver algum divertimento durante os fins-de-semana. Agora outra alternativa é a discoteca Dunas Club que reabriu há duas semanas (ver

caixa). As festas do quintal são realizadas no salão ‘Comboio 2’. Quanto a discotecas, só temos o Dunas Club e com sua reabertura será uma mais-valia para nós jovens que não tínhamos locais de diversão. Es-peramos que as obras de reabilitação da discoteca ‘Acrópoles’ terminem para termos mais opções”.

Ednara Felipe, 20 anos, cantora, manequim e candi-data ao concurso miss Lubango, conta que, muitas vezes, vai até ao Namibe para animar as noites dos jovens. Mas sente também pouco en-tusiasmo por parte dos jovens namibenses: “Sempre que há uma actividade venho ao Namibe cantar. Mas a falta de espaços de realização de actividades culturais faz com que os jovens ainda se inibam em vibrar como nas outras províncias. Quanto forem re-alizadas várias actividades, irão habituar-se às festas noc-turnas”.

Música, luz, cor e um desfile de moda promovido pela agência de manequins do ‘Lubango Secret Model’ fizeram a festa reaberta da discoteca ‘Dunas Club’, depois de estar encerrada na sequência de um incêndio. Com uma capacidade para albergar cerca de 500 pessoas, a discoteca oferece também serviços de restauração e passa a ser a única na cidade. Mas o proprietário Carlos de Abreu Dias sente que “fazem falta casas nocturnas para proporcionarmos diversão aos jovens e não só”.

O empresário até gostava ter mais discotecas, porque reconhece que a concorrência é “ salutar”. “Daqui para frente queremos garantir diversão aos jovens que tanto precisavam de uma casa nocturna. A noite tem os seus dilemas e encantos, vamos tentar inovar cada vez mais para agradar e estes jovens são o público-alvo do nosso projecto”. A reabertura ‘Dunas Club’ contou também com a presença de músicos vindos da Huíla e contou com o apoio da empresa Cardis.

Falta de espaços de lazer

Namibe é um deserto

Por André Kivuandinga, no Namibe

Fotos Mário Mujetes

A única discoteca reabriu

| Quinta-feira 2 de Agosto 2012

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INGREDIENTES:4 Postas de bacalhau demolhado6 dl leite1 cebola cortada em rodelasazeite2 colher de sopa de farinha de trigo1 kg Batatanoz-moscada2 dl natasqueijo ralado, sal, pimenta q.b.

MODO DE PREPARO1. Coza as postas de bacalhau em leite. 2. Corte a cebola em rodelas finas e refogue em azeite até estar mole e transparente. 3. Escorra o bacalhau e desfaça-o em tiras e junte à cebola. Deixe refogar lentamente. Polvilhe com farinha, mexa e regue com leite coado, onde cozeu antes o bacalhau. Deixe engrossar, mexendo de vez em quando. 4. Descasque e corte as batatas em cubos e frite em óleo não quente, de forma a deixá-las mais cozidas que fritas. Escoe as batatas e junte-as ao bacalhau. Tempere com sal, pimenta e noz-moscada.5. Deite tudo num tabuleiro untado, espalhe por cima as natas e polvilhe com queijo ralado, enfeite com azeitona verdes e pretas. Leve ao forno até estar gratinado.

O PÃO NOSSO DE CADA DIA

A mãe e duas filhas estavam na igreja a rezar o pai-nosso. Quando chega a parte do ‘pão nosso de cada dia’ a miúda vira-se para a mãe:- Oh mãe, não será melhor pedirmos

logo o pão para uma semana inteira? A mais velha constrangida diz à imã menor:- Cala-te, parva, pede-se todos os dias que é para ser sempre fresco e mole!Mala Man!”

Carneiro

Gêmeos

Leão

Balança

Sagitário

Aquário

Touro

Caranguejo

Virgem

Escorpião

Capricórnio

Peixe

Esteja atento às mudanças, demonstre simpatia pelos colegas de serviço. A paixão estará em alta no teu relacionamento. Não abuse dos gastos.

Dedique-se ao trabalho com mais afinco e terá frutos. Abra o seu coração e deixe-se amar profundamente. Use as economias para negócios prósperos.

Invista na sua formação profissional e abrir-se-ão portas para o futuro. O amor chama-a, mas evite momentos sensuais. Divirta-se fazendo compras a dois.

Esteja preparado para assumir a liderança. O amor vai exigir muito de si, seja sexy e atraente, por isso, invista no bom gosto. Gaste com moderação!

Profissionalmente está alta. Aproveite este período e vá atrás da pessoa que tanto almeja e conquiste o coração. Momento oportuno para compras.

Novas surpresas esperam-no no serviço. Elegância, inteligência e sensualidade são qualidades inatas: faça bom uso delas. Cuidado com os gastos.

Mantenha a auto-estima, será fundamen-tal para o cargo que exerce. Prepara-se para novas e fortes emoções conjugais. Faça um investimento em si.

Você terá que tomar sérias decisões, cuidado para não prejudicar o inofensivo! Prepare o coração para novas aventuras.

Use a sua inteligência para atrair novos negócios. O glamour vai ajuda-lo a conquistar. A sua economia é estável, gaste quanto puder.

Saiba dar o primeiro passo e confie nas suas capacidades. Novos amores vão surgir na vida, seja coerente nas escolhas. Não gaste toda economia.

O trabalho corre bem. Dê uma chance ao seu coração de ser feliz e presenteia-o com novas paixões e emoções. O seu bolso favorece gastos.

Seja realista e profissional. No amor cuidado para não se iludir com amores platónicos ou impossíveis. Seja objectivo. Modere nos gastos

Aries Taurus Gemini Cancer

Leo Virgo Libra Scorpio

Sagittarius Capricorn Aquarius Pisces

Aries Taurus Gemini Cancer

Leo Virgo Libra Scorpio

Sagittarius Capricorn Aquarius Pisces

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Sagittarius Capricorn Aquarius Pisces

Bacalhau com natas

Anedotas da semanaSudoku

Agenda

LUAndA

2 dE AGosTo

Na Liga Africana, o grupo teatral ‘Amor a Arte’ apresenta ‘A casa de todos” em alusão ao 5º aniversáriodo grupo, às 19h30. Bilhetes a 1500kwz.

3 A 5 dE AGosTo

No auditório Nzinga Mbandi, exibição da peça a “Bíblia” em duas sessões a partir das 19 horas.

3, A 5 dE AGosTo O Colectivo de Artes Tujimgenji apresenta a peça “Quando a consciência fala”

4 A 25 dE AGosTo

O grupo Marado Teatro de Rua apresenta ‘O casamento e outras performances’, criação colectiva com direcção de Adorado Mara, em vários pontos de Luanda.

4 dE AGosTo

Venda e sessão de autógrafos do single de Papetchulo, ‘De corpo e alma’, na Praça da Independência, às 8h

5 dE AGosTo

Venda e secção de autógrafos do single de Papetchulo, ‘De corpo e alma’, no Belas Centro comercial.

8 A 10 dE AGosTo

O Grupo Elinga Teatro apresenta a peça ‘A errância de Caim’, versão livre para teatro de CAIM de José Saramago, prémio Nobel de Literatura em 1998.

11 dE AGosTo

Venda e secção de autógrafos do single de Papetchulo, ‘De corpo e alma’, no Marco Histórico do Cazenga, a partir das 8h00

19 dE AGosTo

Concerto do grupo Flauta A Voz de Deus na Igreja Evangélica Baptista de Angola (IEBA), às 14h00.

TodAs qUinTAs-FEiRAs no Tamariz Restaurante & Beach Club, noites temáticas da Fashionable Angola 2012 as 21h00.

10 A 17 dE AGosTo

No Instituto Camões (Centro Cultural Português em Luanda), 9º Festival Internacional de Banda Desenhada e Animação - Luanda Cartoon 2012.

ATé 15 dE AGosTo

A Yaba editora expõe “o caminho das cores de Pedro Yaba” no Museu de História Natural – SIEXPO.

LUBAnGo 11 dE AGosTo

Huila Fashion Week com a participação do cantor Adi Lima.

dE 21 dE JULHo A 19 dE AGosTo Festas da Nossa senhora do Monte 2012.

BEnGo 03 dE AGosTo

As 22horas, eleição da Miss Bengo na discoteca M. Mambos

LUAndA 2 dE AGosTo 2ª edição de moda ‘Moda Solidária’, organizada por HadjaModels, no Palmeiras Club (ex Parque Heróis de Chaves)

Cultura Quinta-feira 2 de Agosto 2012 |

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Até dá para casarEstrelas do desporto contam os dias passados nos Jogos olímpicos

Angola participa pela oitava vez em Jogos Olímpicos, depois de se ter estreado em Moscovo. A representação é composta por 34 atletas distribuídos por sete modalidades e o sonho de obter uma medalha está nas mãos da judoca Maria Antónia de Fátima “Faia”, porta-estandarte na cerimónia de abertura de Londres. A decepção foi a selecção masculina de basquetebol, 10 vezes campeã africano, e que não conseguiu qualificar-se

Herlander Coimbra acredita que Angola terá uma boa prestação, sobretudo nas modalidades individuais. “Os

atletas individuais devem merecer mais apoios, porque são as grandes esperanças na conquista de medalhas. Os colectivos só aparecem depois dos individuais existirem”.

Sem citar nomes, João Ntyamba mostra-se desiludido com muitos atletas angolanos que não conseguiram as marcas mínimas que garantisse a presença. “A minha participação nas olimpíadas deveu-se as marcas obtidas e fui dos atletas com maior número de participações. Não existe atleta com mais participações em Jogos Olímpicos, isto representa para mim as minhas medalhas”.

Esperança e desilusão

Por Raimundo Ngunza

Fotos Santos Samuesseca

Nações, culturas, casamentos e ‘fair-play’ são os principais cartões-de-visita que se en-contram numa vila olímpica. Angola participa, este ano, com a maior delegação de sempre desde que se estreou, em 1980, nas Olimpiadas de Moscovo.

Herlander Coimbra, an-tigo basquetebolista do 1º de Agosto e capitão da selecção angolana, participou em duas olimpíadas e considera, esses momentos, como “os pontos altos da carreira de qualquer atleta” e defende que todos “devem levar a dignidade e o orgulho em defender a pátria e a cultura”, como preconi-zava Pierre de Coubertin, fun-dador dos jogos Olímpico da Era Moderna que pretendia unificar as Nações mesmo em tempo de guerra.

Herlander Coimbra lem-bra que, além dos treinos, um atleta na Vila Olímpica após a pausa dos jogos, tem oportu-

nidade de dar passeios turísti-cos, fazer compras e conhecer pessoas de culturas e hábi-tos diferentes. “Em Atlanta, nos Estados Unidos conheci vários monumentos, e em Es-panha conheci a culinária e a história”.

Na folha de serviço Herlander Coimbra, ag-ora com 44 anos, entra a fase em que capitaneava os deca-campeões no Afrobas-ket de Nairobi,

Na primeira semana dos Jogos Olímpicos de Londres, o Nova Gazeta recorda os momentos vividos noutras olimpíadas. O basquetebolista Herlander Coimbra considera a competição como o apogeu de um atleta. O maratonista João Ntyamba, decano dos participantes, até teve tempo para fazer três casamentos; apresentou as noivas, atletas, aos seus rivais.

Espírito: Alma e In-teligência do ser humano. Olímpico: Tributo à cidade de Olímpia na Grécia.Os jogos olímpicos surgiram na Grécia antiga muito antes da era de Cristo (a.C). Por volta dos 2800 anos a.C. numa espécie de tréguas entre lutas territoriais, e num período que decor-ria de quatro em quatro anos, todos os conflitos cessavam nas cidades da Grécia antiga. Os campos de batalha eram trocados por estádios olímpicos e as armas eram depostas. Esta época representava o culto aos deuses através de provas desportivas. Esta temporada atravessou, entretanto, uma fase de quase esquecimento, com a queima dos templos sagra-dos onde se celebravam os jogos, devido a ascensão do Império Romano e com ele o incremento das ideologias referentes ao fanatismo religioso e extremista dos seus imperadores.

Foi graças a Charles P. Fredy, denominado barão de Coubertin, já em pleno século XIX, que renasceram das cinzas as prósperas Ol-impíadas sem interrupções. Com a chamada ‘Era mod-erna’ dos Jogos Olímpicos, recuperou-se, de facto o espírito, e foram rebusca-das as tradições olímpicas gregas, numa clara minimi-zação das diferenças sociais e culturais existentes entre as Nações, aproximando-as através da concórdia, do espírito de competição e conquista desportiva.

Nesta época, as Ol-impíadas atravessaram, ainda assim, alguns perío-

dos conturbados na época da guerra fria, com tentati-vas de boicote por parte de cada um dos dois grandes blocos: o do Leste com ideais socialistas e comuni-stas e o do Ocidente com ideais capitalistas.

Nos dias de hoje, con-siderado o evento despor-tivo de maior importância e visibilidade em todo mundo, os Jogos Olímpi-cos acarretam consigo o simbolismo do espírito olímpico, expresso na tocha olímpica que percorre o mundo, simbolizando a união dos povos, a trégua provisória das guerras e a união em torno de um espírito de irmandade humana e desportiva, acreditando aflorar o que a natureza humana tem de melhor.

Os Jogos Olímpicos sim-bolizam a paz e a união dos povos, com todo o brilho e esplendor que a sua tocha irradia.

Um exemplo disto foi dado pelas duas Coreias que desfilaram com uma única bandeira em Sidney, em 2000, e em Atenas em 2004, exemplo entretanto perdido hoje.

Angola, como parte do mundo e integrante desta festa, deve continuar a pautar-se por uma postura de competição desportiva, espírito de equipa, profis-sionalismo e dedicação.

Os atletas angolanos participam nas olimpíadas, em busca da superação sob o verdadeiro espírito do desportivismo, procuram quebrar recordes e fazer história com todo o apoio do seu povo.

O espírito dos jogos olímpicos

Opinião

Carlos Almeida Basquetebolista

novo, em plena competição, foi ainda responsável pelo casamento do antigo fundis-ta Teddy Mitchel com uma norte-americana que ele apre-sentou. No seu ‘currículo’, ainda consta mais um enlace que ele não se recorda hoje quem eram os atletas.

É esse espírito olímpico que João Ntyamba gosta de recordar: um dia, na Grécia, em 2004, esqueceu-se de uma carteira com dinheiro. Três anos

depois regressou e encontrou a pasta com o mesmo valor e cheques.

Durante os Jogos, os atle-tas estão privados de alguns hábitos alimentares e com-panhias. “Nestas ocasiões existem atletas com uma ali-mentação cuidada. No meu caso, nunca consumi álcool, café, carnes vermelhas e be-bidas com gás”, recorda o

ex.fundista. Na altura em que

participou nos Jogos, João Ntyamba garante

que viajou sem apoio finan-ceiros e com uma equipa téc-nica de 10 elementos. Mas fica satisfeitopo saber que hoje a realidade é outra: “os atletas recebem muitos apoios desde organismos privados, estatais e pessoas singulares”.

Durante 20 anos, partici-cou em seis competições. Numa delas, foi obrigado a dormir com os dois pés den-tro de um balde com água que lhe permitiriam correr as duas últimas provas que ainda dis-putava. “Os Jogos Olímpicos são competições mais impor-tantes do mundo e por isso é sempre crucial para Angola ser bem representada. Na Ol-impíada de 2000 em Atlanta chorei porque fiz a minha melhora marca da minha car-reira”, recorda.

Com um percurso de invejar, Ntyamba, 44 anos, começou o percurso olímpico em 1988, em Seul. Esteve em 1992, em Barcelona, em 1996, em Atlanta, em 2000, em Syd-ney, em 2004, em Atenas, e em 2008, em Pequim. A sua mel-hor prestação foi em Sydney, onde ocupou o 16º lugar na maratona.

Quénia, em 1993 tendo con-quistando cinco títulos afri-canos ao serviço da selecção. Participou nos Jogos Olímpi-cos de Barcelona, em 1992, e

em Atlanta, em 1996, assim como

nos mundiais de 1990, na A r g e n t i n a , e 1994, no Canadá. Ac-

tualmente é técnico das cama-das jovens do 1º de Agosto.

CASAR NOS JOGOSJá João Ntyamba, uma das maiores referências do atletis-mo angolano e decano dos participantes, garante que “valores patrióticos devem prevalecer nos atletas”. Con-sidera os Jogos como ocasiões únicas “não existindo momen-tos iguais na carreira do atleta” e são a “maior montra despor-tiva do planeta”. O ex-atleta, hoje proprietário de uma es-

cola de atletismo, é casado, há 15 anos, com a co-lombiana Nancy

Ntyamba. Con-heceram-se numa

competição. Em Sydney, promoveu

um outro casamen-to: apresentou uma

atleta angolana ao português Domingos

de Castro. E, de

joão Ntyamba conheceu a

mulher nos Jogos.

herlander Co-imbra enfrentou

os EUA

Desporto | Quinta-feira 2 de Agosto 2012 Quinta-feira 2 de Agosto 2012 | Desporto

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Atletas sem país nos Jogos Olímpicos

Presidente da Bielorrússia impedido de ir a Londres

Guor Marial, de 28 anos, não repre-sentará o Sudão do Sul, e nem os EUA, onde reside há mais de 16 anos. Esta já constitui uma das histórias mais estranhas e humanas dos Jogos Olímpi-cos de Londres que se iniciaram na passada sexta-feira. O fundista irá cor-rer a maratona como atleta independ-ente, sem bandeira e sem…pátria.

Guor Marial nasceu no actual Sudão do Sul, país que proclamou recentemente a independência e até possui um Comité Olímpico. Na guerra civil sudanesa, Marial perdeu 28 familiares. Em 1993 com apenas oito anos, foi obrigado a fugir de um campo de trabalhos forçados, Depois viveu no Egipto e, aos 16 anos, mudou-se para os EUA, onde permanece até agora, mas como refugiado, o que não lhe permite ter cidadania americana e representar aquele país nos Jogos Olímpicos. Marial fez um pedido ao

Comité Olímpico Internacional (COI) para que participasse como atleta independente, que lhe foi concedido. Correrá com as cores da bandeira olímpica, graças ao pedido do senador de New Hampshire, Jeanne Shaheen, numa carta dirigida ao COI.

Três atletas das ex-Antilhas holandesas, Churandy Martina, Philip Elhage e Rodion Davelaar, também não representam qualquer país. As antigas Antilhas perderam a autonomia em 2010 e foram integradas na Holanda, mas os três recusam correr com as cores da bandeira daquele país.

Nos Jogos Olímpicos de1992, em Barcelona, os atletas da antiga Jugoslávia competiram pela bandeira olímpica, após o desmantelamento do país. Oito anos depois, quatro atletas de Timor-Leste competiram em Sidney com o mesmo estatuto, ainda na res-saca da independência.

O tempo de Usain Bolt

Irão promete não boicotar

O homem mais rápido do mundo tem no compatriota Yohan Blake o seu maior adversário. Blake já venceu Bolt por duas vezes. Usain Bolt entende que chegou o seu tempo de ingressar na história do olimpismo, tornando-se o primeiro velocista a triunfar nos 100 e 200 metros em duas competições consecuti-vas, em Pequim 2008, e em Londres 2012. “Há anos que venho a dizer isto. Este será o momento, o ano em que me coloquei à parte dos restantes atletas do mundo. Houve um monte de lendas, muita gente antes de mim, mas agora é a minha vez”.

O jamaicano, de 1,96 metros, entrou para a história pela facilidade como venceu a final dos 100 metros em Pequim, com um novo recorde do mundo, apesar de levantar os braços em sinal de vitória bem antes da linha de meta. O triunfo nos 200 metros, igualmente um recorde mundial, e a ajuda no ouro olímpico nos 4X100 metros tornaram-no na lenda que agora, aos 25 anos, quer imortalizar, confirmando todo o seu potencial.

A sua preparação, mesmo atribulada, culminou em Maio com o resultado mais modesto dos últimos três anos nos 100 metros, em Ostrada, e em Junho foi derrotado, duas vezes, pelo seu compatriota Yohan Blake, de apenas 22 anos, campeão do Mundo dos 100 metros.

Bolt considera que Blake vai ter um verda-deiro teste ao seu valor em Londres, num grupo de elite que engloba ainda Asafa Powell e Justin Galtin.

sua conta no Twitter, o chefe do Comité Olímpico Russo, Alek-sander zhukov, criticou a deci-são do Locog: “O que

foi feito com as tradições e os

valores olímpicos? Até os estudantes sabem que na Grécia antiga se estabe-lecia uma trégua para os Jogos”.

Lukashenko, conside-rado como um ditador , tem dito, em várias oca-siões, que os Jogos Olím-picos não são desportos, “mas sim política, política suja”.

Os atletas iranianos, presentes em Londres 2012, vão competir contra rivais israelitas, ao contrário do que acon-teceu em Atenas, em 20004, e em Pequim, em 2008, garante Bahram Afsharzadeh, chefe da missão iraniana. O Irão foi criticado nas edições anteriores pelos seus atletas terem recusado participar em provas para não competirem contra representantes de Israel.

O chefe de missão, que é também o secretário-geral do Comité Olímpico iraniano, assegurou que a comitiva irania-na não planeia boicotar qualquer prova devido à nacionali-dade dos seus adversários e respeitará o minuto de silêncio em memória dos 11 israelitas mortos em Munique, em1972.

Guor Marial vai correr sem

bandeira.

O Comité Organizador dos Jogos Olímpicos de Londres (Locog) negou dar autorização ao presidente da Bielorrússia, Aleksandr Lukashenko, para assistir aos Jogos Olímpicos. O político pretendia com-parecer na qualidade de presidente do Comité Olímpico do seu país. Na

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| Quinta-feira 2 de Agosto 2012 Quinta-feira 2 de Agosto 2012 | Desporto

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Quinta-feira 2 de Agosto 2012 | Desporto

Viveiros de jogadores

É em Luanda que surgem, a cada dia, escolas e clubes a ensinar futebol. A maioria também educa as crianças, não se limitando a ensinar a jogar. Mas nem tudo é um ‘mar de rosas’.

Escolas de formação ensinam a jogar, mas também a “usar o lápis”

Por Raimundo Ngunza

Fotos Santos Samuesseca

Uma escola de futebol tem como principal objectivo de-senvolver o ensino e a práti-ca do desporto-rei através de técnicos qualificados e da implementação de um mod-elo de formação integrado, abrangendo as vertentes educacional, desportiva e so-cial. Foram estes ideais que

levaram Norberto de Castro erguer em Capalanga, Viana, em Luanda, o Complexo Desportivo e Escolar com seu nome. O clube alberga 200 jogadores de diversos escalões e funciona como internato. São mais de 30 atletas que estão neste re-gime. Além de serem acom-panhados desportivamente também têm uma formação académica e profissional.

A escola administra aulas da iniciação até a 12ª classe. Actualmente, há um grupo de atletas a frequentar o en-sino superior. Pese as dificul-dades, a instituição vive mo-mentos mais difíceis desde a saída do Roque Santeiro, onde tinha dois armazéns e um parque de esta-cionamento. A escola não recebe apoios do

Ministério da Juventude e Desportos ou de outros sec-tores, o que leva aos lamen-tos de Norberto de Cas-tro: “Desde a inauguração, em 2005, pelo Presidente da República, nunca tive apoio de nenhuma institu-ição, quer pública, quer pri-vada. Está a ser muito difícil

manter uma e s t r u t u r a

como esta. Na inau-g u r a ç ã o

r e c e b i 50 mil

dólares do Presidente da República”. As receitas têm chegado das propinas pagas pelos alunos (cada um paga entre quatro a seis mil kwan-zas por mês) e de algum din-heiro que ele arrecada com o aluguer das instalações, que servem para festas.

A escola mobiliza os es-calões de iniciados, juvenis, juniores e seniores. E na presente época está a com-petir e liderar a ‘Segundona’, campeonato que apura três equipas para o Girabola. Conta com um dormitório,

composto por 18 quartos, um refeitório com mais

de 12 mesas, ginásio, galeria, 24 salas de

aulas e um labo-ratório. Possui

duas pisci-nas e dois

campos de f u t e b o l ,

um com r e l v a sintética

e o outro com relva natural, um campo multiusos para o andebol, hóquei em patins, basquetebol e futebol salão

A escola já formou fute-bolistas talentosos. O médio-ala Her-menegildo Paulo Bartolomeu ‘Ger-aldo’ é a refer-ência da institu-ição a actuar no Brasil; Beibe e Paizo, que estão no 1º de Agosto e o Sagrada Esperança, e Jairzinho,filho do pro-prietário a jogar pelo Pro-gresso do Sambizanga, são alguns dos exem-plos de jogadores aqui formados.

Bola no pé No distrito da Samba, também em Luanda, existe o Clube Desportivo Madre Rita (CDMAR), visando a formação académica e profis-sional da criança através do

Norberto de Castro, dono do complexo desportivo e escolar com o seu nome.

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| Quinta-feira 2 de Agosto 2012 Desporto

De acordo com Eduardo Paulo, técnico de iniciados do Petro de Luanda, o objectivo do clube é formar novos talentos para servir o clube e a selecção, citando os exemplos do Mateus, Day Day, Mabululo. “Cerca de 70 por cento do plantel da equipa sénior é fruto da forma ção que temos vindo a desenvolver”.

O Petro de Luanda, conhe-cido como ‘Pai Grande’, com 15 títulos, investe forte na formação de novos atletas para sustentar o plantel prin-cipal. Oferece equipamentos, transportes e alimentação. A formação dispõe de campos com relva sintética e natural.

No 1º de Agosto, o futebol jovem ganhou outro rumo com a instalação da relva sintética. O clube das forças armadas trabalha com 390 crianças e contará, nos próxi-mos anos, com uma escola de ensino geral e um internato para crianças provenientes das outras províncias.

Quem também não deixou os créditos em mãos alheias é o Pro-gresso do Sambizanga com a inau-guração do complexo desportivo onde recebe do bairro e de outras localidades de Luanda. Além destes clubes, existem Académica Social Escola do Zangado, Bagú, Mucondo, Juventude do Kilamba-Kiaxi, ASA, Kabuscorp do Palanca, Craques no Musseque, Escola do Curtume, Escola ‘Adão Costa’, Desportivo da Terra Nova, Clube Desportivo Maria Luísa, Domante, Cimentar, Jipeka, Almada e Escola infantil do Prenda.

a reprovação do atleta. Caso isso aconteça, fica fora do grupo. Muitos deles actuam pela equipa sénior do ASA.

De igual modo, encon-tram-se também a escolas Goiás, Aronds e Habilidoso que têm dado formação. “O nosso clube não passa di-ficuldades porque a equipa tem dono logo os escalões de formação dispõem de con-dições boas para a prática do futebol. Todos os meni-nos frequentam a escola e têm acompanhamento dos encarregados de educação”, garante Fernando dos San-tos, técnico dos iniciados do Aronds. Manuel Joaquim, 9 anos, frequenta a 5ª classe e é iniciado do Goiás FC, é dos futuros craques. Con-fessa admirar Félix Katon-go, do Petro de Luanda, e Mesut Ozil, do Real Madrid, e no futuro pretende ser um grande jogador.“Gosto muito de treinar futebol e pretendo um dia representar a se-lecção nacional”.

Jogadores do ‘Norberto de Castro’.

Clubes também formam

desporto. Daí que o lema da CDMAR seja ‘Rumo para 2018, Com a Bola no Pé e o Lápis na Mão’. A iniciativa surgiu na Escola Madre Rita n.º 1017, quando o professor Alberto Lucas Bambi, preo-cupado em ajudar os alunos com aproveitamento escolar baixo, quis travar a delin-quência infanto-juvenil. O projecto do clube visa evitar

Jorge Paím, técnico do

‘Norberto de Castro’.

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O novo video de Ady Cudz será gravado em Lisboa e tem a participação da modelo brasileira Aryane Steinkop. O single pertence ao álbum ”Raízes já não quero olhar” e tem as colaborações de Cage One e Yola Araujo.

Ady Cudz grava single com modelo brasileira

A cantora Beyoncé está novamente a causar polémicas devido a uma nova foto promocional do seu álbum ‘4’. A cantora afro-americana aparece loira e apresenta um tom de pele bastante mais claro do que o seu tom de pele verdadeiro. Não é a primeira vez que a controvérsia surge., Em 2008, Beyoncé já tinha sido alvo de críticas por aparecer mais clara num anúncio da L’Oreal. Os críticos acusam-na de querer parecer “branca”. Mas ao contrário do que fazia Michael Jackson, que tentava ser mais claro usando métodos químicos, Beyoncé limita-se a recorrer aos truques de iluminação e pós-produção em ‘photoshop’. A escritora Yasmin Alibhai-Brown chegou mesmo a acusar Beyoncé de “trair as mulheres negras e asiáticas”.

Sucesso de Fly Skuad

A Praça da Independência, em Luanda, foi pequena para albergar a quantidade de fãs que quiseram comprar o disco de Fly Skuad, no passado domingo. Vários artistas ajudaram na festa do jovem de 24 anos que fez a sua primeira venda e já é consid-erado um sucesso no círculo do ‘hip hop’ angolano.

Beyoncé mais clara e mais polémica

Usher está de lutoKyle Glover, filho da ex-esposa de Usher, morreu no sabado passado depois de desligarem os aparelhos que o mantinham vivo.

Kyle de 11 anos é filho daTameka Foster, ex-mulher do cantor, teve morte cerebral após ter sido atropelado por um Jet Ski, há duas semanas, na Geórgia, Estados Unidos. Dois dias depois, os médicos declararam-lhe a morte cerebral. As máquinas foram desligadas no dia 21 de Julho a pedido da familia.

Escritora desfila nuaVanessa de Oliveira, de 37anos, escritora brasileira, propõe-se desfilar quase nua pelas ruas de São Paulo, no Brasil. Desta forma, organiza uma cam-panha internacional contra a pirataria de livros e a favor da leitura. Vanessa de Oliveira promete ficar apenas em cuecas e escrever, no corpo, mensa-gens de incentivo à leitura e repúdio à pirataria. “É uma estupidez completa. Quanta gente gasta 200 reais numa noite? Mas não quer gastar 30 reais num livro…” A escritora foi prostituta e agora é escritora, mas formou-se em enfermagem e hoje realiza palestras sobre sexo, comportamento e marketing. E para protestar anda à procura de apoios de outros escritores.

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| Quinta-feira 26 de julho 2012 Cor de rosaQuinta-feira 2 de Agosto 2012 |

Este jornal amanhã pode ser

Não o deite fora. Ajude-nos a reciclá-lo.

Angola está pronta a produzir menos lixo e mais riqueza, sem desperdiçar papel.Faça agora também o seu papel de bom cidadão e não deite o Nova Gazeta no lixo. Deixe o seu jornal ao lado do local onde retirou o seu exemplar. O futuro de Angola agradece.

uma página de um livro.

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Sempre clássicos, sempre modernosOs óculos Ray-Ban foram criados em 1937 e até agora são as mais vendidos em todo mundo. O nome da marca surgiu da mistura do termo em inglês raio (Ray) e as três primeiras letras da palavra banir (Bannish).Todos os óculos originais Ray Ban vêm com uma caixa e lentes escuras, de armação preta, estojo de protecção, pano de limpeza, com dístico Ray-Ban na lente direita e esquerda, gravada a ‘laser ’ com marcações que identificam a origem. São fabricados em Itália e continuam a seduzir o mundo todo.

Para todos gostos e necessidades

Perfumes para quem é jovem

São sacos e mochilas que podem ser usados nas mais diversas ocasiões, depende apenas do uso que se queira dar. Sacos com capacidade para 12 litros, para levar, por exemplo, pequena roupa; mochilas que podem ser usadas em viagens; ou ainda sacos para roupas desportivas. E o melhor: são distribuídas em Angola pela angola-têxtil.com

Quem conhece garante ser uma fragrância juvenil, destinada a espíritos líderes e apaixonados. O perfume é inspirado na sedução e originalidade das frutas. Custa 60 dólares.

teclado virtual para todos

O teclado Cube Laser Virtual Keyboard destina-se ao iPhone e iPad mas também funciona em terminais Android, Blackberry, Windows Phone e até no Windows! O Cube Laser projecta, em qualquer superfície plana, um teclado. Depois basta escrever como se fosse num teclado físico: o Cube Laser detecta os nossos movimentos e envia para o dispositivo a que está ligado o texto. O teclado virtual pode também funcionar como rato o que lhe traz ainda mais interesse. Connects to most any Bluetooth-enabled device including iPad, iPhone and most laptops.Conecta- se em qualquer dispositivo compatível com bluetooth e com a maioria dos laptops. Custa 200 dólares nos EUA.

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turismoturismoturismo

Entre a praia e as águas medicinais

A costa do Kwanza-Sul tem belas praias e a zona das cachoeiras oferece cascatas de grande beleza. Merecem destaque, entre os atractivos naturais da provín-cia, a cachoeira da Binga, as grutas do Kicombo, a praia dos Namorados, as baías do Sumbe e as salinas e a Pedra de Água, no Seles, com águas alcalinas e gasosas naturais. A Foz do Rio Keve, a Baía de Porto-Amboim e as águas térmi-cas da Conda completam os atractivos.

O Kwanza-Sul é uma da 18 províncias de Angola, situada no litoral, na região Centro-Oeste. Tem uma área de quase 60 mil metros km2. De clima tropical seco, a capital é o Sumbe. As praias aqui podem fazer delícias dos amantes do surf, devido às suas ondas altas.

A província é rica em recursos pisca-tórios, com destaque para a lagosta, ca-ranguejo, camarão e gamba, salienta-se

ainda que, os rios Longa, Cuvo, Queve e Nhia são ricos em cacusso e bagre.

PONTOS hISTóRICOS A fortaleza do Sumbe, o Fortim de Ki-combo e as pedras com inscrições ru-pestres de Ndalambiri, que datam do período neolítico, constituem referên-cias culturais de grande valia, além da preciosidade e diversificação em instru-mentos de dança e caça.

Kwanza-sul

Hotel Aanisa Ritz, um cenário de rara beleza natural, na Vila de Calulo, município do Libolo, modernamente decorado, reúne todas as comodidades para uma estadia em lazer ou em negócios. Hotel Kalandula: Em português significa ‘herdeiro’, localizado na cidade do Sumbe, o empreendimento tem 43 quartos, cinco restaurantes, área de lazer que compreende uma sala de cinema, uma discoteca, piscina, um cybercafé e quatro salas de conferências.O visitante se preferir e em função do seu bolso pode escolher o Complexo Hoteleiro Catermar, no Sumbe, a Pensão Estrela Dourada, no Sumbe, os hotéis Marítimo, em Porto Amboim, Gabela, na Gabela, o Oásis, no Waku-Kungo e Ritz, no Seles.

ondE FiCAR

Os principais atractivos naturais do Kwanza-Sul são as suas águas

doces e salgadas, quentes e frias, até medicinais, distribuídas por

todo seu território em rios, cachoeiras, lagoas, rochas e praias.

Nesses espaços privilegiados pode-se apenas banhar, mas

também praticar o ecoturismo e alguns desportos de aventura.

Baía das salinas Localizada quatro quilómetros a norte do

Sumbe. Ideal para pesca desportiva.

Praia da Marginal, na capital, Sumbe. Sugere-se desfrutar

da praia, onde há bares, restaurantes e hotéis, emoldurados

pelo belo cenário do mar. No Kwanza-Sul existem entidades

promotoras de espectáculos e divertimentos públicos com 66

centros de diversão, sendo oito centros recreativos e culturais, três

boîtes, seis discotecas, oito cinemas. Possui 14 bibliotecas com

frequência de mais de mil leitores por ano.

ATRACTIVOS TURíSTICOSKwanza-sul Capital: SumbeÁrea: 55.660 Km²;População: 700.000 habitantesMunicípios: Sumbe, Porto Amboim, Quibala, Libolo, Mussende, Amboim, Ebo, Quilenda, Conda, Waku-Kungo, Seles, Cassongue Clima: Tropical, seco/altitude distâncias a partir do sumbe: Luanda, 492km; Benguela, 208km Pratos típicos: calulu, muamba, funge, entre outros.

BILHETE DE IDEnTIDADE

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O site Sapo Angola celebrou quatro anos de existência com uma festa na ilha de Luanda e aproveitou o aniversário para lançar um novo canal dedicado ao turismo. O ‘Viajar Angola’, que pode ser consultado em www.viajar.sapo.ao, é em bi-lingue (português e inglês) e é dirigido a todos os que querem fazer turismo no país.

O Sapo tem registado mais de três milhões de visualizações, com mais de um milhão de visitas, mensais. Foi fundado em 2008 e tem parceiros estratégicos órgãos de comunicação social nacionais e o apoio de uma série de empresas angolanas.

Durante quatro anos, o Sapo Angola lan-çou 17 canais temáticos. Além do dedicado ao turismo, o site já planeia lançar outros canais virados para os estudantes, novelas e música.

Terêncio Zua é o grande vencedor da 2.ª edição do “Angola Encanta”, um concurso que visa dar oportunidade a jovens aspirantes a músicos. Terêncio Zua e Samanta Clemente, que interpreta-ram as músicas de con-sagrados cantores como Matias Damásio e Ary, respectivamente, foram os finalistas, entre 12 candi-datos, no concurso que terminou no domingo.

O corpo de jurados, composto por Patrícia Faria (cantora e radialista), Jomo Fortunato (crítico

DESTAQUES

Contrastes

DesportoHá cada vez mais escolas de formação de pequenos jogadores. Além do pontapé na bola, ensinam a usar o lápis e caneta.

Págs. 46,47

PolíticaA Comissão Nacional Eleitoral lançou um livro que, em banda desenhada, explica todos os passos até às eleições.

Pág. 12

SociedadeRicardo Lemvo regressa a Angola para... cantar. E quer fazer uma tournée

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Terêncio Zua ‘encanta’ Angola Sapo Angola lança-se no turismo

musical) e Daniel Nascimento (can-tor e apresentador), foi coadjuvado pelo público que também votou por mensagens de telemóvel.

Entre os prémios, consta uma viatura com o valor de 15 mil dólares e um curso de formação em música no estrangeiro. Apre-sentado por Patrícia Pacheco, durante a gala, os concorrentes beneficiaram de aulas para melhorarem a prestação em palco.

A Fechar

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Bairro ‘Angolano’ do Cazenga, em Luanda Novo bairro no Kilamba Kiaxi, em Luanda

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Quinta-feira 2 de Agosto 2012 | A Fechar

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